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A ARTETERAPIA EM CRIANÇAS COM CANCRO (CÂNCER)

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Marlene do Carmo Penasso Dinca

Universidade Fernando Pessoa

Curso de Mestrado em Docência e Gestão da Educação

A ARTETERAPIA EM CRIANÇAS COM CANCRO (CÂNCER)

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Marlene do Carmo Penasso Dinca

Universidade Fernando Pessoa

Curso de Mestrado em Docência e Gestão em Educação

A ARTETERAPIA EM CRIANÇAS COM CANCRO (CÂNCER)

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Marlene do Carmo Penasso Dinca

Universidade Fernando Pessoa

Curso de Mestrado em Docência e Gestão em Educação

A ARTETERAPIA EM CRIANÇAS COM CANCRO (CÂNCER)

Projeto de investigação apresentada à Universidade Fernando Pessoa como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Docência e Gestão da Educação, sob orientação da Professora Doutora Luisa Saavedra.

Assinatura: _____________________-

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VI

RESUMO

A presente dissertação analisa a importância do lúdico na promoção da socialização, do bem-estar e da alegria da criança durante o tratamento oncológico. A temática se justifica em detrimento ao sofrimento que muitas crianças passam, ao serem diagnosticadas com cancro (câncer) e têm que buscar tratamento que muitas vezes, não oferecem a complementação pedagógica e lúdica no período em que a criança se encontra no hospital.

Como foco da pesquisa, escolheu-se o Hospital São Vicente de Paula em Passo Fundo. Afim de alcançarmos o nosso objetivo primeiro, traçaram-se os objetivos específicos na qual: busca-se apresentar a estrutura hospitalar e os processos de acolhimento às crianças em tratamento oncológico, as habilidades de autossuficiência para o fortalecimento das práticas positivas frente à doença, a oportunização dos momentos que promovam estados emocionais de alegria e entusiasmo pela vida por meio das atividades lúdicas, que agucem a fantasia e a imaginação, tirando o foco da doença e a promoção de momentos de socialização e descontração entre as crianças, seus familiares e profissionais da casa de apoio.

Adotou-se o modelo estudo de caso, com enfoque qualitativo. Utilizou-se na coleta dos dados, o guia de entrevistas com perguntas semiestruturadas que foram aplicadas aos responsáveis pelas crianças, além da grelha de observação. A pesquisa foi fundamentada em referenciais teóricos sobre a arte terapia e os resultados foram devidamente tabulados, na qual buscou-se identificar de que forma a socialização e a atividade lúdica poderá contribuir com a recuperação de uma criança com cancro (câncer).

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VII

ABSTRACT

This dissertation analyzes the importance of playfulness in promoting socialization, well-being and joy of the child during cancer treatment. The issue is justified to the detriment of the suffering that many children spend when they are diagnosed with cancer and have to seek treatment that often does not offer the pedagogical and playful complementation during the period in which the child is in the hospital.

As a focus of the research, we chose the São Vicente de Paula Hospital in Passo Fundo. In order to achieve our first objective, we set out the specific objectives in which: the aim is to present the hospital structure and the processes of receiving children in cancer treatment, self-sufficiency skills to strengthen positive practices towards the disease, opportunities that promote emotional states of joy and enthusiasm for life through playful activities that agitate fantasy and imagination, taking the focus of the disease and promoting moments of socialization and relaxation among children, their families and professionals. support house.

We adopted the case study model, with a qualitative approach. The interview guide with semi-structured questions that were applied to those responsible for the children, as well as the observation grid, was used in the data collection. The research was based on theoretical references on art therapy and the results were tabulated, in which it was sought to identify how socialization and play activity could contribute to the recovery of a child with cancer.

.

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VIII

DEDICATÓRIA

Ao Victor Henrique, meu filho.

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IX

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Nossa Senhora de Fátima, que me deu suporte neste momento tão valioso e difícil.

Á minha orientadora Professora Doutora Luisa Saavedra, pela sabedoria e dedicação imensurável.

Ao Hospital São Vicente de Paula, que me acolheu. Às crianças e seus familiares que juntos, fizeram parte da minha investigação.

Á Universidade Fernando Pessoa, que me acolheu e me oportunizou de concretizar o meu sonho.

Aos meus professores que deixaram seus ricos conhecimentos, que levarei para toda a vida.

Aos meus colegas de turma, que dividiram comigo estes momentos, onde fiz amizades verdadeiras.

(9)

X

INDÍCE GERAL

RESUMO... VI ABSTRACT ... VII DEDICATÓRIA ...VIII AGRADECIMENTOS ... IX LISTA DE ABREVIATURAS ... XVI

INTRODUÇÃO ... 1

1.1 Contextualização e Pressupostos da Investigação ... 2

1.2 Problema, Questões de Investigação e Objetivos Processuais ... 2

1.3 Relevância e Contribuição da Investigação ... 3

1.4 Orientação Metodológica ... 3

-1.5 Estrutura do Trabalho ... - 4 -

PARTE I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 5

-CAPÍTULO I- O HOSPITAL E O ACOLHIMENTO À CRIANÇA COM CÂNCER.... ... - 6 -

1.1 A Estrutura Física do Hospital São Vicente de Paula Passo Fundo ... 6

1.2 A criança e o diagnóstico ... 8

1.3 O contexto familiar frente a doença ... 13

1.3.1 A família no acolhimento ... 14

-1.4 Os profissionais frente ao diagnóstico ... - 15 -

CAPÍTULO II – O LÚDICO NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA CRIANÇA.... ... - 17 -

2.1 A importância do lúdico para a socialização da criança no ambiente hospitalar... ... 20

2.2 As práticas positivas frente à doença. ... 22

2.3 A promoção dos momentos de alegria através das atividades lúdicas. ... 24

-2.4 . Brincar no hospital ... - 26 -

PARTE II – PESQUISA EMPÍRICA ... 29

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XI

3.1 Metodologia da Investigação ... 30

3.2 Estudo de Caso ... 31

3.3 Os Tipos de Pesquisa Adotados ... 32

3.4 As Técnicas de Observação ... 33

-3.5 Participantes ... - 34 -

CAPÍTULO IV: ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 36

CAPÍTULO V CONCLUSÃO E TRABALHO FUTURO... 55

RECOMENDAÇÕES ... 58

BIBLIOGRAFIA ... 60

-ANEXOS ... - 63 -

ANEXO 01 – SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO PARA O HOSPITAL ... - 64 -

ANEXO 02 - DECLARAÇÃO DE CONSENTIMENTO ... - 65 -

ANEXO 03 – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... - 66 -

ANEXO 04 - FICHA DE CARACTERIZAÇÃO ... - 68 -

ANEXO 05 - GRELHA DE OBSERVAÇÃO NO HOSPITAL ... - 69 -

ANEXO 06 - GUIÃO DE ENTREVISTA – APÓS A INTERVENÇAO LÚDICA - 72

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XII

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Hospital São Vicente de Paula/1918. ... 7

Figura 2: Hospital São Vicente de Paula/ Instalação Moderna ... 8

-Figura 3: O cuidado no tratamento oncológico ... - 11 -

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-XIII

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Estimativa de novos cânceres no Brasil, por região. ... 11

Gráfico 2: Estado Civil ... 35

Gráfico 3: Caracterização por profissão ... 35

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-XIV

LISTA DE QUADROS

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-XV

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Sentimento da Criança ... 43

Tabela 2: O Motivo de estarem no Hospital ... 43

Tabela 3: A presença das atividades lúdicas no hospital faz diferença em sua vida? 44 Tabela 4: O sentimento da criança ... 44

Tabela 5: Qual é a brincadeira que você mais gosta? ... 45

Tabela 6: O que as crianças não gostam. ... 45

Tabela 7: O que a criança sente falta. ... 46

Tabela 8: O tratamento do cancro (câncer) ... 46

Tabela 9: A atividade que gosta ... 47

Tabela 10: Perguntas feitas ao médico ... 47

Tabela 11: O que te levou a procurar um médico, antes do diagnóstico de câncer? .. 49

Tabela 12: O que a criança sentiu quando recebeu o diagnóstico? E os familiares? . 49 Tabela 13: Sentimento X Doença ... 50

Tabela 14: Acompanhamento no tratamento ... 51

Tabela 15: Mudança na rotina familiar... 51

Tabela 16: O tratamento no Hospital ... 51

Tabela 17: O tratamento ideal ... 52

Tabela 18: Como era seu filho (a) antes da intervenção lúdica? ... 52

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-XVI

LISTA DE ABREVIATURAS

ACND Middle & High School of the Archdiocese of Miami ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

HSVP Hospital São Vicente de Paula

INCA Instituto Nacional do Câncer José de Alencar PIPOP Portal de Informação Português de Oncologia

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A Arteterapia em Crianças com Cancro (Câncer)

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INTRODUÇÃO

A presente investigação surgiu da vontade em conhecer como funcionaria o tratamento de arteterapia com crianças que teriam que passar por um tratamento oncológico e que não tinham nenhuma atividade para fazer enquanto estavam no hospital. Percebe-se em estudos que o ato de brincar também pode informar a evolução da doença, seus aspectos, o nível de estresse, da hospitalização e tratamento (Motta, Enumo & Ferrão, 2006). Além disso, sendo este ato, uma das formas genuínas da criança, permite que ela revele suas necessidades, vontades ou prazeres.

Cunha (1994), dá ênfase ao brincar e relaciona-o como meio de a criança desenvolver-se e de integrar-se ao ambiente que a cerca, o que se pode transferir para o contexto em referência. Já para Soares (2003), as brincadeiras e jogos variados que promovem risadas podem melhorar a oxigenação, induzem ao relaxamento e melhora a autoestima (p.26). Já para Azevedo (2011), os espaços preparados para estimular o brincar que são as brinquedotecas hospitalares, favorecem e estimulam uma qualidade melhor de vida para as crianças, minimizando o sofrimento, o processo do adoecimento e os traumas da hospitalização.

Quanto às estratégias de coping relacionadas à emoção, Hymovich e Hagopian (1992, p.5), citam:

a) sentimentos de incerteza, ansiedade, apreensão frente ao diagnóstico médico, aos procedimentos de diagnóstico e tratamento; b) pensar sobre o significado da doença e o provável impacto dessa em seu cotidiano; c) atribuir causas à doença e possíveis resultados como forma de ter controle sobre a situação; d) ter pensamentos irreais como pensar que pode controlar sua condição de saúde, quando isto não é possível; e) fazer comparações com situações piores; f) apresentar sentimento de ambiguidade, quando tenta passar uma imagem falsa para os outros com o objetivo de ser aceito; g) manter a esperança de que o amanhã pode ser melhor e h) usar mecanismos de defesa.

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Um trabalho especializado bastante amplo que não se reduz à escolarização da criança hospitalizada. Busca levar a criança a compreender seu cotidiano hospitalar, de forma que esse conhecimento lhe traga um certo conforto emocional, o que pode ajudá-la a interagir com o medo de uma forma mais participativa.

A intervenção se dará através do modelo conceitual do Empowerment: em que há uma relevância em reduzir os sintomas decorrentes do stress, para que o organismo tenha tempo para preparar-se e organizar-se mais adequadamente para lidar com o mesmo, proporcionando a apropriação de competências psicoemocionais e a resiliência.

1.1 Contextualização e Pressupostos da Investigação

Em face do sofrimento vivenciado pelas crianças com cancro (câncer) que precisam enfrentar a experiência do tratamento, tendo que ser hospitalizadas e em função de possuirmos uma formação, tanto de cunho pedagógico, quanto terapêutico, temos a intenção de contribuir com essa investigação para a melhoria de vida da criança hospitalizada, da sua família, da comunidade científica e colaborar com um referencial teórico, numa perspectiva de socializar boas práticas para o Hospital São Vicente de Paula. Assim, temos a expectativa que toda a equipa inserida profissionalmente no hospital, possa aproveitar dos resultados dessa pesquisa.

Sabemos que, a brincadeira e a imaginação fazem parte do desenvolvimento emocional da criança, inclusive propiciando a mudança de foco de atenção da doença que está vivenciando em seu cotidiano. As atividades lúdicas têm a importante função de abstrair, de transportar às pessoas, de maneira particular a criança, para um mundo da fantasia. Esta experiência imaginativa propicia um ambiente melhor, mais descontraído, que acredita-se ser um importante potencial a ser analisado e valorizado numa perspectiva de fortalecer o próprio mecanismo de defesa do organismo das crianças, fator que possibilitará o sucesso do tratamento e ajudará na cura da doença.

1.2 Problema, Questões de Investigação e Objetivos Processuais

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uma melhora na recuperação de uma criança com cancro (câncer), a partir da socialização e de atividades lúdicas no hospital?

Nessa sequência, este trabalho tem como objetivo principal, analisar a importância do lúdico na promoção da socialização, do bem estar e da alegria da criança durante o tratamento oncológico. E como objetivos específicos, busca-se apresentar a estrutura hospitalar e os processos de acolhimento às crianças em tratamento oncológico, as habilidades de autossuficiência para o fortalecimento das práticas positivas frente à doença, a oportunização dos momentos que promovam estados emocionais de alegria e entusiasmo pela vida por meio das atividades lúdicas, que agucem a fantasia e a imaginação, tirando o foco da doença e a promoção de momentos de socialização e descontração entre as crianças, seus familiares e profissionais da casa de apoio.

1.3 Relevância e Contribuição da Investigação

Pretende-se nesta investigação, identificar de que forma a socialização e a atividade lúdica poderá contribuir com a recuperação de uma criança com cancro (câncer). Tal investigação, trará contribuições tanto para aqueles que buscam uma rápida recuperação, quanto para o campo científico e hospitalar.

1.4 Orientação Metodológica

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O procedimento técnico foi referente ao estudo de caso, no qual investigou-se o processo de tratamento de seis crianças com cancro (câncer), da ala oncológica do Hospital São Vicente de Paula, atendidas através do programa de Intervenção – arteterapia e três crianças que foram observadas que não participaram da intervenção, para fazer um comparativo para a coleta de dados.

De acordo com Marconi e Lakatos (2008, p. 69), esta pesquisa é :

[...] utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta ou de uma simples hipótese que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir fenômenos ou as relações entre eles.

1.5 Estrutura do Trabalho

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CAPÍTULO I- O HOSPITAL E O ACOLHIMENTO À CRIANÇA COM CÂNCER

1.1 A Estrutura Física do Hospital São Vicente de Paula- Passo Fundo

O hospital São Vicente de Paula (HSVP), situado na Cidade de Passo Fundo, possui 45mil m², sendo quase 22mil m² de área construída,104 leitos para internação,20 leitos de Unidade de Tratamento Intensivo,8 leitos de Unidade Pós-operatória,8 salas de cirurgia equipadas com a alta tecnologia. O hospital possui cerca de 500 médicos no corpo clínico, além de 50 especialidades médicas e cirúrgicas, e mais de 1.000 colaboradores.

O HSVP, acredita na tecnologia de última geração, no alto padrão das equipas e na humanização do atendimento como recursos essenciais para a excelência da assistência em Saúde. Por isso, as suas instalações são constantemente modernizadas e os equipamentos acompanham os mais recentes avanços da medicina.

O Hospital foi criado pelos confrades da Sociedade São Vicente de Paula, zeladores do Apostolado da Oração, Pe. Rafael Iop (Vigário da Paróquia Nossa Senhora da Conceição) e algumas pessoas da comunidade, que se reuniram no dia 24 de junho de 1918, para fundar uma instituição hospitalar e prestar assistência médica, medicamentos, conforto material e espiritual, sem distinção de crença política ou religiosa.

A primeira instalação, ocorreu com o arrendamento de um pequeno prédio, localizado na rua Paissandú, nº 16, onde atualmente situa-se a Escola Estadual de 1º e 2º Graus Nicolau Araújo Vergueiro. Após fazer alguns reparos na estrutura do prédio, instalaram o Hospital São Vicente de Paulo. Na época, a casa tinha de 120 metros quadrados.Como ilustra a figura 1.

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Figura 1: Hospital São Vicente de Paula/1918.

Fonte: http://www.hsvp.com.br/Acesso em: 20/02/2017.

O propósito de consolidar o Hospital São Vicente de Paula, ocorreu em um momento conturbado para a história da humanidade que, em 1918, foi assolada pela epidemia do vírus “Influenza Espanhola”. Os primeiros serviços de assistência realizados pela instituição foram voltados ao combate dos efeitos da gripe. O atendimento de saúde ultrapassou o âmbito hospitalar e, no dia 4 de novembro do mesmo ano, o HSVP agasalhou os doentes que sofriam com a epidemia.

A filosofia do Hospital estava em atender bem e acolher os mais necessitados. o Hospital São Vicente de Paula, consolidou-se como entidade com fins filantrópicos que desenvolve atividades de atendimento médico-hospitalar sem finalidades lucrativas. Ele acompanhou a rápida evolução da medicina, ao longo de sua história e se tornou um dos melhores centros médicos com uma forte atuação na: medicina de alta complexidade, internação hospitalar, serviços ambulatoriais, centro de oncologia, transplantes e engenharia biomédica.

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Figura 2: Hospital São Vicente de Paula/ Instalação Moderna

Fonte: http://www.hsvp.com.br/Acesso em: 20/02/2017.

O hospital além de ser referência no Sul do Brasil, nos últimos anos se consolidou como o 5º melhor hospital do Brasil pela América Economia Intelligence, ele que tem hoje como direção executiva a Irmã Marinette Tibério, possui um grande investimento em tecnologia, valorizaçao dos colaboradores e a vocação do cuidar das irmãs vicentinas.

1.2 A criança e o diagnóstico

O diagnóstico tardio do cancro para as crianças tem sido um problema que vem se arrastando há 40 anos. Naquele contexto, não se pensava em crianças com cancro (câncer) e para dificultar todo o processo de diagnóstico, muitos sintomas se assemelham a doenças infantis, fazendo com que esse diagnóstico se torne ainda mais tardio. A diferença desses sintomas era que na maioria das doenças, desapareciam entre 7 e 10 dias, e no caso do cancro (câncer), isso não acontecia, (Pedrosa, 2014).

A partir dos anos 70, os profissionais de saúde, principalmente americanos e europeus, começaram a dar o diagnóstico da doença. Graças à pediatria infantil, começou a perceber na criança um amadurecimento perante a morte, o sofrimento e até à própria doença.

(Lecussán,2001, p.1).

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a transmissão do diagnóstico a ela (criança) raramente é encarada como uma tarefa fácil, (Lecussán,2001).

Mesmo com toda a dificuldade, os médicos preferem comunicar a criança, pois, cabe a eles receberem o paciente, pedir os exames e acompanhar todo o tratamento e juntos, traçarem o tratamento paliativo e também a sua rotina.

Em 1998, a World Health Organization apresentou uma definição específica para cuidados paliativos pediátricos, ou seja, a ação do cuidar ativo e total a criança, em sua dimensão biopsicossocial e espiritual, desde o início do diagnóstico da doença, aliviando o sofrimento físico, psicológico, social e espiritual, bem como oferecendo suporte familiar. Incluiu, assim, a família e os recursos da comunidade no cuidado da criança em instituições terciárias, centros de saúde e em suas residências. Entretanto, considerando que as necessidades biopsicossociais progridem com o agravo da patologia, de forma quase inconsciente os cuidados paliativos são direcionados para o processo de morte e morrer, ou seja, o cuidado ao final da vida (Sanches, 2014, p. 2).

Sanches (2014), nos coloca à luz da realidade sobre o diagnóstico e seus cuidados que vão desde a sua dimensão biopsicossocial, até a espiritual, que com o agravo da patologia, o paciente pode chegar até a óbito. Nessa linha, faz-se necessário discorrer no próximo item, sobre a compreensão e a importância da família no processo de tratamento.

Esta realidade não é diferente em Portugal, segundo a Fundação Rui Osório de Castro, por ano surgem 350 novos casos de cancro infantil, sendo ela a primeira causa de morte não acidental na população infanto-juvenil. No país, “existem cerca de 2.200.000 crianças e, por ano, surgem 350 novos casos de cancro pediátrico, uma doença que aumenta cerca de 1% ao ano”. (Rosado, 2016).

Os rapazes são quem apresenta uma incidência maior da doença, à exceção dos bebés, em que a probabilidade de ter cancro é ligeiramente maior entre as meninas. Os cancros do sistema hematopoiético (leucemia) são mais recorrentes nas crianças entre os cinco e os nove anos, já os linfomas (cancro nos gânglios linfáticos) é o mais recorrente nos adolescentes entre os 15 e os 19 anos.(PIPOP,2017, p.1)

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mais sofrem de neuroblastomas (cancro nos nervos periféricos e sistema nervoso autónomo).

Já no Brasil, essa estimativa é bem mais alta, segundo o INCA:

Estimam-se, para o Brasil, no ano de 2016, 420.310 casos novos de câncer, excluídos os tumores de pele não melanoma. Como o percentual mediano dos tumores pediátricos observados nos RCBP brasileiros encontra-se próximo de 3%, depreende-se; portanto, que ocorrerão aproximadamente 12.600 casos novos de câncer em crianças e adolescentes até os 19 anos. As Regiões Sudeste e Nordeste apresentarão os maiores números de casos novos, 6.050 e 2.750 respectivamente, seguidas pelas Regiões Sul (1.320 casos novos), Centro-Oeste (1.270 casos novos) e Norte (1.210 casos novos). Para o cálculo do número estimado de tumores pediátricos, para o ano de 2016, optou-se por considerar apenas os valores estimados para todas as neoplasias, sem incluir os tumores de pele não melanoma, justificado por sua magnitude em adultos diferir tanto da observada em crianças e adolescentes (INCA, 2017, p.1).

O cancro (câncer) infantil no Brasil, já representa a primeira causa de morte, chegando a 8% do total de crianças e adolescentes. O INCA – Instituto Nacional do Câncer José de Alencar, vem demonstrar que:

O câncer infantil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afeta os glóbulos brancos), os do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático). Também acometem crianças e adolescentes o neuroblastoma (tumor de células do sistema nervoso periférico, frequentemente de localização abdominal), tumor de Wilms (tipo de tumor renal), retinoblastoma (afeta a retina, fundo do olho), tumor germinativo (das células que vão dar origem aos ovários ou aos testículos), osteossarcoma (tumor ósseo) e sarcomas (tumores de partes moles) (INCA, 2017, p.1).

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Gráfico 1: Estimativa de novos cânceres no Brasil, por região.

Fonte: INCA, (2017, p.1 ).

Contudo, percebe-se que o tratamento do cancro (câncer) na infância e adolescência foi extremamente significativo nas últimas quatro décadas, com esse avanço é possível verificar que há cerca de 80% de cura entre as crianças e adolescentes, isso se tiverem seus diagnósticos precoce e um tratamento especializado, como verifica-se na figura 3, que demonstra o cuidado e o diagnóstico precoce.

Figura 3: O cuidado no tratamento oncológico

Início Detecção Primeiro Avaliação Diagnóstico Tratamento Cura ou Morte Biológico sintomas contato pelo câncer

Doença médico oncológista

Fonte:http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diagnostico_precoce_cancer_adolesc_crianca.pdf Tempo para diagnóstico

Referência, Contrarreferência

Oncologista pediátrico

Tratamento Tratamento

Atendimento médico / Sistema de saúde

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O Instituto Nacional do Câncer (INCA) nos coloca a questão do diagnóstico precoce, que segundo o órgão:

o diagnóstico precoce pode ser a chave para reverter o quadro, que no Brasil, todos os anos cerca de 11 mil crianças e adolescentes de 1 a 19 anos são diagnosticados com câncer. É a doença que mais mata os pequenos. Os pais que percebem quaisquer mudanças na saúde, ajudam no diagnóstico precose e também até na própria cura da doença. Alguns sintomas que podem estar associados ao câncer: Palidez, manchas roxas sem relação com machucados, febre, dor abdominal e urina com sangue, entre outros. (INCA, 2017, p.1)

Para o institulo, além do diagnóstico precoce, os responsáveis devem procurar tratamento em centros especializado que contribuirá para a possibilidade de cura do cancro (câncer) nas crianças e nos adolescentes. Para tanto:

“o tratamento oncológico de uma criança ou adolescente implica mudanças de hábitos de vida da família e aquisição de novos conceitos. Portanto, é importante que haja interação entre a equipe de saúde da rede básica e a da rede responsável pelo tratamento do paciente para se obter um alinhamento de informações e de orientações bem definidas e individualizadas sobre cada paciente. Os profissionais devem revisar constantemente as orientações fornecidas e certificar-se de que todos os indivíduos envolvidos no cuidado da criança as compreenderam. A equipe da ESF deve buscar conhecimentos teóricos e práticos sobre os tratamentos realizados, bem como a interação com as famílias para assegurar uma assistência de qualidade ao paciente com câncer” (Lossio &.Junqueira, 2011, p.81).

Os autores Lossio e Junqueira (2011), demonstram que o envolvimento no cuidado da criança não parte apenas da família, mas também de todos os profissionais envolvidos no cuidado dela. Esse cuidado deve ser iniciado com o diagnóstico da criança e independentemente do resultado, o tratamento deverá ser contínuo. Nesse sentido, embora os sintomas sejam controlados logo no início do tratamento, “vários aspectos sociais, familiares, escolares, emocionais e espirituais aparecem no decorrer do tratamento, necessitando ser reconhecidos e abordados de maneira correta” (Lossio e Junqueira,2011). Os autores ainda complementam:

Essa abordagem deve ser realizada independentemente do local onde o paciente esteja (hospital, ambulatório, casa de apoio etc.), da sua procedência (cidade de origem) e da fase da doença (diagnóstico, tratamento e após o término da terapia). E a comunicação entre a equipe médica, a criança e a família é uma das bases fundamentais para um tratamento oncológico adequado. Já no diagnóstico se estabelecem as bases de uma relação de confiança mútua, uma aliança terapêutica, em que o foco é o paciente (Lossio & Junqueira, 2011,

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Tanto a criança quanto o adolescente deverão ter garantido o direito a comunicação, respeitando o seu processo de aceitação e maturação. Assim, acreditamos que a comunicação poderá ser uma aliada no processo do tratamento.

1.3 O contexto familiar frente a doença

A discussão dessa temática propõe a compreensão do conceito de família, a importância desta na constituição do sujeito e a participação dos membros em momentos decisivos que compõem cada fase do processo de adoecimento. De acordo com Campelatto (2012), a família é um conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de se complementarem. É através desta família que a criança vive suas maiores sensações, como a de alegria, a felicidade,o prazer e o amor. Sentimentos de medo, tristeza e desencontros também podem ser vivenciados pela criança.

A afetividade é na família que se aprende e quanto maior o grau e a qualidade de afetividade, melhor será o enfrentamento das situações difíceis da vida, que inclui uma doença grave. Link e Andrade, cit. in Franco (2008), nos relata que:

a família está presente e envolvida nos cuidados da saúde quando se auto-observa, quando avalia um sintoma, quando sugere, providencia ou decide por uma conduta médica e quando recorre a uma solução anteriormente provada eficaz (Link & Andrade, 2013).

O papel da família diante do enfrentamento de um cancro (câncer), perpassa a barreira do sentimento, embora muitas pesquisas apontem para uma cura e melhoria da qualidade de vida de um paciente, o tratamento e o seus desdobramentos que incluem a dor e o sofrimento são vividos intensamente pelos familiares. São eles que descrevem que:

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A experiência vivida por uma criança ou adolescente com câncer é difícil seja qual for a idade do paciente, a natureza da doença, seu prognóstico, o desenvolvimento e o resultado do tratamento. Além da confrontação com um diagnóstico grave, com a dor e a morte possível, o paciente tem de lidar com o afastamento mais ou menos durável do meio familiar, escolar e social, com a perda do sentimento de identidade, com as transformações no seu corpo, com as sequelas físicas, com as questões relacionadas à sua história, à sua família, à sociedade

e ainda com tantos outros elementos subjetivos que constituem essa experiência. O paciente tem, enfim, que enfrentar questões novas e complexas, muitas vezes sem poder contar com o apoio dos seus familiares, tão sensibilizados quanto ele. (Lossio, Junqueira, 2011, p. 119)

Nessa mesma perspectiva que discorreremos no próximo subcapítulo, que trará esse acolhimento familiar no processo inicial do tratamento.

1.3.1 A família no acolhimento

Uma família diante de um dignóstico de cancro (câncer) de um ente querido, vive em primeiro momento, muitas dificuldades que permeiam entre o campo da aceitação e até a adaptação, a condução e a reestruturação da família. Para chegarem até a reestruturação familiar, o papel de um assistente social e de um psicólogo passa a ser fundamental para esse primeiro momento. Nesse ínterim, ainda complementando:

foi possível perceber que a criança diagnosticada com câncer, leva a alterações em todo o sistema familiar, interferindo nos hábitos de vida de todos os familiares, especialmente, da mãe. Além disso, é importante que essas famílias, principalmente as mães participem de grupos de autoajuda, para que possam esclarecer suas dúvidas a respeito da doença, relatar conflitos, desejos, situações vivenciadas, além de ser um momento para que possam fazer novas amizades, uma vez que, a doença da criança altera os vínculos e amizades da mãe. Assim, a equipe multiprofissional exerce importância no apoio à família, ajudando-os buscarem alternativas para conquistarem sua resiliência e, assim, amenizar os transtornos que o câncer causa na vida das crianças e de seus familiares. (Fernandes & Cherem, 2005, p.31).

Nesse sentido, percebemos também que uma das formas encontradas de autoajuda é a busca pela religião, onde a família se fortalece e acaba encontrando apoio para lidar com a doença. Ainda nesse caminho, que envolve o sofrimento familiar, que para Ângelo (2010):

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desespero, preocupações, exaustão, desânimo, característicos do sofrimento na árdua jornada do câncer (Angelo, 2010, p.1).

É notório que o diagnóstico de cancro (câncer) de um familiar desequilibra toda a estrutura da família, porém o que não se tem como garantia é se esse desequilibro possa ser temporário ou definitivo. Embora todos os familiares passem por diversos estágios de adaptação, vivência e limitações o cancro (câncer), pode trazer reconciliações e até a união dos seus entes em busca de um bem maior que é a cura de um parente. Nesse momento, muitas vezes é possível uma auto avaliação sobre a vida e a valorização dos pequenos gestos que anteriormente eram despercebidos. (UFSM 2012 , p.1)

Quando a família entra em contato com os primeiros sinais da doença, ela vai em busca de vários especialistas e ouve vários diagnósticos e inclusive que não há nada de errado com a criança e quando se dão por conta, a doença só agravou. Nesse liame, que percebe-se que no acolhimento tanto da família, quanto da criança ou adolescente com cancro (câncer) pode resgatar e reconstruir vínculos que talvez estejam desgastados.

1.4 Os profissionais frente ao diagnóstico

O diagnóstico de cancro em criança perpassa em primeiro, pelo temor dos pais quanto ao futuro de seus filhos, a sua recuperação, o tratamento e em segundo, sobre a postura que os profissionais da saúde terão diante desse diagnóstico. Nesse caminho, Malta et al., (2008), referem que:

Pacientes e familiares esperam que o médico seja amistoso, cordial, gentil, carinhoso e solidário no seu sofrimento, oferecendo a eles o apoio emocional de que carecem. Expressam o desejo de serem acolhidos, de forma cuidadosa, e personalizados, porém o médico não é ativamente estimulado a pensar no paciente em sua inteireza, como um ser biopsicossocial, e a perceber o significado do adoecer para o paciente e seus familiares. (Malta et al, 208 p.34)

Diante a fragilidade no qual se encontra os familiares e também o paciente, é notório o sentimento atribuído ao profissional que estará a frente dos cuidados com a doença. Porém, os profissionais de saúde encaram os diagnósticos de maneira diferente, para tanto

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profissional, um problema de saúde é fundamentado nas mudanças físicas de estrutura e de funcionamento do organismo que podem ser demonstradas objetivamente e quantificadas com base nas mensurações fisiológicas normais (Fernandes e Cherem,2005,p.125).

Isso demonstra que sofrimento físico e emocional e o seu impacto sobre a criança e a família, tem uma ótica diferenciada em relação aos profissionais da saúde, isso não quer dizer que eles não tenham sentimento, mas esse distanciamento emocional, faz com que o tratamento seja mais objetivo e efetivo (Malta et al., 208 p.34)

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CAPÍTULO II – O LÚDICO NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO DA CRIANÇA

Vive-se em um momento na história, onde a pressa e a correria se fazem presentes e as brincadeiras são deixadas de lado.Contudo, acredita-se que a brincadeira é muito importante, para o desenvolvimento intelectual e emocional da criança, e principalmente se essa se encontra em um tratamento de cancro (câncer). Nesse ínterim, é importante reforçar o resgate das brincadeiras e o desenvolvimento delas no ambiente hospitalar. Para tanto, Santos (1995), postula a importância da brincadeira ao dizer que,

as atividades lúdicas estão presentes na vida desde o início da humanidade, pois, por ser o homem um agente cultural, o jogo é uma atividade que desde sempre fez parte dos seus momentos de lazer e divertimento. Embora o brincar seja “uma atividade natural, espontânea e necessária na vida da criança, (Santos, 1995, p. 4).

Nesse sentido, a criança enquanto brinca, explora o mundo a sua volta através do pensamento e cria no imaginário, um mundo de fantasias e prazer. Utilizando a linguagem simbólica, ela busca um conforto para lidar com a doença. Para Santos (1995), mesmo que a criança não tem um brinquedo específico, ela não deixa de brincar. Ainda nessa linha, os direitos das crianças, vem postulado segundo Mascioli (2008) por meio da,

Declaração dos Direitos Humanos da ONU em 1948, dos Direitos da Criança em 1959, a Constituição Federal Brasileira de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA – de 1990, da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, isto é, a Lei 9394/96, o estabelecimento das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (...) em 1998 e do Plano Nacional de Educação de 2001. (Mascioli, 2008, p.106)

Segundo o ECA –Estatuto da Criança e do Adolescente, “ toda a criança tem o direito de estudar e de brincar e devem ser assegurados pelo estado, pela família e pela sociedade”. Nesse contexto, a brincadeira tem como objetivo, estimular a capacidade mental, criando uma motivação para amenizar o sofrimento com a doença. Assim,

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Diante desta situação, a arte terapia vai acolher a criança, proporcionando uma sensação de conforto e bem-estar, assegurando um alívio no estresse e ajudando-a a lidar com a doença.

[...] para a criança doente o lúdico tem três funções diferentes: recreativa, terapêutica e educacional. A primeira refere-se a brincar como momento de diversão, seria o brincar livremente; a função terapêutica estaria relacionada com o desenvolvimento neuromotor, social e emocional; por fim, a educacional representaria o ensino-aprendizagem. (Novaes, cit.in Cardoso 2011, p. 55)

O autor demonstra as funções que o lúdico ocupa na vida da criança, que perpassa a recreação, a terapia e o aprendizado. E, nessa linha que percebe-se a evolução da criança que se encontra em tratamento. Com isso, a todo momento é buscado a valorização do “brincar” que segundo Cunha (1998),

[...] brincar é essencial a saúde física, emocional e intelectual do ser humano. Brincar é coisa séria, também, porque na brincadeira não há trapaça, há sinceridade, engajamento voluntário e doação. Brincando nos reequilibramos, reciclamos nossas emoções e nossa necessidade de conhecer e reinventar. E tudo isso desenvolvendo atenção, concentração e muitas outras habilidades. É brincando que a criança mergulha na vida, sentindo-a na dimensão de suas possibilidades. No espaço criado pelo brincar nessa aparente fantasia, acontece a expressão de uma realidade interior que pode estar bloqueada pela necessidade de ajustamento às 26 expectativas sociais e familiares. A brincadeira espontânea proporciona oportunidades de transferências significativas que resgatam situações conflituosas (Cunha, 1998, p 39-40).

Nesse viés interpretativo, sobre a valorização do “brincar”, que é possível identificar o valor que a brincadeira proporciona a criança, possibilitando a ela encontros das emoções, até no campo da solução dos conflitos, que a criança com cancro (câncer) , irá vivenciar. E, essa vivência ou interação, pode ser elucidada por Morais (2011), considerando que:

o brincar é um instrumento lúdico que media a relação da criança com o mundo e influencia na maneira como esta se relaciona e interage, este se apresenta como uma estratégia de cuidado integral à criança hospitalizada oportunizando a este ser especial deixar transparecer o seu modo de ser no mundo o que permite aos profissionais considerar sua singularidade no processo de adoecimento e de hospitalização, bem como oferecendo oportunidade a esta criança de expressar seus sentimentos encobertos, subsidiando consequentemente na construção de estratégias para lidar com os acontecimentos (Morais, 2011, p.14).

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que mais gosta de fazer, porque o brinquedo está unido ao prazer, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade. O autor ainda acredita que o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento. Com isso, Brasil e Schwartz (2005), vêm afirmar que

o lúdico, de maneira geral, é tudo que provoca emoção, alegria, espiritualidade e prazer. Jogos educativos, dramatizações, festas, celebrações, recreio ou diversão e outras atividades que proporcionem momentos de mais leveza, descontração, alegria, diversão, vitalidade, gozo, vitórias e derrotas, descobertas, criação, novos conhecimentos, novas vivências, novos movimentos são maneiras de vivenciar o lúdico. Como o ser humano é um ser único, única também será cada uma das emoções por ele experimentada, tenha ele vivenciado o lúdico de maneira ativa ou passiva (Brasil & Schwartz, 2005, p. 105).

Essa emoção, esse prazer e todos os sentimentos vivenciados pelas crianças vêm contribuir para aliviar a dor e transformar o ambiente hospitalar em um cenário mais leve. Para Mitre (2003, p.148), o ato de brincar, surge como modificador do cotidiano hospitalar, ela cria a sua própria realidade, sai do real ao imaginário e ultrapassa as barreiras da doença, do tempo e do espaço. E, essa barreira que envolve a doença e o espaço, pode ser amenizada com o imaginário, nesse sentido

a criação de uma situação imaginária não é algo fortuito na vida da criança; pelo contrário, é a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais. O primeiro paradoxo contido no brinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço - ela faz o que mais gosta de fazer, porque o brinquedo está unido ao prazer - e, ao mesmo tempo, ela aprende a seguir os caminhos mais difíceis, subordinando-se a regras e, por conseguinte, renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição a regras e a renuncia à ação impulsiva constitui o caminho para o prazer no brinquedo (Vigotsky, 1984, p. 1).

Diante disso, Motta (2004), destaca que a importância do brincar para crianças doentes, fortificou-se em 1999 com o trabalho do médico Patch Adams, nos Estados Unidos da América, diante das intervenções lúdicas pedagógicas que ele realizou em hospitais, que começaram a legalizar os direitos a essas crianças.

É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento da criança. Para uma criança com menos de três anos de idade, é essencialmente impossível envolver-se numa situação imaginária, uma vez que isso seria uma forma nova de comportamento que liberaria a criança das restrições impostas pelo ambiente imediato (Vigotsky, 1984, p. 109).

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2.1 A importância do lúdico para a socialização da criança no ambiente hospitalar.

O lúdico na oncologia, é um modelo humanizado de cuidado, que promove uma qualidade de vida, diminui o medo, melhora o humor, a autoestima, despertando a vontade de viver. Com a atividade lúdica, o paciente poder sair do isolamento que a doença provoca e vivenciar a interação e a socialização. Nessa linha, acredita-se que a intervenção lúdica pode contribuir com a melhoria do paciente. Para tanto, Calegari-Falco (2009), afirmam que:

A intervenção pedagógica em ambientes hospitalares pode ser imprescindível no caso da criança, uma vez que sua formação ainda não está completa. Suas capacidades são, por hora, meras potencialidades a formar todo um projeto de vida e pode depender de uma ação positiva da intervenção pedagógica para que não venha a sofrer sequelas no futuro da criança

(Calegari-Falco et al., 2009, p.305).

Dentro das práticas de intervenção, a terapia alternativa, é um coadjuvante no tratamento médico-formal, diminuindo assim, o uso de medicações. Ele poderá vivenciar no grupo uma liberdade de expressão, de motivação, de troca de informações com demais enfermos sobre a doença e também fortalecer o elo enfermo / família / profissionais / outros enfermos.

Segundo Palacios (1995), a socialização ocorre através de três processos: Mentais, afetivos, condutais. Sendo que, o afetivo é a base mais sólida do desenvolvimento social da criança. Neste processo está presente a empatia, o apego e a amizade. E o valor dessa interação que vai reforçar a autonomia do paciente, frente aos desafios do tratamento, tem sua raiz a brincadeira que segundo Lopes (2006):

O brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde, representar determinado papel na brincadeira, faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como, a atenção, a imitação, a memória a imaginação. Amadurecem também algumas capacidades de socialização, por meio da interação, da utilização e da experimentação de regras e papéis sociais (Lopes,2006,p.110).

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a resposta afetiva apropriada à situação de outra pessoa. Na psicologia e nas neurociências contemporâneas, a empatia se divide em dois tipos: a cognitiva - relacionada à capacidade de compreender a perspectiva psicológica das outras pessoas; e a afetiva - relacionada à habilidade de experimentar reações emocionais por meio da observação de outras pessoas. Por isso que é tão importante a socialização na criança com o câncer.

Nesse sentido, a habilidade de se relacionar que é caracterizada pela empatia no qual a criança se colocar no lugar das outras pessoas, com a finalidade de compreender suas emoções, sentimentos e reações, vem contribuir com o tratamento da criança. Ela é desenvolvida através das relações afetivas e sociais que vai desde o nascimento até o surgimento das diversas emoções. E tais emoções podem ser postuladas por Constantino (2003), quando afirma que

por meio da emoção, a criança constrói a imagem de si mesma e do mundo, formando, assim, a sua concepção da realidade. Ressalta também que os aspectos afetivos e intelectuais desenvolvem-se simultaneamente, contribuindo para a socialização da criança, sendo que as emoções devem ser “consideradas como indispensáveis à compreensão das relações sociais, uma vez que a emoção provoca reações recíprocas ou semelhantes nos outros, resultando em trocas afetivas direcionadas da cognição (Constantino, 2003, p. 35).

Para Koller (1999), há três fatores de proteção essenciais para o desenvolvimento da criança:

•Características de personalidade como: Autonomia, autoestima, orientação social positiva;

•Coesão familiar e ausência de conflitos;

•Disponibilidade de sistemas externos de apoio que encorajem e reforcem a capacidade da criança para lidar com as circunstâncias da vida (Ormezzano, 2009, p.240).

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2.2 As práticas positivas frente à doença.

Enfrentar um câncer não é uma tarefa fácil, muito menos quando o paciente se trata de uma criança. Em busca de amenizar o sofrimento tanto do paciente, quanto da família, faz-se necessário aflorar o amor, o carinho e a compreensão por todos os envolvidos na vida dessa família. Nesse sentido,

é importante que os profissionais de enfermagem, implementem suas ações no fortalecimento de relações interpessoais que envolvam a criança e seus pais, possibilitando reflexões e fornecendo apoio necessário acerca de seus conhecimentos, ansiedades e expectativas. Tal conduta é prioritária, em se tratando de oncologia pediátrica, pois neste setor a capacidade técnica é fundamental para a sobrevida das crianças, porém priorização das questões relacionadas às necessidades psicoafetivas das crianças e de seus familiares não deve ser deixada de lado (Carvalho, 2002, p.32-34).

Segundo o INCA (2015), Souza e Melo discorrem sobre suas experiências como psicólogos, onde relatam a importância de (amor)tecer o sofrimento através de escutar ao doente, ao adoecimento e à dor. Nesse momento, deve-se oferecer ao enfermo amor, carinho e compreensão. O trabalho do psicólogo é fundamental.

Os Cuidados Paliativos foram definidos pela Organização Mundial de Saúde em 2002 como uma abordagem ou tratamento que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida. Para tanto, é necessário avaliar e controlar de forma impecável não somente a dor, mas, todos os sintomas de natureza física, social, emocional e espiritual (ACNP, 2009, p.1).

É notório o valor dos cuidados paliativos, que visam a melhora da qualidade de vida de pacientes e familiares. E, dentro desses cuidados paliativos, o paciente com câncer, busca apoio na família e também um enfrentamento na espiritualidade e fé. A crença em um ser superior, dará um conforto e leva-o a criar uma resiliência para poder conviver com o sofrimento gerado pela doença. E, essa escolha pelo espiritual como forma paliativa de tratamento deve ser respeitado. Assim, “respeitar a crença do paciente é extremamente positivo para uma melhor adesão ao tratamento (Fornazar & Ferreira, 2010; Guerrero et al., 2011).

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a necessidade que o ser humano tem de uma conexão com uma força espiritual é um arquétipo encontrado na estrutura psicológica do homem, desde o começo dos tempos, A maior parte dos sistemas culturais, através dos tempos, desenvolveu uma crença religiosa que reconhece uma mente universal, uma Inteligência Superior, a Alma do Mundo ou Deus (Bello, 2007, p.25).

Para Guimarães e Avezum (2007, p. 93), a religiosidade/espiritualidade tem demonstrado grande impacto sobre a saúde física, como fator de prevenção ao desenvolvimento e redução de óbito ou impacto de diversas doenças. Mas não devemos deixar de lado o empenho que os profissionais da saúde têm em relação ao tratamento de uma criança com câncer. Nessa linha,

O assistente social contribui para que o trabalho em um hospital na área de Oncologia seja mais efetivo, no que diz respeito ao processo de orientações e acesso à garantia de direitos dos usuários, do fortalecimento dos direitos previstos em leis, nas ações propositivas por meio das reflexões e das análises da realidade atendida. O assistente social contribui ainda para o fortalecimento dos direitos da pessoa que vivencia um câncer e sua família que sofre com a doença, por meio de um atendimento acolhedor, humanizado, informativo, que não retire sua condição de sujeito de direitos em função do adoecimento (INCA, 2015, p.01).

Segundo o INCA 2015, A comunicação é um fator determinante para que haja uma humanização para o atendimento de pacientes que se encontram em situação de angústia fragilidade, desespero e desesperança. E é através dessa comunicação acolhedora dos profissionais da saúde, que o paciente desenvolve uma confiança em uma possível cura. Cabe ao assistente social, ajudar o paciente e a família quanto aos seus direitos e melhorar a sua qualidade de vida, e para o enfrentamento da doença.

Para Cohen e Lazarus (1979), as estratégias de enfrentamento podem ser classificadas em cinco situações: a busca pela informação, a ação direta, a inibição da ação, os esforços intrapsíquicos e a busca pelo outro (INCA,2015, p.2).

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Em busca do sucesso no tratamento, muitos autores defendem a arteterapia como um dos recursos artísticos que possa contribuir com a melhoria do estado emocional do paciente. Segundo Naumburg e Gehringer (2005),

a convicção de que a expressão livre na Arte é uma forma simbólica de linguagem nas crianças, básica a toda educação, cresceu através dos anos. Concluí que esta expressão espontânea na arte poderia ser básica também ao tratamento psicoterápico.(Naumburg

apud Gehringer, 2005, p. 3).

Para Carvalho (1995), a arteterapia é uma área de atuação profissional que utiliza recursos artísticos como finalidade terapêutica. Ela visa resgatar processos de autoconhecimento e de transformação pessoal, reconcilia problemas emocionais e tem ainda uma função catártica através da criatividade, da liberdade de expressão.

A arteterapia se utiliza do afeto para fazer a intervenção no sofrimento psíquico gerado pelo câncer, estimulando o paciente a sair do sofrimento profundo através da motivação.

2.3 A promoção dos momentos de alegria através das atividades lúdicas.

O lúdico sempre esteve presente na humanidade desde os primórdios. Ele faz parte da educação e é indispensáveis para um desenvolvimento sadio, pois, desenvolve a imaginação, a fantasia e a percepção do mundo que a cerca.

Através da brincadeira, a criança satisfaz suas necessidades, cria através da imaginação e desejos, aprende com alegria e vontade (Sneyders, 1996, p.36), estimulando a vida social global, ela desenvolve um construtivo real, criando assim, sua identidade e sua autonomia (Fin, 2012, p.1).

Brincar é caracterizado pelos signos do prazer, da alegria e do sorriso. Esse processo traz inúmeros efeitos positivos aos aspectos cognitivos, afetivos, corporais e sociais. Brincar para criança hospitalizada é vida para ela. (Lucon, 2008)

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comunicação e de sua autoconfiança. Através de seus desejos e expectativas, o lúdico ameniza e ajuda a enfrentar a doença.

Por meio da atividade lúdica, a criança expressa seus conflitos e, deste modo, podemos reconstruir seu passado, assim como no adulto fazemo-lo através de palavras. Esta é uma prova convincente de que o brinquedo é uma forma de expressar os conflitos passados e presentes (Aberastury ,1992, p.17).

Embora a atividade lúdica venha ser fundamental no processo de recuperação, na qual a criança possa expressar tanto os conflitos do passado, quanto os conflitos do presente, o hospital acaba sendo a medida emergencial mais importante perante a doença. Explorar através das atividades lúdicas no espaço físico hospitalar, deixa o enfermo mais tranquilo, buscando um equilíbrio de suas emoções e melhora a sua afetividade. Através de política nacional de saúde, oferecer uma humanização hospitalar, descontrói a ideia de um local que gera dor e desconforto.

compreendemos que o brincar, assim como o educar, se constitui direitos essenciais na vida da criança, que devem ser assegurados pelo Estado, pela família e pela sociedade. Porém, mesmo tendo o amparo legal nem todas as crianças tem a oportunidade e disponibilidade de tempo para o lazer através da ludicidade, (Pessoa, 2012, p.5).

O papel do lúdico no ambiente hospitalar é de extrema importância e para ilustrar bem, Pessoa (2012) vem complementar que:

As atividades lúdicas no ambiente hospitalar constituem-se parceiras fundamentais no cotidiano da criança hospitalizada. Nesse contexto, o pedagogo hospitalar, desenvolve seu papel de brinquedista do processo de ensino-aprendizagem dessas crianças, que por hora, está interrompido em virtude da sua ausência à escola. Assim, esse profissional não deve limitar a desenvolver seu papel apenas com atividades de passatempo, mas também proporcionar brincadeiras e jogos educativos que sejam prazerosos, interessantes e também desafiantes para estimular a capacidade mental da criança. Também é pertinente que crie um ambiente atrativo e motivador capaz de possibilitar interesse, estímulo à criatividade, a oralidade e expressividade, o desenvolvimento da imaginação e uma alegria contagiante às crianças, e, principalmente, que condicione momentos lúdicos (Pessoa, 2012, p. 6).

O lúdico proporciona uma necessidade de alívio, chamada por Luzzatto (1998), como “ cultura do pensamento positivo” (p.66), mostrando se mais fortes e otimistas (Vasconcellos, 2007, p.1).

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próprio e permitido, transforma-se no instrumento para o domínio de situações penosas, difíceis, traumáticas, que se engendram na relação com os objetos reais. Além disso, o brinquedo é substituível e permite que a criança repita, à vontade, situações prazenteiras e dolorosas que, entretanto, ela por si mesma não pode reproduzir no mundo real (Winnicott,

1982, p. 15).

Nessa linha, Paula (2009, p.136) ainda complementa que, estudos comprovam que o enfermo reage melhor quando é estimulado. As cores no hospital influenciam, como também o riso, o palhaço e o prazer da leitura. Isto tira o paciente do foco da doença. Os hospitais estão cada dia mais apostando num mundo da fantasia e imaginação. Percebendo que toda criança no hospital tem o direito a um espaço e a brincadeira e que programa que envolva atividades artísticas e recreativas de promoção da saúde, estabelece um novo diálogo de possibilidades.

2.4 . Brincar no hospital

"Um bom brinquedo é aquele que convida a criança a brincar. (Cunha, 2001)".

As atividades lúdicas com os pacientes com cancro (câncer), permite que a criança mude o comportamento e passe a desempenhar papel ativo, como uma maior aceitação e colaboração em relação aos procedimentos e exames a serem realizados, melhor interação com a equipa, maior acesso por parte da equipe, amenização da carga de estresse gerada não só na criança hospitalizada como também nos familiares, melhorando na qualidade (Santos, 2015, p.01). E, a brincadeira proporciona não somente conhecimento, como a interação com o meio. Com isso,

O brincar é uma necessidade básica da criança e, é por meio deste, que ela adquire novos conhecimentos no/do mundo, descobre sua individualidade e aprende a distinguir a realidade da fantasia. Na brincadeira, a criança transporta-se para um mundo de imaginação, sendo caracterizada como uma atividade espontânea, prazerosa e envolvente que proporciona recreação, estimulação, socialização, dramatização de papéis, de conflitos e catarse. (Fonseca, et al, 2015,p.1113)

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aliada na recuperação da criança com cancro (câncer), se os profissionais envolvidos com tais atividades, sejam capacitados para o desenvolvimento de tais atividades, pois elas terão que ser organizadas e adaptadas conforme a demanda e a idade dos pacientes. Em consonância com esse discurso, Abromovich (1983) postula que

A Brinquedoteca deve ser organizada de maneira coerente com as faixas etárias, deve ser mantida a higiene e também possuir uma intervenção variada, já que dentro do ambiente hospitalar está inserido uma grande heterogeneidade de crianças e também uma variedade de patologias. “O brincar dá oportunidade à criança de entender tantas coisas através do brincar e se entender através de tantas maneiras de brincar”. (Abramovich,1983 cit.in

Mugiatti, 2008, p 153).

Além da organização desse ambiente, Castro (2005) diz-nos que:

a brinquedoteca, [...] possibilita um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se no mais alto espírito de uma prática democrática enquanto investe numa produção séria do conhecimento, sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a integração social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio (Castro, 2005, p. 27),

Assim as atividades lúdicas com os pacientes com cancro (câncer), permitem que a criança mude de comportamento e passe a desempenhar papel ativo em um espaço mediador de aprendizagem, no caso a brinquedoteca. Ela oferece variedade de brinquedos e brincadeiras para poder desenvolver a criatividade e a socialização.

O Brinquedo terapêutico constitui uma estratégia elaborada que permite à criança aliviar os sentimentos negativos ocasionados pela experiência de adoecimento e hospitalização consideradas incomuns, que apresentam à esta situação ameaçadora e geram grande estresse sendo necessário mais do que recreação para amenizar a angústia, apreensão e sofrimento associados. Esta estratégia deve ser utilizada pelo enfermeiro sempre que a criança apresentar dificuldade para entender ou lidar com uma experiência atípica e complexa e necessitar ser devidamente esclarecida e preparada para a realização de procedimentos invasivos ou dolorosos (Santos & Costa, 2015, p.1).

Para Winnicott (1982), o ato de brincar, está ligado à dominação das angústias, controlar ideias ou impulsos que conduzem à angústia se não forem dominados. (p. 162) As brincadeiras aparecem, na expressão infantil “[...] como um elo entre, por um lado, a relação do indivíduo com a realidade interior e, por outro lado, a relação do indivíduo com a realidade externa ou compartilhada” (Winnicott, 1982, p.164) .

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CAPÍTULO III: METODOLOGIA – MODOS DE PESQUISA.

3.1 Metodologia da Investigação

O método científico a que se propõe a investigação, se pauta pela pesquisa classificada como qualitativa, uma vez que os estudos qualitativos podem descrever o envolvimento ou a grandeza de um problema e a interação de certas variáveis; compreender e classificar os processos dinâmicos vivenciados por grupos sociais; contribuir no processo de mudança do grupo e possibilitar, a profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos (Marconi & Lakatos, 2008).

Essa investigação buscou confrontar a prática da arteterapia e seus benefícios na recuperação de crianças com cancro (câncer) na cidade de Passo Fundo e região, do Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil.

A problemática dessa pesquisa, surgiu da vontade em conhecer como funciona o tratamento das crianças com cancro (câncer) e como elas e os familiares vivenciam o sofrimento em sua rotina e em seu enfrentamento diante do tratamento, buscando sempre uma melhoria na qualidade de vida. Foi neste sentido, que o Hospital São Vicente de Paula que é referência em tratamento de cancro (câncer) infantil no Brasil, foi escolhido como objeto de investigação.

Para tanto, propõe-se a seguinte pergunta de partida: É possível percebemos uma melhora na recuperação de uma criança com câncer a partir da socialização e da atividade lúdica no hospital?

O objetivo geral desta pesquisa destina-se em: desenvolver a promoção da socialização e bem-estar durante o tratamento oncológico através do lúdico.

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• Identificar habilidades de autossuficiência no fortalecimento de práticas positivas frente à doença.

• Proporcionar momentos que promovam estados emocionais de alegria e entusiasmo pela vida através de atividades lúdicas.

• Aguçar a fantasia e a imaginação, tirando o foco da doença.

• Favorecer momentos de socialização e descontração entre as crianças seus familiares e profissionais da casa de apoio.

• Permitir a prática de atividades pedagógicas.

• Promover momentos lúdicos com a criança de acordo com a situação individual. Possibilitar a socialização entre as famílias e desenvolver atividades de cunho pedagógico.

3.2 Estudo de Caso

Figura 3: Quadro de Estudo de Caso

Fonte: Elaborado por Marlene Dinca.

A investigação teve como desenho metodológico: o Estudo de Caso, com enfoque qualitativo, uma vez que os estudos qualitativos podem descrever o envolvimento ou a grandeza de um problema e a interação de certas variáveis; compreender e classificar os processos dinâmicos vivenciados por grupos sociais; contribuir no processo de mudança do grupo e possibilitar, a profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos. (Marconi; Lakatos, 2008).

Dentro da linha do estudo de caso, Charoux (2006), vem complementar que: ESTUDO DE CASO

Descrição de um assunto da maneira que ele se apresenta.

Tem a realidade como fonte direta do pesquisador.

Permite que os dados sejam apresentados de maneira

Imagem

Figura 1: Hospital São Vicente de Paula/1918.
Figura 2:  Hospital São Vicente de Paula/ Instalação Moderna
Gráfico 1: Estimativa de novos cânceres no Brasil, por região.
Figura 4: Observação
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Referências

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