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Aspectos sociais de uma instituição fechada e de seu processo de transição democrática: um estudo de caso sobre uma comunidade de hansenianos

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(1)

p

;

r o

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^

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33

wr

o

-

Isr

i »

.

o

.

c

<

*

0

.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE

FILOSOFIA

E CIÊNCIAS HUMANAS

ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL

COORDENAÇÃ

O DE PÓS-GRADUA

ÇÃ

O ~ v^‘

O

O

0

,

0

o

ï

0

,

o

4

o

O

O

100S7

Ö

'

0

'

o

. V

o

O

O

ASPECTOS SOCIAIS DE UMA INSTITUI

ÇÃ

O FECHADA E DE SEU PROCESSO DE TRANSIÇÃO DEMOCRÁTICA

-:

0

»

! %

D

UM ESTUDO DE CASO SOBRE UMA

o

\ É"

o

COMUNIDADE DE HANSENIANOS

n

r

i

r

r

-

,

0

,

: V

Elaine Corradini Bel

é

m

r

> . j

r

r

r

QV

rs

• .« Rio de Janeiro

O

4 I

rv

Abril/1990 r SERVIÇO SOCIftL/CFCH *

(2)

J

r

\'

VJ

O

:

UNIVERSIDADE

FEDERAL

DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE FILOSOFIA E CI

Ê

NCIAS HUMANAS ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL

COORDENA

ÇÃ

O DE PÓS-GRADUA

ÇÃ

O O Oi

^

.

rs

V.J v

r

\

c

\ Ó-. ;• *

Esta Disserta

çã

o foi apresentada

à

Coordena

-çã

o de PÓs

-

Gradua

çã

o da Escola de Serviço Social da Universida

-de Fe-deral do Rio de Janeiro , corno requisito parcial para a ob

ten

çã

o do grau de mestre em Serviço Social

.

' O

rs

D

.

o

rs

rs

rs

Rio de Janeiro, abril de 1990

.

'

BANCA EXAMINADORA:

rs

V

*1

n

Pedro A

.

Ribeiro de Oliveira (Orientador)

r

\

o

r\ r\

r

\ -r\

r

\

(3)
(4)

r

^

O

o

o

o

/ AGRADECIMENTOS

O

^

.

.

r

>

À professora LEILA MARIA VIEIRA BUGALHO pela sabe

doria de mestra e amiga que soube transmitir para

adiante

.

nos levar o

À MÔNICA CARDOSO MOREIRA, colega de mestrado , pela

amizade que cultivamos a partir deste curso e que ainda se tem viva

.

man

-;

Ao meu orientador de tese , professor PEDRO RIBEIRO DE OLIVEIRA, cuja orienta

çã

o segura nos fez acreditar

ideia e torna-la uma realidade

.

em uma O

r

\ r% V* O O

o

r

\.

r

\

r

\

(5)

J

r

\ h c

1

O

O

? /^S RESUMO O ! t r~\

o

0 objetivo deste trabalho e proceder um estudo de caso sobre uma comunidade de hansenianos que foi fechada por cinquen ta anos, e , depois de 1983, por decis

ã

o de pol

í

tica social

governo foi aberta no sentido de uma reintegra

çã

o dos hansenia

-nos

à

sociedade

.

0 controle da endemia j

á

era conhecido h

á

guns anos, sua cura e a desmistifica

çã

o sobre as suas formas de conte

ú

do

;

mas a a

çã

o social dentro destas

"

colonias

"

ou

tos

"

dos portadores da doença, ainda se fazia nos moldes anacr

ô

nicos da pr

á

tica institucional coercitiva, autorit

á

ria,

á

s institui

çõ

es fechadas

.

0 estudo tenta mostrar como era a vida dos

desta col

ó

nia enquanto institui

çã

o fechada e como eles se colo

-cam hoje, suas expectativas e contradições, a partir de suas ex

-peri

ê

ncias dentro de uma comunidade aberta

;

como eles veem

. liberdade

;

a quest

ã

o dá cidadania destas pessoas

;

o que

questionam neste per

í

odo de transi

çã

o, onde seus

"

fantasmas

"

,co

mo o estigma social que traz a doenç a ainda aparecem,

mesmo tempo passam de expectadores a atores de uma a

çã

o social,

com

o

poder para falarem e serem ouvidos pela administra

çã

o

institui

çã

o dentro de uma conviv

ê

ncia democr

á

tica, onde eles po

der

ã

o

sugerir e assumir decis

õ

es que digam respeito a seus des

-tinos

.

O

do r al .

o

"

gue -r^ comum moradores

r

'

r

\ f \ 1 sua r> eles

r

\

r

\ mas ao da

rs

r

\

n

o

i.• ;

(6)

/ •»

I

RESUMME

n

O

L

'

objectif de

ce

travail

c

'

est

proc

é

der

à

une

é

tude de

cas sur une communaut

é

de l

é

preux qui

a

é

t

é

ferm

é

e durante ein

quante

ans

,

et

, apr

è

s

1983, par une d

é

cision politique sociale

du gouvernement pression

é

en partie par les

mouvements

de

communaut

é

s

,

a

é

t

é

ouverte

avec

le but d

'

une

r

éint

é

gration des

malades

à

la soci

é

t

é

.

Le

contr

ô

le le l

'

endemie

é

tait d

é

á

connu

depuis quelques

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,

sa

gu

é

rison,

et

la d

é

mistification .

n

r

>

ces

O

sur

K

r

\ .

leurs formes de contagion

;

mais l

'

action sociale dans

ces

"

colo

é

tait

n

nies

"

ou

"

ghettos

"

des porteus de la maladie de

Hansen

encore

g

é

n

é

e

de fa

çon

anachronique dans une pratique institutio

nelle coercitive , autoritaire, fr

é

quente dans les

ferm

é

es

.

institutions

L

'

é

tude essaie de

montrer

comment

é

tait la

habitants dans

une

colonie por malades de

Hansen

pendant insti

-tution ferm

é

e

et

conment

ils

se

placent aujourd

'

hui, leus expec

tatives et contradictions,

à

partir de leus exp

é

riences

une

communaut

é

ouvert

;

comment ils voient' leus libert

é

;

qu

'

ils

r

\ vie des

r

>

O dans la

r

\ question de la'

cidadanie de

ces

persones

;

ce

tionnent dans

cette

p

é

riode de transition,

ou

leurs

"

fantasmes

"

comme

lw stigmate social de l

'

infirmet

é

sont encore

vus

, *

em m

ê

me temps ils deviennent

acteurs

d

’une

action sociale

lieu de spectateurs, ayant le povoir de parler

et

ê

tre

aupr

è

s de l

'

administration de l

institution dans une

tion d

é

mocratique ou ils pourront

ê

tre

maitres de leurs destin

.

ques

-/

-

N mais au

é

cout

é

s

cohabita

-r

\ O .«

(7)

rA rs

rs

Í

NDICE r\ Pagina INTRODUÇÃO 01CAPÍTULO I

DOENÇA E INSTITUCIONALIZAÇÃO

-

CARACTERIZAÇÃO DA PROBLE M

Â

TICA DA HANSENÍASE

1.1

.

A Hansen

í

ase

no contexto das Rela

çõ

es Sociais

.

...

1.2

.

Caracteriza

çã

o da Hansen

í

ase

1.3

.

Estigma e Institucionaliza

çã

o Notas

CAP

Í

TULO II

A ANATOMIA DE UMA INSTITUIÇÃO FECHADA

:

0 HOSPITAL

-

COLÓ

-NIA DE CURUPAITI

2.1

.

Contextualiza

çã

o Hist

ó

rica

2.2

.

A Trajet

ó

ria Institucional do Hanseniano

2.3

.

Caracter

í

sticas da Equipe Dirigente

Notas 06 15

n

r

\ 19 27

rs

r\ 31 47 63 75 CAPÍTULO III

A COMUNIDADE DE CURUPAITI

E

SEUS CAMINHOS DE DEMOCRATI

-ZAÇÃO

3.1

.

Perpectivas de Transforma

çã

o e Cidadania

3.2

.

A

"

Abertura

"

Institucional e Quest

õ

es Comunit

á

rias

r

\ 84 r\ 99 O •-» 122 Notas rs CONCLUSÃO 129

rs

rs 138 . BIBLIOGRAFIA /O

rs

rs

rs

(8)

r

\'

n

\

INTRODUÇÃO

"

Irm

ã

o, este

é

o s

í

mbolo de que tu estas morto para

o mundo

.

Sic morturus mundo

.

Vivus iterum

.

Deo, voltar

á

s a viver com Deus

".

^

.

(

.

..

) diante do altar da chamada sala dos leprosos (

.

..

) o enfer mo deveria apresentar

-

se com o rosto coberto por um v

é

u negro

.

Prosseguindo a cerimonia, o religioso pegava très vezes, um pou

-co de terra do; cemit

é

rio e deixava cair sobre a cabeça do so , dizendo:

t

lepro

r

\

"

Te proibo para sempre de entrar nesta igreja,

no merca do , em quaisquer reuni

ã

o do povo , ou em companhia de pessoa

dia (

..

.

)

.

sa

-^

;

Te proibo de hoje em diante que saias sem o h

á

bito

leproso, modo que pòssas ser reconhecido pelos outros (

.

.

.

)

.

Te proibo responder a quem quer que te faça perguntas,a

menos que previamente, para n

ã

o contagi

á

-

lo, te coloques na dir

£

çã

o do vento (

...

)

.

Te proibo, especialmente de tocar crianç as ou jovens de

do

r

\

r

\

r

\ qualquer idade

.

/'

-

•N

Igualmente te proibo daqui por diante de comer ou beber

a n

ã

o ser com companhia de leprosos

Esta

é

a transcri

çã

o de uma cerimonia de segrega

çã

o hanseniano da Idade Media, bem como ritos exigidos ante

à

proble

(

D

V* do r

^

S matica

.

Quando o leproso morria, seus'

familiares eram obrigados

a colocar fogo na casa, queimar objetos e utensilio e o morto era enterrado debaixo da casa

.

Muito tempo j

á

decorreu desde a

é

p.oca de tais ritos em

rela

çã

o

á

hanseniase

.

Muito de conheceu sobre a doença e seu con trole,

mas

o m

é

todo b

á

sico de.segrega

çã

o

do doente da popula

çã

o

s

ã

, como medida profil

á

tica e preventiva se manteve at

é

recentes

tempos, inclusive em nosso pais

.

rv

(9)

o

O

02

Est

é estudo pretende analisar

uma

comunidade onde vivem

hansenianos, que por 50

anos teve a

experi

ê

ncia de

ser uma

colo

-nia cuja finalidade

era

isolar o doente do

contato com a

socieda

de, o mundo externo para que n

ã

o contaminasse outrem, no entendi

_

mento

de uma amea

ç

a

à

sa

ú

de p

ú

blica

.

Paralela

à

esta medida pro

-fil

á

tica b

á

sica,

o

tratamento da enfermidade , como uma conseq

ü

en

•cia, foi se dando

progre

-

ssivamente ,.lentamente at

é

que se pudes

-se

falar

em

cura

.

'

•"N

rs

o

o

0 avan

ç

o cientifico

em

rela

çã

o

á

doen

ç

a d

á

inicio a uma

portadoras

nova

fase de politica social

com

rela

çao as

pessoas

da hansen

í

ase

.

Foi assim que a partir dos

anos

80 no Brasil come

ç

ou a

se fazer uma

"

abertura

"

de tais institui

çõ

es

, a

se

considerar a

f !

*

hanseniase como

outra

doen

ç

a qualquer que pode ser tratada a ni

-vel ambulatorial , e enfim a se admitir

-

a cidadania para os mora

dores destes antigos

"

guetos

"

da hansen

í

ase, as ex

-

colonias

.

A

comunidade que estudamos

est

á

localizada no Rio de Ja

neiro , na

á

rea do antigo Hospital

-

Col

õ

nia de Curupaiti

aberta desde 1983, por decreto do governo Estadual que criou um

Instituto Comunit

á

rio no local para efetuar a transi

çã

o da estru

tura de

"

col

õ

nia

"

para

uma

comunidade aberta

.

0 reencontro do hanseniano com a

sua

cidadania n

ã

o

deu

entretanto

, de forma tranqüila

;

'

é

o final de uma longa estra da onde muitas lutas se travaram no decorrer dos anos de opres

-são e segrega

çã

o

;

é ainda o início de

outro

tipo de jornada

'usufruto de

sua

liberdade , na luta

contra o

estigma que ainda

.persiste, é a hora de voltar a enfrentar o mundo

.

A

hansen

íase

por muito tempo foi vista

-

e ainda o é,

apesar de tudo!

-

como

uma

doen

ça

maldita através da qual

castigava

os

pecadores

.

Historicamente, observa

-

se que ela atin

ge mais as classes sociais de baixa renda que viveram

sob piores condi

çõ

es de vida e de trabalho

.

S

ã

o

os

corpos donde

se

extrai mais força de trabalho e mais

-

valia nas sociedade

capjl

talistas, os mais comprometidos pois a reprodu

çã

o desta

sua

for

-r

\

r

\ r\ • foi e

^

'

^

‘ se

O

no O Deus

n

e vivem

(10)

7

r

\

03

/'

-

'N

ç

a de trabalho devido

à

s

suas

prec

á

rias condi

çõ

es

de habita

çã

o,

alimenta

çã

o ,quase

-

sempre leva

à uma

deteriora

çã

o

da sa

ú

de

.

Vista

como

um problema , que interfere

no

sistema produ

-tivo,

como

doen

ç

a cr

ó

nica que pode levar à invalidez, os portado

res

de hansen

í

ase sempre'

foram alvo de pol

í

ticas sociais de se

-grega

çã

o e muito custou para que

as

autoridades sanitárias

.cluissem que tal medida

n

ã

o

resolvia

a quest

ã

o, os

casos

aumenta

vam

e

o haveria

como

isolar a todos

.

Alé

m

disso

,

os

possíveis

meios de transmiss

ã

o da doen

ça

nas

condi

ções

insalubres de habi

-ta

çã

o e infra

-

estrutura nã

o foram alterados significativamente

.

Na tentativa de entender o que se dá hoje

na

comunidade

V

;

de Curupaiti , tivemos que buscar

o

seu passada

.

É

identific

á

vel

* /

na trajetória institucional o continuo embate sobre a questão da

cidadania dos hansenianos, visto através de

suas

pr

ó

prias lutas,

partir

^

* O

-con

o

o

o

. >*\

mas o

"

como

"

tornar

-

se cidadãos, assumir a cidadania, a

de uma abertura institucional já é uma outra etapa

.

Nosso estudo

busca

a

compreens

ã

o deste fato , o entendimento quanto à uma tran

O

4»

si

çã

o

democr

ática, dentro de uma

estrutura

, autoritária, onde há

resquícios

temores

, inseguran

ças

,

"

fantasmas

"

produzidos pelos

da antiga

estrutura

institucional

;

mas onde se

v

ê

também a

ousa

-dia, o ímpeto de mudar ,

necess

ários para que os avan

ç

os se deem

.

O

Neste processo pesa

o

passado institucional , quando

tos

antigos do hospital

-

colônia vol’tam à cena, como formas

simplistas de resolver

as

quest

õ

es

dif

í

ceis de administrar

atra

-que se coloca

como

método mais demora

do, complicado e ineficiente para certos grupos dentro da comuni

procedimen

O mais

r\

v

és do debate democr

á

tico

0\

.dade

.

Este

estudo busca analisar o

processo

de abertura

ex

-

col

ô

nia de hansenianos , colocando em relevo as

vivenciadas pelos atores na transi

çã

o de urira

estrutura

cional autorit

á

ria

para uma

comunidade

aberta, de modo

a

tar

o problema da cidadania e participa

çã

o social

.

N

ã

o nos propomos a encontrar respostas ou

sa

ídas

os

problemas suscitados , dada a sua complexidade

teó

rica e prá

tj

.

da contradi

çõ

es institu

-le

van

o

para

(11)

n

04

. ca

;

que

tentaremos

mapeá

-

los, para a fundamenta

çã

o de um traba

-lho social

na

área

.

Este s

ó

ser

á eficaz se a partir da compreens

ã

o de viv

ên

cias, mecanismos, movimentos e contradi

çõ

es que desenham

a

hist

ó

ria da institucionaliza

çã

o da

hanseniase

, bem

como

as

políticas

sociais a ela relacionadas

.

Na

composi

çã

o deste trabalho, utilizamos a contribui

çã

o

teó

rica de diferentes

autores

, procurando artiçulá

-

las diante de

cada

fato

a

ser

analisado , de modo a construir a partir delas

hjL

p

óteses

que explicassem a realidade empiricamente observada

.

A pesquisa foi baseada na análise de documenta

ção instjL

V I

tucional, entrevistas

o estruturadas e todo

-

o material oriundo

do nosso trabalho como Assistente Social em Curupaiti, cujos re

-gistros est

ã

o em nosso diário de campo

.

Abrimos o estudo caracterizando a

hanseniase

no contex

to das rela

çõ

es sociais mais amplas da sociedade

.

Este primeiro

capitulo quer situar o hanseniase no quadro maior das

de sa

ú

de da popula

çã

o brasileira, intimamente vinculadas

à

estru

tura

econ

ô

mico

-

social

-

urbana de nosso

pais

, assim fica claro que

dependendo das condi

çõ

es de classe social , os corpos ter

ã

o aces

-so a um tipo de.

tratamento

de l5 ou 2

^

linha

.

0 estigma

que envolve a doen

ç

a também é colocado neste

momento

.

A politica social para a

hanseniase é

examinada

no

se

-gundo capitulo, onde se reconstrói a história institucional

•colónia e sua vida interna

.

Ali

se analisa

o que significou

esta

viv

ê

ncia institucional, uma

estrutura

de vida restritiva

e

auto

-.rit

á

ria, os corpos submetidos à perda de sua identidade e

recupera

çã

o de

outra

forma

no

interior da institui

çã

o, encontran

do caminhos de resist

ê

ncia à opress

ã

o vivida

.

Na terceira e última etapa de

nosso

estudo , apresenta

-mos uma an

á

lise do momento de abertura da comunidade,

transi

çã

o pelos caminhos da democratiza

çã

o,

os

avan

ços

significa

tivos alcan

ç

ados e os percal

ç

os desta trajetória

.

Por raz

õ

es de ordem prática,

nossa

pesquisa foi concluí

^

*

o

^

i/~\

o

^

• quest

õ

es

n

^

o

social da

r

\ sua na

sua

O O

(12)

J

o

.

05

O

da, enquanto a comunidade estudada continua caminhando

;

abrange

portanto

, apenas

uma parte

deste processo ,'

quando ainda

/

desconhecemos

seu

desfecho

.

Esperamos, porém,

-

com

este

estudo dar uma contribui

çã

o

para

a produ

çã

o de conhecimentos sobre a

tem

ática, trazendo hipó

^

teses e dados sobre

a

realidade pesquisada, uma vez que

este

es

-tudo de

caso

, bem caracteriza aspectos relevantes da problemáti

-ca do hanseniano na sociedade brasileira

.

Na

realidade, é um gru

po social que

se soma

como maioria ,

à

queles que constituem

os

me

nos privilegiados , marginalizados pelo sistema de produ

çã

o capi

-talista de

nossa

sociedade, aos quais as limita

çõ

es à participa

çã

o social e ao pleno

exerc

ício de sua cidadania,, sãò colocadas

pelas próprias condi

çõ

es de vida e a que

estã

o submetidos

.

Nosso

interesse ainda é que tal estudo possa contribuir

como fundamenta

çã

o para propostas de trabalho social junto

portadores de hansen

í

ase de ex

-

colônias ou n

ã

o, cujos problemas

dificilmente s

ã

o conhecidos por pessoas não diretamente ligadas

à área

.

ela

n

o

o

rs

o

r\ O

aos

O '

-

“ N

^

• •i

^

O O O

(13)

06

n

r

>

CAPÍTULO

I

.

ÔOENÇ A E INSTITUCIONALIZAÇÃO

-CARACTERIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA

DA

HANSENÍASE

r

>

o

n

o

o

1.1

.

A

Hansen

í

ase no

contexto

das Rela

çõ

es Sociais

O

0 exame da hansen

í

ase enquanto objeto de estudo

Ci

ê

nciasSociais precisa ser

contextuaiizado

dentro do quadro ge

ral das quest

õ

es de sa

ú

de de nossa sociedade

.

Caracterizada pe

-lo modo de produ

çã

o capitalista, a sociedade brasileira

historicamente , reproduzindo contradit

ó

rias rela

çõ

es sociais de desigualdade

.

Uma destas contradi

çõ

es

pode ser situada na ques

-t

ã

o da sa

ú

de t

ã

o deteriorada das classes subalternizadas por es;

ta

sociedade

.

E a hansen

í

ase , como doença end

é

mica, pode

enumerada dentre outras, decorrentes das prec

á

rias condi

çõ

es de vida desta popula

çã

o

.

Madel Luz salienta que

"

a partir do in

í

cio do

assumem import

â

ncia no quadro nosol

ó

gico do pa

í

s as doenç as massa, valendo citar entre elas a mal

á

ria, a equistossomose, as verminoses , chagas, tuberculose , bouba, lepra, tracoma e desnu

-tri

çã

o

.

Com isto, ~ enfoque dado

à

sa

ú

de at

é

ent

ã

o

nas doenç as pestilenciais, adquire nova dimens

ã

o uma vez ; que

das

r

r

\

r

''

r

> vem,

r

\

O

r

\

r

^ ser n\

r

\ C'

s

é

culo , de concentrado V

(

..

.

) est

á

intimamente relacionado com as condi

çõ

es de vida e

tr

-

abalho

"

'

rs

Do in

í

cio do s

é

culo at

é

a d

é

cada de 30, o pa

í

s encon

-tea-se marcado por profundas transforma

çõ

es

poli

tico

-

sociais ,so bretudo pela mudança nas rela

çõ

es de produ

çã

o , com a crescente industrializa

çã

o dos grandes centros urbanos

.

M

.

Luz lembra ain

da que tais fatos introduzem altera

çõ

es na vida das camadas po

-.* ^ • •/

pulacionais:

"

a forma

ç

ao de favelas, cortiç os, vilas operarias , confirma cada vez mais o espaço urbano como espaço social, espa

ço pol

í

tico, isto e , desenhado pela l

ó

gica da hierarquia

ciai

".

O •

so

(14)

o

r\ 07

O

r\ A p o l

í

t i c a n a c i o n a l d e c o n t r o l e d a h a n s e n

í

ase e s t

á

e n

-v o l -v i d a n e s t e c e n

á

r i o m a i s a m p l o

.

A s

condi

çõ

e s d e v i d a d a s

clajs

s e s

t r a b a l h a d o r a s , a s s i m

como

o s e f e i t o s de s u a s c o n d i

çõ

e s t r a b a l h o c o m e ça m a g e r a r c a r

ê

n c i a s, d o e nça s , d e s n u t r i

çã

o e i n

ú

-m e r o s p r o b l e m a s s o c i a i s

.

A s q u e s t

õ

e s s a n i t

á

r i a s e d e s a u d e n h a m r e l e v

â

n c i a n o s e n t i d o d e c o n t r o l e s o b r e a n o v a .f o r m a t r a b a l h o q u e c o m eça a s e c o n s t i t u i r c o m o i n

í

c i o d a i n d u s t r i a l

^

s o b r e t u d o d e r\ g a '"N d e z aça o d o P a i s; U m a f a c e d e s t e c o n t r o l e d i z r e s p e i t o, a d o e nç a s c o n t a g i o s a s, e p i d

ê

m i c a s e e n d

é

m i c a s q u e p o d e r i a m a f e

-t a r d i r e t a m e n t e a m a n u t e n

çã

o e a r e p r o d u

çã

o d a f o rç a d e l h o

.

o

t r a b a

r

\ A s p o l

í

t i c a s s o c i a i s g o v e r n a m e n t a i s s e r

ã

o, s o b r e t u d o a p a r t i r d a d

é

c a d a d e 3 0, r e s p o s t a s d o E s t a d o a o m o v i m e n t o h i s t

ó

-r i c o d e t -r a n s f o -r m a

çã

o d a s o c i e d a d e

.

C o n f o r m e o b s e r v a F a l e i r o s , e s t e

movimento

d o E s t a d o c o r r e s p o n d e a o

"

m o v i m e n t o d o c a p i t a l, e a o m e s m o t e m p o, d o s m o v i m e n t o s s o c i a i s c o n c r e t o s q u e o o b r i

-O

o

o

g a m a c u i d a r d a s a

ú

d e , d a d u r a

çã

o d a v i d a d o t r a b a l h a d o r, s u a r e p r o d u

çã

o i m e d i a t a e a l o n g o p r a z o

"

.

) d a O 0 E s t a d o s u b s i d i a

n

r

á

o c a p i t a l c o m e q u i p a m e n t o s e s e r v iç o s s o c i a i s q u e a r e p r o d u

çã

o d a m

ã

o

-

d e-o b r a

.

E, s e p o r u m l a d o a t e n d i a r e i v i n d i_ c a

çõ

e s s o c i a i s , p o r o u t r o, r e t i r a v a d i v i d e n d o s p o l

í

t i c o s, m a s c a r a n d o a i n s t

â

n c i a o u t o r i t

á

r i a em q u e i a m s e e r g u e n d o n o v a s i n s -t i -t u i

çõ

e s m

é

d i c a s

.

D e a c o r d o c o m o q u e a d v e r t e M

.

L u z, i n s t i t u i

çõ

e s c a d a v e z m a i s a s s u m i a m o c a r

á

t e r d e a p a r e l h o E s t a d o , c o n c e n t r a n d o d e c i s

õ

e s e p o d e r e s, e n q u a n t o a s c o n d iço e s d e v i d a d a p o p u l a

çã

o p e r m a n e c i a m i n a l t e r a d a s

.

0 E s t a d o N o v o, c a r a c t e r i z a d o p e l o p a t e r n a l i s m o e r e s

-p a l d a d o -p o r a

çõ

e s d e n a t u r e z a f i l a n t r

ó

p i c a p r o m o v i d a s p o r s e t o r e s d a s c l a s s e s d o m i n a n t e s , p r e o c u p a d a s c o m a

"

a s s i s t

ê

n c i a

aos

l e p r o s o s

"

, c o n s o l i d a o s h o s p i t a i s

-

c o l

ó

n i a d e h a n s e n

í

a s e , c o m o a p o i o d a p o p u l a

çã

o, a q u a l v i a n e s t a m e d i d a a s o l u

çã

o p a r a g a -r a n t i -r a a s s i s t

ê

n c i a a o s d o e n t e s e e v i t a r a p r o p a g a

çã

o d a d o e n -ç a

.

A t e s e d o i s o l a m e n t o d o s d o e n t e s e r a r e f o rça d a p o r d i r e t r i a u x i l i e m O't a i s d e .o (0 4)' O O O O •

^

(15)

m

08

n

r\

zes sanit

á

rias internacionais que recomendavam a

segrega

çã

o

co

-• *

mo medida preventiva

e

profil

á

tica da hansen

í

ase(

na

é

poca ainda

oficialmente denominada

como

"

Lepra

"

)

.

Ao

realizar suas politicas sociais,

o

Estado

npopula

çõ

es

-

alvoM , o que’

segundo analisa Faleiros 11tem

o objetjL

define

^

.

vo de control

á

-las e realizar uma etiquetagem que as isola

e

ca

(

05

)

.racteriza como tal

"

.

* Ele

acrescenta

ainda que os grupos po

-pulacionais atingidos por

estas

politicas

s

ã

o marcado pela

pria exist

ê

ncia de tal pol

í

tica em rela

çã

o ao seu

"

desvio

"

,

do .discriminador por crit

é

rios de normalidade

/

anormalidade

"

trans

pro

sen

O

-formam

esses mesmos

grupos em anormais, em fracassados , em desa

(

°

6

>

daptados

"

.

Assim,

sao

pinçados do seio da sociedade milhares

hansenianos, e*a estes

é

imputado o confinamento nos rec

é

m

-

cria

dos Hospitais

-

col

ô

nia, tamb

é

m conhecidos como leprosarios ,.noso

c

ó

micos, hansenocomios , leprocomios, a fim de atender

profil

á

ticas e preventivas no que se refere

ao

controle da ende

_

mia

.

de

^

*

rs

medidas O

^

Abra

ã

o Roteber aduz ainda um outro tipo de

destes hospitais para hansenianos , distinguindo o

"

dispens

á

rio

"

do lepros

á

rio

.

Ele apreende que

"

o

dispens

á

rio situa

-

se na orga

niza

çã

o profil

á

tica como

um

intermedi

á

rio entre a popula

çã

o s

ã

,

livre e a popula

çã

o doente, reclusa

;

sua atividade se exerce em

. ambos os sentidos, isto

é

, tanto sobre o indiv

í

duo s

ã

o

que

infecta e cujo eventual destino

é

o

lepros

á

rio,

como

sobre

o

doente internado que melhora e se candidata a retornar a

E.ste tipo de institui

çã

o pretendia se ca

-racterizar por atendimento ambulatorial , diferenciando

-

se do Le

_

pros

á

rio na medida em que estabelece uma poss

í

vel rela

çã

o

do in

ternado com

o

mundo exterior

.

Mas a pr

á

tica da interna

çã

o

com

-pulsória sempre

teve

maior aplicabilidade e grandes

se interpunham quando'

se cogitava

"

dispensar

"

um hanseniano pa

-ra o qual , no m

í

nimo , se exigiam uma seq

üê

ncia enorme de exames

categoria • O V se vida •social exterior

"

.

O barreiras

o

(16)

m

O

09

negativos e

outros

crit

é

rios de avalia

çã

o m

é

dica

.

A

coloca

ç

ao de Rotberg desvela tamb

é

m a quest

ã

o ideol

ó

gica presente nas rela

çõ

es

sociais que separam

"

sadio

"

e

"

doen

-cidad

ã

o

"

livre

"

ou

"

recluso

"

, notadamente uma concep

çã

o de

uma divis

ã

o estanque da sociedade

em

categorias

.

Faz

parte

racionalidade do sistema capitalista engendrar no corpo

uma

ideologia, que possa exercer o seu dom

í

nio

.

Segundo

Marx

e Engels,

"

a classe que

é

for

ç

a • material

dominante

é

, ao

mesmo

tempo, for

ç

a espiritual dominante

seja, ela tamb

é

m

regula a produ

çã

o e distribui

çã

o de id

é

ias , de

uma

ideologia dominante , que procura destituir das rela

çõ

es so

-ciais o seu car

á

ter

de explora

çã

o, seus conflitos e

çõ

es

.

Tenta conferir

aos

fatos sociais

uma

car

á

ter natural e de

r

\

te

"

J da Os social

O

O

A

(08) OU

o

o

contradi o

neutralidade , mistificando a desigualdade entre as classes

natural

;

se h

á

doentes

o so

-ciais

.

Se h

á

pobres e ricos, isto

é

sadios , tamb

é

m

.

e

n

0\

Na realidade, a ideologia dominante procura :simular

uma universalidade que n

ã

o poderá ser completamente disfar

ç

ada ,,

totalmente mascarada

aos

grupos dominados pois, conforme assina

la Iamamoto o que o processo de produção*capitalista produz

reproduz s

ã

o classes sociais diferenciadas, rela

çõ

es

contradit

ó

rias

.

^

. e

o

’ sociais (09) • .ß

A

quest

ã

o da saude

/

doen

ç

a relativa

á

s classes subalter

nizadas se

apresenta como uma

contradi

çã

o deste sistema que pre

ga uma igualdade fict

í

cia. A pol

í

tica social de segrega

çã

o

hanseniano, isolando possiveis focos de contagio , no

Os

do

o

o

entender

O ‘

de

seus

promotores e a solução para o problema

.

Mas nao sao in

-"

lepros

á-vestidas , na mesma proporção com que se criaram

rios

"

, medidas sanit

á

rias visando a melhoria das condi

çõ

es os

de

O

o

vida destas populações, bem

como

procedimentos visando a preven

'

çã

o de incapacidades, diagn

ó

stico

e

tratamento precoce da doen

-ça, aspectos fundamentais, tendo

em

vista o quadro evolutivo da

hansen

í

ase

.

Esta

contradi

çã

o fica demonstrada pelo

crescente

au

(17)

r1

r

\

1 0

n

mento

do

numero

de casos de h

^

nséniase registrados ao longo dos

anos

, embora houvessem in

ú

meros lepros

á

rios

.

0

A

quest

ã

o da doen

ç

a, qualquer que seja, afeta

um vetor fundamental

do sistema capitalista

:

a produ

çã

o

.

A rela

çã

o entre o homem e produ

çã

o, advinda com

o

nascimento da

industrial, cria, como esclarece Basaglia, uma discrimina

çã

o

de

novos

termos como

: anormalidade, enfermidade , inadapta

çã

o,

ten

-O

O

ainda

era

r

\

do em vista processos que fazem a normalidade social

e

-

podem in

fluenciar ou obtaculizar o ritmo produtivo

.

Numa

sociedade regida pela produ

çã

o e consumo , o

significa n

ã

o trabalhar , e conseqüentemente, no caso das

(

10

)

n

que

cias

-ses

dominadas n

ã

o

ter meios de construir nem o básico para

sua subsist

ê

ncia ?

a

0 que envolve adoecer

neste contexto

so

-ciai ?

•Para DUrkheim

Ma

doença tem em geral

e

realmente por

au

conseq

üê

ncia um enfraquecimento geral do organismo

"

.

o autor

refere

-

se

à

doen

ç

a em analogia do corpo humano com a so

ciedade , perpassa a concep

çã

o positivista

/

funcionalista, onde o

Quando

diferente , o

-

anormal deve ser tratado de forma, ou que possa se

reintegrar ao

contexto

normatizado da vida social, ou dela per

-manecer

exilado, sen

ã

o poder

á

enfraquecer

o

"

todo

"

.

A

determina

çã

o dos limites de uma sociedade vai

ser

mensurada pela

dada

à

s

"

coisas

"

(

fatos sociais

)

e o papel do Estado , tal

"

m

é

dico

"

, visa prevenir

a

eclos

ã

o de doen

ç

as, ou quando

dar

-

lhe

tratamento

curativo

.

"

sa

ú

de

"

como

falha,

(

1 2

)

Se

a pessoa est

á

doente n

ã

o consegue ter seu padr

ã

o de

vida normal

.

0 fato de trabalhar

é

um crit

é

rio de

normalidade ,

todavia, salienta Faleiros

"

os que n

ã

o conseguem, com o sal

á

rio

A

que ganham ,obter

essa

vida normal, veem

-

se censurados socialmentepe

las pr

ó

prias pol

í

ticas sociais, que atribuem

ent

ã

o, ao indiv

í-r

> duo , seu fracasso

.

É o

.que

se

chama culpabiliza

çã

o

das v

í

t.i

(

1 3

)

mas

"

.

etc

.

) ou

(18)

r 1 1

r

\ r>

r

\ fisicamente'

atrav

é

s

desta ideologia da

"

normalidade

"

,

passa

co

-mo sendo culpado

fiela

situa

çã

o

em

que

se encontra

.

Se est

á

d<3

sempregado , deve

ser

porque n

ã

o

era um bom trabalhador

;

se

é

um

criminoso ,

é

porque j

á

nasceu

com m

á í

ndole

;

se

tornou

-

se

hanse

niano

é

porque

deve expiar alguma culpa

.

Assim o senso

comum

se encar

rega de repercutir um sem n

ú

mero de elementos de uma ideologia

dominante

.

r

\

r

\

r

\

r

\

E

adoecer com hansen

í

ase

,

o

que isto pode significar

?

E

quem

é

o

doente hansen

í

ase ?

Zilah

Meirelles

ressalta que

"

a

hansen

í

ase

é

uma doença, eminentemente , de pa

í

ses

subdesenvolvjL

dos devido aos grandes problemas sociais e economicos que afe

-E uma

-

enfermida

de que se apresenta sobretudo em popula

çõ

es de baixa renda sub

-metidas a condi

çõ

es prec

á

rias de habita

çã

o e saneamento, o que

favorece'a prolifera

çã

o de endemias

.

Pesquisa realizada no Hospital

-

Colonia de Curupaiti por

Arleziene Rosa de Oliveira demonstra que antes de adoecerem

se internarem , os moradores da col

õ

nia exerciam , em grande par

-te, atividade\

s

profissionais no

setor

de

constru

çã

o civil e co

o que

nos

ajuda a identificar , em parte , a

de classe social dos hansenianos

.

Hist

ó

riasde vida que nos s

ã

o relatadas por

V*

da comunidade de Curupaiti, ratificam

este

panorama mais amplo

das rela

çõ

es

sociais de desigualdade que influem nas prec

á

rias

condi

çõ

es de vida dos trabalhadores

.

Um

hanseniano comenta

ser

indagado quanto

à

, como e em que

é

poca adoeceu

:

"

eu traba

-lhava em obra, feito um louco para

sustentar

minha fam

í

lia

;

e

£

tava

fraco, n

ã

o me alimentava direito , at

é

que um dia come

ç

aram

a

aparecer manchas no meu corpo, mas eu s

ó

liguei quando come

-cei a ter dores e febre

"

.

E

quantos

s

ã

o

estes

brasileiros

?

Destacando

-

se como o

pa

í

s latino

-

americano com maior incid

ê

ncia de hanseniase, os da

dos mais atualizados do registro ativo de

casos somam

cerca de

r

\

r

\

A

r

\

d

*

)

í

tam

diretamente a populaçao como um todo

"

.

C'

n

e

r

> .

(

1 5

)

• origem mercio,

rs

O

r

' moradores

r

r

' ao

r

\ r~\ r\

(19)

r

r

\ 1 2

r

\ r\

r

\

(

16

)

250.000 portadores de hansen

í

ase

em todo o pa

í

s

.

com

dados da Divis

ã

o

Nacional de Dermatologia Sanit

á

ria,

entre

-De acordo

tanto

, acredita

-

se

que tal

numero

possa ser duplicado, aos

contatos

destes

doentes, sobretudo aqueles

sem

fato que pode torn

á-

los contagiantes

.

Nos

ú

ltimos anos, no Esta

do do Rio de Janeiro , tem

-

se

observado um

aumento

do n

ú

mero de

casos

, principalmente na regi

ã

o da Baixada Fluminense ,que coin

-cidentemente apresenta

s

é

rios problemas de

saneamento

.

Ao

reconstituir

a

trajet

ó

ria da sa

ú

de em determinados

per

í

odos hist

ó

ricos.brasileiros , M

.

Luz elucida as

estrat

é

gias

de hegemonia das classes dominantes que faz.

com

que

o

V Estado

as

suma

"

a ideologia que prefere o modelo da

'

medicina • assisten

-ciai

'

ao da

'

sa

ú

de p

ú

blica

'

"

,

e

explica

o

porque

;

este tipo

medicina

è

o

que

tem

maior rela

çã

o

,

"

com

o

sistema produtivo, em

particular com a ind

ú

stria de medicamentos e equipamentos hospi

_

(

17

)

• ,

talares

"

.

A deterioraçã

o

de um sistema de saude publica vol

_

tado para

as

doen

ças

de

massa

, para privilegiar as medicina

as

-sistencial e de grupos, evidencia os interesses capitalistas de

comercializa

ç

.

ã

o da sa

ú

de, ficando

em

segundo plano as quest

õ

es

mais amplasque envolvem a grave problem

á

tica de

sa

ú

de da popula

çã

o

.

devido

tratamento

de /^N rS

A interven

çã

o do Estado na reprodu

çã

o da vida do traba

/ / /

lhador

e

de

sua

familia, através das politicas sociais, propor

-ciona um aprofundamento ainda maior das desigualdades sociais,

al

é

m de interferir decisivamente nas pr

á

ticas de consumo

classes subalternizadas

.

Tais classes, como enuncia Faleiros,

s

ã

o compelidas a consumir produtos e servi

ç

os de segunda ou

ter

ceira categoria oferecidos pelos pol

í

ticas sociais,

"

assim en

-contramos uma

escola para

a

burguesia

(

.

.

.

)

distinta da possibj

_

lidade de escolariza

çã

o

para a classe oper

á

ria

.

Á medicina dos

(

18

)

ricos

é

distinta da medicina dos pobres

"

.

A reprodu

çã

o das desigualdades sociais, pontua Falei

-d

á

principalmente

atrav

é

s dos aparelhos ideol

ó

gicos

co

\J das

^

-o

ros

, se

(20)

T >

O

1 3

«•

(

19

)

Vejamos um exemplo sobre uma escola de mediei

-/

na de uma cidade mineira, conforme relato de uma t

é

cnica da mo a escola

.

o

(2 0)

A cidade e uma das cidades mineiras de maior inci_

d

ê

ncia de casos de hansen

í

ase ,

e

ela constatou que na faculdade de medicina da cidade , n

ã

o era dada sequer , uma cadeira relati

-va

à

hansen

í

ase

.

Uma contradi

çã

o de um sistema de ensino

deixa de estudar uma doença end

é

mica que atinge milhares de bra sileiros, e nó caso descrito, at

é

muito pr

ó

ximos

.

Um hanseniano de Curupaiti revela a sua vis

ã

o das rela

çõ

es

entre hansen

í

ase e medicina:

"

lepra

é

doen

ç a de pobre, n

ã

o interessa aos m

é

dicos

"

.

Outro questiona:

"

porque se fala tanto em AIDS e n

ã

o

-

de . hanse

-

,

n

í

ase ? Porque AIDS ataca o rico tamb

é

m

"

.

0 m

é

dico ao ingressar no sistema de sa

ú

de estatal ten

-do que atender grande contingente de popula

çã

o , sem informa

çõ

es no m

í

nimo , b

á

sicas no que diz respeito

à

hansen

í

ase

é

outro pro

blema que faz com que no pa

í

s o diagn

ó

stico da doença possa ser

estimado entre poucos meses a at

é

2 anos, a partir do momento em. que a pessoa procurou os sistemas de sa

ú

de

.

Tratado . muitas

vezes como alergias, s

í

filis ou outras mol

é

stias, o

perde um tempo precioso no caminho da cura do seu problema

.

Em muitos casos, a pessoa tamb

é

m s

ó

ir

á

procurar os serviç os de sa

ú

de quando os sintomas se agravam, como vimos . no

exemplo do hanseniano que trabalhava em constru

çã

o civil

.

Isto

se d

á

porque as classes sociais apresentam diferentes percep

-çõ

es quanto

à

s suas necessidades b

á

sicas o que ocasiona distin tas pr

á

ticas de

consumo

, no cáso, consumo dos serviços de sa

ú

-de

.

Faleiros consubstancia tal no

çã

o ressaltando que

"

as pr

á

ti. cas de consumo da classe oper

á

ria s

ã

o simultaneamente determina das pela reprodu

çã

o da forç a de trabalho e pelas rela

çõ

es

ciais ideol

ó

gicas e pol

í

ticas

.

Os aparelhos ideol

ó

gicos da edu D

.

N

.

D

.

S

.

r

-

\

n

o

que O

'

-

N

O

O

O

n

o

o

o

paciente rs O,

O

o

O

o

o

O

:

O

'

O

O

so

-o

ca

çã

o, da religi

ã

o, da fam

í

lia

s

ã

o

fundamentais na determina

çã

o

Neste ponto, recorda

-mos de um hanseniano que ao procurar internar

-

se no Hospital de

Curupaiti, relatou:

"

minha m

ã

e n

ã

o me quer mais em casa porque

nv

das necessidades e de sua percep

çã

o

"

.

^

^

o

(21)

r

^

m

‘4

14

^

. sou urn 'peso morto1 para ela que ainda tem que sustentar

~ » • ~

7 irmãos

.

Acha que eu sou malandro, que nao quero trabalhar

,

mas

s

ó

arrumo

serviç o pesado e, com o estado dos meus p

é

s e das mi

-nhas m

ã

os (muito inchados e apresentando ferimentos) aguento o serviço, a

í

me mandam embora logo

"

.

Neste caso , demonstra

-se

a no

çã

o de que aquele que nao trabalha, n

ã

o produz, e desajustado '

socialmente

.

Denota

que a fam

í

lia utilizou

-

se do seu membro enfermo at

é

o limite de

sua capacidade produtiva

,

mas depois passa a estigmatiz

á

-

lo quan

do j

á

n

ã

o pode mais produzir colocando

-

o para fora de casa

(

es

-te tipo de rea

çã

o da fam

í

lia tamb

é

m serve muitas vezes tentativa de encobrir o estigma da doença em si)

.

. Esta ilustra

çã

o desenha mais uma vez os contornos

sistema capitalista

.

0 trabalhador n

ã

o procura logo o m

é

dico ,os serviç os de sa

ú

de, enquanto se sente capaz de produzir

.

Ribeiro traduz esta pr

á

tica colocando que

"

o corpo

é

visto fun

-damentalmente como instrumento de trabalho

.

E a doença represen

ta ent

ã

o uma dupla ameaça, tanto no sentido de afetar a sa

ú

de,

A autora estabelece uma dis

tin

çã

o entre tr

ê

s dimens

õ

es da problem

á

tica da sa

ú

de

:

doente

"

,

"

sentir

-

se doente

"

e

"

poder ficar doente

"

.

Isto signi

-fica que uma pessoa pode

"

estar doente

"

, mas n

ã

o pode

*

doente

"

(doente a ponto de n

ã

o poder trabalhar), por isto

(23) procura o m

é

dico logo que se

"

sente doente

"

.

No caso da hanseniase, como j

á

destacamos anteriormen

-te, esta procura tardia de assist

ê

ncia m

é

dica poder

á

ter graves

conseq

üê

ncias, levando at

é

mesmo

á

invalidez

.

Nos casos mais ra ros em que

hanseniase

ocorre a uma'

pessoa de extratos

mais privilegiados, a percep

çã

o de uma pequena mancha dormente

»

gera de imediato uma preocupa

çã

o e vai ser investigada e com um diagn

ó

stico precoce a pessoa poder

á

se curar e jamais apresen

-tar conseq

üê

ncias mais graves da doença

.

A popula

çã

o de baixa renda tende a ver a doença . :

como

t mais eu nao o

.

o* ainda

o

a:: uma 'O O do Lucia

o

o o

o

o *

(

22

)

como sua capacidade produtiva

"

.

"

estar o\ ^ * O

"

ficar O V.* nao

o

r

\ sociais /o o\

o

. O o •O V o

Referências

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