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Colégio XIX de Março Educação do jeito que deve ser

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Academic year: 2021

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Aluno(a): Nº

Ano: 2º Turma: Data: 14/06/2017 Nota:

Professor(a): Diego Guedes Valor da Prova: 40 pontos

Orientações gerais: 1) Número de questões desta prova: 15.

2) Valor das questões: Abertas (5): 4,0 pontos cada. Fechadas (10): 2,0 pontos cada. 3) Provas feitas a lápis ou com uso de corretivo não têm direito à revisão.

4) Aluno que usar de meio ilícito na realização desta prova terá nota zerada e conceituação comprometida.

5) Tópicos desta prova:

Dom Casmurro, de Machado de Assis; e O Cortiço, de Aluísio de Azevedo. 1ª Questão:

Colégio XIX de Março

Educação do jeito que deve ser

2017

(2)

a) A partir da imagem, diga qual o eixo central do enredo do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. (1,0) ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ b) A temática central normalmente é vista como principal discussão proposta pelo autor no romance. Há, no entanto, outras questões importantes à literatura que são apresentadas ao longo do romance. Quais outros assuntos são discutidos a partir da narração de Bentinho? (3,0)

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2ª Questão: “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a

adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mais falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim.”

Dom Casmurro, capítulo II – Do livro.

a) Bento Santiago reconhece, no trecho acima, sua incapacidade de recuperar o passado. Levando em consideração a questão da suposta traição de Capitu, como isso impacta na credibilidade do narrador ao defender um determinado ponto de vista? Lembre-se que o livro é narrado em 1ª pessoa. (1,5) ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ b) O termo “pós-verdade” tem aparecido frequentemente em discussões acerca da circulação de notícias falsas no mundo, tendo sido eleito como palavra do ano pelo dicionário Oxford. A partir da definição do termo, de que maneira pode-se relacionar à construção de Dom Casmurro?(2,5)

Pós-verdade é um termo “que se relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos têm menos influência em moldar a opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais”.

Dicionário Oxford ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________

(3)

3ª Questão: “Meses depois fui para o seminário de S. José. Se eu pudesse contar as lágrimas que

chorei na véspera e na manhã, somaria mais que todas as vertidas desde Adão e Eva. Há nisto alguma exageração; mas é bom ser enfático, uma ou outra vez, para compensar este escrúpulo de exatidão que me aflige.” (Dom Casmurro, capítulo L – Um meio termo.)

Considerando-se o contexto desse romance de Machado de Assis, pode-se afirmar corretamente que, no trecho apresentado, ao comentar o próprio estilo, o narrador procura

a) afiançar a credibilidade do ponto de vista que lhe interessa sustentar. b) provocar o leitor, ao declará-lo incapaz de compreender o enredo do livro.

c) demonstrar que os assuntos do livro são mero pretexto para a prática da metalinguagem. d) revelar sua adesão aos padrões literários estabelecidos pelo Romantismo.

e) conferir autoridade à narrativa, ao basear sua argumentação na História Sagrada.

4ª Questão:

Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...

As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã. (Dom Casmurro, capítulo CXXII – Olhos de ressaca.)

A narração do momento em que Capitu fixa o olhar no cadáver de Escobar efetiva-se

a) logo após o enterro de Escobar, mostrando-se o narrador solidário com a dor da viúva, Sancha, personagem caracterizada pela dissimulação.

b) por meio das palavras de Bento Santiago, melhor amigo de Escobar, tendo por objetivo registrar a dor dos amigos no momento do enterro.

c) logo após o enterro de Escobar, tendo por objetivo registrar o forte vínculo que unia sua família à do negociante e ex-seminarista.

d) muitos anos após a morte de Escobar, tendo por objetivo mostrar ao leitor a percepção do narrador da dissimulação

de sua esposa, Capitu.

e) muitos anos após o enterro de Escobar, tendo por objetivo ressaltar o transtorno ocasionado pela imprudência do ex-seminarista.

5ª Questão:

“Aqui os tenho aos dois bem casados de outrora, os bem-amados, os bem-aventurados, que se foram desta para a outra vida, continuar um sonho provavelmente. Quando a loteria e Pandora me aborrecem, ergo os olhos para eles, e esqueço os bilhetes brancos e a boceta fatídica. São retratos que valem por originais. O de minha mãe, estendendo a flor ao marido, parece dizer: ‘Sou toda sua, meu guapo cavalheiro!’ O de meu pai, olhando para a gente, faz este comentário: ‘Vejam como esta moça me quer...’ Se padeceram moléstias, não sei, como não sei se tiveram desgostos: era criança e comecei por não ser nascido. Depois da morte dele, lembra-me que ela chorou muito; mas aqui estão os retratos de ambos, sem que o encardido do tempo lhes tirasse a primeira expressão. São como fotografias instantâneas da felicidade. ” (Dom Casmurro, capítulo VII – Dona Glória.)

a) José Dias diz que Capitu tem olhos “de cigana oblíqua e dissimulada”, imagem que chama atenção de Bentinho e de certa forma o marca. De que maneira pode-se comparar Capitu à Dona Glória, a partir das definições? O que cada uma delas representa? (2,0)

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________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ b) Bentinho evidencia uma imagem idealizada do casamento dos pais, a partir de uma foto antiga. Qual a importância dessa imagem para a construção da narrativa? Qual parte do texto nos mostra que a visão que ele tinha do casamento dos pais pode estar completamente errada? (2,0)

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6ª Questão: Em seu esforço para dar sentido a si mesmo e ao passado, o relato de Paulo Honório,

em São Bernardo, ganha nuances psicológicas e aproxima-se ao de outro narrador-protagonista muito famoso na Literatura Brasileira: Bentinho, o Dom Casmurro, criado por Machado de Assis na obra homônima. Os trechos a seguir pertencem aos dois romances, respectivamente, e referem-se à relação matrimonial dos protagonistas.

- “O que eu dizia era simples, direto, e procurava debalde em minha mulher concisão e clareza. Usar aquele vocabulário, vasto, cheio de ciladas, não me seria possível. E se ela tentava empregar a minha linguagem resumida, matuta, as expressões mais inofensivas e concretas eram para mim semelhantes às cobras: faziam voltas, picavam e tinham significação venenosa”. (RAMOS, 1977, p. 141).

[...] – “O que estragou tudo foi esse ciúme, Paulo”. (RAMOS, 1977, p. 147).

- “Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, ‘olhos de cigana oblíqua e dissimulada”

(ASSIS, 1988, p. 46). – “Pois até os defuntos! Nem os mortos escapam aos seus ciúmes!” (ASSIS, 1988, p. 145).

Assinale e alternativa que melhor descreve o clima que envolve os narradores, em suas relações amorosas, nos romances mencionados.

a) Sentimento de inferioridade ante os outros homens. b) Desconfiança em relação à figura feminina.

c) Sentimento de revolta.

d) Descrença na instituição do casamento. e) Desejo de colocar à prova a fidelidade alheia.

7ª Questão: Estudiosos de Dom Casmurro, tais como Roberto Schwarz e John Gledson, identificam,

na personagem Capitu, um conjunto de impulsos ou tendências modernizantes, que se contrapõe à ordem patriarcal ainda vigente no contexto social em que se passa a história. Só NÃO faz parte desse conjunto de impulsos e tendências da referida personagem

a) o desejo de construir uma família conjugal ou nuclear, diversa da família expandida do patriarcalismo.

b) a crítica aos aspectos supersticiosos ou maníacos das práticas religiosas.

c) a predileção pela formação de juízo autônomo, isto é, por pensar com a própria cabeça. d) a adesão doutrinária e prática ao movimento abolicionista.

e) a consideração do desejo de ascensão social como legítimo e justificado.

8ª Questão: (...) Quanto ao outro original, aquela história de um casamento malsucedido, Dom

Casmurro, detectamos um problema na trama: afinal, Capitu traiu ou não o marido? Isso não fica claro. Talvez fosse preciso reescrever o texto adotando outro ponto de vista que não o de Bentinho, parte interessada em nos fazer crer ter sido ele vítima de adultério. E se a narradora fosse a prima Justina, que “dizia francamente a Pedro o mal que pensava de Paulo, e a Paulo o que pensava de Pedro?” Parece-nos uma voz mais isenta, capaz de narrar os acontecimentos com a distância que o enredo exige.

(5)

No texto, de caráter humorístico e ficcional, simula-se a possível reação de um editor ao avaliar os originais de Dom Casmurro, de Machado de Assis. O conselho dado por ele para o escritor realista revela

a) a falta de conhecimento sobre a obra, visto que o romance é narrado em 3ª pessoa.

b) a insensibilidade de perceber que, ainda que o relato se apresente em 1ª pessoa, garante-se a isenção necessária.

c) a ingenuidade com que a obra foi lida, visto que, ainda que de modo implícito, a certeza sobre o adultério é dada.

d) a falta de percepção para a reflexão proposta na obra: a impossibilidade de se conhecer o outro por completo.

e) o desconhecimento de que as digressões tão frequentes na obra constituem recurso para garantir o distanciamento em relação aos fatos narrados.

9ª Questão: Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei num trem da

Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou- -se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso.

– Continue, disse eu acordando. − Já acabei, murmurou ele. − São muito bonitos.

Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando- -me Dom

Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à

alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. [...]

Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até o fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto.

(Dom Casmurro, 2008, Machado de Assis.)

O narrador de Dom Casmurro, em procedimento típico de Machado de Assis, dirige-se diretamente ao leitor para conversar. No texto, um elemento que torna evidente tal procedimento é

a) a explicação que o narrador dá sobre a ironia do pronome “Dom” em seu apelido. b) o emprego da segunda pessoa do singular, em “Não consultes dicionários”. c) o uso dos pronomes possessivos, em “sendo o título seu” e “a obra é sua”.

d) a informalidade com que o narrador expressa suas escolhas, como em “vai este mesmo”. e) o emprego de travessões, para marcar as trocas de turnos nos diálogos.

10ª Questão: João Romão foi, dos treze aos vinte e cinco anos, empregado de um vendeiro que

enriqueceu entre as quatro paredes de uma suja e obscura taverna nos refolhos do bairro do Botafogo; e tanto economizou do pouco que ganhara nessa dúzia de anos, que, ao retirar-se o patrão para a terra, lhe deixou, em pagamento de ordenados vencidos, nem só a venda com o que estava dentro, como ainda um conto e quinhentos em dinheiro.

Proprietário e estabelecido por sua conta, o rapaz atirou-se à labutação ainda com mais ardor, possuindo-se de tal delírio de enriquecer, que afrontava resignado as mais duras privações. Dormia sobre o balcão da própria venda, em cima de uma esteira, fazendo travesseiro de um saco de estopa cheio de palha. A comida arranjava-lha, mediante quatrocentos réis por dia, uma quitandeira sua vizinha, a Bertoleza, crioula trintona, escrava de um velho cego residente em Juiz de Fora e amigada com um português que tinha uma carroça de mão e fazia fretes na cidade.

(O Cortiço – Capítulo I)

João Romão, agora sempre de paletó, engravatado, calças brancas, colete e corrente de relógio, já não parava na venda, e só acompanhava as obras na folga das ocupações da rua. Principiava a tomar tino no jogo da Bolsa; comia em hotéis caros e bebia cerveja em larga camaradagem com capitalistas nos cafés do comércio. (O Cortiço – Capítulo XIX)

(6)

a) A partir dos dois trechos, narre rapidamente a trajetória de João Romão ao longo do romance O Cortiço. (1,5) ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ b) Explique o conceito de darwinismo social a partir da trajetória do protagonista do romance. (2,5) ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________

11ª Questão: A figura feminina comparece com recorrência e sob diferentes abordagens na

representação literária. Leia as descrições a seguir, escritas, respectivamente, por José de Alencar, Machado de Assis e Aluízio Azevedo.

I Admirei-lhe do primeiro olhar um talhe esbelto e de suprema elegância. O vestido que o

moldava era cinzento com orlas de veludo castanho e dava esquisito realce a um desses rostos suaves, puros e diáfanos, que parecem vão desfazer-se ao menor sopro, como os tênues vapores da alvorada. Ressumbrava na sua muda contemplação doce melancolia e não sei que laivos de tão ingênua castidade, que o meu olhar repousou calmo e sereno na mimosa aparição. (Fonte: ALENCAR, José de. Lucíola. 5. ed. São Paulo: Ática, 1978. p. 13.)

II Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e

dissimulada.” (...) Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me.

(Fonte: ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. São Paulo: Cultrix, 1960. p. 76-77.)

III E toda ela respirava o asseio das brasileiras e um odor sensual de trevos e plantas

aromáticas. Irrequieta, saracoteando o atrevido e rijo quadril baiano, respondia para a direita e para a esquerda, pondo à mostra um fio de dentes claros e brilhantes que enriqueciam a sua fisionomia com um realce fascinador.

(Fonte: AZEVEDO, Aluízio. O Cortiço. São Paulo: Martins, Brasília, INK,1970. p. 71.)

Sobre os trechos acima, assinale a alternativa correta.

a) Em “I”, a valorização da pureza e da suavidade femininas aproxima a personagem Lúcia a uma figura angelical, aspecto evidente na expressão tão ingênua castidade e que se contraria à tendência na caracterização da mulher durante o período Romântico.

b) Ao atribuir as características da ressaca do mar aos olhos de Capitu, objeto do fragmento “II”, a metáfora empregada sinaliza que o caráter feminino é transparente e tranquilo, na perspectiva realista concebida pela obra machadiana.

c) Na descrição “I”, o olhar contemplativo do narrador, que repousa calmo e sereno na mimosa aparição, ilustra a tendência romântica de tratar do amor como uma possibilidade concreta e material.

d) O excerto “III” destaca características físicas e a movimentação de Rita Baiana como índices da voluptuosidade feminina que atua na corrupção do homem.

e) Em “II”, o efeito arrebatador e extasiante dos olhos de Capitu sobre o narrador Bentinho anuncia o desfecho feliz desse amor.

(7)

12ª Questão: E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e

braços nus, para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua coma de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher. Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita, como numa sofreguidão de gozo carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante; já correndo de barriga empinada; já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite, em que se não toma pé e nunca se encontra fundo. Depois, como se voltasse à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas, descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, e em seguida sapateava, miúdo e cerrado, freneticamente, erguendo e abaixando os braços, que dobrava, ora um, ora outro, sobre a nuca, enquanto a carne lhe fervia toda, fibra por fibra, tirilando. (O Cortiço – Capítulo VII)

O trecho acima refere-se ao momento em que Jerônimo vê Rita Baiana dançando. De que maneira é descrita a dança da personagem? Como essa caracterização se liga ao naturalismo?

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13ª Questão: Leia o fragmento retirado do livro O cortiço:

O glutão arremessou sobre a toalha da mesa um bocado de carne já meio triturado. Foi um nojo geral.

– Porco! Gritou Rita, arredando-se.

– Pois se o bruto quer socar tudo ao mesmo tempo! disse Porfiro. Parece que nunca viu comida, este animal!

(AZEVEDO, Aluísio. O cortiço. 36 ed. São Paulo: Ática, 2000, p.68)

Com base na leitura do fragmento, assinale a alternativa que melhor o representa: a) Distância da retratação fiel da sociedade, aproximando- se da idealização romântica. b) Distância da idealização romântica e mostra de um retrato fiel da sociedade.

c) Descrição deturpada da realidade em que estamos inseridos.

d) Retratação de uma situação tipicamente europeia, que foge aos moldes nacionalistas. e) Uma prosa densa que funde o regionalismo e a sondagem psicológica dos personagens.

14ª Questão:

NOSSO TEMPO

(...)

V

Escuta a hora formidável do almoço

na cidade. Os escritórios, num passe, esvaziam-se. As bocas sugam um rio de carne, legumes e tortas vitaminosas.

Salta depressa do mar a bandeja de peixes argênteos! Os subterrâneos da fome choram caldo de sopa, olhos líquidos de cão através do vidro devoram teu osso.

Come, braço mecânico, alimenta-te, mão de papel, é tempo de comida, mais tarde será o de amor.

(8)

O esplêndido negócio insinua-se no tráfego.

Multidões que o cruzam não veem. É sem cor e sem cheiro. Está dissimulado no bonde, por trás da brisa do sul,

vem na areia, no telefone, na batalha de aviões, toma conta de tua alma e dela extrai uma porcentagem.

(...)

(Carlos Drummond de Andrade, Poesia completa.)

Tanto esse trecho de Drummond quanto o romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, apresentam a figuração de coletivos humanos em ação. Embora em proporções diferentes, em ambas as obras esses coletivos são movidos sobretudo por forças de caráter

a) econômico e biológico. b) ético e social.

c) aleatório e histórico. d) filosófico e materialista. e) doutrinário e espontâneo.

15ª Questão: Considere as seguintes afirmações sobre o livro Dom Casmurro , de Machado de

Assis.

I. O romance de Machado de Assis, narrado em terceira pessoa, expõe o triângulo amoroso entre Bentinho, Capitu e Escobar. O narrador, que ingressa na consciência de todas as personagens, revela ao leitor a traição de Capitu e a paternidade de seu filho Ezequiel.

II. O livro está estruturado em forma de diário, por isso guarda as lembranças mais íntimas de Dom Casmurro. A personagem registra que não quer ter suas memórias reveladas, pois isso macularia sua imagem ante a sociedade fluminense.

III. O agregado da família Santiago, José Dias, desempenha funções elevadas de conselheiro e rebaixadas de servo. Sua acomodação nessa família dá mostras dos arranjos sociais entre homens livres e classe dominante.

Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas II e III. e) I, II e III.

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