Plano de Ensino
Teoria geral da tutela jurisdicional executiva: conceito e
fundamento.
Classificação da Execução.
Execução para entrega de coisa; execução das obrigações de fazer
e não fazer; execução por quantia certa contra devedor solvente;
execução contra fazenda pública e execução de prestação
alimentícia.
Princípios fundamentais da execução.
Condições da ação e pressupostos processuais
executivos.
Tutela Jurisdicional Executiva
9A
Princípios Processuais
Princípio da realidade
ou da patrimonialidade
•
a atividade jurisdicional executiva incide,
direta e
exclusivamente, sobre o
patrimônio
, e não sobre a
pessoa do devedor. Daí que “o devedor responde com
todos os
seus bens presentes e futuros
pra o
cumprimento de suas obrigações” (CPC, 789).
•
frustra-se a execução e
suspende-se o processo
quando
o devedor não disponha de
bens patrimoniais
exequíveis
(CPC, 921, III).
Tutela Jurisdicional Executiva
9B
Princípios Processuais
Princípio da satisfatividade
•
a execução tem por finalidade apenas a
satisfação do
direito do credor
, limitando a atividade jurisdicional
executiva, cuja incidência sobre o patrimônio do devedor
há de se fazer, em princípio, parcial,
apenas a porção
indispensável para a realização do direito do credor
.
•
serão penhorados “tantos bens quantos bastem para o
pagamento do principal atualizado, dos juros, das custas
e dos honorários advocatícios”(CPC, 831).
Tutela Jurisdicional Executiva
9C
Princípios Processuais
Princípio da utilidade da execução
•
a execução
deve ser útil ao credor
, não se permitindo a
sua transformação em instrumento de simples castigo ou
sacrifício do devedor.
•
Exemplos da aplicação do princípio:
•
na
não efetivação da penhora de bens de valor insuficiente
(CPC, 836)
•
na
proibição da arrematação de bens penhorados, por meio de
lance que importe preço vil
(CPC, 891)
Tutela Jurisdicional Executiva
9D
Princípios Processuais
Princípio da economia da execução
ou da menor gravidade
•
a execução deve ser econômica, realizando-se da forma
que, satisfazendo o direito do credor,
seja o menos
prejudicial possível ao devedor
.
•
“quando por vários meios o exequente puder promover
a execução, o juiz mandará que se faça
pelo modo
menos gravoso para o executado
” (CPC, 805).
Tutela Jurisdicional Executiva
9E
Princípios Processuais
Princípio da especificidade da execução
ou da efetividade
do processo
•
a execução deve ser específica - propiciando ao credor
precisamente aquilo que obteria
, se a obrigação fosse
cumprida pessoalmente pelo devedor.
•
excepcionalmente a substituição da prestação pelo
equivalente em dinheiro (perdas e danos)
nos casos de
impossibilidade de obter-se a entrega da coisa devida
(CPC, art. 809), ou de recusa da prestação de fato (CPC,
816).
Tutela Jurisdicional Executiva
9F
Princípios Processuais
Princípio dos ônus da execução
•
é
fundamento
básico
da
execução
forçada
o
inadimplemento
do
devedor
,
ou
seja,
o
descumprimento de obrigação líquida e certa em seu
termo
.
•
é obrigação do devedor moroso suportar todas as
consequências do retardamento da prestação - os juros,
a atualização monetária e os honorários de advogado
(CC, 395 e 401 e CPC, 826 e 831).
Tutela Jurisdicional Executiva
9G
Princípios Processuais
Princípio do respeito à dignidade humana
•
a execução não deve levar o executado a uma situação
incompatível com a dignidade humana
.
•
a execução não pode ser utilizada como instrumento
para causar a ruína, a fome e o desabrigo do devedor e
sua família, gerando situações incompatíveis com a
dignidade da pessoa humana.
•
a
impenhorabilidade de certos bens
como provisões de
alimentos, salários, instrumentos de trabalho, pensões,
seguro de vida é exemplo (CPC, 833).
Tutela Jurisdicional Executiva
9H
Princípios Processuais
Princípio da disponibilidade da execução
•
o credor não se acha obrigado a executar seu título, nem
de prosseguir na execução forçada a que deu início, até
as últimas consequências.
•
pode o
credor desistir do processo ou de alguma
medida
, e ela não impede a renovação da execução
forçada sobre o mesmo título.
Tutela Jurisdicional Executiva
10A
Condições da ação
O direito de
praticar a execução forçada
é exclusivo do
Estado.
Ao credor cabe apenas a
faculdade de requerer a atuação estatal, o
que se cumpre por via do
direito de ação.
As condições da ação apresentam-se como requisitos que a lei impõe
para que a parte possa chegar até a solução final da lide. São elas:
•
a
legitimidade de parte
Tutela Jurisdicional Executiva
10B
Condições da ação
Na execução forçada prevalecem as mesmas condições genéricas de
todas as ações. Entretanto, a lei só admite esse tipo de processo
quando o credor possua
título executivo
e a obrigação nele
documentada já seja
exigível
(CPC, 786 e 783).
Art. 783. A execução para cobrança de crédito
fundar-se-á sempre
em título
de obrigação certa, líquida e exigível.
Art. 786. A execução pode ser instaurada
caso o devedor não
satisfaça
a obrigação certa, líquida e exigível consubstanciada em
título executivo
Tutela Jurisdicional Executiva
11A
Pressupostos processuais
A relação processual há de ser validamente conduzida até o
provimento executivo final, para o que se reclamam:
•
a
capacidade das partes,
•
a regular
representação
nos autos por advogado,
•
a
competência
do órgão judicial e
•
o
procedimento compatível
com o tipo de pretensão
deduzida em juízo
Tutela Jurisdicional Executiva
11B
Pressupostos processuais
São condições ou pressupostos
específicos da execução
forçada:
•
o formal, que se traduz na existência do título executivo, donde
se extrai o atestado de
certeza e liquidez da dívida;
•
o prático, que é a atitude ilícita do devedor, consistente no
inadimplemento da obrigação, que comprova a
exigibilidade
da dívida.
O Código de Processo Civil, no Capítulo IV, denominado “dos
requisitos necessários para realizar qualquer execução”,
destaca a importância do título executivo
(CPC, 783)e a
exigibilidade da obrigação
(CPC, 788).
Tutela Jurisdicional Executiva
12A
Questão de revisão – Contextualização das Situações
Num processo determinado, o executado juntou aos autos cópia do boleto emitido pelo exequente noticiando a transação, mediante pagamento do débito em parcela única de R$ 5.000,00. Intimado para se manifestar, o exequente não se manifestou nos autos, aderindo às informações trazidas pelo executado.
Nesse caso, o processo poderá ser extinto? Com base em qual princípio?
Tutela Jurisdicional Executiva
12B
Questão de revisão – Contextualização das Situações
Num processo determinado, o executado juntou aos autos cópia do boleto emitido pelo exequente noticiando a transação, mediante pagamento do débito em parcela única de R$ 5.000,00. Intimado para se manifestar, o exequente não se manifestou nos autos, aderindo às informações trazidas pelo executado.
Nesse caso, o processo poderá ser extinto? Com base em qual princípio?
O processo será extinto com base no princípio da disponibilidade da execução.
Tutela Jurisdicional Executiva
13A
Análise de Caso:
Vistos. ABC Comércio Ltda apresentou embargos à execução que lhe promove SKY Fomento Mercantil Ltda, alegando ilegitimidade, uma vez que é a emitente dos títulos reclamados, que foram cedidos à embargada. A embargada apresentou impugnação afirmando que recebeu os títulos em razão de contrato de factoring, respondendo o emitente pelos títulos que não foram honrados. Manifestou-se em réplica a embargante. Este é o relatório. DECIDO É caso de acolher os embargos. Como se verifica na inicial da execução, a ação está fundada nas duplicatas mercantis, nas quais a devedora é WHITE Açúcar Ltda. Não há como entender, então, que a embargante está legitimada a integrar a execução. Não cabe aqui analisar a possibilidade de a embargante responder pela dívida em razão do contrato existente entre as partes, porque não é este que está em análise, já que não é nele que se funda a execução. Não é demais ressaltar que somente aquele constante no título executivo pode figurar como executado e se na duplicata o devedor é o coexecutado, a embargante é parte ilegítima para responder na execução. Ante o exposto, julgo procedentes os embargos e julgo extinta a execução, em relação à embargante, em razão da ilegitimidade. Arcará a embargada com as custas processuais despendidas pela embargante e honorários advocatícios que arbitro em R$ 1.500,00, nos termos da lei.Tutela Jurisdicional Executiva
13B
Análise de Caso:
Vistos. ABC Comércio Ltda apresentou embargos à execução que lhe promove SKY Fomento Mercantil Ltda, alegando ilegitimidade, uma vez que é a emitente dos títulos reclamados, que foram cedidos à embargada. A embargada apresentou impugnação afirmando que recebeu os títulos em razão de contrato de factoring, respondendo o emitente pelos títulos que não foram honrados. Manifestou-se em réplica a embargante. Este é o relatório. DECIDO É caso de acolher os embargos. Como se verifica na inicial da execução, a ação está fundada nas duplicatas mercantis, nas quais a devedora é WHITE Açúcar Ltda. Não há como entender, então, que a embargante está legitimada a integrar a execução. Não cabe aqui analisar a possibilidade de a embargante responder pela dívida em razão do contrato existente entre as partes, porque não é este que está em análise, já que não é nele que se funda a execução. Não é demais ressaltar que somente aquele constante no título executivo pode figurar como executado e se na duplicata o devedor é o coexecutado, a embargante é parte ilegítima para responder na execução. Ante o exposto, julgo procedentes os embargos e julgo extinta a execução, em relação à embargante, em razão da ilegitimidade. Arcará a embargada com as custas processuais despendidas pela embargante e honorários advocatícios que arbitro em R$ 1.500,00, nos termos da lei.Tutela Jurisdicional Executiva
13C
Análise de Caso – Resposta - Acórdão
EMBARGOS À EXECUÇÃO DUPLICATA – REGRESSO EM FOMENTO MERCANTIL-SENTENÇADE PROCEDÊNCIA. 1. FOMENTO MERCANTIL - Duplicata Ajuizamento de ação executiva em desfavor do emitente do título, com fundamento e m direito de regresso
por mero inadimplemento Inadmissibilidade Hipótese de regresso que depende de previsão contratual expressa e restringe-se à possibilidade de inexistência do crédito
Faturizador que adquire títulos com deságio, devendo arcar com os riscos de sua
atividade empresarialPrecedentes do Superior Tribunal de Justiça e deste Tribunal.
Em suma, a apelante busca exercer direito de regresso em face da apelada, sacadora dos títulos, pretensão esta bem rechaçada em primeiro grau. Isto porque, em se tratando de operação de fomento mercantil, ou factoring, é entendimento consolidado de que inexiste regresso do endossatário ou cessionário em face do endossante ou cedente. (...) De fato, assunção dos riscos pelo faturizador é elemento que caracteriza
o contrato de 'factoring'.
Destaque-se que não se discute, nestes autos, a existência do crédito, o que demandaria, inclusive, dilação probatória, o que fulminaria, de todo modo, o ajuizamento de ação executiva para exercício de regresso firmado em tal tese. Aqui, frise-se, a pretensão creditícia decorre de mero inadimplemento.