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ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA: UMA PROPOSTA PARA MELHORIA DA GESTÃO ENERGÉTICA

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Academic year: 2020

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International Scientific Journal – ISSN: 1679-9844 Nº 2, volume 12, article nº 8, April/June 2017 D.O.I: http://dx.doi.org/10.6020/1679-9844/v12n2a8 Accepted: 10/02/2017 Published: 24/06/2017

ISSN: 16799844 – InterSciencePlace – International Scientific Journal Páginas 129 de 173

ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA: UMA PROPOSTA

PARA MELHORIA DA GESTÃO ENERGÉTICA

PHOTOVOLTAIC SOLAR ENERGY: A PROPOSAL FOR

IMPROVING ENERGY MANAGEMENT

Rayssa Guimarães Silva1 , Marlon José do Carmo2

1

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Campus III, Leopoldina, Minas Gerais, Brasil

rayssagsilva@hotmail.com 2

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Campus III, Leopoldina, Minas Gerais, Brasil

marlonreiff@yahoo.com.br

Resumo: A necessidade de crescimento econômico aliada ao desenvolvimento sustentável é um dos grandes desafios enfrentados na atualidade. A maximização dos benefícios provenientes do desenvolvimento econômico aliados à manutenção da disponibilidade e qualidade de recursos naturais provoca a necessidade de pesquisas. Dentre essas possibilidades, a energia solar fotovoltaica surge como uma alternativa para a geração de energia, proporcionando desta forma a diversificação da matriz energética. Esta possibilidade será analisada do ponto de vista técnico e econômico, em especial ao cenário em que se encontra no Brasil. Palavras-chave: Desenvolvimento Sustentável; Recursos Naturais; Energia Solar Fotovoltaica.

Abstract: The need for economic growth combined with sustainable development is a major challenge faced today. Maximising the benefits from economic development allies to maintain the availability and quality of natural resources leads to the need for research. Among these possibilities,

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ISSN: 16799844 – InterSciencePlace – International Scientific Journal Páginas 130 de 173 solar photovoltaic energy is an alternative for power generation, thus providing a diversification of energy sources. This possibility will be analyzed from a technical and economic point of view, especially the scene where he is in Brazil.

Keywords: Sustainable Development; Natural resources; Photovoltaic Solar Energy.

Introdução

Notoriamente presente nas atividades humanas, a energia tem sido, através da história, a base do desenvolvimento das civilizações. Com isso, muitos conhecimentos científicos e tecnológicos assimilados pelo homem, centraram-se na busca da apropriação e controle da conversão da energia, isto é, do processo de obtenção da energia que melhor se ajuste às suas demandas, permitindo assim, que diferentes fontes energéticas fossem utilizadas ao longo da história. Neste contexto, o uso dos recursos energéticos foi, e segue sendo, um fator primordial no processo de suprimento das necessidades da sociedade (SILVA, 2006).

Desde o advento Revolução Industrial, a energia assumiu uma dimensão determinante na competitividade econômica dos países e na qualidade de vida de seus cidadãos, fato comprovado pela análise do padrão histórico de desenvolvimento das sociedades mais avançadas. Logo, pode-se considerar que, países que almejam desenvolvimento econômico e social, demandem quantidades crescentes de energia (TOLMASQUIM et al., 2007).

A Primeira Revolução Industrial foi um processo essencial para a consolidação do modo de produção capitalista, marcando a ruptura histórica no funcionamento dos sistemas energéticos anteriormente estruturados. Com esse movimento, encerra-se a fase de superioridade das fontes de energias biológicas, provenientes do próprio esforço do homem e de animais e vivencia-se o início da ascensão e hegemonia dos combustíveis fósseis. De qualquer modo, nenhuma das transições energéticas do passado se fez por causa do esgotamento físico de uma fonte de energia, mas sim pela identificação de novas fontes mais eficientes e economicamente rentáveis. Portanto, a história da humanidade pode ser sintetizada

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como a história da produção e alocação do excedente econômico, ritmada por revoluções energéticas sucessivas (SACHS, 2007).

As fontes de geração de energia se dividem em não renováveis (como combustíveis fósseis e a nuclear) e renováveis (como hídrica, eólica, solar e biomassa). O mundo utiliza majoritariamente no seu suprimento energético, as fontes não renováveis, em particular, os combustíveis fósseis como o petróleo, carvão mineral e gás natural. Esses combustíveis são grandes causadores de problemas climáticos, que colocam em risco a sustentabilidade e o abastecimento de longo prazo do planeta. Em virtude desses fatores, assuntos relacionados à preservação do meio ambiente e aos recursos naturais têm sido amplamente discutidos em eventos nacionais e internacionais, estando entre as prioridades e as preocupações atuais da comunidade mundial (FILHO, 2009).

De acordo com a Resenha Energética Brasileira (EPE, 2014), nos últimos anos, as matrizes energéticas do Brasil e do mundo apresentaram significativas alterações estruturais. Na Tabela 1 é apresentada a matriz energética nos últimos 40 anos, onde é notória a redução da participação do petróleo e derivados, e no caso do Brasil, a redução de 6,3 pontos percentuais entre 1973 e 2013, evidencia que o país, seguindo a tendência mundial, desenvolveu, também, esforço significativo de substituição desses energéticos fósseis.

Tabela 1 – Oferta Interna de Energia no Brasil e Mundo (%).

Fonte Brasil OECD Mundo

1973 2013 1973 2013 1973 2013 Petróleo e Derivados 45,6 39,3 52,6 35,8 46,1 29,3 Gás Natural 0,4 12,8 18,9 26,6 16,0 21,6 Carvão Mineral 3,1 5,6 22,6 18,8 24,6 30,9 Urânio 0,0 1,3 1,3 9,4 0,9 4,8 Hidráulica e Eletricidade 6,1 12,5 2,1 2,3 1,8 2,3 Biomassa/Eólica/Outras 44,8 28,6 2,5 7,1 10,6 11,1 TOTAL (%) 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Fonte: (Adaptado de Resenha Energética Brasileira, 2014).

As adversidades ambientais, atreladas à intensa exploração das reservas esgotáveis de combustíveis fósseis, às projeções de crescimento da população mundial e do crescimento econômico, vêm estimulando intensamente a pesquisa e o

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desenvolvimento de novas tecnologias. Com isto, o objetivo é buscar maior eficiência no fornecimento e no aproveitamento da energia primária disponível, bem como a busca de energia de melhor qualidade e maior confiabilidade (CORRÊA, 2006).

As sociedades, empresas e instituições públicas estão pensando de forma mais expressiva sobre questões relacionadas à sustentabilidade em diferentes perspectivas, como econômica, social e ambiental, com o objetivo de se buscar novas condições de progresso pautadas pelo desenvolvimento sustentável. Assim, crescer economicamente com menor impacto ambiental é fator imprescindível para conquistar vantagens significativas no mercado mundial (VICHI, 2009).

É neste sentido, que ao longo dos últimos anos, uma série de alternativas em relação à geração de energia vem sendo desenvolvidas. Os empreendimentos de energias alternativas ou renováveis visam o desenvolvimento de novos projetos na produção de energia, a partir de matéria orgânica de origem animal e vegetal, a biomassa; a partir da força dos ventos, a chamada energia eólica; através da captação da luz do sol, a energia solar, e a partir de pequenas centrais hidroelétricas, as quais atendem a demandas em áreas periféricas ao sistema de transmissão (PACHECO, 2006).

Na busca por fontes alternativas o Brasil apresenta grandes diferenciais em relação a outros países, como condições geográficas e climáticas favoráveis além de sua imensa biodiversidade. Essas características possibilitam a geração de energia por vários meios, incluindo a energia solar fotovoltaica, que além de favorecer a diversificação da matriz energética, auxilia na demanda crescente por energia (RUTHER et al., 2008).

O Brasil possui a matriz energética mais renovável do mundo industrializado com 41,0%. Enquanto que a média mundial é de 13,4%, caindo para 9,4% nos países da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Esses índices que podem ser observados na Figura 1 colocam o Brasil em uma posição privilegiada, oferecendo oportunidades de se destacar em uma futura revolução energética global (EPE, 2014).

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Figura 1 – Oferta Interna de Energia no Brasil – OIE (%). Fonte: EPE (2014).

O acesso a recursos energéticos renováveis e alternativos apresenta para o Brasil a um só tempo como um desafio e uma oportunidade. Desafio, porque o desenvolvimento econômico e social demandará uma considerável quantidade de energia e com isso um alto grau de segurança e de sustentabilidade energética. Oportunidade, porque o Brasil dispõe de condições privilegiadas de recursos energéticos renováveis e de tecnologia para transformar suas riquezas naturais em energia e dessa forma agregar valor à sua produção (TOLMASQUIM et al., 2007).

A expectativa mundial é que as energias renováveis substituam gradativamente as energias geradas a partir de fontes fósseis. E pelo fato do Brasil ser o detentor da matriz energética mais limpa do mundo industrializado, é cada vez mais almejado pelas maiores economias mundiais, como parceiro estratégico para o suprimento de energia (ARRAIS, 2011).

Através de levantamentos apresentados no documento Plano Decenal de Energia 2030 (EPE, 2007) existirá no Brasil em um horizonte decenal um grande potencial de oferta de energia proveniente de fontes renováveis. Nestas condições, há um incremento no percentual de energias renováveis na matriz energética brasileira, alcançando 46,6% em 2030, Figura 2.

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Figura 2 – Fontes Renováveis na Matriz Energética Brasileira (%). Fonte: EPE (2007).

Com relação à eletricidade, em particular, a dependência mundial dos combustíveis fósseis também é elevada. A Figura 3 apresenta detalhadamente os índices que compõem a matriz de OIEE, onde se podem observar as vantagens comparativas de 78,4% de fontes renováveis na matriz elétrica brasileira, contra apenas 20,5% nos países da OECD e de 20,8% na média mundial. Essas fontes poderão contribuir para manter a elevada participação na matriz elétrica brasileira, com preços competitivos e tecnologias que já se encontram em um grau de maturidade adequado (EPE, 2014).

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Figura 3 – Oferta Interna de Energia Elétrica – OIEE. Fonte: EPE (2014).

Os cenários futuros apontam para a expectativa de que o mundo realmente se conscientizará sobre a importância de se alterar a trajetória do consumo global de energia, incorporando novas fontes energéticas, em especial as fontes hídricas, eólica, solar e biomassa, além de comportamentos e tecnologias menos prejudiciais para o meio ambiente.

1. Fontes Alternativas de Energia

As fontes alternativas de energia são aquelas que representam fontes de geração de energia distintas de fontes tradicionais, que são utilizadas em larga escala nas matrizes energéticas mundiais. No Brasil, essas fontes são caracterizadas por possuírem uma tecnologia ainda rudimentar, seja por desinteresse econômico, causada pela baixa capacidade energética ou pelo alto custo (Silva, 2006).

Neste tópico serão abordados aspectos gerais da energia solar, destacando a tecnologia fotovoltaica principalmente no cenário brasileiro.

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2. Energia Solar

É a energia proveniente do sol, considerada uma alternativa energética muito promissora para enfrentar os desafios da expansão da oferta de energia com menor impacto ambiental. As aplicações práticas da energia solar podem ser divididas em duas principais tecnologias: os Sistemas Fotovoltaicos (FV) que transformam luz solar em eletricidade através de Painéis Fotovoltaicos, e podem ser isolados ou integrados à rede; e os Sistemas Heliotérmicos que usam o calor do sol para gerar eletricidade em plantas de geração térmica (COMETTA, 2008), como por exemplo, a Gemasolar, projeto da Torresol Energy, que consiste em uma usina solar a base de sal localizada na Espanha.

A energia solar por ser uma fonte limpa, renovável e abundante, é considerada uma solução ideal para abastecer eletricamente áreas remotas, desprovidas do fornecimento de energia elétrica, uma vez que para sua instalação em pequena escala não obriga a enormes investimentos em linhas de transmissão. A agregação dessas características traz vantagens positivas tanto para o meio ambiente, quanto para a sociedade em geral (GOMES, 2012).

Em países tropicais, como o Brasil, que contam com um grande potencial de radiação solar, a utilização dessa fonte de energia é viável em praticamente todo o território. Porém, o número de empreendimentos no Brasil ainda é inexpressivo, principalmente quando comparado a outros países do mundo que se empenharam em criar políticas efetivas para fomentar o setor (LOPO, 2010).

No Brasil, apesar do grande número de projetos fotovoltaicos em grande escala anunciados ao longo dos últimos dois anos, o país atingiu uma capacidade fotovoltaica instalada acumulada de apenas 13,28 MW (ANEEL, 2014).

No cenário mundial, há um expressivo crescimento nos índices de capacidade instalada de energia fotovoltaica, podendo ser comprovado pela análise da Figura 4. É notório o crescimento mais intenso a partir de 2009, onde a capacidade instalada desta tecnologia foi de aproximadamente 23 GW. Um ano mais tarde, este índice subiu para 40,3 GW e, ao final de 2011 foi para 70,5 GW. Em 2012, a marca de 100

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GW foi alcançada e em 2013 foram instalados globalmente 138,9 GW (EPIA, 2014).

Figura 4 – Evolução global da potência instalada de sistemas fotovoltaicos 2000-2013 (GW). Fonte: EPIA (2014).

Apesar de a geração fotovoltaica ser uma solução cara atualmente frente a outras soluções, é a tecnologia que apresenta a maior taxa de crescimento e queda nos custos. Os avanços tecnológicos são bastante promissores para baratear ainda mais os seus custos e viabilizar a consolidação desta tecnologia (JANNUZZI, 2009).

2.1. Energia Solar Fotovoltaica

A Energia Solar Fotovoltaica é uma fonte de energia renovável, obtida através da conversão direta da luz em eletricidade, denominada Efeito Fotovoltaico. Este efeito foi relatado pelo físico francês Edmond Becquerel, em 1839, como sendo o aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de uma estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz solar, isto é, no momento da interação da radiação solar com o material semicondutor, ocorre a liberação e

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movimentação de elétrons por este material, gerando assim a diferença de potencial (DEMONTI, 2003).

2.2. Recurso Solar

A Terra recebe anualmente 1,5 x 1018 kWh de energia solar, o que corresponde a 10 mil vezes o consumo mundial de energia neste período. Este índice aponta que, além de ser responsável pela manutenção da vida na Terra, a radiação solar constitui-se numa inesgotável fonte energética para a humanidade, com um enorme potencial de utilização por meio de sistemas de captação e conversão em outras formas de energia, como por exemplo, a energia térmica e elétrica (CRESESB, 2014).

É importante definir os seguintes termos: radiação refere-se genericamente ao fenômeno da energia eletromagnética que atinge a Terra, proveniente do Sol. O termo irradiância denomina o fluxo de energia eletromagnética por unidade de superfície, ou seja, W/m2. Considerando a irradiância sobre uma superfície, ao longo de um determinado tempo (hora, dia, mês, ano), ou seja, integrando a irradiância no tempo, encontra-se a irradiação, dada por Wh/m2. Para o aproveitamento fotovoltaico, a de maior interesse é a Irradiação Global Horizontal (GHI), que quantifica a radiação recebida por uma superfície plana horizontal, composta pela Irradiação Difusa Horizontal (DHI) e pela Irradiação Normal Direta (DNI) ao longo do tempo (CRESESB, 2014).

O Brasil possui excelentes níveis de radiação solar, uma vez que, está localizado na região intertropical e numa faixa de latitude na qual a incidência de radiação solar é superior à verificada na maior parte do mundo. Essa característica coloca o país em vantagem com relação aos países europeus, principalmente no que tange à utilização da energia fotovoltaica para a geração de energia elétrica em maior escala (PEREIRA et al., 2006).

De acordo com o Atlas Brasileiro de Energia Solar (PEREIRA et al., 2006), o país apresenta uma média anual de irradiação relativamente alta e uniforme em todo

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país. Índices apontam que o valor máximo de irradiação (6,5 kWh/m2) ocorre no norte do estado da Bahia, enquanto que o menor (4,25 kWh/m2) ocorre no litoral norte de Santa Catarina. Os valores de irradiação solar incidente em qualquer região do território brasileiro são superiores aos da maioria dos países, onde projetos de energia solar, alguns contando com fortes incentivos governamentais, são amplamente disseminados.

Na Figura 5 é apresentado o mapa da Média Anual da Radiação Solar no Brasil, onde os índices apresentados podem ser observados.

Figura 5 – Média Anual da Radiação Solar no Brasil. Fonte: Atlas Brasileiro de Energia Solar (2006).

Apesar de o Brasil possuir um elevado potencial em energia solar, devido a sua ampla área territorial favorecida pela quantidade gigantesca de irradiação solar, acredita-se que muito precisa ser feito para que esta fonte promissora de energia seja utilizada em larga escala no país, principalmente incentivos fiscais e pesquisa.

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2.3. Incentivos à Geração Fotovoltaica no Brasil

A experiência nacional evidencia que o Brasil vem tentando introduzir ao longo dos anos o uso da energia solar fotovoltaica através de programas de incentivo. Porém, infelizmente o que foi feito até o momento não foi suficiente para garantir o desenvolvimento de um mercado para este tipo de aplicação, pois a energia solar fotovoltaica não tem sido contemplada efetivamente por políticas públicas específicas de longo prazo e pela legislação em vigor, apesar do país já ter iniciado incentivos a outras fontes renováveis de energia através do PROINFA e de possuir um vasto potencial para a aplicação dessas fontes (JANUZZI, 2009).

A seguir serão apresentados alguns dos incentivos criados pelo governo, a fim de intensificar a utilização da geração fotovoltaica na matriz energética do Brasil (CRESESB, 2014).

2.3.1 PRODEM e “Luz para Todos”

A primeira iniciativa que efetivamente incorporou o uso da energia solar fotovoltaica em âmbito nacional foi o Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios – PRODEEM. O Programa do Governo Federal instituído em 1994 promoveu a aquisição de mais de 8.500 sistemas fotovoltaicos, o equivalente a 5 MWp, possibilitando a eletrificação de localidades isoladas. Porém, a metodologia adotada na época não permitiu uma inserção tecnológica sustentável, de modo que não se logrou êxito no amadurecimento dessa alternativa de geração.

Em 2003, foi instituído também pelo Governo Federal o Programa Luz para Todos (LpT), que visa prover o acesso à energia elétrica a todos os domicílios e estabelecimentos do meio rural. O processo de universalização tem ocorrido majoritariamente por meio de extensão da rede, mas também contempla a instalação de sistemas fotovoltaicos.

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2.3.2 P&D Estratégico

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) aprovou em 2011 a Chamada de Projeto Estratégico de P&D, denominada “Arranjos técnicos e comerciais para inserção da geração solar fotovoltaica na matriz energética brasileira”. O objetivo é proporcionar a viabilidade técnica e econômica da geração solar fotovoltaica em território nacional, estimulando a redução dos custos e incentivando o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva no país; além de contribuir para aumentar a segurança do abastecimento eletro-energético e para a diversificação da matriz energética.

2.3.3 Incentivos Fiscais

Mesmo com o pouco avanço do Brasil na introdução da tecnologia solar fotovoltaica, já há alguns incentivos fiscais para alguns equipamentos fotovoltaicos. Os dois impostos mais relevantes ao custo do produto e que suas reduções incentivam o uso de alguns equipamentos fotovoltaicos são, o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), de competência estadual, e o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), de competência federal. Até final de 2021, o convênio ICMS 101/1997 concede isenção do ICMS nas operações com equipamentos e componentes para o aproveitamento das energias solar e eólica.

Em 2012, a ANEEL aprovou as Resoluções Normativas nº 481 e 482, que inserem medidas no sentido de reduzir barreiras econômicas e burocráticas para o desenvolvimento da energia solar. A Resolução Normativa nº 481 amplia o desconto na tarifa de uso do sistema de transmissão/distribuição (TUST/TUSD) para empreendimentos da fonte solar que entrarem em operação até 2017.

Já a Resolução Normativa nº 482 tem por objetivo estimular a geração distribuída de energia elétrica por micro (até 100 kW) e mini geradores (entre 100 kW e 1MW) para consumo próprio bem como criar e regular um sistema de

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compensação, conhecido também como “net metering”, entre energia gerada e consumida pelo consumidor/gerador diretamente conectado ao sistema de distribuição. Assim, consumidores poderão injetar energia na rede de distribuição, reduzindo tal montante do valor que é mensalmente faturado pelo distribuidor.

2.3.4 Leilão de Energia

No final de 2013 ocorreu o primeiro Leilão de Energia (A-3), cujos empreendimentos de geração fotovoltaica, com potência igual ou superior a 5 MW, foram habilitados pelo EPE (Empresa de Pesquisa Energética). O leilão foi destinado à compra de energia de novos empreendimentos de geração eólica, solar e termelétrica a biomassa ou a gás natural em ciclo combinado, para início de suprimento a partir de janeiro de 2016. Esses leilões que ocorrerão até 2018 deverão contratar 3,5 mil MW de empreendimentos de energia solar.

2.3.5 CB Solar

Apesar de atualmente não haver fabricante nacional de módulos fotovoltaicos no Brasil, em 2004 foi firmado um acordo de cooperação técnico-científico para implantação do Centro Brasileiro para o Desenvolvimento de Energia Solar Fotovoltaica (CB-SOLAR) nas instalações da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).

Podem-se destacar duas ações do CB-Solar: i) a promoção do I e II Simpósio Nacional de Energia Solar Fotovoltaica, realizadas respectivamente em 2004 e 2005 e ii) o desenvolvimento de tecnologias em escala piloto para fabricação de células fotovoltaicas de silício cristalino e de módulos fotovoltaicos, incluindo uma análise técnico-econômica da sua produção em escala industrial.

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2.4. Barreiras à Energia Solar Fotovoltaica no Brasil

Um grande impasse para a intensificação da energia solar fotovoltaica no Brasil refere-se à falta de regulamentação das fontes renováveis no setor energético e as políticas públicas que ainda são incipientes para desenvolver o setor. Além disso, falta estruturação na política de incentivos para que os investimentos em energia fotovoltaica sejam mais atrativos e obrigatórios, já que ao garantir demanda para cadeia produtiva, as políticas públicas garantem e estimulam a ampliação da produção, incentivam inovações tecnológicas e, consequentemente, permite o aumento da capacidade produtiva (MOEHLECKE et al., 2010).

Outro fator relevante para a não popularização da energia fotovoltaica são os custos de investimento associados a essa tecnologia, quando comparada com outras tecnologias de geração de eletricidade convencionais ou mesmo mais recentes, como o caso da geração eólica. Entretanto, esses custos têm apresentado reduções significativas, fazendo com que a geração fotovoltaica já comece a se tornar competitiva com relação a algumas fontes de geração de eletricidade (GONZALEZ, 2010).

Apesar da aprovação de uma Resolução Normativa, criando a regulamentação necessária para que os consumidores de energia elétrica possam ser também geradores de energia, falta ainda uma política fiscal para tornar esse potencial acessível à população. Por isso, essa modalidade vive de ações isoladas de governos municipais e entidades (ANEEL, 2012).

3. Custos para produção de Energia Solar Fotovoltaica

A microgeração fotovoltaica de energia elétrica por meio de painéis solares é uma alternativa de menor custo do que a aquisição de energia no mercado convencional, como mostra uma pesquisa do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP. De acordo com o estudo, a microgeração fotovoltaica também é favorecida pela constante redução de preço dos equipamentos fotovoltaicos e a tendência de

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aumento das tarifas de energia elétrica.

O custo da Energia Fotovoltaica, na micro e minigeração, pode chegar a R$ 400,00 por MWh em algumas cidades. Para usinas fotovoltaicas de grande porte o preço da energia é ainda mais barato. O preço médio de venda da energia fotovoltaica no Leilão de Energia de Reserva (LER) de 2014, foi R$ 215,12/MWh, variando de R$ 200,82 a 220,80/MWh. O LER é realizado pelo Ministério das Minas e Energia, por meio da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), para contratação de projetos alternativos de geração de energia visando o fornecimento para os consumidores brasileiros.

No período de 1995 a 2013, as tarifas de energia elétrica evoluíram, em média, a uma taxa acima de 9% ao ano, enquanto o IPCA evolui aproximadamente 6,5% ao ano. O reajuste médio das tarifas residenciais de energia elétrica ficou acima de 20% em 2014 e, no início de 2015, os reajustes já estão acima de 30%. Segundo pesquisas é provável que em 2023 a penetração da microgeração seja ainda maior. Caso as tarifas tenham um reajuste anual médio pouco acima de 9% ao longo do horizonte de análise, a microgeração seria economicamente viável para as 27 capitais do Brasil, isso sem considerar os reajustes de 2015. O contexto é favorável para que a energia solar fotovoltaica decole (BERNARDES, 2015).

4. Considerações Finais

Pode-se constatar que, o Brasil tem grandes possibilidades de desenvolver a indústria de energia fotovoltaica e de ampliar a participação desta fonte na matriz elétrica brasileira. Porém, para que isso ocorra, torna-se fundamental a elaboração de um mecanismo de incentivo eficaz, que contemple essa fonte inesgotável de energia, permitindo que as experiências obtidas com as instalações em países onde esta fonte energética tem sucedido, possam servir de parâmetro para dar fomento à iniciativa no Brasil.

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Tabela 1 – Oferta Interna de Energia no Brasil e Mundo (%).
Figura 4 – Evolução global da potência instalada de sistemas fotovoltaicos 2000-2013 (GW)
Figura 5 – Média Anual da Radiação Solar no Brasil. Fonte: Atlas Brasileiro de Energia  Solar (2006)

Referências

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