FICÇÃO CIENTÍFICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS:
POSSIBILIDADES DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR‐AUTOR
Resumo No ensino de ciências, os temas científicos se materializam por diferentes textos e leituras, embora predominem nas escolas, textos simples, pretensamente objetivos e imparciais, com poucas referências a elementos próximos aos alunos. Diante desse quadro de simplificação do ensino, a ficção científica pode ser um contraponto importante para auxiliar na contextualização e problematização dos conceitos científicos escolares. A partir do mirante teórico‐ metodológico da Análise de Discurso de linha francesa, analiso dois contos de ficção científica produzidos por estudantes do curso de licenciatura em ciências biológicas da Universidade Federal do Paraná inscritos em um projeto do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), vislumbrando a relação entre o discurso científico e o discurso ficcional nessas produções. Nesse percurso, proponho uma reflexão sobre o processo de assunção da autoria, uma função medular do sujeito do discurso, sobretudo na posição de professor‐autor em formação. Palavras‐chave: Ficção Científica. Ensino de Ciências. Análise de Discurso. Formação de Professores. Júlio César David Ferreira Universidade Federal do Paraná ferreirajcd@gmail.com
Introdução
O presente trabalho é parte de uma ampla pesquisa acerca da aproximação entre a ficção científica e o ensino de ciências. Nesta oportunidade, apresentarei a análise de dois contos de ficção científica produzidos por alunos do curso de licenciatura em ciências biológicas da Universidade Federal do Paraná inscritos em um projeto do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID). O projeto teve como principal objetivo o incentivo à produção e utilização de múltiplas linguagens (jogos teatrais, histórias em quadrinhos, tirinhas, contos e vídeos de ficção científica etc.) nas aulas de ciências e de biologia. A aproximação entre a ficção científica (FC) e o ensino de ciências é tema central de muitas pesquisas no cenário mundial. Dentre os principais trabalhos, sublinho Dubeck et al. (1990, 1993, 1998) com propostas pioneiras de ligação entre a ficção científica e as aulas de ciências. Como referência, há também Freudenrich (2000), Brake (2003) e Dark (2005). No Brasil, Piassi e Pietrocola (2005, 2006, 2007a, 2007b, 2007c, 2009) destacam‐se com trabalhos nesse viés, além de Zanetic (1989, 2005, 2006) e outros.
Atualmente, a FC figura como um recurso didático no contexto do ensino e da aprendizagem das ciências: na escola, faz parte do repertório didático de muitos professores, contudo, sua utilização tem se restringido à busca pelo interesse dos estudantes ou pela ampliação da ludicidade nas aulas. A FC tem esse potencial, entretanto não tem sido explorada como uma forma de contextualização e problematização dos temas e conceitos científicos.
Os temas científicos se materializam por diferentes textos e leituras, embora na escola venham, predominantemente, sendo utilizados textos curtos e áridos, com poucas referências a elementos próximos aos alunos. Desse modo, os sentidos dos conceitos mínguam e os estudantes passam a ver o conteúdo científico escolar como um apanhado de regras, equações e esquemas abstratos desconexos da realidade.
Diante desse quadro de simplificação do ensino de ciências, a FC pode ser um contraponto importante. Nas aulas, ela pode auxiliar na contextualização e problematização dos conceitos científicos escolares, ou seja, a aproximação entre a FC e
o ensino de ciências pode representar, dentro e fora da escola, um favorecimento da
mediação didática, no sentido dialético apontado por Lopes (1999, p. 209): “processo de
constituição de uma realidade a partir de mediações contraditórias, de relações complexas, não imediatas. Um profundo sentido de dialogia”.
A partir da análise dos contos de FC, produzidos no âmbito do projeto PIBID, para o contexto didático das aulas de ciências e biologia, busco compreender, pelo prisma teórico‐metodológico da Análise de Discurso de linha francesa, como se caracteriza a relação entre o discurso científico e o discurso ficcional nessas produções. Realizo também um estudo sobre o processo de assunção da autoria (ORLANDI, 2012), uma função medular do sujeito do discurso, sobretudo na posição de professor‐autor em formação (OLIVEIRA, 2006).
1. Referencial teórico‐metodológico
Tenho como referencial teórico‐metodológico a Análise de Discurso de linha francesa, representada no Brasil pelos trabalhos de Eni Orlandi, com matriz teórica na obra de Michel Pêcheux. Para Pêcheux (2009), discurso é efeito de sentidos entre locutores, e a língua – falada e escrita, por exemplo – é uma condição de possibilidade do discurso. Sendo “mediação necessária entre o homem e a realidade natural e social” (ORLANDI, 2012, p. 15), a linguagem não é transparente; tem materialidade histórica: “a linguagem só faz sentido porque se inscreve na história” (ORLANDI, 2012, p. 25).
Por não ser neutra, uniforme e nem natural, em sua opacidade, a linguagem se constitui como um campo propício para a manifestação da ideologia. Assim, é pelo discurso que o sujeito exerce sua filiação a determinadas formações discursivas, dispondo de conjuntos de enunciados que, pelo funcionamento da linguagem, materializam sistemas de ideias e representações (formações ideológicas).
Nos estudos discursivos, a língua não é somente compreendida como estrutura. É acontecimento. Todo discurso acontece sob determinadas condições de produção, seja no seu sentido estrito (contexto imediato da enunciação), seja no seu sentido amplo (contexto sócio‐histórico e ideológico). Na atividade discursiva, as condições de produção
são acionadas por uma memória ou interdiscurso: “o saber discursivo que torna possível todo dizer e que retorna sob a forma do pré‐construído, o já‐dito que está na base do dizível, sustentando cada tomada de palavra” (ORLANDI, 2012, p. 31). O interdiscurso (de ordem social) determina o que pode ou não pode ser dito pelo sujeito em uma dada conjuntura sócio‐histórica, ou seja, a produção do discurso sempre se dá em relação a uma memória, a um já‐dito que recortará o dizer de acordo com a formação discursiva (regionalização do interdiscurso) em que se inscreve o sujeito.
Segundo Pêcheux (2009, p. 147), “os indivíduos são ‘interpelados’ em sujeitos‐ falantes (em sujeitos de seu discurso) pelas formações discursivas que representam ‘na linguagem’ as formações ideológicas que lhes são correspondentes”. O sujeito do discurso, atravessado pela linguagem e pela história, é uma dispersão constituída por diferentes materialidades:
ele é sujeito de e é sujeito à. Ele é sujeito à língua e à história, pois para se constituir, para (se) produzir sentidos ele é afetado por elas. Ele é assim determinado, pois se não sofrer os efeitos do simbólico, ou seja, se ele não se submeter à língua e à história ele não se constitui, ele não fala, não produz sentidos (ORLANDI, 2012, p. 49, grifos meus).
Pelo efeito da ideologia, o sujeito acredita ser a origem de seu dizer quando, na realidade, retoma sentidos preexistentes de discursos que já estavam em processo. No campo da enunciação, os sujeitos do discurso estabelecem uma relação “natural” entre palavra e coisa. Ilusoriamente, “pensamos que o que dizemos só pode ser dito com aquelas palavras e não outras, que só pode ser assim” (ORLANDI, 2012, p. 35). Essas duas características (da ordem ideológica e da ordem enunciativa) constituem‐se, na Análise de Discurso, como esquecimento número um e esquecimento número dois, respectivamente. Nessa perspectiva, o esquecimento é estruturante e está na base da constituição dos sujeitos e dos sentidos. É condição fundamental para o funcionamento da linguagem (ORLANDI, 2012).
Para Pêcheux, a relação do sujeito com a história é dinâmica: o sujeito reveste‐se de uma forma‐sujeito histórica. A forma‐sujeito da contemporaneidade delineia um sujeito “capaz de uma liberdade sem limites e uma submissão sem falhas: pode tudo dizer, contanto que se submeta à língua para sabê‐la” (ORLANDI, 2012, p. 50). O sujeito
do discurso questiona e intervém na ordem dos sentidos que se cristalizam juntamente com as práticas no interior das formações discursivas.
A partir do enfoque do materialismo histórico e dialético sobre as práticas políticas constituídas no seio da luta de classes, com relações contraditórias de reprodução/transformação das relações de produção, Pêcheux (2009) distinguiu três modalidades de subjetivação, isto é, os modos como o sujeito se apropria subjetivamente dos saberes políticos e científicos de sua forma‐sujeito sócio‐histórica (sujeito universal): 1) identificação (metáfora do “bom sujeito”: assujeitamento pleno e ideal, sem questionamento); 2) contraidentificação (o “mau sujeito” desconfia e luta contra as evidências dos saberes “inquestionáveis” de determinada formação discursiva, mas não há, necessariamente, ruptura); 3) desidentificação (a prática revolucionária que desmonta/remonta a forma‐sujeito e, nessa ruptura, passa a sustentar outra formação discursiva e ideológica). O processo de desidentificação explica as grandes transformações da sociedade.
A Análise de Discurso abrange práticas discursivas de diferentes naturezas (ícone, letra, imagem, som etc.), sendo o texto (escrito, verbal, audiovisual etc.), a unidade de origem para o trabalho do analista. Neste trabalho e nesta delimitação de corpus, analisarei algumas relações e efeitos de sentidos presentes nos contos de ficção científica produzidos por licenciandos no âmbito do ensino de ciências. Tomarei o texto escrito como base material, levando em consideração os contextos linguístico, textual e situacional da aproximação entre o discurso científico e o discurso ficcional.
Da relação entre texto e discurso emerge, na Análise de Discurso, a importante distinção entre autor e sujeito. Como contraparte da noção de sujeito do discurso se apresenta a ideia de autoria (relação do autor com o texto). O autor, função própria do sujeito, representa unidade lógica, disciplina e organização. Conforme diz Orlandi (2012, p, 75‐76):
Se o sujeito é opaco e o discurso não é transparente, no entanto o texto deve ser coerente, não contraditório e seu autor deve ser visível, colocando‐se na origem de seu dizer. É do autor que se exige: coerência, respeito às normas estabelecidas, explicitação, clareza, conhecimento das regras textuais, originalidade, relevância e, entre outras coisas,
unidade, não contradição, progressão e duração de seu discurso, ou melhor, de seu texto.
Os contos de FC analisados também manifestam a distinção entre o real do discurso (sujeito) e o imaginário (função‐autor). Na instância do real do discurso, marcas como a descontinuidade, a incompletude, a dispersão, o equívoco e a contradição são constitutivas do sujeito e do sentido. Por outro lado, na ordem do textual e do imaginário – nesse caso, os contos de FC com intentos didáticos – é flagrante a busca por coerência textual, unidade e progressão, características do processo de autoria. Importa distinguir a função‐autor (discursiva) de outras duas funções (enunciativas) do sujeito: locutor, quando o sujeito se representa como “eu” no discurso; enunciador, quando o sujeito assume a perspectiva que esse “eu” produz (ORLANDI, 2012).
Da distinção entre sujeito e função‐autor, Oliveira (2006) define o conceito de
professor‐autor, uma importante posição do sujeito, sobretudo no campo da prática
docente. A autora trata esse processo como um trabalho de deslocamento dos efeitos de sentido dos já‐ditos de uma memória discursiva. O professor‐autor, além de romper com o instituído, norteia sua prática por questões como: “para quem” é o meu discurso?; “por que” o meu discurso?; “como” é o meu discurso? (OLIVEIRA, 2006). Em sintonia com Oliveira (2006), vejo o professor‐autor, posição de contraidentificação, como o “mau sujeito” que questiona os pré‐construídos e resiste às “evidências” dos saberes cristalizados em determinada formação discursiva.
2. Ciência e ficção científica em uma perspectiva discursiva
Para Bachelard (1990) não há uniformidade ou linearidade no desenvolvimento do conhecimento científico, e sim um pluralismo de racionalidades e processos de ruptura. A descontinuidade na cultura científica está firmada na noção de ruptura que “se apresenta tanto entre conhecimento comum e conhecimento científico, a partir do que se constituem os obstáculos epistemológicos, quanto no decorrer do próprio desenvolvimento científico” (LOPES, 1999, p. 121). Os obstáculos epistemológicos constituem‐se nas contradições entre o conhecimento comum e o conhecimento científico, ou seja, o conhecimento comum configura‐se como um obstáculo aoconhecimento científico que, por sua vez, é constantemente questionado e debatido pela comunidade científica (BACHELARD, 1996). Conforme diz Lopes (1999, p. 124), esse conceito “fundou positivamente a obrigação de errar”.
No aspecto discursivo, pode‐se dizer que a ciência é um discurso com pretensão de verdade, mas sob fundo de erro (BACHELARD, 1977, apud LOPES, 1999, p. 112). Nessa esteira, Coracini (2007, p. 89) assinala:
As formas canônicas do discurso científico, camufladoras da origem enunciativa, nada mais são do que instrumentos válidos, socialmente aceitos (e impostos pela comunidade científica), de persuasão e, nessa medida, índices de subjetividade.
Por essas e outras marcas, o discurso científico está aberto ao equívoco e, segundo Bachelard, à retificação de erros ao longo da história. Se, por um lado, o discurso científico se constitui com efeitos de evidência empírica e estabilidade lógica, por outro, são as contradições, rupturas e reformulações que garantem o desenvolvimento do conhecimento científico, nessa perspectiva bachelardiana.
Os discursos científico e ficcional (DC e DF, respectivamente) apresentam‐se com marcas muito específicas e, sob condições de produção distintas, são constituintes do processo de construção e descrição da realidade. Não obstante, são discursividades que acionam de maneira dessemelhante a tensão entre paráfrase e polissemia, processo intrínseco do funcionamento da linguagem. Na tensão entre paráfrase e polissemia, “os sujeitos e os sentidos se movimentam, fazem seus percursos, (se) significam” (ORLANDI, 2012, p. 36). “A paráfrase é a matriz do sentido”, constituinte do caráter de produtividade da língua, enquanto “a polissemia é a fonte da linguagem”, relacionada à criatividade e à ruptura do processo de produção – e cristalização – da linguagem (ORLANDI, 2012, p. 37‐ 38).
A princípio, parece plausível a hipótese de que a paráfrase está para o discurso científico, assim como a polissemia está para o discurso ficcional, isto é, enquanto o DC reveste‐se do caráter de produtividade e repetibilidade da língua, o DF está no campo da criatividade, do escapismo e da transgressão do DC. Cumpre destacar as recorrentes tentativas de definição desses discursos sob a ótica da vericondicionalidade, em que a distinção entre “fatual”, “não‐fatual” e “ficcional” é lugar comum. Segundo Lopes (2000, p. 13),
com frequência, nos deparamos com uma noção de não‐fatual que seria muito próxima da noção de ficção. Esta última, por sua vez, se torna bastante indefinida em alguns momentos. Em outros, o fatual e o ficcional estão de tal forma amalgamados que não poderíamos distinguir um do outro.
Ao DC, “verdadeiro” por tratar de objetos tangíveis, opõe‐se o DF configurado como um discurso “falso”, sobre o universo onírico destituído da realidade. No que tange à pretensa dessubjetivação e aos efeitos de evidência do DC, assinala Coracini (2007, p. 89):
percebe‐se o desejo (e esse é um efeito de sentido) de criar no enunciatário a ilusão da evidência empírica: a sequência linear dos eventos, a tentativa de apagamento do enunciador que se distancia de seu enunciado, constituem, dentre outros, alguns dos fatores responsáveis pela ilusão de uma reprodução objetiva e imparcial do experimento. Desse modo, tenta o enunciador interferir em seu enunciatário, em suas representações ou convicções, provocando transformações.
Adotando‐se o critério da vericondicionalidade, a distinção entre o DC e o DF falha, pois ambos os discursos são duais: se, na perspectiva bachelardiana, a ciência é um discurso com pretensão de verdade, mas sob fundo de erro, a ficção científica é um discurso voltado ao devaneio e à imaginação, mas amalgamado aos sentidos do DC. A relação entre essas discursividades é complexa: pode haver complementaridade e, no contexto do ensino de ciências, o discurso pedagógico tem papel central nessa mediação. Mesmo isento dos critérios de validação científica e do intento de efeitos de evidência, próprios do DC, o DF funciona reciprocamente constituindo‐se como ponto de apoio para a ciência. A significação de um requer sentidos do outro, seja por complementação, seja por contraste: “se os sentidos – e os sujeitos – não fossem múltiplos, não pudessem ser outros, não haveria necessidade de dizer” (ORLANDI, 2012, p. 38). A Análise de Discurso questiona a “evidência do sentido”, ou seja, o sentido não é fixo e está sempre “em relação a”.
Como último ponto dessa reflexão sobre o DC e o DF, quero ressaltar, concordando com Orlandi (2012), que o discurso é caracterizado, sobretudo, pelo seu modo de funcionamento. Os tipos de discurso (científico, ficcional, político, jurídico, pedagógico etc.) derivam de funcionamentos cristalizados, visíveis sob determinados
apriorismos que não consideram os elementos constitutivos das condições de produção do discurso.
Orlandi (2011) considerou a interação e a polissemia, propriedades internas do funcionamento discursivo, para estabelecer uma tipologia de discurso: discurso lúdico,
discurso polêmico e discurso autoritário. No discurso lúdico há total reversibilidade
(possibilidade de “troca de papéis” entre locutor e ouvinte que determina a dinâmica de interlocução) e a polissemia é aberta (múltiplos sentidos em jogo). “O exagero é o non
sense” (ORLANDI, 2011, p. 154). No discurso polêmico, a reversibilidade é condicionada,
pois os interlocutores procuram direcionar o objeto do discurso, ou seja, a polissemia é controlada (possibilidade de múltiplos sentidos). “O exagero é a injúria” (ORLANDI, 2011, p. 154). A reversibilidade tende a zero no discurso autoritário e o dizer oculta o objeto do discurso (pretenso sentido único): há “um agente exclusivo do discurso e a polissemia é contida. O exagero é a ordem no sentido militar, isto é, o assujeitamento ao comando” (ORLANDI, 2011, p. 154).
Tomando essa perspectiva da Análise de Discurso de linha francesa como referencial teórico‐metodológico, passo agora à análise de dois contos de FC produzidos por dois licenciandos. Cumpre destacar que o PIBID, âmbito de atividades formativas no qual o projeto se desenvolveu, faz parte das condições de produção desses textos (discursos).
3. Gestos de análise
A partir da Análise de Discurso francesa, busco uma compreensão dos processos de constituição dos sentidos e dos sujeitos e, nesse ínterim, realizo o percurso do texto ao discurso, no contato com o material empírico, dois contos de FC: A História Da
Contracepção e Um Futuro Incerto, produzidos, respectivamente, por Trinity e Ellie, nomes
provenientes de personagens da ficção científica e atribuídos aos sujeitos da pesquisa. Entre uma série de propostas de utilização de múltiplas linguagens em aulas de ciências e biologia de duas escolas da rede pública de Curitiba, essa produção dos licenciandos do curso de ciências biológicas se deu no âmbito do PIBID.
3.1. A História Da Contracepção (Trinity)
Como já dito anteriormente, os contos foram produzidos com a finalidade de utilização em sala de aula. Não foram estipuladas regras ou normas para essa produção textual, desde que seu conteúdo se relacionasse aos conceitos científicos dos temas propostos. A História Da Contracepção, escrito por Trinity, foi abordado no segundo ano do Ensino Médio, nas aulas de biologia que tematizavam os métodos contraceptivos (apresentação, classificação, funcionamento e história dos métodos contraceptivos).
3.1.1. Resumo de A História Da Contracepção
No ano de 2313, em um cenário pós‐guerra mundial que dizimou mais de dois terços da população do globo terrestre, o Governo Mundial, instituído como representante das nações remanescentes, aboliu o uso de anticoncepcionais com a finalidade de restabelecer a população humana no planeta. A situação ficou caótica, pois a população cresceu de maneira exorbitante, o que desencadeou um consumo desenfreado de recursos naturais e gerou fome, miséria e epidemias. O Governo Mundial passou a investir em pesquisas sobre a eficiência dos métodos contraceptivos esquecidos no passado. Coube ao Dr. Alexandre Andrade a missão de pesquisar sobre a contracepção e entregar um relatório final ao Governo Mundial para que medidas fossem tomadas.
3.1.2. Análise
O conto apresenta uma sociedade distópica que anseia por mudanças (esforço humano/científico‐tecnológico). Na perspectiva dos pólos temáticos para a FC (PIASSI; PIETROCOLA, 2007a), Trinity realiza uma adesão à ciência no plano material‐econômico, ou seja, a ciência é associada ao conforto e bem‐estar, à superação de dificuldades e ao domínio da natureza.
Nesta trajetória analítica, na passagem da superfície linguística para o objeto discursivo, distinguem‐se dois núcleos de significação: efeitos de ficção (discurso ficcional) e efeitos de evidência (discurso científico). No núcleo ficcional, o par locutor‐ enunciador é facilmente localizado e há linguagem informal, conteúdo adversativo,
distopia, caos, cientificismo etc. A seguir, apresento alguns trechos ilustrativos dessas marcas textuais e enunciativas1:
Estamos no ano de 2313, nosso planeta está muito diferente do que um dia já foi. Passamos pela 3ª Guerra Mundial [...] A paz não reinou totalmente, mas os países já não brigam tanto [...] Todas as pílulas e camisinhas do mundo foram incineradas, e o povo, incentivado a ter filhos. Entretanto, o tiro saiu pela culatra, a população aumentou de forma exorbitante, o que gerou grandes problemas [...]
A partir desse material empírico, procurei observar uma discursividade e desnaturalizar a relação palavra‐coisa: “de que outras formas isso poderia ser dito?”; “como se relacionam as formações discursivas e as formações ideológicas que sustentam essa discursividade?”; “por que foi usada a expressão ‘o tiro saiu pela culatra’ ao invés de ‘o plano falhou’, por exemplo?”. Questões como essas povoam essa instância da análise. A produção discursiva nesse corpus pode ser compreendida se compararmos os dois núcleos de significação delimitados anteriormente. O próximo trecho é exemplar do funcionamento do discurso científico no conto:
[...] ‐ Então, Dr. Alexandre. ‐ Disse o Governador Mundial. ‐ O senhor teve uma semana para estudar os métodos contraceptivos. Qual é a sua conclusão? Será possível desenvolver uma maneira realmente eficaz de diminuir a natalidade humana?
‐ Com certeza, senhor Governador. ‐ Respondeu Alexandre. ‐ Através da minha pesquisa eu descobri que existem diversos métodos contraceptivos, sendo que vários podem ser muito eficazes. Os métodos se dividem em reversíveis e irreversíveis. Sendo que os irreversíveis são intervenções cirúrgicas no sistema reprodutor feminino e masculino, chamadas laqueaduras tubárias e vasectomia. A laqueadura tubária consiste no isolamento das tubas uterinas, por meio de um pequeno corte, a fim de impossibilitar que os espermatozoides encontrem os óvulos. A primeira operação foi realizada em 1823, na cidade de Londres. Já a vasectomia é um procedimento que visa isolar os canais deferentes do homem, para que os espermatozoides não sejam eliminados. Ela também foi realizada pela primeira vez em 1823, porém em um cachorro. Só depois a cirurgia ficou popular [...]
Na sequência da narrativa, o personagem Dr. Alexandre também apresenta e descreve os métodos contraceptivos reversíveis. Como a linguagem não é transparente, os dois blocos de significação funcionam distintamente, no que diz respeito à tensão
entre paráfrase e polissemia, à reversibilidade e aos deslocamentos de efeitos de sentidos.
O núcleo científico também é marcado por características extradiscursivas (as orações assertivas, a incessante classificação e descrição dos elementos, o uso de metalinguagem científica, o eixo histórico etc.). Há um efeito de apagamento, ao menos parcial, do par locutor‐enunciador e essa já é uma característica do modo de funcionamento do discurso científico. Pela ação da ideologia e sob determinadas condições de produção (elaboração e implementação do conto no contexto didático),
Trinity se apropria dos saberes de sua forma‐sujeito sócio‐histórica e “cede a voz” ao
sujeito universal da ciência (PÊCHEUX, 2009). Em sintonia com Coracini (2007), vejo esse apagamento do enunciador como uma tentativa de criar no enunciatário (leitor) a ilusão de evidência empírica, de objetividade e imparcialidade. Nesse contexto, o discurso científico não permite que “o tiro saia pela culatra”.
Nessa aproximação entre o discurso científico e o discurso ficcional, Trinity ocupa a posição professor‐autor e desloca sentidos à medida que produz uma narrativa híbrida, com funcionamentos discursivos diferentes. A ilusão de unidade da obra, própria do princípio de autoria, camufla diferentes modos de tensão entre paráfrase e polissemia. No contexto da tipologia discursiva (ORLANDI, 2011), é predominante a variação do discurso polêmico: ora tende ao lúdico (efeitos de ficção), ora tende ao autoritário (efeitos de evidência). A meu ver, essas e outras características, discursivas e extradiscursivas, são importantes no funcionamento do discurso pedagógico regido pela voz professoral. O professor, na posição professor‐autor, tem a possibilidade de romper com os pré‐construídos de algumas práticas institucionalizadas e cristalizadas no campo de atuação docente. 3.2. Um Futuro Incerto (Ellie) Ellie produziu o conto com a finalidade de sua utilização em aulas de biologia do
terceiro ano do Ensino Médio sobre o tema mutação (conceitos, tipos, causas e consequências nos seres vivos, evolução etc.). Diferentemente do conto anterior, Um
livremente. A única condição para essa complementação dos estudantes foi o embasamento nos conhecimentos sobre a temática adquiridos em sala de aula.
3.2.1. Resumo de Um Futuro Incerto
Dr. Richard Simon, um cientista que sonhava sobreviver décadas sem envelhecer, enfim realiza tal façanha se submetendo a um processo de criogenia. Cem anos haviam se passado quando o cientista foi despertado por Kevin Jones e encontrou uma sociedade em pânico: mutações genéticas dos mais variados tipos estavam se manifestando na população de maneira descontrolada. A destruição do meio ambiente e a inconsequente interferência genética nos alimentos trouxeram sérios danos à espécie humana. Para Kevin, as pesquisas do competente Dr. Simon podem reverter esse quadro crítico.
3.2.2. Análise
Um Futuro Incerto, assim como o conto anterior, apresenta uma sociedade em
crise à espera de novas conquistas científico‐tecnológicas. Ellie concebe a ciência no plano
material‐econômico, conforme a categorização de Piassi e Pietrocola (2007a).
Os dois núcleos de significação delimitados na análise do conto anterior (efeitos de ficção e efeitos de evidência) não são facilmente discerníveis no texto/discurso de Ellie. Em termos da tipologia de discurso de Orlandi (2011), o discurso polêmico é predominante, contudo, no funcionamento discursivo deste conto há maior reversibilidade e a polissemia é mais aberta (maior possibilidade de constituição de múltiplos sentidos). O discurso tende menos ao autoritário (menos asserções, menos metalinguagem, não apagamento do par locutor‐enunciador etc.). À guisa de exemplo:
O sangue começa a fluir levemente quente pelo corpo. É uma sensação estranha. Lentamente o cérebro começa a reavivar as memórias, lembranças que parecem ser irreais [...]
[...] Meu nome é Richard Simon, mais um cientista que sonhava sobreviver décadas sem envelhecer [...] eu não estava buscando nenhum elixir da juventude, mas sim testando uma técnica antes presente apenas nos filmes de ficção científica, o congelamento de pessoas [...]
[...] Absurdas mutações que vem ocorrendo na população, com uma frequência cada vez maior. Não se parece com nada que algum dia tenhamos observado na natureza. Está levando a nossa espécie a extinção! [...]
Conforme os excertos destacados, o conto exibe numerosos elementos ficcionais carregados de polissemia, portanto há uma tendência ao pólo lúdico: “sensação estranha”; “parecem ser irreais”; “eu não estava buscando nenhum elixir da juventude”; “é um verdadeiro mistério” etc. De um modo geral, Um Futuro Incerto indica um funcionamento discursivo com maior abertura polissêmica do que A História Da
Contracepção, inclusive no próprio título, com exceção da polissemia própria da palavra
“contracepção”.
A reversibilidade (dinâmica da interação entre os interlocutores) é garantida exatamente pelas características acima mencionadas, ou seja, autor e leitor deslocam sentidos do referente discursivo pela ação polissêmica. Isso fica claro no seguinte trecho:
[...] Sem dúvida, as mutações que estavam ocorrendo não eram tão incríveis e fantásticas como as dos filmes da minha época. As crianças agora nasciam com síndromes desconhecidas ou com um ou mais genes deletados, o que poderia significar a morte para elas. Algumas até nasciam com mutações que não pareciam fazer muita diferença em suas vidas, às vezes até davam a elas algumas pequenas habilidades a mais, mas nada que pudesse superar as mutações maléficas que ocorriam na maioria da população [...]
Aqui temos um jogo em que Ellie vai negociando sentidos com o seu leitor idealizado (o aluno). Um dos pressupostos da Análise de Discurso é que a interlocução (e a disputa dos sujeitos pelos sentidos) se dá sempre sob a ação de um mecanismo de antecipação fundado no campo das formações imaginárias, isto é, o sujeito, ao dizer, projeta imagens (do interlocutor, do objeto do discurso, de si mesmo etc.) que o permitem passar do lugar empírico para as posições do sujeito no discurso (ORLANDI, 2012).
Ellie projeta inúmeras imagens (imagem do aluno, imagem de si mesma, imagem
do tema abordado, imagem da relação do aluno com o tema etc.) para ocupar, no caso em questão, a posição‐sujeito professor. Merece atenção a imagem que Ellie tem da relação aluno‐tema, pois todas as referências às “mutações fantásticas” das histórias de FC (presentes no imaginário dos alunos) são cercadas de ressalvas que tencionam o sentido de mutação para o campo científico. Pelo mecanismo de antecipação, o sujeito produz sua argumentação nesse jogo das formações imaginárias e, intencionalmente ou
não, diz/escreve segundo os efeitos que pensa produzir em seu imaginado leitor. Todo esse processo enunciativo e discursivo realizado por Ellie sinaliza a ação do professor‐ autor, respeitadas as suas condições de produção.
A inconclusão intencional do conto corrobora esse funcionamento discursivo. No último parágrafo, o personagem Dr. Simon reflete:
[...] Eu gostaria de estar sonhando, mas é preciso ajudar, talvez seja esse o motivo para eu ter sobrevivido ao envelhecimento e a morte durante todos esses anos. É por isso que devo iniciar agora uma nova pesquisa e continuar pensando, pensando...
A reversibilidade entre autor e leitor tem seu ápice quando o aluno é convidado para conduzir a narrativa. Ellie, na posição‐sujeito professor‐autor, oferece condições favoráveis para que o estudante assuma o processo de autoria e mobilize, em sua produção, os sentidos dos conceitos científicos estudados. Como a assunção da autoria “implica uma inserção do sujeito na cultura, uma posição dele do contexto histórico‐ social” (ORLANDI, 2012, p. 76), o professor‐autor também contribui para a formação do aluno‐autor, sujeito imerso em um amplo universo científico‐cultural.
Considerações finais
A partir da análise de dois contos de ficção científica produzidos por futuros professores no contexto do ensino de ciências e biologia, busquei, pelo viés da vertente francesa da Análise de Discurso, propiciar uma reflexão sobre a formação de professores‐
autores (OLIVEIRA, 2006). Além disso, mostrei como a relação entre o discurso científico
e o discurso ficcional pode se dar no ensino de ciências, principalmente na perspectiva da
mediação didática (LOPES, 1999). A abordagem da FC como uma forma de
contextualização e problematização do conhecimento científico, além de potencializar o aprendizado científico, pode representar uma ampliação do universo cultural de professores e alunos.
Bachelard (1977, p. 21) atesta que “o hábito da razão pode converter‐se em obstáculo da razão”, isto é, o formalismo racional pode degenerar‐se em um automatismo contrário à razão. Nessa perspectiva, o discurso ficcional, além de funcionar
contextualizando os objetos da ciência, mostra‐se importante como uma forma de problematização, desautomatização e mobilização dos sentidos do discurso científico.
Convém sublinhar que, na sala de aula, o discurso científico já não tem um funcionamento primário (CORACINI, 2007), isto é, o professor não dirige‐se a um especialista da área para tentar convencê‐lo da validade e do rigor científico de uma pesquisa. Na instituição escolar, o discurso científico está amalgamado ao discurso pedagógico de tal modo que as posições “professor” e “cientista” se sobrepõem. Nesse funcionamento discursivo particular, o professor‐autor, atento à necessidade de seu papel como voz mediadora, não atua como um simples portador do discurso pretensamente autossuficiente da ciência; o professor‐autor estabelece um discurso polêmico. De acordo com Orlandi (2011, p. 32), “uma maneira de se colocar de forma polêmica é construir seu texto, seu discurso, de maneira a expor‐se a efeitos de sentidos possíveis, é deixar um espaço para a existência do ouvinte como ‘sujeito’”.
Nos dois casos analisados neste trabalho, os sujeitos Trinity e Ellie realizaram a assunção da autoria na perspectiva discursiva defendida por Orlandi (2012). De acordo com as categorias teórico‐metodológicas estabelecidas nesta análise, inclusive a tipologia de discurso, os dois contos tiveram funcionamentos discursivos distintos, entretanto ambos mostraram alguns indícios de atuação do professor‐autor. Seja com maior abertura polissêmica (tendência ao discurso lúdico), seja com mais injunção à paráfrase (tendência ao discurso autoritário), os sujeitos evocaram o discurso pedagógico e deslocaram sentidos no processo de mediação.
Vale frisar as condições de produção da prática discursiva dos referidos sujeitos, das quais as atividades no âmbito de um projeto do PIBID fizeram parte, mas que poderiam compreender outras instâncias formativas, institucionalizadas ou não. Ainda a respeito das condições de produção, esta análise não focalizou contos de FC como os de Isaac Asimov ou de Arthur Clarke, por exemplo; abordou produções de futuros professores que buscam novas formas de ensinar, aprender e ampliar seu universo científico‐cultural, assim como o de seus alunos.
O professor‐autor não é somente a voz que materializa o discurso pedagógico; ele se apropria, interfere e reconfigura o discurso pedagógico. O professor‐autor não é somente um reprodutor do pretenso sentido unívoco e estabilizado da ciência; ele desloca sentidos conforme o complexo movimento didático. Finalmente, o professor‐ autor não é refém de práticas e saberes discursivos cristalizados; ele reflete na/sobre sua relação com práticas, linguagens, discursos e ideologias em sua materialidade sócio‐ histórica.
Referências
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