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Sem a natureza de direito real, se confundiria com o arrendamento;

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1. Do Direito Real de Superfície

1.1. Conceito e Características

O Direito de Superfície surge quando o proprietário (fundeiro) concede a terceiro o direito de construir ou plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante instrumento público devidamente registrado no Cartório de Imóveis.

É o que dispõe o Código Civil Brasileiro:

“Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo determinado, mediante escritura pública devidamente registrada no Cartório de Registro de Imóveis.”

 É direito real autônomo, imobiliário, distinto da propriedade, de construir ou plantar em terreno alheio (implante) por prazo determinado;

 Sem a natureza de direito real, se confundiria com o arrendamento;  Propriedade superficiária, de natureza resolúvel;

 Terminado o tempo de concessão, resolve-se a superfície e o proprietário pleno adquire por acessão, a res superficiária;

 O objeto da superfície poderá ser: a) construções (superfície edilícia) e plantações (superfície agrária);

 É inválida pelo sistema do CCB a instituição de direito real de superfície perpétuo ou indeterminado. No entanto, o art. 21 do Estatuto da Cidade dá diferente solução, aplicando-se o princípio da especialidade (Lex specialis derogat generalis) a superfície urbana pode ser por tempo indeterminado;

Jornada I STJ 93: “As normas previstas no CC sobre direito de superfície não revogam as relativas a direito de superfície constantes no ECid (L 10257/01), por ser instrumento de política de desenvolvimento urbano.”;

 O direito de superfície se constitui por escritura pública;

 O proprietário superficiário não tem propriedade dos recursos minerais do subsolo, que pertencem à União por força de dispositivo constitucional e dela não poderiam ser arrebatados por autorização contida em lei ordinária.

“Art. 1.370. A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa,

estipularão as partes se o pagamento será feito de uma só vez, ou parceladamente.”

 O contrato poderá ser oneroso ou gratuito;

 A remuneração que poderá ser paga de uma só vez ou parceladamente será o solarium;

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1.2. Direitos e Deveres do Dono do Solo

 Utilizar a parte do solo que não é objeto de superfície;  No contrato oneroso, receber solarium/cânon;  Preferência na aquisição da superfície;

 Resolução do contrato, se o superficiário não edificar ou plantar no prazo convencionado no contrato;

 Tornar-se dono da plantação ou edificação, indenizando ou não o superficiário. 1.3 Direitos e Deveres do Superficiário

Usar e gozar do direito de superfície;

 Dispor da edificação e da edificação como sua, separadamente da propriedade do solo;

Exercer a preferência na aquisição do solo;

Constituir ônus reais sobre a construção ou plantação superficiárias;

‘Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel.”

O superficiário é obrigado a arcar com os pagamentos dos tributos e encargos do solo quanto da superfície. (Teixeira, Superfície, p. 24)

“Jornada I STJ 94: As partes têm plena liberdade para deliberar; no contrato respectivo, sobre o rateio dos encargos e tributos que incidirão sobre a área objeto da concessão do direito de superfície.”

“Art. 1.372. O direito de superfície pode transferir-se a terceiros e, por morte do

superficiário, aos seus herdeiros.

Parágrafo único. Não poderá ser estipulado pelo concedente, a nenhum título, qualquer pagamento pela transferência.’

“Art. 1.373. Em caso de alienação do imóvel ou do direito de superfície, o

superficiário ou o proprietário tem direito de preferência, em igualdade de condições.’

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‘Art. 1.375. Extinta a concessão, o proprietário passará a ter a propriedade plena

sobre o terreno, construção ou plantação, independentemente de indenização, se as partes não houverem estipulado o contrário.”

Extinção da Superfície:

a) consolidação da propriedade e da superfície nas mãos de um mesmo titular; b) o não uso;

c) a destruição do edifício;

d) a morte do titular sem herdeiros; e) termo final da concessão;

f) dar o superficiário destinação diversa daquela para que foi concedida.

“Art. 1.376. No caso de extinção do direito de superfície em conseqüência de desapropriação, a indenização cabe ao proprietário e ao superficiário, no valor

correspondente ao direito real de cada um.”

Caberá ao Poder público indenizar os dois titulares: o proprietário e o superficiário, cada um na proporção da restrição imposta a seus direitos.

“Proprietário e Superficiário. O momento da desapropriação e as condições de concessão superficiária serão considerados para fins da divisão do montante indenizatório (CCB 1376), constituindo-se liticonsórcio passivo necessário simples entre proprietário e superficiário.”

“Art. 1.377. O direito de superfície, constituindo-se por pessoa jurídica de direito público

interno, rege-se por este Código, no que não for diversamente disciplinado em lei especial.”

2. Do Direito Real das Servidões 2.1. Da Conceituação

“Art. 1.378. A servidão proporciona utilidade para o prédio dominante, e grava o prédio serviente, que pertence a diverso dono, e constitui-se mediante declaração expressa dos proprietários, ou por testamento, e subseqüente registro no Cartório de Registro de Imóveis.”

Na lição de Washington de Barros Monteiro, para que haja servidão, devem estar presentes os seguintes elementos:

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a) Não há servidão sobre a coisa própria; Para que haja servidão devem existir dois prédios distintos, o serviente e o dominante. O serviente sofre as restrições, enquanto o dominante é o beneficiado.

b) O dono do prédio serviente assume o encargo de suportar as limitações; c) Os prédios devem ser vizinhos;

d) A servidão não se presume; 2.2. Do Ato Constitutivo

As servidões são constituídas por ato de vontade (negócios jurídicos bilaterais – ex. contratos ou unilaterais – ex. testamento), excepcionalmente, por disposição de lei (instituidor de bem de família) ou por ordem judicial (sentença no juízo divisório e pela usucapião.

Deve ser por instrumento público, se exceder ao limite legal (CC 108). 2.3. Das Espécies de Servidão

 Urbanas ou rústicas (depende da utilidade – prédio ou solo do imóvel);

 Positivas (permissão da prática de atos sobre o prédio serviente) ou Negativas (proibição de construir).

 Contínuas (passagem da água – independente de ato humano) ou descontínuas (depende da atividade humana atual, como a servidão de trânsito e a de retirar água);;

 Aparentes ou não aparentes (perceptíveis ou imperceptíveis); (servidão de caminho com marcas de rolamento do solo x servidão de não construir).

“A vida legal de servidão não-aparente depende de transcrição no registro imobiliário.” (RF 167/211)

“Tolerância de passagem. Duto de esgoto subterrâneo. Hipótese de servidão não aparente, a qual só pode ser estabelecida por meio de transcrição no registro de imóveis. Transcrição inocorrente, importando inexistência de servidão. Caracterização de mera tolerância de passagem, a qual não cria para os autores direito de verem estabelecida servidão. (JTACivSP 159/165).”

As restrições administrativas feitas pelo Poder Público, tais como implantação de cabos de energia elétrica são denominados de quase-servidões, portanto, inadequada a expressão “servidão administrativa”.

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Art. 1.379. O exercício incontestado e contínuo de uma servidão aparente, por dez anos, nos termos do art. 1.242, autoriza o interessado a registrá-la em seu nome no Registro de Imóveis, valendo-lhe como título a sentença que julgar consumado a usucapião.

Parágrafo único. Se o possuidor não tiver título, o prazo da usucapião será de vinte anos. “POSSE AD USUCAPIONEM. Para que se conduza à usucapião, precisa a posse ser a título de proprietário, continua, ininterrupta, pública, pacífica, inequívoca e atual. A obtenção da declaração de usucapião de servidão em favor do interessado pode ser feita por ação própria.”

“JORNADA III. STJ 251. O prazo máximo para o usucapião extraordinária de servidões deve ser de 15 anos, em conformidade com o sistema geral de usucapião, previsto no CC.”

“Art. 1.380. O dono de uma servidão pode fazer todas as obras necessárias à sua conservação e uso, e, se a servidão pertencer a mais de um prédio, serão as despesas rateadas entre os respectivos donos.’

Dono da servidão é o titular do direito de propriedade sobre o imóvel dominante. Ele é que deve realizar as obras no prédio serviente para a conservação da servidão.

“Art. 1.383. O dono do prédio serviente não poderá embaraçar de modo algum o exercício legítimo da servidão.’

Poderá se utilizar dos interditos.

“Art. 1.386. As servidões prediais são indivisíveis, e subsistem, no caso de divisão dos imóveis, em benefício de cada uma das porções do prédio dominante, e continuam a gravar cada uma das do prédio serviente, salvo se, por natureza, ou destino, só se aplicarem a certa parte de um ou de outro.”

2.4. Da Extinção das Servidões

“Art. 1.388. O dono do prédio serviente tem direito, pelos meios judiciais, ao cancelamento do registro, embora o dono do prédio dominante lho impugne:

I - quando o titular houver renunciado a sua servidão; (ato unilateral)

II - quando tiver cessado, para o prédio dominante, a utilidade ou a comodidade, que

determinou a constituição da servidão;(quando perde a sua razão de ser pela abertura de uma rua, a servidão de colher água, caso surja uma nascente).

III - quando o dono do prédio serviente resgatar a servidão. (pelo acordo entre as partes, devidamente registrado)

Art. 1.389. Também se extingue a servidão, ficando ao dono do prédio serviente a faculdade de fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção:

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II - pela supressão das respectivas obras por efeito de contrato, ou de outro título

expresso;

III - pelo não uso, durante dez anos contínuos.” (cessada a utilidade)

2.5 Ações decorrentes das Servidões

O titular do direito de servidão defende a sua existência em juízo por meio de ação confessória.

É procedimento de rito ordinário que tem por finalidade o reconhecimento desse direito real sobre coisa alheia, se contestado pelo dono do prédio serviente.

Por outro lado, o proprietário de qualquer predito tem a ação negatória, de procedimento ordinário, contra quem se arvore em tênar provar a existência de servidão que o autor repute inexistente. O objetivo é provar que sua propriedade está livre e desembaraçada.

3. Direito Real de Usufruto 3.1. Da Conceituação

Consoante leciona Marco Aurélio Bezerra de Melo: “Usufruto é um direito real sobre coisa alheia exercido pelo usufrutuário que adquire o direito temporário de uso e fruição do bem pertencente ao nu-proprietário, utilizando do mesmo e extraindo todas as vantagens possíveis com a obrigação de preservação da substância da coisa sobre a qual o direito incide.” As principais características do usufruto são: a) É um Direito Real; b) É intuitu personae, pois não se transmite aos herdeiros, sendo vedada a sua alienação, conforme artigo 1.393 do CCB; c) É temporário; d) É inalienável.

O usufruto pode recair sobre bens móveis e imóveis, inclusive, sobre um patrimônio inteiro, a saber: “Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades.”

A utilização prática se resume quase que exclusivamente às hipóteses de doação etre ascendentes e descendentes.

3.2. Dos Aspectos legislativos fundamentais

PROIBIDA ALIENAÇÃO – CESSÃO DE EXERCÍCIO PERMTIDO

“Art. 1939. Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício

pode ceder-se por título gratuito ou oneroso.”

Cessão de usufruto. Entre os denominados direitos intransferíveis por alienação encontra-se o usufruto, mas o seu exercício pode ser cedido, a título gratuito ou oneroso. A cessão do exercício dos direitos do usufruto permite que o usufrutuário exerça o direito de usufruto por terceiro, aproveitando, dessa forma, a coisa frutuária de que pessoalmente não possa usufruir.

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DOS FRUTOS

“Art. 1.394. O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos

frutos.”

“Art. 1.396. Salvo direito adquirido por outrem, o usufrutuário faz seus os frutos

naturais, pendentes ao começar o usufruto, sem encargo de pagar as despesas de produção.

Parágrafo único. Os frutos naturais, pendentes ao tempo em que cessa o usufruto,

pertencem ao dono, também sem compensação das despesas.”

“Naturais são os frutos orgânicos (leite, cria de animais, frutos de árvores, resina das árvores) ou os inorgânicos (minérios, pedra das pedreiras). Os frutos naturais são produzidos espontaneamente (puramente naturais), ou pela indústria do homem (industriais). Civis são os frutos jurídicos, ou seja, as prestações periódicas devidas por terceiros como correspectivo do uso ou da fruição que lhe foi concedida (rendas, alugueres, foros, juros).”

“Art. 1.397. As crias dos animais pertencem ao usufrutuário, deduzidas quantas

bastem para inteirar as cabeças de gado existentes ao começar o usufruto.”

“Art. 1.398. Os frutos civis, vencidos na data inicial do usufruto, pertencem ao proprietário, e ao usufrutuário os vencidos na data em que cessa o usufruto.”

“Art. 1.399. O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento, o prédio, mas não mudar-lhe a destinação econômica, sem expressa autorização do proprietário.”

CAUTIO DE BENE UTENDO

“Art. 1.400. O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens que receber, determinando o estado em que se acham, e dará caução, fidejussória ou real, se lha exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e entregá-los findo o usufruto. Parágrafo único. Não é obrigado à caução o doador que se reservar o usufruto da coisa doada.”

“O nu-proprietário é protegido pelo sistema para que a temporária restrição de seu direito de propriedade sofre não lhe retire o direito de tornar pleno, posteriormente, seu direito de dono. Por isso, se o exigir terá o direito à caução que o usufrutuário irá velar pela conservação da coisa enquanto dela usufrui e de que lhe restituirá a posse de bens, em bom estado, quando findo o usufruto. O doador que reserva para si o usufruto dos bens doados não está obrigado à caução, diante da liberalidade do negócio pelo qual o nu-proprietário adquiriu seu direito.“

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“Art. 1.403 Incumbem ao usufrutuário:

I - as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os recebeu;

II - as prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimento da coisa usufruída.

“O usufrutuário está adstrito ao pagamento das despesas condominiais. 2ª TACiv.rel. Juiz Nelson Duarte.””

Art. 1.406. O usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer lesão

produzida contra a posse da coisa, ou os direitos deste.”

3.3. Da Extinção do Usufruto

“Art. 1.410. O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis:

I - pela renúncia ou morte do usufrutuário;

II - pelo termo de sua duração;

III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer;

IV - pela cessação do motivo de que se origina;

V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409;

VI - pela consolidação;

VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395;

VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399).”

“Os direitos reais de uso, habitação e usufruto são intransmissíveis. Em caso de morte não se transmitem, como outros direitos, aos herdeiros dessa pessoas falecidas.”

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Art. 1.411. Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente.”

4. Do Direito Real de Uso

Como adverte Washington de Barros Monteiro, o uso é usufruto restrito, pois: trata-se de um direito real; é temporário e é um desmembramento do direito de propriedade. Contudo, diversamente do usufruto, é indivisível e não pode ser cedido.

“Uso é direito real sobre bem móvel ou imóvel de propriedade de terceiro, mas limitadamente (modica perceptio) ao necessário à sua vida e de sua família.”

É o que dispõe o Código Civil Brasileiro:

“Art. 1.412. O usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quanto o exigirem as

necessidades suas e de sua família.

§ 1o Avaliar-se-ão as necessidades pessoais do usuário conforme a sua condição social e

o lugar onde viver.

§ 2o As necessidades da família do usuário compreendem as de seu cônjuge, dos filhos

solteiros e das pessoas de seu serviço doméstico.

Art. 1.413. São aplicáveis ao uso, no que não for contrário à sua natureza, as disposições relativas ao usufruto.

“Usucapião de uso de linha telefônica. O direto de uso da linha telefônica pode ser adquirido por usucapião STJ 193”

5. Do Direito Real de Habitação

O direito real de habitação se dá quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas simplesmente ocupá-la com sua família, nos termos do artigo 1.414 do CCB.

Há que se salientar:

“Art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer

delas que sozinha habite a casa não terá de pagar aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir de exercerem, querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la.”

É o direito que exerce, por exemplo, o cônjuge sobrevivente, em matéria de direito das sucessões, nos termos do artigo 1.831 do CCB:

“Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de

habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.”

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“Dá-se provimento à ação de reintegração de posse em que mãe alega estar sendo esbulhada pelo próprio filho. O titular do direito real de habitação tem legitimidade ativa para utilizar a defesa possessória. (STJ, 3ª T. REsp. 616207)”

6. Do Direito Real do Promitente Comprador do Imóvel

Configura-se direito real, quando, mediante promessa de compra e venda, em que se não pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel, nos termos do artigo 1.417 do CCB.

IRREVOGABILIDADE. A irrevogabilidade do negócio é característica fundamental para que se constitua, em favor dos pretendentes à aquisição da coisa, o direito real.

“Compromisso de compra e venda e venda registrada. Caráter real. Caráter real têm os direitos do promitente-comprador quando o contrato tem inscrição no Cartório Imobiliário. JTACivSP 32/357)”

“Adjudicação compulsória. Ação contra o promitente vendedor. Dispensa de registro. Jornada I STJ 95: O direito à adjudicação compulsória quando exercido em face do promitente vendedor, não se condiciona ao registro da promessa de compra e venda no cartório de registro imobiliário (STJ 329).”

Há expressa previsão legal para o fundamento da ação de adjudicação compulsória: “Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente

vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o disposto no instrumento preliminar;

e, se houver recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.” 14. Do Direito Real de Penhor

7. Do Direito Real de Penhor 7.1. Da Conceituação

Penhor comum é direito real de garantia que se trata da transferência real da posse direta de um bem móvel pelo devedor ou alguém por ele, ao credor, com o objetivo de garantir determinada obrigação, consoante leciona Marco Aurélio Bezerra de Melo.

É o que o artigo 1.431 do CCB dispõe: “Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que, em garantia do débito ao credor ou a quem o represente, faz o devedor, ou alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação.”

O penhor deve ser contratado formalmente, devendo haver a especialização e o registro. A especialização é identificar a dívida e o bem dado em garantia, nos termos do artigo 1.424 do CCB, a saber:

“Art. 1.424. Os contratos de penhor, anticrese ou hipoteca declararão, sob pena de não terem eficácia:

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I - o valor do crédito, sua estimação, ou valor máximo; II - o prazo fixado para pagamento;

III - a taxa dos juros, se houver;

IV - o bem dado em garantia com as suas especificações.” 7.2. Dos Direitos do Credor Pignoratício

“Art. 1.433 CCB. O credor pignoratício tem direito: I - à posse da coisa empenhada;

II - à retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa sua;

III - ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa empenhada;

IV - a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe permitir expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor mediante procuração;

V - a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu poder; VI - a promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial, sempre

que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou deteriore, devendo o

preço ser depositado. O dono da coisa empenhada pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra garantia real idônea.”

7.3. Das Obrigações do Credor Pignoratício “Art. 1.435 do CCB. O credor pignoratício é obrigado:

I - à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda ou deterioração de que for culpado, podendo ser compensada na dívida, até a concorrente quantia, a importância da responsabilidade;

II - à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela, das circunstâncias que tornarem necessário o exercício de ação possessória;

III - a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V) nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da obrigação garantida, sucessivamente;

IV - a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a dívida;

V - a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso do inciso IV do art. 1.433.”

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7.4. Da Extinção do Penhor

“Artigo 1.436 do CC. Extingue-se o penhor:

I - extinguindo-se a obrigação;

II - perecendo a coisa;

III - renunciando o credor;

IV - confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e de dono da coisa;

V - dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda da coisa empenhada, feita pelo credor ou por ele autorizada.

§ 1o Presume-se a renúncia do credor quando consentir na venda particular do penhor

sem reserva de preço, quando restituir a sua posse ao devedor, ou quando anuir à sua substituição por outra garantia.

§ 2o Operando-se a confusão tão-somente quanto a parte da dívida pignoratícia, subsistirá

inteiro o penhor quanto ao resto.”

“Art. 1.437. Produz efeitos a extinção do penhor depois de averbado o cancelamento do registro, à vista da respectiva prova.”

Importa destacar, que se abordou no presente estudo o penhor comum, havendo ainda, entre outros, penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, nos termos dos artigos 1.438 e seguintes.

8. Do Direito Real de Hipoteca 8.1. Da Conceituação

A hipoteca se classifica entre os direitos reais de garantia, sendo temporária, e, em regra, recai sobre bem imóvel - pode incidir também excepcionalmente sobre bens móveis, tais como navios e aeronaves-, com a finalidade de garantir o pagamento de um débito. Em não havendo o pagamento do débito, com o produto da venda do imóvel, assegura-se ao credor o recebimento.

É o que se depreende do artigo 1.473 do CCB: “Art. 1.473. Podem ser objeto de hipoteca:

I - os imóveis e os acessórios dos imóveis conjuntamente com eles;

II - o domínio direto;

III - o domínio útil;

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V - os recursos naturais a que se refere o art. 1.230, independentemente do solo onde se acham;

VI - os navios;

VII - as aeronaves.

VIII - o direito de uso especial para fins de moradia; (Incluído pela Lei nº 11.481, de

2007)

IX - o direito real de uso; (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)

X - a propriedade superficiária. (Incluído pela Lei nº 11.481, de 2007)”

8.2. Das Características da Hipoteca

a) Princípio Acessorium sequitur principale: nos termos do artigo 1.474 do Código Civil, a saber: “Art. 1.474. A hipoteca abrange todas as acessões, melhoramentos ou construções do imóvel. Subsistem os ônus reais constituídos e registrados,

anteriormente à hipoteca, sobre o mesmo imóvel.” b) Exercício do Direito de Sequela;

c) Publicidade (registro do ato constitutivo da hipoteca);

d) Acessoriedade: existe em razão de garantir uma obrigação principal;

e) Indivisibilidade (o gravame incide sobre a totalidade do bem, somente extinguindo a hipoteca com a quitação integral da dívida);

8.3. Das Espécies de Hipoteca Três são as espécies de hipoteca:

a) Voluntária: constituída pela vontade das partes, mediante contrato;

b) Legal: que a lei institui em favor de determinadas pessoas, nos termos do artigo 1.489, a saber:

“Art. 1.489. A lei confere hipoteca:

I - às pessoas de direito público interno (art. 41) sobre os imóveis pertencentes aos encarregados da cobrança, guarda ou administração dos respectivos fundos e rendas; II - aos filhos, sobre os imóveis do pai ou da mãe que passar a outras núpcias, antes de fazer o inventário do casal anterior;

III - ao ofendido, ou aos seus herdeiros, sobre os imóveis do delinqüente, para satisfação do dano causado pelo delito e pagamento das despesas judiciais;

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IV - ao co-herdeiro, para garantia do seu quinhão ou torna da partilha, sobre o imóvel adjudicado ao herdeiro reponente;

V - ao credor sobre o imóvel arrematado, para garantia do pagamento do restante do preço da arrematação.”

c) Judicial: que se dá em razão de sentença condenatória, artigo 466 do Código de Processo Civil Brasileiro, a saber:

“Art. 466. A sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação,

consistente em dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de Registros

Públicos.

Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária: I - embora a condenação seja genérica;

II - pendente arresto de bens do devedor;

III - ainda quando o credor possa promover a execução provisória da sentença.” 8.4. Da Extinção da Hipoteca

Extingue-se hipoteca, nos termos do artigo 1.499 do Código Civil Brasileiro: “Art. 1.499. A hipoteca extingue-se:

I - pela extinção da obrigação principal; II - pelo perecimento da coisa;

III - pela resolução da propriedade; IV - pela renúncia do credor; V - pela remição;

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ASSINALE VERDADEIRA OU FALSA

1.( ) O direito à percepção dos frutos do bem sobre o qual existe usufruto é do

nu-proprietário.

2.( ) O usufruto é transmissível causa mortis.

3.( ) O usufrutuário não é obrigado a pagar as despesas ordinárias de conservação

dos bens no estado em que os recebeu.

4.( ) O direito de superfície é usucapível na forma da usucapião extraordinária.

5.( ) O usufruto em favor de pessoa jurídica é perpétuo se ela perdurar por mais de

100 (cem) anos.

6.( ) A servidão não usada durante 10 (dez) anos contínuos é passível de

extinção.

7. ( ) O usufruto e a superfície são direitos reais vitalícios, extinguindo-se com a

morte do titular.

8. ( ) A promessa de compra e venda de imóvel, com a cláusula de arrependimento

e registrada no Registro de Imóveis, concede ao promitente comprador direito real à

aquisição do imóvel.

9.( ) A hipoteca abrange as acessões do imóvel.

10.( ) O dono do imóvel hipotecado não pode constituir sobre ele nova hipoteca em favor de outro credor.

11.( ) Na hipoteca, garante a obrigação principal tudo que possa ser extraível da coisa hipotecada, como valor econômico.

Referências Bibliográficas:

Melo, Marco Aurélio Bezerra, Direito das Coisas, 2ª. Edição, Lumen Juris Editora, 2008; Monteiro, Washington de Barros, Curso de Direito Civil, Direito das Coisas, 37ª Edição, 2003;

Venosa, Sílvio de Salvo, Direito Civil, V, 2009.

Referências

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