UFRJ / FACULDADE DE LETRAS DISCIPLINA: PORT. VIII
Temporalidade, texto e discurso
O sistema do presente é constituído dos tempos presente (o momento de referência é concomitante ao momento da enunciação), passado (anterioridade ao momento de referência presente) e futuro (posterioridade ao momento de referência presente), como se pode ver no esquema abaixo:
ME MR
anterioridade concomitância posterioridade
pretérito perfeito 1 presente futuro do presente
pretérito imperfeito
O sistema do passado ocorre quando o momento de referência é o passado (pretérito perfeito 2), a partir do qual se organizam a anterioridade desse marco (pretérito mais-que-perfeito simples ou composto) e a posterioridade (futuro do pretérito), como se pode observar no esquema:
MR (anterior ao ME)
anterioridade concomitância posterioridade
pretérito mais-que-perfeito pretérito perfeito 2 futuro do pretérito
Da mesma forma, o sistema do futuro ocorre quando o momento de referência é posterior ao momento da enunciação (futuro) e a partir dele se organizam o momento anterior e posterior do momento de referência, como se pode ver abaixo:
MR (posterior ao ME)
anterioridade concomitância posterioridade
futuro anterior presente do futuro futuro do futuro
futuro do presente composto futuro do presente simples futuro do presente simples futuro progressivo (estar+gerúndio)
Observando os esquemas apresentados, é possível perceber que nem sempre há uma forma gramatical específica para cada tempo, mas há mais de uma forma para manifestar um determinado tempo na língua (como ocorre no presente do futuro) e uma só forma pode exprimir tempos diferentes (como o futuro do presente, que pode expressar a concomitância com um marco temporal futuro ou a posterioridade desse marco futuro).
Os tempos verbais organizam, então, a temporalidade do discurso, que pode ser textualizado diferentemente da ordem cronológica. Assim, pode-se apresentar primeiramente um fato que ocorre no momento da enunciação e depois o que aconteceu anteriormente, empregando o passado. Um tempo pode ser empregado metaforicamente, no lugar de outro, criando certos efeitos de sentido.
Para entender como isso acontece nos textos, tomo como exemplo um texto publicado na Folha de S. Paulode 6 de outubro de 2013, na seção Poder, subseção Contraponto.
007 contra a cola
Em entrevista sobre a edição deste ano do Enem, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) lembrou mais uma vez que não é permitido o uso de qualquer objeto eletrônico durante a prova, que aconteceneste mês. Ele afirmouque, a exemplo do ano passado, a pasta vai fiscalizara postagem dos candidatos em redes sociais.
– Como é esse monitoramento? - inquiriu um repórter.
Sem querer dar detalhes, Mercadante respondeu:
– Pode ter certeza de que a gente identifica na hora onde ele está, a sala dele, e ele é tirado de lá... Não é o monitoramento do Obama, mas funciona bem!
