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O brincar das crianças pelo olhar de seus pais

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

Departamento de Ciências da Saúde

Campus Baixada Santista

Curso de Terapia Ocupacional

O BRINCAR DAS CRIANÇAS PELO OLHAR

DE SEUS PAIS

Nome do aluno: Nathália Maria Ferreira

Nome do orientador: Profa. Dra. Lúcia da Rocha Uchôa-Figueiredo

Local de trabalho: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Campus

Baixada Santista

Santos-SP

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

Departamento de Ciências da Saúde

Campus Baixada Santista

Curso de Terapia Ocupacional

O BRINCAR DAS CRIANÇAS PELO OLHAR

DE SEUS PAIS

Nathália Maria Ferreira

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Campus Baixada Santista, para o Curso de Terapia Ocupacional. Orientadora: Profa. Dra. Lúcia da Rocha Uchôa-Figueiredo

Santos-SP 2011

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Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

Ilustração da amiga e futura Terapeuta Ocupacional Aline Cristina de Souza Barros.

Ficha Catalográfica

FERREIRA, NATHALIA MARIA

O brincar das crianças pelo olhar de seus pais / Nathália, Maria e Ferreira. Santos, 2011

86 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP - Campus Baixada Santista, 2011

Curso: Terapia Ocupacional

Orientador: Profa Dra Lúcia da Rocha Uchôa-Figueiredo

1. Palavra-Chave. 2. Palavra-Chave. I. Lúcia da Rocha Uchoa-Figueiredo II. O brincar das crianças pelo olhar de seus pais. III. Unifesp - Campus Baixada Santista.

CDD 615.8515

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Folha de Aprovação

Nathália Maria Ferreira

O BRINCAR DAS CRIANÇAS PELO OLHAR DE SEUS PAIS

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Campus Baixada Santista, para o Curso de Terapia Ocupacional. Orientadora:

Profa. Dra. Lúcia da Rocha Uchôa-Figueiredo

Aprovado em:__/__/__

Banca Examinadora

Profa Dra Flávia Liberman

Instituição:Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP Assinatura_______________________________________

Profa Dra Lúcia da Rocha Uchôa-Figueiredo

Instituição: Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP Assinatura________________________________________

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“... que a importância de uma coisa

não se mede com fita métrica

nem com balanças nem barômetros etc.

Que a importância de uma coisa

há que ser medida pelo encantamento

que a coisa produza em nós”

Manoel de Barros

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Dedico este trabalho à minha família Mãe, Pai e Irmã, queridos!!! E às minhas primas Maria Helena e Raphaela, crianças que me inspiram.

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Agradeço à minha família que apoiou minhas escolhas e tornaram toda essa trajetória possível, com muito amor, carinho, atenção e paciência pelos difíceis momentos de ausência e isolamento.

Agradeço aos meus amigos os de perto e os de longe por me acompanharem, e se dedicarem a esse sentimento tão acolhedor que é a amizade e por nunca deixarem a criança dentro de mim se apagar.

Agradeço ao meu namorado por todo amor, paciência, ajuda, compreensão, incentivo e por não me deixar desistir.

Agradeço à Janaina, pedagoga do C.A.F, determinada, dedicada e com muito amor por essas crianças.

Agradeço à Profª.Dra. Lúcia da Rocha Uchôa-Figueiredo que em seu primeiro dia de trabalho na UNIFESP aceitou o meu pedido de orientação com muito entusiasmo, sentimento que nos acompanhou até a finalização desta pesquisa. Obrigada por me acolher nos momentos de angústia, impaciência e por dividir e multiplicar momentos de alegria.

Agradeço à Deus, força presente em meu coração.

Sem vocês esta trajetória e este trabalho não poderiam ser construídos. A todos vocês o meu MUITO OBRIGADA!

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viii

Resumo

FERREIRA, N. M.

O brincar das crianças pelo olhar de seus pais

. 2011. 86f. TCC

do Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Paulo. Campus Baixada Santista, Santos, 2011

Muitos profissionais já tentaram explicar o fenômeno do brincar e cada um o vê a sua maneira, porém sabe-se que o brincar é a principal atividade infantil, capaz de auxiliar no desenvolvimento de capacidades e habilidades essenciais para a vida adulta. O ambiente onde a criança vive é extremamente importante para que o seu crescimento seja dado de forma saudável. O presente projeto teve por objetivo conhecer o comportamento lúdico das crianças sob o olhar dos pais. Pretendeu-se ainda entender como tal comportamento foi construído considerando que as crianças residem em área de vulnerabilidade social e, também avaliar as interferências que aconteceram neste processo de construção. Participaram do estudo dez (10) pais de crianças de ambos os sexos que frequentassem o C.A.F (Centro de Apoio à Família) “Só pra te vê” na Zona Noroeste de Santos. O instrumento utilizado foi uma versão adaptada transculturalmente por Sant’anna, Blascovi-Assis e Magalhães da Entrevista com os Pais Sobre o Comportamento Lúdico da Criança (EIP) – versão 2. Os dados foram coletados em dois momentos, antes e depois das 10 sessões de contação de história do projeto de extensão “Baú de Histórias”, com duração média de 30 minutos. Os dados indicaram que média de idade dos participantes foi de 29,1 anos. Observaram-se algumas mudanças quanto ao comportamento lúdico das crianças, a comunicação através de palavras ganhou destaque em algumas condutas como: demonstração de segurança, prazer, desprazer e outros. Algumas atitudes essenciais do brincar da criança se mostraram constantes durante todo o processo como: prazer e espontaneidade, ainda verificaram-se o aumento dos elementos, curiosidade,

senso de humor e gosto por desafio. Notou-se que os pais passam pouco tempo com seus

filhos e tal fato pode ter influenciado nos resultados apresentados e pelo mesmo motivo o C.A.F e a escola possuem um papel importante no processo de construção do comportamento lúdico das crianças. Assim, faz-se necessária a conscientização dos pais quanto a importância de brincar com seus filhos.

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Abstract

FERREIRA, N. M.

The play of children

2011. 86f. TCC do Curso de Terapia

Ocupacional da Universidade Federal de São Paulo. Campus Baixada Santista, Santos, 2011

Many professionals have tried to explain the phenomenon of play and each one sees it on your way, but is known that the play is the main activity for children, able to assist in capacity buildind and skills essential for adult life. The environment where the child lives is extremely important for their growth in a healthy way. This project aimed to know the play behavior of children under parents point of view. It was intended to further understand how such behavior has built in children residing in the area of social vulnerability, and also assess the interference that occurred in this building process. The study included ten (10) parents of children of both sexes who attend FSC (Family Support Center) “'Só pra te vê” in the Northwest area of Santos. The instrument used was a cross-culturally adapted version of Sant’anna, Blascovi-Assis and Magalhães Interview with Parents About Children's play behavior (EIP) - version 2. Data were collected at two time points before and after 10 sessions of storytelling of the extension project "Chest of Stories", with an average of 30 minutes. The data indicated that average age of participants was 29.1 years. There were some changes on the play behavior of children, communication through words came to prominence in certain behaviors such as: demonstration of safety, pleasure, displeasure, and others. Some essential attitudes of child's play proved constant throughout the process as pleasure and spontaneity, yet there were elements of the increase, curiosity, sense of humor and taste for challenge. It was noted that parents spend little time with their children and this could have influenced the results reported for the same reason the FSC and the school have an important role in the construction of the play behavior of children. Thus, it is necessary to be aware of the importance of parents playing with their children.

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LISTAS DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

M Mãe

P Pai

Criança

C.A.F Centro de Apoio à Família

IC Iniciação Cientifica

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

CONEP Conselho Nacional de Ética em Pesquisa

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

LISTAS DE QUADROS

Quadro 1 Caracterização dos pais 35

Quadro 2 Caracterização das crianças 36

LISTAS DE TABELAS

Tabela 1 Interesse da Criança – Primeira Entrevista 69

Tabela 2 Interesse da Criança – Segunda Entrevista 70

Tabela 3 Cotidiano da Criança – Primeira Entrevista 71

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LISTAS DE FIGURAS

Figura 1 Elementos Visuais 38

Figura 2 Elementos Auditivos 39

Figura 3 Elementos Táteis 40

Figura 4 Elementos Sociais 40

Figura 5 Outros 41

Figura 6 Necessidades Fisiológicas 42

Figura 7 Atenção 43 Figura 8 Segurança 44 Figura 9 Prazer 45 Figura 10 Desprazer 46 Figura 11 Tristeza 46 Figura 12 Raiva 47 Figura 13 Medo 48

Figura 14 Comunicação com seu filho 49

Figura 15 Comer 50

Figura 16 Provar um novo alimento 50

Figura 17 Textura Macio 51

Figura 18 Textura rugoso 52

Figura 19 Areia 53

Figura 20 Água 53

Figura 21 Grama 54

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Figura 23 Ser tocado 55

Figura 24 Ser deslocado ou se deslocar no espaço 56

Figura 25 Sons 57

Figura 26 Brinquedos 58

Figura 27 Repetir a mesma brincadeira para melhor dominá-la 59

Figura 28 Brincar com brinquedos novos 60

Figura 29 Brincar explorando os espaços externos da casa 60

Figura 30 Estar em lugares novos 61

Figura 31 Utilizar um brinquedo de maneira convencional 62

Figura 32 Imaginar novas maneiras de utilizar um brinquedo 62

Figura 33 Deslocar-se utilizando seus próprios meios 63

Figura 34 Parceiros habituais 64

Figura 35 Parceiros preferidos 64

Figura 36 Curioso 65

Figura 37 Iniciativa 66

Figura 38 Senso de humor 67

Figura 39 Prazer 67

Figura 40 Desafios 68

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO ... 15

1. O Brincar ... 15

2. Importância do brincar para o desenvolvimento da criança ... 19

3. O brincar enquanto recurso na educação ... 20

4. A influência do meio no brincar ... 21

5. A importância dos Pais ... 22

6. Terapia Ocupacional... 24 II. OBJETIVOS ... 27 III. MÉTODO ... 29 1. Participantes ... 29 2.Contexto da Pesquisa... 29 3. Material... 30

4. Justificativa para o uso do instrumento ... 30

5. Procedimentos ... 31

5.1. Procedimentos para Seleção dos Participantes ... 31

5.2. Procedimentos da Coleta de Dados ... 32

5.3. Procedimentos para análise dos Dados... 32

6. Aspectos Éticos ... 33

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 35

1. Caracterização dos participantes ... 35

2. Avaliação da Entrevista com os Pais sobre o Comportamento Lúdico da Criança (EIP) 36 V.Considerações Finais ... 75

VI. Referencias Bibliográficas ... 77

Apêndice... 81

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I. INTRODUÇÃO

“Brincar, essencialmente, satisfaz”. D.W.Winnicott (1975).

1. O Brincar

Historicamente a atividade lúdica infantil era vista como uma prática cultural relevante para o contexto social da humanidade, que colaborava para o adequado desenvolvimento humano (FALKENBACH, 1997; POLLETO, 2005). Na época, num contexto reducionista a compreensão do jogo, como provedor de energia e prazer, lentamente foi sendo entendida como uma atividade única e exclusiva para as crianças, visto como inata, inerente à natureza da criança (FALKENBACH, 1997).

Oliveira (2000) coloca que o lúdico desde muito tempo, faz parte da vida humana, sendo possível notar que em cada época, sociedade e cultura têm-se brincadeiras próprias e diferentes. Nas sociedades modernas, o brinquedo e a brincadeira são considerados constitutivos da infância, como consequência das transformações da organização familiar e social na história, através do processo de industrialização e urbanização da sociedade, deste processo a vida infantil foi se firmando como sendo oposta à vida do adulto, foi um longo caminho percorrido para o reconhecimento da diferença entre a criança e o adulto e as formas diferentes do brincar (SILVA, et. al., 2005).

Muitos autores já tentaram explicar e definir o fenômeno brincar, e é possível notar que atualmente este possui diversas abordagens e significados, pois cada um o vê de maneira diferente. Ao falar sobre o brincar Parham e Fazio (2000) dizem que este é uma atitude subjetiva em que o prazer, a curiosidade, o senso de humor e a espontaneidade se tocam; tal atitude se traduz por uma conduta escolhida livremente, da qual não se espera nenhum rendimento específico. Ainda, Ferland (2006) considera que o brincar implica além dos gestos e brinquedos, um estado de espírito característico e uma predisposição interna. Porém para Brougère (2006), o brincar não é uma dinâmica interna do indivíduo, mas uma atividade dotada de significação social.

Em algumas formas de pensar o jogo é oposto à seriedade, mas quando a criança brinca, ela o faz de modo bastante compenetrado, a pouca seriedade a que se é referida está relacionada ao cômico, ao riso, que acompanha na maioria das vezes, o ato lúdico e se

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16 contrapõe ao trabalho, considerado atitude séria (HUIZINGA,1996). Então, em tempos passados, o jogo era visto como inútil, como coisa não séria. Já nos tempos do Romantismo, o jogo aparece com seriedade e destinado a educar crianças (KISHIMOTO, 1996).

As crianças brincam por que gostam de o fazer, sendo este um fato indispensável é neste momento que encontra liberdade. No entanto afirma Winnicott (1982) que as crianças têm prazer em todos os momentos de brincadeira física e emocional. Neste sentido o brincar tem um papel fundamental, pois contribui decisivamente na construção da autonomia e da convivência (OLIVEIRA, 2000).

A brincadeira fornece organização para a iniciação de relações emocionais e assim promove o desenvolvimento de contatos sociais, sendo este indispensável na vida de uma criança, pois enumera características benéficas e que auxiliam no desenvolvimento infantil (WINNICOTT, 1982).

Winnicott (1982) relata que a criança adquire experiência tanto externas como internas brincando e que as brincadeiras e as fantasias são parte importante da sua vida. Ferland (2006) aponta, também, que para a criança, o brincar é um meio privilegiado de entrar em contato com o mundo a sua volta e de descobrir o prazer, ao mesmo tempo.

Mesmo que seja fácil perceber que as crianças brincam por prazer, é difícil para as pessoas verem que as crianças brincam para dominar angústias, controlar idéias ou impulsos que conduzem à angústia se não forem dominados (WINNICOTT, 1982).

Existem diversos tipos e formas de brincar, Cunha (1994) aborda algumas: brincar sozinho, brincar de “faz-de-conta”, brincar com outras pessoas, brincar em grupo, brincar correndo, saltando, jogando bola, brincar experimentando e desenvolvendo habilidades, brincar inventando, brincar aprendendo, brincar jogando e competindo. Kishimoto (1996) lembra que deve-se considerar que o brincar preenche necessidades que mudam de acordo com a idade.

Brincando sozinha a criança alimenta sua vida interior, exercita sua capacidade de concentração, ela mesma escolhe o tema de seu comportamento lúdico e orienta o desenvolvimento da brincadeira possibilitando que descubra os seus interesses e aprenda a lidar com sua afetividade (FERLAND, 2006). Por pertencer à categoria de experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações internas da criança, a brincadeira tradicional infantil garante a presença do lúdico, da situação imaginária (KISHIMOTO, 1996).

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17 O brincar é uma atividade característica da fase pré- escolar sendo este período o mais importante para o brincar simbólico (SMITH, 2006).Quando brinca de faz-de-conta a criança vive o mundo dos adultos de acordo com suas possibilidades e necessidades, pois as crianças precisam expressar a forma como vêem a sua realidade de maneira simbólica, para que possam compreender seu significado. Neste tipo de brincadeira, têm também a oportunidade de expressar e elaborar desejos, conflitos e frustrações e ainda de estimular a inteligência e desenvolver a criatividade. Brincar de forma imaginária, representando a realidade onde vivem, resgatando suas lembranças, valores, regras e fantasias, sempre fez parte do desenvolvimento das crianças (CUNHA, 1994; OLIVEIRA, 2000). Além disso, segundo Ferland (2006) a criança assimila a realidade de maneira subjetiva com a ajuda de transposições.

Brincando com outras pessoas a criança aprende a esperar a sua vez e a interagir de forma mais organizada, respeitando regras e cumprindo normas, assim, essa forma de brincadeira pode ser imitar gestos, fazer um desafio ou partilhar de um jogo, e não necessariamente brincar junto, mas paralelamente (CUNHA, 1994). A imitação, um dos grandes mecanismos de aprendizagem, leva-a a reagir como se fosse o outro e a observação das reações a diferentes situações das pessoas com as quais convivem, faz com que a criança internalize modelos de ação, buscando reproduzi-los em contextos semelhantes (OLIVEIRA, 2000).

Para Cunha (1994) saber participar de um grupo é algo enriquecedor e indispensável a uma boa integração social, pois ajuda as crianças a se conhecerem melhor e a fazerem novas amizades. Completando, Winnicott (1975) diz que o brincar conduz a criança aos relacionamentos grupais. Além disso, segundo Ferland (2006) brincando na companhia de outras crianças ela começa a participar de diferentes brincadeiras e sua curiosidade envolve a realidade exterior a seu ambiente imediato.

A atividade física gera entusiasmo, por isso, é tão importante. Brincando correndo, saltando, jogando bola, a criança vence obstáculos, desafia os próprios limites, gasta energias e desenvolve sua coordenação motora, adquirindo mais confiança em si e aprimorando seu equilíbrio (CUNHA, 1994). Ao examinar brevemente a atividade física Miller (1992) constata que o domínio de um trepa- trepa, uma bicicleta ou um velocípede pode desenvolver de maneira saudável tanto a confiança intelectual quanto a musculatura.

Encaixar, empilhar, construir, montar quebra cabeças são atividades que proporcionam exercício e desenvolvem habilidades, mas é preciso tomar cuidado, pois só serão vistas como

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18 brinquedos se forem realizadas com prazer, oposto a isso, serão apenas uma tarefa. Esse tipo de brincadeira proporciona à criança a necessidade de planejar suas ações, estimular sua criatividade e enriquecer a experiência sensorial (CUNHA, 1994; KISHIMOTO, 1996). Prazer é umas das poucas características unânimes dentro das diferentes teorias que tentam explicar o brincar (FERLAND, 2006).

Jogar, competir e participar de atividades comuns são excelentes oportunidades para que a criança viva situações que a ajudarão amadurecer emocionalmente e aprender uma melhor forma de convivência (CUNHA, 1994). Além disso, segundo Smith (2006) primeiramente o comportamento de brincar é social, uma forma favorável de a criança adquirir habilidades desenvolvimentais sociais, intelectuais, criativas e físicas. O jogo, o brincar leva à criança uma melhor preparação para a vida em sociedade, proporciona a autoconfiança para lidar com as diferentes situações do cotidiano de maneira criativa. Assim como coloca Winnicott (2005), toda criança precisa reinventar o mundo, aos poucos, na medida em que o mundo for se apresentando, em momentos de atividade criativa.

Para inventar é preciso ter motivação, pois para que o ato criativo aconteça, é preciso haver alguma confiança na própria capacidade (CUNHA, 1994). O brincar desenvolve na criança um espírito construtor e artístico, fazendo com que ela saiba lidar com as dificuldades encontradas, identificando seu próprio estilo de agir e criar (OLIVEIRA, 2000). Winnicott (1982) diz que é no brincar e somente no brincar, que a criança possui total liberdade de criação.

O brinquedo proporciona o aprender-fazendo e brincando, levando a criança aprender novos conceitos, adquirir informações e até mesmo superar dificuldades de aprendizagem (CUNHA, 1994). Kishimoto (1996) referindo-se ao brinquedo educativo mostra algumas considerações quanto às funções que assume: a função lúdica e educativa, na primeira, quando escolhido voluntariamente, promove diversão, prazer e também desprazer, já na função educativa promove o conhecimento e a apreensão do mundo pela criança, completando o saber do indivíduo. Existe ainda o brinquedo construtivo que ajuda a criança a refletir como as coisas funcionam, são feitas e concertadas (MILLER, 1992).

Ao falar sobre o brincar, Takatori (2003), entende que este vai além dos brinquedos e brincadeiras tradicionais, colocando este como um espaço e tempo onde as atividades podem acontecer de maneira criativa colocando a criança em contato com as suas realidades internas e externas. A autora ainda coloca que podem ser experiências que promovem a sua

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19 participação social tais como: cantar, ouvir música, comer, tomar banho, desenhar, pintar, conversar, ou seja, atividades que conduzam o individuo à vida em sociedade.

2. Importância do brincar para o desenvolvimento da criança

Brincar é a principal atividade da criança ocupando a maior parte de suas horas, enquanto esta não está realizando suas funções biológicas, sendo através das brincadeiras que elas exploram os seus corpos e suas capacidades motoras, auxiliando também como importante facilitador do crescimento cognitivo e afetivo da criança, sendo ainda um importante meio de desenvolver inúmeras habilidades (GALLAHUE e OZMUN, 2005). Faz parte do desenvolvimento humano aprender a brincar simbolicamente, fazendo representações da realidade, resgatando suas lembranças e valores, regras e fantasias (OLIVEIRA, 2000).

São diversas as razões pelas quais as crianças brincam uma delas é o prazer que possuem durante esta ação, porém além do prazer está relacionado ainda com aspectos do desenvolvimento físico e da atividade simbólica (CORDAZZO e VIEIRA, 2008). As crianças são atraídas pela novidade e curiosidade que o jogo proporciona e assim descobrem o prazer desta atividade e a capacidade de coordenar suas habilidades para enfrentar os desafios que surgem com a brincadeira (MOLDES & SPANGENBERG, 2008).

A criança é um ser em desenvolvimento, portanto, sua brincadeira vai sendo estruturada de acordo com o que consegue realizar na faixa de idade em que está inserida e assim vão construindo novas e diferentes competências para compreender a dinâmica do contexto social (QUEIROZ, MACIEL E BRANCO, 2006). As experiências que as crianças têm ao brincar, tanto as produtivas como as mal-sucedidas são determinantes para a construção do sentimento que elas têm por si mesmas (Gallahue e Ozmun, 2005), conforme vão se desenvolvendo as crianças retratam em suas brincadeiras tudo o que está ao seu redor, tudo o que vêem, escutam, observam e vivenciam integrando tudo a que já tiveram em contato (PFEIFER, ROMBE e SANTOS, 2009).

As estruturas cognitivas superiores são gradualmente desenvolvidas e é através da abundância de ambientes e variáveis que as brincadeiras proporcionam que, então, o brincar torna-se indispensável para um adequado crescimento cognitivo (GALLAHUE e OZMUN, 2005). Além disso, o brincar possui características como: espontaneidade, diversão e flexibilidade além de possuir caráter envolvente, revigorante, desafiador, pessoal e com uma finalidade nele mesmo (KNOX, 2002). É através do jogo que a criança satisfaz a necessidade

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20 de explorar, atuar em seu meio, demonstrar suas capacidades e encontrar motivação para suas atividades (MOLDES & SPANGENBERG, 2008).

O brincar proporciona uma estrutura adequada para o desenvolvimento de habilidades como: imaginar, criar intenções voluntárias, formar planos, ideais para o crescimento da criança e também oferece oportunidade de desenvolver motivações próprias e de interagir com o outro (QUEIROZ, MACIEL E BRANCO, 2006). Ainda segundo Pedroza (2005) a brincadeira, promove o desenvolvimento de recursos cognitivos e afetivos capazes de estimular raciocínio, tomada de decisões, solução de problemas e o desenvolvimento do potencial criativo.

Além disso, segundo Smith (2006) proporciona habilidades desenvolvimentais: sociais, intelectuais, criativas e físicas.

As crianças são ativas, enérgicas e gastam bastante tempo em brincadeiras e na exploração ativa de um mundo continuamente em expansão. O assim chamado “mundo das brincadeiras infantis” ocupa boa parte do cotidiano das crianças e é de importância capital, pois é um meio básico pelo qual as crianças aprendem mais sobre si mesmas, seus corpos, seus potenciais para o movimento (GALLAHUE e OZMUN, 2005pág. 328).

Na infância o brincar desempenha um papel essencial na formação e desenvolvimento físico, emocional e intelectual do futuro adulto (ZATS, ZATS e HALABAN, 2006). E é através do brincar que o comportamento ocupacional se desenvolve em uma criança e com ele vem a aquisição e a realização de papéis ocupacionais (BRYZE, 2002).

3. O brincar enquanto recurso na educação

“Entendendo melhor o fenômeno do brincar percebemos a importância dessa atividade para o desenvolvimento e aprendizagem das crianças, e, conseqüentemente, para as instituições de educação infantil” (NAVARRO, 2009 pág. 2127). Para Carneiro & Dodge (2007) o brincar proporciona à criança o desenvolvimento das capacidades de concentração, observação, percepção, análise, estabelecimento e teste de hipóteses. Sendo um recurso que pode auxiliar os profissionais da educação e da saúde a desenvolverem as potencialidades e habilidades das crianças (CORDAZZO & VIEIRA, 2008).

No período pré-escolar aumenta a socialização no brincar, onde há espaço para as chamadas “brincadeiras sócio-dramáticas”, dando à criança a oportunidade de representar diversos papéis sociais (OLIVEIRA, s/ ano). Ainda, profissionais de educação defendem que

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21 o brincar imaginativo é parte importante no desenvolvimento de capacidades como solução de problemas, criatividade e flexibilidade nas crianças pequenas (CURTIS, 2006).

Se o brincar possui uma abordagem social, a criança esta acompanhada de um meio, uma história, amigos, de um professor que estimula o brincar e o adequa ao ambiente escolar oferecendo oportunidade de aprendizagens variadas para as crianças (NAVARRO, 2009).

Falando sobre as relações entre o jogo infantil e a educação, Kishimoto (1996), aborda três concepções estabelecidas antes da revolução romântica: recreação, uso do jogo para favorecer o ensino de conteúdos escolares e diagnóstico da personalidade infantil e recurso para ajustar o ensino às necessidades infantis. A primeira aparece como relaxamento às atividades físicas, intelectuais e escolares que eram feitas, ficando durante um grande período com este intuito. É no Renascimento que a brincadeira passa a ser vista como benéfica no desenvolvimento da inteligência da criança e um facilitador para os estudos.

A autora ainda coloca que atendendo as necessidades infantis, o jogo infantil é uma maneira favorável à aprendizagem dos conteúdos escolares. O brincar tem relação com a aprendizagem, o brincar permite à criança a base para aprendizagens mais elaboradas, o lúdico passa a ser uma proposta educacional auxiliando na minimização das dificuldades relacionadas ao processo de ensino – aprendizagem (ROLIM, GUERRA e TASSIGNY, 2008).

Pedroza (2005) aponta que a brincadeira é um momento de lazer que a escola pode utilizar mesmo que isso indique um paradoxo, devido ao seu papel de oferecer um ensino formal, pois o brincar também faz parte da formação do individuo e da sua personalidade. Completando, o brincar quando dado de forma espontânea permite que a criança se encontre no mundo, fale sobre si e se desenvolva (TAKATORI, 2003). Moldes e Spangenberg (2008), colocam que a escola é a primeira ampliação natural do meio primário constituído pela família nas relações interpessoais da criança.

4. A influência do meio no brincar

A cultura lúdica só pode ser entendida dentro do contexto social ao qual a criança está inserida (CARNEIRO e DODGE, 2007). Assim, como coloca Oliveira (2000), o ambiente em que vivemos possui características relativas à história de cada indivíduo, é nele que criamos os vínculos que nos definem e nos fazem pertencer a um grupo.

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22 A região Noroeste de Santos tem como característica um quadro de vulnerabilidade social e de saúde, além de a população estar classificada como em situação de risco, este fato se dá, principalmente por ser composta em boa parte por favelas, sendo a maior parte desta construída sobre o Rio Bugre, dominando-se, assim, palafitas, onde não há infra–estrutura e saneamento básico. Segundo o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social alguns locais desta região atingem o nível 6, que indica condições de vulnerabilidade muito altas, podendo aumentar devido a concentração de famílias jovens e presença expressiva de crianças pequenas, levando assim a um quadro de maior vulnerabilidade à pobreza (SEADE, 2009). Para entender o desenvolvimento da criança de maneira completa, é necessário conhecer o meio em que ela vive.

“As crianças que vivem em situação de pobreza muitas vezes não têm suas necessidades básicas atendidas por adultos responsivos; então a infância é deixada de lado e elas perdem suas características infantis” (POLETTO, 2005 pág.68).

A pobreza pode ser considerada uma situação estressante para a criança, e quando ela enfrenta esta realidade, distúrbios evolutivos, problemas de conduta, desequilíbrio emocional, aparecem, porém, esta não é uma constante, algumas crianças podem viver numa mesma realidade e superar as dificuldades deste ambiente hostil, desenvolvendo-se dentro dos padrões de normalidade, e seguem suas vidas normalmente freqüentando regularmente a escola, transformando-se em adultos socialmente competentes (POLETTO, 1999).

Algumas condições básicas devem ser atendidas para que as crianças possam brincar de maneira saudável, portanto é importante que as necessidades fundamentais sejam realizadas. Assim se uma criança não pôde comer, dormir, ou ainda, se a criança possui um sentimento de ansiedade ou receio, dificilmente ela estará disposta e interessada no brincar (FERLAND, 2006).

O modo como a criança se relaciona com o seu meio é um processo contínuo e interacional proporcionando a ela o autoconhecimento e o aprendizado do ambiente físico e social. E para que isso ocorra a criança precisa das suas capacidades cognitivas, criativas e interativas(BRYZE, 2002).

Segundo Carneiro & Dodge (2007) o processo de aprendizagem do brincar está sempre sofrendo intervenções de diversos aspectos que perpassam pelo âmbito social, como exemplo, a classe social e cultural tendo que levar em consideração os costumes do grupo onde a criança está inserida, por isso o papel dos pais se coloca como fundamental neste acompanhamento.

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5. A importância dos Pais

A família é o principal agente socializador presente na vida de uma criança. Os pais têm como responsabilidade preparar seus filhos para desenvolver características de personalidade e de comportamento que são esperadas a seu sexo e aos vários subgrupos culturais a que pertencem. É importante que estes saibam da importância que o brincar tem neste papel (RAPPAPORT, 2005). Além de tempo e espaço para brincar e praticar habilidades, as crianças precisam ainda mais de seus pais para que as ajudem a aprender essas habilidades (SMITH, 2006).

Por todo o mundo, os pais aceitam o fato de que as crianças brincam, mas poucos acreditam na potência de aprendizado que esta ação possui para seus filhos (CURTIS, 2006). Quando os pais compreendem o brincar, as crianças tendem a apresentar grande contato com brincar imaginativo e criativo. Brincando com seus filhos, os pais estão os ajudando a brincar com as outras crianças (SMITH, 2006). A família é de fundamental importância para se conhecer a influência da ligação entre indivíduos no desenvolvimento humano (MARTINS e SZYMANSKI, 2006).

A brincadeira é uma oportunidade de encontro entre pais e filhos, onde estes podem desfrutar de momentos agradáveis. Brincando junto com as crianças os pais reforçam os laços afetivos e as fazem sentir amadas, além disso a presença de um adulto próximo dentro do brincar pode introduzir desafios, despertando um desejo maior na criança (ZATS, ZATS e HALABAN, 2006). Assim, Carneiro & Dodge (2007) enfatizam:

Ao estimular as crianças durante a brincadeira, os pais tornam-se mediadores do processo de construção do conhecimento, fazendo com que elas passem de um estágio de desenvolvimento para outro. Brincar, para as crianças, agrega a oportunidade de estabelecerem vínculos, de se sentirem mais acolhidas e seguras. Isso favorece as relações interfamiliares. Ao ajudar a estabelecer relações de confiança entre pais e filhos, o brincar contribui para promover o equilíbrio físico e emocional (CARNEIRO e DODGE, 2007, pg 81).

É através da vida em sociedade que a linguagem é desenvolvida e é neste espaço que as habilidades são reconhecidas e os conhecimentos vão sendo adquiridos, por isso o ser humano precisa do contato com outras pessoas (CORDAZZO e VIEIRA, 2008).Assim como dizem Martins e Szymanski (2006) é por meio de trocas intersubjetivas que a criança tem a

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24 sua inserção na sociedade, e para isso existem diversas formas de ensinamento que podem ser consideradas educativas.

A família é responsável por uma importante parte do desenvolvimento social, cognitivo e afetivo da criança, bem como por dar a ela proteção, condições básicas de sobrevivência, e elementos essenciais para o processo de socialização, reafirmando, assim o seu papel com objetivos, conteúdos e métodos próprio (DESSEN & POLONIA, 2007).

6. Terapia Ocupacional

Segundo Rezende (2008), pode haver dois tipos de intervenção: a focada na habilidade de brincar, que é sugerida para crianças com pouco repertório de habilidades e que podem ter o seu desenvolvimento comprometido; e a intervenção centrada na facilitação do brincar onde o objetivo terapêutico é unicamente promover o brincar na sua essência. Moldes e Spangenberg (2008), completam dizendo que a intervenção da terapia ocupacional deve proporcionar atividades que tenham uma finalidade desde que sejam iniciadas pela motivação própria da criança.

Os terapeutas ocupacionais vêem o brincar como uma ocupação importante e fundamental para qualquer indivíduo, porém sendo a principal na infância (ZEN e OMAIRI, 2009). Segundo Moldes e Spangenberg (2008) os terapeutas ocupacionais que trabalham com a população infantil precisam conhecer e compreender o valor do brincar para as crianças. Além disso, é importante oferecer atividades significativas que possam ser usadas tanto como um meio, quanto para um fim (FERLAND, 2006).

Assim, é importante compreender o brincar e saber da sua relevância e ter um espaço e materiais apropriados no cotidiano das crianças para que a atividade se dê com qualidade, estimulando sua criatividade (NAVARRO, 2009). Para Ferland (2006), na intervenção de terapeutas ocupacionais o sentido do brincar deve ser redescoberto e deve promover à criança a sua atitude lúdica o que permite compreender que este fenômeno é uma modalidade terapêutica em si.

Para Lopes e Ayuso (2008) o terapeuta ocupacional que trabalha com o publico infantil deve conhecer as mudanças que acontecem durante todo o processo de desenvolvimento das crianças, como são produzidos e quais as relações entre si, bem como a aquisição de habilidades necessárias para tonar-se um adulto capaz de desempenhar suas atividades. As autoras ainda colocam a importância de se acompanhar a família durante o

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25 desenvolvimento de tais capacidades em atividades de auto-cuidado, instrumentais e no brincar.

Em uma entrevista realizada por Ferland (2006), terapeutas ocupacionais colocaram que o brincar favorece o contato com a criança, provocando-a o interesse e a fazendo descobrir o prazer. A autora ainda expõe que:

O modelo lúdico tem o campo das atividades próprio da infância, que é o brincar. Por ele, abordamos a criança com atividades carregadas de sentido para ela. Respondemos, assim, à sua necessidade fundamental de agir do modo mais apropriado. Buscando desenvolver suas habilidades, seus interesses e suas atitudes durante as atividades, contribuímos para melhorar a qualidade do cotidiano da criança (pág. 61).

(26)

26

(27)

27

II. OBJETIVOS

Assim elaborou-se o presente estudo, que tem como objetivos:

1. Geral:

Conhecer o comportamento lúdico das crianças sob o olhar dos pais.

2. Específicos:

Entender como foi construído o comportamento lúdico de crianças que residem em área de vulnerabilidade social;

Avaliar as interferências que aconteceram neste processo de construção do comportamento lúdico destas crianças.

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29

III. MÉTODO

“Brincar é Fazer” D.W.Winnicott (1975)

1. Participantes

Fizeram parte desta pesquisa dez (10) pais de crianças na faixa etária entre quatro e sete anos (4 a 7 anos) de ambos os sexos, que frequentavam o Centro de Apoio à Família (C.A.F) – “Só pra te vê”, situado na Zona Noroeste de Santos.

Critério de inclusão dos participantes:

Pais de crianças dentro da faixa etária de quatro a sete anos e frequentadoras da C.A.F “Só pra te vê”

Aceitarem participar da pesquisa e assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice A).

Critério de exclusão dos participantes:

A impossibilidade dos pais em participar desta pesquisa.

A não aceitação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Pais de criança fora da faixa etária estipulada para esta pesquisa.

2.Contexto da Pesquisa

A pesquisa foi realizada no C.A.F “Só pra te vê” juntamente com o projeto de Extensão intitulado “ Baú de histórias: Conhecendo o Comportamento Lúdico de Crianças através da brincadeira de contar e construir histórias infantis na Zona Noroeste no Município de Santos-SP” e a Iniciação Cientifica “ Avaliando o Comportamento lúdico de crianças pré-escolares através da brincadeira de contar e construir histórias”. O projeto consistia em elaborar junto às crianças histórias infantis com materiais recicláveis e de baixo custo, em seguida estas histórias eram contadas por alunas de Terapia Ocupacional integrantes do projeto, em seguida os personagens e cenários confeccionados eram oferecidos às crianças

(30)

30 para que pudessem contar a história a seu modo, proporcionando a livre exploração. Além disso, havia uma rotina ao chegar no C.A.F onde antes de as histórias serem contadas e ao término das atividades eram cantadas canções. Enquanto isso,o projeto de Iniciação Cientifica visou observar o comportamento lúdico das crianças perante a construção dos personagens e cenários, ao ouvir a história e depois, pelo interesse ou não de contar a história e explorar os objetos confeccionados.

O C.A.F “Só pra te vê” fica localizado na Zona Noroeste do município de Santos, funciona em uma casa pequena para o número de crianças que atende, sendo aproximadamente 40 crianças por dia. A casa é composta de um pequeno quintal em sua entrada, um corredor coberto que funciona de espaço para brincadeiras, atividades e espaço de espera para o almoço, dois quartos pequenos e interligados, o primeiro com três berços, onde ficam os bebês atendidos e o segundo que possui televisão e alguns colchonetes para que as crianças possam dormir. Uma copa pequena com uma mesa de quatro lugares, onde as crianças rodiziam para comer e estante onde guardam seus materiais escolares. A Casa ainda conta com 3 banheiros sendo 2 de uso exclusivo das crianças e uma cozinha. Há ainda uma área externa inutilizável por precisar de reforma, pois oferece riscos. O C.A.F possui um horário diferenciado das demais instituições que cuidam de crianças como as creches, o estabelecimento abre às 6 horas da manhã e fecha somente às 7 horas da noite, as funcionárias do local são responsáveis por levar e buscar as crianças na escola e demais atividades a que possam estar envolvidas na comunidade. Além disso, funciona aos sábados.

3. Material

Os materiais usados para a entrevista foram: Folha de sulfite A4, caneta, lápis, grampeador, clipes, impressora, computador.

4. Justificativa para o uso do instrumento

4.1. Entrevista com os Pais Sobre o Comportamento Lúdico da Criança (EIP) – versão 2 O instrumento utilizado foi uma versão adaptada transculturalmente por Sant’anna, Blascovi-Assis e Magalhães (2008) da Entrevista com os Pais Sobre o Comportamento

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31 Lúdico da Criança (EIP) – versão 2 (FERLAND, 2006). O instrumento passou por um processo de tradução e adaptação seguindo os critérios para a produção de instrumentos culturalmente validados.

Segundo as autoras esta entrevista tem como objetivo conhecer o comportamento lúdico da criança em casa, de acordo com os pais ou responsável. O instrumento possui um procedimento de aplicação para que esta se dê de maneira bastante clara e explicativa aos pais. Além disso, todas as perguntas estão relacionadas com as crianças e não com a ação dos pais (FERLAND, 2006).

O instrumento coleta dados pessoais e é separado em 8 itens:

Item 1: pergunta O que atrai particularmente a atenção de seu filho, expondo elementos visuais, auditivos, táteis, sociais e outros;

Item 2:Dividido em duas partes A e B, a primeira questiona como o seu filho se expressa diante de necessidades fisiológicas e sentimentos, a segunda como o pai faz para se comunicar com seu filho;

Item 3: Interroga quanto a que tipo de interesse elementos relacionados a alimentação, texturas e outros despertam em seu filho;

Item 4: Fala sobre brinquedos, perguntando aos pais se os filhos brincam com diferentes materiais

Item 5: Faz perguntas sobre a características das brincadeiras de seus filhos; Item 6: Possui perguntas quanto á interesses da criança;

Item 7: Investiga quem são os parceiros habituais e preferidos de seus filhos; Item 8: possui perguntas referente a atitudes em brincadeiras.

Há ainda um espaço para que os pais relatem o cotidiano de seus filhos.

5. Procedimentos

5.1. Procedimentos para Seleção dos Participantes

As crianças foram selecionadas a partir da participação do projeto de extensão “Baú de Histórias: Conhecendo o Comportamento Lúdico de Crianças através da brincadeira de contar e construir histórias infantis na Zona Noroeste no Município de Santos-SP”, o critério para a participação nesta pesquisa foi frequentar o C.A.F e participar do projeto de extensão e da

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32 Iniciação Científica “Avaliando o Comportamento lúdico de crianças pré-escolares através da brincadeira de contar e construir histórias”. As crianças deveriam estar em idade pré-escolar, porém não atingindo o número de 10 participantes foram selecionadas crianças de 4 a 7 anos.

Uma vez selecionadas as crianças, seus pais foram contatados pela pesquisadora. No primeiro encontro, individual, os pais conheceram os objetivos da pesquisa, os cuidados éticos envolvidos, o tempo previsto para a aplicação do instrumento e então solicitou-se a participação com garantia de sigilo na divulgação dos dados e que a não participação não haveria qualquer implicação com o C.A.F.

Foi realizada a leitura e assinatura de duas vias do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficando o participante com uma, formalizando, assim, o seu consentimento e em seguida houve a realização da entrevista.

5.2. Procedimentos da Coleta de Dados

A coleta dos dados ocorreu em dois momentos, no primeiro encontro foi realizada a entrevista inicial, depois de ser feita as devidas explicações e esclarecimentos sobre qual seria o encaminhamento da pesquisa e a justificativa de uma segunda entrevista, a assinatura do TCLE se deu como aceite de participação nesta. No término das intervenções do Projeto de IC as entrevistas novamente foram agendadas pela pesquisadora e também pela pedagoga do C.A.F e assim foram reaplicadas com a finalidade de comparar as respostas antes e depois das intervenções realizadas. Na primeira entrevista participaram nove (9) dos dez (10) pais e na segunda, este o número de pais foi completo, ou seja, 10 participantes. Portanto, é preciso considerar as porcentagens de acordo com número de participantes a cada entrevista realizada.

5.3. Procedimentos para análise dos Dados

Após realizadas todas as entrevistas, fez-se uma análise quantitativa para tal, as respostas foram compiladas em planilhas do Excel. Foram realizadas análises estatísticas para cada uma das questões dos itens (citados no subitem 4.1 da justificativa para o uso do instrumento) 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8 individualmente. Essas análises deram origem as figuras de 01 a 41 mostradas e discutidas abaixo. O item 6 permitiu análise qualitativa discutidas nas tabelas 1 e 2, além do cotidiano das crianças relatado pelos pais nas tabelas 3 e 4. Os dados pessoais deram origem à caracterização dos participantes e das crianças relacionadas a esta

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33 pesquisa. A nomenclatura utilizada nas figuras bem como a seqüência em que se apresentam foi pautada de acordo com o instrumento.

6. Aspectos Éticos

A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de São Paulo e está em conformidade com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), processo nº 1648/10, em 29 de outubro de 2010.

O Termo de Consentimento livre e esclarecido (TCLE) sobre a pesquisa atendeu às exigências do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP.

Há necessidade de conduta ética, respeitando-se os participantes da pesquisa, garantindo-lhe sigilo e atenção necessária, sendo assim os cuidadores foram esclarecidos oralmente quanto aos objetivos da pesquisa pela pesquisadora e assinaram o TCLE, no qual constaram informações, e garantias asseguradas pela pesquisadora, onde se destacam:

- Ausência de riscos e desconfortos previsíveis.

- A pesquisa pode ser interrompida a qualquer momento pela solicitação dos participantes, sem que eles sofram qualquer dano, assim como seus filhos que frenquentam o C.A.F “Só pra te vê”.

- Utilização dos dados somente para fins didático-científicos, sendo que a pesquisadora resguarda a identidade do participante e a confidencialidade das informações.

- Isenção de qualquer ônus financeiro referente à pesquisa.

- Os participantes poderão pedir esclarecimentos à pesquisadora a qualquer momento da pesquisa sobre quaisquer aspectos da pesquisa.

- Serão fornecidos telefones e endereço para contato da pesquisadora e do CEP da UNIFESP.

(34)

34

(35)

35

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

“O natural é o brincar” D. W.Winnicott (1975)

1. Caracterização dos participantes

Participaram desta pesquisa dez (10) pais, sendo em sua maioria mães, e apenas um pai. Todos deixam suas crianças diariamente no C.A.F. “Só pra te vê”, no horário oposto a escola.

A caracterização dos participantes está no quadro 1 e das crianças no quadro 2. Para identificação dos participantes foram utilizadas as siglas “P” para pai, “M” para mãe e “Cç” para as crianças, acrescidos de números de 1 a 10.

CARACTERIZAÇÃO DOS PAIS

Abaixo está o quadro de caracterização dos pais, onde será possível identificar idade, cidade natal e número de filhos.

Pais Idade Procedência Nº de filhos

P1 29anos Natal 4 filhos

M2 29anos São Paulo 3 filhos

M3 29anos Santos 3 filhos

M4 29anos Santos 3 filhos

M5 32anos Sergipe 3 filhos

M6 29anos São Paulo 3 filhos

M7 24anos Sergipe 1 filha

M8 31anos Pernambuco 4 filhos

M9 30anos Juquiá 1 filha

M10 30anos Bahia 2 filhos

(36)

36 No quadro acima podemos observar que a faixa etária dos pais varia de 24 a 32 anos, sendo a média de idade 29, 1 anos. Podemos notar que a metade dos participantes são provenientes da região sudeste e a outra metade da região nordeste. E ainda que a média de filhos por participante é de 2,7 filhos.

CARACTERIZAÇÃO DAS CRIANÇAS

O quadro 2 irá mostrar a caracterização das crianças quanto à idade, sexo, se possui irmãos e se frequentam a escola.

Crianças Idade Sexo Irmãos Frequentando

escola

Cç1 4 anos F Sim Sim

Cç2 7 anos F Sim Sim

Cç3 6 anos F Sim Sim

Cç4 7 anos F Sim Sim

Cç5 7 anos M Sim Sim

Cç6 5 anos M Sim Sim

Cç7 4 anos F Sim Sim

Cç8 6 anos F Sim Sim

Cç9 5 anos F Não Sim

Cç10 4 anos M Sim Sim

Quadro 2 - Caracterização das crianças.

Verifica-se que a média de idade das crianças é 5,8 anos, sendo a maioria delas do sexo feminino. Nota-se também que a maioria destas possui irmãos, sendo que apenas uma criança que não possui irmãos. Um ponto importante mostrado no quadro é que todas as crianças freqüentam a escola.

2. Avaliação da Entrevista com os Pais sobre o Comportamento Lúdico da

Criança (EIP)

(37)

37 A análise da entrevista resultou na discussão detalhada de cada item que a mesma apresenta. São eles:

• Elementos visuais: livro de imagens e cores vivas;

• Elementos auditivos: história, canções, música e timbre de voz;

• Elementos táteis: contatos físicos, elementos sociais: presença de outras crianças e presença de um adulto conhecido;

• Outros elementos como: personagens, situações cômicas, presença de um animal e atividades específicas;

Necessidades: fisiológicas, de atenção e de segurança; Sentimentos: prazer, desprazer, tristeza, raiva e medo;

• Comunicação: expressão do rosto, demonstrações, gestos, palavras, explicações verbais e códigos de comunicações particulares;

Alimentação: Comer e provar um novo alimento; Texturas: macio e rugoso;

Odores; Ser tocado;

Ser deslocado ou se deslocar no espaço; Sons;

• Brinquedos: texturas diferentes, estímulos sonoros, estímulos visuais, estímulos para imitar situações frequentes, estímulos para a imaginação, estímulos de deslocamento, estímulos para interação com os outros;

• Brincadeiras: repetir a mesma brincadeira, brincar com brinquedos novos, estar em lugares novos, brincar explorando os espaços externos da casa, utilizar um brinquedo de maneira convencional, imaginar novas maneiras de utilizar um brinquedo, deslocar-se utilizando os deslocar-seus próprios meios.

(38)

38 • Interesses da criança: atividade preferida, atividade que menos gosta, posições

preferidas para brincar;

• Parceiros de brincadeiras habituais e preferidos;

• Atitude em brincadeiras: curiosidade, iniciativa, senso de humor, prazer, desafios e espontaneidade;

• Atividades; • Cotidiano.

 Pretende-se até a figura 5 mostrar pela concepção dos pais o que particularmente atrai a atenção do filho dentro dos elementos visuais, auditivos, táteis, sociais e outros.

Elementos Visuais

Figura1. Elementos Visuais. 1 – Entrevista inicial. 2- Entrevista final.

Pode-se observar na Figura1, que o item livros de imagens permaneceu igualmente alto em ambas as entrevistas. Em relação ao item cores vivas nota-se que 100%, confirmaram o interesse de seus filhos. Já na segunda entrevista apresentou-se uma diminuição considerável pelo último item, podendo-se pensar que pelo fato de nas atividades terem sido oferecidos materiais recicláveis e de baixo custo, que por muitas vezes apresentavam pouca

Elementos Visuais

89%

100% 90%

60%

Livros de imagens Cores vivas

(39)

39 coloração, o elemento não foi estimulado, o que pôde constar na observação dos pais que o mesmo tenha sido diminuído.

Elementos Auditivos Elementos Auditivos 67% 67% 100% 89% 90% 90% 100% 90%

Historia Canção Música Timbre de voz

1 2

Figura2. Elementos Auditivos. 1 – Entrevista inicial. 2- Entrevista final.

A Figura 2 mostra que os itens música e timbre de voz apresentaram alta porcentagem em ambas as entrevistas. Entretanto deve-se destacar que nos itens história e canção houve aumento significativo da primeira para a segunda entrevista. Pode-se inferir que este aumento em ambos os itens ocorreu devido à diversos fatores como: o desenvolvimento normal da criança, que está em constante evolução e a intervenção realizada pela equipe do projeto de extensão, uma vez que esta era pautada no contar e dar espaço para que as crianças contassem histórias, assim como instaurar o hábito de cantar canções. A fala de M7 caracteriza o aumento citado ao dizer, na primeira entrevista, que seu filho não possuía contato com histórias, enquanto que na segunda entrevista, ocorrida após a intervenção, a mãe observou o aumento do interesse de seu filho sobre o referido item.

Para Carneiro e Dodge (2007) a invenção de histórias pode estimular a criatividade, a linguagem e a interação, assim a criança aprende a viver o momento presente.

(40)

40 Elementos Táteis Elementos Tatéis 56% 70% Contato físico 1 2

Figura 3. Elementos Táteis. 1 – Entrevista inicial. 2- Entrevista final.

A Figura 3 mostra que houve maior porcentagem do item contato físico na segunda entrevista quando comparada com a primeira. Pode-se entender que tal aumento pôde ser provocado pelas atividades desenvolvidas em grupo como: manipular os bonecos e coordenar movimentos com outras crianças para contar história, dar as mãos e abraçar ao cantar uma canção. Bem como, o desenvolvimento dentro dos contextos que estão inseridas: C.A.F, escola, onde as atividades a que também são expostas, podem ter colaborado para este aumento. Segundo Carneiro e Dodge (2007) através do brincar as crianças tornam-se capazes de desenvolver comportamentos sociais condizentes, respeitando regras e aprendendo a cooperar.

Elementos Sociais

Elementos Sociais

100% 100% 100%

50%

Presença de outras crianças Presença de outros adultos

1 2

(41)

41 Observando a Figura 4 podemos notar que as crianças são atraídas, principalmente pela presença de outras crianças, sugerindo, uma maior identificação e melhor convivência com os seus pares, com os quais possuem maior contato em seu cotidiano, na escola, no C.A.F e em casa, com seus irmãos. Queiroz, Maciel e Branco (2006), afirmam que a brincadeira incentiva esta identificação e Spangenberg e Moldes (2008) enfatizam que este tipo de interação criança-criança é muito importante para o processo de socialização, onde estas começam a considerar outros pontos de vista além do seu.

Outros Outros 100% 89% 44% 100% 100% 100% 60% 80%

Personagens Situações cômicas Presença de um animal Atividade específica

1 2

Figura 5. Outros elementos. 1 – Entrevista inicial. 2- Entrevista final.

Já na Figura 5 outros interesses são avaliados: o item personagem é predominante em ambas as entrevistas, já os demais itens situações cômicas, presença de um animal e atividade

específica não sofrem grandes alterações. Podemos observar que tais itens sempre estiveram

em contato com as crianças, ou que estas eram previamente estimuladas por tais. É importante ressaltar que a maioria dos personagens mencionados pelos pais são de desenhos de televisão como: BEN 10, Patati-Patata, Homem Aranha e outros, em acordo com o item atividade

especifica onde os grande parte dos participantes fizeram referência a assistir televisão, tal ato

é visto como lúdico para os pais destas crianças. Para Carneiro e Dodge (2007) se as crianças deixam de assistir televisão, por um longo período de tempo, como estão costumadas a fazer, e envolvem-se em atividades mais artísticas, permitem-se á imaginação, criação, vivência de papéis, elas ampliam sua percepção, o que acaba contribuindo para o desenvolvimento da linguagem e de outras formas de expressão.

(42)

42  Neste contexto será apresentado até na Figura 8 como o filho se expressa pelo olhar dos pais, quanto às necessidades fisiológicas, atenção e segurança. Lembrando que os pais poderiam indicar mais de um item.

Necessidades Fisiológicas

Quando querem comer, dormir, ir ao banheiro ou quando sentem sede (FERLAND, 2006). Necessidades Fisiológicas 22% 22% 67% 90% 10%

Nenhuma expressão Gestos Palavras/frases

1 2

Figura 6. Necessidades Fisiológicas. 1 – Entrevista inicial. 2- Entrevista final.

A Figura 6 mostra o comportamento das crianças frente as necessidades fisiológicas, podemos notar que quando comparadas as duas entrevistas o uso de palavras/frases foi o mais pontuado na primeira enquanto o item nenhuma expressão foi o mais pontuado na segunda. E ainda que o item gestos, presente na primeira entrevista, não foi assinalado na segunda. Podemos inferir que na primeira entrevista, considerando o contexto social onde se encontram e as condições do local onde passam a maior parte do tempo, o C.A.F , o estímulo e espaço para o brincar era esvaziado para as crianças e que com a intervenção do projeto após dar à criança a oportunidade de manipular os materiais e contar histórias à sua maneira, a oportunidade de estas exercerem tais atividades em outros momentos, e um entendimento maior dos adultos que as cercam referente a importância do espaço para brincar, favoreceram o desenvolvimento da autonomia da mesma, permitindo que na segunda entrevista a expressão significativa do item nenhuma expressão, se tornasse alto, mostrando que a criança consegue ir sozinha, sem precisar pedir ou avisar, como indicado na primeira entrevista. Assim como afirma Carneiro e Dodge (2007) quando as crianças não possuem tempo e

(43)

43 espaço adequados para o brincar espontâneo e livre, acaba prejudicando o desenvolvimento de sua autonomia e criatividade. Portanto, segundo os mesmos autores é durante o brincar e, principalmente, nos jogos de faz-de-conta e regras que as crianças adquirem autonomia.

Atenção

Quando a criança quer ser cuidada, ou quer que olhemos para ela (FERLAND, 2006). Atenção 22% 56% 11% 44% 30% 40% 30% 30% 10%

Expressão do rosto Gestos Sons Palavras/frases Não sabe

1 2

Figura 7. Atenção. 1 – Entrevista inicial. 2- Entrevista final.

No que se refere à atenção a Figura 7 mostra que na primeira entrevista as crianças se manifestam em sua maior parte através de gestos. Além de: palavras/ frases com certa representação e ainda, em menor representação, expressão do rosto e sons. Na segunda entrevista, gestos ainda tiveram a maior porcentagem, porém tendo sido diminuída, bem como

palavras/frases. Os que obtiveram aumento foram: expressão do rosto, sons e ainda teve o

aparecimento do item não sabe. A segunda entrevista indica certo equilíbrio entre os diversos itens, configurando diversas formas de expressão. Toda criança quer e precisa de cuidados e atenção, um ambiente com muitas crianças como o C.A.F e a escola acabam não suprindo a necessidade de atenção dessas crianças. Além disso, tem-se um ambiente familiar onde a criança divide a pouca atenção que seus pais podem lhe dar devido ao cansaço do dia-dia, com os demais irmãos.

(44)

44

Segurança

Quando a criança encontra-se amedrontada, ansiosa, receosa (FERLAND, 2006). Segurança 22% 44% 22% 11% 33% 11% 10% 40% 30% 40% Nenhuma Expressão Expressão do rosto

Gestos Sons Palavras/frases Não sabe

1 2

Figura 8. Segurança. 1 – Entrevista inicial. 2- Entrevista final.

Na Figura 8 podemos observar que não houve variáveis muito discrepantes e que os itens sons e não sabe, não foram mencionados na segunda entrevista, onde houve um aumento do item palavras/frases e gestos e uma diminuição de nenhuma expressão e expressão do

rosto, sendo que esta última ainda se manteve alta e uma das principais formas de expressão

mencionadas junto com: gestos e palavras/frases. Tal como a necessidade de atenção, a criança precisa se sentir segura, as crianças na maioria das vezes, procuram esta segurança em seus pais ou em algum adulto próximo a quem sente confiança. Brincando com os pais as crianças sentem-se mais seguras e livres para explorar o que está a sua volta, além disso, o sentimento de proximidade e compreensão aumentam o que favorece o desenvolvimento da auto-estima e independência (CARNEIRO e DODGE, 2007).

 A análise mostrará como os pais percebem a manifestação quanto aos sentimentos de seus filhos: prazer, desprazer, tristeza, raiva e medo. Lembrando que os pais poderiam indicar mais de um item.

(45)

45

Sentimento de Prazer

Quando a criança sente prazer e gosta do que faz (FERLAND, 2006). Prazer 78% 11% 56% 40% 20% 10% 60%

Expressão do rosto Gestos Sons Palavras/frases 1 2

Figura 9. Prazer. 1 – Entrevista inicial. 2- Entrevista final.

A figura 9 mostra que na primeira entrevista o prazer é manifestado principalmente pela expressão do rosto, seguido de palavras/frases, também representado na segunda entrevista e por ultimo gestos. Já na última entrevista é interessante notar o aparecimento do elemento sons, além da diminuição significativa da expressão do rosto. Como já observado anteriormente, a comunicação e a capacidade de expressão das crianças estão em constante desenvolvimento, Moldes e Spangenberg (2008) enfatizam expondo que a criança sempre está explorando, ensaiando e desenvolvendo as habilidades de expressão e comunicação. Um ambiente favorável e que a estimula, tende a contribuir neste processo.

Sentimento de Desprazer

Quando estas demonstram que não estão gostando de alguma coisa ou quando não apreciam uma situação (FERLAND, 2006).

(46)

46 Desprazer 56% 11% 11% 44% 20% 10% 10% 70%

Expressão do rosto Gestos Sons Palavras/frases 1 2

Figura 10. Desprazer. 1 – Entrevista inicial. 2- Entrevista final.

Nota-se na Figura 10 que a maior forma de expressão na primeira entrevista é através de expressão do rosto, aparecendo ainda, gestos e sons. Já na segunda entrevista há uma diminuição do item expressão do rosto. Observamos aqui, novamente, mais um item que soma ao fato de que brincando a criança adquire habilidades de comunicação, mesmo que com experiências ruins, afirmando Bomtempo (s/ ano) coloca que através do brincar a criança desenvolve capacidades verbais e intelectuais, aprendendo a se comunicar.

Sentimento de Tristeza

Quando tem mágoa ou se aborrece (FERLAND, 2006). Tristeza 44% 22% 11% 22% 20% 50% 50% 22% Nenhuma Expressão Expressão do rosto

Sons Palavras/frases Não sabe

1 2

Referências

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