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Eficácia do fenbendazole (Hoe 881) em doses múltiplas na ascaridiose, ancilostomose e tricocefalose

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Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical

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a Creative Commons Attribution License (CC BY NC 4.0). Fonte:

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86821980000100015&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 16 nov. 2017.

REFERÊNCIA

CASTRO, Cleudson; PRATA, Aluizio. Eficácia do fenbendazole (Hoe 881) em doses múltiplas na

ascaridiose, ancilostomose e tricocefalose. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina

Tropical, Uberaba, v. 13, n. 1, p. 113-117, dez. 1980. Disponível em:

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0037-86821980000100015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 16 nov. 2017. doi:

http://dx.doi.org/10.1590/S0037-86821980000100015.

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EFICÁCIA DO FENBENDAZOLE (HOE 881) EM DOSES MÚLTIPLAS

NA ASCARIDIOSE, ANCILOSTOMOSE E TRICOCEFALOSE

Cleudson Castro* e A luizio Prata**

Os autores trataram 9 8 indivíduos, sendo 73 com fenbendazoie e 25 com mebendazoie. O controle de cura foi de quatro exames de fezes em um mês. A tolerância foi ótima para ambas as drogas. 0 fen­ bendazoie negativou 17 (100% ) com A.lum bricoides, 32 (68%) com ancilostom ideos e 50 (79,3%) com T.trichiurus. Comparativamente o mebendazoie negativou 10 (91% ), parasitados pelo A.lumbri­

coides, 13 (92,8% ) parasitados pelos ancilostom ideos e 20 (100%) parasitados pelo T.trichiurus. O

mebendazoie ê preferível ao fenbendazoie.

IN TRO D U ÇÃ O

O fenbendazoie, carbamato de metil 5-(fe- niltio)-2- benzimidazole, inicialmente experi­ mentado em animais por Baeder e cols (2) mostrou-se bem tolerado e muito eficaz con­ tra vários nematódios de animais domésticos e de laboratório.

Os primeiros estudos clínicos, feitos na L i­ béria por Haas e Bruch3, mostraram que uma única ingestão do antihelmíntico na dose de 200mg foi eficaz contra áscaris e na dose de I.OOOmg contra ancilostomideos e Trichoce- phalus, sendo ambas as doses bem toleradas pelos pacientes. Posteriormente, os mesmos autores3, fundamentados em resultados toxi- cológicos, trataram estudantes liberianos com doses únicas de 1.000 e 1,500mg, sob a apre­ sentação de tabletes ou suspensão. O resultado deste estudo confirmou que a dose de 1 .OOOmg é muito eficaz contra A.lumbricoides e que a de 1,500mg melhora a eficácia contra o Trichocephalus. Os resultados na ancilosto- mose foram sempre desprezíveis. Rodrigues e cols6 usando dose única de 3 e 6mg por quilo de peso corporal, sob a forma de comprimi­

dos, em pacientes adultos, confirmam que a droga é bem tolerada mas não apresenta bons índices de cura. Estes trabalhos mostram que o fenbendazoie, administrado em dose única, tem espectro limitado, pois atua de modo sa­ tisfatório somente na ascaridiose e tricocefalo- se.

Neste ensaio clínico, pretendemos verificar a tolerância e a eficácia do fenbendazoie, em doses baixas, comparando-o com o mebenda­ zoie.

M A T E R IA L E MÉTODOS

Selecionamos 98 alunos da Escola de Aprendizes de Marinheiros de Recife que es­ tivessem parasitados por um ou mais dos se­ guintes helmintos: A.lumbricoides, T.trichiu­ rus e ancilostomideos. Fizemos contagem de ovos nas fezes, em três dias, pelo método de Kato modificado por Katz5. A idade dos indi­ víduos variou de 16 a 20 anos e, a faixa de peso, de 47 a 77kg. Os 98 indivíduos foram por randomização distribuíduos em dois gru­ pos, o do fenbendazoie e o do mebendazoie, para finalidade de comparação da toxicidade e eficácia dos medicamentos.

N ú c le o de M e d ic in a T ro p ic a l e N u triç ã o da U nive rsid a d e de B ra sília * M e stra n d o de M e d icin a T ro p ic a l da U nive rsid a d e de B ra sília * * P ro fe sso r de M e d ic in a T ro p ic a l da U nive rsid a d e de B ra sília

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114 Rev. Soc. Bras. Med. Trop. Vol. XIII - N?s 1 a 6

T A B E L A I

Queixas Apresentadas por 73 Indivíduos Tratados com Fenbendazole

HELM INTOS P A C IEN TES A N TE S D U RAN TE AO TR A TA M EN TOD IA IM EDIATO Anorexia 9 4 1 Dor Abdominal 5 6 5 Cefaléia 6 5 3 Diarréia 3 8 3 Sonolência 2 8 4 Dispepsia 5 2 1 Manifestações Cutâneas - 6 5 Astenia 4 - 2 Tontura 1 1 1 Sudorese 1 1

-Tremor nas Mãos 1

T A B E L A II

Indivíduos com Exames de Fezes Negativos Após Tratamento com Fenbendazole P A C IEN TES HELM INTOS C O N TR O LA D O S NP N EG A T IV O S NP PÓ S-TBATAM EN TO % Ascaris 17 17 100,0 Ancilostomídeos 47 32 68.0 Trichocephalus 63 50 79.3 T A B E L A III

Queixas Apresentadas por 25 Indivíduos Tratados com Mebendazole

HELMINTOS A N TE S D U RA N TE D IA IM ED IATO AO TR A TA M EN TO Anorexia 7 2 2 Manifestações Cutâneas 2 4 3 Dor Abdominal 2 - 5 Cefaléia 2 3 2 Sonolência 1 2 2 Astenia 2 1 -Dores Musculares 1 1 -Tontura 1

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Janeiro-Dezembro, 1979/80 Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 115

GRUPO DO FE N B E N D A Z O LE - Compreen­ deu 73 indivíduos, cujo número médio de ovos por grama de fezes nos três exames foi o seguinte: menos de 100 100-249 250-499 500 999 mais de 999 Áscaris 3 5 1 1 7 Ancilostomídeos 28 8 3 1 7 Trichocephalus 13 23 10 8 8 Destes 73 indivíduos, 17 estavam parasita­ dos pelo A.lumbricoides, 47 pelos ancilosto- mídeos e 63 pelo T.trichiurus. Considerando- se a associação ou não de .parasitoses, os indi­ víduos estavam assim distribuídos:

H ELM IN TO S Tric. Asc Anc. Tric.+ Asc. Asc. + Anc. Tric. + Anc. Tric. + Asc. + Anc. Total NP DE IN D IV ÍD U O S 22 02 07 02 01 27 12 73 Este grupo fez uso de fenbendazole (Hoe 881) por via oral, sob a forma de comprimi­ dos, na dose de 100mg duas vezes ao dia du­ rante três dias, independentemente do peso e da idade. O medicamento foi ingerido à vista do investigador que acompanhou o tratamen­ to até ao final. Para avaliação da tolerância, anotou-se de início as queixas referidas espon­ taneamente e, em seguida, após resposta a um questionário. Este procedimento foi efetuado antes, durante e no dia imediato ao término do tratamento, anotando-se também a inten­ sidade dos sintomas. A eficácia do medica­ mento foi avaliada através de quatro exames de fezes feitos do mesmo modo que antes do tratamento, aos 7P, 14P, 21P e 28P dias após o tratamento.

GRUPO DO M EB EN D A ZO LE - compreen­ deu 25 indivíduos, cujo número médio de ovos por grama de fezes em três exames, foi o seguinte: menos de 100 mais de 999 Áscaris Ancilostomídeos Trichocephalus 100-249 250-499 500-999 2 5 5 3 5 3 1 2 6 5 1 2

Destes 25 indivíduos, 11 estavam parasi­ tados pelo A.lumbricoides, 14 pelos ancilosto­ mídeos e 20 pelo T. trichiurus. De acordo com a associação ou não de parasitoses, os indivíduos estavam assim distribuídos:

HELM IN TO S Tric. Asc. Tric. + Asc. Asc. + Anc. Tric. + Anc. Tric. + Asc. + Anc. Total NP DE IN D IVÍD U O S 06 03 02 02 08 04 25 Este grupo fez uso do mebendazole, por via oral, sob a forma de comprimidos, na dose de 100mg duas vezes ao dia durante três dias in­ dependentemente do peso e da idade. A admi­ nistração do medicamento e a avaliação da sua tolerância e da sua eficácia foram feitas do mesmo modo como no grupo A.

R E SU LT A D O S

Todos os indivíduos incluídos no ensaio fi­ zeram os quatro exames de controle progra­ mados.

FE N B E N D A Z O LE — Tolerância ao medica­ mento: 40 ( 54,7%) indivíduos não manifesta­ ram qualquer sintoma durante ou após o tra­ tamento e 33 (45,2%) manifestaram alguns sintomas, muitos deles já presentes antes do tratamento. Na tabela I vê-se os sintomas apre­ sentados antes, durante e após o tratamento. Todos os sintomas foram de leve intensidade.

Quanto ao controle de cura (tabela II), houve negativação de 17 (100%) em 17 parasi­ tados pelo A. Lumbricoides , de 32 (68%) em 47 parasitados pelos ancilostomídeos e de 50 (79,3%) em 63 parasitados pelo T.trichiurus. Nos indivíduos não curados houve redução acentuada na carga de oVos em 10 (66,6%) com ancilostomídeos e em 11 (84,6%) com T.trichiurus, redução moderada em 3 (20,0%) com ancilostomídeos e em 1 (7,6%) com T.tri­ chiurus.

M EB EN D A ZO LE - Tolerância ao medica- to: 13 (52%) indivíduos não apresentaram qualquer sintoma durante ou após o tratamen­ to e 12 (48%) apresentaram alguns sintomas, muitos deles já presentes antes do tratamento. Na tabela III, tem-se os sintomas apresentados antes, durante e após o tratamento. Os sinto­ mas foram sempre de leve intensidade.

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116 Rev. Soc. Bras. Med. Trop. Vol. XIII - N?s 1 a 6

Quanto ao controle de cura (tabela IV), houve negativação de 10 (91%) em 11 parasi­ tados pelo A.lumbricoides, de 13 (92,8%) em 14 parasitados pelso ancilostomideos e de 20 (100%) em 20 parasitados pelo T.trichiurus. Nos dois não curados houve redução acentua­ da da carga de ovos.

COM ENTÁRIOS

Ambas as drogas foram bem toleradas nas dosagens administradas e muitas das manifes­ tações possivelmente atribuíveis ao

fenbenda-SUM M ARY

The authors treated 98 individuais, 73 with fenbendazoie and 25 with mebendazoie. The control o f cure was b y fo u r stool examina- tions in a month. The tolerance o f both drugs was excellent. Fenbendazoie cured 17 (100%) with A.lumbricoides, 3 2 (68%) with hook- worm and 50 (79.3%) w ith T.trichuris. Com- paratively mebendazoie cured 10 (91%) pa- tients with A.lumbricoides, 13 (92.8%) with hookworm and 20 (100%) with T.trichuris. Mebendazoie is preferable to fenbendazoie. T A B E L A IV

Indivíduos com Exames de Fezes Negativos Após o Tratamento com Mebendazoie PA CIEN TES HELM INTOS CO N TR O LA D O S N EG A T IV O S PÓS TR A TA M EN TO NP NP % Ascaris 11 10 90.9 Ancilostomídios 14 13 92.8 Trichocephalus 20 20 100.0

zole, são diarréia, sonolência e manifestações cutâneas e as possivelmente atribuíveis ao me­ bendazoie, são: manifestações cutâneas e so­ nolência. Em ambos os medicamentos elas foram sempre de leve intensidade.

A eficácia do fenbendazoie foi muito gran­ de contra o A.lumbricoides (100% de cura) menor contra o T.trichiurus (79,3% de cura) e ainda menor contra os ancilostomideos (68% de cura). Aguilar e cols (1) usando o fenbendazoie em dosagem e esquema idêntico ao que empregamos, obtiveram em 20 pacien­ tes, ação terapêutica significativa nas infecções por áscaris, uncinaria e Trichocephalus. Do mesmo modo, Constanza e cols (4), utilizando também a mesma dosagem e esquema obtive­ ram índices de cura um pouco superiores aos nossos no que se refere à necatorose e tricoce- falose, mas não obtiveram ação terapêutica na estrongiloidose.

Dada sua boa tolerância, é possível aumen­ tar as doses diárias de fenbendazoie durante três dias e assim provavelmente torná-lo mais eficaz contra o T.trichiurus e os ancilostomí- deos.

O mebendazoie deu melhores índices de cura contra o T.trichiurus (100%) e ancilosto- mídeos (92,8%). Pelos nossos resultados o me­ bendazoie deve ser preferido ao fenbendazoie.

R E F E R Ê N C IA S B IB LIO G R Á F IC A S

1. A G U ILA R , F.J., T Á N C H E Z , G „ CIFU EN -TES, C.L., F O L G A R , M.A. SAMA- Y O A , A.: Experiências clínicas com Hoe 881 Fenbendazoie. Cong.Latino- americano. Parasit.IV, Cong. Centroa- mericano Microb. y Parasit.IV Cong. Nacional Microb. y Parasit. III. San Jo- se. Costa Rica, diciembre 1976. Resu- menes de trabajos libres, pg. 114. 2. B A E D E R , C., BA H R, H„ C H R IS T , O.,

DÜW EL, D., K E L L N E R , H.M., KIR- SCH, R., LOEW E, H„ S C H U LT E S, E., SC H Ü TZ, E. & W ESTEN, H.: Fenben­ dazoie: A new highly effective anthel- mintic. Experientia, 30, 753-754, 1974.

3. B R U C K, K. & HASS, J.: Effectiveness of single doses of fenbendazoie (Hoe 881) against Ascaris, Hookworm and Trichuris in man. Ann.Trop.Med.Para­ sit. 70, 2, 205-211, 1976

4. CO N STA N ZA , S.C., FERN A N D O , B.H. IG NACIO , M.-B.: Efectividad tera- peutica dei Fenbendazoie (Hoe-881) en Ias Helmintiasis por el suelo, en el

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Janeiro-Dezembro, 1979/80 Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 117

estado de Chiapas, Mexico. Cong.Lati- noamericano Parasit. / V, Cong.centro- americano Microb. y Parasit. IV , Cong. Nacional Microb. y Parasit. III. San Jo- se. Costa Rica, diciembre 1976. Resu- menes de trabajos libres, pg.126. 5. K A T Z , N„ C H A V ES, A. & P E LLE G R IN O ,

J.: A simple decive for quantitative stool thick-smear technique in

schis-tosomiasis mansoni. Rev.Inst.Med, Trop.São Paulo. 14: 397-400, 1972. 6. R O D RIG U ES, L. D., M A R TIRA N I, I.,

C A B EC A , M. & BRAN DÃO , J.A .: En­ saio clínico preliminar com o fenben- dazol na Terapêutica de Helmintiases humanas. Cong. Soc.Brasil. Med. Trop. 149 e Cong.Soc.Brasil.Parasit. 3P João Pessoa, 1978. Resumo, pg. 378.

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