Aula 6 – Substancias Tóxicas
Prof. Julio C. J. Silva
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Instituto de Ciências Exatas
Depto. de Química
Juiz de For a, 2010
Poluição Ambiental
Emissões para os compartimentos atmosfera, litosfera e hidrosfera estão sempre aumentando em decorrência das atividades humanas
e processos naturais
A contaminação ocorre quando alguma substancia estranha ao meio
está presente
A poluição é a alteração de alguma qualidade ambiental para a qual a
comunidade exposta é incapaz de neutralizar os efeitos negativos
Fontes pontuais
Redes de efluentes domésticos e industriais, derramamentos acidentais, atividades de mineração, etc.
Fontes não-pontuais
Práticas agrícolas, residências dispersas, deposições atmosféricas, etc.
Fontes lineares
Caracterização do Problema
Transporte e distribuição de contaminantes ambientais (orgânicos e inorgânicos) no ambiente
Caracterização do Problema
Caracterização do Problema
Caracterização do Problema
• Estudo dos efeitos nocivos de substâncias estranhas
sobre os seres vivos
– Toxicidade aguda
– Toxicidade ambiental (exposições crônicas)
• Incluem:
– Produtos químicos sintéticos
– Produtos químicos naturalmente existentes
• “Todas as substancias são tóxicas em doses
suficientemente elevadas”
• LD
50(dose letal para 50% da população)
• LOD
50(dose oral letal para 50% da população)
• A maioria dos produtos químicos são compostos
orgânicos
• Compostos:
– Organoclorados – Organofosforados – Carbamatos – Triazinas – Dioxinas – PCBs (bifenilas policloradas) – Furanos– PAHs (hidrocarbonetos aromáticos polinucleares) – Estrogênios
• Pesticidas
– Inseticidas
– Herbicidas
– Fungicidas
• Usos:
– Eliminar ervas (mata-mato)
– Controlar algas em piscinas
– Talco antipulgas para animais domésticos
– Aerossóis para insetos
• Enxofre
fumigação
• Gás HCN
(g)
museus
• Fluoreto de sódio
formigas
• Ácido bórico
baratas
• Óleos de peixes e baleias
ovos de
insetos
• Arsênio
Roma antiga até anos 50
• Pesticidas inorgânicos e organometálicos
– Muito tóxicos para os seres humanos e outros – mamíferos
• Pesticidas orgânicos
– Desenvolvidos após 2a. GM – São efetivos e menos tóxicos
– Menor quantidade de químicos sintéticos no ambiente – Estáveis no ambiente
– Toxicidade alta para insetos e baixa em seres h
umanos
Pesticidas Inorgânicos,
Organometálicos e Orgânicos
• Compostos de carbono + cloro
• Toxicidade
• Persistência
• Não solúveis em água
• Bioacumulativos
• Solúveis em óleos ou tecidos adiposos
• POPs – Poluentes Orgânicos Persistentes
Pesticidas Organoclorado
• Bioconcentração
tecidos
• Fator de bioconcentração
(FBC)
• Cadeia alimentar
– biomagnificação
Pesticidas Organoclorado
• HCB – hexaclorobenzo
• Pode causar câncer
• Peixes – quantidade milhares/milhões
• DDT – para-diclorodifeniltricoloroetano
• Contra: mosquitos da malária, febre amarela, piolhos e pulgas • 1945 – milagroso – Sir. Winston Churchil
• 1962 – elixir da morte (Rachel Carson – Silent Spring) • 1973 – proibido pela EPA
• Ainda usado em paises em desenvolvimento
• Análogos do DDT
Pesticidas Organoclorado
• Metoxicloro – análogo ao DDT
– Controle de moscas e mosquitos
• não bioacumulativo • biodegradável
• Toxafeno – Tóxico para peixes
– banido dos EUA em 1982 / Ainda usado no México – nocivo para os seres vivos
• BHC (dentro dos cicloexanos) • Ciclopentadienos clorados
– Ciclopentadieno – sub-produto do refino de petróleo
– Contra insetos terrestres: formigas, cupins, gafanhotos, besouros, etc. – POPs – Poluentes Orgânicos Persistentes
• Aldrin, dieldrin, mirex (declorano) – aditivo retardante de chama
• Opção: endossulfano – bioconcentração e persistência ambiental menores
Inseticidas Organofosforados e
Carbamatos
• Não persistentes
se decompõem em dias/semanas
• Concentram-se nos tecidos gordurosos
• Efeito tóxico mais agudo para humanos e mamíferos
• Inalação, ingestão oral e absorção pela pele
• Ex.:
– Paration (LD50=25mg/Kg) morte de trabalhadores agrícolas – Diclorvos (LD50=3mg/Kg) papel mata-moscas, coleiras
antipulgas
– Diazinon (LD50=300mg/Kg) relativamente inócuo para o ser humano, mas tóxico para pássaros.
– Malation (LD50=885mg/Kg) spray domestico anti moscas. Quase não tóxico para mamíferos, mas sim para pássaros.
Pesticidas Naturais
• Plantas
auto-defesa
• Piretrinas
– Flores de crisântemos
– Napoleão (sec. XVIII)
piolhos.
– Dias atuais
Antipulgas
• Rotenona
– Raízes de feijão
Manejo Integrado
1. Controle químico
2. Controle biológico
3. Controle cultural
4. Plantas resistentes aos hospedeiros
5. Controle físico
Herbicidas
Histórico:
• Tempos bíblicos: sal ou salmoura + cinzas – para
esterilizar territórios
• Sec. 20 – compostos inorgânicos contra ervas
daninhas (arsenito de sódio, clorado de sódio, sulfato
de cobre)
• Substituídos por derivados orgânicos do Arsênio
• Os herbicidas inorgânicos e organometalicos–
eliminados devido à sua persistência
Herbicidas
• Triazinas
– Atrazinas
• Culturas de milho e soja
• Usada para criar estacionamentos de veículos
• Não é removida da água potável em tratamentos convencionais, apenas com carvão ativado
• Atrazina em humanos – câncer, defeitos congênitos (suspeitas)
– Cloroacetamidas (substituto da atrazina) – Metaclor – degrada com luz solar e agua
Dioxinas
• Derivadas de herbicidas, preservantes de madeira,
fungicidas
• Clorofenol
– 50% das emissões de dioxinas anos 70
– Guerra do Vietnã (desfolhante) Agente Laranja
• TCDD – tetraclorodibenzo-p-dioxina
• Fontes para o homem:
PCBs – Bifenilas policloradas
• Produtos químicos industriais organoclorados
• Um dos principais contaminantes ambientais –disposição final inadequada
• São resistentes à decomposição por agentes químicos ou biológicos
• Usos:
– Fluido refrigerante em transformadores e condensadores elétricos
– Plastificantes em PVC – Papel “sem carbono”
– Solvente para reciclagem de papel – Agente de impermeabilização
Outras fontes de dioxinas e furanos
• Subprodutos de:
– Incineração do lixo
– Branqueamento de polpa celulósica – Reciclagem de metais
– Produção de solventes
• Queima de material combustível
• Principal fonte antropogênica – incinerador • Transporte por via atmosférica
• Entra na cadeia alimentar via plantas e animais • TEQ – Fator equivalente de toxicidade
Hidrocarbonetos Aromáticos
Polinucleares (PAHs)
• Hidrocarbonetos de tipo benzênico
– Naftaleno sólido volátil, tóxico para alguns insetos, usado nas bolinhas de “naftalina”
– Grafite
• Fontes para o ambiente:
– Aérea
– Cigarro – fumaça
– Queima de madeira e carvão
– Produção de cresoto – preservante de madeira – Meio aquático – derramamento de oleos
• Fontes para o homem:
– Cigarro
– Dieta – carnes e peixes grelhados no carvão ou defumados; vegetais folhosos; cereais não refinados
Estrogênios Ambientais
• Produtos químicos sintéticos que interferem no sistema endócrino de produção e transmissão de hormônios
• Livro Futuro Roubado (1996) • Estrogênios Ambientais
– Inseticidas organoclorados, DDT, DDE, metoxiclor, toxafeno, dieldrin, PCBs e dioxinas, compostos orgânicos industriais que contem oxigênio
– Não organoclorados
• bisfenol A Usado em plásticos, como policarbonato e resinas epóxi, latas de alumínio, selantes dentários
• Nonilfenol resulta da ruptura de moléculas de detergentes, espermicidas e alguns plásticos
• Fitoestrogênios
– Exemplos soja, brócolis, trigo, maça e cereja – Efeito protetor contra certos Cânceres
Espécies Metálicas Tóxicas
(Metais Pesados)
• Trace element
• Any element having an average concentration
of less than about 100 parts per million atoms
(ppma) or less than 100
g per g.
• 1979,
51
, 2246
• IUPAC Compendium of Chemical Terminology
2nd Edition (1997)
Metais pesados
• Elementos que têm peso específico maior que 5 g.cm-3 ou que
possuem um número atômico maior que 20.
• Comumente utilizado para designar metais classificados como poluentes.
• Engloba metais, semi-metais e mesmo não- metais como o selênio. • Sinônimos: “elementos-traço” ou “metais-traço”.
• Cu, Fe, Mn, Mo, Zn, Co, Ni, V, Al, Ag, Cd, Cr, Hg e Pb.
Metais pesados
Perigosos em suas formas M
+e associados
curtas de carbono
O mecanismo de sua ação tóxica deriva da forte
afinidade dos M
+pelo S de grupos
SH-(enzimas)
Acarreta mal funcionamento metabólico
Caracterização do Problema
• Alta densidade
– Mercúrio – Hg – Chumbo – Pb – Cádmio – Cd
– Arsênio – As (semimetal)
• Transportados por via aérea
• Tratamento medico – uso de composto que atraia o
metal pesado de modo mais forte que a enzima, sua
solubilização e excreção pelo organismo
• Biomagnificação
• Lâmpadas fluorescentes
• Lâmpadas de mercúrio – iluminação publica
• Lâmpadas de vapor de sódio – menos tóxicas
• Afeta o sistema nervoso central
• Fontes:
– Combustão descontrolada de carvão e óleo combustível – Incineração de lixo contendo mercúrio (baterias)
• Amalgama de mercúrio (+ prata e estanho)
– Obturação – vaporiza o mercúrio na mastigação – Cremação de cadáveres
– Extração de ouro/prata
• Metilmercúrio
fungicida
“Moacyr Scliar”
“A cidade onde os gatos dançavam
(e as pessoas morriam)”
Crônica inédita, da verve do médico sanitarista, um dos
autores brasileiros mais respeitados no país e
exterior, apaixonado por ficção, especial para a Clínica
Literária.
• Usos:
– Industria da construção civil – Munição
– Pigmento em tintas cores estáveis e brilhantes
– Baterias de veículos (reciclagem – possível fonte de emissão de chumbo)
– No passado como corante de alimentos – Gasolina com chumbo
– Arsenato de chumbo pesticida (1a. fonte de chumbo)
• O chumbo presente na água é mais absorvido que o
presente nos alimentos
• O tratamento de água remove o chumbo
• Uso:
– Pigmento (tintas, plástico colorido, dispositivos, fotovoltaicos, monitores de TV)
– Baterias recarregáveis (niquel-cadmio)
• Fontes para o ambiente:
– Subproduto da fusão do zinco – Combustão de carvão
– Incineração de resíduos contendo cádmio – Reciclagem de aço laminado com cádmio
• Fontes para o homem:
– Fumantes tabaco
– Dieta alimentar frutos do mar e órgãos comestíveis (rins), batata, trigo, arroz.
• Usos:
– Veneno suicidas e assassinos
– Pesticidas antes dos compostos orgânicos – Preservante de madeira
• Fontes para o ambiente:
– Mineração e fundição de ouro, chumbo, cobre e níquel – Produção de ferro e aço
– Combustão de carvão
• Fontes para o homem:
– Água
– Alimentos: frutos do mar e carne
• Carcinogeno para os seres humanos
Metais pesados
Naturais
Os processos naturais de decomposição das rochas e a
lixiviação no perfil do solo
Fontes antropogênicas
estão associadas, principalmente, a atividades de
mineração (carvão e jazidas minerais) e industriais,
além da geração de efluentes urbanos e uso e
ocupação do solo (agricultura e pecuária)
RELATÓRIO CETESB 2001 - DECISÃO DE DIRETORIA Nº 195-2005- E, de 23 de novembro de 2005
VRQ: que define um solo como limpo; VP: é a concentração acima da qual podem ocorrer alterações prejudiciais à qualidade do solo; VI: é a concentração no solo acima da qual existem riscos potenciais, diretos ou indiretos, à saúde humana considerada um cenário de exposição genérico
Caracterização do Problema
Série Histórica com as Principais Violações em Termos de Metais em Águas Superficiais Classes 1 e 2 (IGAM)
Série Histórica 1997 a 2003
Parâmetros Violações Total de Análises Análises Violadas Cobre 9.7% 4384 391 Cádmio 4.4% 4074 157 Níquel 3.3% 3796 120 Chumbo 2.7% 4025 101 Mercúrio 2.8% 3305 90 Zinco 2.9% 3868 79 Arsênio 2.2% 3017 65 Manganês 32.0% 4442 1421 Ferro Sol 18.6% 4286 797 Alumínio 97.5% 1027 1001 Bário 0.0% 2919 -Boro 0.0% 2839 -Selênio 0.0% 2894
-Bacia do Rio São Francisco
Bacia Rio São Francisco – Sul e das estações monitoradas (SF 011, SF 013, SF 015 e SF 017). UPGRHs (Unidades de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos em Minas Gerais (UPGRH))
Rio Abaeté
Reserva de Três Marias
Rio Borrachudo
Rio São Francisco CONTAMINAÇÃO POR TÓXICO
• Baixa
• Média
Bacia do Rio São Francisco
Determinação de elementos-traço em amostras de sedimentos da Bacia Rio São Francisco – Sul (estações monitoradas:SF 011, SF 013, SF 015 e SF 017) por ICP-MS e digestão por microondas
Elementos SF 011 SF 013 SF 015 SF 017 TEL(a) PEL(b)
75 As nd nd nd nd 5,9 17 137 Ba 212,5 ± 24,0 239,3 ± 5,8 115,2 ± 19,7 263,8 ± 5,4 sr sr 114 Cd nd nd 2,9 ± 0,1 nd 0,6 3,5 59 Co 14,9 ± 0,2 11,4 ± 0,8 5,4 ± 0,0 16,3 ± 1,8 sr sr 52 Cr 90,4 ± 6,3 196,1 ± 19,1 39,4 ± 6,1 72,8 ± 6,6 37,3 90 133 Cs 3,3 ± 0,3 0,5 ± 0,1 1,5 ± 0,0 3,2 ± 0,3 sr sr 63 Cu 26,5 ± 0,2 nd 15,1 ± 0,4 nd 35,7 197 60 Ni 27,2 ± 2,1 nd 10,1 ± 0,1 nd 18(c) 35,9(c) 208 Pb 20,8 ± 0,5 10,5 ± 1,5 33,4 ± 2,4 nd 35 91,3 107 Ag nd 0,8 ± 0,1 nd nd sr sr 82 Se nd nd nd nd sr sr 51 V 123,1 ± 22,1 59,3 ± 0,3 47,9 ± 7,2 nd sr sr 64 Zn 108,9 ± 4,0 93,1 ± 9,4 872,2 ± 17,3 nd 123 315
(a) Threshold Effect Level, TEL: concentrações abaixo desse valor são raramente associados a efeitos biológicos; (b) Probable Effect Level, PEL: concentrações acima desse valor são frequentemente associados a efeitos biológicos; (c) Critério do Environment Canadá.
•
Espectrometria de absorção atômica
– FAAS
– GFAAS
•
Espectrometria de emissão ótica (atômica)
– ICPOES
•
Espectrometria de massas
– ICP-MS
Quantificação
FAAS
ICPOES
(Espectrometria de emissão ótica com plasma)
Instrumentação
plasma de argônio
confinado
acoplamento indutivo
bobina de Rádio-freqüênciabobina de Rádio-freqüência
ICPOES
(Espectrometria de emissão ótica com plasma)
Instrumentação
tocha de quartzo sistema óptico sistema de introdução da amostra dreno sistema de gases dispositivo de controleICP-MS
Qual a melhor estratégia para a Análise de
Elementos-traço em amostras ambientais ????
Minimização de problemas ambientais
Pelo seu correto e abrangente diagnóstico e pela identificação das fontes de emissão;
Proposição de ações nos processos geradores;
Posteriormente, pelo tratamento ou reciclagem dos efluentes e resíduos.
Empresas são muitas vezes são incapazes operacionalmente ou tecnicamente de lidar com suas emissões; que algumas vezes
são constituídas de elementos contaminantes fora do seu interesse comercial
Parceria entre Estado, Centros de pesquisa e Empresas
Referências
• 1-Baird, C. Química Ambiental; Tradução Maria Angeles Lobo Recio e Liz Carlos M. Carrera, 2 ed, Porto Alegre, Bookman, 2002.
• 2-Rocha, J. C; Rosa, A. H. e Cardoso, A. A, Introdução à Química Ambiental, Porto Alegre Bookman, 2004.
• Silva, J.C.J. Fundamentos de análise de alementos-traço em Amostras de interesse ambiental. IV Semana de Ciência e Tecnologia, CEFET, 2008.