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Resíduo sólido industrial na Serra Gaúcha: Geração, tipologia e destinação / Solid industrial waste at Serra Gaúcha: Generation, typology and destination

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Resíduo sólido industrial na Serra Gaúcha: Geração, tipologia e

destinação

Solid industrial waste at Serra Gaúcha: Generation, typology and

destination

DOI:10.34117/bjdv6n6-001

Recebimento dos originais:08/05/2020 Aceitação para publicação:01/06/2020

Francine Zanatta

Mestre em Sustentabilidade. Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Programa de Pós- Graduação em Ambiente e Sustentabilidade. Rua Assis Brasil, 842. São Francisco de Paula-

RS, Brasil. CEP: 95400-000. E-mail: francizanatta@yahoo.com.br

Henrique Di Domenico Ziero

Bacharel em Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia. Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Engenharia de Alimentos (DEA). Rua Monteiro Lobato, 80,

Bairro Cidade Universitária, Campinas-SP, Brasil. CEP: 13083-862. E-mail: h229267@dac.unicamp.br

Thiago de Castilho Bertani

Doutor em Sensoriamento Remoto. Imagem-ESRI. Av. Pres. Vargas, 2121 - Subsetor Sul - 4, Ribeirão Preto – SP, Brasil. CEP 14080-110.

E-mail: tbertani@img.com.br Clódis de Oliveira Andrades Filho

Doutor em Geociências. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Geociências (IGeo). Av. Bento Gonçalves, 9500 - Porto Alegre - RS - Brasil. CEP: 91501-

970

E-mail: clodis.filho@ufrgs.br Rejane Maria Candiota Tubino

Doutora em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais (PPGE3M). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Av. Bento Gonçalves, 9500, Centro de Tecnologia- Setor 6.

Bairro Agronomia, Porto Alegre-RS, Brasil. CEP: 91501-970. E-mail: rejane.tubino@ufrgs.br

Ana Carolina Tramontina

Doutora em Ciências Biológicas/Bioquímica. Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sustentabilidade. Rua Assis Brasil, 842. São

Francisco de Paula-RS, Brasil. CEP: 95400-000. E-mail: ana-tramontina@uergs.edu.br

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RESUMO

O desenvolvimento econômico visto no início deste século tem estimulado uma grande geração de resíduos de produção industrial. Atualmente, estes resíduos são considerados uma problemática ambiental, tanto pelos grandes volumes gerados, como pela necessidade de disposição adequada a fim de evitar danos ao ambiente e à saúde humana.O Rio Grande do Sul é um estado que possui uma grande variedade de atividades industriais, sendo que a Serra Gaúcha, por possuir municípios com elevado desenvolvimento socioeconômico, acaba por contribuir com uma importante parcela da economia do estado.OAvaliando-se o elevado potencial econômico da Serra Gaúcha e o grande número e diversidade industrial, este estudo teve como objetivo a realização de uma análise do panorama da geração de resíduos industriais na região, utilizando os dados obtidos pelo Sistema SIGECORS da FEPAM. A partir da análise dos dados foi possível correlacionar o maior volume de geração de resíduos a municípios com maior desenvolvimento econômico. Além disso, a retração da geração de resíduos comparando-se os anos avaliados pôde ser correlacionada com a retração da economia no período. A partir dos resultados foi possível observar uma grande insipiência dos dados obtidos pelo sistema da FEPAM o que acaba por dificultar a análise dos mesmos. Ao quantificar, classificar e verificar a origem dos resíduos da Serra Gaúcha, é perceptível a necessidade do desenvolvimento de uma economia que venha atender a este mercado de resíduos, para que o desenvolvimento econômico possa ocorrer em associação com o uso sustentável do meio.

Palavras-chave: Resíduo sólido industrial, Destinação de Resíduo, Serra Gaúcha. ABSTRACT

Current economic situation and large industrial development has estimated a large generation of waste production. Rio Grande do Sul is a Brazilian state with a wide variety of industrial activities, and Serra Gaúcha, among the regions of the state, has municipalities with socioeconomic development and contributes with a significant portion of the state's economy. Evaluating the great economic potential of the Serra Gaúcha and the large number and industrial diversity, this study had the objective of analyzing the panorama of industrial waste generation in the region, using the data obtained by the FEPAM System. From the analysis of the data it was possible to correlate the higher volume of waste generation to municipalities with greater economic development. In addition, a retraction of the generation of waste comparing the years attends correlations with a retraction of the economy in the period. The data showed a great insipiencia of the data obtained by the system of FEPAM, possibly due to the autonomy of the companies, which ends up making it difficult to analyze them. When quantifying, classifying and verifying the origin of the Serra Gaúcha waste, it is noticeable the need to develop an economy that will serve a waste market, so that economic development can occur in association with the sustainable use of the environment.

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1 INTRODUÇÃO

O elevado desenvolvimento econômico observado no início do século XXI tem estimulado uma grande geração de resíduos de produção industrial, que devido aos grandes

variedade de atividades industriais, destacando-se os segmentos de produtos alimentícios, veículos automotores, máquinas e equipamentos, produtos químicos, couros e calçados, e produtos de metal. No ano de 2014 esses segmentos representaram 59,9% do Valor da Transformação Industrial (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

A região da Serra Gaúcha compreende 32 municípios que se destacam pelo alto nível de desenvolvimento econômico. De acordo com a Fundação de Economia e Estatística (FEE), entre os anos de 2000 e 2010, a região concentrou a segunda maior produção industrial da década no estado, representando, em média, 12% do PIB estadual nesse período (FEE, 2014). Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2013, somente os municípios situados na Serra Gaúcha possuíam em torno de 100.000 empresas gerando algum tipo de resíduo em seus processos.

No Brasil, a Lei n° 12.305/2010, regulamentada pelo Decreto 7.405/2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). A PNRS estabelece objetivos, diretrizes e ações a serem adotados no país, visando à gestão integrada e ao gerenciamento adequado dos resíduos sólidos (BRASIL, 2010). Apesar de ter sido regulamentada em 2010 a maioria de seus instrumentos está em fase de desenvolvimento, visto que para entrar em operação todos os entes da cadeia detém sua parcela de responsabilidade.

De acordo com normas regulatórias brasileiras e com a PNRS, os resíduos são classificados em decorrência da sua periculosidade (ABNT, 2004a, ABNT 2004b). A norma NBR 10005 (ABNT 2004b) leva em consideração o processo produtivo que originou o resíduo e seu impacto à saúde e ao meio ambiente, podendo este ser caracterizado como Classe I (perigoso) e de Classe II (não perigoso), sendo os últimos ainda classificados como classe IIA (não inertes) e classe IIB (inertes) (ABNT 2004c).

Entre os instrumentos da PNRS, estão incluídos os Planos Estaduais de Resíduos Sólidos (PERS), que possuem, entre outros objetivos, o diagnóstico da geração de resíduos nos estados, bem como a formulação de metas para reduzir a geração dos mesmos e dispor sobre a destinação ambientalmente adequada (BRASIL, 2010). No RS, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler (FEPAM) elaborou o documento do PERS, que foi apresentado no dia 10/09/2015, prevendo propostas e metas para serem cumpridas no

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período de 2015 a 2034, incluindo demandas e sugestões obtidas em audiências regionais (PERS, 2015).

Nos processos de licenciamento ambiental, a FEPAM coleta informações periódicas sobre a quantidade de resíduos sólidos gerados por trimestre, a forma de acondicionamento, o transporte e o destino dados aos resíduos industriais (RI) (FEPAM, 2003). Avaliando-se o grande potencial econômico da Serra Gaúcha e a diversidade industrial desta região, este estudo teve como objetivo diagnosticar e analisar a origem, destinação e tipologia dos resíduos industriais produzidos na região.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 RECORTE ESPACIAL E OBTENÇÃO DOS MAPAS

O estudo da geração de RI nos anos de 2014 e 2015 se concentrou em 32 municípios (Fig1.), englobados, em sua maioria pelo COREDE Serra, enquanto o município de São Francisco de Paula é participante do COREDE Hortênsias.

Os mapas apresentados posteriormente foram obtidos pelo método de quebras naturais, que identifica pontos de quebra que melhor agrupem valores similares e maximizem a diferença entre as classes (LOCH, 2006). Os mapas foram gerados através da utilização do Sistema de Informações Geográficas ArcGis.

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Figura 1. Recorte espacial do estudo.

2.2 OBTENÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DOS DADOS

Os dados sobre a geração de RI na Serra Gaúcha foram obtidos junto à FEPAM. Foram utilizados os dados dos anos de 2014 e 2015, lançados trimestralmente no sistema de coleta SIGECORS por empresas licenciadas pelo órgão,

Para avaliar a quantidade de resíduos gerados nos municípios da Serra Gaúcha, os municípios foram discriminados a partir do volume de geração de RI (baixo, médio e alto volume) e os dados foram agrupados por volume nas unidades de litro, toneladas e metros cúbicos.

2.3 AVALIAÇÃO DA GERAÇÃO E DESTINAÇÃO DE RESÍDUOS

Para obter a tipologia dos resíduos gerados nos anos de 2014 e 2015 na Serra Gaúcha, os resíduos foram classificados como Classe I (perigoso) e Classe II (não perigoso) de acordo com a PNRS. Foram avaliados os resíduos gerados em maior quantidade e quais os municípios foram responsáveis por tais gerações.

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Para determinação dos resíduos mais gerados, os volumes foram somados, independente das unidades. O valor total foi considerado 100%, e os 5 resíduos mais gerados foram verificados, e determinado seu percentual em relação ao volume total.

O destino final dos resíduos de Classe I e II gerados na Serra Gaúcha nos anos de 2014 e 2015 também foi avaliado. Para esta determinação, o volume total de resíduos foi calculado somando-se os volumes, independente de unidade. Este valor foi considerado 100%. Foram verificados os destinos, e seu percentual em relação ao volume total foi calculado. Destinos verificados: a) Não determinado (ND) – inclui dados incompletos ou inexistentes quando do lançamento no sistema; b) Reciclagem; c) Armazenamento Temporário (AT) para posterior destinação; d) Compostagem; e) Coleta e tratamento de materiais contaminados com óleo (CTO); f) Tratamento de efluentes (TE) e g) Outros destinos – incluindo destinação de resíduos para pessoas físicas e coleta pela prefeitura municipal.

3 RESULTADOS

3.1 PANORAMA DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS INDUSTRIAIS NA SERRA GAÚCHA NOS ANOS DE 2014 E 2015

Em 2014, a maior geração em toneladas (maior que 100.000 t) se concentrou nos municípios de Caxias do Sul, Flores da Cunha e Bento Gonçalves. A menor geração (0 a 350 t) ocorreu em treze municípios. Ainda em 2014 houve o registro da produção de quantidades médias de RI (na faixa de 1.000 a 10.000 t) por um expressivo número de municípios, conforme observado na Fig. 2A.

Avaliando-se o ano de 2015, observou-se que a maior geração de resíduos (maior que 100.000 t) se concentrou nos municípios de Caxias do Sul, Flores da Cunha e Guaporé. A menor geração (0 a 350 toneladas) se concentrou em dez municípios, enquanto seis municípios apresentaram geração de quantidades médias (Fig. 2B).

Avaliando o mapa de geração de resíduos em metro cúbico de 2014, observa-se que a geração mais expressiva (maior que 30.000 m³) está localizada nos municípios de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Nova Prata, enquanto quatorze municípios apresentam menor geração (0 a 500 m³), além de seis municípios gerando entre 500 a 2500 m³ (Fig.2C).

Para o ano de 2015, avaliando a geração de resíduos em m³, observa-se maior geração (maior que 30.000 m³) nos municípios de Caxias do Sul, Flores da Cunha e Nova Prata, enquanto a menor geração (0 a 500 m³) ocorreu em dezesseis municípios. O que chama atenção no ano de 2015 é a existência de sete municípios gerando entre 5000 a 15.000 m³, sendo eles:

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Guaporé, Garibaldi, Vila Flores, São Marcos, Antônio Prado, Carlos Barbosa e Farroupilha (Fig.2D).

Para o ano de 2014, os municípios que apresentaram maior geração de RI em litros (mais de 100.000 litros) foram, na seguinte ordem: Caxias do Sul, Antônio Prado, Bento Gonçalves e Carlos Barbosa, e quatorze municípios apresentaram geração entre 0 e 350 litros (Fig.2E). Em 2015, os municípios que mais geraram resíduos foram: Caxias do Sul, Garibaldi, Bento Gonçalves, Flores da Cunha e Antônio Prado, nesta ordem. Já no ano de 2015, exceto Boa Vista do Sul, os demais permaneceram na categoria de menor geração (Fig.2F).

Figura 2. Volume de resíduos gerados nos municípios da Serra Gaúcha nos anos de 2014 e 2015 por empresas licenciadas pela FEPAM.

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3.2 TIPOLOGIA E VOLUME DE RESÍDUOS GERADOS NOS MUNICÍPIOS DASERRA GAÚCHA EM 2014 E 2015

No ano de 2014, quando foram avaliados os RI em toneladas, dez municípios (São Francisco de Paula, Pinto Bandeira, Monte Belo, Santa Tereza, Coronel Pilar, Serafina Correa, Montauri, Guabiju, São Jorge e Nova Pádua) geraram exclusivamente resíduos de classe II, enquanto somente Fagundes Varela e União da Serra geraram apenas resíduos de classe I. Dos municípios que apresentaram geração mista de resíduos, nove deles apresentaram mais de 50% de RI de classe I (Paraí, Guaporé, Veranópolis, Nova Roma do Sul, Boa Vista do Sul, Nova Bassano, Carlos Barbosa, São Marcos e Flores da Cunha), enquanto outros nove municípios (Caxias do Sul, Farroupilha, Garibaldi, Cotiporã, Nova Prata, Bento Gonçalves, Vila Flores, Vista Alegre do Prata e São Valentin) apresentaram geração maior de resíduos de classe II (Fig. 3A).

Avaliando-se a tipologia de RI em m³ ao longo de 2014, foi possível observar que dentre os 32 municípios avaliados, apenas o município de Guabiju gerou exclusivamente resíduos de classe I, enquanto para geração exclusiva de RI de classe II foram encontrados os municípios de São Francisco de Paula, Paraí, Nova Araçá, Vista Alegre do Prata, Santa Tereza e Cotiporã. Com geração predominante de resíduos de classe II foram observados sete municípios (Nova Bassano, Fagundes Varela, São Valentim do Sul, Farroupilha, Nova Roma do Sul, Caxias do Sul e São Jorge), enquanto que os municípios restantes (16) apresentaram geração maior de RI de classe I (Fig. 3B).

Dos RI avaliados na unidade litros, ao longo de 2014, onze municípios geraram exclusivamente os de classe I (Carlos Barbosa, Garibaldi, São Marcos, Veranópolis, Nova Prata, São Valentim, Nova Araçá, Paraí, Serafina Correa, Guaporé e Pinto Bandeira), enquanto apenas três apresentaram geração exclusiva de classe II (Nova Pádua, Antônio Prado e Vila Flores). Para geração mista foram encontrados os municípios de Nova Bassano, Flores da Cunha, Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Farroupilha, com mais de 50% dos resíduos de classe I. Os demais treze municípios avaliados, e não citados, não apresentaram geração de RI em litros no período avaliado (Fig. 3C).

Como observado na Fig.3, o município de Caxias do Sul foi o que gerou maior volume de resíduos, de ambas as classificações, nos dois anos estudados. Bento Gonçalves e Farroupilha apresentaram, no geral, uma maior geração de resíduos quando comparados com os demais municípios da Serra Gaúcha.

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Figura 3. Municípios geradores, tipologia e volume dos RI gerados na Serra Gaúcha em 2014 por empresas licenciadas pela FEPAM.

Ao longo do ano de 2015, para os resíduos avaliados em toneladas, 21 dos municípios avaliados apresentaram geração exclusiva de resíduos de classe II, enquanto apenas União da Serra gerou exclusivamente RI de classe I. Os municípios de São Marcos, Farroupilha, Carlos Barbosa, Bento Gonçalves, Veranópolis, Vila Flores e Guaporé apresentaram geração predominante de resíduos de classe II. Os municípios de Coronel Pilar, Santa Tereza e Vista Alegre do Prata não apresentaram geração de RI em toneladas no período avaliado (Fig.4A).

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Figura 4. Municípios geradores, tipologia e volume dos RI gerados na Serra Gaúcha em 2015 por empresas licenciadas pela FEPAM

Para resíduos avaliados em m³ no ano de 2015, foi observada a geração exclusiva de RI de classe II em onze municípios (São Jorge, Paraí, Nova Araçá, Montauri, Vista Alegre do Prata, Nova Prata, Cotiporã, São Valentim, Pinto Bandeira, Nova Pádua e Boa Vista do Sul), enquanto para geração exclusiva de classe I encontramos apenas o município de Vila Flores. Observamos os municípios de Guaporé, Monte Belo do Sul, Garibaldi, Carlos Barbosa, Farroupilha, Bento Gonçalves, Veranópolis, Nova Roma do Sul, Antônio Prado, Flores da Cunha e São Marcos com geração predominante de resíduos de classe II, enquanto Caxias do Sul, Nova Bassano e Serafina Correa tiveram geração maior de resíduos de classe I (Fig.4B).

Avaliando-se a geração de RI em litros, no ano de 2015, a geração exclusiva de resíduos de classe I ocorreu em nove municípios (Boa Vista do Sul, Carlos Barbosa, Garibaldi, Veranópolis, Vila Flores, Guaporé, Serafina Correa, Nova Araçá e Paraí), enquanto apenas Nova Pádua e Antônio Prado apresentaram geração exclusiva de classe II. Dos municípios que

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apresentaram geração mista, Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Farroupilha apresentaram predominância de resíduos de classe I, e Flores da Cunha, Nova Prata, Nova Bassano e São Marcos geraram maior quantidade de classe II. Os 14 municípios não citados não apresentaram registro de geração de resíduos informados em litros no período avaliado (Fig.4C).

3.3 PRINCIPAIS RESÍDUOS DE CLASSE I E II GERADOS NA SERRA GAÚCHA EM 2014 E 2015

Nos dois anos avaliados, mais de 60% foram resíduos têxteis contaminados (RTC), seguidos de resíduos de solventes (menos de 10%). Os demais resíduos foram gerados em menores quantidades, como apresentado no gráfico (Fig. 5 A e B).

Para os resíduos de classe II também houve uma semelhança entre os dois anos avaliados, quando o RI mais gerado desta classe foi o vidro (mais de 40%), seguido de resíduos orgânicos (em torno de 30%). Os demais resíduos foram gerados em menor quantidade, como observado no gráfico (Fig. 5 C e D).

Figura 5. Resíduos de classe I e II gerados em maior quantidade nos municípios da Serra Gaúcha nos anos de 2014 e 2015. Valores calculados em relação ao volume total de resíduos classe I ou II. RTC – resíduos têxteis contaminados; EPI – equipamentos de proteção individual; ELI – efluente líquido industrial; MF – metais ferrosos, RS ETE – resíduo sólido oriundo de estação de tratamento de esgoto.

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3.4 DESTINO FINAL DOS RESÍDUOS GERADOS NOS MUNICÍPIOS DA SERRA GAÚCHA NOS ANOS DE 2014 E 2015

No ano de 2014, para os resíduos de classe I foram encontrados seisdestinos, conforme Figura 6A. No ano de 2015 foram observados o tratamento e coleta de óleo (CTO) e tratamento de efluentes (TE), além dos já citados em 2014 (fig. 6B). Para os resíduos de classe II, tanto em 2014 quanto em 2015, foram observados seis destinos (Fig.6C e 6D).

Figura 6. Principais destinos dos resíduos industriais gerados na Serra Gaúcha nos anos de 2014 e 2015. Valores calculados em % do volume total. ND – não declarado; AT – armazenamento temporário; TE – tratamento de efluentes; TCO – tratamento e coleta de óleo; Outros: inclui recolhimento pela prefeitura municipal e destinação para pessoa física.

4 DISCUSSÃO

A PNRS foi instituída por lei federal e está em vigor desde 2010; contudo, ainda necessita de aplicação prática em vários pontos. De acordo com estudo publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a geração de resíduos ainda é elevada e a aplicação dos instrumentos preconizados pela PNRS, como a reciclagem e a logística reversa, ainda é muito incipiente no país (ABRELPE, 2016).

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Alguns estados brasileiros têm realizado inventários sobre a geração de RI, e estes estão sendo utilizados como ferramentas de gestão ambiental (FEPAM, 2010). No RS, a FEPAM coleta dados sobre geração de resíduos (FEPAM, 2003), sendo o último relatório publicado em 2003.

A partir dos dados analisados foi possível observar maior concentração de geração de resíduos, independente da tipologia, nos municípios de Caxias do Sul, Flores da Cunha, Bento Gonçalves e Nova Prata. Estes municípios são os que apresentam maior índice de desenvolvimento socioeconômico da região, e consequentemente possuem um maior número de empresas, atuando em diferentes segmentos industriais. De acordo com os dados, em 2014 e 2015, o município de Caxias do Sul se caracterizou como o maior gerador de resíduos da Serra Gaúcha. Segundo relatório sobre perfil socioeconômico publicado pela Prefeitura de Caxias do Sul, em 2013 o município contava com 6.224 indústrias de transformação, o que justifica a expressiva geração de resíduos pelo município (PREFEITURA DE CAXIAS DO SUL, 2014).

Avaliando-se o volume total de resíduos gerados, foi possível observar uma redução importante dos RI lançados no sistema FEPAM no ano de 2015, o que vem de encontro com as oscilações econômicas que ocorreram neste ano, quando o RS teve uma redução de 4,6% do PIB. (FEE 2017- SÉRIE HISTÓRICA). De acordo com o IBGE, Caxias do Sul apresentou uma redução de mais de 7% no PIB em 2015 (IBGE, 2017), o que certamente colaborou com essa importante repercussão na geração de RI na região.

Resíduos industriais de classe II foram os mais gerados na região nos dois anos avaliados. Isso possivelmente está relacionado à presença de um grande número de indústrias de alimentos e bebidas na região, as quais geram um expressivo volume de resíduos em função dos descartes realizados no processo produtivo.

A tipologia do resíduo define o destino final ou prestador de serviço ambiental que irá receber o resíduo. Quando este tem a classificação II, como o papel e plástico a serem reciclados, o prestador de serviço ambiental que recebe este tipo de material deve possuir licença ambiental concedida pelo município, sem a necessidade de fazer estudos de impacto ambiental para sua implantação do empreendimento, visto que haverá apenas armazenamento temporário para posterior envio à reciclagem. Entretanto, existem grandes diferenças quando se trata de resíduos Classe I. Aterros de RI preparados para receber este tipo de resíduos geralmente devem ser licenciados pelo órgão estadual, sendo obrigatória a realização de estudo

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(GUIA BÁSICO LICENCIAMENTO AMBIENTAL, FEPAM). Devido a esses controles mais rigorosos, há número menor de empreendimentos que tratam, processam ou dispõe resíduos classe I.

O RS possui legislações específicas que determinam a destinação correta de alguns tipos de resíduos classificados como classe I. Como exemplo, a Portaria n° 16/2010 (PORTARIA N° 016/2010, DE 20 DE ABRIL DE 2010) aborda a necessidade de destinação de resíduos com poder calorífico para processos que visem seu aproveitamento energético a partir de coprocessamento e blendagem. Os resultados observados demonstram uma ínfima participação de resíduos destinados para blendagem em 2014 e 2015, demonstrando que o estado ainda tem muito que avançar na utilização desta alternativa, que é preconizada na PNRS. Todavia é importante ressaltar que a partir de 2014, empresas se licenciaram para fazer o processo de blendagem de resíduos no RS, para posterior envio para coprocessamento, o que pode aumentar a destinação de resíduos para este fim.

A partir dos resultados obtidos, foi possível verificar a falta de informações no momento do lançamento dos resíduos gerados no sistema FEPAM no que diz respeito ao destino dado a eles nos anos de 2014 e 2015. Mais de 50% do volume total de resíduos não apresentaram adequado lançamento da destinação dos resíduos, o que prejudica o acompanhamento dos mesmos a partir da sua geração.

É importante citar que a partir da Portaria 087/2018, alterada pela Portaria 12/2020 (FEPAM, 2020), a FEPAM acompanha a geração e destinação dos resíduos gerados pelas empresas do estado através do MTR online – Manifesto de Transporte de Resíduos. O MTR é uma ferramenta que permite a rastreabilidade da geração e destinação de resíduos, o que permite aos órgãos ambientais um maior controle, podendo minimizar problemas como o encontrado no presente estudo, de falta de dados sobre os RI gerados no estado.

O acompanhamento dos RI gerados é de extrema importância, e novos estudos se mostram necessários a fim de verificar se a implantação do MTR online apresentou resultados. Para que a Serra Gaúcha continue a se destacar no setor econômico do estado, é necessário que ações relativas à sustentabilidade e redução de danos ambientais ocorram em conjunto, a fim de minimizar danos sociais, ambientais e na saúde pública que possivelmente encontram- se atrelados ao desenvolvimento industrial e econômico.

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5 CONCLUSÕES

Em função dos volumes expressivos de resíduos gerados na Serra Gaúcha faz-se necessário desenvolver controles cada vez mais rígidos sobre a gestão e destinação dos mesmos, com intuito de minimizar ao máximo a possibilidade de geração de impacto ambiental, caso os mesmos venham a ser geridos de forma inadequada. Para isso, é imprescindível que os órgãos ambientais competentes desenvolvam mecanismos que facilitem e apoiem estes controles, apontando possíveis desvios que venham a ocorrer neste processo.

REFERÊNCIAS

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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004. Resíduos sólidos: classificação. Rio de Janeiro, 2004a.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10005 Procedimento para obtenção de extrato de lixiviado de resíduos sólidos.. Rio de Janeiro: ABNT, 2004b.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10006. Procedimento para obtenção de extrato de solubilizado de resíduos sólidos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004c. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS (ABRELPE). Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2010. São Paulo, 2014. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2014.pdf> Acesso em: 25 de agosto de 2017.

ASSOCIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DA ENCOSTA SUPERIOR DO NORDESTE. Relatório da Amesne para instalação da Ufrgs na Serra. Disponível em: <http://www.amesne.com.br/files/relatorio-da-amesne-para-embasamento-da-instalacao-do- campus-da-ufrgs-na-serra.pdf> Acessado em 17 agosto 2017.

BRASIL. Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em 27 de dezembro de 2017.

CAXIAS DO SUL. Perfil Socioeconômico. Caxias do Sul: Prefeitura Municipal de Caxias do

Sul, 2014. 64 slides, color. Disponível em:

<https://www.caxias.rs.gov.br/_uploads/desenv_economico/perfil_caxias.pdf>. Acesso em: 10 dezembro 2017.

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ELLEN MACARTHUR FOUNDATION. Rumo a economia Circular. 2014. Disponível em: <https://www.ellenmacarthurfoundation.org/assets/downloads/Rumo-a%CC%80-economia- circular_Updated_08-12-15.pdf> Acesso em: 18 julho. 2017.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, Fiergs, Indicarores Industriais, 2012. Disponível em: <http://www.fiergs.org.br/pt- br/economia/indicador-economico/indicadores-industriais> Acesso em 22 agosto de 2017. FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA – FEE. Tendências Regionais : PIB, demografia e PIB per capita. 2014. Adalmir Antonio Marquetti, Cecília Rutkoski, Bruno Breier Caldas. Porto Alegre, FEE, 2014.

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Figura 1. Recorte espacial do estudo.
Figura 2. Volume de resíduos gerados nos municípios da Serra Gaúcha nos anos de 2014 e 2015 por empresas  licenciadas pela FEPAM
Figura 3. Municípios geradores, tipologia e volume dos RI gerados na Serra Gaúcha em 2014 por empresas  licenciadas pela FEPAM
Figura 4. Municípios geradores, tipologia e volume dos RI gerados na Serra Gaúcha em 2015 por empresas  licenciadas pela FEPAM
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Referências

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