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Análise econômica e financeira da produção de grãos em uma propriedade rural

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO

GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS,

ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS

CONTÁBEIS

ANELIZE LEONILDA BANDEIRA FOGUESATTO

ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA DA PRODUÇÃO DE GRÃOS

EM UMA PROPRIEDADE RURAL.

IJUÍ (RS)

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ANELIZE LEONILDA BANDEIRA FOGUESATTO

ANÁLISE ECONÔMICA E FINANCEIRA DA PRODUÇÃO DE GRÃOS

EM UMA PROPRIEDADE RURAL.

Trabalho de conclusão do curso apresentado no DACEC - Curso de Ciências Contábeis da UNIJUÍ, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis

Prof.ª Orientadora: Drª. MARIA MARGARETE BACCIN BRIZOLLA

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro momento, agradeço a Deus por ter me concedido o bem mais precioso que é a minha vida, e por estar em todos os momentos dessa trajetória ao meu lado, me guiando e me protegendo em todos os momentos. Peço que permaneça sempre comigo e que me permita alcançar grandes horizontes e superar as batalhadas da vida, caminhado assim para uma jornada de sucesso.

Agradeço ao meu amado marido Leandro, por me apoiar e me incentivar em todos os momentos dessa trajetória, pela compreensão, pelos conselhos, amor, carinho, pelo incansável apoio em minhas decisões e por ter entendido a minha ausência nestes cinco anos e meio de estudo, e por sempre me fazer acreditar na minha capacidade de alcançar meus sonhos e objetivos. E também por ter me ajudado e ter sido uma peça fundamental, para coletar os dados necessários para elaboração deste trabalho. Amo muito você, obrigada por tudo!

Aos meus amados pais Juarez e Eliza, agradeço por todo apoio dedicado a mim nesses cinco anos, por toda força, compreensão e por serem meu porto seguro e minha base na vida como pessoa, pelos ensinamentos, amor, carinho e por terem me tornado a pessoa que sou hoje. A meus queridos irmãos, Ana, Jailton e Junior por todo o incentivo e preocupação para que eu tivesse um bom estudo e que adquirisse cada vez mais conhecimento, por todos os conselhos e pela ajuda, amo todos vocês.

A todos os professores, mestres, colegas e amigos que conheci na faculdade, em especial a minhas queridas amigas Daiana, Ana Maria, e Luana com as quais pude dividir praticamente todos os trabalhos em grupo, desde de o início dessa trajetória, vocês são muito importantes na minha vida, muito obrigado por tudo, levarei nossa amizade para o resto da vida.

À minha querida professora Maria Margarete Baccin Brizolla, minha orientadora, só tenho a agradecer por todo o apoio, por todo o tempo dedicado para nortear a elaboração desse TCC, pela paciência e pelas várias dúvidas esclarecidas, o meu muito obrigada! À Unijuí, por toda estrutura e aparato disponibilizado, permitindo com que aprendesse com uma ótima equipe de professores e realizasse uma formação completa do Curso de Ciências Contábeis.

Por fim, a todos aqueles estive em contato durante esses cinco anos e meio de caminhada, e que de alguma forma ou outra fizeram parte dessa conquista. O meu muito obrigada!

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RESUMO

A contabilidade gerencial é considerada um instrumento de apoio aos gestores rurais, auxiliando no controle do desempenho econômico, financeiro e patrimonial. Dentro do setor gerencial está presente a análise de viabilidade econômica e financeira de resultados das empresas, sendo considerada uma avaliação ou estudo de possibilidade, estabilidade e lucratividade de um negócio ou projeto. Esta, abrange um conjunto de métodos e instrumentos que permitem realizar análises sobre a situação financeira de uma organização, bem como um prognóstico sobre o seu desempenho futuro. O objetivo da análise financeira e econômica é demonstrar as condições e o ambiente que a empresa está inserida, sendo utilizada para avaliar novos empreendimentos, bem como lançamento de novos produtos, entrada em um novo mercado e até mesmo uma reestruturação organizacional. Assim, o presente estudo teve como objetivo a análise de como os indicadores econômicos e financeiros da atividade de produção de grãos podem auxiliar o gestor na tomada de decisão, sendo que na propriedade estudada a mão de obra é totalmente familiar, realizada pelo pai e o filho ambos proprietários da organização. Para o estudo utilizou-se a pesquisa aplicada, descritiva, documental, estudo de caso e qualitativa, empregando para a coleta dos dados a observação, a entrevista semiestruturada e a análise documental. A pesquisa evidencia que os indicadores de desempenho econômico e financeiro podem auxiliar os gestores de uma organização rural de produção de grãos das culturas de soja e trigo na tomada de decisão, sendo assim, neste estudo o retorno positivo da soja cobriu os custos da produção da cultura de trigo, logo, se não tivesse trigo ou se este gerasse margem de contribuição positiva ou nula os indicadores de desempenho seriam melhores, portanto o cultivo da cultura de trigo precisa ser repensado.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Modelo de Demonstração do Resultado do Exercício. ... 33

Quadro 2- Modelo da estrutura da demonstração de fluxo de caixa... 37

Quadro 3 - Investimentos iniciais na produção de grãos das culturas de soja e trigo. ... 49

Quadro 4- Despesas Operacionais. ... 50

Quadro 5- Índices de Coeficientes de Manutenção. ... 51

Quadro 6 – Resumo dos custos com máquinas e equipamentos. ... 52

Quadro 7 – Fórmula utilizadas para realização dos cálculos. ... 52

Quadro 8 – Custo da mão de obra. ... 53

Quadro 9– Custos de Produção Cultura de Soja. ... 54

Quadro 10– Custos de Produção Cultura de Soja. ... 54

Quadro 11 – Receitas provenientes da cultura da soja. ... 58

Quadro 12 – Demonstração do Resultado do Exercício da soja e do trigo...59

Quadro 13 - Fluxo de caixa projetado dos períodos analisados...634

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

BP Balanço Patrimonial

CNA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil CFC Conselho Federal de Contabilidade

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CMV Custo da Mercadoria Vendida

DRE Demonstração do Resultado do Exercício DFC Demonstração dos Fluxos de Caixa

DACEC Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação

FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

ha Hectares

IR Imposto de Renda IL Índice de Lucratividade

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária LAJIR Lucro antes de Juros e Imposto de Renda

LOL Lucro Operacional Líquido

MB Margem Bruta

ML Margem Líquida

MO Mão de Obra

NBC TG Normas Brasileiras de Contabilidade NCC Novo Código Civil

ROL Receita Operacional Líquida ROI Retorno sobre Investimento SC Santa Catarina

TIR Taxa Interna de Retorno TMA Taxa Mínima de Atratividade TCC Trabalho de Conclusão de Curso

UNIJUÍ Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul VPL Valor Presente Líquido

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 9

1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA EM ESTUDO ... 10

1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO... 12 1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA ... 13 1.4 OBJETIVOS ... 14 1.4.1 Objetivo geral... 14 1.4.2 Objetivos específicos ... 14 1.5 JUSTIFICATIVA ... 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 17 2.1 CONTABILIDADE ... 17 2.1.1 Contabilidade rural ... 18 2.1.2 Contabilidade gerencial ... 20

2.1.3 Análise econômica, financeira de resultados ... 22

2.2 INVESTIMENTOS, RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS ... 25

2.2.1 Investimentos ... 25

2.2.2 Receitas ... 26

2.2.3 Custos ... 28

2.2.4 Despesas ... 31

2.3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO ... 31

2.3.1 Indicadores de resultado ... 34

2.4 FLUXO DE CAIXA ... 36

3 METODOLOGIA DO ESTUDO ... 39

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA ... 39

3.1.1 Pesquisa quanto à natureza ... 40

3.1.2 Pesquisa quanto aos objetivos ... 40

3.1.3 Pesquisa quanto aos procedimentos técnicos ... 41

3.1.4 Pesquisa quanto à abordagem ... 42

3.2 PLANO DE COLETA DE DADOS... 43

3.2.3 Instrumentos de coleta de dados ... 43

3.3 PLANO DE ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS ... 45

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 48

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4.2 INVESTIMENTOS, CUSTOS, DESPESAS E RECEITAS. ... 49

4.2.2 Cálculo do custo da hora por equipamento ... 51

4.2.3 Custos com mão de obra ... 53

4.2.4 Custos de Produção...56

4.2.5 Identificação das Receitas ... 54

4.3 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÌCIO... 58

4.4 FLUXO DE CAIXA PROJETADO ... 62

4.5 ANÁLISE ECONOMICA E FINANCEIRA... 63

5 CONCLUSÃO ... 66

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1 INTRODUÇÃO

A Contabilidade surgiu como uma necessidade de guardar a memória patrimonial e de servir seus usuários com informações de ordem econômica e financeira de seus patrimônios, fiéis, relevantes, precisas e tempestivas para fundamentar suas decisões (BASSO; FILIPIN; ENDERLI, 2015). Relacionado a esse conceito, a contabilidade gerencial é o segmento da ciência contábil que atende as necessidades dos gestores dentro da organização (usuários internos), enfatizando decisões que afetam o futuro, a relevância, o fazer as coisas em tempo hábil e o desempenho no nível do segmento (GARRISON; NOREEN; BREWER, 2013).

Com as constantes mudanças e o aumento da competitividade entre empresas no mercado atual, torna-se cada vez mais importante adotar técnicas de gestão especializadas. As necessidades dos gestores das entidades, de informações contábeis para o processo de planejamento, execução e controle de suas atividades e para avaliação de desempenho são supridas pelos diversos instrumentos da contabilidade gerencial por meio do sistema de informação contábil gerencial (PADOVEZE, 2010).

Dessa forma, a habilidade do gestor em utilizar-se da Contabilidade Gerencial como ferramenta de gestão e suporte ao planejamento, contribui fortemente para o sucesso da organização (FREZATTI et al., 2009). No segmento agrícola, ela assume uma grande importância, sendo que o cultivo da soja e do trigo tem enorme destaque no cenário do agronegócio mundial, gerando matéria-prima para a produção de farelo, óleo e outros produtos agroindustriais (RHODEN,2018).

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2020), em 2019, a produção total de soja no Brasil foi de 113.488.489 toneladas, totalizando uma área plantada de 35.843.444 hectares, sendo que deste volume total de produção o Estado do Rio Grande do Sul foi responsável por 18.495.151 toneladas. Posto isto, o trigo possuí uma produção total no Brasil de 5.231.336 toneladas, ou seja, 2.083.453 hectares plantados, e no Rio Grande do Sul o volume de produção é de 2.286.672 toneladas.

Segundo Crepaldi (2011), o agronegócio é o motor da economia nacional, registrando grandes avanços quantitativos e qualitativos, estando em crescente desenvolvimento, dessa forma, o conhecimento, as condições de mercado e dos recursos naturais oferecem ao produtor rural os elementos básicos para o desenvolvimento de sua atividade econômica, logo, as ferramentas gerenciais auxiliam o produtor na tomada de decisão com a finalidade de obter os melhores resultados econômicos mantendo a produtividade de sua lavoura.

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Sampaio, Machado e Machado (2006) enfatizam a análise de resultados como fator de sobrevivência e crescimento para as empresas, principalmente quanto à capacidade de produzir resultados positivos e agregar riqueza a seus proprietários. Nesse sentido, pode-se ressaltar a importância da contabilidade como instrumento de apoio, controle e planejamento patrimonial também para os estabelecimentos rurais.

Dessa maneira, o presente estudo está fragmentado em capítulos, visto que no primeiro, foi definido a temática a ser abordada neste trabalho de conclusão de curso, a caracterização da organização na qual é realizado o estudo de caso, a problemática em questão determinando a abrangência da pesquisa, o objetivo geral e objetivos específicos e por fim, a justificativa deste.

O segundo capítulo, abrange a parte teórica da pesquisa que é utilizada através do referencial teórico, indicando todas as publicações, matérias e pesquisas que já tenham sido realizadas e publicadas sobre o tema em estudo. Isto posto, trata-se sobre os temas: contabilidade, contabilidade gerencial e contabilidade rural, análise econômica e financeira de investimentos; investimentos, receitas, custos e despesas; demonstração do resultado do exercício, pontuando os indicadores de resultado; e o fluxo de caixa ao qual delimita-se a análise econômica e financeira de resultados.

No terceiro capítulo apresenta-se a metodologia utilizada para construção da pesquisa, compreendendo a classificação da pesquisa quanto à natureza, aos objetivos, aos procedimentos técnicos e à abordagem do problema. Assim sendo, ainda neste mesmo capítulo aponta-se a definição dos instrumentos necessários à coleta de dados e as técnicas de análise utilizadas dos mesmos, seguindo do plano e análise de estrutura do trabalho de conclusão de curso.

Por fim, no quarto e último capítulo evidencia-se os resultados e análises realizadas em relação ao tema proposto a partir dos dados e informações coletados na parte prática do estudo, servindo como referência para as conclusões do trabalho posteriormente, além das referências bibliográficas utilizadas como base para este trabalho de conclusão de curso.

1.1 DEFINIÇÃO DO TEMA EM ESTUDO

A contabilidade gera informações de ordem física, econômica e financeira sobre o patrimônio e suas variações aos seus diferentes usuários, com ênfase no controle e no planejamento, ou seja, para as suas decisões. A gestão só é possível se ocorrer o controle dos

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elementos patrimoniais e de suas variações no dia e no tempo devido (BASSO; FILIPIN; ENDERLI, 2015).

Englobando todos os registros a contabilidade geral (ou financeira) tem-se por objeto de estudo a evolução econômico-financeira da empresa. Neste sentido, pode ser vista como um sistema amplo e complexo, que congrega vários outros controles adjacentes (PIZUTTI, 2006). Segundo Padoveze (2010, p. 9), a contabilidade gerencial surge da “necessidade do gerenciamento contábil interno em função das novas complexidades dos processos de produção”, associada ao advento do capitalismo industrial, assim, o foco da contabilidade passa de apenas registrar e analisar transações para utilização da informação na etapa de decisão.

Dessa maneira, para a contabilidade geral o norte de estudo é o patrimônio da entidade, mas para a contabilidade gerencial a parte de suma importância é a tomada de decisão. Sendo assim, a contabilidade gerencial é uma das divisões da contabilidade geral, voltada para o registro, controle e gerenciamento dos recursos disponíveis e das atividades da entidade, visando subsidiar, através de informações contábeis, as pessoas que tomam decisões e supervisionam as ações desenvolvidas (PIZUTTI, 2006).

A contabilidade gerencial apresenta diversas técnicas, análises e procedimentos afim de atender da melhor forma o que o usuário da informação contábil necessita, sendo esses: análise econômica e financeira de investimentos, receitas e despesas; a demonstração do resultado; o fluxo de caixa; e a análise econômica e financeira de resultados (MARION; SEGATTI, 2010). Em relação a análise econômico financeira em atividades rurais, Crepaldi (2011, p. 305) explica que:

Uma Empresa Rural, por menor que seja, é uma organização complexa, cujo desempenho sofre a influência de vários fatores internos e externos. Para detectar a causa dos problemas, ou mesmo entender as razões de resultados positivos, o empresário, precisa fazer um diagnóstico, considerando os diversos aspectos de seu negócio. É a precisão desse diagnóstico – análise econômico – financeira – que vai-lhe permitir superar crises ou traçar uma estratégia segura de crescimento.

Segundo Tavares e Silva (2012) a análise financeira utiliza dados financeiros para avaliar os desempenhos passados e atuais da empresa, bem como sua sustentabilidade. Logo, podendo ser utilizada para mensurar possíveis riscos, julgar o desempenho esperado das entidades rurais e monitorar o desenvolvimento e alcance dos objetivos almejados.

Assim, os indicadores utilizados para identificar a situação e o desenvolvimento econômico-financeiro da Empresa Rural são valores quantitativos, ou seja, números, que depois de apurados devem ser comparados com os resultados de períodos anteriores e com as

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projeções, no processo de análise e avaliação (CREPALDI, 2011). Para Costa, Andrade e Castro (2012) esses são resultados de cálculos que indicam se um projeto é rentável e se investir nele é compensatório em relação a alternativas, sejam elas mutuamente excludentes ou não.

Dessa forma, o estudo em questão concentrou-se na análise de duas culturas de grãos durante cinco anos (safras), sendo estes soja e trigo, em uma pequena propriedade rural familiar, visando reunir informações geradas pela contabilidade gerencial podendo auxiliar o produtor a realizar da melhor forma possível o gerenciamento de seu empreendimento.

1.2 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO

O estudo baseia-se em uma propriedade rural familiar de pequeno porte, localizada no noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, no distrito linha 17, interior do município de Ajuricaba.

A propriedade foi fundada em 1988, quando um casal de agricultores recém casados vieram residir na mesma, e tem seu domicílios até hoje neste local. Inicialmente o casal apresentava como principal atividade produtiva o plantio de cultivares como soja, trigo, milho e aveia branca ou preta, assim como a criação de gado, suínos e galinhas, para consumo próprio e vendas esporádicas.

No início, a propriedade possuía uma área total de 20 hectares de terra, sendo passados de pai para filho como herança, logo, no ano de 2001 foi adquirido pela mesma mais 12,5 hectares, totalizando uma área de 32,5 ha próprios, sendo que apenas 30 ha são cultiváveis e 2,5 ha são destinados a sede da propriedade e a áreas de preservação ambiental permanente.

Atualmente, a atividade principal da propriedade é o cultivo de três variedades de grãos, o trigo, como plantio de inverno, e o soja como plantio de verão, utilizando o cultivo de aveia preta ou branca apenas como cobertura de solo e para consumo dos animais da propriedade.

A propriedade conta com mão-de-obra própria da família, dessa forma, dispõe de cinco colaboradores para fazer o manejo e gestão das áreas de terra. Logo, a mesma possuí dois tratores, uma colheitadeira, duas plantadeiras de grãos, um pulverizador, um caminhão, um reservatório de óleo, uma carreta graneleira e um distribuidor de fertilizantes.

Salienta-se que a propriedade não dispõe de registro à Junta Comercial, dessa forma, não há obrigatoriedade da escrituração contábil às empresas rurais bem como elaboração anual do Balanço Patrimonial (BP) e Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) imposta pelo artigo 1.179 do Novo Código Civil (NCC) da lei 10.406/02 o qual o instituiu. Portanto, todos

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os resultados gerados na pesquisa através das demonstrações elaboradas concentram-se na gestão do negócio, buscando trazer informações úteis na tomada de decisão.

1.3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA

Para ser útil aos seus usuários a contabilidade apresenta diversas ferramentas adequadas para demonstrar, evidenciar e relatar informações elaboradas a partir de dados que compõem o denominado “banco de dados patrimoniais confiáveis”, construído por intermédio da técnica contábil da Escrituração, gerando informações úteis e importantes nas decisões dos gestores, tanto no âmbito interno como no externo (BASSO; FILIPIN; ENDERLI, 2015).

Conforme Pizutti (2006, p. 6) “a contabilidade gerencial, surgiu, diante da necessidade de controles mais aproximados das vendas, despesas, dos custos e orçamentos”. Dessa maneira, estando relacionada com o fornecimento de informações para os administradores – isto é, aqueles que estão dentro da organização e que são responsáveis pela direção e controle de suas operações (PADOVEZE, 2000).

Nesse contexto, a contabilidade torna-se um instrumento de apoio aos gestores rurais, auxiliando no controle do desempenho econômico, financeiro e patrimonial, no controle dos custos e na análise da rentabilidade, além de desempenhar um importante papel como instrumento de apoio na gestão da propriedade rural. É por meio das informações contábeis que o produtor rural planeja, controla, toma decisões e consegue gerir os custos e identificar os melhores sistemas de produção (MARION; SEGATTI, 2010).

A análise da situação econômica e financeira das empresas apresenta como técnica comumente mais utilizada à apuração de índices, que por sua vez, são extraídos do conjunto das demonstrações contábeis, fornecendo um panorama econômico e financeiro em determinado período de tempo (NASCIMENTO, 2011). Além de indicadores, outras medidas e métodos podem ser utilizados para analisar o retorno econômico e a análise econômica e financeira de resultados (ASSAF NETO; LIMA, 2009).

Dessa maneira, é possível verificar que “a análise da estrutura econômica e financeira propicia o conhecimento do nível de solidez financeira da empresa” (HOJI, 2003, p. 131). A partir da análise econômica (NASCIMENTO, 2011) pode-se comparar resultados e a capacidade de geração de caixa das atividades.

Di Domenico et al. (2015) evidencia que para as empresas rurais acompanharem o crescimento do setor agropecuário, necessitam do apoio da contabilidade, como ferramenta de planejamento, controle e tomada de decisão. Nascimento (2011) menciona que a análise

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financeira possibilita avaliar as decisões de investimentos e o retorno sobre o capital. A análise econômico-financeira dos investimentos, realizada com métodos e critérios adequados, tornam-se instrumento de auxílio ao processo de tomada de decisão.

Isto posto, com base no que foi expresso anteriormente e tendo como norte de estudo apenas a empresa rural escolhida, tem-se por objetivo responder o seguinte questionamento: Como os indicadores econômico e financeiro de da atividade de produção de grãos pode auxiliar o gestor na tomada de decisão?

1.4 OBJETIVOS

Considerando o tema proposto, e tendo como norte responder a questão problema deste estudo, na sequência apresenta-se: o objetivo geral e os específicos.

1.4.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste estudo é analisar como os indicadores econômico e financeiro da atividade de produção de grãos pode auxiliar o gestor na tomada de decisão.

1.4.2 Objetivos específicos

a) Identificar os investimentos, custos, despesas e receitas, separando os custos fixos e variáveis para a atividade estudada (ou as atividades estudadas);

b) Estruturar a Demonstração do Resultado do Exercício e o Fluxo de Caixa a partir dos dados coletados;

c) Analisar os indicadores econômico e financeiro da produção de grãos.

1.5 JUSTIFICATIVA

A escolha desse tema, levou em consideração a parte da contabilidade que mais me cativou, sendo está a contabilidade gerencial, uma vez que visa auxiliar os seus usuários com a análise econômica e financeira de resultados, agindo como uma ferramenta de suporte e apoio ao gestor para a tomada de decisão em relação a determinado projeto. Logo, a análise econômica e financeira de resultados é um estudo que objetiva comparar os retornos que podem ser obtidos com os investimentos demandados ao longo prazo, auxiliando no processo de

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decisão se vale a pena ou não investir em um determinado projeto. Os principais métodos ou técnicas de determinação de alternativas econômicas são o Método do Valor Presente Líquido (VPL), da Taxa Interna de Retorno (TIR) e Payback (HOJI, 2014).

Assim, buscou-se concentrar os estudos na análise econômica e financeira de investimentos na produção de grãos de uma pequena propriedade agrícola, tendo em vista a necessidade do produtor em ter informações gerencias de qualidade, buscando mais assertividade na tomada de decisões relacionadas ao manejo da propriedade.

Neste contexto, estudos realizados anteriormente por Gollo et al. (2015) destacam que a contabilidade possibilita o planejamento e controle das atividades desenvolvidas e a análise econômica e financeira de resultados destes investimentos.

Di Domenico et al. (2015), estudaram o desempenho da cultura de soja orgânica versus soja convencional em uma pequena propriedade rural evidenciaram que ao comparar os dois sistemas de produção percebeu-se que o lucro líquido era maior na produção da soja convencional com uma vantagem de 23,88% por hectare. Os resultados indicam que o desempenho da produção entre as duas culturas é pela soja convencional. Com todos os incentivos tecnológicos, para o grão com maior qualidade e quantidade, se recomenda ao produtor investimentos no cultivo da soja convencional, obtendo-se melhores resultados para a propriedade rural.

Conforme Ozelame e Andreata (2016) a complexidade das atividades, assim como a dos mercados tem exigido dos produtores rurais a utilização de uma gestão eficaz, para isso é necessária uma correta informação, alcançada por meio de um maior controle, principalmente nos processos de produção, bem como na aquisição de insumos. Assim, ferramentas gerenciais, que integrem a gestão administrativa com controles técnicos, são importantes para a competitividade do negócio, pois destacam os indicadores econômicos, os sistemas de custeio, garantindo o sucesso e a sustentabilidade dos pequenos empreendimentos rurais, os quais são de vital importância ao segmento agroindustrial do país.

O estudo realizado por Zappe (2017), relacionado a análise comparativa de grãos entre soja, milho e produção leiteira, evidencia que para analisar a produção é necessário o exame dos custos diretos e indiretos, por hectare e total de cada cultivar, calculando-se a receita e com isso, tem-se o resultado da propriedade por hectare e por saca no caso das cultivares soja e milho. Baseado nesses dados efetua-se a apuração da margem de contribuição unitária e total, do ponto de equilíbrio e da margem de segurança operacional da propriedade, seguido dos indicadores Valor Presente Líquido (VPL), do Tempo Interno de Retorno (TIR), da Taxa Mínima de Atratividade (TMA) e do Payback descontado.

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O estudo de Kruger et al. (2017), buscou analisar de forma comparativa a viabilidade econômica e financeira das atividades avícola e leiteira desenvolvidas em uma propriedade rural no município de Coronel Freitas – SC, onde as análises de investimento apontaram, que ambas as atividades apresentam retorno positivo do investimento pelo método do payback descontado, com TIR atraente e VPL positivo, tornando os investimentos viáveis. A atividade avícola apresenta retorno dos investimentos em um prazo de 7 anos e 5 meses, com TIR de 11,64% e VPL positivo em R$ 2.846,86, enquanto a atividade leiteira apresenta retorno em 4 anos e 4 meses, com TIR de 15,13% e VPL de R$ 13.603,64. Dessa maneira o autor salienta a necessidade da utilização da contabilidade como instrumento de apoio à gestão dos estabelecimentos rurais, visando identificar os resultados por atividades desenvolvidas e possibilitar a análise dos investimentos realizados.

Dessa forma, justifica-se essa pesquisa pelo fato de que apesar de existir na literatura outros estudos que tratam acerca da análise econômica e financeira de investimentos no agronegócio, a pesquisa também pode proporcionar em razão de especificidades como localização, tamanho da propriedade, nível de automação e também por se tratar de uma propriedade que utiliza exclusivamente mão de obra familiar. Dessa maneira, expandindo o conhecimento a respeito do tema a possíveis interessados no assunto.

Para a universitária, esta pesquisa, pretende propiciar a aplicação de todo o conteúdo e conhecimento obtido durante o transcorrer do curso de Ciências Contábeis, contribuindo como uma experiência profissional para o futuro e incentivando à realização de novas pesquisas relacionadas ao tema. Justificando-se pela realização pessoal da acadêmica em poder contribuir de alguma forma com a propriedade rural, a qual a mesma pertence à família e constitui o objeto principal da pesquisa.

Para os proprietários da propriedade rural, a pesquisa se justifica pela grande importância de transformar os dados coletados em informações contábeis que auxiliam o produtor a gerenciar o seu negócio, através da análise econômica e financeira em investimentos na produção de grãos, garantindo mais assertividade em suas escolhas, e facilidade no planejamento e controle da propriedade (CREPALDI, 2011). Dessa forma, demonstrando ao produtor que ele pode fazer a gestão da entidade utilizando as técnicas e teorias contábeis, transformando a contabilidade em uma aliada a produção agrícola.

Assim, o trabalho se justifica, para o curso de Ciências Contábeis e para a sociedade em geral como uma fonte de pesquisa, colaborando na transmissão de conhecimentos para formação intelectual e profissional de futuros acadêmicos e interessados na área, bem como do desenvolvimento da profissão do contador.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo, apresenta-se o referencial teórico do presente estudo tendo como base a bibliografia direcionada à área de conhecimento contemplada. Desse modo, a elaboração deste referencial proporciona uma aprimorada compreensão sobre tópicos: contabilidade rural, contabilidade gerencial, análise econômica e financeira de investimentos, investimentos, receitas, custos, despesas, demonstração do resultado do exercício, indicadores de resultado, fluxo de caixa e análise econômica e financeira de resultados, procurando sanar os questionamentos apontados na problematização do tema relacionado a análise econômica e financeira em investimentos na produção de grãos.

2.1 CONTABILIDADE

Conforme Iudícibus (2009, p. 10), a Contabilidade “pode ser conceituada como o método de identificar, mensurar e comunicar informação econômica, financeira, física e social, a fim de permitir decisões e julgamentos adequados por parte dos usuários da informação”. Assim, entende-se que a contabilidade estuda os fenômenos ocorridos no patrimônio das organizações, por meio do registro, classificação, demonstração, análise e interpretação desses fatos e oferece a informação e orientação necessárias para a condução dos assuntos gerais no tocante à administração de uma organização.

Segundo Sá (2002, p.46) “a contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos dos mesmos, em relação à eficácia funcional das células sociais”. Dessa forma, a contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio do ponto de vista econômico e financeiro, bem como seus princípios e as técnicas necessárias ao controle, exposição, e a análise dos elementos patrimoniais e de suas modificações (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2012).

De acordo com Marion (2015, p. 30) “A contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões”. Logo, a contabilidade é considerada um conjunto de conhecimentos próprios, leis científicas, princípios e métodos de evidenciação, sendo a ciência que estuda, controla e observa o patrimônio das entidades nos seus aspectos quantitativo (monetário) e qualitativo (físico), e que como conjunto de normas, preceitos, regras e padrões gerais, se constitui na técnica de coletar, catalogar e registrar

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informações de suas variações e situações econômicas e financeiras (BASSO, BIZOLLA; FILIPIN, 2017).

Em concordância com Hendriksen e Van Breda (2012), a contabilidade é também uma ciência social que de acordo com as ações humanas modifica o patrimônio. Podendo atuar dessa forma, em diversos campos socioeconômicos da sociedade, tendo a importância de registrar as transações das organizações para que se mantenham dentro do mercado. Sendo, o instrumento que fornece o máximo de informações possíveis para tomada de decisão dentro da empresa.

Para Iudícibus (2009), a aplicação da Contabilidade tem como objetivo fornecer aos empresários informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do patrimônio de sua instituição, fazendo registros, demonstrações, análises, diagnósticos e prognósticos expressos sob forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios. Assim, tendo como base essas informações, pode-se dizer que a contabilidade é uma fonte de ferramentas no processo de mutações do patrimônio, ou seja, os fatos que já aconteceram.

Por isso, a contabilidade tem como principal objeto de estudo o patrimônio de pessoa física ou jurídica devendo atender as necessidades de cada organização visando lucros ou não. A contabilidade é conhecida como um instrumento que fornece as informações de forma correta e ágil as empresas para suas tomadas de decisões dentro e fora da mesma. Com o passar dos anos a contabilidade passou a ser usada pelo governo para arrecadação de impostos, tornando a contabilidade obrigatória dentro de todas as empresas (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 2012).

Assim sendo, com o desenvolvimento do mercado acionário e o fortalecimento da sociedade anônima como uma forma de sociedade comercial, a contabilidade passou a ser considerada também como um importante instrumento para a sociedade, logo o usuário das informações contábeis já não é mais somente o proprietário, mas também, outros usuários que atualmente têm interesse em saber sobre uma empresa como: sindicatos, governo, físico, investidores, credores, entre outros (CREPALDI, 2012). Sendo considerada, parceira do gestor e de todos os usuários das suas informações, auxiliando na tomada de decisão e garantindo maior assertividade nas escolhas da organização.

2.1.1 Contabilidade rural

Conforme Crepeldi (2011, p. 51), “o órgão da Organização das Nações Unidas responsável pelo desenvolvimento do comércio internacional calculam que o Brasil liderará a

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produção de alimentos no planeta em poucos anos”. O agronegócio gira a roda de toda a nossa economia, está por trás do processo de desenvolvimento dos países mais avançados do mundo. Dessa forma, salienta que a riqueza de um país vem da agricultura e da pecuária, já que nenhuma nação nasceu industrial.

Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA (2011), a utilização de ferramentas gerenciais pelos produtores ainda é reduzida, mas eles têm percebido que apenas conhecimentos técnicos de produção/criação, embora fundamentais, não bastam, estão reconhecendo a importância da utilização de ferramentas gerenciais.

Dessa forma, uma grande aliada na gestão das pequenas, médias e grandes propriedade é a contabilidade rural que serve como um instrumento da função administrativa que tem como finalidade: controlar o patrimônio das entidades rurais, apurar o resultado das entidades rurais e prestar informações sobre o patrimônio e sobre o resultado das entidades rurais aos diversos usuários das informações contábeis (CREPALDI, 2011).

Para Suski, Braum e Braun (2014) as empresas rurais estão vivenciando uma nova realidade, produzir mais em menor espaço, a partir dessa realidade, as empresas precisam estar organizadas para gerenciar seus resultados, para isso, a contabilidade rural vem de encontro como instrumento de apoio, controle e planejamento.

Isto posto, a contabilidade rural assume grande relevância no meio agrícola, assim sendo, traz algumas importantes finalidades, segundo Crepaldi (2011, p. 81):

-orientar as operações agrícolas e pecuárias; - medir o desempenho econômico-financeiro da empresa e de cada atividades produtiva individualmente; -controlar as transações financeiras; -apoiar as tomadas de decisões no planejamento da produção, das vendas e dos investimentos; -auxiliar as projeções de fluxos de caixa e necessidades de crédito; - permitir a comparação da performance da empresa no tempo e desta com outras empresas; -conduzir as despesas pessoais do proprietário e de sua família; -justificar a liquidez e a capacidade de pagamento da empresa junto aos agentes financeiros e outros credores; -servir de base para seguros, arrendamentos e outros contratos; -gerar informações para a declaração do imposto de renda.

Dessa maneira, a contabilidade pode ser estudada de modo geral para todas as empresas, ou em particular aplicada a certo ramo de atividade ou setor da economia. Logo, a contabilidade rural é a contabilidade geral aplicada a empresas rurais (MARION, 2000). Segundo Crepaldi (2011, p. 47) “dentro de uma entidade rural, a função contábil é visualizada como um insumo necessário a função financeira. Está visão está de acordo com a organização das atividades de uma empresa rural em três áreas básicas: produção, finanças comercialização”.

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Para tanto na organização rural é necessário um gestor, podendo ser o próprio dono ou outra pessoa de confiança, que entenda do assunto. Possuindo as funções de planejar, controlar, decidir e avaliar os resultados e maximizar os lucros da entidade rural, satisfazendo o proprietário e gerando boas impressões para a sociedade e demais clientes. Ele precisa conhecer os fatores externos da entidade como: preços, clima, existência do mercado, disponibilidade de mão-de-obra e os fatores internos que são: tamanho da organização, rendimentos dos cultivos e criações, eficiência da mão-de obra e dos equipamentos (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2002).

Com a concorrência acirrada, e a busca por melhores produtos surge a necessidade de uma contabilidade diferenciada para a atividade rural, que desenvolva informações concretas para que o empresário rural consiga distinguir em sua propriedade o real desempenho de seu negócio.[...] No Brasil a contabilidade rural ainda é pouco utilizada, tanto pelos empresários quanto pelos contadores, isso ocorre devido ao desconhecimento por parte desses empresários da importância das informações obtidas através da contabilidade, da maior segurança e clareza que estas informações proporcionam na tomada de decisões (CREPALDI, 2011).

Segundo Vilckas (2004), a elaboração e implementação do planejamento no setor rural representa um grande desafio, tendo em vista que os empreendimentos desse setor estão sujeitos a diversas variáveis, como a dependência de recursos naturais, a sazonalidade do mercado, a perfectibilidade dos produtos, o ciclo biológico de vegetais e de animais e o tempo de maturação dos produtos.

Logo, a Atividade rural é um dos setores mais importantes na economia brasileira na atualidade, pois é responsável pelo fomento essencial ao mercado de alimentos no país através da exploração das terras e da criação de animais (MARION, 2004). Assim, entendende-se que a cotabilidade rural é de grande importancia na área agrícola, mesmo não sendo muito utilizada, dispõe de ferramentas que auxiliam o produtor rural a tranformar os dados gerados em informações contábeis úteis para a tomada de decisão e para o gerenciamento do negócio, sendo que com ela o produtor consegue acompanhar o que está acontecendo dentro de sua propriedade, desenvolvendo uma gestão de melhor qualidade para sua lavoura.

2.1.2 Contabilidade gerencial

As empresas estão em constantes mudanças; cada vez mais necessitam, de controles precisos e de informações oportunas sobre seu negócio para adequar suas operações ás novas situações de mercado (CREPALDI, 2012). De acordo com Padoveze (2010, p. 38), “a

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contabilidade gerencial está relacionada com o fornecimento de informações para os administradores, isto é, aqueles que estão dentro da organização e que são responsáveis pela direção e controle de suas operações”.

Conforme Soschinski et al. (2018), o sucesso de um empreendimento decorre da gestão empresarial e do controle operacional e gerencial das atividades desenvolvidas. Nesse contexto, a contabilidade pode desempenhar um importante papel como ferramenta gerencial, por fornecer informações que contribuam para a tomada de decisão, para o planejamento e controle e para a diversificação de culturas, o que torna as empresas capacitadas para acompanhar a evolução dos setores.

Dessa maneira, com o aumento da concorrência e a escassez de recursos disponíveis têm contribuído para as constantes mudanças na gestão dos negócios. Com isso, evidencia-se a necessidade de informações que auxiliem os administradores nas tomadas de decisão. A contabilidade gerencial visa preencher esse vazio produzindo informações objetivas, úteis e relevantes através da combinação da contabilidade financeira com várias áreas do conhecimento de negócios (CREPALDI, 2012).

A contabilidade reflete a realidade das organizações, mas também pode criar novas realidades, pois a forma de conceber e operar seus instrumentos pode afetar questões da vida real dos indivíduos e dos grupos, tais como o estabelecimento de salários, a avaliação de desempenho, a formação de discursos organizacionais, entre outros (FREZATTI et al., 2009). Segundo Padoveze (2010, p. 40) “a contabilidade gerencial significa gerenciamento da informação contábil. Ora, gerenciamento é uma ação, não um existir. Contabilidade gerencial significa uso da contabilidade como instrumento da administração”. Logo o objetivo da contabilidade gerencial é enfocar todos os temas escolhidos dessas disciplinas no processo de administração e no processo em conjunto de tomada de decisões

Nesse sentido, a contabilidade da porta para dentro da entidade é denominada contabilidade gerencial e da porta para fora da empresa é considerada contabilidade financeira. Portanto, a contabilidade gerencial é considerada um processo de identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem os gestores a atingir objetivos organizacionais (FREZATTI et al., 2009).

Desse modo, a contabilidade gerencial é o ramo da contabilidade que tem por objetivo fornecer instrumentos aos administradores de empresas que os auxiliem em suas funções gerenciais. Sendo direcionada para a melhor utilização dos recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos efetuado por um sistema de informação gerencial (CREPALDI, 2012). Portanto, a contabilidade gerencial é considerada de grande importância

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para as empresas, por apoiar os gestores com informações de qualidade garantindo uma gestão de maior eficácia, de maior planejamento e de maior controle sobre a organização.

2.1.3 Análise econômica e financeira de resultados

A Análise financeira de uma organização consiste em um exame minucioso dos dados financeiros disponíveis sobre a empresa, bem como das condições endógenas e exógenas que afetam financeiramente a entidade (FREZATTI et al., 2009). Como dados financeiros disponíveis, podemos incluir demonstrações contábeis, programas de investimentos, projeções de vendas e projeções de fluxo de caixa, por exemplo. Como condições endógenas, podemos citar estrutura organizacional, capacidade gerencial e nível tecnológico da empresa. Como condições exógenas, temos os fatores de ordem política e econômica, concorrência e fenômenos naturais, entre outros (SILVA, 2008).

Para Hoji (2010) a finalidade da avaliação econômico financeira de investimentos consiste em avaliar o fluxo futuro de caixa a ser gerado. O fluxo de caixa é a projeção de geração líquida de caixa, isto é, projeção de lucro líquido excluído de itens que não afetam o caixa (depreciação), acrescentando o desembolso em investimentos fixos.

Conforme Souza (2003), o processo de elaboração e análise de projetos de investimento de capital tem que passar pelas seguintes fases: construção do fluxo de caixa; determinação do custo de oportunidade do capital; análise econômica e financeira de resultados; decisão de aceitação ou rejeição do investimento; e inserção no orçamento de capital. Portanto, o objetivo da análise financeira e econômica é mostrar as condições e o ambiente que a empresa está inserida, identificando seus pontos fracos e sua relação com o ambiente organizacional (ASSAF NETO, 2009).

A análise financeira avalia os resultados e possibilita a correção da rota da empresa, caso seja necessário (SILVA, 2008). Dessa forma, o objetivo básico da análise de investimento é avaliar uma alternativa de ação ou escolher a mais atrativa entre várias, usando métodos quantitativos (SANTOS, 2001).

De acordo, com Assaf Neto (2009) os métodos quantitativos de análise econômica de investimentos podem ser classificados em dois grandes grupos: os que levam em conta o valor do dinheiro no tempo e os que consideram essa variação por meio do critério do fluxo de caixa descontado. Em razão do maior rigor conceitual e da importância para as decisões de longo prazo, dá-se atenção preferencial para os métodos que compõem o segundo grupo.

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Segundo Santos (2001), para efetuar a análise econômica de um projeto de investimento, seus dados de entradas e saídas de dinheiro são dispostos na forma de um quadro denominado de fluxo de caixa. A geração de benefícios futuros pelos investimentos é projetada através do fluxo de caixa, que consiste em um orçamento das receitas, dos custos, das despesas e dos valores referentes ao andamento do projeto.

A análise econômica e financeira de resultados está presente dentro do setor gerencial das empresas, sendo considerada uma avaliação ou estudo de possibilidade, estabilidade e lucratividade de um negócio ou projeto. Abrange um conjunto de métodos e instrumentos que permitem realizar análises sobre a situação financeira de uma empresa, bem como um prognóstico sobre o seu desempenho futuro. O objetivo da análise financeira e econômica é mostrar as condições e o ambiente que a empresa está inserida, identificando seus pontos fracos e sua relação com o ambiente organizacional (FREZATTI et al., 2009; SOSCHINSKI et al., 2018).

Dentro de uma organização é importante saber o que se quer investir, que investimento pode ser adequado e que resultado pode trazer no presente e futuro. “Um investimento é um desembolso feito visando gerar um fluxo de benefícios futuros, usualmente superior a um” (FREZATTI, 2008, p. 66). A análise econômica e financeira de resultados aborda a questão das informações que ela pode transmitir ao investidor, com os indicadores econômicos e financeiros fica evidente esse propósito.

Avaliar os indicadores econômico-financeira de um investimento é reunir argumentos e informações para construir os fluxos de caixa esperados em cada um dos períodos da vida desse investimento e aplicar técnicas que permitam evidenciar se as futuras entradas de caixa compensam a realização do investimento (SOUSA, 2007, p.53).

Análises acerca dos indicadores econômicos e financeiros de investimentos se configuram como um instrumento fundamental ao decidir sobre novos investimentos. Para Viana et al. (2015), a análise econômica e financeira de resultados pode ser de grande utilidade para a atividade agropecuária, pois auxilia gestores rurais a decidirem sobre investimentos mais atrativos em termos de retorno.

Para a análise econômica e financeira de resultados, considera-se alguns cálculos, que se configuram como métodos de avaliação, os quais são: Valor presente líquido (VPL);

payback simples; payback descontado; taxa interna de retorno (TIR) e; taxa mínima de

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Quanto ao método do VPL, “é a soma das entradas e saídas de um fluxo de caixa na data inicial” (HOJI, 2003, p. 85). Para que o projeto seja viável financeiramente, o valor presente do fluxo de caixa futuro deve ser maior que o custo inicial. Caso o valor presente do fluxo de caixa seja menor que o custo inicial, o projeto deve ser rejeitado.

Este método possui três vantagens: a utilização do fluxo de caixa em vez do lucro líquido, o reconhecimento do valor do dinheiro no tempo e aceitação apenas de projetos com VPL positivo (GROPPELLI, 2005).

De acordo com Santos (2001), o VPL de um investimento é igual ao valor presente do fluxo de caixa líquido, sendo, portanto, um valor monetário que representa a diferença entre as entradas e saídas de caixas trazidas a valor presente.

Há também, o método do prazo de retorno ou período de recuperação do investimento, também conhecido como payback. Para Hoji (2003, p. 172), “o período de payback é o período necessário para que um investimento seja recuperado”. A grande vantagem deste método está no fato de não precisar de cálculos complicados para encontrar o período que o projeto recupere seu investimento, mas a principal desvantagem é que este método ignora o valor do dinheiro no tempo (GROPPELLI, 2005).

O payback pode ser aplicado de duas formas: payback simples e payback descontado. Para Santos (2001, p. 151) “uma alternativa para diminuir a imprecisão do critério do tempo de retorno é considerar os fluxos de caixa pelo seu valor presente”. Esse método é denominado tempo de retorno descontado. Refere-se ao tempo decorrido entre o investimento inicial e o momento no qual o lucro líquido acumulado se iguala ao valor desse investimento, assim quanto menor for o tempo de recuperação, mais atrativo se torna o empreendimento. Para Abreu (2010, p. 02) “o critério do payback simples serve para medir quanto tempo um projeto demora para pagar aos investidores o capital investido, sem remuneração alguma do capital”.

Segundo Zdanowicz (1998, p. 92) o IL “[...] é calculado através do quociente entre o lucro operacional líquido (LOL) e a receita operacional líquida (ROL).”. O IL representa a eficiência do projeto em gerar lucros descontados todos os custos e despesas do período apurado, e o quanto maior for esse índice, melhor o desempenho do projeto.

A TIR “é uma taxa de juros implícita numa série de pagamentos (saídas) e recebimentos (entradas), que tem a função de descontar um valor futuro ou aplicar o fator de juros sobre um valor presente”. Ainda, o conceito de TIR é utilizado para calcular a taxa ‘i’ quando existe mais de um pagamento e mais de um recebimento, independente das parcelas de pagamento ou recebimento serem ou não uniformes (HOJI, 2003, p. 81).

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Consoante a Frezatti (2008, p. 77) a TIR “[...] corresponde à taxa de desconto que iguala o valor presente das entradas de caixa ao investimento inicial do projeto.”. O autor explica que para aceitação do projeto a TIR deve ser superior à TMA, pois seria mais vantajoso investir em uma proposta no mercado de menor risco do que no negócio em si, uma vez que o seu retorno não superaria as expectativas de ganho e uma TIR negativa poderia representar destruição do valor.

Além disso, de acordo com Laponni (2007), a TIR possui a desvantagem de ser um método aplicado somente na avaliação de projetos com fluxo de caixa que possuem uma única mudança de sinal, e necessita primeiramente da taxa requerida do projeto. Este método não possui a propriedade aditiva do VPL de fluxo de caixa de um mesmo projeto e é um método onde a maior TIR não seleciona o melhor projeto em meio a projetos mutuamente excludentes, com mesmo prazo de análise.

A TMA, por sua vez, é designada pelo investidor, que propõe o que deseja ganhar com o investimento. A TMA é formada a partir da análise de alguns critérios como: risco do negócio; custo de oportunidade e; liquidez do negócio (SANTOS, 2009).

2.2 INVESTIMENTOS, RECEITAS, CUSTOS E DESPESAS

Nesse módulo são apresentados, os conceitos e demais especificações dos investimentos, receitas, custos e despesas de forma geral e em uma abordagem interligando esses temas com a atividade agrícola, visando demostrar a importância dos mesmos no setor da agricultura.

2.2.1 Investimentos

O segmento das atividades de investimentos leva-nos aos dados do ativo permanente ou do realizável a longo prazo, enfocando o conceito de ativo como aplicação de recursos, devem ser registrados os valores de saída para pagamento dos novos investimentos, bem como os valores de entrada por venda de bens ativados anteriormente (PADOVEZE, 2010).

De acordo com Martins et al (2013) os investimentos de caráter permanente, ou seja, destinados a produzir benefícios pela sua permanência na empresa, são classificados à parte do balanço patrimonial como investimentos.

Segundo Silva (2005), os investimentos podem ser classificados em temporários -que consistem em valores aplicados com objetivo de resgate em determinado período e

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permanentes - onde os recursos aplicados que produzem resultados a longo prazo. Para área agrícola, um investimento é um gasto com um bem ou serviço utilizado na produção rural; são todos os gastos relativos à atividade de produção, como por exemplo: aquisição de móveis e utensílios, aquisição de imóveis rurais, despesas pré-operacionais e aquisição de insumos (CREPALDI,2011). Assim sendo, podem ser incluídos como investimento da atividade rural e imobilizados os seguintes itens:

Benfeitorias resultantes de construção, instalações, melhoramentos, culturas permanentes, essências florestais e pastagens artificiais; aquisição de tratores, implementos e equipamentos, máquinas, motores, veículos de carca ou utilitários, utensílios e bens de duração superior a um ano e animais de trabalho, de produção e de engorda; serviços técnicos especializados, devidamente contratados, visando elevar a eficiência do uso dos recursos da propriedade ou da exploração rural; insumos que contribuam destacadamente para a elevação da produtividade, tais como reprodutores, sementes e mudas selecionadas, corretivos de solo, fertilizantes, vacinas e defensivos vegetais e animais; atividades que visem especificamente à elevação socioeconômica do trabalhador rural, prédios e galpões para atividades recreativas, educacionais e de saúde; estradas que facilitem o acesso ou a circulação na propriedade; instalação de aparelhagem de comunicação e de energia elétrica; bolsas para a formação de técnicos em atividades rurais, inclusive gerentes de estabelecimentos e contabilistas (CREPALDI, 2011, p. 122).

Dessa forma, Padoveze (2010, p. 319), define investimentos como “[...] gastos efetuados em ativos ou despesas e custos que serão imobilizados ou diferidos. São gastos ativados em função de sua vida útil ou benefícios futuros.”.

Conforme Gitman (2010, p. 326) o investimento de capital é considerado “[...] um desembolso de fundos que uma empresa faz na expectativa de produzir benefícios ao longo de um prazo superior a um ano.”. O autor explica a existência de dois motivos principais para realização de um investimento como expansão e substituição ou reforma, em ambos os casos a empresa procura gerar benefícios futuros que compensem, pelo menos, os valores do investimento realizado.

Logo, entende-se que os investimentos na área rural são destinados a aquisição de implementos, defensivos agrícolas, fertilizantes e demais insumos que auxiliam no desenvolvimento das cultivares de grãos do plantio a colheita, e quando se busca maior aperfeiçoamento e melhorias na propriedade (CREPALDI, 2011).

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A receita bruta é definida como aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em crescimentos do patrimônio líquido, que não estejam relacionados com a contribuição dos detentores dos instrumentos patrimoniais (MARTINS et al., 2013).

Conforme a Resolução do CFC nº 1.412/12, NBC TG 30 –Receitas em seu item 7, define a receita como sendo “o ingresso bruto de benefícios econômicos durante o período proveniente das atividades ordinárias da entidade que resultam no aumento do seu patrimônio líquido, exceto as contribuições dos proprietários”.

Assim sendo, a lei nº 6.404/76, em seu art. 187, itens I e II, estabelece que as organizações deverão, na DRE, discriminar “a receita bruta das vendas e serviços, das deduções das vendas, dos abatimentos e os impostos e a receita líquida das vendas e serviços”. Dessa maneira, a receita deve ser mensurada pelo valor justo da contraprestação recebida ou a receber (MARTINS et al., 2013).

Isto posto, após o reconhecimento de uma receita, procura-se associar a ela toda despesa incorrida para sua consecução, mesmo que parte dela seja apenas uma estimativa, como é o caso dos devedores duvidosos. Portanto, em primeiro lugar deve-se reconhecer a receita e em seguida abordar a despesa incorrida (MARION, 2000).

Dessa forma, as receitas relacionadas a área agrícola, são denominadas de receitas operacionais, que segundo Crepaldi (2011, p. 103) “são aquelas provenientes do giro normal da pessoa jurídica, decorrentes da exploração das atividades consideradas como rurais”.

Á vista disso, em algumas situações é aceitável e útil o reconhecimento da receita antes do ponto de venda. Para produtores de ciclo operacional relativamente longo (mais de um ano) cujo processo de produção depende de crescimento natural e há possibilidades de uma avaliação de mercado objetiva e estável, pode-se reconhecer a receita antes do ponto de venda. Plantações em crescimento e gado são exemplos dessa situação. Produção de ouro, de petróleo e outros produtos naturais também (MARION, 2000).

Logo, conforme Crepaldi (2011, p. 104) a pessoa jurídica tem como atividades principais:

a produção e venda dos produtos agropecuários por ela produzidos, e como atividades acessórias as receitas e despesas decorrentes de aplicações financeiras; as variações monetárias ativas e passivas não vinculadas a atividade rural; o aluguel ou arrendamento; os dividendos de investimentos avaliados pelo custo de aquisição; a compra e venda de mercadorias, a prestação de serviços etc.

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Segundo Padoveze (2010), o orçamento das receitas compreende a projeção da quantidade e do preço das vendas de determinado produto. As receitas em uma entidade influenciam positivamente a situação líquida da mesma, representando o potencial para geração de lucros e ganhos de patrimônio (BASSO; BIZOLLA; FILIPIN, 2017). Em concordância com Marion (2000, p. 163) considera-se que “o ponto ideal para o reconhecimento de uma receita é exatamente o momento de transferência do bem ou serviço ao cliente, ou seja, o momento da venda”

Assim sendo, não são alcançadas pelo conceito de atividade rural as receitas provenientes de: atividades mercantis; da transformação de produtos e subprodutos que impliquem a alteração da composição e características do produto in natura, com a utilização de maquinários ou instrumentos diferentes do que são utilizados usualmente na área agrícola, como também por meio da utilização de matéria-prima que não seja produzida na área rural explorada; receitas provenientes de aluguel ou arrendamento, receitas de aplicações financeiras e todas aquelas que não possam ser enquadradas no conceito de atividade rural conforme disposto na legislação (CREPALDI, 2011).

Em casos em que os produtores que tem como armazenar seus produtos na propriedade por determinado período o fazem após a colheita, visando obter um melhor preço para a venda, outros, porém entregam todo o produto em cooperativas, ou unidade de recebimento de grãos da região, onde podem vender o produto já de imediato, ou podem aguardar um determinado intervalo de tempo para comercializarem o mesmo visando um aumento no preço do produto (MARTINS et al., 2013).

Sendo assim, na atividade agrícola, especificamente na produção de grãos, a receita encontra-se durante ou após a colheita, pois existem os períodos desde o preparo do solo, o preparo para o plantio, o plantio, a colheita, e os produtos colhidos e prontos para a comercialização (CREPALDI, 2011).

Logo, para uma melhor apuração dos resultados e uma melhor gestão da propriedade o correto seria o produtor vender seu produto logo após a colheita permitindo assim uma análise de forma mais adequada de seu resultado, auxiliando na maior assertividade possível no processo de tomada de decisão (MARTINS et al.,2013).

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“Custo: gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção rural; são todos os gastos relativos à atividade de produção” (CREPALDI,2011, p. 98). De acordo com Vieira (2008) pode-se identificar custos como um gasto relativo a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Sendo considerado também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como um custo, no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto ou execução de um serviço.

Quando a matéria-prima é adquirida, denomina-se este primeiro estágio de gasto, em seguida, ela foi estocada no ativo; no instante em que a matéria prima entra em produção, associando-se a outros gastos de produção, reconhecemos como custo. Dessa maneira, todos os gastos de produção e criação são entendidos como custo, por exemplo em uma propriedade rural, é identificado como custo todo gasto, seja ele com insumos, mão-de-obra, desgaste de máquina, aluguel, imposto territorial rural, entre outros (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2002).

Assim, a apuração do custo das mercadorias e dos produtos vendidos está diretamente relacionada aos estoques da empresa, pois representam a baixa efetuada nas contas de estoques por vendas realizadas no período (MARTINS et al.,2013).

Dessa forma, observa-se que em uma fazenda todos os fatores de produção que compõem os estoques (gastos de produção) são chamados de custos, todavia por ocasião das vendas, estes estoques são baixados do Ativo e lançados como Custo do Produto Vendido, apurando-se o Lucro Bruto. Assim, por extensão a contabilidade de custos está preocupada com a apuração do resultado, ou seja, identificar o lucro da forma mais adequada (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2002).

Assim sendo, a contabilidade de custos coleta, classifica e registra os dados operacionais das diversas atividades da organização, denominados de dados internos, bem como, algumas vezes, coleta e organiza dados externos. Logo, estes podem ser tanto monetários como físicos. É neste ponto que reside uma das grandes potencialidades da Contabilidade de Custos: a combinação de dados monetários e físicos resulta em indicadores gerenciais de grande poder informativo (VIEIRA,2008).

Isto posto, os custos de uma atividade rural são classificados quanto à identificação material com o produto como sendo:

a) Custos diretos. São os identificados com precisão no produto acabado, através de um sistema e um método de medição, e cujo valor é relevante, como: horas de mão-de-obra; quilos de sementes ou rações; gastos com funcionamento e manutenção de tratores.

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b) Custos Indiretos. São aqueles necessários à produção, geralmente de mais de um produto, mas alocáveis arbitrariamente, através de um sistema de rateio, estimativas e outros meios. Ex.: salários dos técnicos e das chefias; materiais e produtos de alimentação, higiene e limpeza (pessoal e instalações) (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2002, p. 43).

Os custos também podem ser fixos ou variáveis, segundo Crepaldi (2011), os custos fixos são aqueles cujo total não varia proporcionalmente ao volume produzido. Por exemplo: aluguel, impostos, entre outros. Na área rural os custos fixos são fixos em relação ao volume de produção agrícola, mas podem variar de valor no decorrer do tempo. Já os custos variáveis variam proporcionalmente ao volume produzido. Por exemplo: insumos, embalagem. Assim, aumentam à medida que aumenta a produção agrícola. Logo, se não houver quantidade produzida, o custo variável é nulo.

Dessa maneira, busca-se fazer uso dos dados de custos, demonstrando a finalidade que está por trás das informações que se buscam. Assim em um levantamento de custos, os objetivos fundamentais são: Custeio para avaliação dos estoques (custeio por absorção): são levados pela contabilidade de custos tradicional, a fim de mensurar monetariamente os estoques de produtos acabados ou ainda em exploração e, ao fim de um intervalo de tempo apurar o resultado da empresa; Custos para avaliação dos estoques (custeio direto ou variável): este método considera somente os custos varáveis para determinação dos custos de produção, ou seja, mão-de-obra direta, máquinas diretas e insumos agrícolas; e Custos standart ou padrão: destinam-se a confrontar a realidade com os padrões de custo e outros tipos de previsões e metas contidos no planejamento empresarial (SANTOS; MARION; SEGATTI, 2002). Ainda, conforme Crepaldi (2011, p.102), outros conceitos que se aplicam aos custos, sendo eles:

a) Custos de transformação: representam o esforço empregado pela Empresa Rural no processo de produção de um determinado produto agrícola (mão-de-obra direta e indireta, energia, horas máquinas etc.). Não inclui insumos e outros produtos adquiridos prontos para consumo.

b) Custos primários: são a soma simples de insumos e mão-de-obra direta. Não são a mesma coisa que o custo direto, que é mais amplo, incluindo, por exemplo: materiais auxiliares, energia elétrica etc.

c) Insumos diretos: são os insumos que se incorporam (se identificam diretamente aos produtos agrícolas. Exemplo: embalagem, materiais auxiliares, tais como tinta, parafuso, prego etc.

d) Mão-de-obra direta: representa custos relacionados com pessoal que trabalha diretamente na produção, por exemplo, o empregado que opera uma plantadeira. A mão-de-obra direta não deve ser confundida com a de um operário que supervisiona um grupo de operários que plantam.

Logo, infere-se a gestão de custos em uma propriedade rural é de extrema importância para a obtenção e bons resultados, com um bom gerenciamento e uma correta alocação dos

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custos, pode-se desenvolver melhores informações a respeito dos dados coletados desenvolvendo assim uma relevância estratégica para a entidade (VIEIRA,2008).

2.2.4 Despesas

Despesas operacionais constituem-se das despesas pagas ou incorridas para vender produtos e administrar a empresa e, dentro do conceito da Lei nº 6.404/76, abrangem também as despesas líquidas para financiar suas operações; os resultados líquidos das atividades acessórias da empresa são também considerados operacionais (MARTINS et al., 2013).

Segundo Basso, Brizola e Filipin (2017, p. 85) “entende-se por despesa o “custo” do uso dos bens ou serviços que, direta ou indiretamente, deverão produzir uma receita. A característica básica da despesa é que ela se constitui num gasto que não se materializa, isto é, são gatos que se consomem na sua realização”.

As despesas de vendas representam os gastos de promoção, colocação e distribuição dos produtos de empresa, bem como os riscos assumidos pela venda. São mais facilmente identificáveis com as receitas correspondentes, como é o caso das comissões sobre vendas (MARTINS et al., 2013).

Conforme Marion (2000), considera-se como despesas da área rural todos os gastos não identificáveis com a cultura, não sendo, portanto, acumulados no estoque, mas apropriados como despesa do período. São despesas de venda: propaganda e comissão de vendedores; despesas administrativas: honorários dos diretores e pessoal do escritório; e despesas financeiras: juros e correção monetária.

As despesas podem ser conceituadas como os gastos necessários com o uso dos bens e serviços para produção das receitas. Assim sendo, as mesmas possuem influência negativa no resultado da entidade, reduzindo o valor dos lucros e acumulando prejuízos caso sejam superiores aos valores das receitas adquiridas no período de apuração (BASSO; BIZOLLA; FILIPIN, 2017).

Dessa forma, é muito importante para área rural que se obtenha uma adequada apropriação das despesas do período, para que se desenvolva da melhor maneira o processo de geração de informações corretas para o produtor (MARION, 2000).

Referências

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