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Estoques e Distribuição de Armas de Fogo no Brasil

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Academic year: 2021

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Estoques e Distribuição de Armas

de Fogo no Brasil

Projeto

“MAPEAMENTO DO COMÉRCIO E TRÁFICO ILEGAL DE ARMAS NO BRASIL”

Pesquisa elaborada pela Oscip VIVA COMUNIDADE

Apoio:

Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp)

Ministério da Justiça

Câmara dos Deputados Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO

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PUBLIT SOLUÇÕES EDITORIAIS Rua Miguel Lemos, 41 sala 605

Copacabana - Rio de Janeiro - RJ - CEP: 22.071-000 Telefone: (21) 2525-3936

E-mail: editor@publit.com.br

Copyright© 2010 por Viva Comunidade

Título Original: Manual de rastreamento de armas pequenas Editor

André Figueiredo Editoração Eletrônica

Luciana Lima de Albuquerque Consultoria Editorial

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Ministério da Justiça

Ministro da Justiça:

Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto

Secretário Nacional de Segurança Pública: Ricardo Brisolla Balestreri

Secretaria-Executiva do Pronasci Ronaldo Teixeira da Silva

Coordenadora Geral de Ações de Prevenção em Segurança Pública, Senasp

Cristina Gross Villanova

Sub-Comissão de Armas e Munições da Câmara Federal

Presidente

Deputado Raul Jungmann

Viva Comunidade / Overview Pesquisa

Coordenador do Projeto:

Antônio Rangel Bandeira (Viva Comunidade)

Equipe Técnica Chefe de Pesquisa:

Pablo Dreyfus in memoriam (Viva Comunidade) Pesquisadores:

Júlio Cesar Purcena (Viva Comunidade)

Marcelo de Sousa Nascimento (Overview Pesquisa) Assistentes de Pesquisa:

André Luís da Silva Nunes (Overview Pesquisa) Natasha Leite de Moura (Viva Comunidade) Renata Pedro (Overview Pesquisa)

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S

UMÁRIO

1. Introdução ... 7

1.1. Breves considerações históricas ... 7

1.2. Obstáculos à Pesquisa ... 9

2. Cálculo do estoque ... 15

3. Impacto da circulação de armas ... 31

3.1. Violência armada ... 31

3.2. Apreensão de armas de fogo ...33

4. Resultados das campanhas ... 35

4.1. Entrega voluntária de armas de fogo ... 35

4.2. Recadastramentos de armas de fogo ... 38

5. Conclusão ... 41

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1. I

NTRODUÇÃO

O primeiro objetivo deste trabalho foi traçar o universo de circulação de armas de fogo no Brasil a partir de métodos já testado em pesquisas anterio-res por nossa equipe. O segundo escopo foi avaliar este universo de armas a partir do impacto de campanhas de entrega e regularização do registro de armas de fogo. A pesquisa contou com a atualização dos dados das principais fontes de informações sobre a matéria, além dos dados sobre o impacto, provenientes dos órgãos responsáveis pela segurança pública no Brasil e do sistema de saúde.

Esta pesquisa buscou estabelecer parâmetros para avaliar as políticas de controle de armas implementadas recentemente no país, outro objetivo deste trabalho. O método utilizado é aqui exposto, com o intuito de propor uma discussão sobre este importante aspecto, de uma área de conhecimento nova, e que exige criatividade. Entendemos que é necessário não só buscar méto-dos capazes de avaliar essas políticas, mas manter regularidade na elaboração desse tipo de pesquisa, o que permitirá produzir uma série continuada que possa ser monitorada por novas políticas de controle de armas.

A presente análise está assim sistematizada: considerações históricas, con-trole de armas no Brasil, obstáculos à pesquisa, cálculo dos estoques de armas, impacto da circulação dessas armas e avaliação das recentes campanhas. 1.1. Breves considerações históricas

O primeiro regulamento nacional sobre armas de fogo foi promulgado em 1934, e tratava essencialmente da produção e do comércio internacional

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de armas de fogo, enquanto os registros para civis eram regulamentados por diretrizes do Ministério do Exército, mesmo que de maneira secundária. Este regulamento previa que as autoridades estaduais deveriam providenciar esse controle, que, contudo não era obrigatório. A partir de 1980, o Ministério do Exército introduziu novas regras, como: o registro obrigatório das armas nas secretarias de segurança pública; quantidade e tipo de armas para os civis maiores de 21 anos de idade armas que ficavam registradas nas polícias civis de cada estado. Entretanto, não havia nenhuma instituição nacional respon-sável pela centralização desses registros. Mesmo assim essa regulamentação foi um avanço, já que a legislação anterior previa apenas o registro como uma condição opcional (Iooty, 2005; Dreyfus e Nascimento, 2005).

O passo seguinte foi a criação da primeira versão do Sistema Nacional de Armas (Sirnam), através da Lei 9.437, de 20 de Fevereiro de 1997. Um dos objetivos dessa lei foi centralizar o registro de armas, administrado isolada-mente pelas 27 unidades da federação (UF). Outro objetivo foi controlar os pedidos de posse e, em alguns casos, portes de armas, através da consulta de registros criminais. Desse modo, somente após a autorização da Polícia Federal, os estados podiam emitir as licenças. Todavia, os estados tinham a obrigação de atualizar essas informações periodicamente, mas o processo de digitalização de registros locais era lento, o que dificultava a interligação ao Sinarm. Além do mais, a maioria das informações sobre armas de fogo registradas e apreendidas era subnotificada. Por essa razão, o número de armas registradas no Sinarm era inferior ao número de armas comunicadas (Dreyfus e Nascimento, 2005).

Em função disso, a segunda versão do Sinarm – a Lei 10.826 de 22 de Dezembro de 2003 (Estatuto do Desarmamento) – consistiu na elaboração de um sistema que centralizava, ainda mais, as informações sobre armas no Brasil. Os aspectos técnicos e administrativos da nova lei só entraram plenamente em vigor em julho de 2004, por meio do Decreto 5.123. O Estatuto do Desar-mamento estabeleceu a responsabilidade de registro de armas, bem como suas licenças pela Polícia Federal. Com isso, revogou a prerrogativa dos esta-dos de emitir autorizações de posse e porte de armas. Finalmente, a Polícia Federal passou a centralizar em um único banco de dados todas as informações sobre fabricação, vendas internas, importações de armas de fogo para civis, além de armas de fogo apreendidas, e outras situações, pelos estados.

Por outro lado, o Exército, através da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército Brasileiro (DFPC), permaneceu controlando as

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infor-tais como: a fabricação e o comércio internacional de todos os segmentos (civil e militar); o registro e a posse de armas de fogo de oficiais militares e dos membros das polícias militares, dos caçadores, dos atiradores e dos colecionado-res (CAC); e as armas patrimoniais das Forças Armadas, das policias militacolecionado-res e dos corpos de bombeiros dos estados, da Agência Brasileira de Inteligência e do Gabinete Segurança Institucional da Presidência da República.

Toda essa informação, segundo o Decreto 5.123, fica armazenada em um banco de dados conhecido como Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma). A diferença entre os dois sistemas reside no fato do Sinarm concentrar as informações para armas de fogo nas mãos de civis, além de aspectos relacionados à segurança pública, como apreensão de armas, e o Sigma concentrar as informações sobre armas em mãos de militares, bem como informações ligadas às questões de defesa nacional, como produção e destruição, isto é, o que se relaciona com o nível de estoque.

1.2. Obstáculos à Pesquisa

Após essa descrição sumária do histórico do controle de armas no Brasil, já podemos apontar os principais obstáculos encontrados durante a compilação dos dados pertinentes à pesquisa. Foram eles:

a) O intercâmbio pleno entre os dois principais sistemas de controle de armas, Sinarm e Sigma. Cabe ressaltar que a interligação entre essas bases contempla o “ciclo de vida” da arma, da produção e, em alguns casos, da importação até a destruição;

b) O intercâmbio pleno entre as secretarias estaduais de segurança pú-blica e a Polícia Federal que, deveria alimentar efetivamente o Sinarm com informações sobre registros e outras ocorrências que envolvam armas de fogo;

c) A ausência de informações sobre a situação das armas de fogo acauteladas pelo sistema judiciário.

As razões que explicam a ocorrência desses obstáculos foram objeto de pesquisas anteriores. (Dreyfus, Nascimento e Purcena, 2009; Purcena e Nascimento, 2010). Daí que não nos debruçaremos sobre esse aspecto do problema.

Outro tipo de obstáculo enfrentado teve relação com o período de dispo-nibilidade das informações sobre registro de armas. Desde a primeira vez que essa metodologia foi aplicada (Dreyfus e Nascimento, 2005), identificou-se

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como variava esse período, conforme apresentamos na tabela 2, onde a maioria dos estados teve informações disponíveis, a partir do início dos anos 1980, quando o Exército instituiu o registro obrigatório. Assim sendo, existe a possi-bilidade de observar uma lacuna nos registros de armas, que pode variar de 20 a 50 anos. Além do mais, algumas entrevistas confirmaram que os registros anteriores à obrigatoriedade podem estar arquivados de forma não sistematizada, ou ainda, alguns registros podem ter se deteriorado com o tempo (Dreyfus e Nascimento, 2005).

Cabe ressaltar que algumas armas de fogo, compradas antes do registro obrigatório, ainda estão em condições de uso. Podemos citar, como exemplo, as armas coletadas durante a primeira Campanha de Entrega Voluntária (2004 e 2005). Segundo análise dos dados das armas entregues no Viva Rio, 85% dos revólveres Taurus (a marca mais frequente nas apreensões de armas de fogo) foram fabricadas antes de 1981, e cerca de 90% se encontravam em estado de funcionamento. Além disso, mais de 60% das pessoas, que entre-garam voluntariamente armas de fogo, tinham mais de 50 anos de idade, o que sugere que a maioria das armas entregues foi comprada antes de 1980, certamente antes de 1997.

Embora tenhamos esses problemas com os registros antigos, desde 2008, a Polícia Federal tem trabalhado junto com os estados e outros atores, como a Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam), numa campanha de legalização das armas de uso permitido em posse de cidadãos, conforme estabelecido no Art. 30 do Estatuto do Desarmamento (armas de fogo que foram adquiridas antes do Estatuto e não possuíam registros esta-duais). A tabela 1 corrobora a preocupação das autoridades responsáveis pela matéria, de que existe a necessidade de controlar os registros de armas de fogo em posse informal, isto é, aquelas que estão à margem da lei, porém não necessariamente utilizadas em crimes. Além de indicar a adesão dos estados na regularização de armas de fogo de uso permitido, a iniciativa demonstra o resultado positivo que a articulação entre diversos atores pode provocar através de campanhas de mobilização.

A tabela 1 apresenta os dados da campanha em 2008 e 2009, e permite observar que a articulação do Estado com atores da sociedade civil resultou no aumento da regularização das armas, Tivemos 20 estados com aumento percentual superior a 100%. Os estados do MT (39,4 mil %), RO (13,7 mil %) e SE (6,7 mil %) tiveram aumentos bastante expressivos em relação ao ano anterior. Por outro lado, apenas SP (-89%) e RS (-96%) apresentaram quedas na variação. O AP não apresentou informação para o ano de 2008, e por isso

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Tabela 1– Armas de fogo de uso permitido anistiadas em 2008 e 2009, segundo UF. UF Armas regularizadas no Sinarm (2008) Armas regularizadas no Sinarm (2009) % 2008-2009 UF Armas regularizadas no Sinarm (2008) Armas regularizadas no Sinarm (2009) % 2008-2009 AP S/I 1.001 - TO 226 1.362 503% RS 5.095 227 -96% MS 855 5.357 527% SP 7.604 838 -89% CE 737 4.828 555% AC 12.844 15.862 23% ES 580 5.184 794% PR 969 1.704 76% RN 156 1.662 965% MG 2.999 5.347 78% BA 143 1.550 984% DF 18.646 33.287 79% PI 55 918 1569% AM 630 1.565 148% GO 215 3.846 1689% RJ 2.933 7.425 153% PE 145 2.800 1831% AL 1.018 2.917 187% RR 171 3.478 1934% PA 381 1.168 207% SE 249 16.900 6687% PB 624 2.046 228% RO 358 49.359 13687% MA 710 4.055 471% MT 68 26.852 39388% SC 1.785 10.741 502% Total 60.196 212.279 253%

Fonte: elaborados a partir das informações do Sinarm

Conforme a metodologia que orientou esse trabalho (Dreyfus e Nasci-mento, 2005), buscamos comparar o total de armas registradas nos estados com os dados do Sinarm, e nosso objetivo era avaliar possíveis discrepâncias entre as fontes que poderiam indicar subnotificação, isto é, constatar se os estados não tinham passado informações de registro de maneira plena para o Sinarm. O que pôde ser medido através da diferença entre o informado pelos estados e o número que constava no Sinarm. Assim, quanto maior fosse o registro na SSP e menor no Sinarm, maior seria a subnotificação, conforme demonstrado na tabela 2. Essa noção não foi deixada de lado na presente atualização da estimativa dos estoques de armas de fogo no Brasil, mas optamos por destacar as campanhas realizadas recentemente para mitigar esse problema. Portanto, destacamos o aumento de 23% entre 2006, que representou mais de um milhão de armas de fogo, como resultados das campanhas de regularizações dessas armas.

Além dos obstáculos para a identificação dos dados de armas de fogo em mãos civis, outro desafio importante para a pesquisa foi a obtenção de dados do Exército Brasileiro. Neste relatório não contamos com as informações do Anuário Estatístico do Exército (Aneex), base de dados que contém informa-ções sobre a produção, vendas internas e externas de armas de fogo de uso permitido, bem como número de lojas de armas e de estabelecimentos registrados para exercício de atiradores e caçadores. Por esse motivo, adotamos

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os dados disponibilizados no trabalho anterior (Dreyfus e Nascimento, 2005), que eram dados sobre produção e vendas, cobrindo o período de 1967-2003, além de informações sobre os CAC e as lojas de armas.

Apesar dessa rica fonte de informações, não foi possível obter dados sobre os estoques das Forças Armadas, nem tampouco das armas de uso privativo dos militares. Conforme foi mencionado, esses dados são registrados no Sigma e, a exemplo dos demais países latino-americanos, são considerados altamente confidenciais (Dreyfus e Nascimento, 2005). Contudo, decidimos nessa versão dedicar maior espaço para a avaliação do universo de armas de fogo em mãos de civis. Ainda assim, em termos comparativos, apresentare-mos esses dados baseados em outras versões desta metodologia (Dreyfus e Nascimento, 2010).

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UF Registros no Sinarm (2003) Registros no Sinarm (2006) Registros no Sinarm (2010) Registros nas SSP's Período coberto pelo registros estaduais Início do registro AC 3.652 35.151 62.906 481 2000–04 S/I AL 13.822 38.296 46.493 1.299 2002–03 1969 AM 36.322 43.201 64.328 34.813 1942–2003 1942 AP 6.008 10.296 15.893 9.500 1980–2004 1968 BA 56.037 70.340 86.394 61.414 1983–2003 1952 CE 22.668 65.429 85.682 53.278 1980–2004 S/I DF 70.713 190.826 202.236 160.000 1962–2003 1962 ES 20.975 27.033 51.940 39.541 1983–2004 1965 GO 86.321 251.642 261.557 144.000 1996–2003 1967 MA 21.958 33.714 48.345 S/I S/I 1970 MG 96.908 121.846 266.264 99.327 1995–2003 1942 MS 43.643 54.516 73.875 20.201 1997–2003 S/I MT 58.862 72.882 103.730 18.011 1997–2003 1975 PA 33.669 45.518 64.207 124.258 1943–2003 1943 PB 105.285 97.479 102.073 S/I S/I 1963 PE 124.748 199.420 222.710 172.947 1975–2005 1975 PI 34.458 32.990 42.612 S/I S/I 1987 PR 229.470 233.422 297.558 300.000 1964–2003 1964 RJ 160.646 190.183 224.713 550.669 1951–2001 1951 RN 51.852 60.935 66.838 34.860 1997–2003 1980 RO 26.202 28.986 44.996 19.340 1997–2003 S/I RR 10.077 13.861 20.487 S/I S/I S/I RS 164.133 207.322 492.807 501.901 1950/55–2003 Entre 1950 e 1955 SC 57.888 229.376 292.462 245.545 1972–2003 1972 SE 15.384 18.053 23.824 21.940 1983–2003 S/I SP 1.593.902 1.957.808 2.077.004 1.593.902 1935–2003 1935 TO 10.088 21.607 27.024 36.000 S/I 1989 Total 3.155.691 4.352.132 5.368.958 4.243.227

Tabela 2 – Armas de fogo registradas segundo fonte de informação, período e UF.

Nota: Dados para o Sinarm até setembro de 2010.

Fonte: elaborados a partir das informações do Sinarm e (Dreyfus e Nascimento, 2005; Dreyfus e Nascimento, 2010).

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2. C

ÁLCULO DO ESTOQUE

Para realizar o cálculo do estoque, baseamo-nos no método desenvolvido anteriormente por Dreyfus e Nascimento (2005) e revisado recentemente por Dreyfus e Nascimento (2010). Nesta versão, decidimos focar o cálculo de es-toque para avaliar essencialmente a dimensão civil da circulação de armas. Além disso, em função de novas informações dos estados reunidas na presente pesquisa, tivemos a oportunidade de refinar o multiplicador usado no traba-lho, que se baseou nas armas apreendidas com registro prévio. Nas versões anteriores, o percentual de registro prévio levava em conta somente as armas apreendidas no Rio de Janeiro, com dados referentes ao universo de armas apreendidas e registradas nesse estado, e correspondia ao período de 1951 a 2003 (Dreyfus e Nascimento, 2005).

Já na atual versão, contamos com mais 288 mil informações, considerando

todos os órgãos que cooperaram ao longo deste trabalho 1. Foram informações

provenientes de:

 Acordo de cooperação entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro e o Viva Rio.

_________________________________________________

1 As secretarias de segurança pública dos estados: Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Rio Grande do Sul, São Paulo e Tocantins. Os Tribunais de Justiça dos estados: Acre, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A Polícia Federal forneceu informações através do Serviço Nacional de Armas e das Superintendências Regionais dos estados do Acre, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Por último, informações do Exército Brasileiro.

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 Cooperação das secretarias estaduais de segurança pública com a CPI das Armas, da Câmara dos Deputados, entre abril de 2005 e novem-bro de 2006.

 Colaboração das secretarias estaduais de segurança pública e do Sinarm com a Subcomissão de Armas e Munições da Câmara dos Deputados, entre abril de 2007 e junho de 2009.

Contamos, ainda, com os dados de alguns Tribunais de Justiça estaduais, Exército Brasileiro, outros departamentos da Polícia Federal e Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça Entretanto, somente cinco estados ofereceram as informações apropriadas para calcular o registro prévio; foram eles: Alagoas, Bahia, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Com base nestes estados, encontramos 23,6% de registro prévio entre as armas apreendidas, a partir do cálculo de uma média ponderada pelo número de armas disponíveis. Esse multiplicador foi utilizado para calcular o estoque, recorrendo-se a uma decisão conservadora.

Por outro lado, oferecemos uma versão menos ortodoxa, que leva em conta o percentual de armas de registro prévio encontrado no Distrito Federal. O principal motivo para recorrer a uma versão menos ortodoxa se deu em função desse estado ter apresentado registros de armas de fogo de vários estados, bem como de outros órgãos como as Forças Armadas. O percentual encontrado foi de 29,4%.

A revisão do multiplicador baseado no registro prévio se constitui na principal distinção deste exercício em relação às versões anteriores de apli-cação desse tipo de metodologia. Ademais, optamos por não diferenciar mais os grupos criminal e informal, uma vez que ambos constituem o grupo de armas ilegais que têm sido o principal alvo das políticas de controle de armas no Brasil.

Finalmente, detalhamos os principais grupos, que sendo devidamente mapeados, permitem estimar o universo de armas em circulação no Brasil. Lembramos que utilizamos dados oficiais para os grupos: pessoas físicas, empresas de segurança privada, empresas privadas e lojas de armas; e utilizamos dados estimados para os grupos: armas de uso privativo dos mi-litares (oficiais e suboficiais), dos bombeiros e dos policiais mimi-litares (PM), CAC, armas patrimoniais dos militares e dos órgãos de segurança pública.

Na tabela 4, apresentamos as informações de registros no Sinarm referen-tes aos anos de 2006 e 2010, para o grupo de civis que formam a dimensão

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de armas legais de uso privado: pessoas físicas (A), empresas de segurança privada (B), empresas privadas (C) e lojas de armas (D).

Por último, por se tratar de uma estimativa, buscamos arredondar os valo-res para últimas casas decimais, seguindo a regra, maior ou igual a 5, para cima, e menor de 5, para baixo.

A. Pessoas físicas

Segundo os dados do Sinarm, em 2006 havia 3.688.500 registros de armas de fogo para pessoas físicas, a maior parte deles oriundos dos estados de SP (46%), GO (6%), SC (6%) e PR (6%). Em setembro de 2010, esses registros chegaram a 4.514.208 registros. Os estados de SP (39%), RS (9%), PR (6%), SC (6%) e GO (5%) foram aqueles que tiveram os maiores percentuais. Possivelmente, as alterações nas posições foram em função das regulariza-ções nas campanhas de entrega e recadastramento de armas de fogo dos últimos anos.

B. Empresas de segurança privada

De acordo com informações do Sinarm, em 2006 existiam 238.500 regis-tros de empresas de segurança privada, sendo SP (36%), RJ (11%) e MG (7%) os estados com os maiores números de empresas com armas de fogo. Em se-tembro de 2010 esses registros chegaram a 259.856, sendo os estados SP (41%), DF (9%), MG (8%), RJ (6%) e RS (5%) aqueles com maiores representações.

C. Empresas privadas

Em relação às empresas privadas, segundo o Sinarm, em 2006, havia 63.100 registros de armas de fogo por parte delas. Os estados com maior participa-ção foram SP (63%), DF (7%) e PE (8%). Em setembro de 2010, esses regis-tros chegaram a 61.024, e os estados com maior percentual foram SP (33%), RJ (10%), MG (7%), RS (6%) e BA (6%).

D. Lojas de armas

Segundo o Sinarm, em 2006 as armas de fogo registradas para lojas especializadas nesse produto totalizaram 135.400 e os estados com maiores percentuais foram SP (23%), RS (22%) e RJ (8%). Em setembro de 2010, esses registros chegaram a 178.720 e os estados com maior participação foram: SP (26%), RS (20%), RJ (8%), SC (7%) e PR (5%).

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Tabela 4–Registros de armas de fogo no Sinarm, 2006. Pessoa física (A) Segurança privada (B) Empresas privadas (C) Lojas de armas (D) Total Pessoa física (A) Segurança privada (B) Empresas privadas (C) Lojas de armas (D) Total AC 32.038 450 20 231 32.739 58.179 540 34 1.069 59.822 AL 32.975 2.059 406 965 36.405 39.531 2.503 143 1.573 43.750 AM 33.178 3.064 574 4.087 40.903 52.142 4.367 486 4.675 61.670 AP 7.861 743 8 548 9.160 13.214 1.214 11 555 14.994 BA 43.967 12.441 895 1.459 58.762 52.841 15.558 1.312 4.090 73.801 CE 52.640 4.866 407 1.437 59.350 66.808 6.468 620 2.518 76.414 DF 149.119 7.039 4.407 5.639 166.204 149.004 6.281 7.743 6.897 169.925 ES 16.108 5.369 313 549 22.339 38.158 6.484 806 809 46.257 GO 236.894 5.069 1.159 6.122 249.244 243.758 7.087 1.062 7.596 259.503 MA 25.716 2.936 742 2.752 32.146 37.838 4.163 860 2.280 45.141 MG 88.206 16.685 859 5.324 111.074 212.747 19.327 636 9.284 241.994 MS 46.691 2.672 639 2.993 52.995 62.190 2.886 633 3.234 68.943 MT 65.243 2.274 230 4.540 72.287 95.021 2.894 196 4.752 102.863 PA 27.878 10.144 517 2.227 40.766 41.752 10.887 750 3.247 56.636 PB 91.004 2.950 710 663 95.327 94.314 2.625 566 571 98.076 PE 180.466 8.269 3.205 4.560 196.500 194.403 9.127 2.853 1.316 207.699 PI 28.122 1.340 249 404 30.115 36.078 1.757 259 583 38.677 PR 203.336 11.600 2.440 7.161 224.537 262.037 12.614 2.455 9.652 286.758 RJ 132.433 25.659 1.621 11.049 170.762 164.269 24.689 1.421 14.478 204.857 RN 53.529 2.207 281 243 56.260 58.816 2.197 268 332 61.613 RO 24.152 1.217 334 1.650 27.353 39.209 1.457 342 1.902 42.910 RR 12.285 304 26 546 13.161 18.120 335 27 536 19.018 RS 153.263 14.407 2.399 29.811 199.880 418.075 16.610 2.104 36.089 472.878 SC 206.402 5.800 343 7.334 219.879 260.837 7.608 450 12.710 281.605 SE 13.094 1.625 198 674 15.591 15.965 2.705 142 743 19.555 SP 1.712.577 86.734 40.015 31.330 1.870.656 1.765.956 86.582 34.762 45.882 1.933.182 TO 19.329 539 67 1.072 21.007 22.946 891 83 1.347 25.267 Total 3.688.506 238.462 63.064 135.370 4.125.402 4.514.208 259.856 61.024 178.720 5.013.808 UF 2006 2010

Nota: Dados para o Sinarm até setembro de 2010. Fonte: elaborados a partir das informações do Sinarm.

Para suprir a ausência de informações do Exército Brasileiro, que complementariam a estimativa para as armas privadas, utilizamos com fonte secundária os dados de outro trabalho. Orientamos aqueles que têm interesse em se aprofundar na discussão, a consultarem o trabalho Small Arms in Brazil: Production Trade, and Holdings. Para estimativa dos estoques não civil ou estatal, os referidos dados foram:

E. Armas de uso privado dos militares

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e 27% para os militares reformados. Cabe ressaltar que os oficiais e suboficiais representam 43% do contingente das Forças Armadas, que podem ter e portar armas de uso privado, o que exclui os praças, que podem obter autorizações para posse e porte apenas em casos especiais.

F. Armas de uso privado dos bombeiros e policiais militares

A estimativa de registros de arma de fogo para bombeiros e policiais militares foi de 637.200. Os membros das forças auxiliares da ativa, segundo a estimativa, têm 425.000 armas de registradas, enquanto os reformados 212.200.

G. Colecionadores, atiradores e caçadores (CAC)

Os CAC, grupo de civis controlado pelo Exército, têm estimado 212.600 registros de armas de fogo, sendo 155.100 para colecionadores, 52.800 para atiradores e 4.700 para caçadores.

Da mesma forma, apresentamos a estimativa de armas legais em poder do Estado:

H. Estado

Em relação aos dados das armas patrimoniais (pertencentes ao Estado), as Forças Armadas tem o maior arsenal, pois concentram 62% do total, os órgãos ligados à segurança pública ficaram 36% e outros órgãos, como os de Justiça, representaram 2%. Ao detalhar por grupos, os militares da ativa de-têm 402.200 armas registradas, os da reserva 914.400; as polícias militares 561.600; as polícias civis, Federal e Rodoviária Federal somaram 193.700; Força Nacional de Segurança Pública 10.800; e os outros órgãos somaram 37.100.

Com as informações desses grupos, o passo seguinte foi calcular a quan-tidade estimada de armas em circulação. Desse modo, as informações sobre apreensão de armas são essenciais, pois no momento em que o Estado in-tervém nesse estoque de armas, geralmente por meio de operação policial, retira-se uma amostra das armas em circulação. Elas podem ter tanto uma origem legal quanto ilegal. Portanto, o princípio se baseia na dedução de que as armas apreendidas representam uma amostra do universo de armas em circulação. Assim, a tarefa fundamental é saber qual é a proporção de armas com registro prévio, dentro das armas apreendidas. É essa proporção que

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permite estimar a circulação de armas de fogo para um determinado univer-so, conforme ilustrado na figura 1.

Entretanto, as informações sobre armas apreendidas apresentam um nível de riqueza de detalhes que podem ir além da estimativa per se. Na figura 1, foram incluídos (lado direito) alguns exemplos de exploração dessas informa-ções, que de maneira geral podem ser utilizadas com apoio ou apoiando outras análises e/ou fontes de informações. Por exemplo, citamos o trabalho Seguindo as Rotas das Armas (Purcena e Nascimento, 2010), que consistiu em analisar padrões de transferências internacionais de armas, declaradas no sistema alfandegário, com apreensões e rastreamentos de armas de fogo. Todavia, as possibilidades são inúmeras, tais como relacionar a apreensão de armas com os tipos mais frequentes de delitos. Por fim, essas análises, bem como a própria estimativa de circulação, podem ser uma importante ferramenta de avaliação de políticas de controle de armas.

Figura 1: Esquema sobre método de estimação da circulação de armas de fogo % com registro prévio Apreendidas Armas em circulação •Tendências de fluxos internacionais e de apreensões. •Identificar canais de desvios por rastreio de armas.

•Padrões desvios de tipos e marcas mais freqüentes.

• Padrões de tipos e calibres envolvidos em delitos.

Fonte: elaborado pelos autores.

O cálculo foi realizado da seguinte forma: supondo que armas de uso privado em circulação (Circ) representam um universo de 100%, logo as ar-mas de pessoas físicas (grupo A) com registro prévio (Reg) representam uma

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outra parte. Conforme mencionamos, o percentual médio de armas apreen-didas com registro prévio foi de 23,6%. Este percentual foi maior nas armas apreendidas no DF, 29,4%, e conforme o resultado do ranking desta pesquisa, as razões podem ser enumeradas da seguinte forma: maior capacidade de gerenciar informações digitalizadas, informatização dos diversos órgãos responsáveis pelo controle de armas e total integração com o Sinarm. Além disso, a capacidade de cruzar informações de armas apreendidas com registros que vão além do escasso registro estadual, apresentou informações de armas apreendidas que tinham registro em outros estados ou registro atual na Polícia Federal ou no Sigma (no caso de armas militares).

Por estas razões, resolvemos nesta análise apresentar duas estimativas de armas em circulação: uma bem conservadora, que supõe a incapacidade das instituições estaduais em atingirem melhorias em seus sistemas de gestão de armas de fogo, e outra menos ortodoxa, que toma como base a capacidade do DF relacionada a todos os estados.

Apresentadas ambas, calculamos:

(RegPF) = (Circ) * % registro prévio (Circ) = (RegPF) / % registro prévio

Conservadora Não ortodoxa

(Circ) = 3.688.500 / 0,236 = 15.629.237 (Circ) = 3.688.500 / 0,294 = 12.545.918

Entretanto, houve redução dessa circulação em função das Campanhas de Entrega Voluntária de Armas e destruições realizadas pelo Exército. Sendo assim, calculamos uma circulação efetiva subtraindo as armas entregues e as armas destruídas pelo Exército.

Conservadora Não ortodoxa

(Circ) efetiva = 15.629.237 – (491.725 + 748.000) (Circ) efetiva = 14.389.512 (Circ) efetiva = 12.544.918 – (491.725 + 748.000) (Circ) efetiva = 11.306.193

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Para calcular as armas ilegais, que necessariamente são de uso privado, utilizamos o total de circulação efetivo subtraído do total de armas registradas de pessoas físicas (grupo A), ou (Reg).

(Circ)efetiva = (Reg) + (Ileg) ou (Ileg) = (Circ)efetiva - (Reg)

Sendo assim, temos o total de armas ilegais em circulação.

Conservadora Não ortodoxa

(Ileg) = 14.389.512 – 3.688.500 (Ileg) = 10.701.012

(Ileg) = 11.306.193 – 3.688.500 (Ileg) = 7.617.693

Sobre o, total de armas em circulação, considerando as armas patrimoniais e as armas, somamos o grupo 1 e 2, isto é, armas legais de uso privado mais armas ilegais.

Conservadora Não ortodoxa

Total (Circ) = 7.490.300 + 10.701.000 Total (Circ) = 18.191.300

Total (Circ) = 8.378.600 + 7.617.700 Total (Circ) = 15.996.300

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Tabela 5 – Total de armas de fogo em circulação no Brasil, segundo quantida-de e grupo quantida-de usuários.

Nota: Dados para o Sinarm até setembro de 2010.

Fonte: elaborada pelos autores a partir de informações do Sinarm e (Dreyfus e Nascimento, 2010).

Optamos por utilizar a estimativa inferior (16 milhões), estabelecida pelo critério menos ortodoxo e, assim, avaliamos a distribuição das armas de fogo em circulação de acordo com os principais grupos de usuários. No gráfico 1, representamos a distribuição entre as armas de origem legal e ilegal, destacando que as armas ilegais foram a maioria no total em circulação. Em comparação com os dados apresentados na versão que deu inspirou essa pesquisa, essa distribuição era igual, 50% para os dois lados (Dreyfus e Nascimento, 2005). A presente versão apresentou um leve aumento na participação de armas legais 52,4%. É possível que esse aumento seja em função das atualizações dos demais grupos e do percentual de armas apreendidas com registro prévio.

Grupo Inferior Superior

1 Armas legais 8.378.608 7.490.300

Armas legais de uso privado 6.258.808 5.370.500

A Pessoas físicas 4.514.208 3.688.500

B Empresas de segurança privada 259.856 238.500

C Empresas privadas 61.024 63.100

D Lojas de armas 178.720 135.400

E Uso privativo de oficiais e sub-oficiais das Forças Armadas: 395.200 395.200

Ativa 289.800

Reformados 105.400

F Uso privativo de bombeiros e policiais militares: 637.200 637.200

Ativa 425.000 Reformados 212.200 G CAC: 212.600 212.600 Colecionadores 155.100 Atiradores 52.800 Caçadores 4.700 H Estado 2.119.800 2.119.800 Militares: 1.316.600 Ativa 402.200 Reserva 914.400

Órgãos de segurança pública: 766.100

Polícias militares 561.600

Polícias civis, Federal e Rodoviária Federal 193.700 Força Nacional de Segurança Pública 10.800

Outros órgãos 37.100

2 Armas ilegais 7.617.693 10.701.012

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Gráfico 1 – estimativa de armas de fogo em circulação segundo situação.

Nota: Dados para o Sinarm até setembro de 2010.

Fonte: elaborado pelos autores a partir de informações do Sinarm e (Dreyfus e Nascimento, 2010).

Ao observarmos o gráfico 2, pode-se perceber que a estimativa de armas de fogo em circulação concentra-se mais nas mãos de pessoas físicas, enquanto que o Estado fica em segundo lugar (25,3%). Lojas de armas e empresas priva-das representam uma parcela pequena priva-das armas de fogo legais em circulação. Gráfico 2 – estimativa de armas de fogo legais em circulação segundo grupo de usuário.

Nota: Dados para o Sinarm até setembro de 2010.

Fonte: elaborado pelos autores a partir de informações do Sinarm e (Dreyfus e Nascimento, 2010).

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Ao aprofundarmos nossa análise sobre as armas de fogo legais em circu-lação – em mãos privadas –, notamos que estas se encontram em sua maioria com pessoas físicas (90%).

Gráfico 3 – estimativa de armas de fogo legais em mãos privadas em circulação segundo grupo de usuário.

Nota: Dados para o Sinarm até setembro de 2010.

Fonte: elaborado pelos autores a partir de informações do Sinarm e (Dreyfus e Nascimento, 2010).

No gráfico 4 nota-se que, da estimativa de armas de fogo que foram inseridas no Sigma, o maior percentual estimado é o de uso privativo de bom-beiros e PMs (51,2%), enquanto que o CAC possui 17,1% do total.

Gráfico 4 – estimativa de armas de fogo inseridas no Sigma segundo grupo de usuário.

Nota: Dados para o Sinarm até setembro de 2010.

Fonte: elaborado pelos autores a partir de informações do Sinarm e (Dreyfus e Nascimento, 2010).

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Ao direcionarmos a nossa observação para os CAC,observamos que a estimativa de armas de fogo se concentra mais entre os colecionadores (73%), sendo o grupo dos caçadores o de menor percentual (2,2%).

Gráfico 5 – estimativa de armas de fogo dos CAC segundo grupo.

Nota: Dados para o Sinarm até setembro de 2010.

Fonte: elaborado pelos autores a partir de informações do Sinarm e (Dreyfus e Nascimento, 2010).

Já entre as armas de fogo patrimoniais, dentro de nossa estimativa, são os militares da reserva (43,1%) e os órgãos de segurança publica (37,9%) que possuem o maior percentual.

Gráfico 6 – estimativa de armas de fogo patrimoniais segundo grupo.

Nota: Dados para o Sinarm até setembro de 2010.

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Uma vez destacado o perfil dos usuários de armas, avaliamos o perfil de parte das armas em circulação através dos dados de apreensão. Segundo os dados fornecidos pelas SSPs, mais da metade das armas – nas UFs, onde os dados são conhecidos –, é de revólveres; o percentual de armas militares é baixo nos estados que as têm. Já as armas longas para caça representam 39,5% do percentual no estado de GO, seguidos de MS (24,9%) e RS (21%). Em relação aos dados fornecidos pelo Sinarm, pode-se perceber que a maio-ria dos estados, a exemplo dos dados das SSPs, possui mais da metade de seu percentual em revólveres, com exceção do Acre (54,5% de armas de caça); nos restantes, os percentuais são semelhantes aos dados das SSPs.

Tabela 6 – Apreensão de arma de fogo segundo UF, tipo e fonte de informação.

Revólveres Pistolas Armas longas para caça Armas de fogo militares Armas de fabricação caseira Outras armas/ sem informação Revólveres Pistolas Armas longas para caça Armas de fogo militares Armas de fabricação caseira Outras armas/ sem informação AC - - - - - - 36,4 9,1 54,5 - - -AL 78,2 7,8 9,3 0,2 2,9 1,6 81,2 6,8 11,9 0,1 - -AM - - - - - - 50,0 16,7 33,3 - - -AP - - - - - - 78,6 7,1 14,3 - - -BA 85,0 9,5 4,3 1,1 - - 81,6 12,2 5,9 - - 0,3 CE - - - - - - 65,5 7,4 25,8 0,4 - 0,8 DF 76,2 14,6 8,6 0,2 0,1 0,4 79,2 14,3 6,5 0,1 - -ES 71,8 13,6 12,1 0,0 2,5 0,0 75,1 14,4 10,3 0,1 - -GO 55,3 4,6 39,5 0,1 0,4 0,2 79,3 9,0 11,7 - - -MA 67,8 5,4 3,7 0,6 22,5 - 78,7 8,5 12,8 - - -MG - - - - - - 61,4 10,1 28,5 - - -MS 68,7 5,8 24,9 0,3 0,3 0,1 76,1 7,3 16,4 0,2 - -MT - - - - - - 71,1 8,5 20,1 0,2 - -PA 77,6 9,1 5,7 0,1 5,1 2,4 56,2 5,9 37,9 - - -PB - - - - - - 73,2 12,2 14,6 - - -PE 77,5 7,8 14,5 - 0,2 - 76,7 8,2 14,9 0,2 - 0,0 PI 81,0 6,5 9,0 - 2,6 0,8 72,2 7,4 19,5 0,0 - 0,8 PR 64,2 15,0 19,0 0,3 0,7 0,8 48,8 8,4 42,5 0,3 - -RJ 56,1 19,2 16,9 3,4 4,1 0,3 68,3 20,5 9,8 1,4 - 0,0 RN - - - - - - 86,1 8,6 5,1 0,2 - -RO - - - - - - 64,1 10,9 25,0 - - -RR - - - - - - 50,0 25,0 25,0 - - -RS 54,3 20,4 21,0 3,9 0,3 - 62,5 10,3 26,1 1,0 - -SC - - - - - - 71,6 8,7 19,7 - - -SE - - - - - - 80,5 11,4 4,7 3,4 - -SP 62,5 18,0 18,8 0,7 - - 64,9 19,9 14,7 0,5 - 0,0 TO 58,4 7,4 34,2 - - - 61,2 6,9 31,9 - - -UF Sinarm SSP

Fonte: elaborado pelos autores a partir dos dados das SSP’s e do Sinarm.

Podemos ver, na tabela 7, que mais de dois terços das armas apreendidas, tanto nos dados fornecidos pelas SSPs quanto pelo Sinarm, são de uso permi-tido. O Maranhão é o estado com o maior percentual de armas de uso restrito apreendidas (24,2% segundo as SSPs), e Goiás possui o percentual mais alto de armas apreendidas que não possuem informação (12,6%). Pelos dados do Sinarm, Roraima é o estado com maior percentual de armas de uso restrito

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(12,5%) e o Piauí (com 11,1%) é a UF com maior percentual de armas sem informação de uso.

Tabela 7 – Apreensão de arma de fogo segundo UF, tipo de uso e fonte de informação.

Permitido Restrito Sem informação Permitido Restrito Sem informação AC - - - 90,9 9,1 -AL 89,8 4,1 6,1 94,5 0,7 4,8 AM - - - 95,2 2,4 2,4 AP - - - 85,7 10,7 3,6 BA 96,8 2,3 0,9 96,6 1,9 1,6 CE - - - 91,0 2,2 6,7 DF 92,9 3,4 3,7 94,6 3,4 2,0 ES 93,4 4,4 2,3 95,3 2,9 1,8 GO 86,1 1,4 12,6 97,8 2,0 0,1 MA 73,5 24,2 2,3 90,4 3,2 6,4 MG - - - 95,6 1,8 2,6 MS 92,9 2,6 4,5 95,2 3,6 1,2 MT - - - 95,1 1,9 2,9 PA 88,4 8,3 3,3 93,2 1,2 5,6 PB - - - 93,9 3,3 2,8 PE 94,8 1,0 4,2 95,3 1,4 3,3 PI 91,1 3,6 5,3 86,6 2,2 11,1 PR 86,4 4,8 8,8 95,3 2,4 2,3 RJ 79,6 15,1 5,3 89,9 8,7 1,5 RN - - - 97,1 1,5 1,4 RO - - - 93,8 1,6 4,7 RR - - - 87,5 12,5 -RS 85,4 11,2 3,4 92,8 5,4 1,8 SC - - - 98,3 0,2 1,5 SE - - - 90,6 6,7 2,7 SP 90,8 6,8 2,4 90,7 7,5 1,8 TO 95,9 1,0 3,1 93,1 1,7 5,2 UF SSP Sinarm Uso Uso

(29)

Segundo os dados das SSPs, a maioria das armas apreendidas é de origem nacional, com exceção de Alagoas, onde o maior percentual é de armas sem informação de origem. Percebe-se também que o percentual de armas, sem origem de informação, é alto, chegando a ser maior que as armas de origem estrangeira em alguns estados. Os dados fornecidos pelo Sinarm são seme-lhantes aos das SSPs, apenas com a diferença de que em Alagoas o percentual de armas sem informação é significativamente menor.

Tabela 8 – Apreensão de arma de fogo segundo UF, origem de fabricação e fonte de informação.

Nacional Estrangeira Sem informação Nacional Estrangeira Sem informação AC - - - 81,8 9,1 9,1 AL 42,7 1,5 55,8 80,8 3,0 16,3 AM - - - 83,3 7,1 9,5 AP - - - 89,3 3,6 7,1 BA 74,8 9,4 15,7 97,5 0,9 1,6 CE - - - 75,2 8,5 16,3 DF 83,3 7,0 9,6 86,6 5,7 7,6 ES 80,8 6,3 12,8 83,9 6,2 9,9 GO 56,4 9,1 34,4 91,0 5,3 3,7 MA 54,4 3,1 42,5 86,2 3,2 10,6 MG - - - 82,0 8,9 9,1 MS 60,9 13,2 26,0 70,3 12,9 16,8 MT - - - 78,2 8,0 13,8 PA 72,5 3,7 23,7 81,2 3,2 15,6 PB - - - 88,7 5,6 5,6 PE 85,5 2,9 11,6 89,3 3,1 7,6 PI 58,6 3,8 37,6 71,4 6,1 22,6 PR 71,8 6,5 21,7 70,7 8,4 20,9 RJ 68,3 16,4 15,3 83,1 12,0 5,0 RN - - - 88,1 6,6 5,4 RO - - - 90,6 6,3 3,1 RR - - - 87,5 12,5 -RS 72,3 7,6 20,2 68,3 18,8 12,9 SC - - - 87,4 9,2 3,4 SE - - - 88,6 6,0 5,4 SP 84,0 10,0 6,0 89,5 6,3 4,2 TO 79,2 4,7 16,1 72,4 6,9 20,7 UF SSP Sinarm Origem Uso

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(31)

3. I

MPACTO DA CIRCULAÇÃO DE ARMAS

Neste item, tratamos de avaliar o impacto da circulação de armas em duas dimensões: a primeira, através do efeito, possivelmente um dos mais visíveis, de mortalidade por projetil de arma de fogo (PAF); e o segundo, através da apreensão de armas de fogo.

3.1. Violência armada

A partir das taxas de mortes por arma de fogo no período, construiu-se cinco indicadores para avaliar a magnitude da violência causada por este meio, bem como o comportamento destas taxas no tempo.

O primeiro indicador é o de nível médio das taxas no período – para cada cem mil habitantes – responsável pela classificação dos estados quanto à vio-lência letal por arma de fogo. Neste quesito, destacam-se com os maiores índices de mortalidade por arma de fogo: Rio de Janeiro (44,1), Pernambuco (43,8), Espírito Santo (36,7), Alagoas (27,7) Distrito Federal (26,5). Estados que ainda têm níveis baixos de mortalidade PAF: Piauí (5,1), Maranhão (6,3), Santa Catarina (7,3), Tocantins (9,4) e Amazonas (9,6).

O segundo indicador é uma padronização das taxas médias, em função da taxa mais alta (Rio de Janeiro), atribuindo-se 100% a este estado e 11,6% do estado do Piauí. Ou seja, a taxa média do Piauí representou 11,6% do Rio de Janeiro, a maior diferença.

O terceiro indicador é a variação entre as médias dos períodos 1996-2002 e 2003-2008. Segundo esse indicador, as maiores variações das taxas de mortes por arma de fogo foram observadas nos estados de Pará (121,2%),

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Maranhão (115,7%), Minas Gerais (102,8%), Alagoas (101,7%) e Piauí (85,2%). Por outro lado, os Estados de Roraima (-39,1%), Acre (-32,5%), São Paulo (-27,3%), Mato Grosso do Sul (-19,6%) e Mato Grosso (-13,6%) tiveram importantes quedas nas taxas conforme foi demonstrado na tabela 9. O quarto indicador é a variação entre as taxas nos anos 1996 e 2008. Ao longo desses 12 anos, o estado do Pará teve a maior variação nas taxas de mortalidade por arma de fogo (317,2%). Além do Pará, os estados que apre-sentaram importantes aumentos nas taxas foram Maranhão (186,4%) e Paraíba (160,2%). Já entre as Unidades da Federação que tiveram quedas nas taxas, destacam-se Amapá (-57,9%), Acre (-53,7%), Roraima (-45,6%), São Paulo (-37,6%) e Mato Grosso do Sul (-36,8%).

O último indicador analisado foi o comportamento da taxa de mortalidade por arma de fogo a partir do ano de promulgação da Lei 10.826 de dezembro de 2003, o Estatuto do Desarmamento e, portanto, o período analisado foi 2003-2008. Neste período, foram observados aumentos nas taxas nos esta-dos do Amazonas (105,8%) Pará (102,5%) Maranhão (93,7%), Alagoas (92,1%) e Bahia (75,2%). Entre os estados com maiores quedas, destacam-se São Paulo (-58,8%), Rio de Janeiro (-38,2%) e Amapá (-32,1%). Foi ainda observado que 13 (treze) estados tiveram aumentos nas taxas de mortes por arma de fogo, enquanto 14 (catorze) apresentaram quedas.

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1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Nível médio Nível médio padronizado Tendência 1996-2002/ 2003-2008 Tendência 1996 / 2008 Tendência 2003 / 2008 AC 14,9 15,1 15,0 9,6 8,8 11,7 13,1 9,4 9,7 6,9 8,3 9,8 6,9 10,7 24,3% -32,5% -53,7% -26,7% AL 20,0 18,0 15,6 14,2 17,5 21,8 25,0 26,7 25,7 30,8 43,3 50,4 51,3 27,7 62,8% 101,7% 156,8% 92,1% AM 10,3 9,0 9,5 8,9 9,3 7,7 7,3 6,5 8,1 8,9 11,8 13,6 13,5 9,6 21,7% 17,6% 31,0% 105,8% AP 23,6 14,7 17,5 13,4 8,6 10,0 10,2 14,6 13,7 9,6 12,6 12,4 9,9 13,2 29,8% -13,1% -57,9% -32,1% BA 12,2 11,9 13,1 11,5 11,6 13,2 15,5 17,1 16,6 17,3 19,1 21,8 30,0 16,2 36,8% 59,7% 147,0% 75,2% CE 6,4 7,4 7,6 8,0 9,4 9,4 10,6 11,7 12,1 13,3 13,9 16,0 16,2 10,9 24,8% 65,4% 153,7% 38,8% DF 30,1 27,1 29,2 26,4 28,8 27,9 26,5 29,8 26,6 23,3 22,0 23,2 23,3 26,5 60,0% -11,8% -22,8% -21,8% ES 25,7 34,5 40,7 38,5 33,3 33,6 38,7 37,2 36,6 36,1 38,6 40,5 43,3 36,7 83,3% 10,6% 68,6% 16,5% GO 13,4 13,1 13,1 15,9 15,6 15,9 18,0 16,6 18,0 17,3 17,3 19,3 20,8 16,5 37,4% 21,4% 54,6% 24,9% MA 4,3 3,7 4,4 3,1 3,6 4,5 4,9 6,3 6,1 8,6 8,6 10,9 12,2 6,3 14,2% 115,7% 186,4% 93,7% MG 6,3 6,7 7,5 5,7 8,9 9,6 12,0 15,9 18,0 17,0 16,7 16,4 14,5 11,9 27,1% 102,8% 131,2% -8,6% MS 28,8 28,8 22,9 19,6 23,9 20,9 22,1 22,2 19,1 17,6 18,6 19,3 18,2 21,7 49,2% -19,6% -36,8% -18,2% MT 21,9 20,4 25,2 21,2 29,8 24,8 25,0 24,5 19,2 19,7 19,7 21,2 20,4 22,5 51,1% -13,6% -6,7% -16,8% PA 6,7 8,1 8,9 7,9 8,5 9,9 11,4 13,8 15,2 18,2 19,9 21,5 27,9 13,7 31,0% 121,2% 317,2% 102,5% PB 8,1 10,2 9,5 8,2 11,5 10,6 12,9 13,7 13,7 15,9 18,2 18,6 21,1 13,2 30,0% 66,4% 160,2% 53,7% PE 32,4 40,9 48,6 47,3 46,6 50,2 46,4 46,6 41,1 42,5 43,4 44,0 39,5 43,8 99,3% -4,0% 21,9% -15,3% PI 2,5 2,5 2,5 2,8 4,7 5,1 5,4 6,8 6,1 6,2 8,1 7,3 6,1 5,1 11,6% 85,2% 149,2% -9,8% PR 12,0 12,2 13,0 13,0 13,6 15,8 17,1 19,5 20,9 21,5 22,9 23,2 25,1 17,7 40,1% 60,3% 109,5% 28,7% RJ 46,4 46,8 47,1 46,5 47,1 46,1 49,3 47,6 45,5 43,4 40,9 37,4 29,4 44,1 100,0% -13,5% -36,5% -38,2% RN 9,8 10,8 7,9 8,7 9,8 11,1 10,6 11,8 12,7 13,9 15,4 18,2 19,2 12,3 27,9% 55,0% 96,4% 62,9% RO 22,4 21,1 25,9 25,4 21,9 29,5 28,5 27,9 24,8 26,9 26,5 22,2 19,4 24,8 56,3% -1,4% -13,1% -30,5% RR 19,1 14,9 21,0 21,4 16,0 14,0 16,4 12,5 12,4 9,9 10,4 8,5 10,4 14,4 32,6% -39,1% -45,6% -16,7% RS 15,4 15,9 14,9 15,1 16,3 16,2 16,6 16,4 16,3 16,3 16,3 17,7 19,0 16,3 37,0% 7,7% 23,7% 15,9% SC 6,0 6,9 6,2 5,7 6,1 6,8 7,6 8,9 8,0 8,0 7,6 7,8 9,8 7,3 16,7% 28,7% 63,7% 10,2% SE 13,5 10,1 11,2 15,8 17,2 22,2 22,4 19,3 16,6 17,1 21,4 18,3 19,3 17,3 39,1% 16,2% 42,2% -0,1% SP 17,4 16,9 19,3 23,6 28,7 30,4 26,8 26,3 20,9 16,2 15,7 11,6 10,8 20,4 46,2% -27,3% -37,6% -58,8% TO 7,9 7,0 9,6 9,6 10,7 14,2 8,7 11,7 9,5 7,8 8,8 7,8 8,7 9,4 21,3% -6,5% 9,9% -26,1% Brasil 16,6 17,1 18,3 18,7 20,6 21,6 21,8 22,4 20,9 20,0 20,4 20,1 20,2 19,9 45,1% 7,4% 21,3% -10,1% UF

Taxas por 100.000 habitantes Percentuais Tabela 9 – Taxas de mortalidade PAF, segundo UF e ano, 1996 – 2008.

Fonte: elaborado pelos autores a partir dos dados das Datasus/ MS para saúde e IBGE para população.

3.2. Apreensão de armas de fogo

A partir da média de apreensões anuais de armas de fogo, calculou-se a taxa de apreensão de armas de fogo, para cada 1.000 em circulação estima-da. Essa média anual de apreensão foi definida a partir dos dados informados pelos estados à Senasp e dos próprios estados através das suas respectivas SSPs, para anos que variaram de 2003 até 2008. Os estados que tiveram maiores taxas de apreensão de armas de fogo, para cada mil armas em circu-lação, foram: Minas Gerais (24,32), Bahia (20,02), Rio de Janeiro (18,79), Rondônia (11,03) e Ceará (10,40). Já os estados com menores taxas de apreensão foram: Maranhão (0,63), Tocantins (0,68), Roraima (0,99), Pará (1,14) e Acre (1,56).

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Tabela 10 – Média anual de apreensão e taxa de apreensão por mil armas em circulação estimada, segundo UF, 2003 – 2008.

Nota: Os estados de AC, AM, AP, CE, GO, MG, MS, MT, PB, PE, PI, RN, RO, RR, SC, SE e SP contaram com dados da Senasp. Os estados de AL, BA, DF, ES, MA, PA, PR, RJ, RS e TO contaram com informações das SSP dos respectivos estados.

UF Média anual de

apreensão

Taxa de apreensão média por mil armas em

circulação estimada AC 248 1,56 AL 612 4,98 AM 590 3,26 AP 95 2,21 BA 4.602 20,02 CE 2.509 10,40 DF 2.181 4,45 ES 1.282 9,57 GO 2.250 3,25 MA 87 0,63 MG 17.224 24,34 MS 1.951 9,54 MT 1.967 6,96 PA 199 1,14 PB 1.222 4,65 PE 3.719 6,49 PI 592 4,92 PR 2.898 3,83 RJ 14.883 18,79 RN 1.169 6,74 RO 1.340 11,03 RR 54 0,99 RS 8.136 6,30 SC 2.380 3,21 SE 408 6,95 SP 30.872 6,10 TO 48 0,68

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4. R

ESULTADOS DAS CAMPANHAS

Neste item, buscamos verificar os principais efeitos das campanhas nos estoques de armas de fogo no Brasil. O primeiro foi através da avaliação das campanhas de entrega voluntária de armas sobre a circulação, comparando 2004/05 e 2008/09. O segundo efeito foi a regularização de armas de fogo realizada em 2008 e 2009.

4.1. Entrega voluntária de armas de fogo

A taxa de entrega voluntária de armas cai consideravelmente quando com-paramos 2004/2005 com 2008/2009, chegando a uma queda de quase100% na maioria dos estados; a única exceção é o Distrito Federal, que teve um aumento de 66,5% na taxa de entrega voluntária de armas.

Segundo a quantidade total de armas de fogo entregue voluntariamente nas campanhas realizadas, avalia-se o grau de adesão da população em resposta às ações do governo, por vezes em parceria com a sociedade civil. A primeira campanha (Campanha 1) recolheu 459.855 armas de fogo, foi realizada entre julho de 2004 e outubro de 2005, coordenada pelo Ministério da Justiça, conduzida pela Polícia Federal, e contou com a participação do Exército, principalmente de organizações da sociedade civil e das igrejas, além de parcerias com órgãos do poder público estadual e municipal. A segunda campanha (Campanha 2) recolheu 30.721 armas de fogo – realizada de julho a dezembro de 2008, e de janeiro à dezembro de 2009 –coordenada pelo Ministério da Justiça e conduzida pela Polícia Federal, com participação da sociedade civil muito reduzida.

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Na Campanha 1, os estados com as maiores taxas de recolhimento de armas de fogo a cada 1.000 mil armas em circulação estimada foram: Sergipe (281,79), Alagoas (104,07), Ceará (101,77), Bahia (72,95) e Amapá (66,07). Já os Estados do Amazonas (2,99), Goiás (8,17), Acre (8,46), Roraima (9,33) e Rondônia (15,31) tiveram as menores taxas de recolhimento por habitantes.

Na Campanha 2, podemos destacar o Distrito Federal, com uma taxa de 28,43 armas de fogo entregues para cada 1 mil habitantes. Essa UF represen-tou 53% do total de armas entregues na segunda campanha. Cabe ressaltar que a Polícia Federal, cuja sede se localiza no Distrito Federal, teve um papel de relevância no recolhimento. Sobre os demais estados, apenas o Amapá apresentou pouco mais de cinco pontos, enquanto que todos os outros ficaram abaixo disso.

Ao considerarmos os resultados das duas campanhas, notamos que apenas o Distrito Federal teve um aumento de 66% na entrega voluntária de armas, enquanto que a maioria dos estados teve uma queda de mais de 90% nas entregas.

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UF Entrega 2004/05 (1)

Entrega 2008/09 (2)

Taxa de entrega por mil armas em circulação (1)

Taxa de entrega por mil armas em circulação (2) % 2004/05 para 2008/09 AC 1.348 73 8,46 0,46 -94,6 AL 12.781 77 104,07 0,63 -99,4 AM 541 36 2,99 0,20 -93,3 AP 2.825 230 66,07 5,38 -91,9 BA 16.766 35 72,95 0,15 -99,8 CE 24.543 156 101,77 0,65 -99,4 DF 8.374 13.945 17,07 28,43 66,5 ES 5.275 346 39,39 2,58 -93,4 GO 5.654 348 8,17 0,50 -93,8 MA 3.200 27 23,06 0,19 -99,2 MG 27.000 990 38,16 1,40 -96,3 MS 4.844 932 23,69 4,56 -80,8 MT 7.306 106 25,86 0,38 -98,5 PA 6.125 139 35,17 0,80 -97,7 PB 12.880 495 48,99 1,88 -96,2 PE 23.651 562 41,30 0,98 -97,6 PI 3.242 210 26,92 1,74 -93,5 PR 36.233 1.064 47,94 1,41 -97,1 RJ 44.065 1.046 55,64 1,32 -97,6 RN 4.259 251 24,57 1,45 -94,1 RO 1.861 12 15,31 0,10 -99,4 RR 510 2 9,33 0,04 -99,6 RS 33.432 1.094 25,89 0,85 -96,7 SC 16.159 878 21,81 1,19 -94,6 SE 16.560 124 281,79 2,11 -99,3 SP 138.787 7.460 27,42 1,47 -94,6 TO 1.634 83 23,26 1,18 -94,9 Total 459.855 30.721 31,94 0,21 -93,3 Tabela 11 – Entrega de armas de fogo nas campanhas 2004/05 e 2008/09 segundo UF e taxa de entrega.

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4.2. Recadastramentos de armas de fogo

Ao analisarmos a tabela 12, podemos perceber que a taxa de regularização de armas teve aumento, em alguns casos drasticamente, quando comparamos os anos de 2008 e 2009. Definimos taxa de regularização como a soma da quantidade de renovação de registros estaduais antigos que não constavam no Sinarm (art. 5º do Estatuto do Desarmamento), mais aquelas armas de fogo sem registros, mas que não estão necessariamente em posse de criminosos (art. 30º do Estatuto do Desarmamento). Essa taxa, de certa forma, é um indicador que permite avaliar o grau de cooperação entre o governo federal e estadual; além da conscientização da população no que diz respeito ao registro de armas de fogo. A taxa de regularização de armas de fogo, no ano de 2008, por mil armas em circulação estimada, destacou o Estado de Rondônia (19,28) como mais coopera-tivo nesse quesito, seguido por Acre (8,54), Distrito Federal (7,19), Pernambuco (2,33) e Sergipe (1,99). No outro extremo, temos Piauí (0,18), Paraná (0,23), Goiás (0,23), Mato Grosso (0,29) e Rio Grande do Sul (0,43). A taxa foi calculada para uma arma de fogo a cada mil em circulação. Cabe ressaltar que não há informa-ções disponíveis para o estado do Amapá, segundo os dados da Polícia Federal.

Quando avaliamos o ano de 2009, quanto à taxa de regularização de armas de fogo por mil em circulação estimada, destaca-se o estado de Rondônia (85,62) como mais cooperativo nesse quesito, seguido por Mato Grosso (28,81), Amapá (18,97), Piauí (17,37) e Pará (16,88). No outro extremo, temos Paraíba (3,12), Amazonas (4,37), Goiás (4,60), São Paulo (4,67) e Rio Grande do Norte (5,17). Ao compararmos as taxas de regularização entre os dois anos, percebe-mos haver um aumento nos estados, com exceção do Amapá, cujos dados de 2008 não foram informados. Os estados com maior aumento na taxa de re-gularização foram: Mato Grosso (9850,7%), Piauí (9585,2%), Rio Grande do Sul (3008,6%), Paraná (2418,3%) e Goiás (1933,4%).

Finalmente, através da comparação entre os resultados encontrados nas campanhas de entrega voluntária e regularização de armas de fogo, observa-mos que a primeira apresentou resultados bem superiores na primeira fase da campanha em relação à segunda; a segunda apresentou resultados satisfatórios no segundo momento da campanha de regularização.

Em comum, as campanhas de entrega e de recadastramento tiveram o fato de ter contado com apoio de outros atores somente em um determinado momento das suas respectivas campanhas. Sendo assim, podemos inferir diante dos resulta-dos que atuação do governo em cooperação com redes de fortes capilaridades

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A Campanha de Entrega Voluntária de Armas entre 2004 e 2005 contou com apoio das igrejas e das ONGs e teve bastante superior à segunda, e a Campanha de Recadastramento de Armas contou com o apoio da Aniam em 2009 obtendo, assim, um resultado mais expressivo em comparação com o ano anterior.

Tabela 12 – Regularização de armas de fogo segundo UF e taxa de regularização.

UF Regularização 2008 (1) Regularização 2009 (2) Taxa de regularização por mil armas em circulação (1) Taxa de regularização por mil armas em circulação (2) % 2008 para 2009 AC 13.607 18.216 8,54 11,44 33,9 AL 2.316 8.257 1,89 6,72 256,5 AM 1.703 7.908 0,94 4,37 364,4 AP - 8.113 - 18,97 0,0 BA 2.992 20.290 1,30 8,83 578,1 CE 2.396 21.022 0,99 8,72 777,4 DF 35.260 62.916 7,19 12,83 78,4 ES 2.200 20.656 1,64 15,43 838,9 GO 1.565 31.822 0,23 4,60 1.933,4 MA 1.602 14.180 1,15 10,22 785,1 MG 13.098 75.819 1,85 10,71 478,9 MS 3.771 23.847 1,84 11,66 532,4 MT 818 81.397 0,29 28,81 9.850,7 PA 1.912 29.389 1,10 16,88 1.437,1 PB 2.096 8.212 0,80 3,12 291,8 PE 13.360 58.369 2,33 10,19 336,9 PI 216 20.920 0,18 17,37 9.585,2 PR 1.751 44.095 0,23 5,83 2.418,3 RJ 7.511 50.418 0,95 6,37 571,3 RN 946 8.969 0,55 5,17 848,1 RO 23.439 104.070 19,28 85,62 344,0 RR 1.036 7.840 1,89 14,34 656,8 RS 5.615 174.546 0,43 13,51 3.008,6 SC 8.665 74.514 1,17 10,06 759,9 SE 1.169 4.365 1,99 7,43 273,4 SP 34.708 236.285 0,69 4,67 580,8 TO 694 7.404 0,99 10,54 966,9 Total 184.446 1.223.839 1,28 8,50 563,5

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5. C

ONCLUSÃO

Este trabalho se constituiu de duas importantes dimensões: estimar o nú-mero de armas em circulação e avaliar essa circulação diante de intervenções. Sobre a primeira, destacamos que foi estabelecida a partir da disponibilização de novos dados, bem como o aperfeiçoamento do método proposto por ver-sões anteriores dessa pesquisa. A segunda tarefa foi relativamente menos complexa que a primeira, já que dependeu da análise de dados disponibilizados. Assim, a circulação de armas de fogo no Brasil ficou definida entre duas faixas de estimativa: 16 e 18 milhões de armas. Chamamos a atenção para essas faixas porque elas dependem, sobretudo, da qualidade e da geração de informação, relativizando esse resultado pela precariedade do controle de ar-mas no Brasil. Utilizando o cálculo conservador, a ponderação da média tem um peso maior no Rio de Janeiro, que tem como vantagem o fato de ter o percentual de registro prévio definido através do cruzamento de duas bases de dados, armas registradas e apreendidas. Por outro lado, esse percentual não leva em consideração possíveis registros de armas de outros estados ou órgãos. A estimativa menos conservadora apresentou essa vantagem ao considerar as informações do Distrito Federal.

Além disso, mais do que optar por uma decisão conservadora ou menos ortodoxa, entendemos que uma mescla entre os padrões do Rio de Janeiro e Distrito Federal seria ideal, já que um cruzamento entre os universos de armas apreendidas e rastreadas fornece um percentual mais apurado. Contudo, deve-se levar em conta os registros de outros estados e órgãos.

Finalmente, a vantagem de ter conhecimento do total de armas de fogo em circulação está relacionada com a possibilidade de estabelecer a relevância

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do tema na agenda de implementação de politicas publicas de segurança, no país. Também, por outro lado, o conhecimento sobre em quais parcelas da sociedade encontram-se estas armas propicia a vantagem de ser possível a aplicação de politicas públicas pontuais, ou seja, diretamente ligadas à parcelas especificas da sociedade. Assim seria possível definir parâmetros para as polí-ticas de controle de armas, bem como para os instrumentos de intervenção, tais como o foram as campanhas de entrega voluntária e de regularização de armas de fogo.

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R

EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DREYFUS, P.; NASCIMENTO, M. S. Posse de Armas de Fogo no Brasil: mapeamento das armas e seus proprietários. in FERNANDES, R. C. Brasil: as Armas e as Vítimas. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2005. p. 126-196.

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PURCENA, J. C.; NASCIMENTO, M. S. Seguindo a Rota das Armas: Desvio, Comércio e Tráfico Ilícitos de Armamento Pequeno e Leve no Brasil. No prelo.

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Referências

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