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MIGUEL FRANCISCO BEZERRA DE MEDEIROS VICTOR HUGO FRIAS BOROMELLO

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(1)

QUAL A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO EM EXERCÍCIO FÍSICO DE ATLETAS DE BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS COM

SEQUELA DE POLIOMIELITE PARALITICA?

Monografia apresentada à Universidade Federal de São

Paulo para a obtenção do título de especialista em

intervenção

fisioterapêutica em doenças neuromusculares

São Paulo 2009

(2)

QUAL A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO EM EXERCÍCIO FÍSICO DE ATLETAS DE BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS COM

SEQUELA DE POLIOMIELITE PARALITICA?

Monografia apresentada à Universidade Federal de São

Paulo para a obtenção do título de especialista em

intervenção

fisioterapêutica em doenças neuromusculares

Orientadora: Ft. Esp. Maria Salete Conde

Co-orientador: Ft. Ms. Marco Antonio Alves Ferreira

São Paulo 2009

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Medeiros, Miguel Francisco Bezerra de ; Boromello, Victor Hugo Frias

Qual a percepção subjetiva de esforço em exercício físico de atletas de basquete em cadeira de rodas com sequela de

poliomielite paralítica?/ Miguel Francisco Bezerra de Medeiros e Victor Hugo Frias Boromello - São Paulo, 2009.

xiii, 76 f.

Monografia (Especialização) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Pós-Graduação em Intervenção Fisioterapêutica nas Doenças Neuromusculares.

Título em inglês: What is the rating of perceived exertion in physical exercise of wheelchair basketball athletes with paralytic poliomyelitis sequalae?

1.Basquete em cadeira de rodas 2.Poliomielite 3.Intensidade do Exercício 4.Síndrome Pós-Poliomielite

(4)

DEPARTAMENTO DE NEUROLOGIA – SETOR DE DOENÇAS NEUROMUSCULARES

Chefe de departamento: Dra. Débora Amado Scerni

Coordenador do curso de especialização em Intervenções Fisioterapêuticas em Doenças Neuromusculares: Dr. Acary Souza Bulle de Oliveira

Dra. Sissy Veloso Fontes

Ft. Ms. Francis Meire Favaro Ortensi Ft. Ms. Abrahão Augusto J. Quadros

(5)

QUAL A PERCEPÇÃO SUBJETIVA DE ESFORÇO EM EXERCÍCIO FÍSICO DE ATLETAS DE BASQUETE EM CADEIRA DE RODAS COM

SEQUELA DE POLIOMIELITE PARALITICA?

Presidente da banca:

Prof. Dr._________________________________________________________

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr._________________________________________________________

Prof. Dr._________________________________________________________

(6)

v

DEDICATÓRIA

Dedicamos este trabalho a nossos familiares e às muitas pessoas queridas em nossas vidas, as quais nos incentivaram e apoiaram durante o percurso.

Aos atletas do basquete em cadeira de rodas, os quais superam o estigma da deficiência para se tornarem esportistas de alto nível.

À equipe multidisciplinar do ambulatório de Esporte Adaptado da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP/EPM e em especial a nossa orientadora, Maria Salete Conde, que nos apoiou em todas as circunstâncias no decorrer deste ano.

(7)

vi

AGRADECIMENTOS

Agradecemos a todos os técnicos, dirigentes e atletas dos clubes onde realizamos os testes e coleta de dados. Todos nos receberam sempre muito bem e reconheceram a relevância científica e que os resultados são em prol do basquete em cadeira de rodas. Em especial, agradecemos ao técnico José Augusto de Souza Junior, o qual nos ajudou realizando o teste com os atletas da equipe de Cubatão.

Aos colegas do curso de especialização pela troca de experiências e aprendizado mútuo.

Aos coordenadores do curso de especialização por nos mostrarem os caminhos e oferecem auxílio na elaboração e execução deste trabalho.

Aos amigos do Ambulatório de Esporte Adaptado, sempre contribuindo com idéias para este projeto. Em especial, agradecemos ao Leandro Stetner Antonietti, integrante do Ambulatório, o qual realizou a análise estatística dos dados coletados.

Por fim, agradecemos à nossa orientadora, Maria Salete Conde, e ao nosso co- orientador, Marco Antonio Ferreira Alves. A dedicação, amizade e ensinamentos destes mestres nos levaram a descobrir a realidade do esporte adaptado e proporcionou a confecção de um trabalho de qualidade.

(8)

vii

SUMÁRIO

1 – Introdução 14

1.1 – Objetivo 16

2 - Revisão de Literatura 17

2.1 – Poliomielite Anterior Aguda 17

2.2 – Síndrome Pós-Poliomielite 18

2.3 – Basquete em Cadeira de Rodas 21

2.3.1 - Classificação Funcional do Basquete 23

2.3.2 - Cadeira de Rodas 24

2.3.3 - O Treinamento Físico no Basquete em Cadeira de Rodas 25

2.4 - Percepção Subjetiva de Esforço 26

2.5 – Adaptações Cardiovasculares Relacionadas ao Exercício 27

de Endurance 2.6 – Índice de Fadiga 29

3 – Materiais e Métodos 30

3.1 - Análise Estatística 31

4 – Resultados 33

4.1 - Caracterização da Casuística 33

4.2 - Avaliação dos Atletas 34

5 – Discussão 47

6 – Conclusão 53

7 – Anexos 54

8 – Referências 70

(9)

viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Escala de Borg de 15 pontos para a percepção subjetiva de esforço 27

Figura 2 – Comparação da variável tempo da volta nas diferentes voltas da avaliação (mínimo, percentil 25%, mediana,

percentil 75% e máximo) 45

(10)

ix

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Características dos atletas 33

Tabela 2 – Caracterização dos atletas com SPP 33

Tabela 3 – Idade dos atletas, segundo acometimento da poliomielite 34

Tabela 4 – Comparação da variável FC ao final do Piçarro Teste e a FC de treinamento estimada 35

Tabela 5 – Comparação da variável FC ao final do Piçarro Teste entre os grupos idade de início da pólio >24 meses e idade de início da pólio <24 meses 35

Tabela 6 – Comparação da variável Borg ao final do Piçarro Teste entre os grupos idade de início da pólio >24 meses e idade de início da pólio <24 meses 36

Tabela 7 – Comparação da variável índice de fadiga ao final do Piçarro Teste entre os grupos idade de início da pólio >24 meses e idade de início da pólio <24 meses 36

Tabela 8 – Comparação do tempo de treino por semana, segundo grupos idade de início da pólio >24 meses e idade de início da pólio <24 meses. 37

Tabela 9 - Comparação da variável FC ao final do Piçarro Teste entre os grupos com e

sem nova fraqueza muscular 37

Tabela 10 – Comparação da Escala de Borg ao final do Piçarro Teste, segundo grupos

com e sem nova fraqueza muscular 38

Tabela 11 – Comparação do índice de fadiga ao final do Piçarro Teste, segundo grupos

com e sem nova fraqueza muscular 38

(11)

x

Tabela 12 – Comparação do tempo de treino por semana, segundo grupos com e sem

nova fraqueza muscular 39

Tabela 13 – Comparação da FC ao final do Piçarro Teste, segundo grupos com e sem

intolerância ao frio 39

Tabela 14 – Comparação da Escala de Borg ao final do Piçarro Teste, segundo grupos com e sem intolerância ao frio 40

Tabela 15 –Comparação do índice de fadiga ao final do Piçarro Teste, segundo grupos

com e sem intolerância ao frio 40

Tabela 16 – Comparação do tempo de treino por semana, segundo grupos com e sem

intolerância ao frio. 41

Tabela 17 –Comparação da FC ao final do Piçarro Teste entre os grupos com e sem

fasciculações musculares 41

Tabela 18 – Comparação da Escala de Borg ao final do Piçarro Teste, segundo grupos

com e sem fasciculações musculares 42

Tabela 19 –Comparação do índice de fadiga ao final do Piçarro Teste, segundo grupos

com e sem fasciculações musculares 42

Tabela 20 – Comparação do tempo de treino por semana, segundo grupos com e sem

fasciculações musculares 43

Tabela 21 – Piçarro teste, segundo tempo dos tiros 44

Tabela 22 – Tempo dos tiros no Piçarro teste, segundo correlação com o índice de fadiga. (n=22) 45

(12)

xi

Tabela 23 – Índice de fadiga no Piçarro teste, segundo variáveis idade, tempo diário de treino, frequência semanal de treino, horas semanais de treino, tempo de prática no

BCR (n=22). 46

(13)

xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

ACSM American College of Sports Medicine AME Atrofia Muscular Espinhal

BPM Batimentos por minuto cm Centímetro

DNM Doença do Neurônio Motor dp Desvio-Padrão

FC Frequência Cardíaca

FCt Frequência Cardíaca de Treinamento kg Quilograma

L1 Primeiro segmento nervoso da região lombar da medula espinal L2 Segundo segmento nervoso da região lombar da medula espinal L5 Quinto segmento nervoso da região lombar da medula espinal nm Nanômetro

NWBA National Wheelchair Basketball Association Pólio Poliomielite Anterior Aguda

PSE Percepção Subjetiva de Esforço RNA Ribonucleic Acid (Ácido ribonucleico)

S1 Primeiro segmento nervoso da região sacral da medula espinal S2 Segundo segmento nervoso da região sacral da medula espinal T7 Sétimo segmento nervoso da região torácica da medula espinal SPP Síndrome Pós-Poliomielite

UM Unidade Motora

UNIFESP/EPM Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina

% Porcentagem

(14)

xiii RESUMO

Introdução: Dados do ano de 2008 da Federação Paulista de Basquete sobre Rodas relatam 91 atletas com sequelas de poliomielite, com média de idade de 34,7 anos, sendo que 47 destes estão na faixa etária entre 32 a 45 anos e todos em plena atividade física em seus clubes, nos quais são realizados de três a cinco treinos por semana, em períodos de três a cinco horas por dia com intensidade nem sempre estimada de forma individual e baseada em parâmetros mais objetivos e científicos.

Existem trabalhos buscando relacionar a prática de atividade esportiva com o aparecimento de sinais da síndrome pós-poliomielite em atletas de basquete em cadeira de rodas com sequelas de poliomielite paralítica, já que os exercícios físicos em alta intensidade podem causar problemas maiores pois são aplicados em unidades motoras que já estão trabalhando no seu nível máximo de capacidade, podendo significar um estado de descompensação, predispondo o aparecimento de novos problemas de fraqueza muscular e fadiga. Para estimar intensidade do exercício físico pode-se utilizar a frequência cardíaca de treinamento e a percepção subjetiva de esforço através da escala de Borg. Objetivo: Verificar a relação entre a intensidade do exercício físico de atletas de basquete em cadeira de rodas e a percepção subjetiva de esforço. Material e Métodos: Estudo descritivo corte transversal, utilizando questionário estruturado e realização do Piçarro Teste. Para significância estatística foram considerados valores de α≤0,05. Resultados: Foram estudados 22 atletas de basquete em cadeira de rodas com sequelas de poliomielite paralítica, com média de idade de 36,95 anos (±9,23). A percepção subjetiva de esforço teve média de 13,14 (“ligeiramente cansativo”). Houve diferença estatisticamente significante entre a frequência cardíaca (FC) final após o Piçarro Teste e a de treinamento, sendo menor a FC final após o Piçarro Teste (p=0,001), cuja média ficou em 69,12% da média de FC máxima esperada. A mediana do valor da percepção subjetiva de esforço de atletas com nova fraqueza muscular (n=5) foi 16 (“cansativo” na Escala de Borg) e a dos atletas sem nova fraqueza muscular (n=17) foi 11 (“relativamente fácil” na Escala de Borg). Conclusão: A média dos valores da percepção subjetiva de esforço categoriza a intensidade do esforço na realização do Piçarro Teste entre ”moderado” e “intenso”, não constituindo sobrecarga de modo geral. A média da frequência cardíaca ao final do Piçarro Teste categoriza a intensidade deste teste como “moderado”, revelando que os possíveis efeitos tardios da poliomielite não alteram os efeitos de treinamento por longo período no sistema cardiovascular. Para os atletas com nova fraqueza muscular a intensidade do esforço na realização do Piçarro Teste foi categorizada como “intenso”, o que permite inferir que esse tipo de exercício constitui sobrecarga para este grupo de atletas.

Descritores: Basquete em cadeira de rodas, Poliomielite, Intensidade do Exercício, Síndrome Pós-Poliomielite.

(15)

1. Introdução

Dentro do espectro das doenças neuromusculares encontram-se as lesões neuronais motoras, as quais envolvem o corpo celular do neurônio motor inferior, sendo as mais frequentes a poliomielite anterior aguda (Pólio), atrofia muscular espinhal (AME) e doença do neurônio motor (DNM) (1).

A poliomielite é causada pelo poliovírus, sendo o tipo um o maior responsável pela forma paralítica da doença. A transmissão pode ocorrer de forma direta, através gotículas de secreções faríngeas de pessoas infectadas, ou indireta, através de objetos ou água contaminados pelas fezes de portadores do vírus (2).

Apesar da alta infectividade, apenas 1% a 1,6% das pessoas que contraíram o poliovírus irão manifestar paralisia de um ou mais membros (3), de forma assimétrica, severa e desproporcionada, que deforma as extremidades (4).

Geralmente estes indivíduos apresentam certo grau de recuperação funcional após o acometimento agudo. No entanto, após período de cerca de 15 anos, alguns destes indivíduos apresentam novos sintomas , como nova fraqueza, nova atrofia, dor muscular, dor articular, fasciculações, intolerância ao frio, os quais são atribuídos a um novo evento, a síndrome pós-poliomielite (5).

A síndrome pós-poliomielite (SPP) ainda não possui etiologia definida, e dentre as diversas teorias as mais aceitas são a da disfunção da unidade motora (desequilíbrio entre o processo de denervação e reinervação, ligada ao brotamento axonal terminal)

(6) e a do overuse (sobrecarga metabólica das unidades motoras com consequente degeneração das mesmas) (7).

Os exercícios podem causar problemas maiores porque são aplicados em unidades motoras que já estão trabalhando no seu nível máximo de capacidade, podendo significar um estado de descompensação, predispondo o aparecimento de novos problemas de fraqueza e fadiga (8).

De acordo com os dados do ano de 2008 da Federação Paulista de Basquete sobre Rodas, existem cerca de 91 atletas com sequelas de poliomielite, com média de idade de 34,7 anos, sendo que 47 destes estão na faixa etária entre 32 a 45 anos e todos em plena atividade física em seus clubes, nos quais são realizados de três a cinco treinos por semana, em períodos de três a cinco horas, sendo treinado em limite máximo com varias repetições (9).

(16)

Já existem trabalhos na literatura buscando relacionar a prática de atividade desportiva com aparecimento de sinais da SPP em atletas de basquete em cadeira de rodas com sequelas de poliomielite paralítica (9,10).

Segundo recomendações do American College of Sports Medicine (ACSM), os exercícios físicos de endurance devem ser praticados de três a cinco vezes por semana, durante 20 a 60 minutos, os quais podem ser divididos em períodos de pelo menos dez minutos de continuidade para que apareçam os efeitos de treinamento nos sistemas cardiorespiratório e muscular, havendo proporção direta entre intensidade do treinamento e obtenção destes resultados. Para tal, utilizamos a frequência cardíaca de treinamento, VO2 máximo e percepção subjetiva de esforço através da escala de Borg

(11).

Para teste de índices de desempenho esportivo, o Piçarro Teste, idealizado por Ivan C. Piçarro, consiste em percorrer seis tiros de 50 metros, anotando-se medidas de massa corporal dos indivíduos e do tempo de cada volta, para obtenção de um indicador final, o índice de fadiga (12).

(17)

1.1 Objetivo

Verificar a relação entre a intensidade do exercício físico de atletas de basquete em cadeira de rodas e a percepção subjetiva de esforço.

(18)

2. Revisão da Literatura

2.1 Poliomielite Anterior Aguda

A Poliomielite (“polio” = cinzento; “mielo” = medula; “ite” = inflamação) é uma doença de caráter agudo provocada por vírus, de gravidade extremamente variável. Ocorre de duas formas, como infecção inaparente ou com manifestações clinicas, que geralmente são: febre, mal-estar, cefaléia, distúrbios gastrointestinais e rigidez de nuca, que podem ou não acompanhadas de paralisias. O agente etiológico é o poliovírus, o qual se divide em três tipos (tipo um, dois e três), estando a forma paralítica da poliomielite correlacionada ao tipo um. Além de variações regulares, cíclicas e sazonais, manifesta- se frequentemente sob a forma de epidemias, com repercussões psicossociais extremamente negativas (1).

O hospedeiro natural é o homem, principalmente pessoas com infecção inaparente, sobretudo crianças em idade inferior a cinco anos. As secreções faríngeas e as fezes dos indivíduos infectados constituem os substratos nos quais são eliminados os vírus. O vírus é composto por uma cadeia de RNA, sem envoltório, esférico, de 24- 30nm de diâmetro, do gênero Enterovírus, da família Picornaviridae (2).

A transmissão pode ser direta, através de gotículas de secreções faríngeas de pessoas que estão infectadas, ou indiretas, que se da através de objetos, alimentos e água que possam estar contaminadas com fezes de doentes ou portadores da doença

(1).

O período de incubação da doença é de 7 a 12 dias, podendo variar de 2 a 30 dias. Pode-se demonstrar a presença do poliovírus nas secreções faríngeas e nas fezes, respectivamente 36 e 72 horas após a infecção. O vírus persiste na garganta durante uma semana aproximadamente, e nas fezes durante cerca de cinco a seis semanas (1).

Na maioria dos casos os poliovírus de ampla destruição, são destruídos no estomago ou excretados pelo trato intestinal sem infecção, ou entram na corrente sangüínea apresentando–se um estado semelhante ao da gripe, seguido de recuperação e imunização. Porém, se este vírus atravessar a barreira hematoencefalica, atacará os neurônios motores no cérebro, no tronco cerebral e na medula espinal (2).

(19)

A susceptibilidade à infecção é geral, mas só um pequeno número de pessoas infectadas apresenta quadro paralítico. E este pode se manifestar de quatro formas;

inaparente, abortiva, meningite linfomonocitária e paralítica (1).

O quadro de paralisia franca se observa em apenas 1,0% a 1,6% das infecções e corresponde à capacidade que possuem os poliovírus de causar destruição extensa de neurônios que se situam na substância cinzenta do cérebro e da medula. Uma vez que o vírus atinge esses lugares eles se disseminam no cérebro e no cordão espinal pela via neuronal. O vírus afeta principalmente os neurônios motores e autônomos, com menos intensidade são afetados os neurônios do mesencéfalo, núcleos do teto cerebelar e as circunvoluções pré-centrais do córtex cerebral. A poliomielite paralítica pode se apresentar de duas formas: espinhal e bulbar. A primeira delas é caracterizada por paralisia flácida dos músculos inervados por neurônios motores da medula, tem caráter assimétrico e geralmente acomete com maior severidade os membros inferiores. Já a forma bulbar envolve danos neuronais nas regiões da formação reticular, nervos cranianos, podendo levar à disfagia, disfonia, fraqueza facial, voz anasalada, regurgitação dos fluidos através do nariz, fraqueza de esternocleidomastoideo e trapézios, dificuldade em mastigar, incapacidade em expelir ou deglutir a saliva e a secreção do trato respiratório. O acometimento mais preocupante desta forma é a insuficiência respiratória devido ao envolvimento da ponte (central). Pode também ocorrer disfunção do sistema autônomo, o qual pode levar a arritmia cardíaca, instabilidade da pressão arterial e disfunções urinárias e/ou fecais (1).

Em casos de acometimento bulbar o paciente pode ir a óbito, e isso se dá pelo acometimento respiratório e cardiovascular. Pacientes que sobrevivem ao episódio da poliomielite anterior aguda usualmente recuperam a função motora consideravelmente e geralmente as melhoras se dão nos três meses inicias (2).

2.2 Síndrome Pós-Poliomielite

A síndrome pós-poliomielite (SPP) é uma desordem neurológica dos efeitos tardios da poliomielite, caracterizada por nova fraqueza muscular e/ou fadiga muscular anormal em indivíduos que tiveram poliomielite aguda após, em média, 15 anos ou mais da doença aguda, com um novo quadro sintomatológico: fraqueza muscular e progressiva, fadiga, dores musculares e nas articulações, resultando numa diminuição

(20)

da capacidade funcional e/ou no surgimento de novas incapacidades. Alguns pacientes desenvolvem, ainda, dificuldade de deglutição e respiração (5).

As sequelas tardias da Poliomielite foram descritas pela primeira vez por Jean Martin Charcot, em 1875, e posteriormente por Carrier, Cornil e Lepine, porém não ganharam relevância no meio médico. No comentário de Jean Martin Charcot, este autor sugeriu que uma prévia doença da medula espinal poderia levar um indivíduo mais susceptível para uma subsequente desordem espinal e que a nova fraqueza era secundária ao “superuso” que envolvia os membros (13, 14).

Nas décadas de 1970 e 1980 um grande número de pessoas com histórico de poliomielite começou a apresentar uma nova fraqueza tanto nos músculos comprometidos pela poliomielite quanto naqueles não afetados pelo vírus da pólio (2). Esses relatos estavam ligados à grande epidemia de Poliomielite que ocorreu durante a primeira metade do século XX (15). Passaram-se então quase cem anos para que o termo Síndrome Pós-Pólio fosse reconhecido, usado e introduzido na literatura médica.

Em 2002, foi publicado o primeiro artigo na literatura médica brasileira pelo Dr.

Acary de Oliveira na Universidade Federal de São Paulo / UNIFESP, demonstrando características clinicas em uma casuística de 52 pacientes, dentre as quais a dor articular estava presente em 68% e a dor muscular em 66% dos pacientes. Em 2005, deu-se a pesquisa com uma população ambulatorial de 167 indivíduos em que a frequência da SPP foi de 77,2% (7).

A etiologia da SPP ainda é desconhecida, porém diversas teorias foram propostas. Atualmente, não há muitas evidências que justifiquem uma relação da SPP com a reativação do poliovírus ou uma reação auto-imune. O envelhecimento natural com perda de neurônios após os 60 anos poderia ser um fator em pessoas mais velhas com SPP, pois a perda de alguns neurônios que apresentam acentuada depleção pode resultar em diminuição significativa de força muscular. Sugeriu-se que neurônios que mostravam recuperação histológica do vírus poderiam não ser normais quanto à sua fisiologia e estariam mais precocemente sujeitos à falhas e envelhecimento (16).

São postuladas as seguintes teorias para tentar explicar o aparecimento dos sinais e sintomas da SPP: Disfunção da unidade motora (UM), overuse muscular, desuso muscular, perda de UM com o envelhecimento, predisposição de degeneração do neurônio motor, infecção crônica do poliovírus ou reativação do vírus, síndrome imunomediada, efeito do hormônio do crescimento e combinação dos efeitos de desuso, overuse, dor, aumento de peso ou outras doenças (1).

(21)

Dentre as teorias propostas, a mais aceita é a que propõe que a SPP ocorra devido ao “overuse” (super treinamento) das estruturas musculares e degeneração da unidade motora. Essa teoria baseia-se no processo de denervação, em que na fase aguda da Poliomielite as fibras musculares sofreram uma denervação, causando perda de controle de uma fibra muscular por seu respectivo motoneurônio, e em seguida sofrem um processo de reinervação levando ao aparecimento de uma unidade motora maior que a original, chamada assim de “unidade motora gigante” (13).

Em média, de trinta a quarenta anos após a infecção aguda da poliomielite, começa a ocorrer uma destruição dos motoneurônios pela grande solicitação metabólica das unidades motoras gigantes, principalmente nas porções distais do axônio, que não conseguem suportar tanta exigência metabólica, resultando assim em uma nova denervação, conhecida como a nova fraqueza muscular (1).

Consideram-se sintomas e queixas mais comuns as novas fraquezas musculares, acompanhadas por fadiga debilitante, a dor e conseqüente perda funcional, especialmente naqueles músculos e articulações resultantes de uma diminuição da resistência e função. Outros sintomas menos comuns são a intolerância ao frio, as atrofias musculares, os problemas respiratórios e a dificuldade de deglutir.(1).

A fraqueza muscular é considerada assimétrica e instalada principalmente em musculatura previamente afetada e que foram parcial ou inteiramente recuperados ou mesmo, aqueles músculos que parecem não ter sido afetados pela infecção original da poliomielite aguda. Pode ser agravada por inatividade ou uso excessivo (overwork), em que este último fator é refletido ao se utilizar continuamente músculos envolvidos pela poliomielite em atividades diárias ou atividades resistidas, acelerando-se a disfunção da unidade motora. Foi observado que a força muscular na população normal com idade superior a 50 anos apresentava média de declínio de 1% ao ano, enquanto que para indivíduos com SPP, a taxa foi de 2% ao ano.(1).

A fadiga costuma ser variável de acordo com cada paciente e considera-se um fenômeno universal que precede a fraqueza muscular. Caracteriza-se por evidenciar os sintomas no período da tarde com uma melhora relatada após o descanso. Em estudos realizados por Codd e cols. (1935), Halstead e Rossi (1985), Cosgrove e cols. (1987), Weiss (2000) a fadiga é relatada frequentemente como sendo o mais comum e mais debilitante sintoma da SPP, cuja frequência varia de 48% a 87% (1).

Existem dois tipos de fadiga: central e periférica. A fadiga central caracteriza-se na dificuldade em concentrar-se, relembrar fatos e ter sonolência. Já relatada por Halstead

(22)

e cols. (1985) como “um sentimento repentino de exaustão intensa” que inclui fraqueza, fluxos de calor e frio e sudorese. A fadiga central pode ser gerada por dor crônica, comprometimento respiratório, depressão, alterações do sono, disfunção do sistema de ativação reticular e comportamento psicológico exigente.(1).

A fadiga periférica ou muscular caracteriza-se pela diminuição da resistência muscular. Os indivíduos com pós-poliomielite têm relacionado esse tipo de fadiga como uma sensação de peso nos músculos, aumento da fraqueza física, aumento na perda de força durante exercícios, retornando a força geralmente após um descanso. As causas comuns são: miopatia por uso excessivo (overuse), desproporção do tipo de fibra do músculo, função muscular defeituosa e defeitos na transmissão da junção neuromuscular.(1).

2.3 Basquete em Cadeira de Rodas

O esporte adaptado foi criado em 1944 após a II Guerra Mundial inicialmente com o intuito de promover a reabilitação de pacientes oferecendo a oportunidade desses indivíduos experimentarem sensações e movimentos, (já que, a princípio, são impossibilitados pela limitação física ou barreiras ambientais e sociais) e de introduzi- los(17).

No ano de 1946 o desempenho das equipes de basquetebol em cadeira de rodas despertou interesse e apoio para a realização dos esportes adaptados em geral e estimulou aqueles que viram as equipes em ação a compreenderem que uma pessoa deficiente pode ter força, coragem e habilidade para jogar basquetebol numa cadeira de rodas. Na realidade não há limite para a capacidade de um indivíduo que seja adequadamente treinado. Portanto, ele deve ser considerado uma pessoa normal (18).

O basquete sobre rodas surge através dos veteranos de guerra, que ficaram paraplégicos, amputados ou portando outra sequela que a guerra deixou. Sendo assim, foi o primeiro esporte a se organizar com a criação de uma associação em 1949, a NWBA (National Wheelchair Basketball Association). A NWBA promoveu competições em diversas regiões dos Estados Unidos, gerando novas oportunidades para todos aqueles que se achavam incapazes de realizar uma atividade física (18).

O surgimento do esporte adaptado no Brasil e das suas respectivas modalidades, entre elas o basquete sobre rodas, teve pré-inicio em 1957, logo após apresentação do

(23)

“Pan Jets” em São Paulo e Rio de Janeiro, que realizava apresentações de algumas modalidades esportivas para deficientes.

Em 1958, Sergio Seraphim Del Grande, fundador do Clube dos Paraplégicos de São Paulo e Robson de Almeida, fundador do Clube do Otimismo no Rio de Janeiro, ambos paraplégicos, iniciaram o esporte adaptado no Brasil através do basquete em cadeira de rodas (9).

Foi a partir de 1975 que surgiram novos programas nacionais mono esportivos (participação de uma única modalidade) e poli esportivos (diversos esportes e modalidades), que aumentaram a quantidade de opções à disposição de um número maior de portadores de deficiência física com diferentes comprometimentos (19).

Quanto aos benefícios físicos, pode-se ressaltar ganhos de agilidade no manejo da cadeira de rodas, de equilíbrio dinâmico ou estático, de força muscular, de coordenação motora, dissociação de cinturas e de resistência física. Enfim, o favorecimento de sua readaptação ou adaptação física global. Na esfera psíquica, podemos observar ganhos variados, como a melhora da auto-estima, integração social, redução da agressividade, entre outros (9).

O basquetebol em cadeira de rodas é jogado por lesados medulares, amputados, e atletas com sequelas de poliomielite de ambos os sexos. As regras utilizadas são similares à do basquetebol convencional, sofrendo apenas algumas pequenas adaptações de acordo com as necessidades específicas de cada deficiente e considerando a locomoção da cadeira (18, 20).

Cada equipe deve ter cinco atletas em quadra, sendo a equipe composta por pelo menos oito atletas e no máximo doze atletas, contando com os reservas; o tempo de jogo é dividido em quatro tempos de dez minutos.

Quanto à quadra, não há mudanças da quadra do basquete convencional, usada para competições da Federação Internacional de Cadeira de Rodas (9).

Quando o jogador tem a posse da bola, é permitido colocá-la no colo e efetuar dois impulsos na cadeira. Após isso, ele deverá arremessar ou picar a bola; no mais, as regras seguem literalmente às do basquete regular (9).

(24)

2.3.1 Classificação Funcional do Basquete

A classificação funcional do basquete em cadeira de rodas é baseada na capacidade funcional dos atletas e suas respectivas habilidades durante o jogo.

O método utilizado para classificação funcional atual é da IWBF (Internacional Wheelchair Basketball Federation), elaborado pelo professor HORST STRHKENDL em 1969, e tem o objetivo de que cada jogador tenha oportunidades iguais para competir durante o campeonato.

BERNARD COURBARIAR (1984) colocou em prática essa classificação, onde cada atleta é avaliado de acordo com seu potencial de ação, e são observados durante os jogos a movimentação da cadeira, habilidade, drible, arremesso, rebote, recepção e passe, permitindo assim que a equipe de classificadores (educador físico, fisioterapeuta e médico) definam suas respectivas classe de atuação, seguindo os níveis (20).

As habilidades analisadas no jogo de basquete são (21):

1. Arremesso: É avaliada a estabilidade do tronco durante e após o arremesso;

2. Passe: Estabilidade de tronco e a capacidade do atleta em erguer apenas uma ou ambas as mãos simultaneamente;

3. Propulsão: Estabilidade de tronco e capacidade do atleta de acelerar e frear a cadeira bruscamente;

4. Drible: Estabilidade de tronco e a capacidade do jogador driblar a frente da cadeira ou ao lado com grande aceleração;

5. Posição na cadeira: São observados alturas dos joelhos e o encosto da cadeira, pois quanto menor a estabilidade de tronco maior será a altura dos joelhos em relação à do quadril, e quanto menor a estabilidade de tronco maior o encosto da cadeira;

6. Deficiência Física: Tipo de amputação, nível de lesão medular, tipo de sequela de poliomielite, outras formas de distúrbios ortopédicos.

Classificação funcional:

· Classe 1: os atletas não têm equilíbrio quando sentados numa cadeira de rodas sem apoio nas costas. O tronco não pode se mover em qualquer plano sem a ajuda de pelo menos um braço. O potencial funcional é representado por

(25)

paraplégicos com lesões completas que tem origem no nível torácico (T7) e acima.

· Classe 2: os atletas têm bom equilíbrio quando sentados. Eles podem mover o tronco no plano horizontal quando sentados sem apoio nas costas, precisam de pelo menos um braço para desenvolver os movimentos do tronco nos planos sagital e frontal, não podem avançar o seu tronco ao máximo e são capazes de girar para a cesta ao arremessar com ambas as mãos. O potencial funcional é representado por paraplégicos com origem no nível oito do tórax ao nível um lombar (L1).

· Classe 3: os atletas têm ótimo equilíbrio quando sentados e movimentos de tronco nos planos horizontal e sagital sem a ajuda de um braço segurando qualquer parte da cadeira de rodas, o tronco move-se para a cesta, com movimentos e sem a perda da estabilidade. O potencial funcional é representado por paraplégicos com lesões completas com origem no nível lombar dois (L2) ao nível lombar cinco (L5).

· Classe 4: os atletas têm ótimo equilíbrio sentado e equilíbrio de tronco em todos os planos. Uma limitação significante no movimento para um lado do plano frontal deve ser tolerado. A limitação funcional é representada por paraplégicos com lesões completas originárias do sacro um (S1) ao sacro dois (S2) (9).

Às vezes é preciso introduzir uma nova classe, pois a descrição de alguns jogadores não é bem definida. Então são atribuídas metades do ponto, criando a classificação: 0.5, 3.5 e 4.5 (10).

2.3.2 Cadeira de Rodas

A cadeira de rodas deve adequar-se a certos padrões para garantir a segurança e a competitividade, podendo ter três ou quatro rodas, sendo duas rodas grandes na parte traseira e uma ou duas na parte frontal. Os pneus traseiros devem ter o diâmetro máximo de 66 cm e deve haver um suporte para as mãos em cada roda traseira. A altura máxima do assento não pode exceder 53 cm do chão e o apoio para os pés não poderá ter mais que 11 cm a partir do chão quando as rodas dianteiras estiverem direcionadas para frente. A parte de baixo dos apoios da cadeira deve ser apropriada para evitar danos à superfície da quadra.

(26)

O jogador poderá usar uma almofada de material flexível no assento da cadeira.

Ela deverá ter as mesmas dimensões do assento e não poderá ter mais de 10 cm de espessura. Para jogadores de classe 3.5, 4.0 e 4.5 a espessura deverá ser, no máximo, de 5 cm. Todos poderão usar faixas e suportes que o fixem na cadeira ou faixas para prenderem as pernas juntas.

Aparelhos ortopédicos e protéticos podem ser usados.

Cada jogador terá um cartão de classificação e este deve informar o uso de próteses e afins e indicar todas as adaptações na posição do jogador na cadeira (22).

2.3.3 O Treinamento Físico no Basquete em Cadeira de Rodas

Os dados encontrados na literatura relatam apenas a preparação física quanto ao desenvolvimento de forca máxima e potencia de membros superiores, buscando indiretamente uma maior agilidade para o atleta.

Para que um atleta obtenha um bom resultado é necessário que ele treine no mínimo três vezes por semana (22, 23).

O treino no basquete em cadeira de rodas basicamente se divide em duas partes:

o treino de forca e o ganho de agilidade do atleta. Geralmente o treino de força é realizado com exercícios com bola medicinal e aparelhos de musculação. Para a agilidade os atletas realizam exercícios de mudanças de direções que se assemelham com algumas situações de jogo (24).

Exercícios no cicloergômetro de membro superior é um recurso muito utilizado para ganho de condicionamento cardiovascular e respiratório, alem de auxiliar no ganho de forca muscular para um melhor desenvolvimento do atleta no jogo do basquete em cadeira de rodas (24).

Para os músculos que ficaram paralisados ou atrofiados decorrentes da lesão é utilizada a estimulação elétrica funcional; esse tipo de artifício ajuda a restaurar a função dos músculos que apresentam uma inervação residual (24).

Alguns autores citam a importância do atleta realizar algum outro tipo de atividade esportiva, e as mais citadas são a natação e o atletismo, que auxiliam no ganho de condicionamento físico e endurance respiratório (25).

Deve-se ter o conhecimento da doença de base do atleta, assim o treinador poderá aplicar um treinamento efetivo sem correr o risco de levá-lo a um overtraining,

(27)

pois há uma margem muito pequena entre o treinamento efetivo dos músculos e a sobrecarga (9).

2.4 Percepção Subjetiva de Esforço

A percepção de esforço (PSE) é definida como quantificação subjetiva da intensidade do trabalho físico e tem sido investigada na literatura desde a década de 1950. O processamento de vários sinais sensoriais relacionados à performance física individual permitem uma percepção geral de sinais de esforço e de sensações mais específicas como diminuição do ritmo respiratório, esforço muscular e dor articular, sendo a percepção de esforço uma miscelânea de sensações (26).

Os primeiros estudos científicos sobre percepção de esforço concentravam-se no desenvolvimento de métodos para estabelecer esta estimativa através de uma escala de proporção. Os trabalhos originais de Stevens em 1957 e de Ekman em 1958 levaram Borg a desenvolver uma escala de categorização, a qual tem 15 pontos, variando de 6 a 20, no intuito de acompanhar a variação de frequência cardíaca (FC) de 60 a 200 batimentos por minuto. Fazem parte da tabela algumas palavras descritivas, as quais correspondem a categorizações do esforço físico (26).

Para tal mensuração, a Escala de Borg (Figura 1) é o instrumento mais amplamente utilizado devido à sua fácil aplicação. Na maioria das vezes tenta-se relacionar a percepção de esforço com outras variáveis fisiológicas e/ ou psicológicas, e pelo fato de haver muitas diferenças metodológicas e amostrais entre os trabalhos, ainda não é possível estabelecer uma correlação consistente entre estas variáveis e a percepção subjetiva de esforço. Além destes fatos, deve-se levar em consideração aspectos como sobrecarga, ritmos circadianos, eficácia individual para dado exercício, poder de resposta individual, influências do sistema nervoso central, acúmulo de lactato entre outros (27).

(28)

Fonte: http://dfmotta.googlepages.com/prescri%C3%A7%C3%A3odoexerc%C3%ADcio Figura 1 – Escala de Borg de 15 pontos para a percepção subjetiva de esforço.

2.5 Adaptações Cardiovasculares Relacionadas ao Exercício de Endurance

Secundárias ao exercício crônico, ocorrem adaptações cardiovasculares, as quais envolvem fatores neurais e locais. Os fatores neurais envolvem comandos centrais, ação reflexa dos barorreceptores e feedback neural reflexo dos músculos que estão em contração. O comando central inicia-se com a porção simpática do sistema nervoso autônomo produzindo aumento da frequência cardíaca, aumento da força de contração do miocárdio e vasoconstrição periférica. Inicia-se também uma reprogramação do barorreflexo devido à maior pressão sanguínea. O reflexo no barorreceptor arterial mantém a homeostase circulatória ao responder rapidamente a qualquer mudança na pressão arterial. A frequência de disparo do barorreceptor tem relação direta com a

(29)

pressão sanguínea. A estimulação dos barorreceptores resultam em aumento da atividade parassimpática cardíaca eferente e redução na atividade simpática. Um aumento no impulso de frequência do barorreceptor inibe a ação vasoconstritora e resulta em vasodilatação e subsequente redução na pressão arterial. A atividade reflexa do músculo em contração é também ativada através de estímulos nos mecanorreceptores (tensão e alongamento) e quimiorreceptores (produtos do metabolismo) em resposta à contração. Estes impulsos percorrem um trajeto central através de fibras aferentes. As conexões centrais ainda não foram esclarecidas mas as fibras eferentes são fibras nervosas simpáticas que inervam o coração e vasos sanguíneos periféricos.

Exercícios de endurance são definidos como uma atividade de pelo menos 20 minutos de duração onde a frequência cardíaca é elevada a uma porcentagem de 60%

a 80% do máximo. Esse tipo de exercício leva a uma perturbação fisiológica que afeta a atividade nervosa autonômica de forma significativa. Pesquisas indicam que esse tipo de treinamento por períodos prolongados aumentam a atividade parassimpática e reduzem a atividade simpática do coração quando o indivíduo está em repouso.

Além de redução na frequência cardíaca de repouso, atletas possuem recuperação mais rápida da mesma após o exercício devido à melhora da atividade parassimpática produzida pelo efeito de treinamento de endurance prolongado.

Indivíduos treinados apresentam redução na frequência cardíaca submáxima durante o exercício devido à redução da atividade simpática para dado ritmo de esforço submáximo.

Dados de estudos sobre função autonômica indicam que a regulação da frequência cardíaca em repouso é feita pelo parassimpático e durante o exercício o sistema nervoso simpático que é o dominante. Acima de 100 batimentos por minuto uma grande parte do aumento da frequência cardíaca é produzida pela retirada parassimpática, mas uma vez que a frequência cardíaca sobe acima dos 100 batimentos por minuto esse aumento é através da ativação simpática dos receptores cardíacos β-adrenérgicos pela noradrenalina (28).

(30)

2.6 Índice de Fadiga

O índice de fadiga representa a inclinação da curva de potência de cada indivíduo durante as corridas de um teste de campo, sendo demonstrada em porcentagem. É obtido através da subtração da maior pela menor potência registradas ao longo do teste, divide-se este resultado pela potência máxima, e por fim multiplica-se este resultado por cem.

É um alto indicador de que o jogador apresenta uma queda mais pronunciada da curva de potência.

Um alto índice significa menor capacidade de recuperação, devido à incapacidade de repor os depósitos de fosfocreatina e de remoção do lactato no sangue entre as corridas do teste (36).

(31)

3. Material e Métodos

Trata-se de um estudo descritivo corte transversal em atletas com sequela de poliomielite paralítica que jogam basquete em cadeira de rodas.

Foram selecionados 22 atletas para o estudo, sendo os mesmos integrantes de clubes de basquete em cadeira de rodas do estado de São Paulo.

As fontes utilizadas para busca dos dados foram: Lilacs, Medline, Pubmed e Livros, Teses nas bibliotecas da Escola Paulista de Medicina (BIREME), Escola de Educação Física e Esporte da Universidade Federal de São Paulo (EEFE-USP).

A pesquisa foi baseada no levantamento do histórico esportivo dos atletas, a forma e a frequência que é realizado o treinamento destes.

Os atletas foram avaliados por fisioterapeutas integrantes do ambulatório de Esporte Adaptado/Neuromuscular da UNIFESP-EPM durante os treinamentos em seus respectivos clubes.

Foi utilizado um questionário estruturado para verificar os possíveis fatores predisponentes da Síndrome Pós - Poliomielite (SPP) nos atletas com sequela de poliomielite paralítica. Para quantificar a intensidade do exercício e estabelecer a frequência cardíaca de treinamento foi mensurada a frequência cardíaca (FC) dos atletas em repouso antes do Piçarro Teste, sendo a mesma comparada com a FC final obtida logo após o teste prático (Piçarro Teste). Para avaliar percepção subjetiva de esforço foi usada a escala de Borg após o primeiro tiro e após o último tiro do teste.

Foram mensuradas a massa corporal de cada atleta somada ao peso da cadeira de rodas e o tempo de cada tiro para que no final fosse calculado o índice de fadiga a partir da comparação entre a potência máxima e a potência mínima atingidas no teste.

Para a determinação da frequência cardíaca de treinamento considerou-se:

• FCt = (FCmáx) x 0,8

o FCt: Frequência cardíaca de treinamento;

o FCmáx: Frequência cardíaca máxima, dada pela fórmula FCmáx = 220- idade

o 0,8 corresponde a 80% da frequência cardíaca máxima, considerando a capacidade aeróbia para um individuo condicionado, segundo critérios da ACSM (11).

(32)

O Piçarro Teste consiste na realização de 6 tiros de velocidade com distância de 50 metros (ida e volta num percurso de 25 metros, o que facilita a execução do teste em qualquer quadra ou campo esportivo) com intervalo de 5 segundos entre cada tiro. São dados comandos de voz (do tipo: “vai!”) no momento em que o atleta deve deixar o ponto de partida e tocar a cadeira de rodas pelo percurso (o teste foi criado para atletas do desporto convencional, sendo adaptado para ser realizado em cadeira de rodas com os atletas do presente estudo). O objetivo principal do teste é identificar o índice de fadiga. São cronometrados os tempos de cada tiro de 50 metros. Com base nesse tempo é calculada a velocidade de cada tiro e a partir desta velocidade são usados cálculos para se determinar a aceleração, força e a potencia de cada tiro. Ao final, a potência de cada tiro é comparada, estabelecendo-se a curva dos 6 tiros, bem como o índice de fadiga a partir da potência máxima e da potência mínima atingidas no teste.1

A Escala de Borg consiste em uma tabela numerada de 6 a 20 baseados na frequência cardíaca de 60 a 200 batimentos por minuto, e que através da resposta de cada indivíduo sobre a intensidade do exercício físico permite estabelecer a percepção subjetiva de esforço.

Critérios de Inclusão

• Atletas de basquete em cadeira de rodas do sexo masculino com o diagnóstico confirmado de poliomielite paralítica e com seqüelas desta.

• prática desta atividade esportiva por período igual ou superior a um ano.

• idade entre 20 e 60 anos.

• comprometimento de membros inferiores (MMII).

3.1 Análise Estatística

Os dados foram expostos em forma de tabela.

A normalidade da distribuição dos valores das variáveis foi verificada com o teste de Shapiro-Wilk.

1 Informações obtidas pessoalmente com o idealizador do teste.

(33)

A estatística descritiva constou do cálculo de média, desvio-padrão e amplitude para todos os dados contínuos e semi-contínuos com distribuição normal e também mediana e percentis 25 e 75% para valores de variáveis sem distribuição normal. Os dados categóricos foram expressos em frequência absoluta e relativa.

Foi utilizado o teste não-paramétrico de Mann-Whitney para avaliar as diferenças entre os subgrupos de indivíduos nas variáveis avaliadas com distribuição de dados não-paramétrica e o teste T de Student para amostras independentes quando a distribuição foi paramétrica. No caso deste último, os coeficientes de variação dos subgrupos foram comparados através do teste de Levene, entretanto não houve diferença estatisticamente significante em nenhum dos itens, portanto, não foi necessária a utilização da correção de Welch em nenhum dos casos.

Para avaliar a diferença entre os tempos dos diferentes tiros do Piçarro Teste foi utilizado o teste não-paramétrico de Friedman e conforme a conveniência foi aplicado o teste post hoc de Müller-Dunn.

Para verificar a associação entre as variáveis quantitativas foi utilizada a Correlação de Spearman quando os dados apresentaram distribuição não-normal e a Correlação de Pearson quando a distribuição foi normal.

Para a interpretação das correlações foram consideradas: |0,00| a |0,19| - correlação bem fraca; |0,20| a |0,39| - correlação fraca; |0,40| a |0,69| - correlação moderada; |0,70| a |0,89| - correlação forte; |0,90| a |1,00| - correlação muito forte.

Os testes utilizados estão identificados em cada item para facilitar a visualização.

Foi assumido valor de α5% (p0,05) como estatisticamente significante.

Para as análises foram utilizados os softwares estatísticos Prism 5.0 for Windows (GraphPad Software, Inc.) e SPSS Statistics 17.0 for Windows (SPSS, Inc.)

(34)

4. Resultados

4.1 Caracterização da Casuística

Tabela 1 – Características dos atletas

Variáveis (n = 22)

Sexo – n (%)

Masculino 22 (100%)

Feminino 0 (0%)

Idade (anos)

média (dp) 36,95 (9,23)

mínimo - máximo 25 – 52

Massa corporal (kg)

média (dp) 76,84 (12,37)

mínimo - máximo 50,00 – 106,00

No presente estudo foram avaliados 22 atletas, todos do sexo masculino, sendo 11 (50,0%) negros e 11 (50,0%) brancos, com idade entre 25 e 52 anos, média de 36,95 anos.

Tabela 2 – Caracterização dos atletas com SPP número sequencial

2 10 11 12 16

Idade de acometimento pela pólio (meses) 16 60 13 6 9

Idade atual (anos) 52 30 45 35 49

Sequela Aguda Diplegia Diplegia Monoplegia Diplegia Monoplegia Sequela Residual Diparesia Diparesia Monoparesia Diparesia Triparesia

Tempo de atividade no BCR (anos) 23 9 21 12 17

Tempo de treino por semana (hs/semana) 9 25 6 6 6

(35)

Dos atletas estudados, 23,8% (n=5) apresentaram nova fraqueza muscular, assim caracterizando a presença de SPP. Apenas um destes foi acometido pela poliomielite após os 24 meses (20%), sendo que a os outros quatro tiveram acometimento entre 6 e 16 meses de vida. A média de idade destes atletas ficou em 42,2 anos, variando de 30 a 52 anos.

Tabela 3 – Idade dos atletas, segundo acometimento da poliomielite

Dos atletas estudados, 6 ( 27,3%) foram acometidos pela pólio após os 24 meses e 16 (72,7%) antes de 24 meses.

4.2 Avaliação dos Atletas

Após o teste prático verificou-se que a média dos valores da percepção subjetiva de esforço relatada pelos atletas foi de 13,14, cuja categorização na Escala de Borg é

“ligeiramente cansativo”.

Idade da Pólio (meses)

n %

2 1 4,5%

3 1 4,5%

6 4 18,2%

9 6 27,3%

12 2 9,1%

13 1 4,5%

16 1 4,6%

24 3 13,6%

36 1 4,6%

48 1 4,6%

60 1 4,6%

total 22 100%

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