• Nenhum resultado encontrado

ELEMENTOS HISTÓRICOS: A NATUREZA NA GEOGRAFIA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "ELEMENTOS HISTÓRICOS: A NATUREZA NA GEOGRAFIA"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

GEOGRAFIA AMBIENTAL: FRAGMENTAÇÃO OU TOTALIDADE?

Francisco Wlirian Nobre Graduando em Geografia Universidade Regional do Cariri – URCA/CE

lironobre@yahoo.com.b

Resumo

Este artigo procura compreender a evolução do conceito de natureza sob o ponto de vista da geografia. Até a sua sistematização como uma ciência moderna no século XIX, a geografia não mudou muito seu olhar sobre a natureza. Contudo, em meados do século XX a crise ambiental foi a oportunidade para uma reflexão nos rumos que a geografia tomava, os novos métodos de produção tanto nos valores econômicos quanto em questões da produção do espaço social mudaria as novas abordagens dos conceitos de geografia. Era o prenúncio de novos paradigmas que impulsionaram a geografia para um compromisso social e uma preocupação com os recursos naturais. Recentemente, nota-se um despertar da sociedade para discutir as questões ambientais. Diante do exposto, se propõe uma abordagem geográfica elaborando um estudo bibliográfico no intuito de compreender a complexa relação entre homem e meio, buscando partir do inicio do estudo da geografia e seus percussores que desenvolveram questionamentos e conceitos do estudo diante dos processos da evolução das sociedades e suas novas formas da construção do espaço.

Palavras-chave: crise ambiental, natureza, espaço geográfico.

Abstract

This article looks for to understand the evolution of the concept of nature under the point of view of geography. Until its systematization as a modern science in century XIX, geography very did not change its look on the nature. However, in middle of century XX the ambient crisis was the chance for a reflection in the routes that geography took, the new methods of production in such a way in the economic values how much in questions of the production of the social space it would change the new boarding’s of the geography concepts. He was the premessenger of new paradigms that had stimulated geography for a social commitment and a concern with the natural resources. Recently a wakening of the society is noticed to argue the ambient questions. Ahead of the displayed one, if it considers a geographic boarding elaborating a bibliographical study in intention to understand the complex relation between man and way, being searched to break of the beginning of the study of geography and its firing pins that had ahead developed questionings and concepts of the study of the processes of the evolution of the societies and its new forms of the construction of the space.

(2)

INTRODUÇÃO

O estudo da relação natureza e sociedade se tornou uma questão preocupante no mundo inteiro. A ação da sociedade no espaço geográfico mostra que o futuro da humanidade e de nosso planeta passa por um momento decisivo, não temos dúvida de que a forma como o homem vê a age na natureza está ameaçando a sua própria existência.

É claro que a noção de natureza é revelada em cada sociedade a partir de sua cultura e de seu conhecimento (científico ou não). A geografia como campo de conhecimento tem mostrado ao longo de sua história uma preocupação com a natureza. Este conceito construindo socialmente vem constantemente sofrendo transformações. Na geografia, essas mudanças dividiram essa ciência deixando mergulhada numa crise que ameaçou sua validade científica. Contudo, nos dias de hoje, surgem novos paradigmas que resgatam a proposta holística da geografia, de modo que se possa discutir a complexa relação entre homem e natureza.

ELEMENTOS HISTÓRICOS: A NATUREZA NA GEOGRAFIA

A geografia é certamente a mais abrangente das ciências quando se trata do estudo da natureza. Desde sua origem esteve comprometida com os aspectos naturais do planeta sem desconsiderar a organização social. Ela é a única das ciências humanas preocupada com a dinâmica da natureza, mas é claro que no decorrer de sua história o conceito de natureza foi tratado de diversas maneiras, contudo, para um melhor entendimento do que concebemos por natureza sob uma ótica geográfica se faz necessário traçar um breve perfil da história do pensamento geográfico.

Foram os gregos que criaram a palavra geografia e a consolidaram como o estudo da superfície terrestre. Nesse período, o conhecimento geográfico resumia-se a enciclopédias com detalhes do quadro natural da terra. As descrições eram ordenadas, comparadas e paulatinamente o conhecimento dos lugares se aprofundava. À medida que se expandia as atividades comerciais se ampliava o conhecimento geográfico. Segundo Lencione (1999, p.35) o conhecimento geográfico grego era focado em expedições e itinerários da época.

(3)

conhecimento geográfico que já se tinha produzido. Quando o Império Romano entre em crise o cristianismo já estava espalhado pelo mundo, as guerras e a fragmentação do poder romano facilitou o avanço territorial dos povos chamados de bárbaros. Nesse período, a Europa passava por importantes transformações, pequenos reinos e impérios eram formados. Enquanto isso, a dominação da igreja não permitia o desenvolvimento científico e qualquer tentativa era reprimida, toda explicação do mundo partia de Deus, assim, o estudo da natureza no período medieval se tornou desnecessário. Com essa natureza sacrilizada a descoberta de novos lugares ficou limitada ao espírito aventureiro de alguns mercadores, ou seja, o conhecimento geográfico não evolui na Idade Média, na verdade ele retrocedeu em relação ao período de hegemonia grega.

O longo período medieval vai perdendo suas características com o desenvolvimento das atividades comerciais, a necessidade de trocas, a procura de outros mercados consumidores e a carência de produtos estimula as viagens marítimas, conseqüentemente, essa nova estrutura econômica chamada de capitalismo comercial expande o horizonte geográfico e o modo de vida feudal vai se esfacelando na medida em que aumentava o poder da burguesia. No período de transição da Idade Média para a Idade Moderna a geografia compactuava com uma nova etapa do capitalismo que deixava sua fase comercial e partia para a fase industrial. Porém, de um modo geral, toda a produção geográfica produzida antes de sua sistematização como uma ciência moderna no século XIX via a natureza com um cunho naturalista, ou seja, essa geografia clássica tinha como principal objetivo conhecer a natureza, eram viajantes, mercadores, filósofos e alguns estudiosos que tinham a preocupação com a descrição da terra. Essas necessidades foram impostas pelo poder de grandes indústrias que originadas na Revolução Industrial se fortaleciam cada vez mais. É com esse cenário no século XVIII que a geografia assume ainda mais a posição de instrumento de poder e desenvolvimento econômico. Nessa época a classe dominante fomentava o desejo de se formar um Estado moderno. O progresso do avanço científico e o desenvolvimento das técnicas se sobrepõem na sociedade, a racionalidade pregava um homem sujeito tendo total controle sobre uma natureza objeto. Dessa forma, faltava muito pouco para o reconhecimento da geografia nos meios acadêmicos:

(4)

surge de sua inquietação em entender a Terra como morada do homem e de refletir sobre a relação entre o homem e a natureza. (LENCIONE, 1999, p.68)

Kant estabeleceu as bases epistemológicas da geografia moderna, sua proposta era fazer com que essa ciência contribuísse para a compreensão da natureza. Agora faltava a sistematização teórico-metodológica, e isso foi possível ainda no final do século XVIII com os prussianos Alexander Von Humboldt e Karl Ritter.

Com estes autores a geografia concretiza-se como uma ciência, todo o seu conhecimento que estava disperso é padronizado, ordenado e sistematizado podendo ser pensado de forma particular e autônoma. Obviamente, não podemos desconsiderar todo o conhecimento produzido antes de Humboldt e Ritter, mas, eles revolucionaram métodos de pesquisas com novas investigações científicas. Seus trabalhos tiveram certo prestígio e tornaram-se referência pra todo conhecimento produzido posteriormente. Humboldt inovou o conhecimento geográfico associando o estudo da natureza interagindo com a sociedade, sua proposta era integrar o saber humano ao saber natural numa mesma ciência. Para Sobrinho (2008, p.29) Humboldt defendia que o conhecimento geográfico seria uma integração dos conhecimentos da terra relacionado a organização social e política. Dessa forma:

A geografia proposta por Humboldt engloba, portanto, uma reflexão sobre o homem e uma reflexão sobre a natureza, as duas tomadas sob um mesmo patamar de inteligibilidade. Por este programa, Humboldt legou à posteridade as bases de uma nova ciência, rica em tradições e, ao mesmo tempo, moderna e sistemática. Ele legou também, a partir desse programa, o papel talvez maior da geografia dos novos tempos, o de produzir um discurso e uma imagem coerente e científica do mundo moderno. (GOMES, 1996, p.162).

Neste contexto, Humboldt via o homem como parte da natureza, concepção não muito diferente de muitos geógrafos da atualidade, mas, os sucessores de Humboldt deslocaram sua proposta de integração do saber natural ao social. Segundo Sobrinho (2008, p.35), essa fragmentação que se seguiu depois de Humboldt foi uma das razões pela qual a ciência geográfica atravessou tantas crises.

(5)

desses dois geógrafos não mudou muito a abordagem naturalista, os conceitos foram separando o homem da natureza fugindo da proposta holística de Humboldt. Quanto mais a geografia se dividia em sub-áreas diminuía-se a capacidade crítica de uma visão holística da realidade.

CRISE AMBIENTAL “CRISE DA GEOGRAFIA”

No final da Segunda Guerra Mundial o mundo passava por profundas transformações, surgem novas perspectivas na geografia e novas relações entre homem e natureza. O poder do capitalismo aliado à ciência marca o início de uma profunda crise de dimensões sociais, culturais, políticas e econômicas. Como observou Andrade (1992, p.111), à necessidade de reconstrução do pós guerra impregnou novos valores na sociedade. Esse momento histórico marcado por um crescente domínio capitalista desdobrou novos rumos para a geografia, essa mudança tendenciosa no cerne da geografia foi qualificada de quantitativa. A técnica se impõe a serviço dos planejadores, dos administradores, das empresas e de alguns Estados. A concepção objetiva e analítica flertava com outras ciências exatas como a matemática e a física. Com isso, muitos geógrafos começaram a se perguntar, qual a contribuição que a geografia pode dar para os problemas sociais e a crise ecológica?

Essa nova geografia que se produzia de acordo com as novas estruturas sócio-econômicas capitalistas começou a ser duramente criticada. A relação sociedade e natureza ficava cada vez mais separada, enquanto isso, alguns geógrafos diziam que vivenciavam uma revolução. Em oposição a essa escola surge uma corrente denominada de Radical ou Crítica que teve no francês Yves Lacoste seu maior expoente. No Brasil Milton Santos se destaca, era a retomada de uma geografia compromissada em reorganizar o espaço terrestre buscando estimular a discussão entre o caráter dicotômico entre sociedade e natureza.

(6)

materialismo histórico surge questionando a geografia oficial que sempre esteve vinculada aos interesses dominantes.

Deste modo, na geografia o termo naturalismo vai sendo substituído por um ambientalismo proveniente de uma postura crítica. A referência ao meio ambiente surge partindo da preocupação com a estagnação dos sistemas naturais em escala planetária. Na geografia esse impacto promove uma retomada à proposta de Humboldt inserindo um diálogo interdisciplinar no seio da ciência geográfica.

É importante também compreender que essa geografia com postura crítica teve origem ainda no final do século XIX e seus precursores foram Pior Kropotkin e Eliseé Reclus, ambos pregavam uma geografia libertária. O francês Eliseé Reclus não conseguiu o mesmo êxito que seus contemporâneos, pois era declaradamente anarquista e se posicionou a favor das classes menos favorecidas. Ele se mostrava muito preocupado com questões sociais e com a degradação do meio ambiente. Segundo Andrade (1985, 21) a obra de Reclus era realmente uma tentativa ambientalista, ele analisava os aspectos naturais de maneira integrada com o homem atuando e transformando o meio. Assim:

O esforço de E. Reclus em produzir, ainda no final do século XIX, uma geografia de cunho ambientalista como que se pretende produzir atualmente, foi algo bastante louvável, pois ele soube unir a militância política de cunho marxista a uma pretensa ciência – ponte entre o homem e a natureza. Não é de espantar que em meio a um mundo científico e social de cunho positivista elementar, sua obra – assim como o marxismo – não tivesse aceitação e permanecesse inédita por quase cinqüenta anos (só sendo editada nos anos 60 deste século). Que grande salto na história das ciências ambientais, sobretudo da geografia, teriam os geógrafos dado se tivessem sabido aproveitar a genialidade do pensamento de Reclus!(MENDONÇA, 1993, p.27).

Mesmo com essa retomada da obra de Reclus e com a proposta de novos paradigmas a geografia não superou sua crise interna e nas décadas de 60 e 70 o embate foi motivado por novos geógrafos simpatizantes do marxismo. Pra eles, a geografia que valorizava os quadros físicos seria cúmplice da classe dominante e deveria ser urgentemente substituída por uma geografia mais humana preocupada com as questões sociais e econômicas.

(7)

corrente que trabalha a psicologia humana. Sendo profundamente subjetivistas, os adeptos da geografia da percepção buscavam compreender a crise ecológica a partir do comportamento humano. Ou seja:

A geografia humanística procura um entendimento do mundo humano através do estudo das relações das pessoas com a natureza, do seu comportamento geográfico bem como dos seus sentimentos e idéias a respeito do espaço e do lugar. As relações com a natureza, do seu comportamento geográfico bem como dos seus sentimentos e idéias a respeito do espaço e do lugar. (TUAN, 1985, p.143).

Se ainda hoje existem geógrafos lutando por uma unidade na geografia há também muitos geógrafos que a dividiram em determinadas áreas. Assim, como é possível que a ciência geográfica dê sua contribuição para as questões ambientais se ainda não superou essa dicotomia entre geografia física ou humana? Essa questão que já dura tanto tempo parece que ainda tem uma vida longa, haja vista a quantidade de estudos setorizados da atualidade.

NOVAS PERSPECTIVAS: O AMBIENTALISMO GEOGRÁFICO

Na geografia o estudo da natureza que já foi sagrada na antiguidade, desprezada na Idade Média, vista de forma mecânica na era moderna, caminha agora para o paradigma ecológico. Estas concepções acerca da natureza escapam dos limites da geografia, na verdade elas são uma construção social transformada ao longo do tempo. A esse respeito Gonçalves (1989, p.75) argumenta que o conceito de natureza foi instituído pelas relações sociais consolidadas pela ciência e pela cultura.

Na atual fase a problemática ambiental não pode ser desconsiderada, essa tendência na geografia questiona até mesmo o projeto científico moderno. Essa promissora corrente enfatiza uma discussão incrementando o homem como um ser natural agindo e transformando a si próprio e o meio. Para Moreira (2006, p.71) esse paradigma parte para uma tendência plural com um enfoque integrado abordando todas as partes associando a um todo.

(8)

no meio ambiente Ab´Saber atuou como um geógrafo cidadão incitando novas formas do homem pensar e agir no seu entorno. Sendo assim:

Mesmo quando especialistas em Geografia Física, a formação ampla fornecida pelos cursos de geografia tem dado aos geógrafos a competência para apresentarem críticas à política antiecológica dos governos e das empresas, colaborando com especialistas de áreas diversas para apontar soluções, quase sempre mais racionais que as apenas econômicas, ou melhor economicistas.(ANDRADE, 1992, p.121).

Um bom exemplo dessa nova perspectiva da natureza na geografia é a análise de geossistemas. A geografia física historicamente foi acusada de mascarar os problemas sociais, fato esse comprovado na divisão de inúmeras sub-áreas. Porém, o estudo dos geossistemas deu uma vida nova à geografia com sua proposta de estudos integrados que conecta o homem ao meio. Conti (1995, p.20) confirma que o geossistema se dar nas interconexões entre litomassa, aeromassa, hidromassa e biomassa, por sua vez Mendonça (1991, p.49) afirma que as relações da análise geossistêmica envolvem potencial ecológico, exploração biológica e ação antrópica. Assim, quando tal análise explicita a ação do homem se rompe uma fronteira que parecia intrasponível.

Como observa Seabra (2007, p.107), a metodologia geossistêmica vem sendo cada vez mais usada por geógrafos brasileiros, é promissora a proposta de que as relações sociais não podem jamais se dissociar do meio ambiente natural. Por isso, a realidade deve também considerar as relações culturais e o modo de produção e consumo do homem, ou seja, partes que se entrelaçam e se unem numa totalidade. O autor ainda assinala que:

A pesquisa ambiental procura superar dois desafios na Geografia: a dicotomia existente no estudo da natureza, cujos fenômenos são considerados de um lado naturais, e de outro humanos; a dualidade, ou oposição entre as formas e os processos encontrados na paisagem. Essas dificuldades parecem teórica e metodologicamente insuperáveis; contudo, deve-se considerar que, tanto os processos naturais, como aqueles induzidos pelo homem são simultâneos, e devem ser compreendidos num contexto bem mais amplo, portanto sistêmico, englobando o ambiente em sua totalidade. (SEABRA, 2007, p.110).

Suertegaray (2002, p.114), por sua vez assinala que para compreender o meio ambiente deve-se compreender profundamente a natureza e o homem. Ao buscar um caminho que aponte para um diálogo transdisciplinar e interdisciplinar como prega às propostas da educação ambiental a geografia recupera sua história e resgata sua unidade.

(9)

As diferentes geografias que estão sempre aparecendo são apenas nomes, talvez uma maneira de destacar um determinado autor. Antes de tudo, não estamos propondo qualificar uma geografia de ambiental, até porque o estudo da natureza não pode ser tratado numa ciência particular. Mas, na sociedade contemporânea atual a exploração dos recursos naturais se tornou uma questão primordial, de modo que, a geografia deve no mínimo considerar a relação natureza e sociedade como um princípio básico. Portanto, não estamos tomando partido entre a geografia física ou humana, ambiental ou não, na verdade defendemos a geografia, uma ciência única e complexa capaz de analisar o espaço terrestre e toda sua organização social de forma holística.

Como se vê, os geógrafos não precisam ficar separados em suas determinadas áreas de atuação, é claro que, cada geógrafo tem sua especialidade e defende sua corrente, mas a preocupação ambiental deve ser um argumento essencial para sua conduta. A história do pensamento geográfico confirma a práxis de que a geografia é ao mesmo tempo uma ciência da sociedade, do homem e da natureza, não interessa qual sua tendência dominante, o importante é que o geógrafo saiba que sua ciência contribui consideravelmente para um mundo socialmente justo e ambientalmente equilibrado. Nesse caso, se a geografia propõe compreender a relação sociedade natureza, hoje mais do que nunca, o geógrafo deve estar consciente que os problemas do mundo e da natureza não podem ser compreendidos na geografia sem a integração do humano, do social e do físico. Com isso, o que se espera nesta pesquisa é que o objeto de estudo da geografia, no caso a interação homem e meio seja entendida como uma manifestação da própria sociedade, ou seja, as novas correntes surgem na geografia como reflexo do momento histórico. Nesse sentido, a geografia ambiental contribui para uma reflexão do espaço geográfico pautado numa percepção mais íntima na relação dos homens com a natureza.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

(10)

o natural. Era o termo adequado já que o desenvolvimento industrial exerce um grande impacto nos sistemas naturais.

O fato é que os rumos do conceito de natureza foram se instituindo de acordo com a leitura de mundo de cada sociedade, na geografia esse discurso concebe a natureza basicamente em dois momentos principais. O primeiro momento refere-se a um conceito de natureza calcado na descrição e nos fenômenos naturais regidos por leis. O segundo momento trata o conceito de natureza procurando entender esses fenômenos e suas transformações somando aos aspectos sociais, ou seja, uma natureza mais humanizada.

Temos assim, portanto, o desejo de que a geografia abarque todo esse conhecimento proposto pela corrente ambientalista, no entanto, essa proposta desencadeia outro dilema geográfico, pois discutir toda a integridade dessa disciplina é uma tarefa muito árdua, e, portanto, culminaria em saberes superficiais, em conhecimentos incompletos pelo vasto objeto de estudo que compreende a geografia. Sendo assim, criam-se dois tipos de geógrafos, o ambientalista, embora mais limitado em determinados assuntos ele talvez seja capaz de dar conta de tudo, e o geógrafo centrado em seu saber específico que domina a sua área e está mais de acordo com o projeto fragmentário da modernidade. Mesmo que entendamos as dificuldades da geografia ambiental (ou simplesmente geografia), acreditamos que o geógrafo ambientalista está mais em harmonia com o tempo em que vivemos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, Manuel Correia de. (org.) Elisée Reclus. São Paulo: Ática, 1985.

__________, Manuel Correia de. Geografia ciência da sociedade: uma introdução à análise do Pensamento Geográfico. São Paulo: Atlas, 1992.

CONTI, José Bueno. A Natureza nos Caminhos do Turismo. IN: Rodrigues, A.A.B. (org.). Turismo e Meio Ambiente: Reflexões e Propostas. São Paulo: Hucitec, 1995.

FALCÃO SOBRINHO, J. & COSTA FALCÃO, C.L. Geografia Física: A Natureza na Pesquisa e no Ensino. Rio de Janeiro: Tmaisoito, 2008.

(11)

LENCIONE, Sandra. Região e Geografia. São Paulo: Edusp, 1999.

MENDONÇA, F. Geografia Física: Ciência Humana. São Paulo: Contexto, 1991.

______________ Geografia e Meio Ambiente. São Paulo: Contexto, 1993.

MORAES, A.C.R. Geografia, Pequena História Crítica. São Paulo: Hucitec, 1983.

MOREIRA, Rui. Para Onde Vai o Pensamento Geográfico? Por uma Epistemologia Crítica. São Paulo: Contexto, 2006.

PORTO-GONÇALVES, C.W. Os (Des)caminhos do Meio Ambiente. São Paulo: Contexto, 1989.

SEABRA, Giovanni. Geografia: fundamentos e perspectivas. João Pessoa: 4ª edição, Editora Universitária, 2007.

SUERTEGARAY, D. M. A. Geografia física(?) Geografia ambiental(?) Ou geografia e ambiente(?) IN: KOZEL, S. & MENDONÇA, F. (Orgs.) Elementos de Epistemologia

da Geografia Contemporânea. Curitiba, Editora da UFPR, 2002.

TUAN, Yi-Fu. Geografia humanística. IN: CHRISTOFOLETTI, A. Perspectivas da

Referências

Documentos relacionados

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

Os sete docentes do cur- so de fonoaudiologia pertencentes à FMRP publica- ram mais artigos em periódicos não indexados no ISI, ou seja, em artigos regionais e locais, tais como:

libras ou pedagogia com especialização e proficiência em libras 40h 3 Imediato 0821FLET03 FLET Curso de Letras - Língua e Literatura Portuguesa. Estudos literários

4 Este processo foi discutido de maneira mais detalhada no subtópico 4.2.2... o desvio estequiométrico de lítio provoca mudanças na intensidade, assim como, um pequeno deslocamento

A redução da rugosidade, tal como o aumento do declive, tem um efeito negativo sobre a infiltração, pois não só aumenta a velocidade de escoamento como, ao diminuir a área

The neo-Manueline style of the Portuguese pavilions and decor at world and international exhibitions established successive images of a country that managed to reconcile a

Regarding the modulating effect of environmental genetic factors, in the SNP rs4658973 a reduction of the risk associated with the tobacco habit could be

A democratização do acesso às tecnologias digitais permitiu uma significativa expansão na educação no Brasil, acontecimento decisivo no percurso de uma nação em