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PARA SE APRENDER INGLÊS, É PRECISO QUE O ALUNO TENHA PAIXÃO PELO IDIOMA : EM QUE ACREDITA UM ALUNO INICIANTE DO CURSO DE LETRAS (INGLÊS)?

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“PARA SE APRENDER INGLÊS, É PRECISO QUE O ALUNO TENHA PAIXÃO PELO IDIOMA”: EM QUE ACREDITA UM ALUNO INICIANTE DO CURSO DE LETRAS

(INGLÊS)?

Tatiana Diello BORGES - UFG/CAJ Neuda Alves do LAGO - UFG/CAJ

0. Introdução

Com o advento do enfoque dado aos aspectos internos que influenciam a aprendizagem de línguas estrangeiras, a partir dos anos 70 do século XX, vários fatores afetivos têm sido explorados. A investigação de crenças sobre o processo de ensino/aprendizagem de línguas tem sido um tema central de estudos não apenas na área de ensino e aprendizagem, mas também na área de formação de professores. Algumas dessas pesquisas comprovam que os profissionais do ensino de línguas são fortemente influenciados por suas crenças, as quais estão ligadas aos seus valores, à sua visão de mundo e à sua concepção de seu lugar dentro dele. Os formadores de professores perceberam que os docentes, tanto em serviço quanto em pré-serviço, não são recipientes vazios aguardando para serem preenchidos com teorias e habilidades pedagógicas (Coelho, 2005). Os professores são indivíduos que ingressam em programas de formação com experiências anteriores, valores pessoais e crenças que modelam seu conhecimento sobre ensino e guiam o que praticam em sala (Freeman e Johnson, 1998).

Assim, tendo em vista a importância dos estudos sobre crenças para o ensino/aprendizagem de línguas (Barcelos, 2004), investigamos nesta pesquisa as crenças de um aluno iniciante do curso de Letras da Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí, sobre o ensino/aprendizagem de língua inglesa. O presente trabalho faz parte do projeto de pesquisa intitulado “Desvendando as crenças

sobre ensino/aprendizagem de língua inglesa de alunos, ingressantes e concluintes, de Letras (Inglês): um estudo comparativo” financiado pelo Programa de Apoio a Projetos Institucionais do CAJ

(PROAPI/CAJ). Este projeto, iniciado em junho de 2008, conta com a participação de cinco alunos do curso de Letras (Inglês), sendo dois ingressantes e três concluintes, e tem como objetivo geral analisar algumas crenças desses acadêmicos sobre o processo de ensino/aprendizagem desse idioma. Neste artigo, por questões de espaço e pelo fato do projeto estar em seu início, optamos por apresentar os resultados de apenas um dos participantes.

Organizamos este artigo em quatro partes. Na primeira seção, apresentamos o referencial teórico, na qual tratamos do construto crenças. Na segunda parte, trazemos a metodologia escolhida para a realização do estudo, detalhando sua natureza, o contexto investigado, o participante, os instrumentos empregados na coleta de dados e a análise dos resultados. Na terceira seção, analisamos e discutimos os resultados obtidos. Por fim, trazemos as considerações finais do estudo.

1. Referencial Teórico

Este estudo, conforme mencionado, teve como embasamento teórico o construto crenças na área de ensino/aprendizagem de línguas estrangeiras. Inúmeras são as definições acerca deste termo, como abordagem de ensinar (Almeida Filho, 1993); cultura de ensinar (Feiman-Nemser e Floden, 1986); cultura de avaliar (Scaramucci, 1997); teorias pessoais (Pessoa e Sebba, 2006); cultura de

aprender línguas (Almeida Filho, 1993 e Barcelos, 1995) e representações (Grigoletto, 2001, Celani e

Magalhães, 2002 e Chiarini, 2002).

Em Lingüística Aplicada não há ainda uma definição uniforme a respeito do conceito crenças (Pajares, 1992; Silva, 2001; Barcelos, 2004). Assim, neste estudo, definimos crenças como as idéias que tanto aprendizes quanto docentes de língua inglesa possuem acerca do processo de ensino/aprendizagem desta língua. Entendemos que essas idéias modelam os processos e as estratégias que esses indivíduos desenvolvem e implementam ao aprender e utilizar a língua estudada/ensinada.

No que diz respeito às pesquisas de crenças acerca do processo de ensino/aprendizagem de línguas, estas têm revelado o quão importantes são para uma melhor compreensão do que acontece nesse processo (Vieira-Abrahão, 1999; Coelho, 2005; Borges, Oliveira e Lago, 2007). Assim, apresentamos nos parágrafos seguintes alguns desses estudos. Vale destacar que optamos por discorrer

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acerca de investigações sobre crenças que tiveram como participantes alunos de Letras em função do fato que a presente pesquisa teve como informante um acadêmico do referido curso.

André (1999) comprova a relevância de se conhecer e discutir as crenças educacionais do futuro professor, ao longo do curso de Licenciatura, ao realizar um estudo com um grupo de seis alunos em uma instituição de ensino superior no sul do país. Os resultados da pesquisa revelaram que os futuros professores possuem crenças a respeito do que é necessário e relevante para o processo de ensino/aprendizagem, assim como sobre quais fatores motivam e interferem nesse processo. Segundo a autora, muitos dos participantes também destacaram a importância da produção oral para a construção da competência lingüística. O uso de estratégias e o fator idade foram igualmente considerados importantes. No que se refere ao professor, os informantes acreditam que seja imprescindível que este domine o conteúdo a ser ministrado para exercer bem a sua profissão, devendo ainda proporcionar um clima descontraído em suas aulas para que a aprendizagem aconteça mais facilmente.

Carvalho (2000), em sua pesquisa de mestrado, realizou um levantamento com o objetivo de identificar as crenças sobre aprendizagem de línguas de alunos do curso de Letras de um centro universitário da região sudeste do Brasil. O referencial teórico baseou-se em trabalhos acerca de crenças de aprendizes, como os de Barcelos (1995) e de Horwitz (1987). Quanto aos informantes do estudo, 139 alunos do quarto período do curso de Letras, com idade entre 18 e 25 anos, sendo a maioria do sexo feminino, fizeram parte da pesquisa. Carvalho (2000) fez uma análise comparativa dos resultados de sua pesquisa com a pesquisa realizada por Horwitz em 19871.

Os resultados apresentaram a existência de duas crenças prevalentes em relação à aprendizagem de uma língua estrangeira: a de que crianças aprendem línguas mais facilmente do que adultos e a de que a estada no país de língua-alvo é condição ideal para a aprendizagem dessa língua, tendo essa última também se manifestado na pesquisa de Barcelos (1995).

Um último trabalho a ser mencionado nesta seção refere-se ao de Mateus et al. (2002). Esse estudo faz parte de um projeto de pesquisa no qual foram investigados quatorze participantes do quarto e último ano do curso de Letras Anglo de uma universidade pública do Paraná. O estudo relata os resultados de dois dos catorze sujeitos e teve por objetivo pesquisar a percepção dos alunos-professores em relação ao que seja ensinar e como, de fato, as percepções deles se desenvolviam em sua prática educacional. Segundo as autoras, as duas alunas apresentaram a crença de que um bom relacionamento entre professores e aprendizes pode resultar, por parte dos últimos, em um maior interesse em relação à disciplina, conseqüentemente, levando à aprendizagem. Notou-se que uma das participantes empenhava-se para atingir esse relacionamento cortês com o propósito de opor-se ao comportamento autoritário que recebeu de seus professores. Percebeu-se ainda que essa participante relacionava a amizade com seus alunos à sua eficiência enquanto professora.

Após essa apresentação de trabalhos que tiveram como foco de investigação crenças de alunos de Letras (Inglês), ou seja, de professores em formação, é possível constatar uma conclusão comum a esses estudos: a relevância de acessar essas crenças e refletir sobre elas. Parece ser extremamente significativo que os docentes, tanto aqueles em pré quanto aqueles em serviço, se tornem conscientes e reflexivos a respeito de suas concepções de ensino/aprendizagem de línguas, já que estas podem influenciar suas atitudes e decisões em sala de aula. É interessante notar também que essas pesquisas tiveram como participantes alunos formandos, ou que, pelo menos, já tinham cursado metade do curso de Letras. Assim, acreditamos que este trabalho tenha somado, mesmo que minimamente, às investigações sobre crenças de ensino/aprendizagem, já que se ocupou das crenças de um aluno ingressante do curso de Letras (Inglês)2.

2. Metodologia

Realizamos uma pesquisa qualitativa, na qual utilizamos o estudo de caso, uma das várias modalidades deste tipo de investigação.

1

HORWITZ, E. K. Surveying student’s beliefs about language learning. In: WENDEN, A.; RUBIN, J. (Orgs.) Learner

strategies in language learning. London: Prentice Hall International, p.110-129, 1987.

2

Faz-se extremamente necessário mencionar que, de acordo com nosso conhecimento, até o presente momento, a dissertação de mestrado de Silva (2005) a respeito de crenças sobre ensino/aprendizagem de inglês também teve como participantes alunos ingressantes do curso de Letras (Inglês).

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Partindo da afirmação de que “o propósito de um estudo de caso é descrever o caso em seu contexto” (Johnson, 1992, p. 76), fornecemos a partir de agora, informações a respeito do contexto em que esta pesquisa foi realizada e do perfil do participante envolvido. Lembramos que nessa investigação não utilizamos o nome verdadeiro do acadêmico com o intuito de resguardar sua identidade. Destacamos também que o nome do participante neste estudo foi escolhido por ele mesmo. Esta pesquisa foi realizada junto ao curso de Letras (Inglês) da Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí. A escolha por esse contexto deveu-se a três aspectos: (1) a questão da formação de professores de língua inglesa, já que o participante é aluno do curso de Letras, (2) assim como no estudo de Barcelos (1995), o crescimento profissional dos próprios pesquisadores ao analisar e pensar criticamente acerca de suas próprias crenças a respeito do processo de se ensinar e aprender inglês em contexto universitário, e (3) o fato de os pesquisadores trabalharem na referida universidade, o que facilitou o contato com o participante e processo de coleta de dados. Com 10 anos de existência, a habilitação em inglês do curso de Letras da referida universidade é oferecida no período noturno. Cerca de 90% dos alunos trabalham durante o dia e muitos advêm de cidades vizinhas a Jataí, em alguns ônibus especialmente designados para transportar os estudantes. O curso já formou 5 turmas, e em 2004 passou por uma reformulação: o regime anual, com a licenciatura dupla em Português e Inglês foi substituído pelo regime semestral, com a possibilidade de obter apenas licenciaturas únicas em qualquer das duas línguas. A média de alunos formados por turma é de 10, o que significa que a referida universidade disponibilizou, até o presente momento, cerca de 50 profissionais licenciados em língua inglesa. Paulatinamente, esses egressos do curso têm começado a atuar no ensino fundamental e médio da região, mas até a formatura da primeira turma, boa parte dos professores que ministravam inglês naqueles níveis eram graduados em outras habilitações, e ensinavam inglês para complementar sua carga horária. Tal fato, sem dúvida, reflete na qualidade de conhecimento de língua inglesa com o qual os alunos advindos dessas escolas entram no curso de Letras.

É nesse contexto que realizamos o presente trabalho com o acadêmico Arthur, um jovem entre vinte e vinte e cinco anos, seis dos quais dedicados ao estudo do inglês num conhecido curso livre da cidade em que mora e foi realizada essa pesquisa. Na época da coleta de dados, segundo semestre de 2008, Arthur cursava o segundo período de Letras (Inglês). Embora ainda não ministrasse aulas de língua inglesa3, é nítido em suas afirmativas o desejo de atuar como professor de inglês. Por “amor à língua [inglês] e interesse em dar aula no idioma”, o participante optou por cursar Letras, habilitação Língua Inglesa. A conclusão do curso está prevista para 2011. Além do inglês, o participante se mostra interessado em aprender francês e russo, duas línguas que o fascinam.

Em relação aos instrumentos de coleta de dados, utilizamos questionário (do tipo semi-aberto) e narrativa.

A escolha do uso de questionário deu-se pelo fato de que a aplicação deste requer menos tempo e menos custos (Johnson, 1992). O propósito da utilização deste instrumento era realizar o levantamento das crenças do discente a respeito do processo de ensino/aprendizagem de língua inglesa. O questionário foi elaborado conforme o objetivo deste estudo e teve como base leituras de outros questionários que investigaram crenças.

O questionário foi dividido em quatro partes. Na primeira, com onze questões, procuramos, basicamente, obter informações pessoais do participante e dados sobre sua vida estudantil que fossem relevantes para a pesquisa, como, por exemplo, onde ele estudou inglês e há quanto tempo; que razões o levaram a cursar esse idioma, dentre outras. A segunda parte é composta por vinte e sete questões que exigiam respostas objetivas. Para respondê-las, Arthur utilizou-se de um uma escala previamente elaborada, a qual variava de 1 a 5 (1 indicando plena concordância com a questão e 5 total discordância da mesma). Na terceira parte, o participante deveria completar cinco frases como, por exemplo, “Um bom professor de inglês é...” e “Algumas ações e atitudes que podem impedir ou atrapalhar a aprendizagem e inglês são...”. O objetivo desta atividade era induzir Arthur a elaborar metáforas que serviriam como indícios de suas crenças acerca do tema estudado. Já as questões da parte 4 (um total de seis), pediam respostas subjetivas e versavam sobre o ensino de inglês no curso de Letras e a visão dos alunos acerca do mesmo.

3

O participante trabalha no comércio local, como vendedor em uma loja de enxovais. Contudo, a partir do próximo ano começará a sua atuação como professor de inglês do Centro de Línguas daquela universidade, visto que já foi aprovado na seleção.

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Neste estudo utilizou-se também narrativa. A opção por narrativa deu-se em função do fato de que por meio das histórias de nossos alunos (assim como de professores) podemos compreender melhor suas crenças acerca do processo de ensino/aprendizagem e quem eles são ou se tornaram como aprendizes (Barcelos, 2006) e, a nosso ver, também, no contexto em questão, quem eles se tornarão como futuros professores de língua inglesa. Além disso, de acordo com Gudmundsdottir (1995), as narrativas, assim como as crenças, nos ajudam a interpretar o mundo e a dar sentido aos fatos.

A narrativa foi elaborada seguindo um modelo baseado em Murphey (1997), o qual é composto por algumas perguntas (como, por exemplo, Quais experiências positivas e negativas você

teve ao estudar a língua inglesa e o que aprendeu com elas?, Quais aspectos você acha que sejam úteis para se aprender inglês, de modo geral, e para estudar esta língua no curso de Letras?) que

serviram como guia durante a escrita da narrativa do aluno. Vale mencionar que a narrativa foi solicitada ao participante após a aplicação do questionário.

Para a análise dos dados, adotamos os procedimentos da pesquisa qualitativa. Primeiramente, realizamos uma leitura geral dos dados buscando encontrar categorias. Em seguida, procedemos a uma leitura detalhada, anotando nossas impressões com o objetivo de promover questionamentos e buscar conexões entre as partes. Através desta triangulação, os dados foram segmentados por temas que se configuraram em cinco categorias de análise, a saber: (1) Crenças sobre ensino/aprendizagem de inglês; (2) Crenças sobre o papel do professor; (3) Crenças sobre o papel do aluno; (4) Crenças sobre o lugar ideal para se aprender inglês; e, (5) Crenças sobre o curso de Letras (Inglês).

3. Resultados

Conforme mencionado na introdução deste artigo, por questões de espaço e pelo fato do projeto “Desvendando as crenças sobre ensino/aprendizagem de língua inglesa de alunos,

ingressantes e concluintes, de Letras (Inglês): um estudo comparativo” estar em seu início,

apresentamos, neste artigo, apenas resultados parciais obtidos até o momento.

Assim, através do levantamento realizado em relação às crenças do aluno participante sobre o processo de ensino/aprendizagem de inglês foi possível agrupá-las em cinco categorias: (1) Crenças

sobre ensino/aprendizagem de inglês; (2) Crenças sobre o papel do professor; (3) Crenças sobre o papel do aluno; (4) Crenças sobre o lugar ideal para se aprender inglês; Crenças sobre o curso de Letras (Inglês), das quais trataremos a seguir:

(1) Crenças sobre ensino/aprendizagem de inglês: os resultados sugerem a crença do participante de que no processo de ensino/aprendizagem de inglês: (a) a tradução palavra por palavra deve ser evitada, (b) aluno e professor dividem a responsabilidade pelo processo, (c) a língua-alvo não deve ser associada à língua materna (“[O aluno não deve] associar inglês com português. Se o aluno mantém a

mente presa no português, ele não vai aprender inglês” - Arthur, questionário) e (d) a gramática

desempenha um papel importante.

(2) Crenças sobre o papel do professor: foi possível perceber que o acadêmico parece acreditar que o papel do professor seja (a) transmitir o conhecimento que possui aos aprendizes, (b) compartilhar conhecimentos, (c) “desperta [r] o interesse dos seus alunos a aprender inglês” (Arthur, questionário) e (d) tornar as aulas variadas e interessantes.

(3) Crenças sobre o papel do aluno: o participante parece crer que o aluno deve (a) ter interesse e paixão pelo domínio da língua, (b) buscar aprender fora da sala de aula e (c) cumprir o que o professor propõe. Nas palavras de Arthur:

[...] o bom aluno é aquele interessado no idioma, cumpre o que lhe é proposto pelo professor [...] que corre atrás para sanar suas dúvidas, e não espera as respostas de mão beijada. É o aluno que ouve músicas atento no idioma, que tenta assistir filmes estrangeiros sem legenda, que corre atrás mesmo de conhecimento (Arthur, narrativa).

(4) Crenças sobre o lugar ideal para se aprender inglês: pudemos inferir que para o discente o lugar mais apropriado para se estudar a língua inglesa é o curso livre:

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[...] em 2003, no primeiro ano do ensino médio, eu comecei o curso na [escreve o nome do curso livre em Jataí] [e] foi lá que eu realmente descobri o inglês, através dos professores, da metodologia [...] (Arthur, narrativa).

(5) Crenças sobre o curso de Letras (Inglês): foi possível inferir que o aluno participante acredita que o curso de Letras (Inglês) não é inferior a outros cursos, e que ali ele aprenderá a língua inglesa e estudará sobre didática. Além destas crenças, foi possível constatar que o acadêmico acredita que os alunos de Letras (Inglês) devem ter interesse em relação ao idioma estudado (“Para se aprender

inglês, é preciso ter interesse, acima de tudo. É necessário querer e buscar o domínio na língua” -

Arthur, narrativa) e amor ao ofício de professor (“Meu conselho para quem está começando agora é

que se dedique bastante aos estudos, e que tenha paixão pelo idioma e pelo ofício de ensinar e transmitir conhecimento” - Arthur, narrativa).

4. Conclusão

Esta pesquisa possibilitou-nos responder a uma questão central. Tendo em vista que o participante deverá cursar no curso de Letras (Inglês) oito períodos de língua estrangeira, cabe perguntar: quais são as crenças a respeito do processo de se ensinar e aprender inglês que o acadêmico iniciante de Letras traz para o contexto de sala de aula? Tal pergunta parte do pressuposto que as crenças guiam nossas ações, influenciam e são, ao mesmo tempo, influenciadas por elas (Barcelos, 2000).

As categorias de crenças apresentadas pelo aluno encontram respaldo em estudos realizados acerca de outros alunos e professores que as compartilham, mas as crenças específicas formam um conjunto único que certamente influencia as estratégias utilizadas por Arthur na sua graduação.

Finalizamos destacando o empenho do aluno participante. Arthur demonstrou, além de grandes expectativas em relação a sua formação superior, acreditar que para se tornar um bom profissional é imprescindível ter amor pelo idioma e pelo ofício de professor, aspectos estes com os quais nós, pesquisadores, concordamos plenamente!

Referências

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