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Ações de saneamento básico em terra indígena : estudo de caso aldeia Piebaga (MT)

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(1)

Universidade Católica de Brasília Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa

Mestrado em Direito Internacional Econômico

A influência do neoliberalismo no sistema legal brasileiro

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental

AÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO EM TERRA INDÍGENA

ESTUDO DE CASO ALDEIA PIEBAGA (MT)

Brasília - DF

2011

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REINALDO NASCIMENTO LIMA

AÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO EM TERRA INDÍGENA

ESTUDO DE CASO ALDEIA PIEBAGA (MT)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade Católica de Brasília, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Planejamento e Gestão Ambiental

Orientador: Prof. Dr. Douglas José da Silva

(3)

Dissertação de autoria de Reinaldo Nascimento Lima, intitulada AÇÕES DE SANEAMENTO BÁSICO EM TERRA INDÍGENA – ESTUDO DE CASO ALDEIA

PIEBAGA (MT)” apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de mestre em Planejamento e Gestão Ambiental da Universidade Católica de Brasília, em 19 de dezembro de 2011, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

____________________________________ Prof. Dr. Douglas José da Silva

Orientador

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental - UCB

____________________________________ Prof. Dr. Perseu Fernando dos Santos

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental - UCB

____________________________________ Profa. Dra. Anne Francis dos Santos

New Mexico State University, USA

____________________________________ Prof. Dr. Paulo Ricardo da Rocha Araújo

Suplente

Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Planejamento e Gestão Ambiental - UCB

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Agradeço a Deus, em primeiro lugar, por trilhar este caminho e chegar ao final, com vida, saúde e sucesso neste meu objetivo.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Douglas José da Silva, pela disposição em orientar-me com competência, dedicação, paciência e respeito, sempre com a presteza que lhes é peculiar, caracterizada pela rapidez na solução de minhas dúvidas e nas respostas a meus questionamentos. Sou-lhe grato por sua fundamental atuação na conclusão dos trabalhos desta dissertação, sem a qual não seria possível concluí-los.

Aos demais membros da banca examinadora que possibilitaram uma releitura e aprofundamento da temática tratada e por aceitarem mais esse desafio.

Aos demais professores que participaram do curso pelo constante e inestimável apoio, sempre presente e nunca negado, especialmente à Professora Dra. Sueli Correia de Faria, que orientou a elaboração deste trabalho na sua fase inicial, assim como à Profa. Dra. Tânia Maria de Freitas, que foi a orientadora da segunda fase deste trabalho, atuando como co-orientadora junto à Profa. Dra. Lucijane Monteiro de Abreu.

A todos os colegas do curso, pela amizade, pelo carinho, pela troca de experiências e conhecimentos e por um convívio bastante agradável.

A todos os colegas de trabalho pelo apoio e colaboração na obtenção de dados e informações fundamentais para o desenvolvimento desta pesquisa, especialmente à Nilce de Souza Pinto Luyten, engenheira da Funasa em Mato Grosso, pois sem sua participação direta este trabalho não seria possível.

A todos que, de uma forma ou de outra, ajudaram na conclusão do trabalho.

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“A sabedoria é melhor que muitas jóias

preciosas e, de tudo que se deseja, nada se

pode comparar a ela”.

(Provérbios 8: 11).

SALOMÃO

“Eu digo a vós, que me ouvis: amai a vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam. Bendizei aos que vos maldizem, orai por aqueles que vos caluniam. Ao que vos bater numa face, oferecei-lhe também a outra. E ao que tirar a vossa capa, deixa-o levar também a túnica. Dai a todo que vos pedir e, se alguém levar o que é vosso, não o peçais de volta. Como quereis que os outros vos façam, assim fazeis também vós a eles. Se amais somente os que vos amam, qual é o vosso mérito? Porque até os pecadores amam aos que os amam. Se fizerdes o bem aos que vos fazem o bem, qual é vosso mérito? Porque até os pecadores fazem isso. Se emprestais àqueles de quem esperais devolução, qual é o vosso mérito? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto. Mas amai vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem esperar receber nada de volta. Assim será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, pois ele é bondoso até para com os ingratos e maus. Sede misericordiosos, assim como vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Dai e vos será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que medirdes, também vos medirão. O discípulo não é superior a seu mestre; mas todo aquele que for bem instruído, será como seu mestre”.

(Lucas 6: 27-40).

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LIMA, Reinaldo Nascimento. Ações de saneamento básico em terra indígena – estudo de caso Aldeia Piebaga (MT). 75 f. 2011. Dissertação (Mestrado em Planejamento e Gestão Ambiental) – Programa de Pós-graduação em Planejamento e Gestão Ambiental, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2011.

O tema desta dissertação é saneamento e saúde indígena. O objetivo do presente trabalho foi avaliar os resultados de ações de saneamento básico em terra indígena – oferta de água e esgoto sanitário doméstico - para promoção da saúde. A metodologia para o desenvolvimento da pesquisa consistiu de levantamento de informações sobre saneamento e saúde indígena, revisão bibliográfica, seleção e análise de dois projetos implantados na Aldeia Piebaga, um de melhorias sanitárias domiciliares e outro de abastecimento público de água, análise da eficiência e da eficácia dos projetos e avaliação da efetividade deles resultante, evidenciando os resultados observados na saúde da comunidade. Verificou-se, como resultado direto da infra-estrutura de saneamento implantada na Aldeia Piebaga, no período de 2004 a 2007, significativas mudanças comportamentais na população daquela Aldeia, especialmente a adoção de novos hábitos de higiene como lavar as mãos antes das refeições e adequado uso dos sanitários instalados nas residências individuais, todos amplamente propícios à saúde pública, gerando uma nova situação a partir do atendimento das mínimas necessidades sanitárias da população. A avaliação das “ações de saneamento para a saúde - oferta de água potável e esgoto sanitário doméstico – revelou que são efetivas para promoção da saúde, especificamente no caso da Aldeia Piebaga (MT)”, como resultante diretamente dos projetos do Sistema de Melhorias Sanitárias Domiciliares e do Sistema Simplificado de Abastecimento Público de Água.

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The theme of this dissertation is sanitation and indigenous health. The overall objective of this study was to evaluate the results of sanitation to health – the provision of drinking water and domestic sewage - for health promotion. The methodology for the development of survey research consisted of information on indigenous health and sanitation, review, selection and analysis of two projects implemented in the village Piebaga an improvement of health of other household and public water supply, analysis of efficiency and effectiveness of projects and evaluate the resultant effect, showing the results observed in community health. It was as a direct result of the sewerage infrastructure located in the village Piebaga in the period 2004 to 2007, significant behavioral changes in the population of that village, especially the adoption of new habits of hygiene such as washing hands before meals and use adequate health installed in individual homes, all fully conducive to public health, creating a new situation from the health care of the minimum requirements of the population. The evaluation of "sanitation actions for health – supply of drinking water and domestic sewage - revealed that they are effective for health promotion, specifically in the case of the village Piebaga (MT)", as a directly resulting of the System Household and Sanitary Improvements Project Public Water Supply.

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Gráfico 1 - Distribuição regional das terras indígenas em 1995 ... 22

Figura 1 - Organização do DSEI e Modelo Assistencial ... 25

Fotografia 1 - Fossa Séptica e Fossa Absorvente ... 46

Fotografia 2 - Banheiro Sanitário Domiciliar ... 46

Fotografia 3- Sistema Simplificado de Abastecimento Público de Água ... 48

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Tabela 1 - População recenseada e estimada em 2007 ... 21

Tabela 2 - Os índios no Brasil em 1995, por macro-regiões geográficas ... 22

Tabela 3 - População Indígena Brasileira em 1995 ... 23

Tabela 4 - Relatório Demográfico da Aldeia Piebaga ... 43

Tabela 5 - Relatório de Morbidades 2005 e 2006 - por CID ... 44

Tabela 6 - Doenças e Agravos em 2007 – por CID ... 48

Tabela 7 - Relatório de Morbidades – por período e população ... 49

Tabela 8 - Demonstrativo da Licitação TP 023/2005 ... 59

Tabela 9 - Demonstrativo da Licitação – Convite 001/2006 ... 59

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ABREVIATURAS

art. Artigo g.n. grifo nosso

número

SIGLAS

CENEPI Centro Nacional de Epidemiologia CID Código Internacional de Doenças

CORE/MT Coordenação Regional da Funasa em Mato Grosso DSEI Distrito Sanitário Especial Indígena

FSESP Fundação Serviços de Saúde Pública FUNAI Fundação Nacional do Índio

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

IBGE Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística MSD Melhorias Sanitárias Domiciliares

MT Estado de Mato Grosso

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde PVC Plástico Versátil Coletor

(12)

1 INTRODUÇÃO ... 13

2 OBJETIVOS ... 16

2.1 OBJETIVO GERAL ... 16

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 17

3.1 TERRITÓRIO BRASILEIRO ... 18

3.1.1 Estado do Mato Grosso ... 19

3.1.2 Município de Santo Antonio de Leverger ... 19

3.2 POPULAÇÃO BRASILEIRA ... 20

3.2.1 População Indígena Brasileira ... 21

3.3 SAÚDE INDÍGENA ... 24

3.4 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) ... 26

3.5 PROMOÇÃO DA SAÚDE ... 29

3.6 ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA ... 30

3.6.1 Abastecimento de Água Potável ... 31

3.6.2 Melhorias Sanitárias Domiciliares ... 32

3.6.3 Saneamento Básico ... 33

3.6.4 Saneamento Ambiental ... 33

3.6.5 Salubridade Ambiental ... 34

3.7 MEIO AMBIENTE ... 34

4 MATERIAL E MÉTODOS ... 42

4.1 MATERIAL DE APOIO ... 42

4.1.2 Situação de Saúde Anterior aos Projetos ... 43

4.1.3 Implantação dos Projetos de Saneamento ... 44

4.1.4 Situação de Saúde Posterior aos Projetos ... 48

4.2 MÉTODOS DE TRABALHO ... 49

4.2.1 Procedimentos Metodológicos ... 49

4.2.2 Seleção da Amostra de Projetos para Análise ... 52

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 53

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho consistiu na realização de um estudo de caso com o objetivo de avaliar os resultados das ações de saneamento básico em terra indígena para promoção da saúde, a partir da oferta de água potável e esgoto sanitário doméstico à população da aldeia Piebaga (MT), com a finalidade de responder à questão que norteia a presente pesquisa:

„ações de saneamento básico - oferta de água potável e esgotamento sanitário doméstico - são efetivas para promoção da saúde?‟

O Brasil é o maior país da América Latina e abriga em seu vasto território uma população de aproximadamente 190 milhões de habitantes, originária de nativos, europeus e africanos. A população indígena brasileira representa uma pequena parcela na demografia nacional, pois está estimada em cerca de apenas 400 mil indivíduos de 210 povos em todos os estados, exceto Piauí e Rio Grande do Norte e Distrito Federal.

A definição da área de estudos desta pesquisa contempla o estado de Mato Grosso, integrante do Cerrado Brasileiro, bioma este que enfrenta sérios conflitos de uso e ocupação do solo, desemprego, falta de habitação e poluição ambiental, exigindo implementação de ações do poder público para mitigar impactos negativos sobre os recursos naturais, melhorar a saúde e a qualidade de vida da sua população, estimada em mais de 20 milhões de pessoas.

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi criado pela Constituição Federal de 1988, no artigo 198, com a finalidade de que toda a população brasileira tenha acesso integral acesso aos serviços de saúde pública, pois anteriormente a assistência médica estava restrita apenas aos empregados que contribuíssem com a previdência social; os demais eram atendidos apenas em serviços filantrópicos.

A Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) trabalha em conjunto com o SUS, visando alcançar as principais metas da saúde indígena: redução da mortalidade infantil, cobertura vacinal, eliminação da desnutrição e do tétano neonatal, redução da tuberculose e da malária, controle das doenças sexualmente transmissíveis, prevenção do câncer da mulher e combate ao alcoolismo e ao suicídio, ampliação dos serviços de saneamento e garantia à assistência farmacêutica.

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epidemiológicos, e subdivididos em pólos-base com equipes multidisciplinares de saúde para atendimento primário e saúde bucal nas aldeias.

As aldeias possuem edificações tipicas, posto de saúde, alojamento, salão de reuniões e barracão comunitário. As questões administrativas e políticas são tratadas no salão de reuniões e as demais no barracão comunitário. O Governo Federal promove, com a participação de organizações não-governamentais que atuam no setor, contínua capacitação dos conselheiros indígenas para acompanhamento e fiscalização das ações de saúde nas aldeias, visando regularidade na aplicação dos recursos públicos.

As atividades de promoção da saúde em aldeias indígenas incluem, dentre outras, a execução de obras de abastecimento de água, de unidades de saúde e de instalações sanitárias, como fossas sépticas e absorventes, com a finalidade de promover a inclusão social pela saúde, preservando o meio ambiente natural, em conformidade com os princípios de ética e cidadania, respeitando as culturas e costumes das populações atendidas.

Cabe ressaltar que é entendimento comum, tanto dos profissionais de engenharia sanitária e ambiental quanto da FUNASA, que o saneamento básico é um dos principais instrumentos de promoção da saúde pública no país. As ações de saneamento para a saúde indígena consistem, basicamente, na oferta de água potável e de esgotamento sanitário, de acordo com a legislação brasileira. Tais ações visam contribuir para a melhoria das condições de vida da população local e também de promover a inclusão social por meio da saúde.

Os módulos sanitários domiciliares são compostos, cada um, de instalações físicas de banheiros em alvenaria com ligação à rede de água, limpeza completa do terreno, construção de piso em cimento liso, vasos sanitários, lixeiras, lavatórios, torneiras, chuveiros, fossas sépticas e sumidouros de água usada, além da instalação de caixa d‟água de 500 litros.

O sistema de abastecimento público de água é executado a partir da escavação de poço tubular profundo e compõe-se de caixa d‟água de 20m³, bomba submersa, instalações

hidráulicas, rede água e de esgotos, chafarizes espalhados pela aldeia e outras benfeitorias de uso coletivo, à disposição da comunidade beneficiada.

(16)

A situação de saúde que predominava na Aldeia Piebaga era crítica e apresentava um padrão de morbidades relativamente constante, pois os registros de doenças e agravos eram maiores que o número total de habitantes da aldeia: 89 casos de enfermidades em 2005 e 82 casos em 2006, quando a população era de cerca 84 pessoas. Tal situação existia pela falta de saneamento, básico e ambiental, e de maus hábitos da comunidade em relação à saúde.

A identificação de tais problemas motivou iniciativas da FUNASA para solucioná-los, por meio da oferta de água potável, esgoto sanitário e palestras e oficinas de educação dos indivíduos nos princípios de higiene pessoal, visando adoção de novos hábitos de higiene e de atitudes favoráveis à saúde. A melhoria das condições ambientais proporcionou uma nova situação de saúde na comunidade local, diferente daquela que existia nos anos anteriores, pois o padrão de enfermidades caiu para apenas 10 casos doenças e agravos em 2007.

Verificou-se então, nesse caso específico, que a intervenção da FUNASA resultou em benefícios para a saúde da comunidade, pela disponibilização de água potável, tratada e apta para usos domésticos e consumo humano, além de instalações sanitárias ligadas à rede hidráulica, com fossas sépticas e absorventes, resultando em mudanças comportamentais favoráveis à saúde, com novos hábitos de higiene, tais como lavar as mãos antes das refeições e uso correto das instalações sanitárias.

O material que deu suporte ao desenvolvimento dos estudos consistiu, basicamente, de descrição da área de estudos, descrição da situação de saúde antes da intervenção antrópica no meio ambiente, registro da implantação dos projetos com suas especificações e, na fase posterior às ações de saneamento básico, demonstração da nova situação de saúde da comunidade beneficiada.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral do presente trabalho foi avaliar os resultados das ações de saneamento básico em relação à saúde dos moradores da Aldeia Piebaga, situada no município de Santo Antônio do Leverger, no estado de Mato Grosso.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Identificar e caracterizar a situação de saúde que predominava na Aldeia Piebaga antes da intervenção governamental no meio ambiente;

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Os fundamentos relativos ao marco teórico-conceitual e prático que norteiam a presente pesquisa referem-se, basicamente, ao conhecimento necessário para compreender, conceitual e metodologicamente, a questão da efetividade do saneamento do meio ambiente para a promoção da saúde da população, levando em consideração os argumentos cabíveis para entendimento e sustentação do tema.

O levantamento da base de informações referentes ao tema saneamento e saúde indígena, envolveu pesquisas, estudos, palestras, artigos, revistas, livros, legislação e outras publicações ligadas ao tema, inclusive em meios eletrônicos disponíveis na internet, e constituiu a fonte de dados para a análise documental que fundamenta a presente pesquisa.

Ressalte-se, também, que importantes informações foram extraídos diretamente dos próprios projetos de saneamento implantados pela FUNASA na Aldeia Piebaga, inclusive aqueles de formulários preenchidos por seus fiscais, assim como de textos e avaliações da instituição sobre a eficácia das ações de saneamento, relativas às obras de infra-estrutura efetivamente executadas, com a finalidade de promover saúde em pequenas comunidades.

Cabe ainda registrar, por sua relevância no contexto, que os dados e informações pertinentes ao trabalho de campo foram obtidos diretamente da Coordenação Regional da FUNASA em Mato Grosso (CORE/MT), situada em Cuiabá (MT), por meio de contatos diretos com sua equipe técnica, representada pela engenheira Nilce de Souza Pinto Luyten, que enviou cópia da documentação comprobatória e prestou todos os esclarecimentos necessários para o desenvolvimento da presente pesquisa.

(19)

3.1 TERRITÓRIO BRASILEIRO

Segundo Lucci (2000), o Brasil é um verdadeiro país-continente, pois tem uma área de 8.547.403 km2 ao Leste da América do Sul, e isto o coloca entre os maiores países em extensão territorial - quinto lugar no Planeta Terra, limitando-se ao norte com a Guyana, Venezuela, Suriname e Guyana Francesa; ao noroeste com a Colômbia; ao Oeste com o Peru e a Bolívia; ao sudoeste com o Paraguai e a Argentina; e ao sul com o Uruguai.

O território brasileiro está distribuído em cinco macro-regiões: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, abrigando um Distrito Federal, 26 Unidades da Federação e 5.564 Municípios, a saber:

a) Região Norte – ocupa uma área de 3.869.637,9 km2, que corresponde a 45,27% do território brasileiro, e possuía 11.290.093 habitantes no ano de 2000, cerca de 7% da população total do país. A região Norte é formada pelos estados do Acre, Amapá, amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins;

b) Região Nordeste - ocupa uma área de 1.561.177,8 km2, correspondente a 18,26% do território nacional, e tinha 44.768.201 habitantes, o que representa 28,9% da população total do país em 2000. A região é formada pelos estados do Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia; c) Região Centro-Oeste - ocupa uma área de 1.612.077,2 km2, o que corresponde a

18,86% do território brasileiro, e tinha 10.501.480 habitantes, o que representa 6,5% da população total do país no ano de 2000. A região Centro-Oeste é formada pelo Distrito Federal e pelos estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul;

d) Região Sudeste - ocupa uma área de 927.286,2 km2, o que corresponde a 10,85% do território brasileiro, e tinha 72.412.411 habitantes, o que representa 42,63% da população total do país no ano de 2000. A região Sudeste é formada pelos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo; e

e) Região Sul - ocupa uma área de 577.214,0 km2, o que corresponde a 6,75% do território brasileiro, e tinha 25.107.616 habitantes, o que representa 14,95% da população total do país no ano de 2000. A região Sul é formada pelos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

(20)

Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Caatinga, Zona Costeira ou Mangue, Mata de Araucária, Zona de Transamento ou Mata de cocais, e Pampa ou Campos do Sul e Pantanal.

Ainda segundo Lucci (2000), o Cerrado é a segunda maior região biogeográfica do Brasil, pois ocupa 23,92% do território nacional e abriga cerca de 20 milhões de pessoas; tem as três maiores bacias hidrográficas da América do Sul: Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata; e abrange os Estados de Goiás, Tocantins e Mato Grosso do Sul, a região sul de Mato Grosso, o oeste e o norte de Minas Gerais, o oeste da Bahia e o Distrito Federal, alcançando no sentido norte, as regiões centro-sul do Maranhão, e no sentido oeste, os Estados de Rondônia e do Amapá, além de ocupar 1/5 do Estado de São Paulo.

3.1.1 Estado do Mato Grosso

Os estudos pertinentes ao presente trabalho tiveram como base ações de saneamento básico realizadas na Aldeia Piebaga, no estado do Mato Grosso (MT), que ocupa uma área de 903.357 km² e tem 141 municípios, segundo a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (BRASIL, 2007). A maior parte de seu território é ocupado pela Amazônia Legal, localiza-se no lado oeste da região Centro-Oeste e limita-se ao norte com os Estados do Amazonas e do Pará; ao leste, com Tocantins e Goiás; ao sul, com o Estado do Mato Grosso do Sul; e à oeste, com o Estado de Rondônia e com a Bolívia.

De acordo com a Universidade Federal do Estado do Mato Grosso – UFMT (2008) a população indígena do estado alcançou, até o ano de 2007, uma população de mais 30 mil índios, o que significa cerca de 6% dos indígenas existentes no Brasil, de acordo com a FUNASA e a FUNAI. São 38 povos, com suas línguas e culturas diferentes, habitando aproximadamente 10% do território matogrossense.

3.1.2 Município de Santo Antonio de Leverger

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Nossa Senhora do Livramento, Várzea Grande; e tem como distritos: a Sede, Mimoso, Engenho Velho, Caeté, Varginha e São Vicente da Serra. Este municípío foi desmembrado do município de Cuiabá em 1929, sob a denominação inicial de Santo Antonio do Rio Abaixo, depois Santo Antônio, posteriormente Leverger e finalmente Santo Antonio de Leverger.

Cabe ressaltar que, depois de muito tempo historicamente trocando de nome, a denominação atual é uma homenagem ao santo padroeiro e ao Almirante Augusto Leverger, cidadão francês de nascimento, várias vezes Presidente da Província de Mato Grosso, herói da Guerra do Paraguai, que recebeu o título nobiliárquico de Barão de Melgaço, por ter proposto impedir que o Paraguai invadisse Cuiabá, atuando em conjunto com bravos Voluntários da Pátria e usando as colinas de Melgaço para alcançar seu objetivo.

3.2 POPULAÇÃO BRASILEIRA

Historicamente, a população brasileira teve sua origem em três tipos raciais básicos: aos habitantes nativos (índios), somaram-se os europeus (principalmente portugueses) e os africanos (originários da costa ocidental ao sul do Saara) e, atualmente, a composição étnica da população brasileira apresenta 55,2% de brancos; 39,3% de pardos; 4,9% de negros; e 0,5% de amarelos (LUCCI, 2000).

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Tabela 1 - População recenseada e estimada em 2007

Grandes Regiões e Unidades da Federação População recenseada e estimada (1)

BRASIL 183.987.291

NORTE 14.623.316

Rondônia 1 453 756

Acre 655 385

Amazonas 3 221 939 Roraima 395 725

Pará 7 065 573

Amapá 587 311

Tocantins (2) 1 243 627

NORDESTE 51 534 406

Maranhão 6 118 995 Piauí 3 032 421 Ceará 8 185 286 Rio Grande do Norte 3 013 740 Paraíba 3 641 395 Pernambuco 8 485 386 Alagoas (2) 3 037 103 Sergipe 1 939 426 Bahia (2) 14 080 654

SUDESTE 77 873 120

Minas Gerais 19 273 506 Espírito Santo 3 351 669 Rio de Janeiro 15 420 375 São Paulo (2) 39 827 570

SUL 26 733 595

Paraná (2) 10 284 503 Santa Catarina 5 866 252 Rio Grande do Sul 10 582 840

CENTRO-OESTE 13 222 854

Mato Grosso do Sul 2 265 274 Mato Grosso 2 854 642 Goiás 5 647 035 Distrito Federal (3) 2 455 903 Fonte: Brasil (2007a)

3.2.1 População Indígena Brasileira

(23)

A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) publicou em abril de 1995, na Revista Coleção, Os Índios no Brasil (BRASIL, 1995b), partindo de seus registros internos atualizados até o mês de fevereiro de 1995, o quantitativo das populações indígenas e a distribuição regional das suas terras, segundo as macro-regiões brasileiras e respectivas freqüências, evidenciando que 50% daqueles povos estão na Região Norte.

A análise de tais informações indica que a população indígena brasileira passou a ser de 321.652 indivíduos, de acordo com a Tabela 2 - Os índios no Brasil em 1995, por macro-regiões geográficas, e com o Gráfico 1 - Distribuição regional das terras indígenas:

Tabela 2 - Os índios no Brasil em 1995, por macro-regiões geográficas

MACRO-REGIÕES PESSOAS FREQÜÊNCIA

Norte 165.457 50,3% Nordeste 59.491 18,5% Centro-Oeste 62.730 19,5% Sudeste 9.592 3,0% Sul 27.942 8,7%

TOTAL 321.652 100%

Fonte: Brasil (1995b)

De acordo com a FUNAI, a distribuição da população indígena no território nacional, por macro-regiões geográficas e unidades da federação, que era de 321.652 indivíduos em 1995, está representada no Gráfico 1 – Distribuição Regional das Terras Indígenas:

Gráfico 1 - Distribuição regional das terras indígenas em 1995

(24)

A análise do Gráfico 1 - Distribuição Regional das Terras Indígenas em 1995 revela que, em termos percentuais, a região Norte tem 50,3% dos índios brasileiros e as regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul têm, respectivamente, 18,5%, 19,5%, 3,0% e 8,7% de indígenas habitando em seus territórios, conforme consta da Tabela 3 – População Indígena Brasileira em 1995.

A Tabela 3 – População Indígena Brasileira em 1995 apresenta o quantitativo de índios em cada unidade da federação, em suas respectivas macro-regiões geográficas:

Tabela 3 - População Indígena Brasileira em 1995

REGIÃO ESTADO SIGLA QUANTIDADE

Norte Rondônia RO 5.573

Acre AC 6.610

Amazonas AM 85.529

Amapá AP 5.095

Roraima RR 37.025

Pará PA 15.715

Tocantins TO 6.360 Total da Região NORTE 165.457

Nordeste Maranhão MA 14.271

Piauí PI (*)

Ceará CE 4.650

Rio Grande do Norte RN (*) Paraíba PB 6.902 Pernambuco PE 19.950 Alagoas AL 4.917

Sergipe SE 230

Bahia BA 8.561

Total da Região NORDESTE 59.491 Centro-Oeste Mato Grosso do Sul MS 45.259 Mato Grosso MT 17.329

Goiás GO 142

Distrito Federal DF (*) Total da Região CENTRO-OESTE 62.730 Sudeste Minas Gerais MG 6.200 Espírito Santo ES 1.347 Rio de Janeiro RJ 271 São Paulo SP 1.774 Total da Região SUDESTE 9.592 Sul Paraná PR 7.921 Santa Catarina SC 6.667 Rio Grande do Sul RS 13.354 Total da Região SUL 27.942

TOTAL GERAL 321.652

Fonte: Brasil (1995b)

(25)

Observa-se pela análise do demonstrativo relativo à Tabela 3 - População Indígena Brasileira em 1995 que, até aquele ano, a FUNAI não tinha registro oficial da existência de índios no Distrito Federal e nem nos Estados do Piauí e do Rio Grande do Norte. Entretanto, segundo artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, de 25 de abril de 2003, o fato de não encontrar índios no DF e nas referidas unidades da federação não implica na sua inexistência, pois alguns ainda estão lutando por reconhecimento como povos indígenas, e alguns até já o conquistaram.

3.3 SAÚDE INDÍGENA

O Subsistema de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas foi criado pela Lei nº 9.836 de 23 de setembro de 1999, como integrante do SUS, constituindo-se num importante diferencial no fortalecimento do controle social como eixo fundamental para a promoção, proteção e recuperação da saúde indígena (BRASIL, 1999b). O Ministério da Saúde aprovou em 20 de janeiro de 2004 - Portaria nº 70/GM, as diretrizes de gestão da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, em consonância com o SUS (BRASIL, 2004f).

A responsabilidade pela execução das ações de promoção, proteção e recuperação da saúde da população indígena, que estava a cargo da FUNAI, vinculada ao Ministério da Justiça, foi transferida para o Ministério da Saúde em 1999 e este a delegou à FUNASA por meio do Decreto Presidencial nº 3.156, de 27 de agosto de 1999, que dispõe sobre as condições para a prestação de assistência à saúde dos povos indígenas, no âmbito do SUS (BRASIL, 1999a).

A FUNASA passou então a ser o principal agente governamental responsável pela assistência à saúde aos povos indígenas, como gestora do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, com a participação da FUNAI, das Secretarias Estaduais de Saúde e das Secretarias Municipais de Saúde, e também das Organizações Não-Governamentais que atuam no setor.

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Nessa perspectiva, as atividades de promoção da saúde em aldeias indígenas incluem obras de abastecimento de água, construção de barragens e unidades de saúde, além de melhorias sanitárias como tanques, pias, fossas sépticas e vasos sanitários, assim como promover a inclusão social pela saúde, desenvolver a consciência ambiental na comunidade, preservando o meio ambiente natural, e agir de acordo com princípios de ética e cidadania, respeitando as culturas e costumes das populações atendidas (BRASIL, 2004b).

O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena atende atualmente uma população de cerca de 400 mil índios, de 210 etnias, em todos os estados, exceto Piauí e Rio Grande do Norte, e está organizado em 12 estados brasileiros na forma de 34 DSEI, que são divididos por seus diferentes aspectos geográficos, sócioculturais, econômicos e epidemiológicos, e subdivididos em pólos-base com equipes multidisciplinares de saúde para atendimento primário e saúde bucal nas aldeias (BRASIL, 2000).

A estrutura-padrão em que se organiza o DSEI e o seu modelo de assistência à saúde, de acordo com a FUNASA, contempla um pólo-base e de um a cinco postos de saúde em cada comunidade indígena, proporcionalmente à população, além de um posto central de administração, que funciona como um referencial do SUS. O fluxo de atenção à saúde indígena está estruturado de acordo com a organização interna de um DSEI (BRASIL, 2004b), em conformidade com a Figura 1 - Organização do DSEI e do Modelo Assistencial:

Figura 1 - Organização do DSEI e Modelo Assistencial

Fonte: Brasil (2004b)

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cobertura vacinal; eliminação do tétano neonatal e da desnutrição entre os índios; redução da tuberculose e da malária, controle das doenças sexualmente transmissíveis, prevenção do câncer da mulher e combate ao alcoolismo e ao suicídio, bem como a ampliação dos serviços de saneamento, básico e ambiental, e a garantia do acesso à assistência farmacêutica.

Dentre os principais problemas que afetam os serviços de saúde nas aldeias está a falta de verbas para compra de remédios e de outros produtos auxiliares da área médica. Ressaltando que consultas e exames complexos são feitos na rede credenciada do SUS.

3.4 SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

Historicamente, a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em março de 1986, foi um marco na criação do SUS por vários motivos, destacando-se dentre eles a implantação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), mediante convênio entre o já extinto Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e os Governos Estaduais. A maior contribuição dessa Conferência Nacional foi ter formado as bases para o Capítulo II - Seção: Da Saúde, da Constituição brasileira de 1988 (BRASIL, 1988).

O SUS foi criado pelo artigo 198 da Constituição Federal de 1988, para que toda a população brasileira tenha integral acesso ao atendimento público de saúde, pois anteriormente a assistência médica estava restrita apenas aos empregados que contribuíssem para a previdência social; os demais eram atendidos apenas em serviços filantrópicos.

Fazem parte do SUS os centros e postos de saúde, hospitais, laboratórios, bancos de sangue, serviços de Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica e Vigilância Ambiental, além de fundações e institutos de pesquisa na área da saúde e outras entidades que atuam no setor, constituindo recursos para a atuação do SUS na sua missão de cuidar e dar apoio às ações de saúde no País, tanto no âmbito da atenção primária e da promoção da saúde quanto nas ações curativas e necessárias à reabilitação, nos níveis secundário e terciário da atenção em saúde.

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povos indígenas, o que implica automaticamente na exigência de atuação de FUNASA para a concessão dos beneficios a quem eles têm direito.

No caso do Distrito Federal e dos estados do Piauí e do Rio Grande do Norte não há cobertura da saúde indígena por parte da FUNASA, pois a FUNAI não tem registro oficial de índios nestes locais do País, embora seja de conhecimento público a presença de indígenas no DF e no PI. No Distrito Federal vê-se índios circulando quase que diariamente nas ruas e praças de Brasília e de algumas de suas cidades-satélites, como Taguatinga e Sobradinho.

Verifica-se que esses índios, por motivos desconhecidos, ainda não foram cadastrados pela FUNAI, entretanto, é público e notório que eles ainda estão lutando pelo reconhecimento de sua existência como povos indígenas junto a autoridades brasileiras, principalmente mediante ações públicas na Justiça Federal, para que possam usufruir dos direitos por eles conquistados e já estabelecidos em lei.

O SUS teve seus 6 (seis) princípios estabelecidos na Lei Orgânica de Saúde, aprovada pelo Congresso Nacional em 19 de setembro de 1990 – Lei nº 8.080 (BRASIL, 1990b), como segue:

Princípio da Universalidade - A Constituiçao Federal de 1988 diz "A saúde é um direito de todos", ficando claro que o Estado tem a obrigação de prover a atenção à saúde, pois não é possível tornar todos sadios por força de lei;

Princípio da Integralidade - Inclui tanto os meios curativos quanto os preventivos; tanto os individuais quanto os coletivos;

Princípio da Eqüidade - Todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o SUS, apesar das disparidades sociais e regionais existentes no Brasil;

Princípio da Participação - O controle social foi regulado pela Lei nº 8.142 de 28/12/1990: os usuários participam da gestão do SUS através das Conferências quadrianuais de Saúde, em todos os níveis, e dos Conselhos de Saúde, onde ocorre paridade, isto é, os usuários têm a metade das vagas, o governo um quarto e os trabalhadores o outro quarto (BRASIL, 1990c);

Princípio da Descentralização - O SUS está presente nos três níveis de esferas político-administrativas: nacional, estadual e municipal, cada uma com comando único e atribuições próprias;

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a) níveis de complexidade: o nível primário deve ser oferecido diretamente à população, enquanto os outros devem ser utilizados apenas quando necessário.

b) área de abrangência: cada serviço de saúde é responsável pela saúde de uma parte da população. Os serviços de maior complexidade são menos numerosos e por isso sua área de abrangência é mais ampla, já os serviços de menor complexidade, que são mais numerosos, têm abrangência à área de vários serviços de saúde.

Princípio da Eficiência e Eficácia os serviços de saúde à população devem ser eficientes e eficazes, produzindo resultados com qualidades.

A Lei Orgânica da Saúde – Lei nº 8.080 de 1990, estabelece ainda, além daqueles já citados neste estudo, os seguintes princípios:

a) Preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;

b) Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;

c) Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo usuário;

d) Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;

e) Integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio-ambiente e saneamento básico;

f) Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na prestação de serviços de assistência à saúde da população;

g) Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e h) Organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos (BRASIL, 1990b).

Embora no Brasil, a saúde pública brasileira tenha tido seu início em 1808, o Ministério da Saúde somente foi instituído 145 anos depois, ou seja, pelo desdobramento feito pela Lei nº 1.920 de 1953 do então Ministério da Educação e Saúde em duas pastas distintas: Ministério da Saúde – MS e Ministério da Educação e Cultura – MEC (BRASIL, 1953).

A missão institucional do Ministério da Saúde é promover a saúde da população (BRASIL, 1953). Para isso, o Ministério deve integrar-se com a sociedade e construir parcerias com órgãos federais, estados, municípios e iniciativa privada, como forma de contribuir para melhoria da qualidade de vida e do exercício da cidadania".

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acesso universal e igualitário a ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde. Este foi um marco importantíssimo na história da saúde pública brasileira.

3.5 PROMOÇÃO DA SAÚDE

A promoção da saúde pública requer atividades de educação sanitária e ambiental, pois a melhoria das condições de saúde ocorre a partir da implementação de ações de saneamento ambiental, muito além da simples execução física dos projetos de construção e ampliação dos sistemas de abastecimento público de água potável e de melhorias sanitárias.

Assim sendo, a promoção da saúde exige primordialmente a conscientização da população sobre o assunto, a partir do desenvolvimento de um programa de educação dos indivíduos nos princípios de higiene e saúde, gerando mudança de hábitos cotidianos que possam contribuir também para a coleta, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos - sólidos, líquidos ou gasosos - gerados pela população.

De acordo com o artigo „Conceitos-Chave –Promoção da Saúde‟, publicado no site da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2007), a Carta de Ottawa (1986) que é considerada pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) como um documento de referência para as demais Conferências Internacionais de Promoção da Saúde, promovidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), define Promoção da Saúde como sendo “a capacitação das pessoas e comunidades para modificarem os determinantes da saúde em benefício da própria qualidade de vida”

(UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2007).

Ressalte-se, então, que o conceito de promoção da saúde divulgado pela OMS em 1986, na Conferência de Ottawa, é um princípio orientador das ações de saúde em todo o mundo, partindo do entendimento de que a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e considerando as condições ambientais como o mais importante dos fatores determinantes da saúde (BRASIL, 2004e).

Ainda segundo o artigo „Conceitos-Chave –Promoção da Saúde‟, tendo em vista uma

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sanitárias e os setores sociais e produtivos‟ (UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2007).

Kalel Airis publicou no site da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) o estudo „Matéria Especial: a Saúde Pública‟ (AIRIS, [20--?]), onde registra uma das mais citadas definições de Saúde Pública, mencionada inclusive pela OPAS, a qual foi apresentada em 1920 por Charles-Edward Amory Winslow (1877–1957), um dos mais notáveis líderes na área da saúde pública na América do Norte e no mundo, no sentido de que a Saúde Pública é uma arte e uma ciência de prevenir a doença, e assim prolongar a vida ao promover saúde com eficiência física e mental, por meio do esforço de todos. Cabe ressaltar que tal entendimento, como definição, faz partre da Enciclopédia da Saúde Pública Americana (Public Health Encyclopedia, USA) (ARANTES, 2008).

Tal definição engloba o saneamento do meio ambiente, complementado por um programa de educação dos indivíduos nos princípios de higiene pessoal, e o controle das infecções mediante a organização dos serviços médicos e de enfermagem, tanto para o diagnóstico precoce das doenças e seu tratamento quanto para o desenvolvimento de uma estrutura social que assegure um padrão de vida propício à manutenção da saúde pública.

Fica claro, por tais definições, que o saneamento ambiental é um dos principais instrumentos para a promoção da saúde da população, pois se constitui num importante mecanismo de prevenção de doenças e epidemias, que encontram condições favoráveis para desenvolver-se num meio ambiente desprovido de cuidados e de proteção à saúde.

Há também que ser levado em consideração, como parte integrante das atividades de promoção da saúde, que a implantação de infraestruturas de saneamento básico busca atender às mínimas necessidades sanitárias da população, no sentido de controlar doenças infecciosas e parasitárias, assim como contribuir para sua erradicação, uma vez que o ciclo epidemiológico de tais doenças tem relação com o meio ambiente.

3.6 ENGENHARIA DE SAÚDE PÚBLICA

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de esgotamento sanitário, com limpeza dos terrenos, bem como a construção e ampliação de sistemas de abastecimento público de água.

As ações da engenharia de saúde pública objetivam também implantar, ampliar ou melhorar os sistemas de tratamento e destinação final de resíduos sólidos, principalmente em áreas de proliferação do mosquito Aedes Aegypti, efetivando a drenagem e o manejo ambiental em áreas endêmicas de malária, mediante obras de infraestrutura de saneamento em habitações, visando ainda o controle da doença de Chagas.

Atualmente, cabe à FUNASA a implementação do programa Saneamento para Promoção da Saúde, com a meta de beneficiar, em quatro anos, cerca de 60% dos municípios brasileiros atingindo aproximadamente 35 milhões de pessoas, por meio da promoção, do apoio técnico e financeiro ao controle de qualidade da água para consumo humano; do estímulo e financiamento de projetos de pesquisa em engenharia de saúde pública e saneamento; e do apoio técnico a Estados e Municípios para a execução de projetos de saneamento, passando por estratégias de cooperação técnica.

3.6.1 Abastecimento de Água Potável

Segundo a FUNASA (BRASIL, 2000), a justificativa para as ações de engenharia de saúde pública está nos principais malefícios causados à saúde por meio de veiculação hídrica, provenientes da ingestão de alimentos colhidos em solos poluídos por água contaminada, e de enfermidades oriundas de contatos com mosquitos e animais que usaram águas infestadas de microorganismos nocivos à saúde, gerando doenças como dengue, cólera, febre amarela, peste bubônica e outras advindas da utilização de águas inaptas para o consumo da população.

No caso do Cerrado Brasileiro, verifica-se, também, que a carência de água potável para consumo humano tem limitado gravemente o desenvolvimento socioeconômico de suas populações, contribuindo de maneira decisiva para uma baixa qualidade de vida. Nesse caso, a água subterrânea constitui uma das maiores alternativas sustentáveis para a solução de problemas relacionados a saneamento ambiental e saúde pública.

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É também importante ressaltar que tais projetos, além de contribuírem para prevenção e controle de malefícios causados à saúde por meio de veiculação hídrica, proporcionam melhorias na qualidade de vida, por meio de ações de saneamento básico, a pessoas de comunidades situadas em áreas que enfrentam problemas relacionados à captação e distribuição de água potável no País.

3.6.2 Melhorias Sanitárias Domiciliares

A FUNASA já beneficiou mais de um milhão de pessoas em todo o país, por meio do Sistema de Melhorias Sanitárias Domiciliares (MSD), que é implementado mediante oferta de instalações físicas de esgoto sanitário doméstico, como forma de prevenção e controle de doenças e agravos decorrentes da falta ou inadequação de saneamento, além de dar destinação ao lixo por ela gerado.

O Sistema MSD, além de executar as obras físicas nas próprias residências das pessoas da comunidade beneficiada, atua também na promoção de atividades de educação sanitária e ambiental, mediante palestras sobre educação para a saúde, visando promover a saúde pública e proteger o meio ambiente, principalmente em áreas indígenas.

As ações de um Sistema MSD são: ligações a redes de água e de esgoto e construção de banheiros, fossas sépticas, poços rasos, sumidouros e outras benfeitorias de uso coletivo, como confecção e instalação de peças sanitárias pré-moldadas: vasos sanitários, pias de cozinha, tanques de lavar roupa, filtros e recipientes para lixo, lavatórios e caixas de água, de acordo com o Manual de Saneamento da FUNASA (BRASIL, 2000).

A confecção das peças é realizada em oficinas municipais de saneamento ambiental, permitindo o aproveitamento de mão-de-obra local e a transferência de tecnologia apropriada. Tais procedimentos contribuem para um baixo custo médio unitário, tornando possível a construção e a manutenção de benfeitorias individuais, diretamente nas casas das pessoas que vivem nas periferias de grandes cidades e apresentam índices críticos de qualidade de vida.

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barro e sapé, reformando telhados, pisos e melhorando a iluminação e a ventilação, assim como as condições de galinheiros, cercas, paióis, chiqueiros e assemelhados.

3.6.3 Saneamento Básico

As ações de saneamento básico, pertinentes à engenharia de saúde pública, são basicamente abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, e drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, em conformidade com a definição dada pela Lei Federal nº 11.445 de 2007, no sentido de que o saneamento básico é o conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais dessas atividades (BRASIL, 2007b).

3.6.4 Saneamento Ambiental

Na engenharia de saúde pública, as ações as ações de saneamento ambiental têm a finalidade de melhorar as condições de saúde da população brasileira, em todos os municípios do País, por meio do incremento na cobertura e na qualidade dos serviços de saneamento básico, do controle dos vetores de doenças transmissíveis, por ausência ou inadequação de saneamento, e da promoção de atividades de educação sanitária e ambiental.

As ações de saneamento ambiental, que são mais abrangentes que as do saneamento básico, são levadas a cabo como uma forma de prevenção e controle de doenças e agravos, decorrentes da falta de saneamento realizado de maneira adequada à saúde pública e à proteção do meio ambiente, considerando ainda que as condições ambientais são fatores determinantes da saúde.

A OPAS entende que o saneamento ambiental visa beneficiar a população do espaço geográfico em que suas proporcionam níveis crescentes de salubridade ambiental (BRASIL, 2004). A efetivação de tais ações pode produzir, com elevado grau de certeza, uma série de efeitos positivos sobre o bem-estar e a saúde das populações.

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coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, assim como do adequado uso do solo, da drenagem urbana e do controle de doenças transmissíveis, objetivando proteger e melhorar as condições de vida da população.

Verifica-se assim que o saneamento ambiental dá destinação sanitária adequada, tanto no esgotamento sanitário domiciliar quanto na drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, e contribui para o controle dos vetores de doenças transmissíveis por meios hídricos e para a promoção da educação sanitária e ambiental, como forma de prevenção e controle de doenças e agravos decorrentes da falta ou inadequação de saneamento, em forma adequada à saúde pública e à proteção do meio ambiente.

3.6.5 Salubridade Ambiental

A OPAS (BRASIL, 2004e) compreende, como já citado, que as ações de saneamento ambiental visam proporcionar níveis crescentes de salubridade ambiental em um determinado espaço geográfico em benefício da sua população, ou seja, tal entendimento é no sentido de que a salubridade ambiental constitui-se no objetivo final do saneamento ambiental.

Já a FUNASA (BRASIL, 2006g), por sua vez, entende salubridade ambiental como „o estado de higidez em que vive a população urbana e rural‟, em decorrência de sua capacidade de inibir, prevenir ou impedir endemias ou epidemias, de veiculação ambiental, e também de promover condições mesológicas favoráveis ao pleno gozo de saúde e do bem-estar.

Assim, fica evidente que a engenharia de saúde pública tem como principal objetivo o melhoramento das condições ambientais para o pleno gozo de saúde e do bem-estar social, exigindo uma perfeita harmonia com meio que nos cerca e com o qual interagimos em nossas interações cotidianas, como uma forma de colocar em prática a definição de meio ambiente explicitada na Lei nº 6.938 de 1981.

3.7 MEIO AMBIENTE

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3.º que o meio ambiente abriga e rege a vida em todas as suas formas, uma vez que visto como um conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica (BRASIL, 1981).

Segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP), o meio ambiente é um conjunto de fatores físicos, químicos e bióticos, ao qual nos referimos como natureza, ou seja, é o lugar em que vivemos e de que dependemos para a nossa sobrevivência, pois nos envolve e nos cerca como um meio dinâmico, marcado por interações e adaptações (SÃO PAULO, 2010).

Cabe citar, por sua oportunidade e conveniência, como importantes para a presente pesquisa algumas atividades que são desenvolvidas especificamente por entidades públicas, nas áreas de saneamento e da saúde indígena, destacando-se dentre elas o organismo internacional OPAS/OMS e os órgãos públicos IBGE, FUNAI, MS e FUNASA. Tendo em vista que tais contribuições foram fundamentais para o desenvolvimento dos trabalhos pertinentes ao estudo em questão, convém conhecê-las de forma simplificada:

a) Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS): é um organismo internacional de saúde pública dedicado a fortalecer e melhorar as condições de saúde dos países das Américas. Ela também atua como Escritório Regional da Organização Mundial da Saúde para as Américas (OMS) e faz parte da Organização dos Estados Americanos - OEA e da Organização das Nações Unidas (ONU).

Ao discorrer sobre a história da saúde pública, a FUNASA publicou um artigo especial sobre os 100 anos da OPAS - de 1902 a 2002, destacando a identificação de três grupos de fatores relevantes para criação daquela organização no ano de 1902, a saber: 1) o aumento do comércio entre os países das Américas; 2) o desenvolvimento científico; e 3) o espírito humanitário (BRASIL, 2004a).

O referido artigo ressalta que o primeiro fator - o comércio - foi determinante para a criação da OPAS, já que os meios de transporte de então promoviam além da troca de mercadorias, a disseminação de enfermidades e pestilências para as populações dos países vulneráveis, sobretudo dos países centrais:

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através do trabalho e da produção das pessoas, revelando ainda como e onde elas vivem (BRASIL, 1936).

b) Fundação Nacional do Índio (FUNAI): essa Fundação, que substituiu o Serviço de Proteção ao Índio (SPI), foi criada pela Lei nº 5.371, de 05/12/1967, com a missão de executar políticas indigenistas. Compete à FUNAI promover a educação básica aos índios, assegurar e proteger as terras por eles tradicionalmente ocupadas, defender seus interesses e impedir ações predatórias de garimpeiros, posseiros, madeireiros e quaisquer outras que ocorram dentro de seus limites e que representem risco à vida e à preservação desses povos (BRASIL, 1967).

c) Ministério da Saúde (MS): criado pela Lei nº 1.920 de 25/07/1953, é o órgão do Poder Executivo Federal responsável pela organização e elaboração de planos e políticas públicas voltados para a promoção, prevenção e assistência à saúde dos brasileiros. Sua função é disponibilizar condições para proteção e recuperação da saúde da população, reduzindo enfermidades, controlando doenças endêmicas e parasitárias e melhorando a vigilância à saúde, de forma a dar mais qualidade de vida aos brasileiros (BRASIL, 1953).

d) Fundação Nacional de Saúde (FUNASA): é um órgão executivo do MS instituído pela lei nº 8.029, de 12 de abril de 1990, cuja missão institucional consiste em promover a saúde pública e a inclusão social, em conformidade com o SUS, por meio de ações de saneamento ambiental nos municípios brasileiros e de atenção à saúde indígena (BRASIL, 2006c). A FUNASA originou-se da incorporação dos antigos órgãos de saúde pública Superintendências de Campanhas de Saúde Pública (SUCAM) e Fundação Serviços de Saúde Pública (FSESP).

Cabe ressaltar que a inclusão social, do ponto de vista da FUNASA (BRASIL, 2002), consiste em promover o acesso das populações indígenas aos serviços públicos de saúde e, no caso das populações residentes em localidades com baixos índices de desenvolvimento humano, em ofertar acesso aos serviços de saneamento básico, já que tais ações têm significativa convergência com a estratégia governamental de inclusão social dos menos favorecidos.

Historicamente, o termo „inclusão social‟, muito citado nos últimos anos, substituiu a

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país, com radical transformação da estrutura populacional, e a segunda, voltada para a concentração e distribuição de renda no Brasil (SMITH; OLIVEIRA, 1995).

A FUNASA presta apoio técnico e financeiro no combate, controle e redução da mortalidade infantil e da incidência de doenças de veiculação hídrica causadas pela falta de saneamento básico e ambiental. Os investimentos visam intervir no meio ambiente, na infra-estrutura dos municípios de até 30 mil habitantes, prioritariamente, e nas condições de vida de populações vulneráveis.

Até o ano de 2002, a FUNASA atuou na promoção da saúde, prevenção e controle de doenças e agravos, saneamento básico em municípios de pequeno porte e em saúde indígena, trabalhando no apoio às Secretarias Estaduais de Saúde na organização de sistemas de vigilância a fatores biológicos - vetores, hospedeiros, reservatórios, animais peçonhentos - e de contaminantes ambientais - químicos e físicos - que possam interferir na qualidade da água, ar e solo, prevenindo os riscos decorrentes de desastres naturais e de acidentes com produtos perigosos, trabalhando num sistema integrado de informação.

A partir de 2003, as atribuições até então de competência do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI/FUNASA) passaram para a esfera direta do MS, face sua reestruturação. Desta forma, a Fundação passou a ter apenas duas áreas finalísticas de atuação: Saneamento Ambiental e Atenção Integral à Saúde dos Povos Indígenas, a cargo respectivamente dos seus Departamentos de Engenharia de Saúde Pública (DENSP) e de Saúde Indígena (DESAI).

A FUNASA trabalha, como gestora do Subsistema de Saúde Indígena na estrutura do SUS, em duas vertentes principais: consolidar o controle social e alcançar melhoria da saúde da população. As ações de inclusão social, pela saúde, são feitas com a prevenção e o controle de doenças e agravos ocasionados pela falta ou inadequação de saneamento básico em áreas de interesse especial, como comunidades indígenas, remanescentes de quilombos, reservas extrativistas, populações ribeirinhas e assentamentos da reforma agrária.

Cabe então ressaltar que a Aldeia Piebaga foi escolhida como objeto do presente estudo de caso porque vinha apresentando um elevado padrão de morbidades, no período de 2004 a 2006, carecendo de intervenção física no seu meio ambiente com a finalidade de prover saúde para a comunidade. Segundo Pereira (2007), morbidade refere-se ao conjunto de indivíduos doentes em uma determinada população, num dado intervalo de tempo. Cabe observar que a taxa de morbidade mostra as doenças e os agravos à saúde na população.

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de Cuiabá e o território do município de Santo Antonio de Leverger, antes da chegada do homem branco. A palavra bororo significa „pátio da aldeia‟. Trata-se do pátio central da aldeia onde são enterrados os mortos até a decomposição do corpo, significando para aquele povo indígena a „morada dos filhos do sol‟ (BRASIL, 2006b).

O universo da presente pesquisa engloba, dentre outros dados importantes, informações básicas sobre a FUNASA e sua forma de atuação na implementação de ações de saneamento ambiental, especificamente sobre o tema Saneamento e Saúde Indígena na sua relação ao desenvolvimento de projetos de implantação de sistemas de abastecimento de água e de melhorias sanitárias domiciliares, com o objetivo de promover a saúde pública e a inclusão social das classes econômicas menos favorecidas do país.

Tendo em vista que os serviços relativos à execução de obras físicas para implantação das infraestruturas de saneamento básico são feitas de forma terceirizada, cabe observar que a Lei nº 8.666, de 21/06/1993 (BRASIL, 1993), exige que todas as ações que envolvam recursos públicos sejam precedidas competição entre as empresas prestadoras dos serviços necessários, em igualdade de condições e de forma que a Administração Pública possa escolher a opção que melhor lhe convier para o atendimento das necessidades da população.

A eficiência na execução do projeto tem a ver com o emprego da técnica adequada para que a aplicação dos recursos - humanos, financeiros, técnicos e materiais - seja feita de forma criteriosa e correta, assim como a execução do cronograma físico do projeto. O entendimento da OPAS é no sentido de que a análise da eficiência engloba a relação entre o esforço utilizado e os resultados alcançados por uma determinada política (BRASIL, 2004).

Já quanto à eficácia no alcance dos objetivos previamente estabelecidos no projeto, a interpretação da OPAS é de que a análise da eficácia visa responder à questão: „os objetivos e metas propostos no projeto foram atingidos‟?. Tal resposta pode ser obtida por meio de um estudo comparativo entre os objetivos de um determinado programa e os resultados obtidos de sua execução (BRASIL, 2004e).

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Cabe aqui registrar, por sua grande importância para o desenvolvimento do presente trabalho, a contribuição de alguns autores que avaliaram os impactos de ações de saneamento ambiental, sob a ótica da promoção da saúde a populações indígenas beneficiadas pela intervenção governamental em suas terras, a partir de uma breve revisão de literatura sobre os aspectos de saneamento e saúde indígena, com segue:

Ao traçar o perfil epidemiológico das populações indígenas no Brasil, Coimbra Junior e Santos (2001) verificaram que a gestão da saúde dos índios - transferida da FUNAI para a FUNASA em 1999 – estava diretamente relacionada a processos históricos de mudanças sociais e à expansão de frentes demográficas e econômicas no País. Os autores concluíram que as condições de saúde dos povos indígenas no Brasil são precárias, colocando-os em uma posição de desvantagem em relação a outros segmentos da sociedade nacional.

Já Toledo (2006) identificou que os principais problemas sanitários e socioambientais que interferem diretamente na saúde e na qualidade de vida dos habitantes do Distrito Sanitário Especial Indígena Iauaretê - DSEI-Iauaretê, situado na Terra Indígena do Alto Rio Negro, no Município de São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, eram o aumento da concentração populacional e as alterações do seu modo de vida tradicional, resultando em agravos à saúde da população, principalmente devido à ausência de saneamento básico.

Por sua vez, Lima et al. (2007) apresentou proposta de discussão interdisciplinar no sentido de avaliar os impactos causados na saúde, envolvendo um leque de questões, que vão desde condições de saneamento até práticas produtivas, a partir de estudo entre os índios Xukuru do Ororubá, Município de Pesqueira, Estado do Pernambuco, considerando que as alterações no modo de vida tradicional, do ano de 1500 até os dias atuais, vêm resultando em mudanças na saúde e no ambiente entre indígenas no Brasil.

Numa outra pesquisa a respeito da morbidade entre os índios brasileiros, Gilio et al. (2008) verificou que a alta incidência de parasitos entre os indígenas da Reserva Rio das Cobras, Município de Nova Laranjeiras, Estado do Paraná, indica suscetibilidade a infecções parasitárias, já que habitam em condições inadequadas, sem água potável e sem as mínimas condições higiênico-sanitárias, tendo contato contínuo com ambientes altamente contaminados. Tal situação carece da implantação de infraestrutura de saneamento básico para atendimento das mínimas necessidades de saúde da população.

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níveis de saúde muito precários da população, em face às precárias condições de saneamento básico, como abastecimento de água e esgotamento sanitário.

Hökerberg (1997), após analisar o atendimento assistencial à saúde dos índios Kaingáng do Rio Grande do Sul, no período de 1985 a 1995, concluiu que a quantidade de óbitos evitáveis por assistência básica à saúde indígena é o diferencial do atendimento dos serviços de saúde entre essa etnia e o restante do Estado, uma vez que as áreas indígenas Kaingáng são ligadas por estradas pavimentadas a municípios que contam com centros de saúde ou hospitais de pequeno porte.

Pena e Heller (2008) avaliaram os impactos na saúde - de 2000 a 2003 – na população infantil indígena da etnia Xakriabá do Distrito Sanitário Especial Indígena de Minas Gerais e do Espírito Santo (DSEI-MG/ES), situado em São João das Missões em Minas Gerais, focalizando obras de saneamento relativas a abastecimento de água, esgotamento sanitário, disposição de resíduos sólidos e programas de higiene e educação sanitária.

Os resultados de tal avaliação indicaram que houve redução das taxas de morbimortalidade infantil naquela população nos anos de 2000 e 2002; mas no entanto os autores concluíram que os serviços de saúde e as infraestruturas de saneamento básico disponibilizados estavam longe de contornar a situação de saúde, já que das 1.224 habitações ocupadas somente 719 foram atendidas.

Aliado à falta de atendimento sanitário, os estudos de Giatti et al. (2004) revelaram baixo conhecimento da população de Iporanga - SP, sobre contaminação por verminoses, transmissão, prejuízos à saúde e profilaxia de doenças parasitárias intestinais, evidenciando também altos índices microbiológicos de poluição por esgotos domésticos no Rio Betari, à montante e à jusante, uma vez as fossas rudimentares utilizadas por 91% dos domicílios favorece a proliferação de enteroparasitoses e demais doenças de veiculação hídrica.

Tal problemática é agravada, também, com acréscimos populacionais provocados pela vocação local para o ecoturismo, indicando a necessidade da implementação de ações relativas a abastecimento de água potável, esgotamento sanitário e de um programa de educação ambiental em saúde.

Em outra oportunidade, Giatti (2007) discutiu as dificuldades de equacionamento do saneamento básico, no sentido do abastecimento de água e da melhoria da saúde pública em núcleos urbanos na Amazônia brasileira, a partir de pesquisa em São Gabriel da Cachoeira, localizada no noroeste do Amazonas.

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a sua implementação - que resultará na efetiva melhoria da saúde pública - exige um estudo de cenários complexos, compostos de aspectos ambientais e socioculturais, assim como a promoção do envolvimento participativo das sociedades, com metodologias continuadas que considerem as particularidades locais.

Considerando a Região Norte, Azevedo (2006) traçou um panorama sobre a utilização da água subterrânea na fronteira entre Brasil e Colômbia, representada pelas cidades de Tabatinga e Letícia, respectivamente, as quais utilizam o manancial subterrâneo indiscriminadamente. Nessa cidade brasileira havia mais de 2.000 poços em funcionamento, devido à deficiência do sistema público de abastecimento de água.

O cenário mostrou a importância de ampliação da cooperação mútua para maiores investimentos em saneamento, incluindo estudos para alcançar o uso racional do mesmo manancial por ambos os países, dadas suas responsabilidades legais na preservação dos recursos hídricos da região, uma vez que a ocorrência e a distribuição da água subterrânea no planeta não se limitam a fronteiras geopolíticas estabelecidas pelos dois países. , sob o ponto de vista da população beneficiada, sob o ponto de vista da população beneficiada

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Tabela 1 - População recenseada e estimada em 2007
Gráfico 1 - Distribuição regional das terras indígenas em 1995
Tabela 3 - População Indígena Brasileira em 1995
Figura 1 - Organização do DSEI e Modelo Assistencial
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Referências

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