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Endividamento dos funcionários de Ijuí/RS, associados ao SINTEEP/Ijuí, com empréstimos consignados (estudo de caso)

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UNIJUÍ Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DACEC Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da

Comunicação

Curso Administração – Bacharelado – Modalidade Presencial Disciplina Trabalho de Conclusão de Curso

ENDIVIDAMENTO DOS FUNCIONÁRIOS DE IJUÍ/RS, ASSOCIADOS

AO SINTEEP/IJUÍ, COM EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS

(ESTUDO DE CASO)

Trabalho de Conclusão de Curso

ALINE NADIESCA DELAM CAMARGO

Orientadora: Ma. Marlene Köhler Dal Ri

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ALINE NADIESCA DELAM CAMARGO

ENDIVIDAMENTO DOS FUNCIONÁRIOS DE IJUÍ/RS, ASSOCIADOS

AO SINTEEP/IJUÍ, COM EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS

(ESTUDO DE CASO)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

curso de Graduação em Administração,

Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação (Dacec), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração.

Orientadora: Ma. Marlene Köhler Dal Ri

.

Ijuí (RS) 2017

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AGRADECIMENTOS

Acima de tudo agradeço a Deus, pela força e coragem a mim concedidas durante toda esta longa caminhada acadêmica.

Agradeço aos meus pais, pelo apoio incondicional, me proporcionando carinho, amor e, acima de tudo, compreensão nos momentos em que minha presença não foi possível e quando minha preocupação e atenção pareciam se voltar exclusiva-mente para este trabalho. Obrigada Pai e Mãe!

Aos professores, que demonstraram dedica-ção ao longo do curso e pelos conhecimentos transmitidos, principalmente à professora Marlene Köhler Dal Ri, pela orientação segura, pelo empenho, incentivo, paciência, dedicação e presteza no auxílio das atividades e discussões sobre o andamento deste trabalho de conclusão de curso.

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ENDIVIDAMENTO DOS FUNCIONÁRIOS DE IJUÍ/RS, ASSOCIADOS AO SINTEEP/IJUÍ, COM EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS

(ESTUDO DE CASO)¹

Aline Nadiesca Delam Camargo²; Mestra Marlene Köhler Dal Ri³

¹ Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora do curso de Graduação em Administração da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração.

² Aluna do curso de Graduação em Administração da Unijuí. E-mail: aline.camargo@unijui.edu.br.

³ Orientadora, professora mestra do Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação. E-mail: mkdalri@unijui.edu.br.

Resumo: O presente estudo constitui-se numa pesquisa quantitativa, descritiva, bibliográfica e documental. Seu objetivo é verificar como Auxiliares Administrativos, associados ao SINTEEP/Ijuí, têm se comportado em relação ao crédito consignado; analisar o seu endividamento e/ou capacidade do poder aquisitivo com o crédito consignado e calcular o quanto os bancos ganham com a liberação de empréstimos aos Auxiliares Administrativos. Para a realização desta pesquisa foram utilizados relatórios financeiros e informações do sindicato, as quais tiveram grande valor para o desenvolvimento do estudo. Foi possível observar que o crédito consignado é a opção de grande parte dos Auxiliares Administrativos, mesmo sabendo que uma parcela de seus salários estará comprometida durante todo o tempo de pagamento do consignado. O endividamento dos funcionários ocorre na mesma proporção em que crescem os índices de solicitação de crédito, o que muitas vezes decorre da ânsia em adquirir produtos oferecidos pelo comércio ou até mesmo para quitação de dívidas antiga e com juros mais altos. O crédito consignado tem se tornado um empréstimo atraente devido ao fato de seu juro ser mais acessível em relação aos demais, como crédito pessoal, cartão de crédito e cheque especial. Mesmo assim, a dívida ocasiona uma situação de desequilíbrio orçamentário na economia, gerando redução de poder aquisitivo por um determinado tempo, sendo um aliado no endividamento pessoal. A pesquisa revelou que no início de 2016 foram contraídos 180 empréstimos consignados na região de abrangência do SINTEEP/Ijuí, os quais foram financiados em 48 messes, com parcelas mensais fixas a uma taxa de 2,90% a.m. O valor total dos empréstimos foi de R$ 2.168.311,27, cujo valor aqueceu a economia no período da sua liberação. Cabe aos tomadores de crédito clareza quanto à utilização desses valores.

Palavras-chave: Crédito consignado. Empréstimo. Endividamento. Juros. SINTEEP/Ijuí. Introdução: Na atualidade, o que sustenta a economia é o consumo. Empresas ofertam produtos e serviços no mercado e são remuneradas por meio do lucro. Na outra ponta, na ânsia de consumir, encontra-se o consumidor, que busca formas de acesso ao crédito mediante formas de empréstimos. Os bancos e as instituições financeiras são os principais agentes responsáveis em suprir esta necessidade de crédito, tanto na captação de recursos como na concessão do crédito de natureza pessoal, habitacional, capital de giro ou, ainda, outras modalidades, exercendo papel fundamental no crescimento econômico. O crédito consignado é uma modalidade de financiamento em que é autorizada a retirada do pagamento do débito diretamente da conta corrente do contratante, geralmente mediante desconto em folha de pagamento – por oferecer menores taxas de juros. Nessa modalidade de crédito o agente

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financeiro tem menor risco de inadimplência, pois a parcela mensal de pagamento da dívida é cobrada diretamente da folha de pagamento do trabalhodor. Por outro lado, o trabalhador tem uma parcela do seu salário comprometida mensalemnte com o pagamento da dívida. A falta de planejamento tem levado muitos trabalhadores ao endividamento, pois ao contrair o empréstimo ele compromete uma fatia máxima de 30% do seu salário durante o tempo de duração da dívida. A questão-problema do estudo é “Qual o volume de endividamento dos Auxiliares Administrativos afiliados ao Sindicato SINTEEP/Ijuí com a utilização de crédito consignado?” Para responder à questão, o presente estudo tem o propósito de analisar o grau de endividamento dos Auxiliares Administrativos associados ao SINTEEP/Ijuí, com a utilização de crédito consignado. A realização do estudo se justifica pela relevância do tema e visa atender à exigência do curso de Administração da Unijuí. Está composto pelo Referencial Teórico, Metodologia e Apresentação dos Resultados, que busca informações junto ao SINTEEP/Ijuí quanto ao grau de endividamento dos Auxiliares Administrativos que contrataram empréstimo pelo sistema de crédito consignado durante o ano de 2016.

Metodologia: Quanto a sua abordagem o estudo se classifica em pesquisa quantitativa; quanto aos objetivos trata-se de pesquisa descritiva; e quanto aos procedimentos técnicos caracteriza-se bibliográfica e documental. Para realização da pesquisa foram utilizados dados fornecidos pelo SINTEEP/Ijuí. Os instrumentos de pesquisa foram aplicados por meio de busca realizada em documentos oficiais disponibilizados pelo SINTEEP, como: histórico e caracterização da empresa, número de funcionários auxiliares administrativos associados ao sindicato, e número de funcionários sócios com empréstimo consignado. Após a coleta das informações, os dados foram disponibilizados em planilha de Microsoft Excel, a fim de analisar o volume financeiro de endividamento dos associados ao SINTEEP/Ijuí.

Discussão e Resultados: A pesquisa visou compreender o grau de endividamento e/ou a capacidade do poder aquisitivo dos tomadores de empréstimos do tipo consignado, associados ao SINTEEP/Ijuí. O total desses trabalhadores é de 415 pessoas, dos quais 87% são funcionários da Fidene/Unijuí. Para a concessão do crédito consignado as instituições financeiras devem cumprir normatização do Banco Central do Brasil, que limita a parcela comprometida mensalmente para o pagamento do empréstimo em 30% do valor total do benefício, considerando a amortização e os juros já embutidos no valor da parcela. Constatou-se que no início de 2016, do total de empréstimos concedidos pelas instituições financiras, aproximadamente, 38% foram destinados a funcionários associados ao SINTEEP/Ijuí. Isso significa que, em média, foram concedidos 180 empréstimos consignados para funcionários técnicos administrativos com média salarial de R$ 1.560,00, financiados em 48 meses, com parcelas mensais fixas a uma taxa de 2,90% a.m. Com isso, o beneficiário paga uma taxa de juro anual nominal de 46,62% e uma taxa de juro efetiva anual de 119,83%. Em outras palavras, neste empréstimo o cliente paga o capital emprestado de R$ R$ 12.046,17 e mais um valor de R$ 10.417,83 de juros no período de quatro anos (48 meses), totalizando R$ 22.464,83. Como as parcelas são fixas no período financiado, e o valor da parcela de cada funcionário representa R$ 468,00, os 180 financiamentos apresentam um total de R$ 84.200,00, os quais deixam de girar mensalmente na economia do município. Mensalmente, ao longo de 48 meses (quatro anos), serão descontados os valores referentes à parcela do valor recebido. Ademais, anualmente será descontado um montante de R$ 1.080.880,00, perfazendo em um montante de 4.043.520,00 ao longo de quatro anos. Com relação às instituições financeiras que concederam os empréstimos consignados, pode-se afirmar que o risco de inadimplência para quitação desses valores financiados é muito pequeno, e deve ocorrer somente se o funcionário for demitido antes de pagar todo o financiamento. Nesses casos, quando ocorre a rescisão de contrato, o Departamento de Recursos Humanos da empresa

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desconta 30% da rescisão para amortizar a dívida. Se o valor for insuficiente para quitar o empréstimo, o ex-funcionário deve entrar em contato com o Banco a fim de saber como fará para renegociar a dívida, tendo em vista que ela é pessoal. Outra questão diz respeito ao reajuste salarial do trabalhador, que neste caso é acordado com o SINTEEP/Ijuí. De acordo com a legislação, este reajuste não pode ser inferior à inflação medida pelo INPC, a não ser que haja acordos separadamente.

Conclusão: O presente estudo teve como objetivo analisar a situação em que se encontram os funcionários associados ao SINTEEP/Ijuí com relação à contratação de empréstimos no sistema de crédito consignado, e verificar o grau de comprometimento da sua renda. Para alcançar tal objetivo foi necessário conhecer o contexto em que o tema se insere na atual economia brasileira. Percebeu-se que a facilidade de acesso ao crédito tem levado muitos trabalhadores ao endividamento, principalmente devido à falta de planejamento e de Educação Financeira. Constatou-se que ao longo de quatro anos os funcionários associados ao SINTEEP/Ijuí, tomadores de crédito consignado, estarão quitando seus débitos. Um fator positivo a ser mencionado é que os percentuais a serem retidos de seus salários decrescerão ao longo do período da análise, como uma consequência da prestação fixa do crédito obtido. Apesar disso, caso corra qualquer imprevisto financeiro durante esse período, o poder aquisitivo dos tomadores de empréstimos tende a diminuir. Para as instituições financeiras, contudo, que são responsáveis pelos empréstimos, a inadimplência para quitação desses valores é considerada de baixo risco. Cabe ressaltar que uma dívida só pode ser feita se houver consciência de sua aplicação mediante escolha do melhor tipo de financiamento, adequando-o às necessidades e considerando o prazo, as taxas de juros e as tarifas cobradas. É preciso sempre pesquisar a melhor forma de contrair uma dívida, seja do cheque especial, cartão de crédito, CDC, crédito consignado ou outros. Ao finalizar este estudo, percebe-se que todos os objetivos determinados inicialmente foram atingidos. Ficam latentes, portanto, ao término desta monografia, as seguintes questões: 1) Os associados do SINTEEP/Ijuí RS estão honrando seus compromissos contraídos mediante empréstimos consignados e, consequentemente, diminuído seu poder aquisitivo? 2) De que forma os associados estão suprindo os valores destinados ao consumo e que foram comprometidos pelo crédito consignado? 3) Em razão dos altos juros percebe-se uma grande perda na economia para suprir os valores monetários. Até quando e como essas perdas poderão ser minimizadas?

Referências:

BANCO CENTRAL DO BRASIL. O programa de educação financeira do Banco Central. Disponível em: http://www.bcb.gov.br/. Acesso em: 13 out. 2016.

BORTOLOTTO, Rudimar Roberto. Os aspectos da representatividade no atual direito sindical brasileiro. São Paulo: LTr, 2001.

SCHRICKEL, Wolfgang Kurt. Análise de crédito – concessão e gerência de empréstimos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

SERASA EXPERIAN. Serasa atinge 60 milhões de brasileiros e bate recorde: 80% dos devedores ganham até dois salários mínimos. Disponível em: serasaexperian.com.br/blog/ 2016. Acesso em: 26 mar. 2017.

SINTEEP/Noroeste-RS. Disponível em: http://www.sinteepnoroeste.com.br/. Acesso em: 28 ago. 2016.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Colégio Sagrado Coração de Jesus (CSCJ) ... 13

Figura 2. Faculdade Pioneira ... 13

Figura 3. Fidene/Unijuí ... 14

Figura 4. Colégio Evangélico Augusto Pestana (CEAP) ... 14

Figura 5. Pessoas que têm empréstimo pessoal em banco, consignado ou em financeira ... 25

Figura 6. Total de CPFs negativados – Milhões ... 31

Figura 7. Distribuição do Estados brasileiros segundo o grau de endividamento da população ... 32

Figura 8. Comparação entre a variação do salário mínimo e do INPC ... 35

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Relação dos presidentes do SINTEEP ... 12

Quadro 2. Características dos principais índices de preços ... 27

Quadro 3. Distribuição do total de inadimplentes por trimestre... 32

Quadro 4. Variação do salário mínimo ... 34

Quadro 5. Comparação entre a variação do salário mínimo e do INPC ... 35

Quadro 6. Tabela Price ou Sistema de Amortização Francês (SAF)... 38

Quadro 7. Instituições de Ensino do SINTEEP/Noroeste e respectivo número de funcionários ... 42

Quadro 8. Associados ao SINTEEP/Ijuí ... 43

Quadro 9. Salário-base Educação Infantil ... 43

Quadro 10. Salário-base Educação Superior ... 43

Quadro 11. Valor total do crédito consignado x pagamento de juros – dos auxiliares administrativos associados ao SINTEEP/RS, no período de 2016 a 2020 ... 44

Quadro 12. Valores anuais dos créditos consignados que são pagos por cada funcionário sindicalizado – 2016 a 2019 ... 45

Quadro 13. Valores a serem descontados da folha de pagamento dos funcionários ... 45

Quadro 14. Projeção do salário total dos funcionários sindicalizados do SINTEEP/Ijuí com consignados ... 46

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ... 9 1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 11 1.1 Apresentação do tema ... 11 1.2 Caracterização da organização ... 11 1.3 Definição do problema ... 14 1.4 Objetivos ... 14 1.4.1 Objetivo geral ... 15 1.4.2 Objetivos específicos ... 15 1.5 Justificativa ... 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 16

2.1 O sindicato e a sua origem ... 16

2.2 Desenvolvimento econômico ... 17 2.3 Renda ... 19 2.4 Crédito ... 19 2.4.1 Análise do crédito ... 20 2.4.2 Limite de crédito ... 22 2.5 Crédito consignado ... 23 2.5.1 Crédito e inflação ... 25 2.6 Juros ... 27 2.6.1 Juros bancários ... 28 2.7 Educação financeira ... 29 2.8 Endividamento ... 30

2.9 Salário mínimo no Brasil ... 33

2.10 Tabela Price ... 36

2.10.1 Histórico do Sistema Francês de Amortização – Tabela Price ... 37

2.10.2 Processo de cálculo da Tabela Price ... 37

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ... 40

3.1 Classificação da pesquisa ... 40

3.2 Sujeitos da pesquisa e universo amostral ... 41

3.3 Coleta de dados ... 41

3.4 Análise e interpretação dos dados ... 41

4 APRESENTAÇÃO E DISCUSÃO DOS RESULTADOS ... 42

CONCLUSÃO ... 47

REFERÊNCIAS ... 50

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INTRODUÇÃO

A população brasileira viveu, nos últimos anos, um período caracterizado como “era do crédito”, que tem apresentado menores taxas de juros, além de facilidade na contratação de empréstimos. Com isso, o crédito consignado tem atraído cada vez mais, um maior número de pessoas interessadas em operar essa modalidade de crédito.

O crédito é usado pelas pessoas que não possuem recursos disponíveis para obter o bem-estar material. Dentre as várias formas de crédito, o consignado é uma opção para maximizar o poder de compra e satisfazer desejos e necessidades.

O consumidor desempenha um duplo papel na economia, pois, de um lado, ele fornece serviços para os fatores de produção e, por outro, demanda por produtos acabados. Seu papel, portanto, é de fundamental importância, sendo considerado uma unidade tomadora de decisões de gastos.

A distribuição da renda do consumidor em determinados bens e serviços determina as demandas de diversos setores, inclusive as do comércio varejista. Para melhor compreender o comportamento dos consumidores, é importante, primeiramente, examinar as suas preferências, bem como as suas restrições orçamentárias. É diante de suas preferências e limitações de renda que o consumidor busca adquirir mercadorias que lhe proporcionem bem-estar e satisfação.

As pessoas consomem produtos por uma série de razões: primeiro, há os bens e serviços dos quais necessita para sobreviver, como comida, roupas e abrigo. Depois, há os bens que são consumidos porque aumentam a sua satisfação ou melhoram o seu padrão de vida. Finalmente, há bens que são consumidos porque lhe dão prestigio e status. O ponto importante dessa afirmação é que o consumidor não apenas visa a substituição de bens, mas também aumentar o seu prazer e a sua satisfação, o que leva a acreditar que os seus desejos de consumo são ilimitados.

Chiavenato (1998), ao analisar essa pirâmide de necessidades, afirma que o ser humano é um ser social, vive em grupo e tem necessidades de consumir. As organizações, cientes dessas necessidades, desenvolvem habilidades que despertam um grande desejo de consumo no indivíduo, muitas vezes sem necessidade.

Considerando que crédito e endividamento caminham lado a lado, estes são fatores considerados fundamentais num novo modelo de sociedade de consumo, endividada e globalizada. Ao analisar o atual fenômeno de endividamento é importante considerar que a

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concessão de crédito, sob a forma de consignação1, é concedida até mesmo a quem tem restrições creditícias, de modo rápido, fácil e sem consulta às entidades de proteção ao crédito. Isso gera um falso poder, pois em decorrência da facilidade de acesso ao crédito pode haver o comprometimento da renda de quem o toma, conduzindo-o a uma situação de endividamento.

Na atualidade, o que sustenta a economia é o consumo. Empresas ofertam produtos e serviços no mercado e são remuneradas por meio do lucro. Em contrapartida, ao obterem lucro, eles conseguem contratar trabalhadores que vendem a sua força de trabalho em troca de um salário, que é usado para adquirir bens e serviços. A demanda por esses bens gera a necessidade de contratar mais trabalhadores remunerados que novamente gastam seus salários em consumo. Em tempos de recessão o desemprego aumenta e, com isso, há menos dinheiro circulando e, consequentemente, há uma queda no consumo.

Os bancos e as instituições financeiras são os principais agentes responsáveis em suprir esta necessidade de crédito, tanto na captação de recursos como na concessão do crédito de natureza pessoal, habitacional, capital de giro ou, ainda, outras modalidades, exercendo papel fundamental no crescimento econômico. O aumento da renda familiar fez com que milhares de brasileiros oriundos das classes D e E migrassem para a classe C e, assim, gerassem uma forte expansão de acesso ao crédito.

O presente estudo está estruturado em quatro capítulos. No primeiro é apresentada a contextualização do estudo, onde consta a apresentação do tema, a caracterização da organização estudada, a definição do problema, seguida pelos objetivos e a justificativa do trabalho. O segundo capitulo é composto pelo referencial teórico, que serve de embasamento para as análises do estudo, enquanto o terceiro capítulo traz a metodologia utilizada no estudo. O quarto capítulo, finalmente, apresenta os resultados do estudo, assim como as devidas análises. Por fim, constam as considerações finais a que se chegou com a realização do estudo, e as referências utilizadas para a sua elaboração. Seguem os apêndices, os quais complementam e ilustram o estudo.

1 Crédito consignado: financiamento em que é autorizada a retirada do pagamento do débito diretamente da

conta corrente do contratante, geralmente mediante desconto em folha de pagamento – por oferecer menores taxas de juros (WIKIPÉDIA, 2017a).

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1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

Este capítulo aborda a apresentação do tema, a caracterização do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado de Ijuí, RS (SINTEEP/Ijuí), o problema, os objetivos (gerais e específicos) e a justificativa para a realização do estudo.

1.1 Apresentação do tema

O Crédito Consignado (também conhecido como Empréstimo Consignado) é um empréstimo com pagamento indireto, cujas parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento da pessoa física. O crédito consignado é mais seguro para quem está emprestando, pois, a cobrança é praticamente automática e a responsabilidade é da empresa empregadora, do sindicato ou do órgão do governo.

1.2 Caracterização da organização

A Associação Profissional do Auxiliares Escolares de Ijuí (Apaesi) foi fundada em 01 de agosto de 1980 como uma associação provisória, no intuito de, futuramente, se transformar em um sindicato. Inicialmente, a Apaesi foi composta por 40 sócios fundadores, que eram funcionários da Associação de Funcionários da Fundação de Integração, Desenvolvimento e Educação do Noroeste do Estado (Fidene), do Colégio Evangélico Augusto Pestana (CEAP) e do Colégio Sagrado Coração de Jesus (CSCJ), os quais não exerciam o magistério em escolas, tampouco em universidades particulares (TOSO, 2000).

Nessa mesma data foi aprovado o Estatuto da Apaesi e definida a Contribuição Social dos associados. O Sr. Telmo Luiz Uriates assumiu a presidência da Comissão Organizadora, com o objetivo inicial de encaminhar o processo de investidura sindical. A criação desse sindicato já vinha sendo discutida desde o ano de 1978, vindo a se concretizar apenas em 1980, com a fundação da Apaesi (TOSO, 2000).

No final dos anos 1970 a ditadura militar ainda predominava no Brasil, mas já havia sinais de restauração do regime democrático. A fundação da Apaesi ocorreu num contexto nacional favorável à retomada do sindicalismo, em que o movimento nacional organizado buscava a criação de novos sindicatos, os quais deveriam estar sob jurisdição do Estado, mas com diretorias próprias, ou seja, autônomas (TOSO, 2000).

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Foi, contudo, a partir das necessidades e dos interesses dos auxiliares que compunham as Associações de Funcionários da Fidene, do CEAP e do CSCJ, na defesa dos interesses da categoria, que foi fundada a Apaesi pois, anterior a esta data, esses auxiliares pertenciam ao Sindicato dos Empregados do Comércio (TOSO, 2000).

Posteriormente, em 13 de janeiro de 1982, foi atendido o propósito da Apaesi, mediante a assinatura da Carta Sindical pelo ministro do Trabalho, Sr. Murilo Macedo. A partir de então a Apaesi passou a ser denominado de Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar de Ijuí (SAAEI). Inicialmente o sindicato restringiu-se ao município de Ijuí, mas depois de um ano ele foi se expandindo para outros municípios, como Santo Angelo, Cruz Alta, Panambi e Ajuricaba. Desde a sua fundação, o SAAEI demonstrou expressiva participação nas discussões em nível local e regional (TOSO, 2000).

Passados alguns anos, em 2004, houve uma mudança da sua denominação, que passou a ser chamado de Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino Privado do Estado do Rio Grande do Sul (SINTEEP), com abrangência generalizada em todas as cidades do Estado (TOSO, 2000).

Atualmente, o SINTEEP está localizado a Rua Tiradentes, 154, no centro da cidade de Ijuí, RS. O Quadro 1, a seguir, apresenta os nomes dos presidentes que atuaram na instituição desde a sua fundação.

Quadro 1. Relação dos presidentes do SINTEEP

Período Nome

1980 a 1982 Telmo Luiz Uriarte

1892 a 1985 Hilário Barbian

1985 a 1988 Roberto Macagnan

1988 a 1991 Vera Lucia Fischer

1991 a 1994 Eder Ocimar Schuinsekel

1994 a 1997 Luiz Roberto Ribeiro

1998 a 2001 Luiz Roberto Ribeiro

2001 a 2004 Dabiel Santos de Oliveira 2004 a 2007 Belair Aparecida Stefanello 2007 a 2010 Daniel Santos de Oliveira 2010 a 2013 Daniel Santos de Oliveira

2013 a 2016 Eder Ocimar Schuinsekel

Fonte: elaboração própria da autora (2017).

A diretoria do SINTEEP é composta atualmente pelo coordenador geral, Sr. Eder Ocimar Schuinsekel; diretora organizadora, Helena Maria Macedo Monteiro; diretor de Assuntos Jurídicos, Cleomar Antonio Lizot; diretor de Formação, Cultura e Educação,

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Firmino Carlos Pereira da Silva; diretor de Saúde e Lazer, Sérgio Galvão Correa; diretora de Imprensa e Divulgação, Marivane Valandro; diretor de Administração e Finanças, Marcio Bonmann; Conselho Fiscal, Luiz Abel da Silva Cavalli, Clarice Korb Herter, Ivo Ceratti Junior; e delegados junto à Federação, Ondina Solange Durande Aguirre e Eldon Serves.

O SINTEEP Noroeste abrange as seguintes áreas do Estado: Ijuí, Cruz Alta, Cerro Largo, Santo Ângelo, Santiago, São Luiz Gonzaga, Três de Maio, Santa Rosa, Frederico Westphalen, Panambi, Três Passos e Palmeira das Missões. Além da diretoria, trabalham ainda no SINTEEP mais três colaboradores (secretárias e estagiária).

As imagens a seguir revelam algumas das escolas de Ijuí, associadas ao SINTEEP/RS.

Figura 1. Colégio Sagrado Coração de Jesus (CSCJ)

Fonte: arquivo pessoal da autora (2017).

Figura 2. Faculdade Pioneira

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Figura 3. Fidene/Unijuí

Fonte: arquivo pessoal da autora (2017).

Figura 4. Colégio Evangélico Augusto Pestana (CEAP)

Fonte: arquivo pessoal da autora (2017).

1.3 Definição do problema

O atual cenário econômico e a situação do país confirmam o interesse do estudo sobre o crédito consignado. Assim, define-se o problema deste estudo como: “Qual o volume de endividamento dos Auxiliares Administrativos afiliados ao Sindicato SINTEEP/Ijuí com a utilização de crédito consignado?”

1.4 Objetivos

Diante do problema apresentado definem-se o objetivo geral (norteador do estudo) e os objetivos específicos, a serem atingidos gradativamente.

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1.4.1 Objetivo geral

Analisar o grau de endividamento dos Auxiliares Administrativos associados ao SINTEEP/Ijuí, com a utilização de crédito consignado.

1.4.2 Objetivos específicos

Visando o alcance do objetivo geral definiu-se os objetivos específicos: a) Conceituar e analisar a metodologia do crédito;

b) Analisar e verificar como se comporta o crédito consignado contratado pelos Auxiliares Administrativos associados ao SINTEEP/Ijuí;

c) Analisar o comportamento do endividamento e/ou a capacidade do poder aquisitivo mediante a contratação do crédito consignado;

d) Verificar e analisar os valores que serão pagos às instituições financeiras com os créditos consignados contraídos pelos auxiliares administrativos.

1.5 Justificativa

Primeiramente, a realização deste estudo se justifica pela relevância do tema e pelo interesse da acadêmica sobre o funcionamento e a ligação do crédito consignado com o superendividamento, comprovando que a geração de dívidas tem como causa a concessão de crédito (fatores associados ao consumo desenfreado e à facilidade de acesso ao crédito, muitas vezes, de maneira não criteriosa).

Ademais, o estudo se justifica pois visa atender às exigências do curso, permitindo à acadêmica vivenciar a realidade do processo de liberação de crédito mediante análise econômica, ter uma visão geral do comprometimento da renda de quem esta adquirindo essa forma de empréstimo e, assim, se preparar para atuar profissionalmente na área. O estudo se torna viável uma vez que há recursos e potenciais informações para a sua elaboração, sendo de extrema importância para a preparação profissional da acadêmica.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

A fim de possibilitar a compreensão do que é e o que envolve o tema “Crédito Consignado” foram utilizadas algumas literaturas, as quais são apresentadas a seguir.

2.1 O sindicato e a sua origem

A palavra “sindicato” tem origem no latim e no grego. No latim, “sindicus” denominava o “procurador escolhido para defender os direitos de uma corporação”, enquanto no grego, “sundikós” é aquele que defende o advogado (WIKIPÉDIA, 2017b).

No Brasil o primeiro movimento sindical teve suas origens nas ligas operárias que reivindicavam salários justos e redução da jornada de trabalho. Nesta mesma época, a mão de obra escrava foi substituída pelo trabalho europeu, atraído pela oferta de trabalho em fazendas e indústrias que se desenvolviam nas cidades. As condições de trabalho eram péssimas e os salários eram baixos, a jornada de trabalho era de 12 a 15 horas diárias, sem direito a descanso nos finais de semanas e nos feriados. Sem contrato de trabalho as demissões aconteciam verbalmente, sem aviso e a qualquer momento (LIGA OPERÁRIA, 2017).

Os patrões não se responsabilizavam por doenças e tampouco por acidentes de trabalho. Nas fábricas os trabalhadores recebiam ameaças, castigos e multas, vivendo em precárias condições de vida LIGA OPERÁRIA, 2017).

As primeiras reivindicações aconteceram por intermédio de organizações que mais tarde, nos primeiros anos do século XX, evoluíram e deram origem aos sindicatos. As principais lutas dessas instituições sindicais tinham um caráter restrito e reivindicavam melhores condições de trabalho, como aumento salarial, jornada de oito horas, repouso semanal e regulamentação do trabalho da mulher e do menor.

Para Gomes e Gottschalk (1996 apud BORTOLOTTO, 2001, p. 46), sindicato é:

o agrupamento estável de várias pessoas de uma profissão, que conveccionam (sic) colocar, por meio de uma organização interna, suas atividades e parte de seus recursos em comum, para assegurar a defesa e a representação da respectiva profissão, com vistas a melhorar suas condições de vida e trabalho.

Um sindicato é uma associação de trabalhadores que se constitui para defender os interesses sociais, econômicos e profissionais relacionados à atividade laboral dos seus integrantes. Conforme o site eletrônico Sua Pesquisa.com (2017), o sindicato é uma

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associação de pessoas de um mesmo ramo trabalhista (metalúrgicos, comerciários, professores, etc.).

O sindicato tem o intuito de representar os trabalhadores. Dessa forma, segundo o art. 2º e 3º do Estatuto do SINTEEP/Noroeste RS (2005) – Dos Fins, Direitos e Deveres, são prerrogativas dos sindicatos:

Art. 2º – Constituem-se finalidades precípuas do Sindicato:

a) lutar por melhorias nas condições de vida e de trabalho do conjunto dos trabalhadores;

b) defender a independência e a autonomia sindical;

c) atuar na manutenção e na defesa das instituições democráticas. Art. 3º – Constituem-se deveres do Sindicato:

a) representar perante as autoridades administrativas e judiciárias os interesses gerais e particulares, individuais e coletivas da categoria; b) celebrar convenções, acordos e contratos coletivos;

c) manter relações com as demais associações de categorias profissionais para concretização da solidariedade da classe trabalhadora e defesa dos seus interesses;

d) lutar pela justiça social e pelos direitos fundamentais do homem;

e) estabelecer negociações com a representação da categoria econômica, visando à obtenção de melhorias para a categoria profissional;

f) promover atividades culturais, profissionais e de comunicação;

g) promover e fortalecer a organização da categoria por local de trabalho e por empresa;

h) colaborar e defender a solidariedade entre os povos para concretização da paz e do desenvolvimento em todo o mundo.

Dessa forma, verifica-se que os sindicatos foram criados para defender os interesses econômicos, profissionais, sociais e políticos de seus associados.

2.2 Desenvolvimento econômico

As teorias do desenvolvimento econômico e suas implicações exigem um amplo conhecimento, o que permite uma análise mais eficiente e eficaz do processo. Para tanto, é preciso inicialmente definir o que se pretende desenvolver e, assim, compreender os requisitos básicos que comprovam tais teorias.

O Produto Interno Bruto (PIB) é o somatório de todos os valores e serviços finais produzidos em determinado espaço por certo período de tempo, considerado um dos mais confiáveis indicadores econômicos adotados para calcular a situação econômica de um determinado espaço.

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Segundo o Dicionário de Economia (SANDRONI, 2016, p. 459), o PIB “representa o valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos no território econômico de um país, independente da nacionalidade dos proprietários dessas unidades produtoras”.

O PIB pode ser calculado de três diferentes formas: segundo a produção, a renda e o dispêndio. Pela ótica da produção, o PIB corresponde à soma dos valores agregados líquidos dos setores primário, secundário e terciário da economia, acrescido dos impostos indiretos, mais a depreciação do capital, deduzidos os subsídios governamentais. Pela ótica da renda ele pode ser calculado sob a forma de salários, juros, aluguéis e lucros distribuídos, somando-se ainda os lucros não distribuídos, os impostos indiretos e a depreciação do capital, do qual subtraem-se os subsídios. Já na ótica do dispêndio, Sandroni (2016) afirma que este resulta da soma do consumo das unidades familiares e do governo, acrescido das variações de estoque, deduzidas as importações de mercadorias e serviços e somadas as exportações. Sob essa ótica, o PIB é denominado Despesa Interna Bruta.

O PIB resulta, portanto, da soma do consumo das unidades familiares e do governo, acrescido das variações de estoque e das exportações, deduzidas as importações de mercadorias e serviços.

Enquanto a renda é criada pelo excedente do valor que o produtor obtém da produção que vendeu sobre o custo de uso, composta por aluguéis, lucros, salários e juros, o PIB é o total das riquezas geradas no país, sendo o Produto Nacional Bruto (PNB) o índice que melhor representa a riqueza do país (SANDRONI, 2016).

A fórmula para o cálculo do PIB de uma região é a seguinte:

PIB = C+I+G+X-M

onde:

– C representa consumo privado

– I é a totalidade de investimentos realizados no período – G é os gastos dos governos

– X é o volume de exportações – M é o volume de importações

Embora sendo um indicador linear, o PIB demonstra o quanto cada indivíduo recebe se a produção interna bruta for distribuída igualmente entre os seus habitantes. Assim, para

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obter o PIB per capita divide-se o valor do PIB pela população. Esta não é uma medida de renda pessoal uma vez que no PIB não são considerados o nível de desigualdade de renda de uma sociedade.

2.3 Renda

O termo “renda” faz referência a um determinado valor monetário que uma organização ou pessoa física recebe por comercializar um bem ou serviço. Estudos de Vasconcellos e Garcia (2004) conceituam renda como a soma dos rendimentos pagos aos fatores de produção para obter o produto num determinado período, composto por aluguéis, lucros, salários e juros.

À medida que a economia se desenvolve, a renda recebida por uma empresa costuma diminuir devido ao aumento da concorrência e da oferta. Nesse momento é preciso cuidar da diminuição dos custos mediante a redução dos custos fixos. Estas circunstâncias costumam levar as empresas a uma substituição dos empregados por bens de capital.

Na maioria dos países, a renda de cada indivíduo vem aumentando lentamente. Isso se deve fundamentalmente a fatores como melhora na educação e por influência da globalização. Além disso, outros fatores favorecem o aumento do nível da renda, por exemplo, a liberdade da tomada de decisão na economia e as condições de estabilidade na política.

2.4 Crédito

Crédito é um termo que traduz confiança e que deriva da expressão “crer”, acreditar em algo, ou em alguém. O crédito, na perspectiva de uma análise financeira, significa a disposição de recursos financeiros para cobrir despesas ou fazer investimentos, ou seja, financiar compras de bens materiais ou serviços.

Para Schrickel (2000, p. 25), “crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém destacar ou ceder, temporariamente, parte do seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa de que esta parcela volte a sua posse integralmente após decorrido o tempo estimado.”

No entendimento de Santos (2003), crédito é “a modalidade de financiamento destinada a possibilitar a realização de transações comerciais entre empresas e seus clientes.” O maior objetivo de uma empresa, portanto, é viabilizar as transações comerciais entre a organização e seus clientes. Para o autor, o crédito diz respeito à troca de um valor presente

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por uma promessa de reembolso futuro, não necessariamente certo, em virtude dos fatores de risco de um financiamento.

Ainda no entendimento de Schrickel (2000), crédito é todo ato de vontade ou disposição de alguém ceder, temporariamente, parte de seu patrimônio a um terceiro, com a expectativa de que ele retorne integralmente após o tempo estipulado. Esta parte do patrimônio pode ser materializada em dinheiro (empréstimo monetário) ou em bens para uso ou venda, mediante pagamento parcelado ou a prazo.

A Revolução Industrial foi um marco no início do crédito, especialmente quando surgiu a classe operária, que usufruía de um emprego mais ou menos estável e vivia do respectivo salário. A certeza dos rendimentos do seu trabalho fez com que os trabalhadores pudessem receber seus vencimentos de forma antecipada, o que originou a prática do crédito.

O Banco Central do Brasil é o principal órgão responsável pelo controle e normatização do mercado de crédito, o qual se constitui em uma ferramenta fundamental para que indivíduos e empresas possam satisfazer a sua capacidade produtiva e, assim, estimular o crescimento econômico. Neste sentido, a expansão do mercado de crédito constitui uma marca importante do ciclo de crescimento da economia brasileira.

A partir de 1967 houve uma intensificação de financiamentos tanto na produção como no consumo. Com a obtenção do crédito, o consumidor passou a ter acesso imediato ao bem, assumindo o compromisso de pagamento futuro. Uma taxa de juro, em conjunto com impostos sobre operações financeiras, é embutida no crédito, compondo os principais encargos do consumidor. Normalmente, os bens financiados são veículos, equipamentos profissionais, materiais de construção, vestuário, eletrônicos, eletrodomésticos, além de outros bens não perecíveis.

Nos dias atuais o crédito possui um importante papel na economia, tornando-se essencial ao financiamento do consumo de algumas famílias e do investimento de setores produtivos. O sistema possibilita um melhoramento em setores tecnológicos, de estrutura e de geração de empregos, possibilitando a melhoria de vida de diversas pessoas e do país como um todo.

2.4.1 Análise do crédito

Análise de crédito é o processo de avaliação do potencial que o tomadar do crédito possui para honrar os pagamentos a quem lhe está cedendo o crédito, bem como os riscos inerentes à concessão. O procedimento visa identificar os clientes considerados de risco em

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não honrar as suas obrigações, acarretando uma possível situação de fragilidade de caixa à instituição financeira. Por meio da análise de crédito é possível identificar a idoneidade do cliente, bem como a sua capacidade financeira para pagar a dívida que pretende contrair.

Segundo Blatt (1999, p. 93), contudo, “este processo cobre uma estrutura mais ampla do que simplesmente analisar o crédito de um cliente e dados financeiros para a tomada de decisão com propósitos creditícios”.

Nesse sentido, Santos (2003) expressa que o processo de análise e concessão de crédito recorre a duas técnicas: a subjetiva e a objetiva ou estatística. A primeira diz respeito ao julgamento humano e a segunda é baseada em processos estatísticos.

Em relação à primeira técnica, Schrickel (2000, p. 27) observa que: “a análise de crédito envolve a habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes mutações e informações incompletas.” Isso significa que grande parte da análise de crédito é realizada mediante julgamento do agente de crédito, baseada principalmente na sua habilidade e experiência.

Santos (2003) complementa afirmando que, além de estar baseada na experiência adquirida, esta técnica considera, também, a disponibilidade de informações e a sensibilidade de cada analista quanto à aprovação do crédito.

A análise subjetiva do tomador do crédito, portanto, é importante, pois conta com a experiência do agente de crédito, que é habilitado a identificar fatores de caráter, capacidade, capital e condições de pagamento. Essa análise, porém, não pode ser realizada de maneira aleatória, mas é preciso que seja embasada em conceitos técnicos a fim de que possam orientar a tomada de decisão.

Segundo Schrickel (2000), em uma situação de análise e liberação de crédito existem basicamente três etapas a cumprir:

a) Análise restrospectiva: analisa o desempenho histórico do potencial do tomador do empréstimo, identificando os fatores de risco. A análise tem como objetivo principal identificar a condição atual do tomador a fim de denunciar eventuais dificuldades ou questionamentos quanto ao seu sucesso em resgatar financiamentos junto ao emprestador. b) Análise de tendência: efetivação segura do empréstimo junto ao tomador, associada à

segurança da sua capacidade em suportar certo endividamento.

c) Capacidade creditícia: síntese das duas etapas anteriores, tendo sido avaliado o grau de risco que o tomador apresenta, bem como o provável grau de risco futuro, concluindo sobre a sua capacidade creditícia e, consequentemente, à proposta de crédito.

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Mediante a realização de uma cuidadosa análise de crédito, a instituição financeira pode identificar os riscos da concessão do empréstimo, evidenciando conclusões quanto à capacidade de pagamento do tomador, além de fazer recomendações relativas à melhor estruturação e tipo de empréstimo a conceder.

Para complementar, Rosa Júnior (2002) ressalta que a política de concessão de crédito envolve um equilíbrio entre lucros nas vendas a prazo e custo de manutenção de uma política de valores a receber, além de possíveis prejuízos de dívidas incobráveis. O autor ressalta, ainda, que a agilidade nas operações mercantis da economia moderna é necessária à eficiente circulação de riquezas. Isso só é possível mediante a viabilidade imediata da mobilização da riqueza produzida pela introdução de crédito.

2.4.2 Limite de crédito

A apuração dos limites de crédito visa definir o valor máximo que um banco admite emprestar para um cliente, considerando o risco extremo que a instituição financeira está disposta a correr (SÁ, 1999). Esse limite de crédito é quantificado num prazo de validade limitado, e a atuação do cliente deve ser periodicamente acompanhada e reavaliada.

O prazo de validade para determinado limite de crédito é fixado para um período que, normalmente, varia de seis meses a um ano. Dentro do período de sua validade pode ser feita nova operação à medida que a anterior for vencendo, devendo ser enquadrada num valor pré-fixado, em obediência às demais condições preestabelecidas quando do deferimento daquele limite. Segundo Rosa Júnior (2002), os parâmetros para o estabelecimento de limites de crédito podem ser classificados em três grupos básicos:

– Quanto o cliente merece de crédito (parâmetro técnico): pode assumir diversas grandezas, dependendo da qualidade do risco apresentado e do porte do cliente;

– Quanto se pode oferecer de crédito ao cliente: está ligada à capacidade de quem vai conceder o crédito e está ligado a parâmetros legais; e

– Quanto se deve conceder de crédito ao cliente: decorre da política de crédito adotada pelo banco, com vistas à diversificação e pulverização da carteira de crédito.

O limite de crédito calculado não significa que atinja o montante de que o cliente necessita, nem o que ele pode pagar. A atribuição do limite de crédito permite uma postura proativa, ou seja, conhecer o cliente, identificar as suas necessidades e os riscos envolvidos antes que haja uma demanda por crédito. Possibilita avaliação mais segura e, posteriormente, agilidade na concessão de novos e possíveis empréstimos.

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Cada instituição financeira possui níveis decisórios que garantem poderes aos gerentes de agências para conceder crédito até o limite apropriado. Acima desse limite a decisão cabe a um superintendente regional. Desta forma, as tomadas de decisão chegam até o Comitê de Crédito, que é o órgão máximo de decisão sobre crédito.

A definição do valor indicativo, portanto, varia conforme as normas específicas de cada instituição financeira. Conclui-se, então, que a análise de crédito é um processo decisório bastante complexo que envolve experiência, conhecimento sobre o que está sendo decidido, método para tomar a decisão e utilização de instrumentos e técnicas específicas.

2.5 Crédito consignado

O Crédito Consignado (também conhecido como empréstimo consignado) é um empréstimo com pagamento indireto, cujas parcelas são deduzidas diretamente da folha de pagamento da Pessoa Física. Sua concessão garante segurança ao agente financeiro, pois a cobrança é praticamente automática e a responsabilidade é da empresa empregadora. Isso possibilita o empréstimo até para pessoas que possuem restrição de crédito. Também se torna vantajoso para o solicitante pois diminui o trabalho de se deslocar à instituição financeira, podendo ser realizado manualmente do computador ou do caixa eletrônico. Esses fatores contribuem para que a consignação tenha juros mais baixos do que o cheque especial e uma significativa melhora na qualidade e na liquidez da garantia oferecida (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2016).

Segundo instruções do Banco Central do Brasil (2005):

A Lei 10.820/03 autorizou o desconto em folha de pagamento de parcelas referentes a empréstimos e financiamentos concedidos por instituições financeiras. A grande vantagem dessa modalidade de crédito é o menor risco de inadimplência, tendo em vista que a liquidação do crédito é efetuada diretamente na folha de pagamento do trabalhador. Consequentemente, a taxa de juros dessa modalidade contratual tende a ser inferior à taxa cobrada nas modalidades com maior risco de crédito. Em função da menor taxa de juros, que o torna bastante atrativo em relação às demais modalidades, o crédito consignado vem apresentando taxas de crescimento bem superiores à média de expansão do crédito pessoal.

Sem dúvida, o empréstimo consignado proporciona condições mais favoráveis de acesso da população ao crédito, ao contrário das demais linhas disponibilizadas pelo sistema financeiro, podendo mesmo impactar nos níveis do spread bancário. Assim, o crédito consignado tem um efeito direto sobre as taxas de juros, observando-se uma redução causada,

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principalmente, pela elevada liquidez da garantia oferecida, representada pelo próprio desconto em folha de pagamento.

Como as parcelas do crédito são divididas e descontadas do salário antes que o dinheiro caia na conta, o tomador do empréstimo precisa se organizar para limitar os seus gastos mensais, ou seja, gastar somente o que lhe vai ser depositado, descontada a parcela do empréstimo. Agindo dessa forma ele não corre riscos de ter dificuldades financeiras com o pagamento dos demais compromissos, inclusive de juros por atrasos.

Os juros do empréstimo consignado costumam ser mais baixos do que os do empréstimo pessoal, o que se deve ao fato de a dívida ser descontada diretamente do pagamento. Assim, o banco tem mais segurança de receber de volta o que emprestou, e praticar a cobrança de taxas mais baixas. Por ter toda essa segurança de pagamento as instituições financeiras realizam o consignado para pessoas com nome “sujo” porque o pagamento é automático e não há perdas. Muitas pessoas, ao se verem em situação difícil para conseguir honrar suas contas, recorrem ao empréstimo consignado até mesmo para conseguir pagar outros tipos de créditos, concentrando todas as contas em uma só e pagar menos juros.

Há que se atentar, contudo, para o caso de demissão do trabalho. Nesse caso, o Departamento de Recursos Humanos da empresa é autorizado a descontar 30% do valor da rescisão para amortizar a dívida. Caso o valor não seja suficiente para quitar a dívida, o funcionário deve entrar em contato com a instituição financeira que lhe concedeu o empréstimo consignado a fim de renegociar a dívida, uma vez que se trata de compromisso pessoal (MONTEIRO, 2017).

Pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito, em conjunto com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (SPC/CNDL, 2016), investiga o comporta-mento relacionado ao pedido de empréstimo consignado em bancos, e elenca que o empréstimo consignado pode ser um meio eficiente para se concretizar sonhos de consumo ou adquirir um bem de valor mais alto.

O referido documento elaborado pelo SPC/CNDL (2016) realizou um estudo em que procurou saber o tipo de empréstimo que predomina entre os tomadores de crédito, ou seja, se possuem empréstimo pessoal em banco, consignado ou pessoal em agência financeira. A Figura 5, a seguir, mostra o resultado dessa pesquisa.

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Figura 5. Pessoas que têm empréstimo pessoal em banco, consignado ou em financeira

Fonte: SPC/CNDL (2017).

A pesquisa também revela que cerca de 35,4% dos entrevistados possuem ao menos uma modalidade de empréstimo: crédito consignado, empréstimo em banco ou em financeira. Observa-se, também, que cerca de 11,7% admitem possuir todas as modalidades de crédito com percentuais mais expressivos entre os pertencentes às classes sociais C, D e E (13,8%).

Entre as principais causas que levam a buscar empréstimos está o pagamento de dívidas, imprevistos e realização de sonho de consumo, que são as principais finalidades do empréstimo pessoal nos bancos.

O crédito consignado também tem suas desvantagens como, por exemplo, as parcelas são descontadas diretamente do salário e, dessa forma, não há como atrasar ou ficar um mês sem efetuar o pagamento. Ademais, como a data de pagamento está condicionada diretamente ao salário, não há como alterar a data, tampouco a operação poderá ser cancelada em caso de mudança de ideia. A única forma das parcelas não serem mais descontadas é mediante a quitação do empréstimo.

2.5.1 Crédito e inflação

A queda no consumo das famílias no primeiro trimestre de 2015 foi influenciada pelo aumento de juros, pelo crédito mais caro e menos acessível, pela aceleração da inflação e pela deterioração no mercado de trabalho. Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2016), “Houve aumento de juros, o crédito para pessoas físicas está mais caro e menos acessível, a inflação deu uma acelerada e o emprego e a renda também desaceleraram [...]. É um efeito conjunto”.

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Neste contexto podem ocorrer situações como as descritas por Stiglitz e Walsch (2003, p. 305), segundo os quais:

Se a demanda por empréstimos supera a oferta, os bancos podem aumentar as taxas de juros cobradas, mas eles podem recear que, ao fazê-lo, aquelas pessoas e empresas que são os melhores riscos – os que mais certamente liquidarão sua dívida – vão procurar outros bancos ou se desinteressar do crédito a esse custo. Se as taxas de juros – como os demais preços – permanecem constantes, um deslocamento na curva de oferta de empréstimos terá um impacto ainda maior do que no caso em que a taxa de juros se ajusta.

A decisão dos bancos de emprestar e fornecer crédito considera fatores que analisam o impacto da ação no mercado. O aumento da moeda circulante alavanca a economia, as famílias e as empresas passam a ter maior poder de compra, o que possibilita suprir uma necessidade imediata mediante pagamento em um maior espaço de tempo atrelado aos juros da operação. Por outro lado, o aumento da demanda agregada estimula a produção, que se não corresponder provocará aumento no nível de preços, gerando a inflação.

Segundo Sachs e Larrian (1998, p. 365), “a inflação é definida como a alteração percentual no nível de preços”. No Brasil há índices básicos de inflação:

– IPC (medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade, de São Paulo – Fipe);

– INPC (do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE); – IGP (calculado pela Fundação Getúlio Vargas – FGV).

Os índices de inflação são usados para medir a variação dos preços e o impacto no custo de vida da população. A inflação que as pessoas sentem no bolso é bem maior que o índice oficial, o que é normal e não significa que o dado oficial seja fraudado.

Cada índice tem uma metodologia diferente, e a medição é feita por diversos órgãos especializados, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

O Quadro 2, a seguir, apresenta as características dos principais índices de preços, medidos pelo IBGE, FGV e Fipe.

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Quadro 2. Características dos principais índices de preços

Fonte: IBGE (2016).

Entre as diferenças de método estão os dias em que os índices são apurados, os produtos que incluem o peso na composição geral e a faixa de população estudada.

Conclui-se, finalmente, que não há crescimento sem inflação. O crescimento se dá com a maior utilização dos recursos, sendo que o Governo utiliza as Políticas Fiscal e Monetária para controlar os índices de inflação, o que é extremamente necessário para que a economia não fique desequilibrada e possa apresentar melhor desempenho macroeconômico, atingindo o desenvolvimento almejado. Manter a inflação sob controle, reduzir os níveis de desemprego, gerar aumento de renda e emprego, fazem parte do planejamento para evitar ou reduzir o máximo possível a falta de crescimento.

2.6 Juros

Juros é o rendimento obtido com o empréstimo de dinheiro a alguém por um determinado período. Os juros são para o credor (aquele que empresta) uma “compensação” pelo tempo que ficará sem utilizar o dinheiro emprestado. Por outro lado, quem faz um empréstimo tem que pagar pela utilização do dinheiro, o que recebe o nome de “juro”.

Para determinar o valor do juro são definidas taxas de percentuais (taxas de juros) fixadas pelo credor. As taxas podem ser maiores ou menores, dependendo do tamanho do

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risco. Segundo o site Significados.com (2016), no Brasil as instituições financeiras utilizam uma taxa de referência básica, criada em 1979 pelo Banco Central do Brasil, chamada Taxa Selic, denominação dada ao Sistema Especial de Liquidação e Custódia, a qual é utilizada para delimitar as taxas de juros para o comércio.

2.6.1 Juros bancários

Segundo a teoria keynesiana, os juros são determinantes do investimento, e afetam de forma expressiva os níveis de emprego e de renda (KEYNES, 1990).

Em 31 de dezembro de 1964, a Lei nº 4.595 criou o Conselho Monetário Nacional (CMN) que, por meio de seu agente executivo – o Banco Central do Brasil (BACEN) – possui competência normativa para deliberar e regrar sobre o funcionamento das instituições financeiras e suas operações.

Posteriormente, a Resolução nº 1.524, de 21 de setembro de 1988, emitida pelo Bacen, permitiu a constituição dos chamados “bancos múltiplos”, ou seja, as atividades desempenhadas pelos bancos comerciais passaram a ser desenvolvidas por outras instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional.

Com isso, ampliou-se o leque de atividades do banco comercial, cujo objetivo principal é proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessários para financiar, a curto e médio prazo, o comércio, a indústria, as empresas prestadoras de serviços e as pessoas físicas. Para atender o seu objetivo, o banco comercial passou a descontar títulos; realizar operações de abertura de crédito, simples ou em conta corrente; realizar operações especiais, inclusive de crédito rural, de câmbio e comércio internacional; captar depósitos à vista e a prazo fixo; obter recursos junto a instituições oficiais; obter recursos no exterior, para repasse; efetuar operações acessórias ou de prestação de serviços, inclusive mediante convênio com outras instituições. (DAL RI, 2009).

Os bancos comerciais, ao concederem empréstimos, multiplicam a quantidade de moeda criada pelo Bacen, o que impede que as taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras sejam separadas da taxa de juros que o Governo oferece aos investidores nacionais e estrangeiros. Essa taxa de juros tem o objetivo de regular a oferta de dinheiro no país e, assim, controlar a inflação, além de atrair recursos internos e externos para financiar investimentos no país e rolar a dívida do governo (DAL RI, 2009a).

A taxa de juros praticada em um país, segundo Dal Ri (2009b), atua como reguladora do crescimento econômico, da estabilidade ou da instabilidade desse crescimento, da inflação

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e das causas de desemprego. São os instrumentos econômicos os únicos meios capazes e necessários para fortalecer o mercado abalado por crises internacionais.

Quando se fala em oferta de moeda refere-se ao volume de papel-moeda em poder do público e aos depósitos à vista nos bancos comerciais. O Bacen estipula um percentual sobre os valores recebidos em depósito pelos bancos comerciais, o qual é recolhido a título de reserva (compulsório), permitindo que o excedente seja emprestado sob a forma de empréstimos bancários (DAL RI, 2009b).

2.7 Educação financeira

A educação financeira pode trazer diversos benefícios, entre os quais possibilitar o equilíbrio das finanças pessoais, preparar o indivíduo para o enfrentamento de imprevistos financeiros e para a aposentadoria, qualificá-lo para o bom uso do sistema financeiro, reduzir a possibilidade de que caia em fraudes, preparar o caminho para a realização de sonhos, enfim, tornar a vida melhor.

Segundo dados do Banco Central do Brasil (2016), a Educação Financeira ainda é algo inacessível e distante da maioria da população. E, apesar de nos últimos anos ter se dado maior atenção ao tema é evidente que muitos ainda não entendam a real importância de uma boa gestão financeira pessoal.

A Educação Financeira é o processo mediante o qual os indivíduos e as sociedades melhoram a sua compreensão dos conceitos e produtos financeiros. Com informação, formação e orientação claras, as pessoas adquirem os valores e as competências necessários para se tornarem conscientes das oportunidades e dos riscos a elas associados e, então, façam escolhas bem embasadas, saibam onde procurar ajuda e adotem outras ações que melhorem o seu bem-estar. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2016).

A Educação Financeira está diretamente ligada aos níveis de endividamento, inadimplência e investimento. Essa educação, portanto, exige disciplina, mudanças de hábitos e de comportamento, pois quanto antes se iniciar, melhores serão os resultados.

Para Tommasi e Lima (2007, p. 14), “o objetivo final da educação financeira é permitir a melhora de nossa qualidade de vida, seja hoje ou no futuro, atingindo de forma inteligente nossos objetivos pessoais.” É ela que vai proporcionar a utilização eficiente da renda, gastando menos e de forma mais eficaz. É necessário que as pessoas avaliem suas necessidades e desejos e entendam como os efeitos de suas escolhas podem afetar a sua qualidade de vida no presente e no futuro.

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O desequilíbrio financeiro e a falta de disciplina são os principais fatores negativos para a ocorrência do endividamento e da inadimplência. Infelizmente, a população não tem a cultura de organizar suas finanças, tampouco de poupar recursos.

A ausência de educação financeira, aliada à facilidade de acesso ao crédito, tem levado muitas pessoas ao endividamento excessivo, privando-as de parte de sua renda em função do pagamento de prestações mensais que reduzem suas capacidades de consumir produtos que lhes trariam satisfação. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2016).

Muitos nem sabem o quanto gastam, como gastam e, principalmente, porque gastaram, pois não conseguem ter controle sobre suas finanças. Por essa razão é fundamental que as pessoas entendam a importância de se iniciar um planejamento financeiro, independente da necessidade em que se encontram.

2.8 Endividamento

As famílias brasileiras nunca estiveram tão endividadas, conforme revelam dados do Banco Central. O endividamento atingiu 44,2% em abril de 2016, maior índice desde 2005, o que significa que a dívida com os bancos tem comprometido quase metade da renda familiar. Segundo economistas, a elevação do endividamento das famílias está relacionada ao fraco crescimento da economia brasileira, que gera menor expansão da renda. Por outro lado, o aumento da inflação pode corroer o poder de compra da população, impulsionando a busca por novos empréstimos.

Uma das principais causas do endividamento é que as pessoas não acompanham seus orçamentos, elas não sabem para onde seu dinheiro está indo, tampouco planejam ou acompanham suas despesas passo a passo.

Pesquisa divulgada pelo Banco Central do Brasil (2016) revela as causas do endividamento, sendo citados os fatos inesperados como uma das principais causas. Os participantes citaram perda de emprego, doença própria ou de alguém da família, morte do responsável pela renda da casa, gravidez não programada e separação conjugal. Com relação à falta de planejamento, os consumidores mencionaram a realização de compras ou abertura de crediário por impulso, afirmando que as linhas de crédito são benéficas se utilizadas de forma consciente.

De acordo com nota do Banco Central do Brasil (2016), muitos entrevistados reconhecem que são os principais responsáveis pela situação de endividamento. Consideram,

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contudo, que as instituições financeiras também têm sua parcela de culpa. Alguns entrevistados mencionaram que a oferta de crédito esconde “armadilhas”, como o excesso de linhas com oferta ostensiva, falta de informações claras e de alerta sobre os riscos, concessão ou aumento do limite de crédito acima das condições e o recurso do pagamento mínimo.

Em pesquisa recente realizada pelo site Serasa Experian (2016), foi revelado que no primeiro trimestre de 2016 mais de dois milhões de devedores entraram para a lista por falta de pagamento. Em média, depois de 60 dias com débitos em atraso, o consumidor é negativado. O levantamento da Serasa Experian (2016) aponta que a cada trimestre cresce a quantidade de pessoas que se somam aos já negativados.

Figura 6. Total de CPFs negativados – Milhões

Fonte: Serasa Experian (2016).

Ao analisar as dívidas atrasadas há mais de 90 dias e com valores superiores a R$ 200,00, os inadimplentes totalizam 35 milhões de pessoas, o equivalente a 24,5% da população. A região que concentra mais inadimplentes é a Norte, atingindo 31,1% da população, seguida pelo Centro-Oeste, com 26,4%.

Em seguida, vem a região Sudeste (24,5%) e a Nordeste (23,6%). Segundo economistas da Serasa Experian (2016), o interior do Nordeste possui baixo índice de inadimplência pois grande parte dessa população ainda não possui acesso ao crédito, o que resulta em poucos endividados em relação ao tamanho da população. A região Sul é a que menos apresenta inadimplentes, ou seja, 22,4% da população.

A Figura 7, a seguir, apresenta a distribuição do grau de endividamento da população segundo as respectivas regiões, onde se destaca em primeiro lugar a região Norte, seguida da Centro-Oeste, Sudeste, Nordeste e Sul.

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Figura 7. Distribuição do Estados brasileiros segundo o grau de endividamento da população

Fonte: Serasa Experian (2016).

Em 2016, a referida pesquisa do Serasa Experian apontou, ainda, que 77,2% dos inadimplentes ganham até dois salários mínimos; 40,0% dos 60 milhões de inadimplentes recebem entre um e dois salários mínimos; e 37,2% vivem com menos de R$ 880,00. Revelou, também, que as classes com rendimentos mais baixos crescem mais do que as outras. O Quadro 3 mostra a distribuição total de inadimplentes em cada trimestre.

Quadro 3. Distribuição do total de inadimplentes por trimestre

Renda média do inadimplente Agosto/2015

(56,4 milhões) Dezembro/2015 (57,9 milhões) Março/2016 (60,0 milhões) Acima de R$ 8.800

(acima de 10 salários mínimos) 3,10 milhões 3,24 milhões 3,30 milhões

Entre R$ 4.400 e R$ 8.800

(entre cinco e dez salários mínimos) 2,82 milhões 2,90 milhões 2,94 milhões

Entre 1.760 e R$ 4.400

(entre dois e cinco salários mínimos) 6,71 milhões 6,83 milhões 7,02 milhões

Entre R$ 890 e R$ 1.760

(entre um e dois salários mínimos) 23,18 milhões 23,57 milhões 24,24 milhões

Menos de R$ 880

(abaixo de um salário mínimo) 20,59 milhões 21,42 milhões 22,56 milhões

Fonte: Serasa Experian (2016).

Segundo entendimento de Luiz Rabi, economista do Serasa Experian (2016),

Historicamente, a inadimplência tende a crescer mais no primeiro trimestre, pela concentração de despesas e gastos adicionais nessa época. Mas, neste levantamento, referente aos três primeiros meses de 2016, os números surpreenderam: em um trimestre, mais de dois milhões de novos nomes na lista de inadimplentes. Os mais afetados são as pessoas que praticamente

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