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SOARES, Neiva Maria Machado. Análise em discurso: semiótica e multimodalidade. Manaus: UEA Edições, 2017.

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n. 12 2018

ISSN 2525-4529

Resenha

SOARES, Neiva Maria Machado. Análise em discurso: semiótica e multimodalidade. Manaus: UEA Edições, 2017.

Heliene Arantes Carvalho Mestranda em Linguística na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

O livro Análise em Discurso: semiótica e multimodalidade, publicado em 2017, cuja organizadora é Neiva Maria Machado Soares, tem como objetivo a divulgação de estudos realizados a partir de linhas teóricas da Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 1992, 2003, 2006, 2008, 2012; CHOULIARAKI E FAIRCLOUGH, 1999), Semiótica (PEIRCE,2010, [1931-1958]; PIGNATARI, 2004; SANTAELLA, 2004), Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 1994) e Teoria da Multimodalidade (KRESS e van LEEUWEN, 2002, 2006 [1996]; e van LEEUWEN, 2005; KRESS, 2010) com o intuito de mostrar como essas teorias dialogam e estão presentes no cotidiano de acordo com os dados analisados de cada pesquisa apresentada na obra. O exemplar divide-se em seis capítulos, a cerca de vinte páginas com contribuição de trabalhos de outros autores renomados, como Josenia Antunes Vieira da UnB, Socorro Viana de Almeida da UEA, Mauro Henrique Pereira dos Santos da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, Adelson Florêncio de Barros da PUC-SP e UNINORTE, Eni Abadia Batista da UNB, Thaís Lôbo Junqueira também da UnB e Alyssa Renata C. Oliveira da UEA.

O primeiro capítulo, intitulado “Hibridismo Discursivo e Multimodal Contemporâneo: novas práticas discursivas reconfiguradas”, produzido por Soares (2017) e Vieira (2017), inicia-se com uma reflexão acerca da presença dos instrumentos tecnológicos e informatizados a fim de mostrar que através dos meios de comunicação e informação, o sujeito é conduzido a notícias de cunho positivo e negativo. Isso se deve à linguagem a qual tem se reconfigurado, tendo novas práticas e feições. Ou seja, as autoras apontam a importância de aprender as teorias da linguagem com o objetivo de lidar com os diferentes discursos contemporâneos, os quais utilizam palavras, imagens, cores, sons, modos semióticos e etc. advindas de novas práticas discursivas e sociais a fim de tornar-se um sujeito habilitado para “o pleno exercício discursivo crítico que os diferentes domínios da vida pública e privada exigem de todos nós, os legítimos agentes de mudanças sociais” (SOARES, 2017, p.9). As teorias utilizadas no estudo das autoras foram baseadas na Análise de Discurso Crítica (ADC) e na Teoria Multimodal do discurso (TMD), além disso, a Gramática Sistêmico-Funcional (LSF) de Halliday (1994) e a Gramática de Design Visual (GDV) de Kress e van Leeuwen (2006, [1996]) são usufruídas como suporte teórico e analítico do estudo, pois, segundo Soares (2017) e Vieira (2017), a linguagem é concebida como resultado da prática social e o significado da linguagem

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pode ser caracterizada por semioses de cunho multimodal, já que “o significado se constrói com base nos múltiplos modos de representação semiótica” (SOARES, 2017, p.13). Em outras palavras, as duas teorias dialogam por haver uma relação com os elementos da vida social e, ao mesmo tempo, elas compõem a significação visual. Outro tópico bastante importante apontado pelas pesquisadoras é o hibridismo discursivo e multimodal, presente no exemplo analisado da propaganda do O Boticário no ano de 2006. Nota-se que o hibridismo discursivo está concernente à interdiscursividade entre as palavras e as imagens, já que a palavra diz o que deve ser dito e as imagens estão abertas para interpretações, levando em consideração as cores e os ângulos em meio a ideologia que pretende transmitir ao público em geral. As autoras abrem a nossa mente para o mundo que vivemos onde a transformação social acontece constantemente, além das marcas necessitarem da visão multimodal para atrair e influenciar o consumidor e, nós leitores e telespectadores, devemos compreender esse jogo de cores e formatos a cunho de conhecimento. As histórias infantis foram utilizadas pelas propagandas publicitárias da marca do O Boticário e o objeto de estudo das autoras se deteve com a história de Chapeuzinho Vermelho com o propósito de fazer uma investigação aprofundada, em que há um discurso escrito ao lado da imagem, ocorrendo uma relação intertextual/ híbrida. A intenção da propaganda interpretada pelas autoras foi modernizar a mulher e revelar que ela só se deixa abater pelo parceiro se ela desejar ou apetecer, além de mostrar que a empresa de cosméticos era conceituada no país e atendia todas as mulheres de todas as classes sociais, ou seja, a ideologia contemporânea é frequente na mídia. A peça publicitária foi analisada, segundo as autoras, com base nos significados multimodais da GDV e a primeira análise trabalhou com a ótica do significado representacional, o qual a imagem de “Chapeuzinho Vermelho” readquire um conceito associado a um conto de fada, porém não é mais uma menina e sim uma mulher linda, poderosa e sexy. A segunda análise deu-se pela ótica do significado interativo em que ocorre uma interação e relação social do participante representado (PR) com o participante interativo (PI). Por fim, a terceira análise realizou-se pela ótica do significado composicional, que estabelece uma relação com a composição dos elementos linguísticos e visuais no todo do texto visual envolvendo também os significados interativos e representacionais. As autoras foram bastante detalhistas ao tecer os três tipos de análise, além de apontar para o hibridismo discursivo e multimodal como uma ferramenta para quem busca ter um conhecimento crítico sobre o que se tem apresentado aos espectadores.

O segundo capítulo, intitulado “A tradução intersemiótica do romance Dois irmãos de Milton Hatoum: um olhar sobre a graphic novel”, elaborado por Almeida (2017), apresenta uma análise do processo de ressignificação dos signos da obra nas Histórias em Quadrinhos (HQ) cuja intenção é provocar no

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leitor determinados comportamentos. Nessa investigação, a autora trabalhou com o processo da linguagem verbal para o não verbal por meio da tradução, ocorrendo um processo de transposição intersemiótica em que o original sofre uma adaptação para um sistema de signo distinto. O gênero textual HQ atua de forma mais abrangente utilizando diálogos entre diferentes códigos, o que o torna um gênero multimodal ou multissemiótico. A autora assevera que é caracterizado por vários tipos de planos, como o plano geral, o plano total, plano médio ou aproximado, plano americano, plano de detalhes, entre outros. Além disso, menciona que o gênero é composto de enquadres, balões de fala, geralmente utilizando onomatopeias e busca uma linguagem que reproduza a oralidade. Segundo a autora, a teoria semiótica é indispensável no estudo, uma vez que busca relacionar a linguagem verbal a partir da linguagem não verbal com intuito de “revelar novos estratos e novas virtualidades de sua própria natureza – em novas criações e em criações novas” (ALMEIDA, 2017, p. 38). Na HQ em análise o mundo é construído através de sistemas de símbolos e eles produzem efeitos transcendentes às circunstâncias conforme cada símbolo deve ser ligado a si seu índice de reações e ícones de qualidade. Em seguida, a autora faz uma reflexão sobre a tradução intersemiótica (ECO, 2011; ROUSSEAU, 1998; CHEVALIER & GHEERBRANT, 1994) da capa da HQ do romance Dois Irmãos. Explica a ação dramática entre os gêmeos, as características de cada um, o significado das cores dos personagens ao identificar a personalidade controversa deles e, principalmente, a rivalidade existente entre eles com foco no conflito dos irmãos ao dividir a família. Segundo Almeida (2017), os autores Fábio Moon e Gabriel Bá, criadores do processo de tradução intersemiótica do romance de Hautoum, foram leais em cada particularidade da obra. Tudo foi feito com extrema cautela e os personagens tiveram uma figura de destaque, as referências ambientais são menores e o rosto das personagens são reconhecidos a todo momento, além das emoções deles serem identificadas rapidamente e isso torna cada personagem um ícone, um símbolo, uma imagem para ser reconhecida depressa. A autora também apresenta uma análise sobre a simbologia do contraste preto e branco a luz de Rousseau (1998) com o objetivo de compreender o jogo dessas cores, já que a trama inteira ocorre em preto e branco e os autores da HQ aumentam os contrates como da estilização das personagens a fim de tornar o ambiente mais dramático e elegante, além de ocorrer conforme as situações vivenciadas pelos personagens e dar destaque para o caráter memorialístico da história de Manaus no século XIX. Outro aspecto analisado por Almeida (2017), são as onomatopeias as quais fora do balão representam tipos de sons, ruídos e vibrações com intuito de trazer uma maior interação à história e uma maior representação

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e reprodução. Os balões de diálogos também são outra característica essencial utilizado nos quadrinhos, pois são elementos importantes para o texto e expressam situações vivenciadas pelos personagens. A falta de linguagem verbal pode ser suprida pela linguagem visual, devido ao “código não verbal existir isoladamente e é explicado por si só” (ALMEIDA, 2017, p. 49). Portanto, vale ressaltar que todas as investigações realizadas pela autora buscam mostrar que a interação do código verbal/código não verbal colabora para a construção da coerência e da coesão textual da HQ. Ademais, a interrelação de linguagens pela tradução é mais uma forma de conectar, ressignificar, desconstruir, desvelar um texto devido à apropriação do texto e a criação de um novo texto, já que a tradução intersemiótica é transformação.

O terceiro capítulo, intitulado “Análise discursiva e multimodal da imagem da deusa da justiça- Themis na capa da revista Veja", realizado por Soares (2017) e Santos (2017), inicia com uma explicação acerca da representação da justiça na antiguidade, a qual o Direito Antigo surgiu a partir da crença religiosa ocasionando a tradição primitiva de que o lar doméstico é sagrado, então hoje ele é visto como uma herança hereditária presente na legislação e com o passar do tempo, informa que surgiu três deusas mitológicas da Justiça: Iusticia, Díke e Themis. Os autores explicam que a primeira deusa da civilização romana, Iusticia, carrega consigo a balança, a venda e a espada com intuito de tratar todos com igualdade, leva em consideração somente a argumentação colocada pelas partes e, no final, a deusa tem o poder de cumprir sua decisão. A segunda da mitologia grega, Díke, significa respeito entre os homens e piedade para com os deuses. A última deusa, Themis, é a deusa da justiça e representação de justiça da sociedade aristocrática com seu traço característico de divindade. A partir desses conceitos, os autores abordam como objeto de estudo a relação da justiça com o poder judiciário e fazem a análise da imagem da Deusa da Justiça em frente ao Supremo Tribunal Federal com a capa da revista Veja. Isso se deve à polêmica do caso “Mensalão”, o qual foi um fato caracterizado à prática de crimes contra a administração pública, ao sistema financeiro nacional e à lavagem de dinheiro no início de 2003 a 2005. O título da matéria analisada por Soares (2017) e Santos (2017) é “A justiça se curva - os mensaleiros riem” e, devido a isso, a capa da revista é a deusa da justiça com a cabeça curvada na posição de centro sem nenhuma outra referência na capa porque o assunto principal da revista são os novos recursos impetrados pelos réus e a única referência é a data do julgamento: Brasília, 18 de setembro de 2013; um momento considerado histórico para o país. As análises feitas foram de acordo com GDV (KRESS e van LEEUWEN, 2006, 2008) baseado na Teoria da Multimodalidade levando em consideração as três perspectivas analíticas das metafunções da linguagem (HALLIDAY, 1994): interpessoal,

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ideacional e textual. Os autores decompõem cada um dos itens das metafunções da linguagem argumentando que no aspecto interpessoal tem-se uma releitura da escultura original sem contato com o observador, devido à deusa ter os olhos vendados. Além disso, defende que o criador da imagem da revista tornou-se outro produtor, já que fez sua própria análise na mesma imagem em uma perspectiva diferente. Quanto ao aspecto ideacional, Soares (2017) e Santos (2017) partem do pressuposto de que a venda nos olhos da Justiça é para enfatizar que a justiça deve ser imparcial em seus julgamentos e espera-se que a justiça funcione no país, pois, segundo os autores, exprimem a vergonha e a indignação que a deusa esteja sentindo e seja o mesmo sentimento da sociedade. Já no aspecto textual, os autores apresentam o gênero de capa de revista e a análise feita da capa, quanto a nova configuração da escultura, o título qual abre a matéria e as cores que incidem sobre a imagem. Então, os três aspectos abordados pelos autores mostram a existência de uma convergência e o quanto a linguagem é multifuncional em contextos sociais, além de compreender que os múltiplos modos semióticos podem ser entendidos no todo e a linguagem é essencial como uma prática social. Portanto, nesse capítulo, ensina ao leitor como a análise multimodal e discursiva podem ajudá-lo a entender o que está por trás de uma simples capa de revista.

No capítulo quatro, “Análise semiótica do poema eu/ você de Décio Pignatari”, produzido por Almeida (2017) e Oliveira (2017), indica que o concretismo ou literatura semiótica é o que une a linguística e a literatura, em razão de o concretismo possibilitar releituras diversas, tanto por meio de aproximação lexical quanto pela nova semântica. Conforme as autoras, o poeta Décio Pignatari é adepto “de um concretismo mais radical, no qual a linguagem não verbal é exaltada de forma multifuncional e que para Peirce toda criação artística resulta num ícone” (ALMEIDA e OLIVEIRA, 2017, p.86). No poema Eu/Você, é usado um quadrado que representa o “eu” e o e um coração a qual significa o “você”, mostrando que nessa investigação a linguagem afetiva e a história são expostas através desses símbolos (legi-signo) ou categoria da terceiridade. A categoria índice ou secundidade influencia a forma como o receptor perceberá o objeto, pois a presença dessa categoria se faz evidente com o uso dos pronomes pessoais. Já no título Eu/Você, nota-se que a barra (símbolo) faz a função da conjunção aditiva “e”. O índice é visto com a utilização de desenhos geométricos, como é o caso do uso do quadrado representando o “eu” e o uso do coração para representar o “você”, então força o receptor a interpretar o poema como sendo um caso de amor. Almeida e Oliveira (2017, p. 91) frisam que o poema Eu/Você é por completo icônico, visto que de acordo com o poeta Décio Pignatari “o ícone é o signo da arte; o símbolo, o signo da ciência e da lógica – nada impedindo que ambos se confundam nos mais

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altos níveis de criação”. Além disso, o leitor pode observar que o poema é construído em estrutura sintaxe e ideogramática, uma vez que possibilita várias leituras (horizontais, verticais e diagonais), através dos símbolos nele colocados e a forma como foram distribuídos no poema. Então, essa relação entre semiótica e literatura dá mais força a assertiva tudo o que instiga o desenvolvimento de significados é o representante do signo que o receptor captou.

No penúltimo capítulo, intitulado “Texto e multimodalidade: o lugar da sedução em anúncios publicitários”, por Barros (2017), discorre o texto multimodal publicitário na escrita o qual seduz os leitores por virtude do grupo específico de profissionais, pela tecnologia, pelo fenômeno da globalização e pelo emprego dos recursos semióticos. O texto multimodal conta com os recursos da escrita, som, imagens, gestos, movimentos, expressões faciais etc. Segundo o autor, a semiótica social faz parte desse estudo por buscar analisar textos multimodais que integram a mensagem verbal ao contexto imagético, cuja intenção é envolver os processos sociais, históricos e ideológicos na construção dos signos. E a multimodalidade empenha-se na prática discursiva ao considerar os processos de produção, de distribuição e de consumo do texto, além de atuarem em contextos sociais específicos. Devido ao avanço da tecnologia, os jornais impressos saíram do preto e branco para o colorido, do caractere maior para o menor e a multiplicação de imagens com alta qualidade técnica. E essa transformação no sistema da mídia contribuiu para a Teoria da Multimodalidade e para a GDV, pois Barros (2017) assegura que os textos podem transmitir sentidos múltiplos, manipular, criar o ideal, exprimir valores e crenças, e as cores tem o poder de manifestar as emoções. O texto publicitário tem o poder de atrair o consumidor devido ao desenhista causar impacto emocional, e ler a imagem da marca do produto é a chave para efetivar o consumismo. As marcas são como identidades e tem a responsabilidade pelos enunciados publicitários, além de serem difundidas no mundo globalizado e, consequentemente, podem variar a percepção em função da língua e da cultura. A propaganda, com o poder de manipulação social, utiliza do discurso nas entrelinhas para que o produto tenha não só um valor utilitário, mas o valor simbólico também. E isso instiga o consumidor a conferir um status e poder, afetando as práticas, condutas e comportamentos. A partir disso, Barros (2017, p. 110) faz a análise de um anúncio publicitário do site Terra de uma agência de viagem cuja divulgação foi em todo território nacional e divide a análise em três partes. A primeira delas parte-se de expressões verbais e visuais, pois no verbal tem-se a frase: “toda rotina pede férias”, fazendo uma análise crítica da sentença e nas expressões visuais o autor comenta sobre a composição da imagem e a divisão que tem nela avaliando minuciosamente. A segunda parte da análise faz-se uma distribuição espacial da informação nos textos/anúncio, onde indica as diferenças de uma vida rotineira no frio trabalhando

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e o desejo de estar na praia em um lugar ensolarado e quem vive em um lugar quente e deseja viajar para o frio. A última parte da investigação, trata-se do contexto discursivo na qual recorre às cognições sociais e implica em uma série de ações, ou seja, o anúncio da agência de turismo fornece a solução dos problemas e mostra que pode realizar o sonho do consumidor. E contexto da linguagem, tem a submissão entre a realidade de viver na neve e de viver no calor, além do enunciado da frase mostrar as duas realidades de pessoas comuns e a necessidade de sair da rotina para relaxar. Portanto, nesse capítulo, a autor explorou uma propaganda que possui sequências argumentativas que busca nos contextos social, cognitivo, discursivo e linguagem, meios para atingir o público alvo a deixar de adquirir produtos da concorrência e consumir o seu.

No último capítulo do livro, “Em vídeo: uma análise videográfica na perspectiva multimodal”, elaborado por Batista (2017) e Junqueira (2017), é analisado um vídeo da qual o nome é Help, feito pelos alunos do ensino médio de uma escola pública do Distrito Federal e relaciona com os atos de violência nas escolas. O vídeo foi utilizado na semana da consciência negra com um projeto qual tem como tema a Revitalização. Para a realização da análise do vídeo as autoras utilizaram o enfoque multimodal porque nesse tipo de análise participam alguns tipos de linguagem e, dentre eles, o visual. Todo o texto e o cenário visam a construção de um sistema semiótico capaz de passar a informação que se pretende, através da fala, da forma escrita no vídeo e todo o contexto mostrado nele. As autoras criaram uma tabela de transcrição videográfica a partir da proposta de Baldry e Thibaut com intuito metodológico de analisar a imagem a cada cinco segundos a atuação dos alunos, dividida em seis células na seguinte ordem: segundos, frame visual, imagem visual, sinestesia, trilha sonora e significado das representações. Nessa pesquisa, a representação de violência estrutural e institucional foram demonstradas no vídeo a fim de ressaltar a importância do alerta sobre aquela realidade. A organização do corpus, a transmissão dos dados em forma detalhada, como a trilha sonora, os componentes representacionais e estruturais deixam em evidência que as cenas de violências nas escolas estão envolvidas por ações de depredação, e os problemas de fora da escola estão se estendendo para ela constituindo uma grande problemática social. A ideia do vídeo foi um socorro para que a sociedade fique atenta e seja sensibilizada, através das várias informações (textuais e semióticas) para que tenha consciência a respeito de outras realidades.

O livro de Análise em Discurso: semiótica e multimodalidade é excelente para quem busca aprender a relacionar a teoria da semiótica com a multimodalidade com pesquisas que envolvam conteúdos de práticas sociais as quais podem ajudar a compreender melhor tudo que está acontecendo nos dias de hoje, além de explorar novos

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caminhos que precisam ser descobertos. Todos esses capítulos transformam a visão de um pesquisador, pois há vários vieses que podem ser investigados e relacionados ao ponto de um complementar o outro de formas tão distintas, tornando o estudo interessante, motivacional e abre as portas para uma nova perspectiva de enxergar a realidade através da interdisciplinaridade.

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