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Estudo da aplicabilidade de técnicas analíticas na avaliação de sucos de uva orgânicos

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Estudo da aplicabilidade de técnicas analíticas na avaliação de sucos de uva

orgânicos

Alunas: Isabela Bittencourt e Larisse da Silva Orientador: José Marcus de Oliveira Godoy

Resumo

Essa pesquisa teve como objetivo avaliar sucos de uva orgânicos, de diferentes marcas, utilizando técnicas analíticas, no departamento de Química PUC-Rio e, a partir disso, direcionar um olhar crítico ao analisar os resultados a fim de avaliar quais parâmetros poderiam prejudicar a qualidade do suco de uva para consumo, se atendem ao esperado nas informações do rótulo e também montar uma base de dados. Para isso, uma variedade de sucos integrais foi comprada e uma amostra-testemunho de cada foi guardada com o objetivo de preservar as amostras para futuras outras determinações. Técnicas para amostras de água foram utilizadas nesse procedimento já que o suco pode ser considerado como uma solução aquosa. Logo, foi possível determinar parâmetros como pH, condutividade, cor, cátions e ânions principais e elementos menores e traço. Com base nos resultados encontrados, foi possível montar uma base de dados relacionando os valores encontrados com o tipo de uva, local de produção, tipo de suco e adição de conservantes. Foi possível verificar que os valores encontrados estão de acordo com o permitido pela Legislação Brasileira.

Introdução

No Brasil, são produzidos, 300 milhões de litros de suco de uva, dos quais, 35% são classificados como sucos orgânicos. Os sucos de uva orgânicos não contêm qualquer espécie de aditivos, não sofrem diluição com água e custam, em média, o dobro dos sucos tidos de segunda linha, como também o suco integral, que corresponde ao suco com o açúcar natural da uva, sendo proibida a adição de açúcar nesse caso. Já no suco de uva adoçado, a quantidade máxima de açúcar adicionado não deve ultrapassar 10 % do açúcar natural, sendo obrigatória a indicação no rótulo do termo “adoçado”. Desta forma, existe um potencial risco de se encontrar, no mercado consumidor, produtos que não atendem ao esperado em termos de qualidade e informações do rotulo.

A importância da uva não é novidade e podemos identificar isso pela história do Brasil, pois a uva foi introduzida no país pouco tempo após o Descobrimento e seu cultivo comercial esteve fortemente vinculado aos imigrantes italianos radicados na Serra Gaúcha, a partir de 1875. Porém atualmente a cultura da videira vem apresentando uma importância crescente no país, e sua expansão para diferentes regiões, climas e solos tem demandado, com frequência, informações sobre o suco de uva para consumidores e produtores, conforme estudos da Embrapa. É comum encontrar o cultivo de uvas nas regiões Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil e os tipos de uva mais presentes aqui são as espécies Vitis vinifera, originárias da Europa, e também variedades originárias dos Estados Unidos como as espécies Vitis labrusca e Vitis bourquina.[1]

Para o suco, as variedades de uva usadas pertencem à espécie Vitis labrusca, ou híbridas, principalmente as variedades Isabel, Concord e Bordô. Mas a partir de 1999, a Embrapa Uva e Vinho lançou um conjunto de novas variedades com a finalidade de produção de sucos, como BRS Rúbea, Concord Clone 30, Isabel Precoce, BRS Cora e BRS Violeta. Essas variedades atendem às demandas do setor produtivo e se destacam, por exemplo, pelo

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alto conteúdo de açúcar, pelo alto conteúdo de matéria corante ou por apresentar ciclos produtivos diferenciados [1].

Na busca de conhecer mais sobre essa fruta tão famosa pelos seus benefícios, alguns pontos são relevantes a ressaltar antes de partir para os próximos tópicos:

• Temperaturas altas e falta de uma irrigação adequada pode aumentar o teor de açúcar das uvas, pois o açúcar é produzido por meio da fotossíntese.

• Noite frias ajudam no acúmulo de polifenóis e antocianina nas uvas tinta.

• Os melhores solos para o cultivo da videira são os que possuem textura média, com baixos ou médios teores de matéria orgânica. O solo não deve ter alumínio, sal, pragas e doenças, pois afetam o desenvolvimento da videira.

• Caso o solo tenha o pH abaixo de 6, deve ser feito uma calagem.

• A doença mais grave é o míldio, porque pode provocar perdas de até 100 % na produção de variedades suscetíveis e danos à qualidade da uva.

• Pelas normas internacionais de comercialização de uvas de mesa, o teor mínimo de sólidos solúveis é de 14 oBrix.

• Por ocasião do consumo, o suco, depois de aberto o recipiente, deve ser conservado em temperatura baixa, para evitar o processo fermentativo.

Uma curiosidade que pode ser abordada é o uso da calda bordalesa como fungicida. Ele é um composto coloidal complexo, resultante da reação entre sulfato de cobre e cal, diluídos em água. Ela combate o míldio, onde essa mistura atua por meio dos íons de cobre afetando as enzimas dos esporos do fungo de tal forma que impede o seu desenvolvimento. Porém, devem-se ter alguns cuidados, pois o sulfato de cobre desequilibra o ambiente através da lixiviação do solo. Com isso o cobre tende a se acumular danosamente na terra e também o cobre pode se acumular no próprio fruto.

Na pesquisa foi possível realizar análises de matriz água pois o suco é uma solução aquosa, onde pode ser límpido ou turvo. Por isso, diluições foram necessárias para alguns procedimentos. Vale lembrar que o suco não é fermentado ou alcoólico e possui uma cor, aroma e sabor característicos, no qual foi possível notar nenhuma alteração ou diferença entre as amostras adquiridas.

Para elaboração de suco de uva em grande quantidade, as etapas principais do processamento são: separação da ráquis e esmagamento da uva; aquecimento da uva para extração da cor – temperatura de 65 ºC a 75 ºC; adição de enzima pectolítica para facilitar a extração do suco e aumentar a intensidade de cor; maceração por período de 1 a 6 horas; extração do suco de uva através de esgotador dinâmico e prensa; pasteurização e engarrafamento a quente. Para que o suco de uva se torne límpido, é necessário submetê-lo a processos de estabilização pelo frio e de clarificação através de filtros.

Além da água, constituinte quantitativamente mais importante, o suco de uva possui elevado teor de açúcar, que lhe garante sabor doce e lhe atribui característica de bebida energética. A acidez do suco de uva deve-se principalmente à presença dos ácidos tartárico, málico e cítrico, que conferem a ele um pH baixo, entre 3,0 e 3,3. Com relação aos elementos minerais, o suco de uva apresenta elevado teor de potássio e baixo de sódio, além de teores consideráveis de cálcio, magnésio, fosfatos, sulfatos e cloretos. Em menores proporções, são

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encontrados ferro, cobre, zinco, manganês e lítio. Estão presentes também os compostos fenólicos, responsáveis pela cor, adstringência e estrutura, e os 20 aminoácidos considerados essenciais ao organismo. [1]

A uva não tem só como finalidade o suco ou o vinho, a partir do resíduo sólido da vinificação, é possível elaborar a graspa ou grapa, que é uma bebida típica da Itália. Da semente da uva, é possível extrair o óleo, com elevado poder antioxidante, muito utilizado em cosméticos. O ácido tartárico é extraído do bitartarato de potássio, depositado nas paredes e no fundo dos recipientes, e é utilizado na farmacologia para a produção de produtos efervescentes, na pasta dental e nos setores enológico e alimentar. A enocianina, matéria corante das uvas tintas, pode ser extraída também dos resíduos sólidos da uva utilizada para elaboração de suco e vinho. Esse corante natural é utilizado na indústria alimentícia.

Com isso, é possível notar a importância do estudo e verificação dos resultados se atende ao que o consumidor e Legislação esperam para o consumo conforme os direitos quanto as informações apresentadas no rótulo para saúde e qualidade do produto. Por isso para realizar o presente trabalho, foram adquiridos, em supermercados da cidade do Rio de Janeiro, 20 tipos de suco de uva integral de marcas e origens de plantio diferentes.

O presente trabalho visou explorar as técnicas analíticas existentes no Departamento de Química como ferramenta na avaliação da qualidade de sucos de uva orgânicos e avaliar quais permitem uma diferenciação daqueles que possuem algum aditivo em sua formulação ou alteração de algum composto.

Objetivos

A aquisição de diferentes tipos de sucos de uva integral de marca e origens de plantio diferentes teve como intuito testar a aplicabilidade da análise isotópica na avaliação da adição de água em sucos de uva, testar a aplicabilidade da cromatografia de íons na avaliação da adição de conservantes em sucos de uva, verificar o efeito do tipo de uva e de corantes no espectro de absorção na região do visível e aplicação de técnicas estatísticas na diferenciação entre sucos de uva orgânicos e aditivados. Os objetivos se definem em:

 Realizar ensaios para determinação do pH, condutividade, quantificação de componentes iônicos e ácidos carboxílicos e análise elementar.

 Interpretar resultados obtidos

 Montar base de dados

 Avaliação dos resultados quanto aos valores previstos pela Legislação Brasileira em vigor (Portaria Nº 55, 27/07/2004)

1. Metodologia

Após a aquisição de sucos de uva orgânicos e aditivados no mercado, cada suco foi enumerado a fim de não expor o nome das empresas e foi retirada uma amostra testemunho para análises futura. Em seguida, alguns parâmetros foram determinados através das técnicas analíticas existentes no Departamento de Química, em especial, no Laboratório de Caracterização de Águas: acidez, espectrofotometria na região do visível, cromatografia de íons aniônica e catiônica e análise elementar empregando ICP-MS. Foi, também, testada a aplicação da técnica de espectrometria de ressonância com laser na região do IR, na avaliação da diluição de sucos de uva. Na Tabela 1 está apresentada a relação dos ensaios, equipamentos e métodos utilizados.

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Tabela 1: Ensaios, equipamentos e métodos

Ensaio Equipamento Método

Determinação da acidez Inolab Multi 740 (WTW) Titulação ácido base Determinação do pH Inolab Multi 740 (WTW) ASTM D1293-12

Determinação da

condutividade Inolab Multi 740 (WTW) ASTM D1125-14 Determinação de cátions

principais Cromatógrafo de íons ICS-2000 ASTM 4327-11 Determinação de ânions

principais Cromatógrafo de íons ICS-2000 ASTM D6919-09 Determinação de ácidos

carboxílicos principais Cromatógrafo de íons ICS-2000 ASTM D4327-11 Análise elementar ICPMS 7500 CE - Agilent EPA 200-8

Varredura por

espectrofotometria Espectrofotômetro Cary 100 - Varian LABAGUAS* *Utilizam-se duas cubetas, uma como referência e outra para realizar a varredura. Inicialmente, determina-se a linha de base preenchendo as duas cubetas com água destilada e realizando a leitura. A seguir, pode-se iniciar a varredura, deixando a cubeta de referência ainda preenchida com água e no equipamento enquanto que a outra é preenchida com a amostra filtrada. Por fim, obtem-se um perfil da amostra, em que é possível identificar o comprimento de onda e a cor predominante na amostra.

É válido ressaltar que as normas acima apresentadas são definidas para ensaios realizados em amostras de água e, como não há uma norma definida para ensaios em sucos de uva e vinhos, essas normas foram tomadas como base visto que a matriz aqui trabalhada também é líquida.

A Tabela 2 apresenta uma relação dos sucos de uvas adquiridos e analisados, suas características e, também, os aditivos utilizados.

Tabela 2: Sucos de uva adquiridos e analisados

Suco Aditivos Tipo de suco

1 Não contém Integral

2 Não contém Integral

3 Não contém Integral

4 Contém conservante Integral

5 Não contém Integral

6 Não contém Integral

7 Não contém Integral

8 Não contém Integral

9 Não contém Integral

10 Não contém Integral

11 Não contém Orgânico

12 Não contém Integral

13 Não contém Integral

14 Não contém Integral

15 Não contém Integral

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17 Contém corante, conservante,

água e acidulante Concentrado

18 Não contém Natural

19 Não contém Natural

2. Resultados e discussões

2.1. Ensaio de determinação de acidez

A determinação da acidez foi feita por meio de uma titulação ácido base, pela monitoração do pH (titulação potenciométrica) visto que a utilização de um indicador ácido-base torna-se inviável por conta da coloração característica do suco de uva tinto. Inicialmente, foi determinado o pH de cada tipo de suco a fim de auxiliar na escolha do melhor titulante e sua respectiva concentração, resultando em um ensaio eficiente. O teor de acidez total foi, então, determinada por titulação em duplicata utilizando-se uma solução de NaOH 0,1 mol L-1

previamente padronizada e, em seguida, foi construída uma curva de calibração e foi considerada a seguinte relação, para um volume de alíquota de 10,0 mL:

Acidez total = VNaOH(L)·[NaOH]·100·MMácido tartárico

Valíquota

É importante destacar que para o cálculo da acidez total foi considerada apenas a presença do ácido tartárico, visto que este é um dos ácidos presentes em maior quantidade nos sucos de uva [5]. Na Tabela 3 está apresentado os valores de pH inicial e de acidez encontrados para cada suco de uva adquirido.

Tabela 3: pH inicial e acidez das amostras analisadas Suco pH inicial Acidez (g/100mL)

1 3,06 1,50 2 3,20 1,35 3 3,42 1,28 4 3,26 0,90 5 3,20 1,35 6 3,16 1,35 7 3,29 0,98 8 3,07 1,50 9 3,20 1,13 10 3,37 1,13 11 2,95 1,73 12 3,06 1,50 13 3,40 0,75 14 3,04 1,58 15 3,39 0,75 16 3,17 1,13 17 3,18 0,98 18 3,72 0,75 19 3,04 1,58

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Como observado na Tabela 3, os valores obtidos para o pH não destoaram muito, apresentando um valor médio de 3,22. Tal valor é capaz de confirmar a acidez característica dos sucos de uva, a qual é devida, majoritariamente, à presença de ácido tartárico, que se acumula nos grãos durante o período vegetativo e também é produzido ao longo do crescimento da uva, além de ser responsável por promover um equilíbrio gustativo (doce/ácido). Vale ressaltar que o pH dos sucos pode estar relacionado com o tipo de uva e o local onde foi cultivada e essa observação pode explicar as variações que o pH sofreu de uma amostra de suco para outra, quando o local de produção é diferente.

A acidez total média encontrada para o ácido tartárico foi de 1,24 g a cada 100 mL de suco, enquanto que a concentração prevista pela legislação brasileira é de, no máximo, 0,90 g do ácido em 100 mL de suco (BRASIL, 1974) [2]. Portanto, a acidez total apresenta uma discrepância de 37,8 % quando comparada ao valor máximo permitido e tal alteração pode estar relacionada com a aproximação feita para o cálculo da acidez total, considerando apenas a presença de ácido tartárico nos sucos de uva.

2.2. Ensaio de determinação da condutividade

A determinação da condutividade é uma forma de saber o quanto a solução analisada tem a capacidade de conduzir corrente elétrica, sendo diretamente relacionada à quantidade de sais na amostra. A análise das amostras resultou em um valor médio de 3,34 mS cm-1, evidenciando a presença de sais nos sucos de uva. A Tabela 4 apresenta dados sobre a condutividade das amostras de suco.

Tabela 4: Condutividade das amostras Suco Condutividade (mS/cm) 1 3,19 2 3,57 3 3,59 4 2,45 5 3,74 6 3,77 7 2,46 8 3,76 9 3,91 10 4,00 11 3,69 12 2,94 13 2,75 14 3,91 15 3,04 16 3,21 17 2,10 18 3,05 19 3,91

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Além disso, dentre os sucos adquiridos e, em especial, aqueles que apresentam adição de conservantes em sua composição estão condizentes com o valor encontrado para a condutividade, visto que os conservantes utilizados são, em sua maioria, sais e influenciam na determinação da condutividade. A exemplo dos conservantes utilizados, temos: anidrido sulfuroso, benzoato e metabissulfito de sódio.

2.3. Ensaio de cromatografia de íons e ácidos carboxílicos

A Tabela 5 apresenta as concentrações dos principais componentes avaliados, os quais possuem valores bem distintos quando comparados entre as amostras. Destaque para os íons acetato, sulfato e potássio. Parâmetros estes que podem, potencialmente, ser utilizados para diferenciação entre as amostras.

Tabela 5: Concentração dos principais íons e ácidos carboxílicos avaliados, em mg L-1

2.4. Ensaio de varredura por espectrofotometria

As antocianinas são responsáveis pela coloração avermelhada da uva e de outras frutas, essas substâncias se acumulam nas folhas durante a senescência e são encontradas na casca de uvas tintas e, também, na polpa de algumas variedades de uvas (MALACRIDA e MOTTA, 2005) [3].

A fim de avaliar a presença dessa substância nas amostras de suco de uva, fez-se uso da espectrofotometria na região do visível. Os valores de banda obtidos para algumas

Suco Sódio Potássio Magnésio Cálcio Fluoreto Cloreto Sulfato Fosfato Lactato Acetato Formiato 1 < 1 995 81,2 107 153 7,9 2349 683 30,1 173 17,2 2 < 2 1543 80,4 92,6 212 6,8 1075 336 14,1 142 < 5 3 < 2 1685 76,7 61,8 240 9,7 1374 283 < 5 39,2 5,2 4 23,8 1043 66,6 93,9 240 14,3 1568 354 53 55 9,4 5 < 2 1802 86,8 117 213 6,4 1672 448 18,4 174 12,1 6 < 2 1401 84,1 114 251 7,2 1578 65,1 42,1 217 23,1 7 58,3 1073 69,5 97,6 198 34,5 887 308 506 57,6 46,7 8 < 2 1712 90,3 106 185 6,2 1330 102 25,8 90 63,6 9 < 2 1868 59 79,7 130 8,4 1181 1836 49 97 122 10 < 2 1346 68,2 118 173 8,5 797 1076 93 527 238 11 < 2 1215 71,7 113 268 9,1 1608 1125 65,5 138 123 12 16,3 1301 87,7 158 200 12,1 1526 1149 31,1 256 8,1 13 < 2 1244 48,8 55,4 179 7,7 76,6 1045 26,7 150 10,1 14 < 2 1520 72,1 76 171 5,9 1725 1547 27,4 93,8 8,9 15 < 2 1550 76,4 73,7 185 7,3 1842 1033 37,4 132 17,2 16 < 2 1614 64,7 49,8 195 12,1 1120 1092 49 143 8,2 17 176 413 66,3 102 122 12,9 1705 1150 116 235 205 18 9,4 1424 54,2 55,9 302 21,2 359 763 759 750 5 19 2,29 2259 82,6 58,3 87,6 18,6 1866 468 < 5 81,4 < 5

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amostras encontram-se na Tabela 6 e a Figura 1 apresenta uma dos espectros de absorção obtidos no ensaio.

Tabela 6: Valores de banda obtidos pelo espectrofotômetro Suco Banda (nm) 1 528 2 522 3 529 8 521 9 521 10 522 11 529 12 526

Figura 1: Espectro de absorção do suco 1

O valor médio de 524 nm para a banda está de acordo com o esperado, visto que a coloração vermelha absorve um comprimento de onda na faixa de 480-560 nm, conforme ilustrado na Figura 2. Não foi observada nenhuma variação no espectro de absorção o que descarta a adição de corantes artificiais.

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2.5. Ensaio de análise elementar

A fim de avaliar a presença de metais nas amostras, realizou-se uma análise elementar das amostras por meio do ICP-MS. Com os resultados, foi observado que as concentrações obtidas para os metais estão dentro dos valores limites permitidos pela Legislação em vigor. Dentre os metais determinados, o que mais chamou atenção por ser prejudicial à saúde e ao meio ambiente foi o mercúrio, que apresentou um valor médio de 0,12 μg L-1, ao passo que a

concentração limite para este metal é de 10 μg L-1 de acordo com o decreto 55871/1965. Outro metal cuja análise das concentrações foi de grande valia é o cobre, visto que este cumpre um papel essencial no desempenho de funções biológicas, como o auxílio na absorção eficaz de ferro do organismo na hemoglobina. As concentrações de cobre obtidas foram analisadas e encontram-se dentro da faixa permitida pela Legislação. O cobre presente nas uvas e, portanto, nos sucos de uva são provenientes, em sua maioria, do solo e não da utilização da calda bordalesa como fungicida [4], uma vez que possui sulfato de cobre em sua composição. Na Tabela 7 encontra-se a relação de alguns metais determinados, apresentando as concentrações obtidas pelo método em comparação com as previstas pela Legislação.

Tabela 7: Concentração de metais, em μg L-1

Arsênio Chumbo Cádmio Mercúrio Cobre Ferro Zinco

Suco Obtido Previsto Obtido Previsto Obtido Previsto Obtido Previsto Obtido Previsto Obtido Previsto Obtido Previsto 1 < 0,05 200 < 0,05 300 < 0,05 10 0,06 10 < 0,05 1000 0,29 5000 0,08 2000 2 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,19 0,18 0,13 0,06 3 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,13 < 0,05 0,11 < 0,05 4 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,10 0,24 < 0,05 5 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,17 0,09 0,06 6 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,07 0,12 0,55 0,05 7 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,09 0,38 < 0,05 8 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,34 0,06 9 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,27 0,12 < 0,05 10 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,53 0,26 0,06 11 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,07 0,06 0,09 < 0,05 12 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,12 0,24 0,30 0,06 13 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,21 < 0,05 < 0,05 14 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,07 0,20 < 0,05 15 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,09 0,15 < 0,05 16 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,10 < 0,05 17 < 0,05 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,15 0,20 < 0,05 19 < 0,05 < 0,05 < 0,05 0,19 < 0,05 0,11 < 0,05 2.6. Estatística

Com os ensaios concluídos, foram aplicadas técnicas analíticas multivariadas com a análise de agrupamentos, no sentido de avaliar quais indicadores permitem melhor diferenciar os sucos orgânicos daqueles com aditivos químicos em sua formulação.

Para a análise de agrupamentos, foram construídos dendogramas com o auxílio do software Statistica Trial tomando distâncias euclidianas e utilizando o método Ward, relacionando os resultados da cromatografia entre os sucos e entre as amostras. Com o

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objetivo de encontrar uma relação entre os componentes iônicos das amostras e analisar a relação entre os sucos, quanto ao local de produção e a presença de aditivos químicos.

Com a Figura 3, nota-se o dendograma que tem como variáveis os elementos presentes nos sucos. A partir desse resultado pode se afirma que há uma grande relação entrea presença de fluoreto e cálcio, como também de magnésio e potássio. Conforme a distancia aumenta as ramificações apresentam outras relações mais fracas, como por exemplo formiato e propionato. Com isso é possível concluir que lactato e sódio são elementos com pouca relação entre os demais parâmetros analisados e como citado acima na introdução, o suco de uva apresenta elevado teor de potássio e magnésio, onde demonstram uma grande ligação entre estes dois elementos. Também se nota que, para distâncias de ligação abaixo de 5, existem três agrupamentos e um parâmetro isolado, butirato.

Figura 3: Dendograma considerando todas as análises

A Tabela 8, a seguir, apresenta os coeficientes de correlação entre algumas variáveis. O coeficiente de correlação, assim como a covariação, mede até que ponto duas variáveis de medida "variam juntas". Diferente da covariação, o coeficiente de correlação é dimensionado de modo que seu valor seja independente das unidades de expressão das duas variáveis de medida. Na tabela é possível ver que condutividade e potássio, lactato e acetato, lactato e cloreto, lactato e fluoreto possuem coeficientes positivos com valores acima 0,4, demostrando que eles têm uma boa relação entre si. Já os coeficientes negativos são inversamente proporcionais, como por exemplo, o lactato e condutividade.

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Tabela 8: Coeficientes de correlação

Conclusões

Com o presente trabalho, foi possível montar uma base de dados com os resultados dos ensaios realizados e, assim, encontrar uma relação entre os valores com a origem de plantio, forma de cultivo e tipo de uva utilizada.

Além disso, foi possível avaliar que, a menos da acidez, existe uma concordância entre as variedades de sucos comercializados e a Legislação em vigor.

Quanto aos demais parâmetros estudados, notou-se uma concordância com o limite e, também, entre as variedades de sucos.

Referências

1 - http://mais500p500r.sct.embrapa.br/view/pdfs/90000003-ebook-pdf.pdf

2 - BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Secretaria de Inspeção de Produtos Vegetais. Complementação de padrões de identidade e qualidade para suco, refresco e refrigerante de uva. Brasília, DF, 1974. 29 p.

3 - MALACRIDA, Cássia R,; MOTTA, Silvana da. Compostos fenólicos totais e antocianinas em suco de uva. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 25(4): 659-664, out.-dez. 2005.

4 - FELIX, Fabiana Ferreira. Comportamento do cobre aplicado no solo por calda bordalesa. Maio 2005. 74 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia, Área de Concentração: Solos e Nutrição de Plantas). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2005.

5 -

http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/uva_para_processamento/arvore/CONT000g5f6 zta502wx5ok0bb4szwcd5sku3.html

Referências

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