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PENAFILHO 2008 ConflitoseEstabilidadenoContinenteAfricanonosanos1990

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Academic year: 2021

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O objetivo do presente trabalho é discutir a questão dos conflitos africanos nos anos 1990 e as tentativas de solução dos mesmos, tanto as vislumbradas pelos próprios líderes do continente como as soluções sugeridas pelos organismos internacionais, especialmente as Nações Unidas e os blocos regionais africanos.

O continente africano é tido, geralmente, como um caso perdido para a humanidade. “Cemitério de países” e “terra sem esperança” são algumas formulações apreendidas pelo senso comum em praticamente todo o mundo quando se faz referência à África, de forma coletiva ou individualizada. Mesmo transformações positivas e mais recentes, em termos

históricos, que têm superado as piores expectativas que indicavam alta probabilidade de aguda tensão social e guerra civil, como tem sido a superação do regime do apartheid na África do Sul, vem sendo abordada de forma negativa, sobretudo quando se diz que, no caso, aquele país está se “africanizando”, uma expressão negativa que alude e está se transformando em sinônimo de caos, de ausência de serviços públicos eficientes e à deterioração da qualidade de vida, isto é, a referência à eficiência da África do Sul sob o regime branco contrasta com a presumível ineficácia e incompetência dos novos governantes sul-africanos.

Há crises em outras partes do mundo, não sendo, portanto, esse fato, uma exclusividade dos africanos. No entanto, é naquele continente que a humanidade defronta-se com seus mais terríveis níveis de desigualdade social, miserabilidade, falta de perspectiva, desestruturação econômica e social, guerras, fome, epidemias, morte[i]. Como explicar um quadro tão desalentador e complexo como esse? Quais serão os fatores de desagregação que mais prejudicam o desenvolvimento e o bem estar das populações da região?

A história do continente africano nos últimos quinhentos anos pode ser considerada, em múltiplos aspectos, como dramática. A chegada dos europeus, se por um lado marcou a intensificação dos contatos entre as civilizações da Europa e da África, por outro significou o início da desestruturação de sociedades autóctones que haviam criado instituições próprias e que funcionavam com certa estabilidade há muito tempo. Significou, também, a intensificação da nefasta atividade da escravidão, que exauriu a África de braços e mentes por mais de três séculos. Após a escravidão, o domínio físico e a instituição do sistema colonial retardaram em pelo menos meio século a retomada das instituições e seu desenvolvimento próprio, oprimindo, barbarizando e colonizando territórios e seres  humanos, diminuídos a coadjuvantes de sua própria história.

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resistência e faz o continente como um todo entrar em efervescente período de atividade

política, o que resultou, efetivamente, na esperança de dias melhores e na chance de se provar ao mundo a capacidade africana de autodeterminação com iniciativa para gerir os próprios assuntos e promover o bem estar de sua população.

Durante os anos 1950, portanto, inicia-se nova fase na história política do continente africano, com o começo das independências [ii]. A princípio, os novos Estados africanos iniciaram um período de otimismo, buscando aprofundar laços preexistentes e iniciando o processo de integração regional. Além disso, houve euforia com a possibilidade de desenvolvimento econômico, modernização e liberdade política e exacerbou-se o sentimento nacionalista no mosaico étnico africano.

A integração regional caracterizou-se, nessa fase inicial, pela associação formal de países geograficamente próximos e com forte tendência a aproveitar o legado deixado pela era colonial. As primeiras associações efetivaram-se, portanto, em regiões colonizadas por uma mesma  metrópole e com algum tipo de vinculação econômica que vinha da era anterior à independência. Isso implicou na manutenção dos laços econômicos entre os países africanos e as ex-metrópoles européias, muito embora o desejo manifesto por vários líderes da África expressasse a idéia de independência total.

Foi na África Ocidental, entendida aqui como a área formada por 16 países[iii] e que inaugurou o processo de descolonização na África negra, que surgiram os primeiros

agrupamentos entre os novos Estados africanos. A região sofreu o colonialismo proveniente de quatro metrópoles européias: Inglaterra, França, Portugal e Espanha. Destas, as duas

primeiras destacaram-se pela presença mais pujante em número de colônias, intensidade da exploração e expressão internacional. Assim, irão influenciar a região por muito mais tempo e profundidade do que Portugal e Espanha. Pode-se dizer que ainda hoje boa parte dos países dessa região sofrem influências diretas de Paris e Londres, embora em franco quadro

declinante.

Mesmo que se intente uma divisão dos países da África Ocidental em grandes agrupamentos forjados na base da herança colonial, ou seja, uma zona inglesa e outra francesa, percebe-se claramente a profunda diversidade dos países de cada área. Existem, por exemplo, na África Ocidental de colonização inglesa, países populosos e abundantes em recursos naturais, destacando-se a Nigéria; e países pequenos, de baixa população e com moderados recursos naturais, como a Gâmbia. Na área francesa, cite-se, por um lado, o caso da Costa do Marfim, com indicadores econômicos relativamente elevados para os padrões da região e, por outro, Burkina Faso, um país com indicadores econômicos e sociais muito modestos.  Isto, sem

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contar, a diversidade cultural e religiosa, um fenômeno nada desprezível num continente marcado por conflitos que têm em sua raiz fatores étnicos e questões

 

religiosas.

[iv]

A África Austral, utilizando-nos de uma abordagem ampliada no que diz respeito ao conceito geográfico e que, no âmbito deste trabalho, compreende todos os países membros da SADC (Southern African Development Community)[v], apresentou evolução histórica diferenciada quando comparada com a África Ocidental. Muito embora não se possa encontrar coesão entre países tão diversos, com sistemas de colonização e características culturais específicas, além de um vasto território que é inclusive considerado um subcontinente, os países dessa região se associaram inicialmente com o objetivo de formar uma frente unida contra a proeminência econômica sul-africana, que os colocava numa condição de extrema dependência,

característica que era agravada pela política de apartheid praticada pela África do Sul.

O fim do regime racista sul-africano possibilitou o ingresso da África do Sul na comunidade e a ampliação do processo de integração. A partir daí há uma revisão dos princípios iniciais do movimento e busca-se a construção de um espaço comum, para juntos lograrem a superação dos graves problemas estruturais que assolam e entravam o desenvolvimento de uma das mais ricas regiões em recursos minerais do continente africano.

Entre as duas áreas -  a África Ocidental e a Austral -, o que há de mais em comum na

atualidade é o quadro de instabilidade política, guerras internas com freqüente envolvimento de terceiros Estados, falta de perspectiva para o crescimento econômico num futuro próximo e a enorme dificuldade de inserção na economia internacional sob os auspícios da globalização. Entretanto, os países de ambas as regiões conseguiram entabular um processo de integração econômica que visa, sobretudo, à superação do quadro supracitado.

Mas, além da África Ocidental e da Austral, as outras configurações regionais africanas também apresentam um quadro nada otimista. Há conflitos em andamento na área

vulgarmente conhecida como o “chifre da África”, envolvendo uma disputa fronteiriça entre a Eritréia e a Etiópia – a única guerra declarada entre dois países africanos – e a interminável guerra civil na Somália, um Estado que virtualmente desapareceu, sem governo ou instituições estatais típicas. Cite-se, ainda, o conflito no Sudão, extremamente grave e de longo termo, haja vista que as diferenças religiosas, com o norte muçulmano e o sul cristão, e o clássico

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1. A CRISE AFRICANA E A INSEGURANÇA COLETIVA

 

A questão da segurança é de primordial importância para o continente africano. Marcado por profundo quadro de instabilidade política e econômica, os Estados africanos não têm

conseguido solucionar seus problemas e diferenças através da negociação

político-institucional. Assim, uma crise política localizada possui consideráveis elementos desestabilizadores que geralmente levam à tentativa da solução através de meios violentos, muitas vezes trazendo instabilidade a toda uma região. As conseqüências imediatas são desastrosas, via de regra resultando no envolvimento de países vizinhos em determinado conflito interno e promovendo, dentre outros: a) a destruição da já enfraquecida estrutura econômica; b) mortes – sempre em número elevado; c) deslocamentos populacionais de envergadura; d) perpetuação da pobreza e do baixo nível de desenvolvimento das forças produtivas, haja vista que os escassos recursos geralmente têm prioridades militares; e) a manutenção e aprofundamento da enorme distância que separa o continente africano do mundo desenvolvido, ou mesmo dos países chamados de “em desenvolvimento”. [vi]

O incremento dos conflitos africanos nos anos 1990 está claramente associado ao fim da guerra fria. Com efeito, após o colapso do “socialismo real” [vii], da queda do muro de Berlim e com o avanço do processo de globalização, cresceu o desinteresse por tudo que diz respeito à África. O antigo envolvimento das superpotências com os assuntos africanos, encarados como parte integrante da balança de poder mundial, e que foi mantido praticamente desde a consolidação das independências nacionais, igualmente sofreu substancial alteração.

[viii]

 

No que tange às ingerências externas no continente, o novo contexto internacional

apresentava, grosso modo, as seguintes características: a) a incapacidade da Rússia em projetar-se na política mundial como substituta da União Soviética, resultando em seu

afastamento das questões internacionais relativas à África; b) o negligenciamento por parte dos Estados Unidos com os assuntos africanos e; c) a escolha feita pelas potências européias intermediárias (ex-metrópoles), que optaram por um discreto distanciamento da África.

[ix]

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distanciamento e optaram pela manutenção de um baixo perfil de envolvimento em todo o continente, exceção identificada apenas – e em parte – ao norte da África, por motivos que dizem respeito mais diretamente aos interesses de segurança do continente europeu, relativos a processos migratórios e à possibilidade de expansão de regimes fundamentalistas islâmicos na área, notadamente na Argélia; e à África do Sul, principalmente por sua estreita relação com os elevados investimentos internacionais praticados no país, a sua já consolidada

infra-estrutura que está de há muito conectada com o mundo desenvolvido e também pela sua posição estratégica.

O agravamento da crise econômica e a retirada do suporte internacional a alguns regimes, como o de Mobutu Sese Seko (reconhecido aliado das potências ocidentais nos anos da Guerra Fria) no ex-Zaire, atual R.D. do Congo, fez com que os conflitos tomassem novo impulso na África. Com a escalada das guerras civis e a matança de cunho étnico e, mais ainda, com as transmissões televisivas quase que em tempo real, tudo isso forçou uma resposta da comunidade internacional. O encaminhamento dado à questão, mesmo que de forma tímida e até certo ponto paliativa, se deu no âmbito das Nações Unidas, com a criação de várias missões de paz enviadas ao continente desde o final dos anos 1980, com crescente importância ao longo dos anos 1990. Para se ter uma idéia do crescimento das missões de peacekeeping (com envolvimento de tropas) em África, observe-se que em 1988 a ONU estava envolvida em 5 casos, número que triplicou em 1994. Os dispêndios econômicos com as

missões também são reveladores: os valores se elevaram de US$230 milhões em 1988 para US$3,6 bilhões em 1994. [x] Entretanto, apesar do papel cada vez mais crucial desempenhado pela ONU no continente, os resultados não foram muito animadores.

Na verdade, a maneira como as operações de paz são conduzidas pelas Nações Unidas não possibilita resultados mais positivos. As operações de paz promovidas pela ONU estão tipificadas em cinco categorias: 1) Peacemaking - geralmente utilizando-se da mediação, conciliação, arbitramento ou iniciativas diplomáticas para resolução de conflitos;

 

2) Peacekeeping

- tradicionalmente envolvendo uso de pessoal militar, porém com escopo de ação limitado a atividades reativas e mais voltado para monitoramento de acordos de cessar-fogo; 3)

Peace-enforcing

- com uso de força militar para cessar hostilidades ou reprimir atos de agressão; 4) Peace-building

- envolvendo a reconstrução de infra-estrutura e a reabilitação de instituições políticas de cunho democrático e; 5) Protective engagement

- utilizando-se essencialmente de meios militares defensivos para o estabelecimento de

ambientes seguros para operações humanitárias. Contudo, praticamente apenas as operações de peacemaking e peacekeeping

são levadas a efeito, o que explica, em parte, o relativo fracasso do envolvimento das Nações Unidas nos conflitos africanos, como por exemplo, as missões enviadas à Libéria (UNOMIL),

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Serra Leoa (UNOMSIL), Angola (UNAVEM I, II e III), Ruanda (UNAMIR) e Somália (UNOSOM I e II), as quais não lograram solucionar o problema da guerra.

Os fatos mais recentes em Serra Leoa bem demonstram os limites e a fragilidade da missões de paz, quando cerca de quinhentos soldados que compunham as tropas da ONU,

provenientes de vários países, foram feitos prisioneiros pelo movimento rebelde “Frente Revolucionária Unida” (RUF), liderada por Foday Sankoh. Naquela ocasião, equipamento militar das Nações Unidas caiu em mãos dos rebeldes e as forças internacionais, mal

preparadas e limitadas por rígidas regras, pouco puderam fazer para responder aos ataques sofridos. Talvez a grande diferença entre as missões de paz da ONU e a ação de tropas mercenárias, quase sempre bem sucedidas nos conflitos em que se envolveram no continente africano, resida justamente no preparo dos soldados e na permissão para responder

militarmente aos movimentos revoltosos.

Apesar do envolvimento internacional, mesmo que muito aquém das reais necessidades, a questão da segurança continua aparentemente sem solução para a maior parte dos conflitos africanos. Muito embora a ONU esteja participando na tentativa de solucionar as guerras civis e servir de mediadora na disputa violenta pelo poder, a solução para a questão da violência inevitavelmente passa pelo compromisso das próprias lideranças africanas, que não podem ser alijadas do processo de construção da paz, mas também pela reformulação da política de prevenção de conflitos e de operações de paz estabelecidas no âmbito das Nações Unidas e pelas organizações regionais.

 

2. OS MERCENÁRIOS VOLTAM AO CONTINENTE AFRICANO

 

As reflexões elaboradas sobre a questão da segurança na África permitem tecer algumas considerações a respeito dos prospectos de paz e estabilidade naquele continente. Com efeito, na última década do século XX, como destacado, registra-se o incremento dos conflitos no continente africano, os quais possuem traços comuns que lhes dão certa unidade. Da mesma forma, as tentativas de solução ou intermediação para solução desses conflitos têm seguido

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uma regra comum, isto é, o apelo à comunidade internacional através da Organização das Nações Unidas, muito embora esta não tenha sido a única opção.

Os conflitos africanos em andamento, apesar de alguns terem raízes profundas que remontam ao sistema colonial europeu e ao seu legado, têm nos fatores internos a sua mais recente e decisiva razão de ser. Desde que a onda de descolonização varreu os Impérios europeus da África já se passaram quase quarenta anos, tempo suficiente para que os africanos pudessem estabelecer o próprio ritmo e darem a sua feição aos novos Estados. Portanto, não seria aconselhável atribuir à velha Europa a responsabilidade pelas mazelas africanas do final do século XX.

O papel das Nações Unidas na tentativa de prover o mínimo de estabilidade para os países africanos em crise tem sido destacado durante os anos 1990. Contudo, antes disso a ONU teve papel proeminente no processo de descolonização da África e foi, por conseguinte, foro

importantíssimo na constituição dos Estados africanos. A primeira intervenção direta das Nações Unidas num contexto de crise na África se deu no início dos anos 1960, durante os primeiros anos de vida do Zaire, ex-Congo Belga e atual República Democrática do Congo. Seguiu-se um período sem intervenções envolvendo tropas, sendo de destaque as pressões contra o regime racista sul-africano, recorrentemente admoestado pelo apartheid, pela ocupação ilegal da Namíbia

e pela política de desestabilização que promoveu nos países da região da África Austral, principalmente entre meados da década de 1970 e o final dos anos 1980. Vale registrar, pois, que não era uma prática corrente das Nações Unidas a intervenção militar no continente africano – aliás, em nenhum continente. Prevaleceu, durante a Guerra Fria, a paralisia da Organização, sobretudo em decorrência do conflito ideológico e da estrutura baseada na composição do Conselho de Segurança.

[xi]

Com o fim da Guerra Fria e a remodelação do sistema internacional, as questões políticas que despertavam algum interesse no continente africano praticamente foram removidas, fato que retirou dos fracos Estados africanos o suporte internacional que lhes dava alguma garantia de soberania, através do reconhecimento do governo central pela comunidade internacional. Desta forma, a legitimidade dos governos e de vários regimes passou a ser contestada internamente por grupos contrários, seja ideologicamente motivados ou mesmo seguindo outras motivações, como étnicas e religiosas, por exemplo.

Com o agravamento e a disseminação da crise na África, que não foi só política, mas também econômica – tendo algumas assumido feição religiosa – , a comunidade internacional se viu,

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gradativamente, como que obrigada a intervir, dado o apelo quase desesperador emitido por africanos e membros de organizações não governamentais e veiculados pelos meios de comunicação, via de regra alavancados pela opinião pública dos países desenvolvidos que se sentiu incomodada pelas dramáticas reportagens, geralmente relatando massacres, genocídios e fome, e também pela pressão imigratória que os países europeus passaram a sofrer, quando houve o incremento do movimento populacional rumo à Europa, sobretudo na direção das antigas metrópoles.

No início dos anos 1990, e com a evolução da crise, até mesmo da legitimidade de vários governos africanos, a solução encontrada por alguns dos governantes arrastados a conflitos internos, foi de utilizar-se dos serviços de companhias especializadas em segurança, que da mesma forma que os conflitos, expandiram-se drasticamente. Há levantamentos, por exemplo, que indicam que entre 1997-1998 existiam cerca de 90 dessas companhias operando somente no continente africano. Esse movimento nada mais era do que a volta à ativa dos famosos “soldiers of fortune”, ou mercenários. [xii]

Os modernos mercenários, que ainda estão na ativa, foram ressuscitados como fenômeno direto do fim da Guerra Fria. Com a desmobilização de elevado número de efetivos militares em vários países, especialmente na antiga área socialista do leste europeu e na África do Sul, houve  a disponibilização de mão de obra altamente qualificada e sem perspectiva alguma para o futuro, resultado da crise econômica que envolveu os seus países de origem. Assim, a convergência de interesses entre estes e os enfraquecidos governos africanos possibilitou a escalada deste tipo de atividade na África, sobretudo porque no âmbito das Nações Unidas ainda não se havia consolidado a tese da imposição da paz através da utilização dos “capacetes azuis”.

Vários governos africanos lançaram mão dos mercenários. Entre eles, os mais conhecidos foram os de Angola, Libéria, Serra Leoa, Congo, Sudão, Somália e Uganda. Dentre as

companhias de segurança privada – sendo grande parte registrada legalmente – a que mais se destacou na África foi a sul-africana Executive Outcomes. Atuando como um verdadeiro

exército privado, tal companhia se vangloriava de prestar serviços exclusivamente a governos constituídos ou a empresas operando legalmente dentro de países em conflito, a maioria das quais multinacionais dos setores de exploração de minerais ou no campo petrolífero.

[xiii]

Um exemplo do poder e da eficiência da Executive Outcomes pode ser demonstrado pela sua atuação em Serra Leoa. Contratados pelo governo de Serra Leoa num momento crítico de ameaça à sua sobrevivência, com os rebeldes da RUF (Frente Unida Revolucionária) já nos

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arredores de Freetown, a capital do país, os mercenários – em número estimado de apenas 300 soldados – entraram em ação e, em dois anos de atividades (1995-1996), não só

eliminaram o risco da derrota militar do governo, como expulsaram os rebeldes para as áreas mais remotas do país ou para “santuários” na vizinha Libéria, retomando o controle das preciosas minas de diamantes. Paradoxalmente, e em gritante contraste com a idéia generalizada acerca da própria natureza das atividades de soldados de aluguel, os

mercenários, em parte pelo seu profissionalismo e em parte pelos métodos brutais empregados pelos rebeldes, foram extremamente bem recebidos pela população de Serra Leoa, que sentiu, com a presença deles no país, a volta da segurança.

[xiv]

Durante 1996, no entanto, tendo já iniciado, no âmbito das Nações Unidas, um movimento contrário às atividades mercenárias, o governo de Serra Leoa se viu coagido a encerrar seus contratos com a companhia Executive Outcomes, a qual acabou sendo forçada a deixar o país. O desenrolar dos acontecimentos são conhecidos e até hoje não se chegou a uma solução. Desde então, com a retirada dos mercenários e a incapacidade do governo e do Exército regular de Serra Leoa em fazer frente ao movimento rebelde, apoiado pelos liberianos, o mundo assistiu ao esfacelamento do Estado-nação em Serra Leoa, deixando virtualmente de existir as instituições normais e fundamentais ao funcionamento do Estado. Assim, seguiu-se o envolvimento de uma força de intervenção regional liderada pela Nigéria – ECOMOG

– na qual estiveram envolvidos cerca de 10.000 soldados e, após o seu fracasso, o atual envolvimento das Nações Unidas, como a participação da UNOMIL, envolvendo cerca de 14.000 soldados. Nem a Ecomog, nem a UNOMIL, com todo o peso de seu envolvimento, conseguiram promover o restabelecimento da paz e das instituições em Serra Leoa.

Naturalmente, há que se observar e refletir sobre os contrastes da ineficiência da intervenção do organismo regional e do internacional, com a ação rápida e decisiva dos mercenários.

Não foi somente em Serra Leoa que a participação dos mercenários resultou em aspecto decisivo e emblemático. Sobre Angola, por exemplo, há certo consenso de que a virada na luta contra a guerrilha da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), liderada por Jonas Savimbi, só se verificou após a contratação da mesma companhia, Executive Outcomes, pelo governo do país. Teria sido, pois, a rápida e eficiente atuação dos mercenários, que propiciou as condições para que o Exército angolano retomasse

vantajosamente a ofensiva contra os rebeldes, os quais paradoxalmente teriam se valido, no passado, da assistência dos mesmos mercenários contra o governo.

Esses dois exemplos ilustram que houve um espaço vago que foi ocupado por companhias privadas especializadas em fazer a guerra. Em certo sentido, não seria exagero afirmar que se procedeu a uma espécie de privatização da guerra no continente africano, talvez antecipando um fenômeno provável de se repetir em outras partes do mundo num futuro não muito distante.

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Mas, o mais grave, é que a ação dos mercenários vem sendo destacada como uma “real” alternativa para os conflitos africanos, embora os defensores desta tese não levem em consideração uma série de fatores perturbadores relativos à ação de tropas pagas. Neste sentido, destaque-se, por exemplo, que os mercenários não estão sujeitos a nenhum tipo de controle, seja ele governamental ou internacional [xv] . Assim, acabam atuando praticamente na clandestinidade e sem limites, o que ocasiona, não raras vezes, uso excessivo da violência.

 

3. O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES REGIONAIS (ECOWAS E SADC) NA RESOLUÇÃO DOS CONFLITOS AFRICANOS – O Regionalismo como alternativa para a crise?

   

Além da atuação das Nações Unidas e de grupos de mercenários contratados por alguns governos africanos, um outro tipo de tentativa de resolução de conflitos vem sendo tentado por algumas lideranças africanas para crises africanas. Neste sentido, a análise se centrará nas medidas de segurança coletiva implementadas pelas organizações regionais africanas, especialmente as propostas pela Comunidade Econômica dos Países da África Ocidental (ECOWAS) e pela Comunidade para Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Desde o final dos anos 1980 a África Ocidental vem sendo fortemente abalada por conflitos no interior de alguns Estados da região que tiveram grande êxito em atrair e envolver terceiros países, dando-lhes uma complexidade muito maior. A guerra civil na Libéria (país de pequenas proporções – 111.369 km2 e 2,7 milhões de habitantes – e singular na história do continente africano por ter sido um pólo de atração de ex-escravos norte-americanos) inaugurou também uma outra modalidade de intervenção para solução de conflitos, que até então somente tinha sido utilizada por patrocínio do governo norte-americano, e sob os auspícios da Organização dos Estados Americanos (OEA), para a intervenção na República Dominicana, em 1965, se bem que naquela ocasião em contexto totalmente diverso do caso africano.

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O fato é que, com o crescente desinteresse dos Estados mais desenvolvidos pelos assuntos africanos, que pouco afetam a vida na Europa ou nos Estados Unidos, a não ser com

incômodas e nem tão freqüentes cenas propagadas pela mídia, os líderes africanos foram impelidos, tanto por necessidades internas ao continente como por discreta ação diplomática dos países desenvolvidos, a se envolver em guerras civis e disputas internas em Estados mais frágeis e que tivessem alguma capacidade de promover instabilidade regional, que poderiam resultar, por exemplo, na transposição de seus conflitos para países vizinhos, num tipo de efeito dominó de graves dimensões.

A lógica política de tais intervenções está, pois, estreitamente associada à busca de

estabilidade política regional, num contexto em que todos os regimes de uma determinada região podem sofrer as conseqüências das ações verificadas num único país. Tais

desdobramentos são potencialmente agravados no continente africano pela fluidez das fronteiras artificiais traçadas entre a maior parte dos Estados do continente, e nas quais há intenso intercâmbio humano, com grupos étnicos afins vivendo, ao mesmo tempo, em dois ou mais Estados.

O regionalismo, em sua vertente da segurança, pode vir a ser uma solução viável para todo o continente africano, uma vez que a constituição de “exércitos” regionais poderia se transformar num fator extremamente útil para a estabilidade e a paz regional. Uma vez criados, os

esquemas regionais de segurança aliviariam o peso econômico relacionado a gastos militares, diminuiriam a possibilidade de golpes de Estado, e rapidamente teriam um significado especial como inibidor de aventuras violentas de tomada do poder por grupos políticos ou étnicos rebeldes.

A primeira intervenção patrocinada por um agrupamento regional africano ocorreu em 24 de agosto de 1990, com o envio de tropas do Grupo de Monitoramento da Comunidade dos

Estados da África Ocidental (ECOMOG) para tentar conter a crise na Libéria. A ECOMOG, uma espécie de braço armado da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental

(ECOWAS), foi empregada também em mais duas ocasiões: na tentativa de solucionar conflitos em Serra Leoa (1993-1999) e na Guiné-Bissau (1998).

Embora tenham sido, pelo menos do ponto de vista formal, intervenções levadas a efeito sob os auspícios da ECOWAS, é inegável o papel de vanguarda exercido pelo ator regional mais proeminente: a Nigéria. Com efeito, cerca de 70% das tropas da ECOMOG foram formadas por efetivos nigerianos, que desde o início assumiram a direção da força interventora. Embora a

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Nigéria tenha conseguido efetivar a existência da ECOMOG, tal atitude não foi alcançada por consenso entre os membros da Comunidade, ficando bastante evidente que muitos dos países que formam a ECOWAS não concordavam com a criação de uma força militar de intervenção. Não foi por acaso que as intervenções praticadas pela ECOMOG não tiveram sucesso e não conseguiram levar estabilidade aos países que atravessavam conflitos, como fica claro quando se analisa a conjuntura na Libéria, na Guiné-Bissau e em Serra Leoa. Serra Leoa é, inclusive, um exemplo claro do fracasso da intervenção regional, que até o presente vem contribuindo para o prolongamento da guerra civil, haja vista a incompetência das forças “governamentais” em derrotar os revoltosos. Fica claro que, sem a intervenção estrangeira/regional, os rebeldes da Frente Unida Revolucionária (RUF) já teriam dominado todo o país e instaurado um novo regime, a exemplo do ocorrido na Libéria. Neste sentido, é até oportuno a reflexão e discussão da validade de tais intervenções nos conflitos internos, uma vez que os casos concretos

indicam que a presença de forças externas só fizeram prolongar os conflitos internos, aumentando consideravelmente o número de vítimas e o sofrimento das populações dos países em conflito.

No caso da África Ocidental, as divergências mais profundas se deram entre a Nigéria, Burkina Faso e a Costa do Marfim. Os dois últimos países, contrários desde o início ao estabelecimento da ECOMOG – ambos não participaram da reunião da ECOWAS que decidiu pela criação da força de intervenção – tiveram uma participação importante para o fracasso das operações da ECOMOG na Líbéria, que afinal comprometeria a sua ação futura em Serra Leoa. Assim, sobre Burkina Faso e a Costa do Marfim recaíram fortes suspeitas de ajuda aos rebeldes da Libéria, como provedores de armas e outros suprimentos, bem como de refúgio seguro para as

guerrilhas rebeldes.

Outro agrupamento regional importante no contexto africano é a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). Composto de membros tão diversos quanto a ECOWAS, a SADC também possui múltiplos problemas vinculados à segurança regional. E da mesma maneira que ocorre na África Ocidental, existem muitas divergências políticas entre os membros do bloco da África Austral, com propostas que variam de uma política mais ativa e engajada de intervenção, com a utilização de forças armadas para missões específicas, a propostas de resolução negociada para os conflitos.

Tais divergências ficaram mais expostas quando irrompeu a crise no ex-Zaire, atual República Democrática do Congo, e duas tendências divergentes se evidenciaram. Por um lado, Angola, Zimbabwe e Namíbia assumiram postura ativa e engajaram suas tropas ao lado das de Laurent Desiré Kabila, substituto de Mobuto Sese Seko. Por outro lado, a África do Sul,

incontestavelmente o país mais importante do bloco, assumiu uma postura diferente, numa perspectiva que buscava o diálogo e a solução negociada para a complexa questão da guerra civil na R.D.Congo. Enfim, no caso da guerra na região dos Grandes Lagos, que acabou por

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envolver aberta e intensamente pelo menos cinco diferentes países, não houve a possibilidade da formação de uma força militar que agisse sob os auspícios da SADC, a qual poderia

legitimar a intervenção.

Entrementes, ainda no âmbito da SADC, a organização chegou a um meio-termo no que diz respeito à política de intervenção militar regional. Sob pressão da mesma África do Sul, que pouco antes se recusou a enviar tropas e a se envolver militarmente na guerra na R.D.Congo, a SADC formalizou, pela primeira vez, uma intervenção militar sob os seus auspícios no contexto da África Austral. Tal fato ocorreu durante o segundo semestre de 1998, quando militares provenientes da África do Sul e de Botswana entraram no território do Lesoto para impedir o sucesso de um golpe militar contra o governo, intentado por setores militares. [xvi]

Mas mesmo tal ação, muito mais limitada que as intervenções anteriormente citadas (da ECOMOG na Libéria e em Serra Leoa; e do envolvimento de terceiros países na guerra do Congo), não foi consensual no âmbito da SADC. Com efeito, a maior parte dos países da região, senão todos, são contrários a que se constitua uma força permanente para

intervenções que tenham por objetivo conter guerras civis ou golpes militares, residindo neste aspecto o maior entrave para a concretização de esquemas regionais de segurança no

continente africano.

Num balanço geral da questão do papel das organizações regionais na busca pela estabilidade política, tema vital para o futuro do continente – mas também e principalmente para o presente – pode-se argumentar que, sem dúvida alguma, essas organizações têm um relevante papel a cumprir, muito embora sua atuação até o presente não tenha sido um sucesso, em termos militares ou políticos. Talvez o principal argumento favorável à sua atuação seja o fato de que os africanos estão tentando solucionar os problemas do seu continente utilizando-se dos seus próprios meios. Assim, o aspecto do ‘olhar para dentro’ assume dimensões realmente

significativas e que podem trazer valiosas lições e indicar novos caminhos para o futuro próximo. Noutro sentido, um dos aspectos mais negativos que têm se destacado da

participação das organizações regionais nos conflitos está ligado à falta de isenção, de preparo e de entendimento político entre os países membros de tais organizações, o que tem suscitado ainda mais desunião e desconfiança entre os Estados africanos.

   

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[i] No Relatório da Organização das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Humano, referente ao ano de 1998, os últimos quinze países que apresentaram piores índices são africanos (Uganda, Malawi, Djibouti, Chad, Guiné-Bissau, Gâmbia, Moçambique, Guiné,

Eritréia, Etiópia, Burundi, Mali, Burkina Faso, Níger e, por último, Serra Leoa) Ver: http://ww w.undp.org/hdro/98hdi.htm

[ii] O Sudão foi o primeiro país a tornar-se independente, em 1956, seguido da Costa do Ouro, atual Gana, em 1957. Ambos foram colônias inglesas.

[iii] O conceito de África Ocidental adotado faz referência ao grupo de países que formam a ECOWAS (Economic Community of West African States ). Seus membros são: Benin, Burkina Faso, Cabo Verde, Costa do Marfim, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.

[iv] No que diz respeito ao fator religioso é necessário levar-se em conta a contínua expansão do Islã sobre algumas regiões da África, o que implica num projeto que não é meramente religioso, mas que influencia consideravelmente o destino político dos países que recebem tal influxo. Vale ressaltar, como exemplo ilustrativo recente, os acontecimentos na Nigéria, país mais populoso da África e onde o avanço do islamismo já tem criado graves distúrbios,

nomeadamente nos Estados localizados no norte do país. No caso nigeriano, pelo menos sete Estados (Zamfara, Sokoto, Kebbi, Yobe, Borno, Kano e Niger) decidiram adotar a Sharia , lei islâmica que deveria reger a vida dos habitantes. Embora a maioria da população nortista seja muçulmana, há em algumas regiões do norte número considerável de cristãos, fato que levou a conflitos sangrentos, sendo registrado, só durante o ano 2000, mais de mil mortes. A

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este respeito conferir páginas na internet: “Nigeria split over Islamic code” , Johannesburg, Daily Mail & Guardian, 3 de março de 2000,

http://www.mg.co.za/mg/news/2000mar1/3mar-nigeria.html

; “Worst bloodletting...since civil war”

, Johannesburg, Daily Mail & Guardian, 2 de março de 2000,

http://www.mg.co.za/mg/news/2000mar1/2mar-nigeria.html

; “Nigeria chooses to self-destruct”

, Johannesburg, The Mail & Guardian, 2 de março de 2000,

http://www.mg.co.za/mg/news/2000mar1/2mar-nigeria2.html

; “Christians fearful of Islamic law in northern Nigeria” , Johannesburg, Mail and Guardian,

http://www.mg.co.za/mg/news/2000mar1/10mar-nigeria.html

; “New wave of religious violence grips Nigeria” , Johannesburg, Mail and Guardian,

http://www.mg.co.za/mg/news/2000may2/24may-nigeria.html

[v] São membros da SADC: Angola, África do Sul, Botswana, Lesoto, Malauí, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe.

[vi] Alguns autores já descrevem os países do continente africano como pertencentes ao “quarto mundo”, tal o diapasão que os separa da maior parte dos países dos outros

continentes. Veja , por exemplo: CASTELLS, Manuel. Fim de milênio – A era da informação; economia, sociedade e cultura, vol 3 . São Paulo: Paz e Terra, 1999, p. 95-155.

[vii] Termo utilizado para designar os países socialistas que tinham como embasamento o “marxismo-leninismo” em sua vertente stalinista, isto é, de todos os países que adotaram o sistema socialista liderado pela ex-União Soviética, mais a Albânia e a China, que se distinguiam do modelo soviético mas que possuíam – no caso da China ainda possui – sistemas altamente centralizados e autoritários, em certa medida destoantes dos princípios puramente marxistas, haja vista a desvinculação de sua base econômica dos princípios político-ideológicos pregados por seus governos.

[viii] Richard Cornwell discute, embora brevemente, as implicações do fim da Guerra Fria sobre a estrutura estatal africana. Cf. CORNWELL, Richard. “ The collapse of the African State”. In: CILLIERS, Jakkie, MASON, Peggy (orgs.). Peace, profit or plunder? The privatisation of security in war-torn African societies

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(ISS), 1999, p.61-80.

[ix] Sobre o contexto internacional nos anos 1990 e suas implicações nas relações

internacionais do continente africano ver: WRIGHT, Stephen. “The changing context of African foreign policies”. In: WRIGHT, Stephen (ed.). African Foreign Policies . Westview Press: Boulder, 1999, p. 1-24.

[x] de onde você retirou esses dados? Talvez

[xi] O Conselho de Segurança da Nações Unidas é composto, além de dez membros não permanentes, escolhidos pela Assembléia Geral, por cinco membros permanentes, os únicos com poder de veto. São eles: Estados Unidos da América, Inglaterra, França, Rússia e China. Em decorrência da Guerra Fria e motivados pela divisão do mundo na era bipolar por divisões ideológicas, os membros permanente vetavam e paralisavam eventuais ações das Nações Unidas destinadas a intervir em áreas conflituosas, como nas guerras africana, quase todas essencialmente de caráter “interno”.

[xii] David Isenberg, do Centre for Defense Information fez um levantamento das principais companhias de segurança privadas em atividades nos anos 1990. O estudo de Isenberg, intitulado “Soldiers of Fortune Ltd.: A profile of today’s private sector corporate mercenary firms ”, está disponível em:

http://www.cdi.org/issues/mercenaries/merc1.html

[xiii] Sobre a ação dos mercenários na África e suas implicações para a segurança continental ver a obra recentemente publicada de: MUSAH, Abdel-Fatal, FAYEMI, J. ‘Kayode. Mercenaries – An african security dilemma . Londres: Pluto Press, 2000.

[xiv] A década de 1990 está sendo particularmente difícil para a população de Serra Leoa. Mergulhado numa crise sem precedentes, esse país da África Ocidental – que já foi

considerado como um dos mais estáveis da região – presenciou o virtual desaparecimento de suas instituições estatais. Além disso, a guerra civil generalizada vem sendo marcada por um grau absurdo de violência, com as freqüentes e desvairadas amputações de membros, que não poupam crianças ou idosos. O mais incrível é que os relatos indicam que esta prática se

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futuro está em suas mãos”. Em janeiro de 1999, os rebeldes da RUF (Revolutionary United Front ) invadiram a capital, Freetown, ameaçando assumir o controle total do país. Entretanto, foram contidos pelas milícias ‘kamajors’ (aliadas do “governo” no exílio) e pelas tropas da ECOMOG, lideradas pela Nigéria. A chegada dos rebeldes à capital e alguns atos bárbaros cometidos durante sua presença naquela cidade foram filmadas e editadas,

resultando no dramático documentário de Sorious Samura intitulado ”Cry Freetown ”. 

[xv] Cf. NATHAN, Laurie. “Trust Me I’m a Mercenary”. Disponível em: http://ccrweb.ccr.uct.ac. za/staff_papers/laurie_merc.html

[xvi] A intervenção de 1998 no Lesoto foi analisada por Theo Neethling . Ver: “Military

Intervention in Lesotho: Perspectives on Operation Bolea and Beyond”.   Disponível em: h ttp://www.trinstitute.org/ojpcr/2_2neethling.htm

Referências

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