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Processo de liberação para implantação de pequenas centrais hidrelétricas: análise de um caso concreto envolvendo a Ceriluz

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

GUILHERME SCHMIDT DE PAULI

PROCESSO DE LIBERAÇÃO PARA IMPLANTAÇÃO DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS: ANÁLISE DE UM CASO CONCRETO

ENVOLVENDO A CERILUZ

Ijuí (RS) 2013

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GUILHERME SCHMIDT DE PAULI

PROCESSO DE LIBERAÇÃO PARA IMPLANTAÇÃO DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS: ANÁLISE DE UM CASO CONCRETO

ENVOLVENDO A CERILUZ

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito, objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS – Departamento de Ciências Sociais e Jurídicas.

Orientadora: Ms. Eloísa Nair de Andrade Argerich

Ijuí (RS) 2013

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Dedico este estudo à minha família, pelo incentivo, apoio, confiança e compreen-são durante toda a minha jornada acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

À minha família, que sempre esteve presente, me incentivando e apoiando durante toda a jornada acadêmica. Com ela aprendi que os caminhos do conhecimento e os desafios são de suma importância na formação de uma base sólida, visando sempre a evolução e o desenvolvimento em todos os sentidos.

À minha orientadora, mestre Eloísa Nair de Andrade Argerich, com quem eu tive o privilégio de conviver e contar com sua dedicação e disponibilidade, motivo de grande satisfação. Exemplo a ser seguido, pelo enorme empenho no auxílio das atividades, bem como pelo modo como expressa seu conhecimento.

Aos meus amigos, presentes em toda a jornada, em especial pelas amizades formadas durante o curso, as quais foram muito importantes, principalmente no diálogo e auxílio nas questões relativas ao ambiente acadêmico.

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RESUMO

O presente estudo faz uma análise da gestão de serviços públicos por delegação, elencando as atividades que até então eram de competência do Poder Público e que passaram a ser exercidas por particulares mediante a descentralização, utilizando para tanto os institutos da concessão, permissão e autorização no tocante à geração e distribuição de energia elétrica. O estudo analisa ainda aspectos relacionados à competência administrativa a fim de verificar quem tem capacidade para exercer atividades que utilizam bens públicos para exploração de bens disponíveis, no caso, recursos hídricos de domínio de todos. Na sequência, o estudo adentra em um caso concreto, destacando o funcionamento da Ceriluz, cooperativa cuja atividade-fim envolve a produção de energia elétrica, tanto no setor de geração quanto de distribuição. A Ceriluz, localizada em Ijuí, RS, dedica-se há mais de 40 anos às atividades pertinentes, propiciando aos seus associados uma melhor qualidade de vida, aliando a prestação de um serviço indispensável à vida humana (energia elétrica) com o estímulo a novas atividades rurais. O estudo faz menção ao processo de gestão da geração e distribuição de energia elétrica pela cooperativa, bem como ao funcionamento de sua estrutura funcional e administrativa, princípios e objetivos.

Palavras-chave: Concessão, permissão e autorização. Energia elétrica. Geração e distribuição. Pequenas Centrais Hidrelétricas.

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ABSTRACT

This study analyzes of public service management by delegation, listing the activities that were hitherto competence of the government and began to be exercised by individuals through decentralization, using both the institutes of the concession, permission and authorization regarding the generation and distribution of electricity. The study also examines issues related to administrative competence to ascertain who has the ability to perform activities using public assets for exploration of goods available, in this case, water resources domain all. Following the study enters into a case, highlighting the operation of Ceriluz, cooperative whose core business involves the production of electricity, both in the generation sector as distribution. The Ceriluz located in Ijuí, RS, dedicated more than 40 years relevant activities, offering its members a better quality of life, combining the provision of services essential to human life (electricity) with the stimulus to new rural activities. The study mentions the management process of the generation and distribution of electricity by the cooperative, and the functioning of its administrative and functional structure, principles and goals.

Key words: Grant, permission and authorization. Electricity. Generation and distribution. Small Hydropower.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1 GESTÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS POR DELEGAÇÃO ... 11

1.1 Conceito e características de serviços públicos ... 11

1.2 Formas de delegação ... 13

1.2.1 Concessão: conceito e características ... 13

1.2.2 Permissão: conceito e características ... 16

1.2.3 Autorização: conceito e características ... 17

1.3 Regulamentação e controle das formas de delegação ... 19

1.3.1 Aspectos legais referentes à outorga da permissão e autorização dos serviços de geração e distribuição de energia elétrica e legislação pertinente ... 19

2 GESTÃO DA GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PELA COOPERATIVA CERILUZ: Análise de um Caso Concreto ... 24

2.1 Objetivos e princípios ... 24

2.2 Regime jurídico ... 25

2.3 Estrutura funcional e administrativa ... 29

2.4 Criação da cooperativa de geração ... 31

2.5 Aproveitamento de potencial hídrico na implantação de Pequenas Centrais Hidrelétricas ... 33

2.5.1 Aspectos gerais ... 34

2.5.2 Aproveitamento ótimo... 36

2.5.3 Processo de implantação: obras civis ... 38

CONCLUSÃO ... 42

REFERÊNCIAS ... 44

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INTRODUÇÃO

Vive-se em um período em que a energia elétrica é fundamental em quase todos os aspectos do cotidiano humano, tornando-se indispensável para a realização das suas atividades, cuja demanda tem exigido cada vez maior produção. Para suprir a demanda na geração de energia elétrica, várias são as formas utilizadas atualmente. Uma das mais tradicionais, principalmente na região deste estudo, decorre do aproveitamento dos recursos hídricos.

Atualmente, a prestação de serviços públicos e a exploração de bens públicos encontram sustentáculo na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CF/88), regulamentado pela Lei n. 8.987/95, que apresenta as formas de concessão, permissão e autorização de serviço público como forma de delegação.

O objeto de pesquisa deste estudo é analisar o funcionamento de uma cooperativa cuja atividade-fim envolve a produção de energia elétrica. Nesse sentido, realiza-se uma abordagem geral envolvendo uma cooperativa de Ijuí – a Ceriluz –, a qual atua nesta área há mais de 40 anos, propiciando aos seus associados uma melhor qualidade de vida. Seu foco é aliar a prestação de um serviço indispensável à vida humana com o estímulo à prática de novas atividades rurais.

Aborda-se, portanto, a forma como ocorre a gestão da geração e distribuição de energia elétrica pela cooperativa Ceriluz na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Cabe esclarecer que esta região possui como maior fonte de geração energética a originada de recursos hídricos. As cooperativas de geração de energia, além de realizar o processo de produção, também atuam na distribuição da energia gerada aos seus associados, tanto de forma direta como por intermédio de outras cooperativas de distribuição.

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Importante salientar que essa questão diz respeito ao regime jurídico das sociedades cooperativas. A Ceriluz, neste contexto, apresenta uma característica fundamental no que diz respeito à predominância dos interesses particulares, com interesses comuns relacionados à prestação de serviços aos seus associados.

Desta forma, o primeiro capítulo deste estudo objetiva esclarecer e apresentar os conceitos dos institutos da concessão, permissão e autorização para melhor compreender os aspectos referentes às Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), bem como a distribuição da energia gerada.

A seguir, adentra-se no segundo capítulo que tem como objetivo expor a estrutura funcional e administrativa da Ceriluz, bem como descrever a forma como ocorreu o desmembramento da cooperativa em outras duas instituições, em que uma ficou responsável pelo serviço de geração e comercialização de energia e elétrica e a outra pela distribuição dessa energia até os seus usuários finais.

Não se pode deixar de mencionar que a Ceriluz, enquadrada como permissionária do serviço público de distribuição de energia, garantiu o seu espaço por meio da Resolução Normativa da ANEEL n. 354, de 03 de março de 2009, que autoriza, inclusive, o desmembramento das atividades em geração e distribuição de energia elétrica na busca por melhores tarifas de energia para os seus associados e usuários.

Dando sequência ao estudo, aborda-se ainda o aproveitamento do potencial hídrico na implantação das PCHs, que devem respeitar as regras da Política Nacional dos Recursos Hídricos, possibilitando que o regime de outorga de direitos de uso dos recursos hídricos assegure o controle quantitativo e qualitativo das águas, bem como o efetivo direito de acesso à água.

Seguem os aspectos gerais e fundamentais que sustentam a implantação das PCHs, ou seja, o levantamento topográfico e o inventário de potência energética necessário para determinar a capacidade de geração de cada recurso hídrico.

Por derradeiro, destaca-se a importância da fiscalização e controle da geração e distribuição de energia elétrica pelo órgão regulador, a ANEEL.

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Quanto ao percurso metodológico, cabe ressaltar que o método de abordagem é do tipo exploratório, utilizando-se para tanto da coleta de dados em fontes bibliográficas disponíveis em meios físicos ou em rede de computadores. Ainda, pode ser considerado de estudo de caso por analisar uma visitação à Ceriluz, cooperativa atuante na geração e distribuição de energia elétrica. Nesse sentido, faz-se uma análise do procedimento adotado no tocante aos trâmites legais de implantação das centrais geradoras, bem como para a liberação de sua operacionalização. Confirma-se, portanto, na realização deste estudo a utilização do método de abordagem hipotético-dedutivo e dialético.

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1 GESTÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS POR DELEGAÇÃO

Para que o Estado Democrático possa atingir seus objetivos é essencial a realização de serviços públicos, seja de forma direta ou por delegação. A fim de facilitar a compreensão dos serviços públicos, este capítulo visa abordar aspectos referentes às formas de delegação, conceito e características dos serviços públicos. Também, aponta a necessidade de regulamentação e controle das formas de delegação, bem como os aspectos legais referentes à outorga dos serviços públicos de geração e distribuição de energia elétrica.

1.1 Conceito e características de serviços públicos

A definição de serviço público acarreta uma série de discussões, uma vez que apresenta grande divergência no entendimento doutrinário. A evolução das funções dos Estados frente às exigências e à atual demanda da sociedade e das grandes transformações dos elementos que a compõem, tem levado a uma série de atualizações para melhor enquadrar o serviço público e a sua prestação.

A fim de entender o conceito estabelecido em um viés subjetivo e objetivo, entabulando as atividades exercidas pelo Estado, Carvalho Filho (2012, p. 319) aduz que:

É conhecida a teoria de DUGUIT, segundo a qual os serviços públicos constituiriam a própria essência do Estado. Desse momento em diante, porém, foi tão profunda a alteração introduzida na concepção das atividades estatais que na França se chegou a considerar que estava em crise a noção de serviço público.

Diante disso, entende-se que a noção de Direito Público varia no entendimento dos estudiosos de Direito Administrativo no Brasil, mas isso não significa que não entendam que serviço público verse sobre todas as atividades prestadas pelo Estado.

Neste diapasão é possível estabelecer um conceito de serviço público em que estão presentes os três elementos básicos que caracterizam o serviço público, ou seja, os elementos subjetivo, material e formal. Segundo Di Pietro (2012, p. 106), serviço público pode ser caracterizado como

[...] toda atividade material que a lei atribui ao Estado para que exerça diretamente ou por meio de seus delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas, sob regime jurídico total ou parcialmente público.

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Corroborando com tal entendimento, cabe apresentar a percepção de Meirelles (2000, p. 396) sobre o serviço público:

Serviço público é todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade ou simples conveniência do Estado.

Constata-se que ambos os conceitos estão em sintonia, pois apresentam os critérios atinentes à atividade pública, uma vez que versam sobre o atendimento das necessidades essenciais ou secundárias e a submissão ao regime jurídico de Direito Público.

Quando se faz referência ao serviço público, percebe-se que o verdadeiro sentido de tal prestação nada mais é do que proporcionar comodidades à coletividade, mediante o oferecimento de serviços que atendam as necessidades da sociedade no que se refere a questões de ordem pública.

Nesse sentido, Pestana (2012, p. 422) expõe que

[…] os serviços públicos nascem da vontade coletiva, que os deposita no ordenamento, considerando-os de relevo à comunidade, serviços estes guindados à condição de públicos, os quais poderão ser prestados tanto pelo próprio Poder Público, como também por seus delegados.

Diante do exposto, pode-se afirmar que serviço público é a satisfação concreta de necessidades, com ênfase aos direitos fundamentais, considerado um instrumento de satisfação direta e imediata desses direitos, sempre em conformidade com as transformações presentes nas sociedades, de forma a melhor adequar a prestação dos serviços, indispensáveis para um bem viver social, pois se trata de um direito de todos.

Partindo do entendimento de serviço público surge uma questão muito importante, que é a forma de exercício da atividade até então tida como de responsabilidade única do Poder Público. Nesse contexto, as relações sociais e econômicas moderadas possibilitam ao Estado se utilizar das formas de delegação e execução dos serviços públicos.

Importante ressaltar que inserido na prestação de serviços públicos, envolvendo também a exploração de bens públicos, compreendidos como bens disponíveis e, por sua vez, de todos, existem várias formas de delegação para a execução das atividades.

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Nesse sentido, Pestana (2012, p. 419) ressalta que

Os serviços públicos poderão ser prestados diretamente pelo Poder Público, quer por meio da Administração Pública direta ou indireta, como, também, por intermédio de concessionários, permissionários, autorizatários e demais entes pertencentes à orbita privada.

Nota-se aqui a presença do âmbito privado, que por intermédio da descentralização da atividade elencada ao Poder Público em favor do particular, executa o serviço, enquadrando-se em uma das formas de delegação, designadas em concessão, permissão e autorização. No entanto, essas formas de delegação não eximem o Estado de regulamentar, controlar e alterar o serviço público.

1.2 Formas de delegação

Na verdade, sendo o Estado/Poder Público o gestor dos serviços públicos, ao proceder a delegação não está descaracterizando o serviço, uma vez que existem algumas atividades que exercidas por particulares, podem, inegavelmente, atender com maior eficiência o bem- estar de grupos sociais ou de comunidades específicas da sociedade.

Assim, discorre-se a seguir sobre as formas de delegação a fim de facilitar a compreensão dos serviços de geração e distribuição de energia elétrica.

1.2.1 Concessão: conceito e características

Adentrando nas formas de delegação na prestação de serviços públicos e na exploração de bens públicos, depara-se com o instituto da concessão, o qual apresenta evidente divergência de entendimentos dos autores especializados no tocante ao seu conceito e aplicação.

Gasparini (2004, p. 312) ao descrever o conceito de concessão, ensina que:

Concessão de serviço público é o contrato administrativo pelo qual a Administração Pública transfere, sob condições, a execução e exploração de certo serviço, que lhe é privativo, a terceiro que para isso manifeste interesse e que será remunerado adequadamente mediante a cobrança, dos usuários, de tarifa previamente por ela aprovada.

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Diante do referido, em sendo um contrato, observa-se que se de um lado está a Administração Pública, de outro se tem uma pessoa jurídica de direito privado, atuando em nome do Estado, mas por sua conta e risco, incluindo-se a cobrança de tarifas dos usuários, previamente aprovadas pela Administração Pública.

Em que pese a divergência doutrinária, Carvalho Filho (2012, p. 367) na mesma linha de entendimento, enfatiza que a concessão de serviço público é

[…] o contrato pelo qual a Administração Pública transfere à pessoa jurídica ou a consórcio de empresas a execução de certa atividade de interesse coletivo, remunerada através do sistema de tarifas pagas pelos usuários.

Analisando os dois conceitos percebe-se que em ambos estão presentes os requisitos necessários para a caracterização da concessão, qual seja a presença da Administração Pública, que por meio de uma delegação negocial, um contrato administrativo, transfere a terceiros a possibilidade de execução de serviços públicos, os quais são cobrados dos usuários por meio de tarifas previamente aprovadas.

A Lei n. 8.987/95, em seu art. 2º, inciso II, considera a concessão de serviço público da seguinte forma:

Art. 2º. Para os fins do disposto nessa Lei, considera-se: […]

II – concessão de serviço público: a delegação de sua prestação feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado; [...].

Sobre o conceito estabelecido no referido artigo, fica evidente que se trata de um conceito que assiste aos objetivos da Lei. Isso porque não apresenta todos os elementos necessários para caracterizar essa modalidade de contrato.

Cumpre salientar que o ponto mais relevante é que tal dispositivo não estabelece a concessão como uma forma de contrato, não indicando sequer a forma de remuneração que lhe é característica. A tarifa paga pelo usuário ou qualquer outra fonte de receita constitui-se, portanto, no meio cabível de arrecadação.

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Outra questão que acarreta divergência quanto ao conceito legal de concessão é a presença da licitação na modalidade concorrência e a sua obrigatoriedade na distinção de quem irá desempenhar o serviço. Essa formalidade não compõe o conceito doutrinário de concessão, e mesmo que não houvesse essas exigências, seria possível formalizar um contrato de concessão.

Não há como falar em concessão de serviço público sem mencionar outro tipo de instituto no qual a Administração Pública delega ao particular o direito de exploração, qual seja, a concessão de obra pública, haja vista sua importância para o serviço de geração e distribuição de energia elétrica, objeto deste estudo.

Assim, o art. 2º, inciso III, da Lei n. 8.987/95, estabelece a concessão de serviço público precedida da execução de obra pública nos seguintes moldes:

Art. 2º. Para os fins dispostos nessa Lei, considera-se: […]

III – concessão de serviço público precedida da execução de obra pública: a construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado; [...].

Quanto à denominação estabelecida no referido artigo, Di Pietro (2012) prefere optar pela conceituação mais tradicional, sustentando que nem sempre existe a prestação de serviço público no contrato de concessão de obra pública.

A autora supracitada assim refere:

Concessão de obra pública é o contrato administrativo pelo qual o poder público transfere a outrem a execução de uma obra pública, para que execute por sua conta a risco, mediante remuneração paga pelos beneficiários da obra ou obtida em decorrência da exploração dos serviços ou utilidades que a obra proporciona. (DI PIETRO, 2012, p. 335).

Refere-se, ainda, que no âmbito da outorga de concessão haverá sempre uma fiscalização periódica, exercida pelo poder concedente responsável pela delegação, por órgão técnico ou por entidade conveniada. No exercício da fiscalização, o órgão encarregado de tal função terá acesso a todos os dados relativos à administração e gerência da concessionária.

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1.2.2 Permissão: conceito e características

Outra forma de delegação de serviço público é a permissão, a qual é retratada nos seguintes moldes por Di Pietro (2012, p. 309):

A permissão de serviço público é, tradicionalmente, considerada ato unilateral, discricionário e precário, pelo qual o Poder Público transfere a outrem, a execução de um serviço público, para que o exerça sem seu próprio nome e por conta e risco, mediante tarifa paga pelo usuário.

Quanto a este conceito, há de se fazer primeiramente uma distinção do objeto da concessão. A diferença reside na forma de constituição, haja vista que a permissão decorre de ato unilateral e a concessão de acordo de vontades. Assim, tradicionalmente, a permissão não tem natureza contratual, constituindo-se em ato unilateral, discricionário e precário.

Dessa forma, não enseja ao particular qualquer direito em face à Administração Pública, cuja questão principal engloba a precariedade do ato, entendido como a possibilidade de revogação, a qualquer momento, pelo poder público. O fato de não estabelecer prazo para a outorga da permissão não dá ao particular o direito de qualquer reparação pecuniária.

Nesse sentido, assinala Di Pietro (2005, p. 148) que:

Na permissão, a precariedade encontra-se na própria origem do ato de outorga; a Administração, ao consentir, na outorga da prestação do serviço público ao permissionário, já o faz com a nota da precariedade; o particular que recebe a permissão já sabe que ela é dada a título precário, sem prazo estabelecido, e que, por isso mesmo, pode ser retirado, a todo momento, pela Administração, sem qualquer direito a reparação pecuniária. Nessa hipótese, o fundamento da possibilidade de revogação por ato unilateral é a própria precariedade inerente ao ato formal da permissão. Essa precariedade afasta o direito de o permissionário opor-se à revogação e de pleitear qualquer tipo de compensação pecuniária.

Pela extrema relevância do exposto salienta-se que apesar da precariedade da outorga do serviço público por meio do instituto da permissão, a Administração Pública pode desfazer o ato com base em critérios objetivos e fundamentais.

Na mesma linha de entendimento, Pestana (2012, p. 431), ao retratar o conceito de permissão, faz menção ao estabelecido no art. 40 da Lei n. 8.987/1995, a qual entabula as condições pertinentes a este tipo de delegação, com a seguinte explanação:

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A permissão de serviço público, na dicção legislativa, compreende-se a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica, que demonstre capacidade para o seu desempenho, por sua conta e risco.

Diante disso, pode-se formalizar algumas características desse instituto, as quais o diferem das demais delegações de prestação de serviço público. Assim, constata-se que na permissão a forma de constituição se dá de maneira unilateral, mediante contrato de adesão, ou seja, normas e regramentos já pré-estabelecidos, presença do caráter da precariedade do ato e, finalmente, o instituto admite a contratação de pessoas físicas além das jurídicas.

Pode-se afirmar ainda, que com o advento do art. 175 da CF/88, “Incumbe ao Poder Público, na forma da Lei, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”. Isso revela que as permissões devem ser precedidas do devido contrato licitatório, uma vez que são entendidas como ato administrativo discricionário e precário em face do referido dispositivo.

Frisa-se que toda a concessão ou permissão se baseia na prestação de um serviço adequado e de qualidade a seus usuários finais, conforme estabelecido em lei, nas normas pertinentes e nos respectivos contratos de prestação dos serviços.

1.2.3 Autorização: conceito e características

Dentre as tradicionais formas de delegação concedentes pela Administração Pública, encontra-se, ainda, a autorização de prestação se serviços públicos.

Cabe salientar, conforme explanação de Pestana (2012, p. 447), que se trata “[…] daqueles institutos jurídicos que apresentam intensas dificuldades ao intérprete e aplicador do direito, dado que encontrável e aplicável em diversas realidades jurídicas”.

Di Pietro (2005), no mesmo sentido, refere que no direito brasileiro a autorização administrativa tem várias acepções, sendo compreendida como ato praticado no exercício do poder de polícia, autorização de uso e autorização de serviço público.

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Diante disso, quanto à autorização de serviço público, preleciona a referida autora que se trata de “ato administrativo unilateral e discricionário pelo qual o Poder Público delega ao particular a exploração de serviço público, a título precário”. (DI PIETRO, 2005, p. 151).

Na mesma linha de entendimento, Gasparini (2004, p. 356) ensina que o instituto da autorização

[…] é o ato administrativo discricionário e precário mediante o qual a Administração Pública competente investe, por prazo indeterminado, alguém que para isso tenha demonstrado interesse, na execução e exploração de certo serviço público.

Importante destacar que diante desses conceitos o instituto da autorização se coloca ao lado da permissão e da concessão como forma de delegação da execução de serviço público ao particular, tendo duas formas de entendimento: uma como autorização, permissão e concessão de serviço público; e outra como autorização, permissão e concessão de uso de bem público.

A CF/88, no seu art. 21, inciso XII, faz menção à autorização, como bem preleciona Gasparini (2004, p. 356):

[…] com o sentido de investir alguém, na qualidade de prestador de serviço público, na medida em que prescreve caber à União explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços que enumera, sem contudo precisar seu regime jurídico.

O objeto da autorização pode ser entendido como de curta duração ou para situações de longo prazo. Em se tratando de uma autorização para exploração de um bem público, Pestana (2012, p. 449) expõe que

[…] a autorização é também utilizada para situações douradoras, seja como prazo limite nele próprio estabelecido a partir de fundamento legal, seja mesmo de prazo indeterminado, repercutindo indefinidamente seus efeitos.

É visível a presença de vários elementos quando se faz referência ao objeto da autorização. Uma das questões importantes é que esse instituto apresenta prazo indeterminado, não estabelecendo limites no tocante a sua outorga. Em função disso o Poder Público pode revogá-la a qualquer momento, pois se o prazo limite fosse fixado, o beneficiário poderia investir-se de direito oponível à Administração Pública.

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Ademais, a autorização é dada no interesse exclusivo do particular que a obtém, não sendo necessário estabelecer prerrogativas que lhe sejam delegadas. O poder público titular dá a autorização com base no Poder de Polícia do Estado, estabelecendo as condições em que as atividades serão exercidas. Além disso, fiscaliza o seu exercício por intermédio dos órgãos fiscalizadores delegados para cada atividade.

Quanto às normas de delegação cabe esclarecer ainda que ao Poder Público incumbe a regulamentação e controle das atividades ou serviços delegados.

1.3 Regulamentação e controle das formas de delegação

Toda e qualquer forma de delegação que envolve os três institutos principais da descentralização de atividades estatais em favor do particular – a concessão, a permissão e a autorização, possuem distintos regramentos quanto a sua prática.

Cumpre salientar que tais institutos são delineados de acordo com o objetivo que se quer obter com a devida prestação do serviço, bem como com a exploração do bem público desejado, e receber tratamento peculiar, dependendo do serviço público que está sendo prestado.

Consigne-se que a outorga de permissão ou autorização dos serviços de geração e distribuição de energia elétrica receberam tratamento peculiar quanto à regulamentação, destacando-se as Leis n. 9.074/95 e 8.987/95, entre outros regramentos.

1.3.1 Aspectos legais referentes à outorga da permissão e autorização dos serviços de geração e distribuição de energia elétrica e legislação pertinente

No tocante à geração e distribuição de energia elétrica existem várias Leis que regulamentam tais matérias, bem como uma vasta quantidade de regramentos vinculados ao órgão responsável pelo controle e fiscalização do setor energético brasileiro – a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

No que se refere ao setor energético é importante destacar que a regulamentação da ANEEL define o instituto e a forma de delegação cabível, tanto na produção da energia quanto na sua distribuição, sempre mensurando os valores em carga.

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Assim, para delinear as formas de concessão, permissão ou autorização no tocante à geração e à distribuição de energia elétrica, até recentemente entendidos como dois setores distintos, deve-se fazer uma análise da capacidade energética obtida a fim de enquadrar os respectivos institutos, sempre de acordo com a legislação pertinente do orgão regulador.

Com base no regime de concessão, permissão e autorização de exploração de serviços e instalações de aproveitamento energético de cursos de água, a fim de regrar as outorgas, a Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, com base no art. 175 da CF/88, regula os institutos, envolvendo as formas de delegação na prestação dos serviços públicos.

Em seu art. 2º, a Lei n. 8.987/95, estabelece o conceito e a caracterização dos objetos da concessão e permissão de serviço público, envolvendo também a concessão de serviço público precedida de execução de obra pública, como já destacado anteriormente, in verbis:

Art. 2º. Para os fins do disposto nessa Lei, considera-se:

I – poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Município, em cuja competência se encontre o serviço público, precedido ou não da execução de obra pública, objeto de concessão ou permissão;

II – concessão de serviço público: a delegação de sua prestação feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para o seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado:

III – concessão de serviço público precedida de execução de obra pública: a construção, total ou parcial, conservação, reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de interesse público, delegado pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o investimento da concessionária seja remunerado e amortizado mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo determinado;

IV – permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para o seu desempenho, por sua conta e risco.

De forma geral, a referida Lei prevê as formas de contrato, os direitos e as obrigações dos usuários, a prestação do serviço adequado, a política tarifária, bem com regula as formas de extinção dos institutos da concessão, permissão e autorização, sendo esta última modalidade de contrato uma inovação na referida Lei, a partir de suas alterações estabelecidas pela Lei n. 9.648/98.

Adentrando mais especificamente no regramento dos serviços de energia elétrica, cabe salientar o ordenamento estabelecido pela Lei n. 9.074, de 7 de julho de 1995, a qual estabelece as normas para outorga das concessões, permissões e autorizações no tocante à geração e distribuição de energia, elencando os objetos pertinentes a cada tipo de delegação.

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Nesse sentido, o art. 5º da Lei n. 9.074/95 apresenta os aproveitamentos de potenciais hidráulicos passíveis de concessão:

Art. 5º. São objetos de concessão, mediante licitação:

I – o aproveitamento de potenciais hidráulicos de potência superior a 1.000 KW e a implantação de usinas termelétricas de potência superior a 5.000 KW, destinadas à execução de serviço público;

II – o aproveitamento de potenciais hidráulicos de potência superior a 1.000 KW, destinados à produção independente de energia elétrica;

III – uso de bem público, o aproveitamento de potenciais hidráulicos de potência superior a 10.000 KW, destinados ao uso exclusivo de autoprodutor, resguardado o direito adquirido relativo às concessões existentes.

Outrossim, o art. 7º da Lei n. 9.074/95 prevê objetos de autorização aos aproveitamentos, tais como:

Art. 7º. São objeto de autorização:

I – a implantação de usinas termelétricas de potencial superior a 1.000 KW, destinada a uso exclusivo do autoprodutor;

II – o aproveitamento de potenciais hidráulicos, de potência superior a 1.000 KW e igual ou inferior a 10.000 KW, destinadas a uso exclusivo do autoprodutor.

Diante do estabelecido nos referidos artigos, os quais entabulam os aproveitamentos de acordo com a carga de geração que se pretende obter, bem como designar o produtor independente e autoprodutor de energia elétrica, cabe diferenciar os referidos institutos.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), órgão regulador da geração e distribuição do setor energético no País, em sua Audiência Pública nº 047/2004, estabeleceu que autoprodutor é aquele que produz para o seu próprio consumo, para autoconsumir, comercializando somente o excedente (Leis n. 9.427/96 e 9.648/98).

Por outro lado, segundo a Lei n. 9.074/95, em seu art. 11, caput, produtor independente é aquele que produz para comercializar, no todo ou em parte, podendo vir a autoconsumir a parte não comercializada. Eis o teor do referido artigo:

Art. 11. Considera-se produtor independente de energia elétrica a pessoa jurídica ou empresas reunidas em consórcio que recebam concessão ou autorização do poder concedente, para produzir energia elétrica destinada ao comércio de toda ou parte da energia produzida, por sua conta e risco.

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Diante disso, tal Lei possui caráter muito importante na delegação da prestação de serviços públicos por particulares no tocante ao setor energético, estabelecendo os institutos que se enquadram em cada caso.

Cabe mencionar ainda que em se tratando do setor energético, a ANEEL tem sido o órgão responsável pelo controle e fiscalização de todas as atividades designadas à produção e distribuição de energia elétrica no Brasil.

Nesse sentido, a Lei n. 9.427, de 26 de dezembro de 1996, em seu art. 2º, designa todas as atribuições e atividades incumbidas ao órgão, o qual tem por finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, em conformidade com a política de diretrizes do Governo Federal.

No tocante à geração de energia elétrica cabe destacar o art. 26 da Lei n. 9.427/1996, cuja redação foi alterada pela Lei n. 9.648, de 27 de maio de 1998, a qual incumbe à ANEEL a autorização dos aproveitamentos de potenciais hidráulicos com características de Pequena Central Hidrelétrica, destinados à produção independente ou autoprodução, nos seguintes moldes:

Art. 26. Cabe ao Poder Concedente, diretamente ou mediante delegação à ANEEL, autorizar:

I – o aproveitamento de potencial hidráulico de potência superior a 1.000 kW e igual ou inferior a 30.000 kW, destinado à produção independente ou autoprodução, mantidas as características de pequena central hidrelétrica.

Neste diapasão destaca-se, além do referencial em carga mínima e máxima de produção a ser obtida para enquadrar no âmbito da autorização, cuja outorga foi incumbida à ANEEL, a manutenção das características de PCH (Pequena Central Hidrelétrica).

Para tanto, numa caracterização bem sucinta, considera-se na condição de Pequena Central Hidrelétrica, o enquadramento de aproveitamento hidrelétrico com potência superior a 1.000 kW e igual ou inferior a 30.000 kW, destinados à produção independente, autoprodução ou produção autônoma, conforme estabelecido na Resolução 652 da ANEEL, de 09 de dezembro de 2003.

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Diante disso, verifica-se que a discriminação de PCH está em consonância com o instituto da autorização mediante outorga do órgão regulador quanto aos valores de carga de geração.

Cabe salientar que atualmente na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, a maior fonte de geração energética vem da exploração de aproveitamentos hídricos por cooperativas de geração de energia. Além de realizar o processo de produção, estas cooperativas atuam na distribuição da energia gerada aos seus associados, seja de forma direta ou por intermédio de outras cooperativas de distribuição.

Essas cooperativas, na maioria das vezes, são enquadradas como permissionárias do serviço de distribuição de energia elétrica, como é o caso da Ceriluz, cooperativa atualmente dividida em duas áreas distintas, sendo uma responsável pelo setor de geração de energia e a outra pela sua distribuição até os usuários finais.

Assim, a Cooperativa de Geração possui atualmente três Pequenas Centrais Hidrelétricas em funcionamento, tendo concluído em 2012 as obras da última unidade, qual seja, a PCH RS 155, a qual entrou em produção ainda naquele ano.

Dessa forma, a Cooperativa de Geração da Ceriluz é enquadrada como autorizada dos serviços de geração de energia, denominada como produtora independente de energia elétrica. Já a Cooperativa de Distribuição é permissionária dos serviços de distribuição de energia elétrica, conforme os contratos firmados entre as cooperativas e a ANEEL, seu órgão regulador (Anexos I e II).

A fim de atender ao objetivo do estudo, parte-se para a abordagem geral de um caso concreto envolvendo uma cooperativa de Ijuí, a qual há mais de 40 anos se dedica a propiciar aos seus associados uma melhor qualidade de vida. Assim, vem aliando a prestação de um serviço indispensável à vida humana com o estímulo à prática de novas atividades rurais, que necessariamente passam pela fruição e disposição do serviço de energia elétrica.

Sem dúvida, tanto a fruição como a distribuição de energia elétrica necessitam de gestores para sua geração e distribuição e, por certo, a participação de uma cooperativa na realização dessa atividade se faz indispensável.

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2 GESTÃO DA GERAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA PELA COOPERATIVA CERILUZ: Análise de um Caso Concreto

Neste capítulo analisam-se os aspectos relacionados à gestão da geração e distribuição de energia elétrica pela Cooperativa Ceriluz, bem como se aborda a sua estrutura funcional e administrativa, a criação da cooperativa de geração, o regime jurídico e aspectos gerais que envolvem o aproveitamento de potencial hídrico para a implantação das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH).

2.1 Objetivos e princípios

Toda sociedade cooperativa é dotada de objetivos sociais, os quais são expressamente estabelecidos no seu Estatuto Social, no qual consta todo o regramento a ser adotado no momento da fundação da cooperativa (Anexos III e IV).

A Ceriluz atualmente é composta por duas cooperativas, em que uma delas é responsável pelo setor de geração e a outra pela distribuição de energia. Os objetivos sociais, porém, são semelhantes para as duas cooperativas.

O principal objetivo ou missão da Ceriluz é “melhorar a condição de vida do associado, gerando e fornecendo energia de qualidade, com eficiência e de forma sustentável”. (CERILUZ, 2013a).

A Ceriluz Geração – Cooperativa de Geração de Energia e Desenvolvimento Social Ltda – possui seus objetivos estabelecidos nos artigos 2º a 5º do seu Estatuto Social, com destaque para os artigos 2º e 4º que fundamentam de forma geral o enredo dos objetivos institucionais, e são destacados, in verbis:

Art. 2º. A cooperativa tem por objetivos institucionais promover o desenvolvimento socioeconômico de sua área de atuação básica, através da geração de energia elétrica, a prestação de outros serviços aos seus associados e de estímulo à prática de novas atividades rurais entre outras, mediante o emprego de modernos processos tecnológicos e de racionalização dessas atividades.

[…]

Art. 4º. A cooperativa propõe prestar por si ou mediante convênio com entidades especializadas, públicas ou privadas, assistência técnica, educacional e social aos seus associados e respectivos familiares e, bem assim, aos seus empregados.

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No tocante aos objetivos sociais da Ceriluz Distribuição – Cooperativa Regional de Energia e Desenvolvimento Ijuí Ltda, estabelecidos em seu Estatuto Social, respectivamente nos artigos 2º a 5º, da mesma maneira se destaca o art. 2º, o qual, de uma forma genérica, expõe a ideologia na qual atua a cooperativa:

Art. 2º. A cooperativa tem por objetivo promover o desenvolvimento socioeconômico de sua área de atuação, através dos serviços de distribuição de energia elétrica e prestação de outros serviços aos seus associados, e do estímulo à prática de novas atividades rurais, mediante o emprego de modernos processos tecnológicos e racionalização dessas atividades. Também inclui-se como objetivo a geração de energia elétrica em sendo esta uma alternativa viável legalmente e adequada economicamente.

Diante disso, estão evidenciadas as ideologias empregadas por ambas as cooperativas, tanto da geração quanto da distribuição, atividades coligadas na prestação de um serviço adequado e de qualidade no tocante à energia elétrica, aliado a um apoio ao processo de desenvolvimento do meio rural com estímulo a novas práticas de atividades, visando sempre o bem estar dos associados.

Observa-se, ainda, que a Ceriluz está imbuída em realizar sua missão de melhorar a vida do associado no que diz respeito à geração e produção de energia, embasada em princípios norteadores, tais como ação de transparência, ética e senso de justiça, intercooperação e competência, cidadania, solidariedade, união e zelo.

Esses princípios, portanto, atuam como verdadeiras proposições básicas e fundamentais que, de certa forma, condicionam todas as atividades que a Ceriluz desenvolve. Em decorrência disso, a observância desses princípios é uma garantia para os associados de que o Conselho de Administração irá pautar suas ações no atendimento das demandas que se apresentam nas áreas de produção e distribuição de energia, tarefa que não é fácil devido à sua abrangência.

2.2 Regime jurídico

Para melhor compreensão do regime jurídico das Sociedades Cooperativas, é necessário explicitar o que se entende pela expressão quando se faz referência a tal. Nesse sentido, existem dois regimes jurídicos, a saber: o regime jurídico de direito público e o regime jurídico de direito privado. O primeiro deles é assim interpretado por Di Pietro (2012,

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p. 479): “a norma sempre impõe desvios ao direito comum, para permitir à Administração Pública, quando dele se utiliza, alcançar os fins que o ordenamento jurídico lhe atribui”, com prerrogativas, restrições e sujeições que lhe permitem assegurar a supremacia do interesse público sobre o particular.

No segundo regime, o que se verifica não é uma sujeição e prerrogativas às regras de direito público, em que as decisões se originam da vontade do Estado e, sim, que existem pessoas privadas, criadas com origem na vontade do particular, apresentando nítida finalidade de interesse particular e com fins lucrativos, verificando-se, portanto, a ausência de prerrogativas autoritárias.

Isso permite inferir que as Sociedades Cooperativas se enquadram no regime jurídico de direito privado, o que pode ser comprovado ao verificar as características que apresentam em seus Estatutos, são regidas pelas leis civis e, principalmente, porque há predominância dos interesses particulares.

As Sociedades Cooperativas são reguladas pela Lei n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971, as quais são dotadas de características próprias. Nesse sentido, o art. 4º da lei supracitada elenca os elementos pertinentes à natureza jurídica desse tipo societário, in verbis:

Art. 4º. As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas para prestar serviços aos associados […].

Diante de tal fundamentação, uma das características mais evidentes é que se trata de uma sociedade de pessoas, com interesses comuns. Polonio (2004, p. 39) assim retrata tal entendimento:

[…] nas sociedades de pessoas, o elemento principal é a pessoa de seus sócios (intuitus personae). Nesse tipo de sociedade, coloca-se em primeiro plano a capacidade administrativa e/ou operacional dos sócios, bem como seu interesse nas operações da sociedade. O inter-relacionamento pessoal, ou seja, a afinidade entre eles, também constitui importante elemento caracterizador do tipo.

Ademais, tal tipo societário é dotado de natureza jurídica própria, tendo como enfoque principal a prestação de serviços para os próprios associados, conforme explica Polonio (2004, p. 40):

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[…] a “natureza jurídica própria”, nos termos da definição legal, entendida como a espécie do gênero “natureza civil”, permite o entendimento de que à sociedade cooperativa reconhece-se uma característica ímpar, eis que é uma das poucas sociedades constituídas pelos associados, para prestar serviços a eles próprios […].

Evidencia-se a diferenciação das sociedades cooperativas das demais, pois são constituídas para prestar serviços aos seus associados, e embora atuem em nome próprio, a cooperativa está sempre os representando. Nesse diapasão, segundo Kotler (1998, p. 412), os serviços podem ser conceituados como “qualquer ato ou desempenho que uma parte possa oferecer a outra e que seja essencialmente necessário, útil e aproveitável”.

Ora, em boa medida, esse conceito vem ao encontro da pesquisa, haja vista que as cooperativas prestam um serviço essencial para a comodidade de seus associados. Em outras palavras, a prestação de serviços pelas sociedades cooperativas deixa transparecer que os sócios se unem para que um determinado serviço, que nada mais é do que a satisfação de necessidades essenciais ou secundárias, possa ser prestado de forma a minimizar os custos e maximizar os resultados (KOTLER, 1998, p. 413).

O art. 1.094 do Código Civil apresenta as características da sociedade cooperativa, elencando os direitos pertinentes a esse tipo societário. Enquanto isso, o art. 982 do Código Civil a caracteriza como sociedade simples, expressando-se conforme segue:

Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa: I – variabilidade, ou dispensa do capital social;

II – concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a administração da sociedade, sem limitação de número máximo;

III – limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar;

IV – intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança;

V – quorum, para a assembleia geral funcionar e deliberar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado;

VI – direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação;

VII – distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado;

VIII – indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera- se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.

Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a

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No tocante à classificação das cooperativas, esta geralmente é feita quanto à forma legal de constituição, o que vai definir de que maneira a cooperativa será tratada juridicamente. Já com relação ao objeto de atuação, o que define a sua atividade-fim, seu ramo, e a natureza das atividades desenvolvidas.

Nesse sentido, o art. 5º da Lei n. 5.764/71 assim expõe os elementos quanto à classificação das sociedades cooperativas:

Art. 5º. As sociedades cooperativas poderão adotar por objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, assegurando-se-lhes o direito exclusivo e exigindo-se-lhes a obrigação do uso da expressão “cooperativa” em sua denominação. Quanto à forma legal de constituição, de acordo com o art. 6º da Lei n. 5.764/71, as cooperativas podem ser classificadas de três maneiras, quais sejam: singulares, cooperativas centrais ou federação de cooperativas e confederações de cooperativas, representadas pelos incisos I, II e II do referido artigo, in verbis:

Art. 6º. As sociedades cooperativas são consideradas:

I – singulares, as constituídas pelo número mínimo de vinte pessoas físicas, sendo excepcionalmente permitida a admissão de pessoas jurídicas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fim lucrativo;

II – cooperativas centrais ou federações de cooperativas, as constituídas de, no mínimo, três singulares, podendo, excepcionalmente, admitir associados individuais; III – confederações de cooperativas, as constituídas, pelo menos, de três federações de cooperativas ou cooperativas centrais, da mesma ou de diferentes modalidades.

No caso da Ceriluz, cooperativa com enfoque na geração e distribuição de energia elétrica, esta se encontra subdividida em duas, cada uma responsável por um setor (geração e distribuição). Ambas se enquadram como cooperativas singulares, uma vez que se caracterizam pela prestação direta de serviços aos associados, conforme o art. 7º da Lei n. 5.764/71, regidas pelo ordenamento que tal tipo societário estabelece, nos seguintes moldes:

Art. 7.º As cooperativas singulares se caracterizam pela prestação direta de serviços aos associados.

Essas sociedades apresentam características próprias constituídas para prestar serviços aos associados, entre elas, a adesão voluntária, com vínculo de associado, com destaque para o controle democrático que existe nesse tipo de organização.

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2.3 Estrutura funcional e administrativa

Atualmente existem duas organizações jurídicas compondo o Grupo Ceriluz. A primeira é a Cooperativa Regional de Energia e Desenvolvimento Ijuí Ltda – Ceriluz Distribuição – responsável pelo abastecimento de energia entre os associados. A segunda é a Cooperativa de Geração de Energia e Desenvolvimento Social Ltda – Ceriluz Geração – responsável pela produção de energia elétrica e por atividades sociais junto aos associados. No contexto geral, contudo, as duas organizações, suas direções e colaboradores se comportam como sendo uma só e trabalham buscando a melhor energia possível ao seu quadro de associados (CERILUZ, 2013b).

No que se refere à estrutura funcional e administrativa da Ceriluz, mesmo sendo separada em duas cooperativas, como anteriormente mencionado, ou seja, uma responsável pela geração de energia e a outra pela distribuição, a organização dos órgãos de administração é a mesma e está expressa nos Estatutos Sociais de ambas as cooperativas.

A fim de corroborar com o exposto, observa-se que o art. 34 de ambos os Estatutos Sociais estabelece a forma como as cooperativas serão administradas, ou seja:

Art. 34. A Cooperativa será administrada por um Conselho de Administração, composto por um (1) Presidente, um (1) Vice-Presidente, um (1) Secretário e cinco (5) Conselheiros Vogais como membros efetivos e cinco (5) Conselheiros Vogais Suplentes, todos associados, eleitos pela Assembleia Geral para um mandato de quatro (4) anos, sendo obrigatório ao término de cada período de mandato, a renovação de, no mínimo, 1/3 (um terço), sendo assim 5 (cinco) dos seus componentes.

O Estatuto Social, ao fazer menção à administração da Cooperativa, o faz de maneira que contemple um número mínimo de participantes do Conselho de Administração para tornar a gestão mais equilibrada, com decisões compartilhadas entre os associados, que por sua vez escolhem o membro que irá assumir o cargo de Presidente.

Ademais, as cooperativas contam com um Conselho Fiscal que tem o dever de exercer assídua fiscalização sobre as operações, desempenho, atividades e serviços da Cooperativa pela administração, tornando a gestão transparente.

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Nesse sentido, o teor do art. 41 dos Estatutos Sociais das Cooperativas de Geração e Distribuição da Ceriluz assim refere a estrutura do Conselho Fiscal:

Art. 41. A Administração da Sociedade será fiscalizada, assídua e minuciosamente, por um Conselho Fiscal, constituído de 03 (três) membros efetivos e 03 (três) suplentes respectivos, com mandato de 01 (um) ano e renovação obrigatória de 2/3 (dois terços) a cada eleição.

O preenchimento dos cargos dos Conselhos de Administração e Fiscal será feito mediante eleições, em Assembleia Geral, sendo que para os cargos do Conselho de Administração será realizada votação de quatro em quatro anos, nos três primeiros meses do exercício em que os mandatos tiverem o seu término. Quanto ao Conselho Fiscal a eleição será realizada anualmente ou sempre que necessário, em caso de vacância, conforme determina o Estatuto Social no tocante às eleições.

Cabe salientar que a Diretoria Executiva será exercida pelo Presidente da Cooperativa e por Diretores ou Gerentes contratados e será composta por quantos membros forem necessários, a critério do Presidente e referendado pelo Conselho de Administração. Registre-se que as atividades específicas de cada Diretor e Gerente Registre-serão determinadas pelo Presidente, conforme expressam os artigos 59 e 60 dos Estatutos Sociais de ambas as cooperativas, ou seja:

Art. 59. A Diretoria Executiva será exercida pelo Presidente da Cooperativa e por diretores e/ou gerentes contratados e será composta por quantos forem necessários, a critério do presidente e referendado pelo Conselho de Administração.

Art. 60. As atividades específicas de cada diretor e gerente serão determinadas pelo presidente.

No atinente ao preenchimento dos cargos da Diretoria Executiva observa-se que esse ocorre por meio de contrato, sempre referendado pelo Conselho de Administração.

No que tange ao atual quadro social de funcionários da Ceriluz, cabe salientar que ambas as cooperativas – geração e distribuição – juntas, contam com um quorum de mais de 100 colaboradores, divididos em vários setores, enquadrados tanto na parte administrativa como de manutenção dos serviços de geração e distribuição, seja nas Centrais Hidrelétricas ou nas redes de distribuição.

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Este quadro de colaboradores varia de acordo com os programas de operação da Ceriluz, sendo que em períodos de implantação das Pequenas Centrais Hidrelétricas são contratados funcionários temporários, destinados unicamente à construção das centrais, ou quando há maior demanda de ampliação das redes de distribuição.

Outrossim, para a execução dos serviços em ritmo mais acelerado, quando necessário, são contratadas empresas terceirizadas, que exercem as mais variadas atividades dentro do campo de abrangência de atuação da cooperativa Ceriluz.

2.4 Criação da cooperativa de geração

Um dos pontos mais marcantes na história da Ceriluz foi o seu desmembramento em duas, em que uma ficou responsável pelos serviços de geração e comercialização de energia elétrica e a outra pela distribuição desta energia até os seus usuários.

Até então, ambas as atividades (geração e distribuição) eram exercidas pela mesma cooperativa, que atendia pelo nome de Cooperativa de Eletrificação Rural Ijuí Ltda. No ano de 2006 ocorreu a sua fragmentação, quando os ativos de geração ficaram com a Cooperativa de Geração de Energia e Desenvolvimento Social Ltda – CERILUZ GERAÇÃO, recém-criada. A cooperativa voltada à distribuição recebeu oficialmente o nome de Cooperativa Regional de Energia e Desenvolvimento Ijuí Ltda – CERILUZ DISTRIBUIÇÃO, conforme expresso no site da cooperativa. (CERILUZ, 2013b).

Esta divisão se deu a partir da vigência da Resolução Normativa da ANEEL n. 354, de 03 de março de 2009, e visou favorecer a parte de distribuição da cooperativa a fim de buscar melhores tarifas aos seus usuários. No momento de enquadrar a permissionária do serviço público de distribuição de energia, tal pretensão seria mais viável se fosse separada dos serviços de geração, conforme explica o presidente de ambas as cooperativas, Iloir de Pauli, em entrevista pessoal concedida para esta pesquisa (Anexo V).

Para autorizar tal divisão dos serviços apresenta-se o teor do art. 3º da referida resolução, em que a Ceriluz se enquadra como Cooperativa de Eletrificação Rural com Geração (CERG), destinada ao mercado próprio, in verbis:

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Art. 3º. Para ser enquadrada como permissionária de serviço público de distribuição de energia elétrica, a CERG poderá optar por manter a atividade de geração ou separá-la previamente ao enquadramento.

Iloir de Pauli, presidente de ambas as cooperativas (geração e distribuição) destaca que “toda a produção obtida através da geração de energia por parte da Ceriluz Geração é adquirida pela Ceriluz Distribuição e, assim, repassada aos usuários”.

No dia 26 de maio de 2010 ocorreu a assinatura do Contrato de Permissionária dos Serviços Públicos de distribuição de energia elétrica junto à ANEEL, o qual possibilita à Ceriluz Distribuição a gerenciar a sua estrutura de fornecimento de energia pelo prazo de 30 anos, com possibilidade de renovação do contrato por igual período. Tal contrato também estabelece a área de atuação da Ceriluz (municípios beneficiados), resguardando os seus direitos de fornecimento, não permitindo que nenhum ente descentralizado invada o seu espaço, tampouco que a Ceriluz saia de sua zona de atuação.

Nesse sentido, importante ressaltar que

Na história desta renovada organização destaca-se a assinatura do Contrato de Permissionária de Serviços Públicos junto à ANEEL, ocorrido no dia 26 de maio de 2010, que a torna regulada pela mesma agência. Pelo contrato a Ceriluz passa a gerenciar a infraestrutura de distribuição, que passa à União. O prazo de validade deste contrato é de 30 anos com a possibilidade de renovação por igual período pela Cooperativa. A regularização também determina a área de atuação da Ceriluz, o que não permite que concessionárias invadam seu espaço em busca de clientes e ao mesmo tempo impede a Ceriluz de sair de sua zona de abrangência. (CERILUZ, 2013b).

A respeito de tal designação de permissionária da Ceriluz Distribuição com a assinatura do contrato, explica o Presidente Iloir de Pauli que

foi um grande avanço para a cooperativa, uma vez que facilita a busca por melhores tarifas, que serão repassadas diretamente aos seus associados, o que ocorre com o desmembramento das atividades de geração, bem como estabelece a área de atuação, o que resulta num melhor acompanhamento da demanda de energia necessária, e gera uma garantia, uma vez que impossibilita o acesso de outras concessionárias dentro da zona de atuação da Ceriluz.

Por outro lado, a criação da cooperativa de geração também traz muitos benefícios à produção de energia elétrica para a Ceriluz, que passou a dar total ênfase a essa atividade, priorizando a qualidade da energia gerada e a expansão do setor.

(34)

Assim, percebe-se que a principal ideia sobre o desmembramento da cooperativa Ceriluz em duas (geração e distribuição), conforme mencionado pelo Presidente Iloir de Pauli, foi a busca por melhores tarifas de energia para os seus associados e, por sua vez, usuários, com a caracterização de permissionária de distribuição de energia elétrica por parte da Ceriluz Distribuição. Além disso, centralizou-se em uma cooperativa específica os serviços de geração, com a criação da Ceriluz Geração, no intuito de expandir a produção com a construção de mais centrais hidrelétricas, tendo como objetivo final a autossuficiência energética. A esse respeito refere Iloir de Pauli que

outra questão muito importante é que um dos maiores objetivos da Ceriluz é alcançar a autossuficiência, onde pretende-se produzir toda a energia necessária para suprir a demanda atual de distribuição. Isso será possível com a implantação de mais centrais geradoras, já em estudo.

Salienta-se que aos poucos a Ceriluz tem se mostrado com capacidade técnica e detentora de tecnologia suficiente para alcançar os objetivos/metas estabelecidos, quais sejam, tornar-se uma geradora de energia autossuficiente, sem necessitar comprar de outros parceiros a energia necessária para suprir as demandas dos seus associados.

É de suma importância enfatizar que o aproveitamento hídrico é condição indispensável para que haja a geração da energia elétrica para os associados da cooperativa.

2.5 Aproveitamento de potencial hídrico na implantação de Pequenas Centrais Hidrelétricas

Inicialmente, é importante destacar que a CF/88, em seu art. 176, expressa que os potenciais de energia hidráulica são propriedade distinta da do solo e que pertencem à União. Além disso, o aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida não depende de concessão ou autorização.

Cabe esclarecer ainda que as PCHs passaram a ser conhecidas porque as regiões em que foram implantadas tiveram maior visibilidade em suas políticas de ação e, principalmente, porque possibilitam uma melhoria nas condições socioeconômicas e um aumento de consumo em todas as áreas.

Ademais, o aproveitamento do potencial hídrico na implantação das PCHs observa as regras da Política Nacional de Recursos Hídricos, o que não poderia ser diferente, haja vista

(35)

que o regime de outorga de direitos de uso de recursos hídricos tem como principais objetivos assegurar o controle do uso e acesso à água.

A região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, local onde está localizada a Ceriluz, apresenta um grande potencial energético, com recursos hídricos em abundância, possibilitando que a outorga por meio do instituto da autorização fosse concedida e a implantação das PCHs se tornasse um dos maiores objetivos da referida cooperativa.

Salienta-se que os processos de implantação de aproveitamentos hidrelétricos, sejam eles PCHs ou outra geradora de energia de maior porte, devem estar de acordo com a capacidade instalada e interagir com os instrumentos das políticas de recursos hídricos e de meio ambiente.

Apresentam-se, a seguir, os aspectos gerais e fundamentais que sustentam a implantação das PCHs, ou seja, os levantamentos topográficos e o inventário de potencial energético necessário para determinar a capacidade de produção de cada recurso hídrico.

2.5.1 Aspectos gerais

A região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul é privilegiada. Apresenta um potencial energético muito grande no tocante à produção hidroenergética, em que os principais fatores são a abundância de recursos hídricos e a característica do relevo, o que proporciona uma enorme capacidade de geração.

Para determinar a capacidade de geração e produção energética há de se considerar que todos os rios são dotados de desníveis, os quais são auferidos por meio de levantamentos topográficos, que vão desde a nascente até a foz, resultando em um inventário de potencial energético que determina a capacidade de produção de cada recurso hídrico.

Este inventário apresenta vários elementos baseados nos desníveis do rio, volume de água, extensão, relevo, bacia hidrográfica de abastecimento e estudo da vazão durante um determinado período. Enfim, são vários os aspectos analisados para, então, delimitar a capacidade de geração energética total do rio, dividida em pontos de aproveitamento.

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