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POLÍTICAS SOCIAIS E FAMÍLIA: UM OLHAR DE GÊNERO SOBRE O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

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1 POLÍTICAS SOCIAIS E FAMÍLIA: UM OLHAR DE GÊNERO SOBRE O PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA

Anny Karoline da Cruz Parente URCA Iara Maria de Araújo URCA Luana Ricarto da Costa

URCA E-mail: luanavilar594@gmail.com RESUMO

Trata da família como lugar de destaque, no contexto brasileiro, no tocante às políticas sociais, do que o Programa Bolsa Família é um exemplo emblemático. Parte de leituras e apropriações diversas sobre os dez anos de experiência do referido Programa, feitas por antropólogos, sociólogos, economistas, assistentes sociais e tantos outros profissionais, em estudos e análises que cobrem, desde os territórios dos sertões nordestinos, passando por regiões metropolitanas de grandes cidades do sul e sudeste, alcançando áreas amazônicas e comunidades quilombolas situadas nos mais distintos lugares. Evidencia que, apesar da focalização dessa política na pobreza, as heterogeneidades são pulsantes, gerando impactos e recepções locais bastante diferenciados, tendo em vista os aspectos culturais e territoriais da população atendida, além de outros marcadores sociais tais como, rural e urbano, gênero, geração, raça e etnia.

Palavras-chaves: Políticas sociais, Programa Bolsa Família, Gênero.

Introdução

A família tem ocupado lugar de destaque, no contexto brasileiro, no tocante às políticas sociais, do que o Programa Bolsa Família é um exemplo emblemático. A questão suscita reflexões sobre as relações de poder construídas no espaço familiar, especialmente as relações de gênero.

O Programa Bolsa Família é uma das políticas sociais brasileiras de transferência de renda que mais vem gerando polêmica e opiniões divergentes sobre

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2 sua eficácia no combate à pobreza e construção de uma cultura cidadã entre as populações mais pobres.

Com base em leituras e apropriações diversas marcam os dez anos de experiência, feitas por antropólogos, sociólogos, economistas, assistentes sociais e tantos outros profissionais, os estudos e análises sobre o referido Programa, cobrem, desde os territórios dos sertões nordestinos e regiões metropolitanas de grandes cidades do sul e sudeste, chegando a áreas amazônicas, comunidades quilombolas situadas nos mais distintos lugares. Apesar da focalização dessa política, as heterogeneidades são pulsantes, gerando impactos e recepções locais bastante diferenciados, tendo em vista os aspectos culturais e territoriais da população atendida, além de outros marcadores sociais tais como, rural e urbano, gênero, geração, raça e etnia, não obstante a situação de pobreza, embora está também seja variável entre os atendidos. São heterogeneidades, nem sempre evidenciadas pelas pesquisas iniciais que tratavam dos “beneficiados do Bolsa Família” como um grupo de forma generalizada (Morton, 2013).

Embora dados recentes já apresentem resultados positivos,quanto à redução de pobreza e desigualdade (IPEA 2010, Lavinas e Barbosa 2000) e elevação do padrão de consumo, o alcance das metas do programa que envolve o rompimento da pobreza intergeracional e criação de uma cultura cidadã, são realidades ainda a serem construídas. Os indicadores de renda monetária, de forma convencional, sempre serviu para medir a pobreza, não desconsiderando a importância da renda, a pobreza não se restringe ao que se pode adquirir com o dinheiro, mas envolve outras tantas dimensões que permitem definir a condição de pobreza, e desta como como face fundamental da exclusão de pessoas e grupos (Araújo, 2009).

A exclusão social deve ser pensada de forma multidimensional, incluindo a falta de acesso não só de bens e serviços, mas também de segurança, justiça e cidadania, aspectos relacionados às desigualdades econômicas, políticas, culturais e étnicas entre outras (Dupas, 2000). A exclusão social é, portanto, de acordo com esta leitura, uma situação de não realização de algumas ou de todas estas dimensões.

As discussões e analises sobre o programa e suas recepções, instigaram posições muitas vezes dicotomizadas entre positividade e negatividade, público, privado,

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3 assistencialismo, direito, além das questões de gênero, tendo em vista a família ser tomada como foco e a mulher como prioridade na titularidade do programa e no cumprimento das condicionalidades. Eis um grande desafio aos pesquisadores que se debruçam sobre essa temática. Como interpretar as dinâmicas subjacentes que envolvem as distintas recepções do programa sem apelar para o discurso polarizado?

Além desses aspectos, uma série de indagações vêm à tona quando se pensa nos beneficiários do BF e nos impactos causados pelo programa em suas vidas. Qual o uso e apropriação que estes fazem desse benefício? Quais as mudanças nas dinâmicas familiares considerando as questões de gênero e geração, padrões de consumo, autonomia, educação, saúde, elementos de subjetividade, valores culturais e morais?

Apresentaremos algumas reflexões sobre o PBF tomando como referência dados de pesquisas que, a partir de estudos de realidades bastante diferenciadas, nos dão pistas para compreender as mudanças engendradas pelo programa em contextos territoriais, culturais e arranjos familiares também diversos.

O Programa Bolsa Família e gestão da pobreza

Criado em 2003, o chamado Bolsa Família é um programa de transferências condicionadas de renda, com abrangência nacional, que atende mais de 13 milhões de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, de acordo com indicadores de renda determinados pelo MDS (MDS, 2013). O programa integra a política de desenvolvimento social brasileira e às ações do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à fome, que atua na gestão dos principais programas de combate à pobreza no Brasil. Possui uma gestão descentralizada, cabendo aos municípios a responsabilidade de identificar e cadastrar as famílias através da ação do Cadastro Único, (CadÚnico) criado a partir do decreto 6.135/07 passando a atuar junto aos programas sociais do governo federal possibilitando o acesso a um leque de benefícios sociais.

Em 2011, o PBF passou a integrar o Plano Brasil sem miséria (BSM) que tem por objetivo eliminar a extrema pobreza no país. As famílias devem estar cadastradas no

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4 (CadÚnico) e os benefícios podem ser básico e variável de acordo com a renda, idade e número de filhos.

As famílias atendidas são compostas em média por 3,6 pessoas, já os arranjos familiares, 42,2 % representam famílias monoparentais femininos e 37,6% de casais com filhos. Em relação a titularidade, 93,1 são representadas por mulheres, seguindo um dos propósitos do programa que é dar prioridade às mulheres (Camargo, et al, 2013).

O programa possui três eixos principais, que são: 1) a transferência direta de renda, com o objetivo de promover o alívio imediato da pobreza; 2) as condicionalidades que reforçam o acesso a direitos sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social; 3) e programas complementares, que tem por função o desenvolvimento das famílias, de modo que os beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade.

Em 2006, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) criou o Índice de Gestão Descentralizada Municipal (IGD-M). Concebido como uma estratégia de apoio à gestão municipal do Programa Bolsa Família, o IGD-M é um indicador que mede o desempenho dos municípios na gestão do Programa, considerando a qualidade do Cadastro Único (validade e atualização dos cadastros) e do acompanhamento das condicionalidades de saúde e de educação. Com base nos resultados apurados por intermédio do IGD-M, os municípios que apresentam bom desempenho recebem mensalmente recursos para investir em atividades voltadas para a gestão do PBF nos termos da Portaria MDS/GM nº 246, de 20 de maio de 2005.

Os recursos são repassados aos municípios diretamente do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) para o Fundo Municipal de Assistência Social (FMAS). Os municípios possuem autonomia para escolher entre as ações voltadas para o PBF onde os recursos devem ser aplicados. Estas ações estão diretamente relacionadas às atividades ligadas à gestão de condicionalidades; à gestão de benefícios; ao acompanhamento das famílias beneficiárias; ao cadastramento e atualização dos dados do Cadastro Único; à implementação de programas complementares; à fiscalização do

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5 PBF e do Cadastro Único e Controle Social do PBF no município, conforme estabelece a Portaria MDS/GM nº 754, de 20 de outubro de 2010 (MDS, 2013).

O Programa exige o cumprimento de certas condicionalidades por parte das famílias beneficiadas, envolvendo a educação, saúde e assistência social. Em relação a educação exige-se a manutenção e frequência escolar das crianças de 85% para a faixa de 06 a 15 anos e 75% para adolescentes de 16 a 17 anos. Na saúde o cumprimento recai sobre o acompanhamento do calendário de vacinação, crescimento e desenvolvimento das crianças de até 07 anos, bem como o pré-natal para gestantes e acompanhamento das nutrizes. Na assistência social, deverá ser cumprida frequência mínima de 85% nos serviços socioeducativos nos casos em que crianças e adolescentes estejam em situação de risco ou retirados do trabalho infantil.

Consumo e gestão dos recursos na família

Um dos aspectos mais ressaltados nos estudos que se debruçaram sobre os impactos do PBF é o aumento do consumo do grupo, e a alimentação é um dos itens priorizado (Cedeplar 2007). No entanto as especificidades sobre esses consumos, envolvendo as prioridades estabelecidas à nível dos produtos, gastos ou indivíduos envolvidos, além dos julgamentos morais que envolvem esse tipo de consumo, é uma realidade ainda a ser desbravada, embora alguns estudos já lancem algumas luzes como é o caso de Pires( 2003) que aborda a prioridade da alimentação infantil no uso dos recursos recebidos por famílias no semiárido paraibano e Morton (2013) que destaca as diferenças econômicas como indicadoras das práticas de gênero que envolvem o consumo e relações estabelecidas entre este.

O estudo de Pires (2003) realizado no semiárido nordestino, em um pequeno município paraibano, parte de um olhar, ainda pouco usual, que é o infantil. A autora buscou compreender a ampliação do consumo alimentar, especialmente alimentos destinados às crianças como consequência do recebimento do benefício. Entrevistou mães e realizou oficinas com crianças para buscar os princípios da priorização das crianças no consumo de determinados gêneros alimentícios. Embora haja estimativas de

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6 que 87% dos recursos do PBF são utilizados na compra de alimentos (Resende e Oliveira (2008), aspectos até justificados pelo contexto de insegurança alimentar da região, o fato da explicação para as crianças serem privilegiadas se situar apenas na condição de pobreza das famílias é questionado por Pires que recorre às dinâmicas familiares para compreender os privilégios das crianças.

Neste caso, apresenta duas razões principais. O primeiro é que o benefício é recebido como fruto do esforço das crianças, questão que diz respeito às condicionalidades do programa envolvendo a frequência escolar de crianças e adolescentes e ida ao posto de saúde por parte de crianças, gestantes e nutrizes. A condicionalidade ligada à frequência escolar é vista como uma das mais importantes, pois acorre bimestralmente, ao passo que a ida ao posto ocorre semestralmente, além da divulgação de casos de perda ou suspensão do benefício na localidade em decorrência do não cumprimento dessa condicionalidade. A recompensa pelo esforço das crianças se efetiva por meio da compra de determinados objetos como roupas calçados e alimentação básica ou os itens considerados de luxo como bolachas recheadas, iogurte, pipoca e chocolates. Um dos aspectos observados nesse estudo é a reconfiguração do poder de negociação das crianças. (Pires 2013).

A segunda razão destacada refere-se à função moral materna de nutrir e satisfazer os desejos dos filhos, aspectos ligados a uma maternidade bem sucedida. Ademais o consumo de determinados alimentos considerados “de luxo” é percebido como marcador de status, uma espécie de porta para a incorporação de estilos de vida tidos como mais elevados. Entre as mães entrevistadas por Pires (2013) no sertão paraibano, depois das necessidades básicas atendidas, o dinheiro excedente geralmente é reservado aos pedidos dos filhos, aspecto percebido como forma de garantir o estatuto moral da mãe, ou como diz a autora, “o sentimento de dever materno cumprido”.

Enquanto Pires Identifica as relações e as estruturas familiares da “casa sertaneja” buscando compreender como o PBF interfere na reconfiguração de valores referentes à socialização infantil e à estrutura familiar, Morton (2013) toma como referência “a estrutura moral da casa sertaneja”, e busca compreender as suas formas de assimilar e transformar os recursos do mundo de fora, focando nos significados que

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7 sustentam a recepção do Bolsa família na esfera privada. O autor estuda duas comunidades rurais do sertão da Bahia, e destaca diferenças em relação a recepção do benefício pelas mulheres mais pobres e mais prósperas. Enquanto as mais pobres destinam os recursos para suprir as necessidades básicas de alimentação, as mais prósperas conseguem se organizar para adquirir bens duráveis.

A autonomia feminina, no caso das mais pobres, é questionada, pois a margem de poder de decidir o que, e como consumir é pífia. Para Morton, a autonomia pode ser percebida quando o consumo com a alimentação advém de outras fontes. Nos dois casos o autor percebe formas de conversões do recurso em objetos de circulação rápida e de longa duração, no primeiro caso encontra-se os alimentos e no segundo os objetos duráveis como móveis e eletrodomésticos. Transformar o dinheiro do Bolsa Família em objetos que circule em longo prazo acaba sendo um grande desafio para as mulheres sertanejas, vistos como elementos de autonomia feminina, mesmo que algumas apelem para o segredo na compra e pagamento de prestações como forma de adquirir um bem durável. Como diz Morton, “o homem entende a independência da mulher por meio do objeto, ou seja, por meio da forma concreta pela qual o valor foi fixado dentro da casa. Para poder fazer uma afirmação dessas, a mulher precisa ter em casa um objeto culturalmente reconhecido para o qual ela pode apontar” (Morton, 2013, p.61).

O programa bolsa família: implicações de gênero

O recorte de gênero talvez seja uma das preocupações mais recorrentes nos estudos e análises que tomam o PBF como objeto de estudo, considerando que as mulheres são o público alvo do programa e o rendimento propiciado por este é percebido como uma contribuição feminina dentro da família. Autonomia e empoderamento das mulheres, são dois conceitos que se tornaram presentes nas análises envolvendo as beneficiárias do bolsa família que apontam para a sua positividade. Muitas pesquisas já destacam um crescente poder de decisões, por parte das mulheres, na esfera doméstica (Rego, 2008, 2013, Pires (2009, 2013), (Suárez; Libardoni, 2007), (Ahlert, 2013) (Morton, 2013).

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8 O programa também tornou-se alvo de questionamentos e críticas envolvendo as questões de gênero. O debate recai sobre a vinculação do ser mulher à condição de mãe e dona de casa, reforçando assim posições e papeis tradicionais de gênero, tais como a vinculação da mulher ao espaço privado e as tarefas reprodutivas. Nesse aspecto destaca-se a falta de políticas de ação integrada na promoção de infraestrutura tais como creches e escolas de tempo integral, o que permitiria as condições para entrada no mercado de trabalho, além da falta de acesso à informações e qualificação profissional. Suárez e Libardoni, 2007 falam que as beneficiárias ao desenvolver o seu trabalho diário de forma solitária em bairros ou comunidades isoladas torna-se alvo para o isolamento social, impedindo uma visibilidade na esfera pública.

Ao questionar aos mecanismos que reforçam a vinculação da mulher com a maternidade e as funções ligadas à esfera reprodutiva, desenvolvida pelo PBF, Mariano e Carloto (2009) destacam as atividades extras as quais as mulheres benefiadas são chamadas a participar tais como os grupos de geração de trabalho e renda e grupos de ações educativas. A crítica das autoras recai sobre a “duvidosa potencialidade para a melhoria do bem estar” no caso dos primeiros e “associação às tarefas reprodutivas” no caso dos segundos. Neste caso, responsabilidades ou sobrecarga de obrigações são lançadas à essas mulheres, considerando que a responsabilidades das condicionalidades ligadas à saúde, educação e assistência social também recai sobre as mulheres.

Ao ser incluída no PBF, a mulher é tomada como representante do grupo familiar, vale dizer, o grupo familiar é materializado simbolicamente pela presença da mulher. Esta, por sua vez, é percebida tão somente por meio de seus ‘papéis femininos’, que vinculam, sobretudo, o ser mulher ao ser mãe, com uma identidade centrada na figura de cuidadora, especialmente das crianças e dos adolescentes, dadas as preocupações do PBF com esses grupos de idade. O papel social de cuidadora pode até, em algumas situações, ser desempenhado por outra mulher, como, por exemplo, a avó ou tia da criança ou do adolescente. Contudo, seguirá sendo um ‘papel feminino’. Logo, o cuidado preserva, no âmbito do PBF, seu caráter vinculado aos papéis de gênero. Assim, tanto a maternidade (relacionada à procriação e/ou ao papel social de mãe) quanto a maternagem (o cuidado da criança e do adolescente desempenhado por outra mulher, geralmente com vínculo de parentesco, porém sem se designar como sua mãe) são funções focalizadas pelo PBF.(MARIANO E CARLOTO, 2009,P. 904)

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9 Ao estudar os sentidos e significados do Bolsa Família entre as quebradeiras de coco no município de Codó- MA, Ahlert (2013) também questiona as dicotomias produzidas nesses discursos. Mostra que as relações estabelecidas entre as mulheres e o programa envolvem complexidades que não permitem ser apreendidas pelo viés da bipolaridade. O cotidiano das quebradeiras de coco apresenta elementos que faz a autora falar sobre a indissociabilidade entre as experiências com a política e ou as políticas públicas sociais e outros elementos constituintes da vida dos sujeitos.

No entendimento das mulheres, receber o bolsa família envolve uma luta firmada com o Estado, considerando as suas carências diversas – a busca pela inscrição no cadastro único é um exemplo - e o sentido dessa luta é buscado no valor atribuídos à casa e à família, aspectos que permitem a autora pensar além da dicotomia entre o doméstico e o mundo da rua. Quando se referem ao benefício como “ajuda” do governo, esta não é percebida como oposto da efetivação de direitos não são excludentes, pois nas suas experiências, este faz parte de suas lutas.

Considerações finais

Pensar sobre uma política social de transferência de renda que toma a mulher como público prioritário, é fundamental atentar para os elementos dessa política que poderá intervir no protagonismo feminino.

Uma política social que possa tocar nas desigualdades de gênero necessariamente deverá envolver a aquisição de meios materiais, o que permite a promoção de bem estar, além de desenvolver formas de distribuição de poder no âmbito privado e ampliar ou permitir a participação no espaço público.

Como nos alerta Costa(2013), apesar das mudanças atuais que envolvem a condição feminina, há muitas que não gozam ainda autonomia, nem decidem suas vidas.

Diante dessa realidade, é que o movimento feminista e outros movimentos sociais organizados começam a se utilizar do termo empoderamento, como nos mostra COSTA (2007). Essa ideia envolve mudanças nas relações sociais em que o indivíduo

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10 está inserido. Portanto, tocar nessa questão é pensar em formas de mobilização e ação social, que permitam promover a afirmação de direitos e redução de desigualdades.

Referências

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