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Capacidade funcional e qualidade de vida: um estudo comparativo entre idosos institucionalizados e no domicílio

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UNIVERSIDADE DO ALGARVE

CAPACIDADE FUNCIONAL

E QUALIDADE DE VIDA:

UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE

IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

E NO DOMICÍLIO

SANDRA ISABEL FORRA DA SILVA

Dissertação elaborada com vista à obtenção do Grau de Mestre em

Gerontologia Social

Trabalho efetuado sob a orientação de: Profª Dr.ª Emília Isabel Martins Teixeira da Costa

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UNIVERSIDADE DO ALGARVE

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO

ESCOLA SUPERIOR DE SAÚDE

CAPACIDADE FUNCIONAL

E QUALIDADE DE VIDA:

UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE

IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS

E NO DOMICÍLIO

SANDRA ISABEL FORRA DA SILVA

Dissertação elaborada com vista à obtenção do Grau de Mestre em

Gerontologia Social

Trabalho efetuado sob a orientação de: Profª Dr.ª Emília Isabel Martins Teixeira da Costa

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Capacidade Funcional e Qualidade de Vida: um estudo

comparativo entre idosos institucionalizados e no domicílio

Declaração de autoria de trabalho

Declaro ser a autora deste trabalho, que é original e inédito. Autores e trabalhos consultados estão devidamente citados no texto e constam da listagem de referências incluída.

Copyright

A Universidade do Algarve tem o direito, perpétuo e sem limites geográficos, de arquivar e publicar este trabalho através de exemplares impressos reproduzidos em papel ou de forma digital, ou por qualquer outro meio conhecido ou que venha a ser inventado, de o divulgar através de repositórios científicos e de admitir a sua cópia e distribuição com objetivos educacionais ou de investigação, não comerciais, desde que seja dado crédito ao autor e editor.

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3

Dedico o presente trabalho à minha família, nomeadamente aos meus pais e avós, por todo o carinho, paciência e dedicação demonstrada ao longo destes anos e por todo o apoio na concretização dos meus sonhos académicos e profissionais.

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Agradecimentos

Ao completar mais uma etapa da minha vida académica faz sentido expressar a minha gratidão e reconhecimento a todos os que, direta ou indiretamente, contribuíram para este momento.

A todos os docentes deste mestrado agradeço pelos conhecimentos transmitidos. À Professora Dr.ª Emília Costa, como orientadora deste trabalho, pelo contributo para a sua realização, pela disponibilidade, incentivo e partilha de experiências e saberes.

Ao Professor Filipe Nave pela disponibilidade e apoio na análise estatística dos dados.

À Vice-provedora da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real de Santo António, prof.ª Marília Rufino, pela disponibilidade e por possibilitar a realização da investigação.

Ao provedor da Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim, Sr. José Cabrita, por permitir a realização desta investigação.

A todos os outros responsáveis pelas instituições envolvidas (Santa Casa da Misericórdia de Vila Real de Santo António, Santa Casa da Misericórdia de Castro Marim e Associação de Bem Estar Social da Freguesia do Azinhal) pela simpatia, e pela colaboração na recolha de dados.

Ao Centro Português para a Avaliação da Qualidade de Vida em especial à Professora Dr.ª Cristina Canavarro e à Dr.ª Sofia Gameiro pela cedência do instrumento de avaliação da qualidade de vida WHOQOL-Bref.

A todos os participantes, na amostra desta investigação, um agradecimento especial por partilharam momentos inesquecíveis, tornando o momento da colheita de dados um momento único e imprescindível à concretização desta dissertação.

A todos os que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste projeto. À minha mãe um agradecimento muito especial pela constante presença, motivação, ajuda, disponibilidade e apoio incondicional.

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5

“Em cada fase do desenvolvimento o indivíduo está constantemente a negociar o ponto de equilíbrio entre estar ligado aos outros e ser autónomo.”

(7)

6 RESUMO

Os progressos registados nas últimas décadas a nível científico e tecnológico conduziram, nos países desenvolvidos, ao aumento da esperança média de vida. A este facto juntou-se a diminuição da taxa de natalidade, em virtude de alterações sociais, assistindo-se atualmente a um envelhecimento populacional.

Ao longo do ciclo de vida ocorrem alterações fisiológicas que se manifestam de forma mais rápida e drástica na terceira idade, podendo condicionar o grau de dependência do idoso relativamente ao desempenho das atividades de vida diária e consequentemente influenciar a sua qualidade de vida. Neste sentido, surgiu a necessidade de estudar a capacidade funcional e a qualidade de vida do idoso de forma a conhecer as suas necessidades para poder intervir ao nível da promoção de um envelhecimento saudável.

O presente trabalho é um estudo transversal, de metodologia quantitativa, que teve por objetivo comparar a capacidade funcional e qualidade de vida do idoso em contexto de institucionalização e em contexto domiciliário. A investigação foi realizada com idosos, institucionalizados em lares e centros de dia da Santa Casa da Misericórdia do concelho de Vila Real de Santo António e do concelho de Castro Marim e numa associação de apoio domiciliário, a ABESFA, sedeada no último concelho, aos quais foram aplicados o Índice de Barthel e a WHOQOL-bref. Foi, também, feita a caracterização das diferentes instituições e dos indivíduos que fazem parte da amostra.

Os resultados obtidos não foram estatisticamente significativos para as variáveis género, idade e estado civil, não permitindo inferir a sua associação com a capacidade funcional. Contudo, obtiveram-se dados estatisticamente significativos no referente às características da instituição, à tipologia da instituição, ao facto de se viver sozinho e à qualidade de vida.

Concluímos que os idosos em contexto domiciliário são mais autónomos do que os idosos institucionalizados.

Palavras chave: capacidade funcional, qualidade de vida, idoso, institucionalização,

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7 ABSTRACT

The scientific and technological progress achieved in the last decades led to a higher life expectancy rate in the developed countries. This fact allied to the social changes that caused a decline of the birth rate bears witness to the current aging of the population.

Throughout one’s life many physiological changes occur. These changes happen more noticeably and quickly in the elderly population. By affecting the way the elders in our society perform their everyday tasks. These changes may influence the senior citizens degree of dependency upon others and therefore their quality of life. We felt, therefore, the need to study the functional capacity and quality of life of the seniors in order to meet their nedds and to intervene by promoting a healthy aging process.

This study is a cross study of quantitative methodology that is intended to measure the functional capacity and the quality of life in senior citizens in both institutionalized and home environments. The research was conducted in nursing homes and day care centers run by Santa Casa da Misericórdia in Vila Real de Santo António and in Castro Marim. Senior citizens with home support from the ABESFA organization in Castro Marim were also included. This study applied the Barthel Index and the WHOQOL-bref throughout the whole process. It was also made the characterization of the institutions and the individuals.

The statistical treatment of the data showed no significant differences pertaining to age, gender and marital status, not allowing to infer its association with the functional capacity of the seniors. The study did, however, yield statistical relevant data when considering such variables as living alone, quality of life and the type of institution and how these variables affect the functional capacity the senior population.

In conclusion the elderly in home context are more autonomous than the institutionalized elderly.

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ABREVIATURAS

Dr.ª – Doutora p. – página pág. – página Prof.ª – Professora s/d – sem data nº - número

SIGLAS

ABESFA – Associação de Bem Estar Social da Freguesia do Azinhal AIVD – Atividades Instrumentais de Vida Diária

ARS – Administração Regional de Saúde AVC – Acidentes Vasculares Cerebrais AVD – Atividades de vida diária

CCDR – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade

DGS – Direção-geral da Saúde

FEDER - Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional INE – Instituto Nacional de Estatística

OMS – Organização Mundial da Saúde SAD – Serviço de Apoio Domiciliário

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences VRSA – Vila Real de Santo António

WHO – World Health Organization

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ÍNDICE

Pág.

INTRODUÇÃO ………... 14

PARTE I – Enquadramento teórico 1. PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO………... 18

2. ASPETOS DEMOGRÁFICOS DA POPULAÇÃO PORTUGUESA ... 22

3. CARATERIZAÇÃO DO CONCELHO ………... 25

3.1. CONCELHO DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO ………... 25

3.2. CONCELHO DE CASTRO MARIM ……… 27

4. ENVELHECIMENTO ……… 28

5. CAPACIDADE FUNCIONAL ………... 33

6. QUALIDADE DE VIDA ……… 41

7. INSTITUCIONALIZAÇÃO ……….. 45

7.1. LAR E CENTRO DE DIA ……… 45

7.2. APOIO DOMICILIÁRIO ……….. 48

8. CARATERIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES ESTUDADAS ……….. 50

8.1. LAR DR. ALONSO VASQUEZ ………... 50

8.2. CENTRO DE DIA DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO ……...…... 53

8.3. LAR DR. JOSÉ COLAÇO FERNANDES ……… 55

8.4. LAR DE IDOSOS DA SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE CASTRO MARIM ……….... 57

8.5. ABESFA ……….……... 60

PARTE II – Enquadramento Metodológico 9. ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO ………. 64 9.1. QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO ………...………. 64 9.2. OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO ……..………... 66 9.3. TIPO DE ESTUDO ………...………. 66 9.4. POPULAÇÃO E AMOSTRA ………..………….…………. 67 9.5. PROCEDIMENTOS ÉTICO-LEGAIS ……….. 71 9.6. VARIÁVEIS ……….………. 72 9.7. HIPÓTESES ………...………… 73

(11)

10

9.9. INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS ………. 78

9.9.1. Questionário institucional e questionário sociodemográfico ……….. 79

9.9.2. Índice de Barthel ………... 79

9.9.3. WOQOL- bref ……….……….. 81

9.10. Procedimentos de tratamento e análise de dados ………..…. 83

PARTE III – ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS 10. ANÁLISE DESCRITIVA DOS DADOS OBTIDOS ……...……….……. 85

10.1. ANÁLISE DESCRITIVA DAS INSTITUIÇÕES ………...…… 85

10.1.1. Acessibilidade das instituições ………... 86

10.1.2. Componente social das instituições ………... 88

10.2. ANÁLISE DESCRITIVA DA AMOSTRA ……….……... 90

10.3. ANÁLISE DESCRITIVA DOS INSTRUMENTOS DE COLHEITA DE DADOS ………. 92

10.3.1. Índice de Barthel ………. 92

10.3.2. WOQOL – bref ………...………. 96

11. ANÁLISE INFERENCIAL ……….. 102

12. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ………...…………. 110

13. CONCLUSÕES……….……….……… 131

14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ……….………... 132

ANEXOS Anexo I – Ofícios de pedido de autorização para a realização do estudo…. …. 146 Anexo II – Formalização das autorizações por escrito………. 148

Anexo III – Folha de consentimento informado ……….. 151

Anexo IV – Pedido de cedência da WHOQOL- bref ………... 154

Anexo V – Formulário para a cedência da WHOQOL- bref ……….. 156

Anexo VI – Autorização para a utilização da WHOQOL- bref ………..……… 158

Anexo VII – Questionário institucional ……….. 160

Anexo VIII – Questionário sociodemográfico ………... 165

Anexo IX – Índice de Barthel ………... 172

(12)

11

ÍNDICE DE TABELAS

Pág.

Tabela nº 8. 1 – Caraterização do espaço físico do lar Dr. Alonso Vasquez…. 53

Tabela nº 8. 2 - Caraterização do espaço físico do centro de dia de Vila Real de

Santo António……….... 55

Tabela nº 8. 3 - Caraterização do espaço físico do lar Dr. José Colaço

Fernandes ……….. 57

Tabela nº 8. 4 - Caraterização do espaço físico do lar da Santa Casa da

Misericórdia de Castro Marim ……….. 59

Tabela nº 8. 5 - Caraterização do espaço físico da ABESFA ………...….. 61

Tabela nº 9. 6 – Distribuição da população e da amostra em estudo …………. 70

Tabela nº 10. 7 – Distribuição das variáveis ligadas a aspetos físicos da

instituição ……….. 86

Tabela nº 10. 8 - Distribuição das variáveis ligadas a aspetos sociais da

instituição ……….…………. 89

Tabela nº 10. 9 - Distribuição das variáveis sócio demográficas da

amostra………. ……… 90

Tabela nº 10. 10 – Distribuição da amostra pelos níveis de dependência em

cada atividade de vida ………... 93

Tabela nº 10. 11 – Distribuição dos resultados do Índice de Barthel de acordo

com a tipologia da instituição ……….….. 95

Tabela nº 10. 12 – Distribuição da amostra de acordo com as respostas às

questões da WHOQOL – bref ……….……….. 96

Tabela nº 10. 13 – Distribuição dos resultados obtidos com WHOQOL – bref . 100

Tabela nº 11. 14 – Resultados da aplicação do teste de normalidade

Kolmogorov-Smirnov na variável capacidade funcional ……….…. 103

Tabela nº 11. 15 – Resultado da aplicação do teste de normalidade

Kolmogorov-Smirnov na variável qualidade de vida …………..……… 103

Tabela nº 11. 16 – Diferença de médias para o Índice de Barthel segundo a

presença de rampas de acesso nas instituições………….………. 104

Tabela nº 11. 17 – Resultado do teste de Bonferroni para a existência de

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12 Tabela nº 11. 18 – Diferença de médias para o Índice de Barthel segundo a

existência de portas largas nas instituições……… 105

Tabela nº 11. 19 – Resultado do teste de Bonferroni para a existência de portas

largas nas instituições………. 105

Tabela nº 11. 20 – Diferença de médias para o Índice de Barthel segundo a

existência de camas articuladas nas instituições……….……….. 106

Tabela nº 11. 21 – Resultado do teste de Bonferroni para a existência de camas

articuladas nas instituições ……… 106

Tabela nº 11. 22 – Diferença de médias para o Índice de Barthel segundo a

variável independente género………. 106

Tabela nº 11. 23 – Correlação de Pearson relativamente ao índice de Barthel e

à variável independente idade……… 107

Tabela nº 11. 24 – Diferença de médias para o Índice de Barthel segundo a

variável independente estado civil………. 107

Tabela nº 11. 25 – Diferença de médias para o Índice de Barthel segundo a

variável independente tipologia das instituições……… 108

Tabela nº 11. 26 – Análise descritiva para a variável independente tipologia da

instituição segundo o Índice de Barthel ……… 108

Tabela nº 11. 27 – Diferença de médias para o Índice de Barthel segundo a

tipologia de acompanhamento do idoso no domicílio………... 108

Tabela nº 11. 28 – Análise descritiva para a variável independente tipologia de

acompanhamento do idoso no domicílio………... 109

Tabela nº 11. 29 – Correlação de Pearson relativamente ao Índice de Barthel e

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13

ÍNDICE DE FIGURAS

Pág.

Figura nº 3. 1 – Mapa do Algarve ……… 25 Figura nº 3. 2 – Mapa do concelho de Vila Real de Santo António ………….. 26

Figura nº 3. 3 – Mapa do concelho de Castro Marim ………..……… 27 Figura nº 8. 4 – Fotografia do lar Dr. Alonso Vasquez……… 50 Figura nº 8. 5 – Fotografia do centro de dia de Vila Real de Santo António ….. 53 Figura nº 8. 6 – Fotografia do lar Dr. José Colaço Fernandes ……….… 55 Figura nº 8.7– Fotografia do lar da Santa Casa da Misericórdia de Casto

Marim ……… 57

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Pág.

Gráfico 2. 1 – Evolução da população residente em Portugal de 1981 a 2011 … 22 Gráfico 2. 2 – Distribuição, em Portugal, da população residente e da

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14

INTRODUÇÃO

O crescente aumento demográfico associado às baixas taxas de natalidade e de mortalidade levou a que nas últimas décadas se verificasse um aumento significativo do envelhecimento populacional. Este fenómeno ocorreu devido, entre outros fatores, às melhorias sociais em áreas como a saúde, a alimentação, a habitação, o saneamento básico.

Apesar de todos os progressos que ocorreram ao nível da medicina e da tecnologia tem-se verificado, na população mais idosa, um aumento da prevalência de doenças crónicas e a crescente necessidade de serviços de saúde e de redes de apoio social, a fim de manter as capacidades funcionais e a independência dos idosos. Pois estes deparam-se, nesta fase da vida, com vários problemas a nível social, a nível psicológico, a nível físico, e até a nível financeiro. Assim, decorrente do crescente envelhecimento populacional e da problemática que envolve esta população, surge a preocupação com as diversas necessidades que os idosos apresentam e com a importância de, atempadamente, identificar essas necessidades para delinear estratégias que possam ajudar a supri-las.

Cada vez mais é imprescindível intervir ao nível da promoção de um envelhecimento saudável, ou seja, de um envelhecimento de forma autónoma e independente durante o maior período de tempo possível (Sequeira, 2011). É fundamental melhorar a qualidade de vida, a manutenção da saúde funcional e a prevenção da incapacidade.

Quando se fala de idosos fala-se de pessoas que têm as suas características específicas e que são portadoras de um imensurável conjunto de experiências, conhecimentos e aprendizagens, efetuadas ao longo de todo o seu ciclo de vida. Estas pessoas têm as suas necessidades básicas, necessitam de reconhecimento, valorização, carinho e autonomia. Não podem, nem devem, ser estigmatizados pela sociedade, que deixou de os considerar como repositório de saberes e passou a vê-los como um estorvo, como alguém que já cumpriu as suas funções sociais e de quem nada mais há esperar. Contudo, as capacidades da pessoa idosa devem ser reconhecidas e estimuladas de modo a mantê-las ativas.

A partir de determinada idade, a pessoa torna-se mais vulnerável às agressões do meio envolvente. Com o avançar da idade, essas agressões são causadoras de um

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15

enfraquecimento físico generalizado. Os problemas de saúde que surgem durante o envelhecimento são, na maior parte, representantes de um declínio ao nível das funções físicas e mentais (Saldanha, 2009).

São várias as alterações fisiológicas, que ocorrem ao longo do processo de envelhecimento, que podem condicionar a capacidade funcional do idoso e consequentemente a sua qualidade de vida. O conceito de capacidade funcional está intimamente relacionado com a autonomia da pessoa para a concretização das atividades de vida diária. A avaliação da capacidade funcional visa conhecer o grau de dependência do idoso, de modo a ajudá-lo a manter a autonomia pelo maior período de tempo possível.

A qualidade de vida engloba diversos fatores, sendo muitas vezes associada a questões relacionadas com a autonomia. Neste sentido a realização de ações de prevenção, manutenção ou de reabilitação da capacidade funcional, é essencial para a qualidade de vida da população idosa (Nunes et al., 2009).

O presente trabalho de investigação pretende estudar a capacidade funcional do idoso em contexto de institucionalização e em contexto domiciliário e estabelecer relação entre a sua capacidade funcional e a qualidade de vida. Este estudo emerge da necessidade de conhecer o nível de autonomia da população idosa institucionalizada, em lar e centro de dia, e da população idosa que se encontra no domicílio, mas que recebe algum tipo de apoio domiciliário, de modo a poder compará-las.

A investigação foi realizada com idosos institucionalizados em lar e centro de dia nos concelhos de Vila Real de Santo António e de Castro Marim e com idosos da Associação de Bem-Estar Social da Freguesia do Azinhal (ABESFA), instituição que presta cuidados de apoio domiciliário à população idosa do concelho de Castro Marim.

O presente trabalho encontra-se dividido em três partes distintas, mas que se encontram interligadas pela temática da investigação. Assim, na parte I é feito o enquadramento teórico, que dá suporte teórico ao estudo, onde são abordados os principais conceitos relacionados com a temática da investigação. Nesta parte são abordados temas como o envelhecimento, a capacidade funcional, a qualidade de vida e a institucionalização. Sendo ainda feita a caraterização dos concelhos envolvidos no estudo, bem como a caraterização das instituições estudadas.

A parte II diz respeito ao enquadramento metodológico. É nesta parte do trabalho que, entre outros aspetos, são enumerados os objetivos, é definida a questão de investigação, são delineadas hipóteses, são referidos os instrumentos de recolha de dados, os procedimentos éticos e é feita a caraterização do estudo e da amostra.

(17)

16

A III parte prende-se com os resultados da investigação, com a análise e discussão desses resultados assim como com as principais conclusões obtidas.

Para a elaboração desta investigação recorreu-se à pesquisa bibliográfica em bibliotecas e on-line, através de motores de buscas e bases de dados da internet. Foram assim consultados livros, revistas, teses, artigos científicos e circulares. Procedendo-se posteriormente à leitura crítica, seleção e reflexão sobre as temáticas.

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1. PROBLEMÁTICA DA INVESTIGAÇÃO

O estudo do processo de envelhecimento tem vindo a adquirir cada vez mais importância, em parte devido ao aumento significativo da população idosa, em consequência das baixas taxas de natalidade e de mortalidade que se verificam por todo mundo. Efetivamente, envelhecer é um fenómeno universal, irreversível e inevitável.Paúl & Fonseca (2005) referem que a percentagem de idosos portugueses duplicará entre 2004 e 2050, atingindo uma percentagem de 31,9%. Epidemiologistas preveem que em 2020, a nível mundial, o número de pessoas com idade superior a 65 anos seja o dobro do atual e que em Portugal em 2030 o número de idosos, com mais de 80 anos, duplique (Saldanha, 2009).

Desde Hipócrates até aos inícios do século IXX a idade dos 50 anos era considerada como o início da velhice, correspondendo a cerca de dois terços da vida do Ser Humano (Saldanha, 2009).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu a idade dos 65 anos como o início do envelhecimento. Com o passar do tempo, os 65 anos foram deixando de ser um indicador rigoroso do início da velhice, passando a considerar-se a existência de várias idades possíveis para a transição da idade adulta para a velhice. Atualmente reconhece-se a existência de processos de envelhecimento, de cariz individual e diferenciado de pessoa para pessoa, de acordo com as trajetórias desenvolvimentais a que cada indivíduo está sujeito ao longo do seu ciclo de vida (Paúl & Fonseca, 2005). Assim, a diversidade do envelhecimento humano deriva da interação entre múltiplos fatores, como os fatores genéticos, ambientais e socioeconómicos (Nunes, 2008).

Carvalho & Dias (2011) referem que o envelhecimento é um fenómeno complexo que não envolve somente aspetos demográficos da população, mas também aspetos de cariz sociocultural, económicos e políticos. Esses aspetos estão em permanente interação com a dimensão biológica e subjetiva de cada pessoa. Também a Direção-geral da Saúde (DGS) (2006) reconhece que determinantes individuais, biológicos, genéticos e psicológicos contribuem para a forma como sucede o envelhecimento. Assim o declínio das funções associadas ao processo de envelhecimento relaciona-se com fatores genéticos, comportamentais, ambientais e sociais.

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19

De acordo com Saldanha (2009) o aumento de pessoas com mais de 65 anos é maior no sexo feminino. Nunes (2008) refere que a longevidade feminina é em média 5 anos maior que a masculina. De acordo com a mesma autora a longevidade do sexo feminino não se prende apenas com genes, depende em parte das características culturais e antropológicas da sociedade em que se vive.

Segundo os diferentes autores o processo através do qual a velhice se instala depende das características de cada indivíduo e/ou das influências do meio.

A velhice é a última etapa da vida, mas o processo de envelhecimento ocorre desde a conceção até à morte. São várias as alterações que o Ser Humano experimenta com o passar dos anos. Segundo Ballesteros (2009) após um período de crescimento rápido e de estabilidade relativa, o ser humano depara-se com uma perda de eficiência biológica.

O envelhecimento populacional, associado à inevitável perda de eficiência biológica, tem sido acompanhado pelo aumento da morbilidade e pelo consequente declínio da qualidade de vida. Pois com a idade aumenta a incidência de doenças crónicas e degenerativas, que conduzem, na sua maioria, a situações de dependência. Assim, as doenças que mais se manifestam após os 65 anos são as doenças cardiovasculares, as doenças músculo-esqueléticas, as doenças do aparelho respiratório e alguns tipos de cancro como o do estômago, pulmão, cólon (Saldanha, 2009).

Para se viver durante mais anos e com melhor saúde é essencial a adoção de estilos de vida saudáveis e uma atitude participativa na promoção do autocuidado, pois nunca é tarde de mais para se alterar o modo de vida. Neste sentido é importante que ocorra uma mudança de mentalidades e de atitudes por parte da população face ao envelhecimento. Assim, e de acordo com a DGS (2006)

A estimulação da iniciativa pessoal das pessoas idosas, para a autonomia e independência, é um imperativo de natureza ética, revelador da conceção humanista em que assenta uma sociedade, da responsabilidade solidária do Estado e da consciencialização, de cada cidadão, do sentimento de pertença a uma comunidade, através da sua participação e empenhamento generoso a favor da saúde dos mais frágeis. (p. 12)

Existem idosos que envelhecem de forma saudável, mantendo-se ativos na sociedade, ultrapassando facilmente situações adversas (resultantes do próprio processo de envelhecimento) e mantendo-se independentes nas suas atividades (Saldanha, 2009). Também Paúl, Fonseca, Martín & Amando (2005) referem que ao longo do processo de

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envelhecimento podemo-nos deparar com idosos que envelhecem de forma saudável e ativa, mas também com idosos incapazes, cuja autonomia se encontra limitada quer pela presença de doenças, quer pelo contexto em que vivem. Ballesteros (2009) considera que o envelhecimento normal é aquele que decorre sem a ocorrência de patologias, ao passo que o envelhecimento patológico encontra-se associado a vários problemas de saúde, frequentemente de carácter crónico.

O envelhecimento, como parte integrante do ciclo de vida, pode constituir uma oportunidade para viver-se de forma saudável e autónoma, o que implica uma ação ao nível da mudança de comportamentos e atitudes pela população. Envelhecer de forma saudável, autónoma e durante o maior período de tempo possível constitui um desafio individual e coletivo que se traduz de forma significativa no desenvolvimento económico de um país (DGS, 2006).

O envelhecimento bem-sucedido não se pode prender apenas com a condição de saúde física, mas também com a adoção de estilos de vida e com as interações complexas entre diversos fatores, que permitam alcançar objetivos de manutenção da capacidade funcional/autonomia, satisfação com a vida, longevidade, participação social ativa e uma adaptação positiva (Fonseca, 2005).

De acordo com Saldanha (2009) os problemas de saúde que advém do envelhecimento são, na sua maior parte, representantes de um declínio ao nível das funções físicas e mentais. A partir de determinada idade, a pessoa torna-se mais frágil e vulnerável às agressões do meio envolvente causadoras de um enfraquecimento físico generalizado.

Os efeitos do processo de envelhecimento estão relacionados com a aprendizagem, o tempo de trabalho, o lazer, a oferta e também a procura de cuidados pelas pessoas nas diferentes idades (Costa, 2006). A referida autora menciona ainda que os indivíduos portadores de marcadores genéticos de grande longevidade, que adotaram estilos de vida saudáveis, ao longo de toda a vida, por volta dos 85 anos manifestam uma insuficiência funcional por parte de alguns órgãos vitais, o que consequentemente os torna menos resistentes ao stress do quotidiano. A este acontecimento dá-se o nome de síndrome de fragilidade. Esta caracteriza-se por uma insuficiência, de intensidade variável, por parte de alguns órgãos, o que conduz à incapacidade, culminando habitualmente na perda parcial ou até mesmo total da independência.

A síndrome de fragilidade não é identificada como sendo uma doença, mas sim como um estado intermédio entre ser funcionalmente competente e estar capacitado para a realização de apenas uma ou mais tarefas da vida diária (Saldanha, 2009).

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Apesar de, atualmente, envelhecer-se cada vez mais tarde e da grande maioria dos idosos conseguir conservar um razoável estado de saúde e de vitalidade, estes encontram-se mais vulneráveis à doença e à morte, em conencontram-sequência de uma diminuição física, psíquica e social (Costa, 2006).

O envelhecimento populacional associado às alterações ao nível do padrão epidemiológico, da estrutura de comportamentos sociais e familiares da sociedade portuguesa, determina as novas necessidades que surgem com a saúde e para as quais devem encontrar-se respostas adequadas (DGS, 2004).

Para Fonseca (2006) quando se pensa em idosos, deve pensar-se, entre todas as outras condições, também na condição de saúde que envolve todo o processo de envelhecimento e que é essencial para o bem-estar. Deste modo deverá pensar-se na saúde sempre que se pensa na promoção de um envelhecimento bem-sucedido.

No entanto a promoção de um envelhecimento saudável e bem-sucedido não envolve só a saúde, mas múltiplos sectores como a saúde, a educação, a segurança social, o trabalho, a economia, a justiça, a habitação, os transportes, o turismo, as novas tecnologias, a cultura, entre outros. É neste âmbito que surge a realização do presente trabalho de investigação de forma a conhecer e comparar a capacidade funcional da população idosa em diferentes contextos. Perceber quais os fatores institucionais (presença de rampas de acesso, existência de portas largas, camas articuladas) e individuais (idade, género, estado civil) que se relacionam com a autonomia do idoso nas atividades de vida diária (AVD), e de que forma determinam um envelhecimento mais ou menos ativo.

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2. ASPETOS DEMOGRÁFICOS DA POPULAÇÃO PORTUGUESA

O envelhecimento populacional é considerado um fenómeno de dimensão mundial. A World Health Organization (WHO) (2002) prevê que em 2025 existam 1,2 biliões de pessoas com mais de 60 anos, residindo a maior parte destas pessoas nos países desenvolvidos (cerca da 75%).

De acordo com os resultados dos censos 2011 Portugal tem atualmente cerca de 10 561 614 habitantes, tendo crescido cerca de 2% na última década (gráfico nº 2. 1). Desta população 47,79% são elementos do sexo masculino e 52,21% são do sexo feminino (Instituto Nacional de Estatística - INE, 2011).

Gráfico nº 2. 1 – Evolução da população residente em Portugal de 1981 a 2011

Fonte: INE (censos 2011 – Resultados Provisórios)

Ao longo desta última década o Algarve foi a região do país onde se verificou um maior crescimento populacional passando de 395 218 habitantes para um total de 451 005 habitantes, o que corresponde a um aumento de cerca de 14,1%. A população residente na região do Algarve com idade igual ou superior a 65 anos representa 19,6% da população total (Comissão de Coordenação e de Desenvolvimento Regional - CCDR Algarve, 2011).

O município de Vila Real de Santo António tem, atualmente, cerca de 19 156 habitantes. Destes 47,8% são do sexo masculino (9158 indivíduos) ao passo que 52,2% são do sexo feminino (9998 indivíduos). Já o município de Castro Marim possui um total de 6 747 habitantes, dos quais 49,7% são do sexo masculino (3356 indivíduos) e 50,3% do sexo feminino (3391 indivíduos). Em termos da população com 65 anos ou mais no

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município de Vila Real de Santo António existem 3801 indivíduos dos quais 1612 são do sexo masculino e 2189 do sexo feminino. Por sua vez no município de Castro Marim habitam 1813 pessoas, com 65 anos ou mais, das quais 858 são do sexo masculino e 955 do sexo feminino (INE, 2011).

Relativamente à distribuição da população por sexos verificou-se que no grupo etário dos 65 ou mais anos predominam as mulheres face aos homens. Assim a relação de masculinidade é de 91,5 homens para 100 mulheres. Existem então mais mulheres do que homens. Este fenómeno poderá ser explicado pela menor esperança medida de vida dos homens (INE, 2011).

O envelhecimento populacional pode ser analisado segundo duas perspetivas: o envelhecimento individual que se prende com a maior longevidade dos indivíduos e o envelhecimento demográfico que tem a ver com o aumento da proporção das pessoas idosas na população total (INE, 2011).

O envelhecimento populacional é considerado o fenómeno demográfico mais preocupante das sociedades do século XXI. O número de pessoas com 65 anos ou mais residentes em Portugal é de 2 023 milhões, o que em termos estatísticos corresponde a cerca de 19% da população total. Graças aos dados obtidos sabe-se que na última década o número de pessoas idosas aumentou cerca de 19% (INE, 2012).

O aumento da população idosa, acompanhado pela diminuição da população mais jovem, agravou-se na última década. Cerca de15% da população residente em Portugal corresponde ao grupo de pessoas entre os 0-14 anos, ao passo que cerca de 19% pertence ao grupo de pessoas com 65 anos ou mais. O índice de envelhecimento consiste na relação existente entre o número de idosos (65 ou mais anos) e o número de jovens (0-14 anos) e traduz-se no número de idosos por cada 100 jovens. Assim, o índice de envelhecimento da população é de 129 o que significa que por cada 100 jovens existem 129 idosos (INE, 2011).

Em termos gerais a população idosa encontra-se distribuída de forma não homogénea. Ocorrendo essa divisão, ao longo de todo o país, da seguinte forma: 31,4% da população idosa encontra-se na região Norte; 25,9% na região Centro; 25,6% na região de Lisboa; 9,1% no Alentejo; 4,4% no Algarve; 2% na região autónoma da Madeira e 1,6% na região autónoma dos Açores (INE, 2012) (gráfico nº 2. 2). Ainda de acordo com a mesma fonte, o aumento da esperança média de vida, juntamente com o fenómeno da desertificação e com a transformação do papel da família na sociedade, terá conduzido às diferenças estatísticas entre as várias regiões do país.

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Gráfico nº 2. 2 – Distribuição, em Portugal, da população residente e da população com 65 ou mais anos em 2011

Fonte: INE (censos 2011)

O índice de dependência total corresponde à relação entre a população jovem e idosa e a população em idade ativa. Este tem sofrido, ao longo da última década, um agravamento (passou de 48 em 2001 para 52 em 2011). Na atualidade, por cada 100 pessoas em idade ativa, 52 são dependentes. O aumento deste índice sucedeu em virtude do agravamento do índice de dependência de idosos que subiu de 24 em 2001 para 29 em 2011 (INE, 2011).

De acordo com os resultados provisórios dos sensos 2011, cerca de 60% da população idosa vive só (400 964 pessoas) ou na companhia exclusiva de outros idosos (804 577 pessoas). Este fenómeno reflete um aumento de 28%, ao longo da última década. As maiores percentagens de pessoas idosas a viverem sozinhas ocorrem na região de Lisboa (22%), Alentejo (22%) e Algarve (21%) (INE, 2012).

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3. CARATERIZAÇÃO DO CONCELHO

No presente capítulo será efetuada a caracterização dos dois concelhos (Vila Real de Santo António e Castro Marim) nos quais se encontram inseridas as instituições em que decorreu o estudo (Figura nº 3. 1). Pretende-se assim conhecer as caraterísticas específicas de cada concelho em termos geográficos e populacionais.

Figura nº 3. 1 – Mapa do Algarve

Fonte: http://www.algarvenet.com/mapa_algarve1.gif

3.1. CONCELHO DE VILA REAL DE SANTO ANTÓNIO

Vila Real de Santo António (VRSA) é uma cidade de Portugal, pertence ao distrito de Faro e situa-se no sotavento Algarvio. É um município com uma área de 57,53 Km² que se contra subdividido em 3 freguesias (Vila Real de Santo António, Monte Gordo e Vila Nova de Cacela) (Figura nº 3. 2). Este município apresenta descontinuidade territorial ficando a freguesia de Vila Nova de Cacela separada das restantes. Pois entre elas fica uma freguesia do concelho de Castro Marim. O Concelho de VRSA tem atualmente cerca de 19 156 habitantes (Câmara Municipal de VRSA, 2005 e INE, 2011).

O território do município de Vila Real de Santo António, parte oriental (freguesias de VRSA e Monte Gordo) encontra-se delimitado a norte e oeste pelo município de Castro Marim, a leste pelo Rio Guadiana, que define a fronteira com Espanha, município de

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Ayamonte, e a sul pelo oceano Atlântico; a parte ocidental (freguesia de Vila Nova de Cacela) é limitada a norte e leste pelo concelho de Castro Marim, a oeste pelo concelho de Tavira e a sul pelo oceano Atlântico.

A cidade de Vila Real de Santo António foi fundada perto da foz do Guadiana, em 1774, pelo Marquês de Pombal. Esta cidade surgiu num local onde antes existia uma povoação de pescadores denominada como Santo António de Arenilha. A cidade foi desenhada pelo arquiteto Reinaldo Manuel dos Santos, desenvolvida numa malha urbana ortogonal centrada na Praça Marquês de Pombal. Esta praça conjuntamente com as ruas pombalinas tece a principal área comercial da cidade. Na praça, cuja forma é um quadrado com os vértices delimitados por quatro torreões, encontra-se um obelisco central, a Câmara Municipal e Igreja Matriz. As construções são de estilo pombalino com águas furtadas (Câmara Municipal de VRSA, 2005).

Vila Real de Santo António foi elevada ao estatuto de cidade no ano de 1986. Na atualidade este município vive essencialmente do turismo que é potenciado, entre outros fatores, pela existência de excelentes praias (Câmara Municipal de VRSA, 2005).

O clima típico do concelho de Vila Real de Santo António é o clima mediterrânico, onde os Invernos são curtos com temperaturas amenas, sendo os verões bastantes quentes (Câmara Municipal de VRSA, 2005).

A freguesia de Monte Gordo localiza-se a 3Km de VRSA. É uma antiga vila piscatória, vivendo atualmente do turismo. Por sua vez a freguesia de Vila Nova de Cacela conserva grande parte das suas características rurais e apresenta vários lugares de grande beleza natural (Câmara Municipal de VRSA, 2005).

Figura nº 3. 2 – Mapa do concelho de Vila Real de Santo António

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3.2. CONCELHO DE CASTRO MARIM

Castro Marim é uma vila de Portugal, pertence ao distrito de Faro e situa-se no Sotavento Algarvio. A vila de Castro Marim teve a sua origem nas velhas civilizações que residiam nesse território. Foi conquistada aos Mouros por D. Paio Correia no ano de 1242. Esta vila, numa primeira fase, desenvolveu-se no interior das muralhas do castelo, o qual se situa no cimo de uma colina (Câmara Municipal de Castro Marim, 2008).

O município tem uma área de 300 Km², encontra-se subdividido em 4 freguesias (Altura, Azinhal, Castro Marim e Odeleite) (Figura nº 3. 3). As freguesias do município de Castro Marim apresentam todas características rurais, à exceção da freguesia da Altura que, devido à sua localização, tem assumido, nas últimas décadas, um elevado desenvolvimento turístico. (Câmara Municipal de Castro Marim, 2008 e INE, 2011).

A freguesia de Castro Marim é a segunda maior, ocupando uma extensão de 79,4Km² o que, em termos estatísticos, representa 26,5% da área total do concelho. Em termos populacionais é nesta freguesia que se encontra a maior concentração de população, isto porque a vila de Castro Marim é sede de concelho e é nela que existe uma maior concentração de infraestruturas sociais (Câmara Municipal de Castro Marim, 2006).

A freguesia de Azinhal é a terceira maior do concelho, ocupando uma área de 68,7Km² o que em termos estatísticos corresponde a 22,9% da área total do concelho. Nesta freguesia, com características rurais, existe um elevado envelhecimento populacional. Assim a freguesia de Azinhal contribuiu fortemente para o envelhecimento demográfico do concelho de Castro Marim (Câmara Municipal de Castro Marim, 2006). Figura n º3. 3 – Mapa do concelho de Castro Marim

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4. ENVELHECIMENTO

Ao longo dos anos o conceito de envelhecimento e a atitude face à pessoa idosa têm sofrido várias alterações evoluindo em consonância com as atitudes, crenças, cultura, conhecimentos e relações sociais de cada época (Paúl, 2005 & Sequeira, 2010).

Envelhecer é uma característica inevitável. Ermida (1999, p. 43) define o envelhecimento “como um processo de diminuição orgânica e funcional, não decorrente de acidente ou doença e que acontece inevitavelmente com o passar do tempo”. Cordeiro (1999) refere-se ao envelhecimento como sendo um processo dinâmico, que geralmente decorre de forma lenta e progressiva e que é individual e variável. Assim, o processo de envelhecimento apresenta-se a um ritmo diferente para cada pessoa segundo a influência tanto de fatores genéticos como ambientais, ocorrendo alterações em três dimensões: biológica, psicologia e social (Nunes, 2008). De igual modo Fonseca (2005) refere-se ao envelhecimento como um fenómeno bio-psico-social de cariz individual. No mesmo sentido Maciel & Guerra (2007) e Rodrigues, Scudeller, Pedrazzi, Schiavetto & Lange (2008) referem-se ao envelhecimento como sendo um processo multifatorial, envolvendo fatores hereditários, ambientais, estilos de vida adotados, não esquecendo também os fatores inerentes ao próprio meio social em que a pessoa está inserida. Também Costa (2006) vai ao encontro dos autores anteriormente referidos ao mencionar que o envelhecimento é um processo de cariz inevitável, irreversível e individualizado, uma vez que os indivíduos não envelhecem da mesma forma nem no mesmo espaço de tempo, podendo ser as diferenças apresentadas, no processo de envelhecimento, justificadas através de fatores genéticos, mas também influenciadas pela adoção de estilos de vida, pela nutrição e pelo meio envolvente.

Ao longo da vida o Ser Humano vai passando por uma série de modificações. Após uma etapa relativamente curta de desenvolvimento físico, que corresponde ao período da infância e da adolescência, surge uma etapa mais prolongada de estabilidade relativa que, aos poucos, vai culminar com a perda de capacidades físicas (Ballesteros, 2009).

Com o processo de envelhecimento vão surgindo modificações estruturais e funcionais que ocorrem a um ritmo variável, de pessoa para pessoa, dependendo de fatores intrínsecos e extrínsecos. Neste sentido, o envelhecimento é caracterizado como um

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fenómeno biológico, psicológico e social, em que as mudanças associadas ao envelhecimento acompanham a pessoa no desempenho das suas AVD, predispondo-a a uma maior vulnerabilidade e fragilidade e, consequentemente, a um comprometimento da qualidade de vida (Paúl & Fonseca, 2005 e Sequeira, 2010). Mas o envelhecimento não deve ser visto só como sinónimo inevitável de deterioração, dependência e perda de qualidade de vida, mas também como a oportunidade de contribuir para incentivar o idoso a enfrentar os desafios característicos desta etapa, de forma a colmatar ou minimizar as complicações inerentes a esta fase da vida (Paúl & Fonseca, 2005).

Saldanha (2009) define o envelhecimento do ponto de vista biológico como sendo

caraterizado pela diminuição progressiva, mais ou menos rápida e de intensidade variável, da capacidade funcional do organismo, diferente de órgão para órgão e de tecido para tecido, cuja velocidade de progressão depende de fatores hereditários, ambientais, sociais, nutricionais e higieno-sanitários. (p. 11)

Assim, de acordo com a referida autora, do ponto de vista biológico o envelhecimento é um processo complexo, progressivo e irreversível, que atinge todas as células, moléculas, tecidos e órgãos, envolvendo o Ser Humano no seu todo e culminando na morte. É um mecanismo biológico regulado, de uma forma mais ou menos intensa, pelo padrão genético de cada pessoa.

De acordo com Costa (2006, p. 32) “em ocorrência simultânea com o processo biológico envelhecer é um processo experiencial, subjetivo, que pode definir-se como a autorregulação exercida através de decisões e escolhas para adaptação ao processo de senescência.”

À medida que a pessoa envelhece ocorre um declínio das funções dos sistemas orgânicos (sensorial, neurológico e músculo-esquelético) uma vez que ocorre uma diminuição na quantidade e qualidade das informações necessárias para um controlo eficaz a nível motor e cognitivo (Maciel & Guerra, 2007). Com o passar dos anos todos os órgãos são afetados pelo processo de envelhecimento, o que promove a redução do tamanho dos mesmos, podendo chegar a causar a sua atrofia, provocando consequentemente alterações funcionais (Saldanha, 2009).

A força muscular atinge o seu máximo por volta dos 20-30 anos de idade, ocorrendo lentamente o seu declínio a partir daí, isto porque as macromoléculas dos músculos, com a idade, estão sujeitas a alterações químicas, o que torna este tecido menos

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funcional. Contudo, um programa de exercício físico adequado pode retardar este processo (Seeley, Stephens & Tate, 2001).

Com o envelhecimento, também o músculo cardíaco vai sofrendo alterações, assim o coração vai perdendo a sua capacidade elástica de retomar à dimensão de repouso e à contractilidade cardíaca. Consequentemente ocorre um decréscimo do débito cardíaco total, o que causa uma diminuição da quantidade de oxigénio e nutrientes que chegam a algumas células como é o caso dos neurónios e das células cartilagíneas das articulações. A redução da função cardíaca poderá provocar um decréscimo do débito sanguíneo aos rins, o que provoca uma diminuição da capacidade de filtração renal (Seeley et al., 2001).

Seeley et al. (2001) referem ainda que outros órgãos sofrem alterações degenerativas ao longo do processo de envelhecimento, é o caso do fígado, pâncreas, estômago e cólon. Com o envelhecimento ocorrem também alterações ao nível do sistema imunitário. Este perde a sua capacidade de resposta a antigénios estranhos ao organismo, tornando-se mais sensível aos antigénios do próprio indivíduo.

Como já referimos o envelhecimento acarreta várias alterações e desgastes. Segundo Nunes, Ribeiro, Rosado & Franceschini (2009) estes desgastes vão progressivamente interferindo ao nível da capacidade funcional do indivíduo. Para Costa (2006) o sinal mais evidente do envelhecimento traduz-se na diminuição da capacidade de adaptação ao meio ambiente e no aparecimento de doenças crónicas que acarretam um aumento da vulnerabilidade e da probabilidade de morte.

Ballesteros (2009) define dois tipos de envelhecimento: o primário resultante das alterações inerentes ao processo de envelhecimento e o secundário resultante das alterações causadas pelas doenças, sendo reversível e não sendo diretamente causado pela idade, mas pelas doenças que advêm do processo de envelhecimento.

Para que ocorra um envelhecimento fisiológico, ou seja, para que o envelhecimento aconteça de forma saudável e ativa, é necessário considerar alguns fatores que interferem no processo, como é o caso dos fatores genéticos, da alimentação, da prática de exercício físico, do stress, das políticas do país, e dos fatores ambientais. Um envelhecimento saudável depende, em primeira instância, da adoção de um estilo de vida saudável (Saldanha, 2009). Neste sentido, Fonseca (2005) refere que dimensões como a saúde, o funcionamento mental, as relações sociais, os hábitos quotidianos, entre outros fatores, desempenham um papel importante no envelhecimento saudável. Paúl et al. (2005) referem que para um envelhecimento bem-sucedido é necessário a existência de fatores como a autonomia física, psicológica e social do idoso.

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O envelhecimento bem-sucedido compreende a capacidade de adaptação às perdas inerentes à velhice, através de uma procura individual de objetivos e resultados significativos para cada indivíduo, mesmo quando é notória a existência de um declínio de possibilidades e oportunidades (Fonseca, 2005). Também Paúl (2005) refere que para um envelhecimento bem-sucedido, isto é com qualidade de vida, é essencial a existência de uma autoavaliação positiva, de maior saúde mental e de satisfação com a vida. Tudo isto torna-se ainda mais relevante quando pensamos que qualquer perda, ao nível da capacidade funcional do idoso, pode afetar seriamente a sua qualidade de vida e o seu bem-estar.

As teorias relativas ao envelhecimento bem-sucedido encaram o sujeito como um ser proactivo, capaz de regular a sua qualidade de vida através da definição de objetivos, estipulando estratégias que permitam a sua concretização. Deste modo o envelhecimento bem-sucedido é acompanhado de qualidade de vida e bem-estar (Sousa, Galante & Figueiredo, 2003). Assim é fundamental que sejam minimizados efeitos colaterais e otimizadas respostas psicossociais de ajustamento às potenciais perdas de competência.

De um modo geral as principais preocupações relacionadas com o processo de envelhecimento passam pela adaptação do idoso às perdas, aos problemas de saúde, à reforma, ao medo da morte de familiares e da sua própria morte. Neste sentido é essencial que o idoso seja capaz de desenvolver estratégias que lhe possibilitem lidar com alterações a nível físico, social, psicológico, familiar e profissional (Celis & Padilla, 2006).

Fatores de natureza física, psicológica, social e ambiental são determinantes para a qualidade de vida. Apesar da perceção que cada indivíduo tem da sua qualidade de vida, durante o envelhecimento são várias as variáveis que interferem com essa perceção sendo a autonomia a mais valorizada, uma vez que se encontra associada a uma melhor saúde, permitindo as relações intrafamiliares e permitindo a realização autónoma das AVD (Nunes, 2008). De acordo com a referida autora, a perda de autonomia ligada a outros fatores, como a existência de doenças ou mesmo a perda ou inexistência de suporte familiar, encontra-se na origem da institucionalização da pessoa idosa.

Para Seeley et al. (2001) uma das grandes desvantagens do envelhecimento resulta na falta de capacidade adaptativa às agressões do meio ambiente. Morris (2003) refere que foram identificados cinco padrões básicos característicos do envelhecimento. São eles: o aumento da mortalidade (com a idade); alterações ao nível da composição química do organismo (diminuição da massa corporal, aumento das gorduras); alterações progressivas de carácter degenerativo; a existência de uma menor capacidade de adaptação às mudanças ambientais e uma maior vulnerabilidade às doenças.

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Fatores como a condição física, funcional, mental e de saúde podem influenciar o processo de envelhecimento, não podendo, este ser definido apenas com base na idade cronológica (Caporicci & Neto, 2011). Embora a idade cronológica esteja intimamente relacionada com o processo de envelhecimento, não é considerada um bom critério de estudo do processo de envelhecimento, pois o número de anos que uma pessoa viveu não transmite informação sobre a sua qualidade de vida, a sua saúde ou as suas experiências psicologias e sociais (Paúl, 2005). Logo a idade biológica não é considerada um indicador preciso das alterações que acompanham o processo de envelhecimento. No entanto é nas idades mais avançadas que existe maior probabilidade de registo de grandes problemas incapacitantes a nível físico e cognitivo (Araújo, Ribeiro, Oliveira & Pinto, 2007).

O processo de envelhecimento pode ser acompanhado quer de um declínio ao nível das funções cognitivas, quer físicas. Embora a maioria dos idosos sejam portadores de pelo menos uma doença crónica, isso não significa que não levem uma vida normal, não ficando limitados pela presença da doença (Torres, Reis, Reis, Fernandes & Xavier, 2010).

Para Fonseca (2006) o estereótipo que se encontra mais enraizado, relativamente à velhice, traduz-se na adoção de comportamentos conservadores, que de igual modo são inflexíveis e resistentes à mudança. Assim, o idoso é considerado como uma pessoa que apresenta poder de iniciativa limitado, com dificuldade em começar novos projetos.

Não é apenas a velhice que se estabelece em função da idade, mas também a idade física é considerada como um potencial indicador da velhice. A sociedade estabelece diferentes papéis para as várias idades, neste sentido é estabelecida a escolaridade obrigatória, a idade laboral, o início da reforma entre outros (Ballesteros, 2009).

Embora seja vulgarmente utilizado o critério da idade, ou seja, os 65 anos, como marco do início da velhice, este tem vindo a perder terreno e deixou de constituir um indicador rigoroso, o que tem privilegiado a existência de múltiplas idades passíveis de transição entre a idade adulta e a velhice. Atualmente, de acordo com Sequeira (2010), a idade da reforma constitui uma referência para a velhice, embora esta ocorra de forma variável em função da profissão, país, sistema social, cultural, entre outros aspetos.

O processo de envelhecimento tem sido objeto de estudo de várias ciências como: bioquímica, economia, direito, medicina, psicologia, sociologia e política (Paúl, 2005). No final do século XX com o avanço da Gerontologia, que é uma ciência multidisciplinar, que tem por objeto de estudo o processo de envelhecimento, torna-se imprescindível que no processo de envelhecimento o aumento da expectativa de vida seja um processo orientado, acompanhado por ganhos na qualidade de vida, satisfação e bem-estar (Ballesteros, 2009).

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5. CAPACIDADE FUNCIONAL

Com o aumento da esperança média de vida surge cada vez mais a necessidade de promoção de um envelhecimento saudável que permita manter a capacidade funcional da pessoa idosa durante o maior período de tempo possível. Isto porque as limitações funcionais são um flagelo, que afeta esta população, impedido um correto desempenho das suas atividades quotidianas (Barros, Alves, Filho, Rodrigues & Neiva, 2010).

De acordo com Gonçalves, et al. (2010) o processo de envelhecimento acarreta o declínio da capacidade funcional, que poderá ser agravado pela adoção de hábitos sedentários, conduzindo a pessoa a um contexto de dependência. Deste modo tanto a presença de limitações como o declínio ao nível da capacidade funcional são problemas frequentes na população idosa, que comprometem a independência física, mental e a autonomia (Guedes & Silveira, 2004 e Kamper, Stott, Hyland, Murray & Ford, 2005).

Para Silvestre & Neto (2003) a incapacidade funcional é considerada como o principal problema que pode afetar a população idosa em consequência da adoção de estilos de vida e da evolução de patologias.

A capacidade funcional está intimamente relacionada com a autonomia, na realização de tarefas necessárias ao Ser Humano permitindo-lhe assegurar a capacidade de viver sozinho (Botelho, 2005). Assim, de acordo com o mesmo autor, a capacidade funcional prende-se com o facto do indivíduo ser capaz de cuidar de si próprio e de adaptar-se ao meio em que vive. Guimarães et al. (2004) e Trelha et al. (2005) referem-se à capacidade funcional como a capacidade para realizar, de forma independente, atividades físicas e mentais necessárias para a manutenção das AVD e AIVD, sendo uma das principais componentes da saúde do idoso.

O envelhecimento fisiológico envolve a perda da capacidade funcional. Esta pode não atingir todos os domínios do funcionamento ao mesmo tempo. Podendo ser mais ou menos significativa, desenvolvendo-se de forma individual e gradual. Contudo esta poderá não significar uma limitação ou restrição para o desempenho das atividades, mantendo assim a pessoa idosa a independência necessária para uma vida autónoma (Guedes, Silva, Banhato & Mota, 2007 e Novo et al., 2011).

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A saúde funcional do idoso é afetada pela interação de vários fatores como os fatores de ordem física, mental, social e espiritual. Pois os idosos estão mais suscetíveis a um aumento da perda funcional. Assim, na abordagem de uma avaliação funcional deve ter-se em conta as mudanças que ocorrem pelo envelhecimento primário (normativo) e secundário (relacionado com as doenças). O envelhecimento primário encontra-se associado aos efeitos do envelhecimento (por exemplo: cabelo mais fino e menor capacidade pulmonar), enquanto o envelhecimento secundário não se manifesta de forma universal (Morris, 2003).

Os últimos anos de vida são muitas vezes acompanhados de situações de fragilidade e incapacidade, contudo estas situações podem ser suscetíveis de prevenção (DGS, 2004). Limitações a nível visual, auditivo, motor, intelectual, assim como as alterações típicas da idade, decorrentes da diminuição da função do sistema osteomuscular, cardiorespiratório e nervoso, podem ocasionar dependência na execução das atividades quotidianas (Fiedler & Peres 2008 e Camara, Gerez, Miranda & Velardi 2008).

A capacidade funcional, especialmente a dimensão motora, que envolve o domínio do controlo postural, através da capacidade de manter-se em várias posições, é um pilar importante para o envelhecimento bem-sucedido e para a qualidade de vida da pessoa idosa, uma vez que a perda desta capacidade está associada à fragilidade, à dependência, à institucionalização e ao risco acrescido de quedas (Guimarães et al., 2004). Este risco de quedas pode conduzir à incapacidade, pode alterar a capacidade funcional e consequentemente a qualidade de vida da pessoa idosa (Morris, 2003). De acordo com Botelho (2005) a capacidade locomotora é essencial para a funcionalidade dos indivíduos, constituindo a sua perda um motivo real de dependência. Assim, esta dimensão motora é um dos mais importantes marcadores do envelhecimento bem-sucedido e da qualidade de vida na pessoa idosa. Alterações ao nível da função motora causadas por um declínio da agilidade, da força, da coordenação e da flexibilidade irá colocar em causa o desempenho das AVD, restringindo a independência do idoso (Gonçalves et al., 2010).

Uma perceção negativa da saúde e das limitações encontra-se associada a um aumento do nível de dependência na execução das AVD e das AIVD. No decorrer do processo de envelhecimento o Ser Humano sofre uma perda progressiva da sua capacidade física traduzida por maior lentidão de movimentos. Quando se fala em incapacidade física nos idosos, esta já é uma situação que se refere ao domínio da patologia, em que o idoso apresenta dificuldades em realizar as suas AVD (Saldanha, 2009). A mesma autora afirma

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que a incapacidade física aumenta com o avançar da idade, sendo aproximadamente duas vezes maior nas mulheres do que nos homens do mesmo grupo etário.

Perante o tema da capacidade funcional emerge a necessidade de definir atividades de vida diária, atividades instrumentais de vida diária e atividades avançadas da vida diária. Assim, as atividades de vida diária estão intimamente relacionadas com o autocuidado (banho, vestir-se, uso do sanitário, locomoção, incontinência e alimentação). Uma alteração ao nível do desempenho das mesmas poderá conduzir à institucionalização. As atividades instrumentais da vida diária são atividades necessárias para se viver de forma independente e relacionar-se com as pessoas (fazer compras, cozinhar, limpar a casa, utilizar meios de transporte, usar o telefone), são consequentemente atividades de índole mais complexa que as anteriores e geralmente perdem-se antes. Por sua vez as atividades avançadas da vida diária são as mais complexas e, em geral, estão ligadas à auto-motivação, como por exemplo o trabalho ou as atividades de lazer (Caldas, 2003 e Nunes et al., 2009).

Ao falarmos em capacidade funcional, surge também a necessidade de definir o conceito de autonomia. Esta é definida como sendo a capacidade para controlar, lidar com as situações e tomar decisões sobre a vida diária de acordo com regras e preferências (WHO, 2002). Para Sequeira (2010) a autonomia está relacionada com a capacidade do indivíduo para tomar as suas próprias decisões.

De acordo com Petronilho, Magalhães, Machado & Vieira (2010), a capacidade funcional para o desempenho do autocuidado relaciona-se com fatores intrínsecos ao sujeito (a idade, o sexo, a orientação sociocultural, a satisfação com a vida, a autoestima, a perceção da autoeficácia, a capacidade cognitiva) e fatores extrínsecos ao sujeito (os recursos familiares e da comunidade, o ambiente, as pessoas significativas e a terapêutica). Do mesmo modo Rosa, Benício, Latorre & Ramos, (2003) referem que a capacidade funcional sofre a influência de algumas doenças, deficiências, estilos de vida, fatores demográficos, socioeconómicos, culturais e psicossociais.

A realização de AVD e de AIVD exigem uma capacidade funcional mais ou menos intacta. Contudo, esta pode sofrer alterações em qualquer momento do ciclo de vida devido à presença de doenças físicas ou mentais. Assim, a manutenção da capacidade funcional não depende apenas do processo de envelhecimento, mas sim da acumulação de doenças e da existência de pequenas dificuldades funcionais (Nunes, 2008).

Situações de doença, incapacidade e limitação funcional surgem, ao longo do processo de envelhecimento, em consequência da perda da função dos sistemas orgânicos,

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refletindo-se na capacidade para a execução das AVD. Contudo o facto da pessoa idosa sofrer de uma ou mais doenças crónicas não é obrigatoriamente sinónimo de perda de autonomia, ela pode continuar a manter-se independente, na realização das suas atividades de vida diária, apesar das patologias existentes. Tal facto poderá depender do tipo de patologia e da existência de elementos facilitadores no meio envolvente, como por exemplo a inexistência de barreiras arquitetónicas (Silvestre & Neto, 2003).

O declínio da capacidade funcional é identificado através da perda progressiva de capacidade para o desempenho das AVD e das AIVD (Trelha et al., 2005). No entanto, determinadas pessoas poderão apresentar precocemente um declínio no estado de saúde nas suas competências, enquanto outras poderão viver saudáveis e sem qualquer tipo de alterações ao nível da capacidade funcional até cerca dos 80 ou mesmo dos 90 anos (Sousa et al., 2003).

A perda de capacidade funcional é um dos principais problemas do processo de envelhecimento, pois relaciona-se com a perda de autonomia, sendo também representativa da degradação da qualidade de vida da pessoa idosa (Veríssimo, 1999). O envelhecimento saudável implica a manutenção de um elevado nível de capacidade funcional, excluindo a dependência por parte de terceiros e a institucionalização (Nunes, 2008).

A incapacidade funcional é definida pela presença de dificuldade ou impossibilidade no desempenho das atividades da vida quotidiana (Rosa et al., 2003). Esta incapacidade funcional encontra-se relacionada com variáveis como a doença física, a capacidade do autocuidado, complicações durante o tempo de hospitalização, o potencial de reabilitação e até mesmo com a mortalidade. Neste sentido, o conceito de capacidade funcional da pessoa idosa converteu-se num indicador de saúde. Os idosos que passam por uma hospitalização apresentam risco acrescido de virem a ser institucionalizados, isto devido à perda da capacidade para executarem as AVD e as AIVD (Morris, 2003). Este facto sucede devido, por exemplo, à perda de massa muscular, surgimento de úlceras por pressão, doença incurável ou por complicações causadas por intervenções médicas, agentes patogénicos entre outros aspetos. Assim, uma avaliação rigorosa do estado de saúde da pessoa idosa, com ênfase nas capacidades funcionais, pode ajudar a prevenir incapacidades e custos com cuidados de saúde adicionais (Botelho, 2005).

O contexto ambiental em que a pessoa se encontra inserida é determinante da funcionalidade ou incapacidade da pessoa. A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde (CIF) é um instrumento de avaliação importante que permite avaliar as condições de vida e a

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