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APOLíTICA JUDICIÁRIA NACIONAL DE TRATAMENTO ADEQUADO DOS CONFLITOS DE INTERESSES NO ÂMBITO DO PODER JUDICIÁRIO MARCO AURÉLIO GASTALOI BUZZI

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-ado em 6 de agosto de APOLíTICA JUDICIÁRIA NACIONAL DE TRATAMENTO ADEQUADO DOS

CONFLITOS DE INTERESSES NO ÂMBITO DO PODER JUDICIÁRIO MARCO AURÉLIO GASTALOI BUZZI

Marco Aurélio Gastaldi Buzzi. Ministro do Superior Tribunal de Justiça. Mestre em Ciência Jurídica pela UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí. Especialista em Direito do Consumo pela Universidade de Coimbra, Portugal, e em Instituições Jurídico-Políticas, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Pós-graduado em Gestão e Controle do Setor Público pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC.

o

incremento real dos direitos inerentes à cidadania, de há muito constitui-se um dos principais objetivos dos sistemas organizados sob a égide do Estado de Direto, todavia, mais recentemente, a própria so­ ciedade civil tornou-se a protagonista não só da luta pelo efetivo acesso aos benefícios do progresso, como também da busca de solução dos problemas que destacadamente os direitos sociais pretendem prevenir.

Como é sabido, a ideologia dominante no mundo capitalista ex­ perimenta modificações, o aparente êxito da ortodoxia liberal como que homologa a questão da irreversibilidade do processo de mundialização econômica. Como já destacava Jacques Adda, expostos à mobilidade crescente dos capitais, os Estados não estão somente limitados no ma­ nejo de seus instrumentos tradicionais de política econômica. Também estão submetidos à concorrência pela captação da poupança e dos in­ vestimentos, em âmbito internacional. Essa concorrência os lança em

uma corrida para desregulamentação, as privatizações e as reduções im­ positivas que comprometem os compromissos sociais surgidos durante

MARCO AURÉLIO GASTALDI BUZZI

1347

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I

o período Keynesiano1 •

Como já se teve oportunidade de destacar, ao advento do lança­ mento da Política Institucional do Poder Judiciário, deflagrada a contar da expedição da Resolução 125/2010, do Conselho Nacional de Justiça, em razão do novo ethos vivendi proclamado pela sociedade de consumo, o qual, direta ou indiretamente, alcança praticamente todos os países do mundo, com consequências em suas economias, abarcando o dia-a-dia das pessoas, as relações materiais por elas desenvolvidas, e no caso do Brasil, também em virtude do advento da Constituição Cidadã de 1988, com o reconhecimento de direitos até então não tutelados, e, igualmen­ te, ante as agruras oriundas da exacerbação das diferenças sociais, en­ fim, fruto de diversos fatores, a cada dia mais se constata o vertiginoso aumento do número de demandas judiciais, as quais, somadas àquelas já existentes, assoberbam e ameaçam inviabilizar os sistemas tradicio­ nalmente utilizados e concebidos para promover e restabelecer a paz social por meio da intervenção do Poder Judiciário, no exercício de uma das principais funções do Estado.

Foi na cognitio extra ordinem ou extraordinario cognitio, do Di­ reito Romano, que teve início a fase em que o Estado tomou para si, de modo absoluto ou preponderante, a responsabilidade de solucionar os conflitos e pacificar as pessoas em desavença, quando se passou, então, mais adequadamente, a denominar de Jurisdição o poder-dever estatal de dirimir conflitos, categoria originada da expressão iuris dictio (dizer o direito) e é desta Jurisdição romana, que perdurou até os últimos dias do império do Ocidente, que adveio a Jurisdição moderna.2

A paz social é uma das principais razões pelas quais o homem aprimorou aptidões para conviver em sociedade, politicamente orga­

1 ADDA, Jacques Adda. La mondialisation de I'économie. Paris: La Découverte, 1996, p79.

2 TUCCI. José Rogério Cruz e AZEVEDO, Luiz Carlos de. Lições de história do processo civil romano. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1996, p.39.

348\ A POLÍTICA JUDICIÁRIA NACION~L DE TRATAMENTO ADEQUADO DOS CONFLITOS DE INTERESSES NO AMBITO DO PODER JUDICIÁRIO

nizada, protagonizando a função de solucionar materiais oriundas das I

Um Estado nasce pOJ tem tantas necessidac para se ajudarem ml {Platão. República 36'

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3 DUGUIT, Léon. Fundamentos

Ordenamento Jurídico. 10a Ed. 4 BUZZI. Arcângelo. A Existênci 116 118.

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história do processo civil romano.

nizada, protagonizando a criação do Estado de Direito, cometendo-lhe a função de solucionar os conflitos de interesses advindos das relações materiais oriundas das rotinas. do cotidiano das comunidades.3

Um Estado nasce porque cada um de nós não se basta a si próprio. O homem tem tantas necessidades, tantas, que muitos são obrigados a viver em conjunto para se ajudarem mutuamente. A essa convivência daremos nome de Estado

(Platão. República 369a) .

o

surgimento do Estado, com a atribuição a ele de determina­ das funções, resulta do anímus dos povos direcionado à cidadania, ou seja, a obtenção e manutenção de padrões dignos de subsistência, para todos os indivíduos, e, se é vero que o Estado [ ...] "tem tanta força e poder, que pode disciplinar a vontade de todos para a conquista da paz interna e para a ajuda mútua" (Hobes, 'Ih. Leviatã), essa força somente é legitima quando [ ...] "a Justiça é a base do Estado; a constituição de uma sociedade política é o mesmo que a decisão do que é justo para todos"(Aristóteles. Política, 1253a)4.

Portanto, o homem, emergindo da obscuridade hostil da pré­ -história, reagindo e adaptando-se com seu engenho (inteligência) às agressões dos ambientes selvagens, soube se alçar aos benefícios do progresso por ele próprio gerado, e nessa longa trajetória, do fundo das cavernas ao solo prateado da lua, concebeu a Justiça como marco civi­ lizatório diferencial da barbárie, vetor capaz de estabilizar as relações sociais.

A solução adjudicada do conflito é o mecanismo político utilizado predominantemente pelo Estado/Judiciário para promover a paz social,

3 DUGUIT, Léon. Fundamentos do Direito. Ed. Martin Claret, 2009, p. 15/16 e 79/80 Teoria do Ordenamento Jurídico. 10" Ed. Norberto Bobbio, Editora UnB: Brasília. 1999, p.37, 38.

4 BUZZI, Arcângelo. A Existência Humana no Mundo. 15" Ed. Editora Vozes: Petrópolis. 2005, p.

116 - 118.

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o que faz por meio da sentença judicial, dirimindo as controvérsias a ele submetidas, sistema que gerou a cultura da sentença, a qual convencio­ nou-se, uma vez definitiva, deva ser cumprida.

A cultura da solução adjudicada da lide, por meio da sentença judicial, em muitos sistemas rende ensejo a reprovável praxis dos recur­ sos e à submissão das execuções judiciais (cumprimento de sentença), tudo no intuito de adiar o adimplemento do comando proferido, ciente o vencido de impor ao vencedor longo tempo de espera, até que a vi­ tória judicial concretize-se, não considerados aí outros fatores como o "tempo do processo': a falta de juízes, de unidades judiciais, de recursos pessoais e materiais etc.5

Examinado isoladamente o poder/dever antes aludido, verificam­ -se focos indicadores da crise que grassa nas instituições encarregadas do exercício da função jurisdicional, e, se é possível alinhavar os fatores recalcitrantes da eficiência do sistema, mesmo entre muitos outros, cabe reputar relevantes, nessa análise, itens tais como o "tempo de duração

do processo" (a morosidade), a "quantidade de ações judiciais" (a taxa de

congestionamento) e o «custo do sistema jurisdicional" (o custo socioe­ conômico), este último, tanto em relação ao jurisdicionado quanto ao Estado.6

Já apenas os poucos indicadores acima referidos, desprezados muitos outros, justificam a busca por soluções voltadas a ultrapassar as dificuldades que afligem o Judiciário, no que tange ao cumprimento da sua principal função.

E a decantada crise do Poder Judiciário não é um privilégio bra­ sileiro e sim uma realidade mundial. No seio de qualquer sociedade organizada sob o Estado de Direito, as dificuldades de aplicação rápida,

5 WATANABE, Kazuo Política Pública do Poder Judiciário Nacional para tratamento adequado dos conflitos de interesses. No prelo.

6 CONSELHO NACIONAL DE JUSTiÇA. Projeto Justiça de Conciliação - Manual de Implementação, Brasília, 2006. p,07 a 12.

350

I

A POLÍTICA JUDICIÁRIA NACIONAL DE TRATAMENTO ADEQUADO DOS I CONFLITOS DE INTERESSES NO ÂMBITO DO PODER JUDICIÁRIO

efetiva e segura das leis, ] presentes.7

Se a cidadania é me proposto pelo Estado, e, c

da reunião das pessoas em protetor que se possa realiÁ

dos, a inegável crise que a poder do Estado o enfren1 do sistema, mormente qu a pacificação social, não Bíblica, extraída do Livro fruto da Justiçà:

Assim, reconhecida utilizado não mais atenc que reclamam solução, I mais conservadores, rec( o processo e a sentença j fórmulas que, conjuntarn a uma ordem jurídica jm de lides que, dia-a-dia, ai implementando-se, para mecanismos ágeis, simpll fim, restabelecendo-se a Estado.8

A constatação do Cl

lador e diversos segmenl

7 ROSA, Alexandre Morais, Aspl ANIMUS - Revista da Associaçã( Marketing Florianópolis, ano 1, vo

8 WATANABE, Kazuo. Política Públ, conflitos de interesses.

(5)

as controvérsias a ele a qual convencio­ por meio da sentença ...'I1.:iO'\1''''1 praxis dos recur­ IIp:nmlenlto de sentença),

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• .,'UU;U\-,}\;;., encarregadas

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lflS<llICIOlnaCLO quanto ao referidos, desprezados I'OJtad:as a ultrapassar as ao cumprimento da é um privilégio bra­ de qualquer sociedade de aplicação rápida, - Manual de Implementação.

efetiva e segura das leis, pelos membros do Poder Judiciário, se fazem presentes.7

Se a cidadania é modo de viver (ethos vivendí) entre indivíduos, proposto pelo Estado, e, conforme Cícero (discursos I, 25 § 39), resulta da reunião das pessoas em um pacto de solidariedade mais amplo e mais

protetor que se possa realizar, assegurando direitos e deveres iguais a to­

dos, a inegável crise que assola o Judiciário dama aos representantes do poder do Estado o enfrentamento das causas que maculam as estruturas do sistema, mormente quando grassam em meio a sua principal missão, a pacificação social, não sendo demais recordar, neste iter, a citação Bíblica, extraída do Livro de Isaías (32, 17), no sentido de que "a Paz é fruto da Justiçà:

Assim, reconhecida a hipótese de que o modelo tradicionalmente utilizado não mais atende satisfatoriamente as pessoas e os conflitos que reclamam solução, preservados os métodos de pacificação social mais conservadores, reconhecidamente úteis e imprescindíveis, como o processo e a sentença judiciais, há que se lançar mão de mais outras fórmulas que, conjuntamente, propiciem o real acesso das populações a uma ordem jurídica justa, atendendo as partes e dezenas de milhares de lides que, dia-a-dia, aportam nas unidades judiciais de todo o país, implementando-se, para tanto, com a máxima urgência e competência, mecanismos ágeis, simples, menos onerosos, realmente aptos para esse fim, restabelecendo-se a confiança das populações nas instituições do Estado.8

A constatação do crescimento da litigiosidade fez com que o legis­ lador e diversos segmentos sociais, instituições e entidades, públicas e

7 ROSA, Alexandre Morais. Aspectos destacados do Poder Judiciário Norte-Americano. In: ANIMUS - Revista da Associação dos Magistrados Catarinenses, Ed. Premium Comunicação e Marketing. Florianópolis, ano 1, vol.1, p. 91, oul. 1999.

8 WATANABE, Kazuo. Política Pública do Poder Judiciário Nacional para tratamento adequado dos conflitos de interesses.

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privadas - não apenas em nosso país - concebessem novos mecanismos voltados a fazer frente ao grande e crescente contingente de demandas judiciais e conflitos sociológicos, daí que ao longo das últimas décadas buscou-se propiciar às pessoas um real e efetivo acesso ao poder paci­ ficador do Estado, principalmente na solução daqueles conflitos mais recorrentes.

Nesse contexto, aqui no Brasil, concomitantemente ao ânimo precursor de mecanismos como o dos Juizados de Pequenas Causas, Juizados Especiais, Juizados Especiais da Fazenda Pública, no âmbito das jurisdições Estadual e Federal, em diversos pontos deste país con­ tinental, alguns operadores do direito passaram, voluntariamente, a desenvolver projetos e implantar programas, oferecendo às populações, destacadamente àquelas mais Carentes, métodos alternativos de resolu­ ção de conflitos, tudo sempre no afã de subsidiar as forças do Estado, que já davam evidentes sinais de impotência para responder a todos os anseios daqueles que pretendiam alcançar os benefícios de uma ordem jurídica justa.

É importante destacar que, sequer, cogita-se desprezar ou diminuir a prevalência e importância do tradicional e imprescindível modelo de solução de lides, consistente no processo e na sentença judiciais, mas se almeja, sim, o incremento de, também, outros meios, "mais adequados': para o tratamento de determinados conflitos de interesses, destacada­ mente quando as questões deduzidas apresentam menor complexidade.

Esses outros instrumentos, vocacionados especialmente para a solução de determinados litígios, entre tantas designações, também são denominados, muito apropriadamente, como Meios Mais Adequados de Tratamento de Conflitos, direcionados, preponderantemente, às causas mais corriqueiras que admitem imediato atendimento e pron­ ta solução. Tais métodos, além da garantir acesso à justiça, também oferecem apoio para o correto e efetivo exercício dos direitos fora da tradicional esfera do sistema formal jurisdicional, acolhendo, não só, as

A POLÍTICA JUDICIÁRIA NACIONAL DE TRATAMENTO ADEQUADO DOS 352

I

CONFLITOS DE INTERESSES NO ÂMBITO DO PODER JUDICIÁRIO

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cano, o que concorreu pal denotando não apenas pn justiça, mas também com do sistema concebido par. tando o surgimento de fo] legitimamente estabelecid ao longo da história, já fOI inexitoso e desastroso.

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9 DINAMARCO, Cândido Rangel. Processo, Disponível em: http://ww 10 SIQUEIRA, Chico, Novas escutas Jornal O Estado de São Paulo, Cad

(7)

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desprezar ou diminuir modelo de ~lt;lV:;, "mais adequados': interesses, destacada­ menor complexidade, especialmente para a Ifs:tgnlaçC::les, também são Meios Mais Adequados às atendimento e pron­

à justiça, também dos direitos fora da

práticas de conciliação, mediação, negociação etc, mas adentra também no âmbito das orientações, dos encaminhamentos a outras instituições ou profissionais, tudo colimando, enfim, no fito da inclusão social, em face dos direitos inerentes às condições advindas da cidadania,9

Assim, ante a ausência do Estado no seio de determinadas co­ munidades, e também a inaptidão dos instrumentos de que se vale (o Estado) para dar solução, em tempo útil, a determinados conflitos, foi proclamado o Pacto do Estado por um Judiciário mais rápido e republi­ cano, o que concorreu para o advento da Emenda Constitucional n° 45, denotando não apenas preocupação com a relevante questão do acesso à justiça, mas também com a preservação, incremento e aperfeiçoamento do sistema concebido para zelar pela segurança e pacificação social, evi­ tando o surgimento de forças paralelas, e até mesmo marginais, àquelas legitimamente estabelecidas para tanto, coibindo, com isso, práticas que, ao longo da história, já foram experimentadas pela sociedade, de modo inexitoso e desastroso,

o

Primeiro Comando da Capital PCC começou resolvendo disputa entre

presos e agora efetua cobranças entre. comerciantes regulares, Grampos revelam

que facção faz cada vez mais o papel de Justiça e polícia em periferias das cida­ des paulistas l0.

Na verdade, ressurgem, não só no Brasil, mecanismos destinados a incrementar a pacificação da sociedade, os quais se valem de métodos legítimos, mas diversos dos tradicionais. Busca -se, com isso, ferramentas capazes de atender à crescente demanda por instrumentos efetivamente aptos a resolver conflitos de interesses, constituindo-se, inegavelmente,

9 DINAMARCO, Cândido Rangel. Assistência Judiciána Objetivo Efetividade do Direito ao Processo. Disponível em: http://www.leonildocorrea.adv.br/curso/dina32.htm. Acesso em 13.10.2010.

10 SIQUEIRA, Chico. Novas escutas revelam que 'tribunais' do PCC julgam até 'pequenas causas'. Jornal O Estado de São Paulo. Caderno Metrópole, de 17.02.2008.

(8)

em alternativa para salvaguardar, ou mesmo restabelecer, a confiança do cidadão no sistema politicamente organizado sob a égide do Estado de Direito, apanágio mínimo da cidadania.

o

Poder Judiciário Nacional está enfrentando uma intensa conflituosidade,

com sobrecarga excessiva de processos, o que vem gerando a crise do desem­

penho e a consequente perda de credibilidade11 •

A implantação de Meios Mais Adequados de Solução de Confli­ tos, tais como a mediação, a conciliação, a arbitragem, a negociação, e outros mais, não constituem ameaça ou tática de supressão do processo e da sentença judiciais; são "meios" que, além da maior efetividade na dirimência das querelas, alcançam a conflituosidade sociológica contida em toda e qualquer lide, e, mais ainda, sequer consubstanciam-se em novidade alguma, pois conforme assinala a eminente Professora Ada Pellegrini Grinover: [ ...] "ressurge hoje o interesse pelas vias alternativas ao processo, capazes de evitá-lo, encurtá-lo, conquanto não o excluam, necessariamente..:'12.

Nesse iter, não é demais recordar que a primeira Constituição bra­ sileira, outorgada por D. Pedro I em 25 de março de 1824, ao tratar da organização judiciária, estabelecia a obrigatoriedade de o autor provar, em determinados conflitos, preliminarmente ao ajuizamento da ação, ter submetido o caso ao serviço de conciliação.

Art. 161. Sem se fazer constar que se tem intentado o meio de reconciliação não se começará processo algum.

11 WATANABE, Kazuo. Política Pública do Poder Judiciário Nacional para tratamento adequado dos conflitos de interesses. No prelo.

12 GRINOVER, Ada Peliegrini. Os Fundamentos da Justiça Conciliativa. 5" ed. Brasília Rev. Enam, 111,2005, p. 22-27. sem grifo no original.

1 A POLfTICA JUDICIÁRIA NACION~L DE TRATAMENTO ADEQUADO DOS 354

CONFLITOS DE INTERESSES NO AMBITO DO PODER JUDICIARIO

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harmonia entre os de no ano de 1555, imple suas funções nas aldei pequenas questões, V2

Muito embora que pese o art. 98, 11, aluda à função concili cargo mediante eleiçõ do território naciona consiste em novidade de 15.10.1827, previa eleitos com os vereac junto às comunidade~

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1

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(9)

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"'""ín",,1 para tratamento adequado

WlCllllanl,'a. 5,9 ed, Brasília: Rev. Enam,

Em Portugal, já no Século XV (ano de 1446), surgem os avindores e os concertadores, com a missão específica de restabelecer a paz e a harmonia entre os desavindos. Ainda com base em práticas lusitanas, no ano de 1555, implementou-se o cargo de Juiz de Vintena, que exercia suas funções nas aldeias, com poderes para decidir verbalmente todas as pequenas questões, valendo-se, para tanto, dos usos e costumes.

Muito embora o tema enfrente hoje muitas resistências, e em que pese o art. 98, lI, da atual Constituição Federal brasileira (de 1988) aluda à função conciliatória do Juiz de Paz, estabelecendo a provisão do cargo mediante eleições - o que pende de implementação em boa parte do território nacional - o fato é que, também, essa iniciativa sequer consiste em novidade, uma vez que a Lei Orgânica das Justiças de Paz, de 15.10.1827, previa que, ao lado do Juiz de Direito, os Juízes de Paz, eleitos com os vereadores municipais, exerciam funções conciliatórias junto às comunidades.

Lei Orgânica das Justiças de Paz de 15.10.1827. Art. 5° - Compete ao Juiz de Paz: I Conciliar as partes que pretendem demandar, por todos os meios pa­ cíficos que estiverem ao seu alcance, mandando lavrar termo do resultado que assinará com as partes e o escrivão.

Regulada pelo Decreto n° 4.824 (22.11.1871), a Lei 2.033 (20.09.1871), tratando da 2a Reforma Judiciária, restabeleceu a orienta­ ção liberal, contemplando a conciliação, o que se verificou na Consoli­ dação das Leis de Processo Civil - (Antônio Joaquim Ribas - semente do CPC/1939), quando foi previsto: "Art. 185 - Em regra, nenhum processo pode começar sem que se faça constar que se tem intentado o meio de conciliação perante o Juiz de Paz:'

Também a Assembleia Constituinte Francesa, já no ano de 1791, ao contemplar o art. 6°, do Capítulo V, da nova Carta, estabeleceu o bu­

reau de paix, assim prescrevendo: "Os tribunais ordinários não podem

(10)

. receber nenhuma ação civil, sem que lhes seja certificado que as partes

compareceram, ou que o demandante fez citar a parte adversa perante mediadores para tentar a conciliação':

Por sua vez, a história constitucional inglesa, já no ano de 1360, registra que os Juízes de Paz foram introduzidos no sistema de governo, como elementos mantenedores da paz social.

Não apenas acerca desses aspectos históricos, mas também ante o expressivo manancial de informações sobre as práticas de conciliação no Brasil, vale a leitura da bem composta obra "O Juiz de Paz - Do Império a Nossos Dias': em que se confirma, inclusive com a transcrição integral da exposição de motivos, lançada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, então chefe do governo provisório, a expedição do Decreto nO 359, de 26 de abril de 1890, que aboliu a conciliação como formalidade preliminar ou essencial para o intento de ações cíveis e comerciais no Brasil.13

A ampliação e a melhor compreensão, por parte do indivíduo, do que é e quais são os direitos inerentes à cidadania (educação, saúde, informação, meio ambiente, segurança etc), faz com que, mais intensa­ mente, sejam utilizados instrumentos, que se almejam aptos, voltados a solucionar, eficazmente, as lides por meio das quais se provoca a inter­ venção legítima do Estado (de direito).

Mais recentemente, fez parte de recomendações adotadas pela Organização das Nações Unidas a criação, a adoção e o aperfeiçoamento de procedimentos ou práticas direcionadas à oferta de meios alternati­ vos ao processo judicial tradicional, para a solução, senão de todas, mas de significativas modalidades de controvérsias14

13 VIEIRA, Rosa Maria. O Juizde Paz. Do Império a Nossos Dias. 2" ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2002. p. 76,77.

14 SIMEÃO, Daniel Et. ai Sentidos da Justiça e reconhecimento em formas extrajudiciais de resolução de conflitos em Belo Horizonte. In: LIMA, Roberto Kant de: EILBAUM, Lucía; PIRES, Lenin (Orgs) Direitos e Moralidades em Perspectiva Comparada. Ed.Garamond Ltda. Voll. Rio de Janeiro, 201 O. p. 222.

356

I

A POLÍTICA JUDICIÁRIA NACION~L DE TRATAMENTO ADEQ~ADO DOS i CONFLITOS DE INTERESSES NO AMBITO DO PODER JUDICIARIO

Em alguns países, não se preservar amem a (re)formulação de poli conciliação, da negocia~

mentais para o increme de Sistemas Alternative procuram responder, en da por acesso ao Judiei crescimento equivalent( Os dados que adi. tação de métodos alter: determinados conflitos, meteu quando da supre: nacional.

O "Mappa das Cc dos seguintes número~

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15 SIMEÃO, Daniel Et. aI. Sent resolução de conflitos em Bel( Lenin (Orgs): Direitos e Moralidé Janeiro, 201 O. p. 222

16 VIEI RA, Rosa Maria. OJuizde de Brasília, 2002. p. 90.

(11)

já no ano de 1360,

mas também ante o

.'U.I\..4/1 de conciliação no de paz Do Império a transcrição integral Deodoro da Fonseca, Decreto n° 359, de 26 ll'ormalij1acle preliminar ~!;1. \..14.1/1 no Brasil.13 parte do indivíduo, (educação, saúde, que, mais intensa­ .--,,--- aptos, voltados a

se provoca a

inter-Indacões adotadas pela

Ltda. Vo11. Rio de

e o aperfeiçoamento de meios alternati­ senão de todas, mas

Brasília: Editora Universidade em formas extrajudiciais de de; EILBAUM, Lucía; PIRES,

Em alguns países, como também no caso específico do Brasil, por não se preservar a memória histórica, voltam-se agora as atenções para a (re)formulação de políticas direcionadas aos sistemas da mediação, da conciliação, da negociação, da justiça restaurativa, consideradas funda­ mentais para o incremento de uma cultura favorável à implementação de Sistemas Alternativos de Solução de Conflitos "[ ... ] tais iniciativas procuram responder, em parte, à constatação de uma crescente deman­ da por acesso ao Judiciário, que não vem sendo acompanhada de um crescimento equivalente na oferta de Justiça:'15

Os dados que adiante são citados confirmam o acerto na implan­ tação de métodos alternativos ao processo judicial, para a solução de determinados conflitos, e também ratificam o grave equívoco que se co­ meteu quando da supressão daqueles meios das estruturas do judiciário nacional.

O "Mappa das Conciliações no anno de 1857" alude à realização dos seguintes números de audiências de conciliação e obtenção de acordos: 1) na Corte - 2.927 audiências intentadas e 565 conciliações verificadas; 2) nas províncias de: a) São Paulo - 2.963 audiências in­ tentadas e 1.218 conciliações verificadas; b) Rio de Janeiro - 313 audi­ ências realizadas e 96 conciliações verificadas; c) Pernambuco - 2.466 audiências intentadas e 1.208 conciliações realizadas; d) Bahia - 1.229 audiências realizadas e obtidas 304 conciliações; e) em Santa Catharina - 467 audiências realizadas sendo obtidas 246 conciliações [ ... ].16

Dentro da perspectiva de que é possível obter lições dos outros sistemas, inclusive de outros países, e, em processo dialético, aplicar na

15 SIMEÃO, Daniel. Et. aI. Sentidos da justiça e reconhecimento em formas extrajudiciais de resolução de conflitos em Belo Horizonte In: LIMA, Roberto Kant de; EILBAUM, Lucía; PIRES, Lenin (Orgs): Direitos e Moralidades em Perspectiva Comparada. Ed.Garamond Ltda. Vol 1. Rio de Janeiro, 2010. p. 222.

16VIEIRA, Rosa Maria. O Juiz de Paz. Do Império a Nossos Dias. 2" ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2002. p. 90.

(12)

nossa realidade o que for útil e compatível, não é de olvidar-se que a otimização da estrutura do Poder Judiciário está vinculada à questão da "Administração da Justiçà: com fundada preocupação voltada aos operadores do direito e a todos os profissionais auxiliares do juízo.

No texto "Visão Geral Sobre a Administração Judiciária nos Es­ tados Unidos': é evidenciada a necessidade de evolução na organização dos Tribunais, exemplificando-se, para tanto, com a deliberação adotada pela Presidência da Suprema Corte dos Estados Unidos que, no ano de 1971, fundou o National Center for State Courts, diante da necessidade de se criar uma instituição inteiramente dedicada ao melhoramento da administração da Justiça, por meio do aperfeiçoamento de técnicas de gestão, pesquisa, treinamento etc.17

As técnicas alternativas de resolução de conflitos, como bem se viu, não surgiram nos EUA, mas nele foram sensivelmente aperfeiço­ adas e adaptadas. No ano de 1976, representando verdadeiro marco histórico dessas práticas, durante a Conferência sobre a Insatisfação PÚ­ blica para com o Sistema de Justiça, o Professor de Harvard, Frank E.A. Sander, apresentou um projeto revolucionário denominado multi-door courthouse, em que um prédio de proporções compatíveis pudesse abri­ gar, num mesmo endereço, várias formas alternativas de resolução de conflitos.18

A mediação, a conciliação, a negociação, a arbitragem, enfim, os meios consensuais, ou mesmo adversariais, mas alternativos, ou mais adequados, de solução de conflitos, complementares aos modelos ju­ diciais tradicionais, mesmo não constituindo solução definitiva, única,

17 ROSA, Alexandre Morais. Aspectos destacados do Poder Judiciário Norte-Americano. In: ANIMUS - Revista da Associação dos Magistrados Catarinenses, Ed. Premlum Comunicação e Marketing. Florianópolis, ano 1, vol.1, p. 96, out. 1999.

18 ROSA, Alexandre Morais. Aspectos destacados do Poder Judiciário Norte-Americano. In: ANIMUS Revista da Associação dos Magistrados Catarinenses, Ed. Premium Comunicação e Marketing. Florianópolis, ano 1, vol.1, p 96, out. 1999.

A POLfTICA JUDICIÁRIA NACIONAL DE TRATAMENTO ADEQUADO DOS

358

CONFLITOS DE INTERESSES NO ÂMBITO DO PODER JUDICIÁRIO

para todos os probler também repercutem sistentes opções à sig contingentes populac proteção àpretensões

ethos vivendi criado . consumo, conforme j

Em busca da solu resolução dos conJ aos tribunais (ex/:

por meio da colol de pacificação soe lides (v,g. arbitrag. especializada funo judicial-processua posição etc.).19 Na continuida~ provém do âmago da à justiça, o sentido de judicial e judicial, do: ou tradicionais de pn conflitos, adentrand(] justiça (ob.cit.p.50).

Esse também é nesta temática, ajuíze do interior, bairros t

19 Joel Dias Figueira Júnior.

(13)

é de olvidar-se que a vinculada à questão Rlreoc:uoacalO voltada aos

na organização a deliberação adotada Unidos que, no ano de diante da necessidade ao melhoramento da 1Ç()lanJten1to de técnicas de

para todos os problemas que assolam as comunidades, e que, portanto, também repercutem no Judiciário, representam, inegavelmente, con­ sistentes opções à significativa parcela das demandas, face aos imensos contingentes populacionais que demandam ao Judiciário almejando proteção à pretensões que a cada dia mais recrudescem em face do novo ethos vivendi criado a partir do modelo instaurado pela sociedade de consumo, conforme já aludido.

Em busca da solução ou minimização do problema universal consistente na resolução dos conflitos [ ... ] ampliam-se, portanto, não só o espectro de acesso

aos tribunais (expressão por nós concebida como acesso à jurisdição) [...]

por meio da colocação à disposição dos interessados de novos mecanismos de pacificação social, como também as formas de solução e composição das lides (v.g. arbitragem, mediação judicial e extrajudicial, conciliação, jurisdição especializada fundada no princípio da oralidade em grau máximo, incremento judicial-processual das audiências preliminares e/ou de tentativa da autocom­ posição etc.).19

pudesse abri­ de resolução de

Na continuidade, é referido Mauro CapelIetti, segundo o qual, provém do âmago da denominada terceira fase do movimento de acesso à justiça, o sentido de ocupar esses meios não ortodoxos, em sede extra­ judicial e judicial, dos quais exsurgem, como opção aos tipos ordinários ou tradicionais de procedimento, os métodos alternativos de solução de conflitos, adentrando-se na quadra do movimento universal de acesso à justiça (ob.cit.p.50).

Esse também é o entendimento de José Renato Nalini, aludindo, nesta temática, a juízes que comparecem periodicamente em localidades do interior, bairros dotados de elevada densidade demográfica, onde

19 Joel Dias Figueira Júnior. In Juizados

p.50-51.

Estaduais Cíveis e Criminais, 4a ed.. Rr. 2005,

(14)

não haja sede de comarca, valendo-se de meios mais informais para distribuir jurisdição, nada obstando que, além dos magistrados, tam­ bém os juízes leigos, os conciliadores, os mediadores, os negociadores, devidamente capacitados e gabaritados para tanto, atuem na resolução de conflitos de interesses.2o

Conforme Nalini, é a jurisdição que vai aonde o povo está, outor­ gando tutela, como no clássico modelo do juiz de fora, que percorria as vilas coloniais distribuindo justiça, o que agora há de ser feito, valendo­ -se de equipamentos comunitários, instalando-se nas escolas, salões pa­ roquiais, cartórios do interior, quaisquer espaços públicos ou privados, os respectivos equipamentos parajudiciais (ob.cit.p.35).

Sensível às circunstâncias ora destacadas, no afã de vetorizar a implementação, em todo o país, de serviços voltados aos meios alterna­ tivos de resolução de conflitos, o Conselho Nacional de Justiça, no dia 16 de novembro de 2005, promoveu o I Encontro de Coordenadores dos Juizados Especiais Estaduais e Federais, dele também participando magistrados da Justiça do Trabalho, quando foram estabelecidas cinco metas institucionais voltadas ao resgate da efetividade da prestação jurisdicional.21

Daquela iniciativa resultou, dentre as cinco metas então esta­ belecidas, o lançamento, no dia 23 de agosto de 2006, na sede do Su­ premo Tribunal Federal, do programa denominado "Movimento pela Conciliação" do qual adveio a "Semana Nacional da Conciliação': e, a contar desses empreendimentos, disseminaram-se novos projetos e se intensificaram aqueles já instalados, propiciando às populações meios alternativos aos estritamente judiciais, de resolução de conflitos.22

20 ABREU, Pedro Manoel: BRANDÃO, Paulo de Tarso. Proposta Concreta para um novo Judiciário. Lex-Jurisprudência do STF, vaI. 208/35.

21 ACADEMIA JUDICIAL DO PODER JUDICÁRIO DE SANTA CATARINA. Curso Virtual de Formação de Conciliadores Mediadores. [Florianópolis]. 2007. CO

22 CONSELHO NACIONAL DE JUSTiÇA Projeto Justiça de Conciliação - Manual de Implementação.

360

I

A POLÍTICA JUDICIÁRIA NACION~L DE TRATAMENTO ADEQUADO DOS CONFLITOS DE INTERESSES NO AMBITO DO PODER JUDICIARIO

Casas de Justiça e I - PAC, Unidades Judiei ção - POCs, Unidades, nos Tribunais, Unidad Mediação Familiar, "Ex Justiça dos Condomíni< tiça Cidadã, Fórum Mt

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Casas de Justiça e Cidadania, Postos de Atendimento e Conciliação - PAC, Unidades Judiciais de Atendimento - UJAs, Postos de Concilia­ ção - POCs, Unidades, Centrais e Setores de Conciliação funcionando nos Tribunais, Unidades de Atendimento, Mutirões de Conciliação, Mediação Familiar, "Expressinho': Justiça presente, Juizado de Trânsito, Justiça dos Condomínios, Juizados de Micros e Pequenas Empresas, Jus­ tiça Cidadã, Fórum Municipal, Justiça Itinerante, Justiça nos Estádios de Futebol, Juizados nos Aeroportos, Paternidade Responsável, Justiça Restaurativa, esses são apenas alguns dos programas por meio dos quais são oferecidos instrumentos de pacificação social, valendo-se, todos eles, também de métodos alternativos de solução de conflitos.

Com esses ou com outros nomes, por todos os quadrantes do imenso território brasileiro, assiste-se à implementação das práticas vol­ tadas a propiciar o efetivo acesso das populações à ordem jurídica justa. Toda essa atividade vem acontecendo independentemente da integral adesão dos tribunais, fluindo a partir do esforço de juízes de direito, ser­ vidores, voluntários, promotores de justiça, advogados, profissionais de outras áreas (assistentes sociais, psicólogos, médicos etc.), em parceria com instituições e entidades, o que representa um grande movimento cívico, junto às populações, principalmente as mais carentes.

Não há negar, quer queira ou não, esses empreendimentos tratam de algo já absolutamente irreversível.

A parceria formada pelo Conselho Nacional de Justiça com os Tribunais, a integração do Ministério da Justiça com os integrantes do Fórum Nacional dos Juizados Especiais FONAJE, com a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, instituições de ensino e entidades públicas e privadas, proporcionou a realização de cursos visando à formação e capacitação de multiplicadores, mediado­ res, conciliadores e juízes leigos, em todo o território nacional.

Brasília, 2006. p.07 a 12.

(16)

I

o

conciliador, o juiz leigo e o árbitro, [ ... ] têm funções que em alguma medida

partilham da natureza da função jurisdicional...23

Fruto das parcerias, dera-se a edição de manuais, apostilas e livros destinados a dar sustentação, apoio técnico e científico aos ope­ radores do direito, auxiliares parajudiciais, mediadores e conciliadores, estabelecendo-se rotinas multidisciplinares, agregando profissionais de diversas carreiras no desiderato único voltado ao incremento das práti­ cas alternativas de solução de conflitos.

No discurso de lançamento do programa Movimento pela Conci­ liação, a Minstra Ellen Gracie destacou:

A conciliação é caminho para a construção de uma convivência mais pacífica. O entendimento entre as partes é sempre a melhor forma para que a Justiça prevaleça. O objetivo é uma sociedade capaz de enfrentar suas controvérsias de modo menos litigioso, valendo-se da conciliação, orientada por pessoas qualificadas, para diminuir o tempo na busca da solução de conflitos e reduzir

o número de processos, contribuindo, assim, para o alcance da paz sociaF4

Se não com exclusividade, mas com inegável preponderância, foi através das portas dos Juizados Especiais (Estaduais e Federais) que as práticas voltadas a projetos alternativos de solução de conflitos ressur­ giram no cenário da Justiça Nacional, sem olvidar, por evidente, que a conciliação sempre foi prática e rotina preponderante no foro da Justiça do Trabalho.

E, devido às grandes proporções geográficas do país e às suas peculiaridades regionais, os diversos projetos e programas voltados aos

5a

23 DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil, ed. São Paulo Malheíros. 2005, p 702.

24 Trecho do pronunciamento da Ministra Ellen Grade, então Presidente do STF e do CNJ. no lançamento do Movimento pela Conciliação, em Brasília, no dia 23 de agosto de 2006.

A POLíTICA JUDICIÁRIA NACIONAL DE TRATAMENTO ADEQUADO DOS

362

CONFLITOS DE INTERESSES NO ÂMBITO DO PODER JUDICIÁRIO

Meios Alternativos c padronização, unifOl dimentos, enfim, ta! urna política judiciár adequado dos conflit Apenas à guis. dessas atividades, é d taram nas Casas da todo o Brasil, nas ql sados, seja na busca até na elaboração de aos serviços, entidac formuladas.

Essas atividadf senvolvidos por opei as comissões, os con sedes das suas jurisd nais, com volume in do país, com extrem Contando .con dos Conselheiros re Cidadania e Justiça, e estadual, no âmbitl Presidência, foi ness primeiros dias deste Política Pública, no institucionalizar, de aplicação de métodc nar tratamento mais interesses, almejandi justa.

(17)

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Presidente do STF e do CNJ, no 23 de agosto de 2006.

Meios Alternativos de Solução de Conflitos careciam de uma mínima padronização, uniformização das 'Suas práticas, dos seus atos e proce­ dimentos, enfim, também neste tema ressentia-se da implantação de uma política judiciária, em âmbito nacional, alusiva ao tratamento mais adequado dos conflitos de interesses, no âmbito do Poder Judiciário.

Apenas à guisa de ilustração, entre as diversas frentes pioneiras dessas atividades, é devido o destaque aos programas que se implemen­ taram nas Casas da Cidadania e Justiça, com unidades espalhadas por todo o Brasil, nas quais há o atendimento e a orientação dos interes­ sados, seja na busca por solução de conflitos de interesses, ou mesmo até na elaboração de documentos ou no encaminhamento das pessoas aos serviços, entidades ou órgãos que possam apreciar as pretensões formuladas.

Essas atividades coroam, exitosamente, iniciativas e trabalhos de­ senvolvidos por operadores do direito que integram, ou já integraram, as comissões, os comitês, os grupos de trabalho, sejam nas respectivas sedes das suas jurisdições, muitas vezes em grandes centros habitacio­ nais, com volume imenso de atividades, ou nos mais remotos recantos do país, com extrema dificuldade de acesso.

Contando com a participação de juristas de renome, também dos Conselheiros responsáveis pelos projetos que integram a área da Cidadania e Justiça, de magistrados das jurisdições do trabalho, federal e estadual, no âmbito do Conselho Nacional de Justiça, por sua egrégia Presidência, foi nesse foro que se propôs a estratégia ideada desde os primeiros dias deste programa, objetivando a implementação de uma Política Pública, no âmbito do Poder Judiciário Nacional, voltada a institucionalizar, de modo definitivo e uniforme, programas para a aplicação de métodos alternativos à jurisdição, objetivando proporcio­ nar tratamento mais adequado para a busca de solução de conflitos de interesses, almejando o efetivo acesso do cidadão a uma ordem jurídica justa.

(18)

Em decorrência disso, em 29 de dezembro de 2010, o Conselho Nacional de Justiça editou a Resolução n. 125, firmada com arrojo pelo seu Presidente, o Ministro Cezar Peluso, a qual "dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências': instrumento que, concebido no âmbito da comissão de magistrados designados pelo Conselho Nacional de Justiça para esse fim, capitaneados pelo Professor Kazuo Watanabe, delimita marco oficial na retomada, em nosso país, de meios alternativos de solução de conflitos.

Essa política pública, voltada a tais métodos, opta pela centraliza­ ção das estruturas, pela adequada formação e treinamento dos servido­ res, conciliadores, mediadores e voluntários, aferindo-se os índices de sucesso e satisfação dos usuários, tudo realizado por meio de acompa­ nhamento estatístico específico.

Por conta desse ato é que estão sendo criados Núcleos de Gerência e Centrais de Conciliação, no âmbito de todas as modalidades jurisdi­ cionais do país Federal, Estadual e Trabalhista -, inclusive junto aos Tribunais, tudo visando a implantar mecanismos para dar atendimento e resolver as questões apresentadas, formal ou informalmente, pelas próprias partes interessadas, seus procuradores ou advogados, mesmo que se trate de demanda complexa. Um modelo alternativo aos métodos da "justiçà' tradicional, esta que quase exclusivamente se vale apenas do processo e da sentença judiciais para dirimir conflitos de interesses.

Essa - Política Judiciária Nacional - visa também a estabelecer uma "Rede" de parcerias, constituída por todos os órgãos do Poder Judiciário, entidades públicas e privadas, tais como a Ordem dos Ad­ vogados do Brasil, as Defensorias Públicas, o Ministério Público, as Procuradorias, as universidades e instituições de ensino, as empresas e agências reguladoras de serviços públicos, dentre outras, com o objetivo de promover os métodos mais adequados para a solução dos casos apre­ sentados pelos interessados.

364 II A POLíTICA JUDICIÁRIA NACION~L DE TRATAMENTO ADEQ~ADO DOS CONFLITOS DE INTERESSES NO AMBITO DO PODER JUDICIARIO

Ainda que haja a operadores do direito, I

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(19)

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Ad-Ainda que haja alguma resistência ante pequenos segmentos dos operadores do direito, evidencia-se, cada vez mais, a aceitação e conve­ niência da adoção dos métodos alternativos de pacificação, em razão do pronto atendimento que permite dar a imensos contingentes populacio­ nais, independentemente das suas escalas sócio-econômicas, por meio de práticas simplificadas e rápidas, nas quais o próprio interessado atua, com legitimidade plena, na construção e obtenção concreta da solução do conflito, de modo participativo, com a apresentação da proposta de composição, supervisionados pelo Judiciário, afastando, assim, a possi­ bilidade/necessidade de interposição de recursos e outros expedientes procrastinatórios do efetivo cumprimento do que foi ajustado pelos interessados, sob a supervisão atenta do agente parajudicial capacitado para tanto.

O corajoso ato normativo do Presidente do Conselho Nacional de Justiça, a Resolução n. 12512010, já é referência histórica.

Trata-se de marco oficial, institucional, e não apenas político­ -programático ou de mera gestão, versando sobre o reconhecimento da existência de uma nova modalidade, em que pese ressurgente, de se solucionar contendas, e nisso inaugura o novo formato da verdadei­

ra Justiça Nacional, que nasce, ou como Fênix, ressurge, sob signo da

missão cidadã de implantar métodos que detenham a real capacidade de dar pronta solução, em tempo útil e razoável, aos conflitos surgidos no seio das populações, tudo a bem de imensidões de jurisdicionados, que a cada dia mais querem e necessitam se valer desses serviços, demonstrando que é de fato relevante para o Estado o elemento mais significativo integrante do teorema da ação judicial, qual seja, o "tempo de vidâ' (tempo do processo), durante o qual as partes, pacífica e resig­ nadamente, aguardam a solução do conflito sem recorrer, para tanto, a métodos marginais, até mesmo ilícitos.

Agora, já ultrapassado o momento inicial do programa, além de perseverar, há a necessidade de se adiantar e consolidar, no campo da

(20)

mudança de mentalidades, acerca dessas práticas alternativas de pacifi­ cação social.

Exatamente nesse iter é muito cabido asseverar e esclarecer que as políticas e estratégias oriundas daquele projeto inicial, o "Movimen­ to pela Conciliação': não versavam sobre uma modalidade de "Justiça Popular", esta, enquanto sinônimo de decisão e de execução implemen­ tadas sobre conflitos trazidos e submetidos, diretamente, ante tribunais populares, atuação que pode se aproximar das práticas de justiceiros, de tribunais de exceção, mas, ao contrário, do produto daquelas já aludidas iniciativas outrora isoladas, desenvolvidas de modo individual ou seto­ rial, em alguns determinados pontos do país, resultou a sistematização de um projeto deflagrado sob o comando do Poder Judiciário, com a salutar parceria de diversas instituições, voltado a oferecer alternativas céleres, simples, de baixo custo, destinadas à pacificação de conflitos, porém, sempre adotadas a partir do exercício da jurisdição, ou seja, do poder-dever conferido pela sociedade ao Estado.

É que os agentes que atuam como mediadores e conciliadores, quando não os próprios juízes de direito ou servidores concursados do Judiciário, são voluntários por estes selecionados e capacitados, cuja atuação é definida como parajudicial, visto que, nos moldes do programa ora em foco, os serviços em comento são impreterivelmente implantados pelo Estado, supervisionados por magistrados especifica­ mente designados, por promotores de justiça, por advogados militantes, não sendo demasiado recordar, uma vez mais, que a ressurgência desses mecanismos alternativos aos convencionais, aos remédios judiciais tradicionalmente disponibilizados para tanto, deve-se exatamente a constatação de que esses últimos já não mais atendem satisfatoriamente ao crescente e imenso volume de demandas que permanecem longos anos no aguardo, algumas vezes, de singelas soluções.

Assim é que esse singelíssimo sistema, hoje disponibilizado em todos os foros do país, em face da edição da Resolução n. 125/2010, do

366\ A POLÍTICA JUDICIÁRIA NACION~L DE TRATAMENTO ADEQUADO DOS CONFLITOS DE INTERESSES NO AMBITO DO PODER JUDICIARIO

Conselho Nacional de; legitimidade para os jl integra o mecanismo 4 do como partícipe m do acordo que, ajusta< e de fácil compreens neste aspecto, em mu utilizado pela justiça 1

A rapidez em S( imediata execução d< sem central aporte a um custo praticamer desavindos, mormen1 na resolução do confl prolação de uma sent do processo.

E, reitere-se, a programas constituen demandam recursos Judiciário e aos parce práticas.

Registre-se que tos, as estruturas e os n. 12512010, do ConS4 mento dos Núcleos P, de Conflitos, formad servidores, preferend 30 dias para instalaçã4 e Cidadania, responsá diação, atendimento e nas sedes das Seções

(21)

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Conselho Nacional de Justiça, torna-se opção de grande confiabilidade e legitimidade para os jurisdicionados, vez que a própria parte interessada integra o mecanismo que irá procurar dar solução ao conflito, interagin­ do como partícipe na construção das condições, das cláusulas, enfim, do acordo que, ajustado pelos próprios debatedores, de maneira simples e de fácil compreensão, consagra um procedimento que, exatamente neste aspecto, em muito contrasta com aquele modelo rotineiramente utilizado pela justiça tradicional.

A rapidez em solver as questões provém da pronta composição e imediata execução do acordo construído pelos próprios interessados, sem central aporte aos aspectos técnico-jurídicos da controvérsia, a um custo praticamente zero, restabelecendo-se a paz social entre os desavindos, mormente porque essa modalidade de resolução investe na resolução do conflito sociológico contido no caso, e não apenas na prolação de uma sentença que se limita ao litígio informado nos autos do processo.

E, reitere-se, as medidas de implementação dos respectivos programas constituem-se em métodos de fácil aplicação, uma vez que demandam recursos pessoais e materiais já pertencentes ao próprio Judiciário e aos parceiros que se agregam na execução das respectivas práticas.

Registre-se que os Tribunais devem atentar para os procedimen­ tos, as estruturas e os prazos previstos nos artigos 7° e 8° da Resolução n. 125/2010, do Conselho Nacional de Justiça. A instalação e funciona­ mento dos Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, formados por magistrados da ativa ou aposentados e servidores, preferencialmente atuantes na área, contaram com prazo de 30 dias para instalação. Os Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, responsáveis pela sessões e audiências de conciliação e me­ diação, atendimento e orientação ao cidadão, nas Capitais dos Estados, nas sedes das Seções e Regiões Judiciárias, bem como naquelas que,

(22)

mesmo situando-se no interior, contem com grande movimento foren­ se, o prazo de instalação é de 4 meses. Nas demais Comarcas, Subseções e Regiões Judiciárias, o prazo para a instalação dos Centros foi fixado em 12 meses, destacando-se que todos os prazos contam da vigência da Resolução.

Não há negar, a vontade política das instituições e dos agentes envolvidos neste empreendimento é determinante para o seu sucesso ou fracasso.

A

guisa de ilustração, recorde-se as experiências bem sucedidas, no âmbito das Justiças do Trabalho, Federal e Estadual, em que Câmaras de Conciliação Trabalhista, Postos de Atendimento e Conciliação, Casas da Cidadania, enfim, aparelhos similares, muitas vezes instalados em centros urbanos, barcos ou salões paroquiais, já em pleno funcionamen­ to, há anos, demonstram tanto a viabilidade dessa empresa quanto a real mudança de mentalidades, o que é corroborado pelos excelentes percentuais de composição obtidos, pelo tempo de permanência desses projetos, tudo o que evidencia, irrefutavelmente, o inconteste êxito da iniciativa, sempre sob acompanhamento e supervisão do Estado.

A Resolução n. 125/2010, do Conselho Nacional de Justiça - não há como negar - criou uma nova face no âmbito da tradicional Justiça, semblante esse muito mais voltado às camadas menos favorecidas, ao novo estilo de vida ditado pela sociedade de consumo, na qual a velo­ cidade e o volume das relações pessoais, contratuais, e, pois, materiais, exigem, evocam, não prescindem, de meios muito mais céleres, prontos, efetivos, singelos e imediatos, de resolução das contendas daí advindas.

É diante desta nova face da Justiça, com mecanismos singelos, rápidos, de baixo custo e fácil acesso, como é a conciliação, a mediação, a negociação, voltadas à realização de acordos, antes ou durante a ação judicial, que tem lugar a esperança de se voltar a possuir, em nosso país - de hoje -, mecanismos semelhantes aqueles aqui já existentes, e que de há muito estão em constante e pleno funcionamento em diversos outros países, consagrando a efetividade da tutela jurisdicionaL

A POLÍTICA JUDICIÁRIA NACIONAL DE TRATAMENTO ADEQUADO DOS

368

CONFLITOS DE INTERFSSES NO ÂMBITO DO PODER JUDICIÁRIO

A paz social, alce do Estado de Direito, I porquanto, se "a paz é f

risdição a sociedade nã, estabelecidas quando d pacto de convivência e tias para a convivência

Embora não repJ Judiciário, a "Política l'

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possuir, em nosso país . já existentes, e que de em diversos outros

A paz social, alcançada com dignidade, não prescinde da Justiça do Estado de Direito, que deve ser colocada ao alcance real de todos, porquanto, se "a paz é fruto da Justiça" (Isaías 32.17), da presença da ju­ risdição a sociedade não quer e nem pode prescindir, a contar das regras estabelecidas quando da organização política construída ao advento do pacto de convivência em comum, apanágio das imprescindíveis garan­ tias para a convivência sob a égide da dignidade.

Embora não represente solução definitiva para os problemas do Judiciário, a "Política Nacional" de tratamento adequado dos conflitos de interesses, ao pretender assegurar o direito à solução de controvér­ sias por meios mais apropriados à natureza e peculiaridade da disputa (art. 10 da Resolução n. 12512010 CNJ), importa, sim, em uma real alternativa para superar os obstáculos e as dificuldades necessários para alcançar o produto final da atividade jurisdicional, o bem específico da vida, evitando-se, dessa forma, que o cidadão, quando almeje a tutela do seu direito, pense em se valer de mecanismos marginais ao sistema lícito e legitimamente construído pela sociedade, a contar do pactuado e concebido sob o signo da boa fé, almejando desfrutar, ao menos, a paz da Justiça.

Referências

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