Diminutos
Poemas minimalistas
DARLAN TORRES
Diminutos
Poemas minimalistas
DARLAN TORRES
DARLAN TORRES
Diminutos
Poemas minimalistas
Apresentação
Escrevi “Diminutos” sem pretensão de torná-lo uma coleção. Até porque havia decidido deixar de lado a Literatura, tanto por falta de tempo como por ausência de ânimo. Contudo, o cotidiano sempre chama atenção para que
incontrolável... Assim findei cedendo e passando tudo para o computador (depois de digitar no celular e enviar a uns contatos).
Apesar de cansado, o sono muitas vezes desaparecia, então ficava mexendo no celular;
escrevendo um, depois outro e mais um; até que me depararei
de cada verso não fosse desperdiçado foi que resolvi organizá-los em diminuta coleção.
Darlan Torres
ÍNDICE TEMÁTICO
1. Teoria Literária sobre Tankas...13
Perfume...17
Companhia...18
Drinque...19
Aleivosia...20
Impasse... ...21
Dilema...22
Devoção...23
Avante...24
Perdão...25
Renúncia...26
Relicário...27
Desejo...28
Haikai IV...38
Haikai V...39
Haikai VI...40
Haikai VII...41
Haikai VIII...42
Haikai IX...43
Haikai X...44
Haikai XI...45
Haikai XII...46
3. Teoria Literária sobre Poetrix...49
Amada...57
Eco...58
Plangor...59
Assonia...60
Bem-criada...61
Criador...52
Esperança...63
Devaneando...64
Tankas
Uma febre no Japão, dos anos 1186 aos anos 1339, Tankas são poemas
TEORIA LITERÁRIA SOBRE TANKAS
Como já disse em “Tankas entre Amigos” ensaio do qual participei como co-autor, repito com as mesmas palavras: Poemas que deram origem aos famosos e muito praticados Haikais, no Japão, Tankas são belíssimos em sua essência. Concebi-os como um
não achei fácil, como se imagina, compor poemas curtos.
Uma arte literária minimalista que exige rigor métrico trata de um desafio, pois é cogente a perda da prolixidade para atingir seu objetivo.
Tankas são poemas sucintos, mas têm “alma” têm forma e não se usa fôrma. Logo
Na realidade, são um convite à criação coletiva. É formada de trinta e uma sílabas divididas em duas estrofes, sendo a primeira 5 – 7 – 5, denominada
“kami no ku” e a segunda 7 – 7 , chamada “shimo no ku”, cuja tradução quer dizer “primeiro verso” e “segundo verso”, respectivamente.
No final da Idade Média
mais poetas começaram a interagir escrevendo estrofes de iguais medidas, originando desse modo novas formas cada vez mais simplificadas. Foi assim que surgiram os Haikais, com estrofe única, de apenas 17 sílabas. Um poema deverasmente muito curto.
Perfume
No ar respiro seu cheiro persistente
em mim a pairar
com lembranças pueris de quando eu fui feliz!
Companhia
Frio que gosto o sinto nesta manhã.
Estás comigo!
Com todas as lembranças feito brisa me tocar...
Drinque
Oi! Vem comigo pra conversar um pouco,
beber um drinque...
E então te pedirei que comigo não brinque!
Aleivosia
Vós que fostes flor aos meus olhos puros
cegastes d'amor
espinhos afiados fincaram-me o peito
Impasse
E chove muito e como nunca antes
bem diferente
choramos mais que outrem sentimos pouco menos
Dilema
O céu noturno da janela observo:
estrelas pulsam.
Os sonhos tão distantes fazem esquecer tudo!
Devoção
A todos amores, (mesmo os que não tive)
vos presto flores
que muito pouco duram o amor em mim vive!
Avante
São só lembranças o que hoje me restam
Sem as nuanças
eu vou seguindo - de pé um dia chego - há fé
Perdão
Quanta decepção suporta viver ainda
pobre coração?
Setenta vezes sete?
Diga-me, sua linda!
Renúncia
Não vi seus olhos nem os desejo olhar...
Pontes entre nós
nem mesmo uma não há apenas as barreiras!
Relicário
saudade sinto da brisa de outrora
leve e pura
refrescar pensamento refletir o momento
Desejo
Só esta noite almejava alcançar todos sonhos teus
pra dizer que sou feliz ao menos uma vez!
Haikais
Há 112 anos os imigrantes japoneses trouxeram os Haikais para o Brasil. É um estilo literário que
TEORIA LITERÁRIA SOBRE HAIKAIS
O Haikai, de acordo com teorias literárias, desde o Século XVI é o poema mais sintético que existe no mundo e entrou no Brasil pelo Porto de Santos em 1876, junto com Shuhei Uetsuka que, ao desembarcar do Kasato Maru (navio russo que transportou o primeiro grupo de
“A nau imigrante
Chegando: vê-se lá do alto A cascata seca”
Como vemos, assim o poeta japonês Shuhei registra sua chegada ao Brasil, descrevendo ainda uma de suas primeiras visões, qual seja: a”
cascata seca”. Podemos perceber ainda que o terceto em contemplação extrapola o limite de dezessete sílabas, contrariando assim a regra 5 – 7 – 5, com suas vinte e uma sílabas
provavelmente tenha ocorrido após sua tradução.
No prelúdio eu disse que os japoneses trouxeram o Haikai para o Brasil no ano de 1902 (há 112 anos) e mais adiante minutei que chegou à Pátria em 1876 (há 144 anos), gerando um disparate que traz dúvida ao leitor. Por esta razão esclareço que, conforme relatos, o Haikai entrou no Brasil com a
mestres nipônicos em francês, inglês e espanhol e os intelectuais brasileiros muito apreciavam, sendo que isso data de 1902.
O fato é que, devido à interação de centenas de poetas japoneses e milhares de poetas pelo mundo, o haikai ganhou vários estilos, surgindo assim diversas categorias, a exemplo de “Haibun”,
“Haigas”, “Rengas”, “Senryus”, e
“Guilherminos” – este último
Haikai I
a chuva fina cai de gota em gota –
já é inverno?
Haikai II
lírios de verão d'amor seja e’terno
e sempre puro
Haikai III
o vento sopra das flores o perfume –
é primavera?
Haikai IV
flocos de neve embelezam as ruas
manhãs d'inverno
Haikai V
as folhas secas espalham ao vento
todo outono
Haikai VI
findo o frio as andorinhas cantam
mais é no verão?
Haikai VII
matos e flores no chão muitos espinhos -
peito em dores
Haikai VIII
o rio manso a noite presenteia
beijo da lua
Haikai IX
a paz, o amor abraços apertados
desejo tanto
Haikai X
e o meu amor onde andará? –
quiçá uma flor
Haikai XI
severo verão de tanto sonho vivaz –
não te aguento!
Haikai XII
se silencio ouço flores nascendo
na primavera
Poetrix
Com 21 anos de criação, assim o conceitua a Bula Poetrix: “Poetrix (s.m.): poema com um máximo de
TEORIA LITERÁRIA SOBRE POETRIX
Conforme já minutei no tentame “Pilulas” (2009), Poetrix, considerada por poetas brasileiros e estrangeiros como a princesa da poesia, é uma inovação literária criada e desenvolvida no Brasil pelo escritor baiano Goulart Gomes.
pequeno, constituído apenas por título (que é obrigatório) e trinta sílabas métricas, distribuídas em única estrofe de três versos (terceto).
Ele é dissidente do Haikai, terceto de origem japonesa.
Todavia, possui forma própria e regras para composição, as quais
Empós desenvolvido, seu idealizador, o escritor Goulart Gomes, apresentou-o durante a III Feira Internacional do Livro da Bahia, em 1999, através do seu livro “Poemetos Tropi-kais” e o propôs como evidente alternativa ao haikai – o que o tornou dissidente do mesmo.
Em suas bases o escritor
poesia em junção ao termo “trix”
que quer dizer “três”, dando origem à palavra “poetrix”.
Semelhantemente ao Haikai, o Poetrix ganhou o mundo.
Além de poetas brasileiros, os escritores portugueses, uruguaios, angolanos, colombianos, argentinos, espanhóis, mexicanos,
organização internacional para difusão e promoção do poetrix.
Estou falando do MIP – Movimento Internacional Poetrix.
Estudando o surgimento do Poetrix, julgo muito interessante sua história, pois tudo começou com o Haikai. Analisando sua estrutura, cheguei à base, que é o Tanka. O poetrix é mais parecido
múltiplas. É que, do mesmo modo que havia interação entre os poetas japoneses durante a composição de Tankas, isso também acontece muito naturalmente com o Poetrix, entretanto, com este existe uma organização que não há com o poema japonês. Mas o que são as formas múltiplas? São as
Triplix, Multiplix, Grafitrix, Vídeotrix, Clonix, Palavratrix, Acrostrix, Letrix e Tautotrix.
Estas formas foram desenvolvidas por vários poetas brasileiros praticantes do Poetrix, que o MIP denominou
“poetrixtas”.
Vale ressaltar que já
Poetrix”, escrito a partir dos títulos nas lombadas dos livros. Várias outras formas estão em processo de debate pelos acadêmicos coordenadores do MIP. Como exemplos, cito: “Grafotrix” e
“Cruzadatrix”, subcategorias apresentadas pelo poeta professor Pedro Cardoso.
AMADA
Neva e venta E não sinto o frio;
Ela me esquenta!
ECO
Inimigo migo
igo
PLANGOR
Chove tanto...
No meu peito dor Desfaz-se em pranto!
ASSONIA
Reclino e rolo Noite infinda Sem teu colo!
BEM-CRIADA
De lá, uma fina flor;
De cá eu, a contemplar, Morrendo d’amor!
CRIADOR
A mulher é um show Amor e sobrevivência
Luz e sombras
ESPERANÇA
Há quem queira Sem pressa Comigo ser parceira!
DEVANEANDO
Sigo devagar Pensamentos tantos
Passo a divagar...
ADEUS
Do cais Vejo barcos indo
Pra nunca mais!
EMPREGADO
De sol a sol Na labuta Luta o trabalhador!
PRIMAVERA
Quero novas flores A ilustrar meus dias Aos diferentes amores!
CONHECIMENTO
Há nas estantes
Claves que guardam os livros Instante perto e distante!
Copyright © 2020 Darlan Torres
Todos os direitos reservados.
TORRES, Hélio Darlan Martins.
Diminutos. Tankas, Haikais e Poetrix, Teorias literárias.
Gênero: Poesia minimalista.
Medianeira/PR, Janeiro de 2020.
1ª Edição: 69 páginas/ 36 poesias/
3 teorias literárias.