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GRUPO DE ESTUDOS EM EXTREMO ORIENTE: RELATO DO MÓDULO RELATIVO À HISTÓRIA CHINESA. AÑAÑA, Daniel da Silva¹; CARDOZO, Rodrigo de Oliveira¹.

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GRUPO DE ESTUDOS EM EXTREMO ORIENTE: RELATO DO MÓDULO RELATIVO À HISTÓRIA CHINESA

Autor(es): AÑAÑA, Daniel da Silva; CARDOZO, Rodrigo de Oliveira Apresentador: Daniel da Silva Añaña

Orientador: André da Silva Bueno Revisor 1: Fábio Vergara Cerqueira Revisor 2: Martha Daisson Hameister Instituição: Universidade Federal de Pelotas

GRUPO DE ESTUDOS EM EXTREMO ORIENTE: RELATO DO MÓDULO RELATIVO À HISTÓRIA CHINESA

AÑAÑA, Daniel da Silva¹; CARDOZO, Rodrigo de Oliveira¹.

¹Acadêmico do curso de Licenciatura em História – DHA – ICH/UFPel Instituto de Ciências Humanas – CEP 96010770 – daniel_anana@yahoo.com.br

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho visa oferecer um relato das atividades desenvolvidas durante o segundo módulo do Grupo de Estudos em Extremo Oriente. Este módulo corresponde ao estudo história da civilização chinesa e contou com a participação de sete participantes.

A idéia do Grupo de Estudos em Extremo Oriente partiu dos acadêmicos Daniel da Silva Añaña e Rodrigo de Oliveira Cardozo, e contou com a orientação dos professores André da Silva Bueno, da Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União de Vitória, Paraná, e Fábio Vergara Cerqueira, da Universidade Federal de Pelotas. A constatação da crescente importância que vêm adquirindo recentemente os países asiáticos – como pode-se notar com os exemplos chinês e indiano, além do já desenvolvido Japão e dos Tigres Asiáticos – levou-nos a sentir a necessidade de entender as origens destas civilizações, cujas fundações remontam a mais de três mil anos de idade. A grande antiguidade destas civilizações e a permanência de vários de seus fundamentos até os dias de hoje levaram a uma necessidade de se estudá-las como exemplos civilizações interessantíssimas no sentido de sua longa continuidade histórica. Além disso, o estudo destes povos permite uma melhor compreensão da matriz do pensamento oriental – tão diferente do ocidental – gerando um melhor entendimento das diferenças culturais existentes no mundo presente e passado. Por isto, era de se esperar que fossem ofertadas cadeiras sobre o Extremo Oriente nos programas de graduação dos cursos brasileiros das áreas das

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Ciências Humanas. Como isto não ocorre na maior parte das universidades brasileiras, a UFPel inclusa, sentiu-se a necessidade da criação deste grupo de estudos.

As atividades completas do Grupo de Estudos se desenvolveram de abril do ano de 2005 até agosto do ano de 2006 e previam, inicialmente, a duração de dois anos. Planejou-se para estes dois anos a divisão das atividades do Grupo em quatro módulos: uma introdução geral e três módulos específicos relativos à história da China, história da Índia e história do Japão. As atividades do primeiro e do segundo módulo ocorreram conforme o previsto, porém as do terceiro e do quarto módulo não foram realizadas devido à interrupção das atividades do Grupo, que foi então terminado devido à necessidade de seus integrantes de concentrarem-se em outras atividades acadêmicas. No primeiro módulo vimos uma introdução ao estudo do Extremo Oriente e uma visão inicial da história política, religião, filosofia e história do cotidiano da China, da Índia e do Japão. No segundo módulo buscamos uma visão mais aprofundada do desenvolvimento histórico chinês, de sua religião, de sua filosofia e de sua produção historiográfica antiga. Neste módulo também vimos filmes chineses que versavam sobre a História e a religião chinesa.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

A preparação para o início das atividades do grupo de estudos envolveu uma grande pesquisa em busca de fontes e bibliografia sobre o Extremo Oriente. Devido à pouca atenção que este tema recebe no Brasil, a bibliografia disponível em português é muito pequena, sendo a maior parte desta disponível em inglês, espanhol e francês. Por isto, um importante meio de pesquisa para nós foi a Internet, que nos permitiu o acesso a livros e artigos disponíveis na Internet, a páginas específicas sobre o assunto e a troca de e-mails com especialistas na área. No final desta busca já tínhamos material suficiente para as atividades. A maioria do material utilizado ao decorrer do Grupo provinha da Internet, na forma de livros de autores reconhecidos que estavam disponíveis para o acesso.

O funcionamento do grupo de estudos consistiu basicamente em encontros semanais de duração de duas horas cada, num total de 10 encontros por módulo. Em cada um destes foi discutido coletivamente um texto já previamente lido ao longo da semana e que foi apresentado por um integrante do grupo selecionado no encontro anterior. Após a apresentação do texto era realizado um debate sobre o tema do texto entre os integrantes, de forma que cada uma podia expressar suas opiniões sobre o tema; desta forma, a construção do conhecimento e interpretação do texto se dava coletivamente. Consideramos importante esta discussão em grupo devido à pluralidade de leituras que pode suscitar um mesmo texto e à riqueza de interpretações que poderiam ser compartilhadas desta forma entre os participantes.

Foi desta maneira que funcionou o segundo módulo, sendo que em dois encontros foram exibidos filmes. Estes encontros visavam o contato dos participantes do Grupo de Estudos com filmes chineses que abordassem temas relevantes à proposta do grupo, proporcionando desta forma, uma atividade lúdica que proporcionasse uma reflexão sobre os temas tratados.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A discussão no segundo módulo ocorreu basicamente em torno de três eixos básicos, desenvolvimento histórico “geral”, filosofia/religião e historiografia clássica. Além destes eixos houve a exibição dos filmes.

O eixo do desenvolvimento histórico teve como base os capítulos do livro de William Morton que abarcavam a história chinesa desde o ano de 222 até o ano de 1911 (MORTON, 1986, p. 90 – 155). Não estudamos o período anterior a lapso porque isto já havia ocorrido no primeiro módulo, e o período posterior ao mesmo não foi visto por questão de tempo hábil. Chamou a atenção do grupo a grande duração do Império Chinês (durando de 221 a.C até 1911 d.C), o que não significa que o mesmo não tenha sofrido modificações. Nota-se que entremeando períodos de relativa estabilidade e de fortalecimento do poder central – como por exemplo com as dinastias Han, Tang, Song, Ming e Qing – há períodos de forte desagregação política, onde forças internas (líderes militares regionais, eunucos, mandarins) e externas (em geral povos nômades que habitavam a noroeste da China) lutam entre si pelo poder. O papel da China no exterior foi ativo durante toda a sua história, tendo sua influência se espalhado por diversos povos ao seu redor, especialmente durante a dinastia Ming, onde a navegação marítima chinesa atingiu seu ápice. Este fato desmente o suposto isolamento que é atribuído à China pelo ocidente. Destacamos também o progressivo desenvolvimento das diversas escolas filosóficas chinesas, permeado por intensos debates e controvérsias; o desenvolvimento da ciência chinesa, que influenciou significativamente a civilização ocidental; e o desenvolvimento das artes, que variaram intensamente ao longo do tempo. Por fim, o impacto que a chegada dos europeus causou sobre a China foi enorme, porém não modificou substancialmente as estruturas milenares chinesas.

O eixo a respeito de filosofia/religião foi visto através do texto de Chan Wing-Tsit, “A história da filosofia chinesa”, que tratava deste assunto (MOORE, 1978). O destaque aqui foi para a complexidade da filosofia chinesa. Escolas tais como o confucionismo, o daoísmo, o legismo e o moismo desenvolveram formas de pensamento bastante originais que foram sendo modificadas ao longo do tempo. Os debates entre as escolas e as contingências da história chinesa determinavam mudanças e adaptações nas maneiras de pensar. Religiões tais como o confucionismo, o daoísmo e o budismo também interagiam ente si, sem que nenhuma delas exigisse a exclusividade da fé de seus praticantes. O cristianismo que chegou mais tarde através dos missionários jesuítas teve de se adaptar às circunstâncias locais, mesmo assim não fez muito sucesso. Um ponto crítico na análise da religião e da filosofia chinesas é sua interdependência. Enquanto que para nós sua separação é nítida, no caso da China filosofia e religião muitas vezes se confundem, a ponto de os sinólogos terem de, por exemplo, separar o daoísmo filosófico do daoísmo religioso e o confucionismo filosófico do confucionismo religioso. Estas categorias servem apenas para fins de análise, na realidade esta distinção por vezes inexiste.

Por fim, a historiografia clássica chinesa foi vista através dos textos do professor André Bueno (BUENO, 2004a; BUENO, 2004b). As questões suscitadas sobre este assunto giraram em torno da antiguidade e da complexidade da Historiografia produzida na China. Os chineses desenvolveram teorias sobre o desenrolar do tempo e sobre as estruturas que determinam o desenvolvimento histórico. Destacamos o historiador Sima Qian (145 – 85 a.C.), que possuía técnicas de datação acuradíssimas, realizava a

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exegese de textos e se utilizava de vestígios materiais e epigráficos para suas pesquisas. Ele tinha consciência de que sua produção era fruto de seu tempo, não sendo isenta. Para ele a História possuía um fundo moral, sendo obrigação do historiador julgar o bem e o mal

Os filmes exibidos foram “O imperador e o assassino”, produção chinesa de 1997 do diretor Chen Kaige e “Samsara” produção franco-indo-italiana de 2001 do diretor Nalin Pan. O primeiro filme narra a história da unificação chinesa realizada pelo primeiro imperador chinês, Qin Shi Huangdi, baseado nos registros de Sima Qian. Já o segundo passa-se no Tibet e narra a história de um monge budista e seu questionamento de sua crença.

4. CONCLUSÃO

O segundo módulo do grupo de estudos visou aprofundar um pouco a visão inicial que se teve sobre a China no primeiro módulo. Ao trabalhar com os eixos selecionados, visamos obter uma visão de conjunto da história chinesa, analisando um pouco mais a fundo três aspectos que nós consideramos de especial interesse: sua religião, sua filosofia e sua historiografia. A religiosidade chinesa impressionou o grupo – e ainda causa espanto à nossa civilização de herança judaico-cristã – especialmente devido ao forte sincretismo que proporciona e à ausência de um sentido de verdade única que as religiões monoteístas possuem. A filosofia chinesa talvez cause mais espanto pelo nosso preconceito de que apenas a Europa produziu a “autêntica” filosofia, sendo todo o resto apenas especulação metafísica ou pura superstição. Já a historiografia chinesa chama a atenção pela sofisticação de seus métodos e modelos explicativos, já trabalhando a milênios com idéias que apenas recentemente a historiografia ocidental vem valorizando, como por exemplo a subjetividade do conhecimento histórico.

O estudo da História chinesa ainda é uma área recente de estudos, de forma que “em meio a um certo desânimo acadêmico ocidental, representado pelo aparente esgotamento de temáticas, o estudo da história chinesa apresenta ainda um ineditismo instigante, um ar de descoberta corroborado pela existência deste objeto histórico vivo que é a própria China” (BUENO, 2006). Assim, consideramos que o Grupos de Estudo em Extremo Oriente foi um importante elemento na formação de seus integrantes, cumprindo sua função de ser um primeiro passo nos estudos relativos à China e ao Oriente Asiático em geral.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADLER, Joseph. A Religião na China. Lisboa: Estampa, 2003.

BOFF, Leonardo (org.). China & Cristianismo. Rio de Janeiro: Petrópolis, 1979

BUENO, André da Silva. A tradição na história chinesa. Disponível em http://orientalismo.blogspot.com/2007/07/tradio-na-histria-chinesa-novembro-2004.html. 2004.

BUENO, André da Silva. Teorias da historiografia tradicional chinesa. Disponível em http://orientalismo.blogspot.com/2007/07/teorias-da-historiografia-tradicional.html. 2004.

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BUENO, André da Silva. Uma introdução à sinologia. Disponível em: http://orientalismo.blogspot.com/2007/07/uma-introduo-sinologia-2006.html. 2006

CARDOSO, Ciro Flamarion. Sete olhares sobre a Antiguidade. Brasília: Ed. UnB, 1994.

CROUZET, Maurice. (org.) História Geral das Civilizações. Lisboa: Editora Difel, 1957.

GERNET, Jacques. O mundo chinês. Lisboa: Cosmos, 1979. GRANET, Marcel. Civilização chinesa. Rio de Janeiro: Ferni, 1979.

GRANET, Marcel. O Pensamento Chinês. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997. JOPPERT, Ricardo. O Alicerce Cultural da China. Rio de Janeiro: Avenir, 1979. MOORE, Charles. (org.) Filosofia: Oriente, Ocidente. São Paulo: Edusp-Cultrix, 1978. MORTON, William Scott. China - História e Cultura. Rio de Janeiro: Zahar, 1986. SAID, Edward. Orientalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1993

SPENCE, Jonathan. Em Busca da China Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

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