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JURISPRUÊNCIA DO TJMG

Número do processo: 1.0024.05.822449-4/001(1) Númeração Única: Processos

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8224494-21.2005.8.13.002 4

Relator: WAGNER WILSON

Relator do Acórdão: WAGNER WILSON Data do Julgamento: 23/09/2009 Data da Publicação: 30/10/2009 Inteiro Teor:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CHEQUE. APRESENTAÇÃO PARA PAGAMENTO FORA DO PRAZO LEGAL. PERDA DO DIREITO À EXECUÇÃO. INOCORRÊNCIA. CIRCULAÇÃO DO TÍTULO. RESCISÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO SUBJACENTE. INOPONIBILIDADE AO ENDOSSATÁRIO. TERCEIRO DE BOA FÉ. PENHORA. INSTRUMENTO DE TRABALHO. 1. A falta de apresentação do

CHEQUE dentro do trintídio legal não lhe retira a força executiva, porquanto a possibilidade de o portador executar o emitente do CHEQUE está subordinada apenas ao prazo estabelecido no art. 59 da Lei 7.357/85 e não à sua

apresentação ao estabelecimento sacado para pagamento. Súmula 600 do STF. 2. Tendo ocorrido regularmente a transferência dos cheques à apelada, terceiro de boa fé, lhe é inoponível as exceções pessoais do devedor, ora apelante, a quem resta apenas as ações cíveis de responsabilização do contratado inadimplente. 3. Não comprovando a empresa que os bens constritos são imprescindíveis ao desenvolvimento de suas atividades, deve ser mantida a penhora efetivada, não se aplicando ao caso o disposto no art. 649, inc. IV, do Código de Processo Civil.

APELAÇÃO CÍVEL N° 1.0024.05.822449-4/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - APELANTE(S): GETTON COM IND MÓVEIS LTDA - APELADO(A)(S): INTERMEDIUM CRED FIN INV S/A - RELATOR: EXMO. SR. DES. WAGNER WILSON

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 16ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

Belo Horizonte, 23 de setembro de 2009. DES. WAGNER WILSON - Relator

NOTAS TAQUIGRÁFICAS O SR. DES. WAGNER WILSON: VOTO

Conheço do recurso, porque presentes os requisitos de admissibilidade. Recurso de apelação interposto Getton Comércio e Indústria de Móveis Ltda contra r. sentença proferida pelo juízo da 18ª Vara Cível de Belo Horizonte, que

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julgou improcedentes os embargos opostos à execução por título extrajudicial movida por Intermedium Crédito, Financiamento e Investimento Ltda em face do apelante

Afirma a apelante que os títulos, objeto da execução em apenso, foram

emitidos para pagamento dos serviços que contratou junto às empresas Máster Pneus Ltda e Navarro Pneus Ltda.

Explica que, em razão do não cumprimento do acordo pelas referidas empresas, foi obrigada a sustar o pagamento dos mencionados cheques. Assevera que a apelada, atual portadora dos cheques, não os apresentou no prazo previsto no art. 33 da Lei n.º 7.357/85, perdendo, assim, o direito de execução contra o seu emitente, conforme o que reza o §3º, do art. 47, da referida legislação.

Aduz que alguns dos seus instrumentos de trabalho foram penhorados, para a garantia do juízo, ao arrepio do disposto no art. 649, inc. V, do Código de Processo Civil, o que vem lhe causando grandes prejuízos.

Sustenta a desnecessidade de comprovar que os objetos constritos são indispensáveis ao desempenho de suas atividades, bastando que sejam úteis para que sobre eles recaiam a impenhorabilidade.

Ao final, pede o provimento do recurso, com a reforma da decisão de 1ª Instância.

Nas suas contra-razões, pugna a apelada pela manutenção do julgado primevo. 1. Da perda do direito à execução

Tal qual relatado, alega a apelante que os cheques de fls. 16 e 17 não foram apresentados no prazo previsto no art. 33 da Lei n.º 7.357/85, o que os tornaria inexigíveis, nos termos do §3º, do art. 47 da citada legislação.

O art. 33 da Lei n.º 7.357/85 dispõe que o CHEQUE deverá ser apresentado para pagamento, a contar dia da emissão, no prazo de 30 (trinta) dias, quando emitido no lugar onde houver de ser pago; e de 60 (sessenta) dias, quando emitido em outro lugar do País ou no exterior.

Por sua vez, o §3º, do art. 47, da mesma lei reza que se o portador que não apresentar o CHEQUE em tempo hábil, ou não comprovar a recusa de pagamento, perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável.

Não é este o caso dos autos.

A apelante emitiu, em 09.02.2005 e 19.01.2005, em favor da empresa Master Pneu Ltda, os cheques de n.º AA-000353 e AA-000344, que foram pré-datados para 10.05.2005 e 19.04.2005, respectivamente.

O CHEQUE PRÉ-DATADO constitui um acordo firmado entre as partes para cumprimento da obrigação nele consignada em data diferente da sua emissão,

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cabendo ao credor respeitar a data convencionada, sob pena de ressarcir o emitente pelos danos causados em função da cobrança antecipada do título. Nesse sentido, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

'Súmula 370. Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de CHEQUE PRÉ-DATADO.'

Na espécie, os cheques, objeto da execução, foram endossados à apelada e apresentados para pagamento nos dias 10.05.2005 e 19.04.2005 (f. 16/17), portanto, dentro do prazo de 30 dias previsto na legislação para sua

apresentação. No entanto, tais títulos não foram compensados, pelo fato de a recorrente tê-los sustados.

Ainda que tivessem sido apresentados para pagamento fora do prazo legal, os aludidos títulos não teriam perdido sua força executiva.

Isso porque os cheques só se tornariam inexigíveis com o decurso do prazo prescricional previsto para a ação de execução, já que o art. 47, inc. I, da referida legislação, não condiciona o seu ajuizamento à regular apresentação. A propósito, eis a lição de Luiz Emygdio Franco da Rosa Júnior sobre o tema: 'Apesar de a Lei fixar prazo para a apresentação do CHEQUE ao sacado, o § único do art. 35 da LC reza, como regra geral, que o banco pode pagá-lo mesmo se apresentado a destempo, até que decorra o prazo prescricional da ação cambiária referido no artigo 59. Assim, a apresentação do CHEQUE fora do prazo prescrito no art. 33 não impede sua execução contra o emitente e seus avalistas, porque o art. 47, I, não erige a apresentação em tempo hábil como pressuposto da mencionada execução. (vide Súmula 600 do STF'. (Títulos de Crédito, Rio de Janeiro: Renovar, 2ª ed. revista e atualizada de acordo com o NCCB, 2002, p 567)

No mesmo norte, o posicionamento do Supremo Tribunal Federal:

'Súmula 600. Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o CHEQUE ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária.'

De acordo com o art. 59 da Lei n.º 7.357/85, ação de execução prescreve em 6 (seis) meses contados da expiração do prazo de apresentação.

Na hipótese dos autos, os cheques em questão foram pós-datados para

10.05.2005 e 19.04.2005, fluindo daí os 30 (trinta) dias para sua apresentação, já que emitido na mesma praça de pagamento.

Por sua vez, o termo final para sua apresentação ocorreu em 10.06.2005 e 19.05.2005, iniciando desta data o prazo prescricional de 06 (seis) meses, que se findou em 10.12.2005 e 19.11.2005.

Tendo sido a presente execução proposta em 21.06.2005, não há dúvidas de que os cheques que a embasam são plenamente exigíveis, já que não decorrido o prazo de PRESCRIÇÃO dos títulos.

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Quanto à exceção prevista no §3º, do art. 47, da Lei n.º 7.357/85, para a sua ocorrência, seria necessário que a apelante comprovasse, nos termos do art. 333, inc. I, do Código de Processo Civil, que dispunha de fundos suficientes para solver os títulos durante o prazo de sua apresentação, ônus probatório do qual não se desincumbiu.

A propósito:

'EMBARGOS DO DEVEDOR - CHEQUE NÃOAPRESENTAÇÃO PELO EXEQÜENTE -FUNDOS DISPONÍVEIS - EMBARGANTE - ÔNUS DA PROVA - ART. 333, I, DO CPC- SENTENÇA MANTIDA. Conforme se infere da leitura do § 3º, do inciso II, do art. 47, da Lei do CHEQUE, somente se o portador do CHEQUE não apresentá-lo em tempo hábil, ou não comprovar a recusa de pagamento, perderá o direito de execução contra o emitente, desde que provado que este tinha fundos disponíveis durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável. É do autor o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito, carreando elementos convincentes sobre suas assertivas, sob pena de improcedência da ação por ele intentada.' (TJMG, Ap.

2.0000.00.518855-0/000, Rel. Des. Irmar Ferreira Campos, p. 06.10.2005) 'EMENTA: EXECUÇÃO - EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE - CHEQUE - PRAZO EXCEDIDO PARA APRESENTAÇÃO - INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 33, 47, PARÁGRAFO 3º, E 59 DA LEI 7357/85 - FORÇA EXECUTIVA - PRESCRIÇÃO - INOCORRÊNCIA - ÔNUS DA PROVA. A falta de apresentação do CHEQUE dentro do trintídio legal não lhe retira a força executiva, porquanto a sua execução está subordinada, apenas, ao prazo estabelecido no artigo 59 da Lei nº 7.357/85, e não à sua apresentação ao estabelecimento sacado para pagamento. É certo que o artigo 33, do mesmo diploma legal, prevê que o CHEQUE deve ser apresentado para pagamento, a contar do dia da emissão, no prazo de trinta dias, quando

emitido no lugar onde houver de ser pago. Entretanto, sua apresentação fora desse prazo não torna o título prescrito e, muito menos, impede o ajuizamento da ação cambiária, no prazo estabelecido no prefalado artigo 59. O parágrafo 3º, do artigo 47, da mesma lei, constitui uma exceção legal conferida ao executado, cabendo-lhe, nessa hipótese, comprovar que o CHEQUE devolvido tinha fundos disponíveis, durante o prazo de apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não lhe seja imputável. Tal prova, em sede de exceção de pré-executividade, deverá ser imediata e inequívoca, por não admitir dilação probatória.' (TJMG, Ap. n.º 2.0000.00.492942-6/000, Rel. Des. Tarcísio Martins Costa, p. 10.02.2007)

Registre-se que, caso os cheques não houvessem sido apresentados e durante o prazo para apresentação existissem fundos disponíveis, a apelada seria carecedora da ação executiva, não por falta de título, mas de necessidade da tutela jurisdicional, o que, no entanto, não é hipótese em tela.

2. Da inoponibilidade das exceções pessoais

Conforme já dito, os cheques que embasam a presente execução foram emitidos pela apelante à empresa Master Pneu Ltda, a qual o endossou à apelada, atual portadora dos títulos (fls. 16/17).

O chamado endosso em branco, tal qual ocorreu no presente caso, caracteriza-se pelo simples lançamento da assinatura do endossante no dorso do título caracteriza-sem

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registro do nome do beneficiário.

Operado o endosso, poderá o seu novo titular exercer, na qualidade de credor, todos os direitos decorrentes do documento, cabendo à parte interessada comprovar a irregularidade da operação.

Em virtude dos princípios cambiários da abstração, autonomia e independência, o título posto em circulação garante ao seu portador que nenhuma exceção pertinente à relação da qual ele não tenha participado terá eficácia jurídica quando da sua cobrança.

Especificamente em relação ao CHEQUE, tal característica encontra-se prevista no art. 25 da Lei 7.357/85, in verbis:

'Art . 25 Quem for demandado por obrigação resultante de CHEQUE não pode opor ao portador exceções fundadas em relações pessoais com o emitente, ou com os portadores anteriores, salvo se o portador o adquiriu conscientemente em detrimento do devedor.'

Neste contexto, se o negócio entabulado entre a apelante e a empresa Master Pneu Ltda não se desenrolou a contendo, a apelada, terceiro alheio aos fatos, não pode ser responsabilizada.

Sobre a questão, confiram-se os ensinamentos de Fábio Ulhoa Coelho:

'A abstração, então, somente se verifica se o título circula. Em outros termos, só quando é transferido para terceiros de boa-fé, opera-se o desligamento entre o documento cambial e a relação em que teve origem. A conseqüência disso é a impossibilidade de o devedor exonerar-se de suas obrigações cambiárias, perante terceiros de boa-fé, em razão de irregularidades, nulidades ou vícios de qualquer ordem que contaminem a relação fundamental. E ele não se exonera exatamente porque o título perdeu seus vínculos com tal relação.'. (Curso de direito comercial. 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2004, vol. I, p. 377):

Assim, tendo ocorrido regularmente a transferência dos cheques à apelada, terceiro de boa fé, lhe é inoponível as exceções pessoais do devedor, ora apelante, a quem resta apenas as ações cíveis de responsabilização do contratado inadimplente.

3. Penhora dos instrumentos de trabalho

Na hipótese dos autos, tal qual registrou o MM. Juiz a quo, não há provas de que os bens penhorados à f. 29 da execução em apenso são os únicos instrumentos de trabalho da apelante e que o ato constritivo impediria a consecução de suas atividades.

Nesse sentido:

'EXECUÇÃO FISCAL. MICROEMPRESA FAMILIAR. BENS NECESSÁRIOS À MANUTENÇÃO DA EMPRESA. SUBSISTÊNCIA DA FAMÍLIA. PENHORA.

INADMISSIBILIDADE. ART. 649, IV, DO CPC. I - O aresto recorrido expressou que a penhora do veículo de microempresa familiar poderia prejudicar a

manutenção da atividade, comprometendo a subsistência da própria família. II -Na esteira da jurisprudência desta colenda Turma, a aplicação do inciso IV do

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artigo 649 do Código de Processo Civil, a tratar da impenhorabilidade de bens essenciais ao exercício profissional, pode-se estender, excepcionalmente, à pessoa jurídica, desde que de pequeno porte ou micro-empresa ou, ainda, firma individual, e os bens penhorados forem mesmo indispensáveis e

imprescindíveis à sobrevivência da própria empresa. Precedentes: AGResp nº 686.581/RS, Rel. Min. FRANCIULLI NETTO, DJ de 25/04/2005; AGResp nº 652.489/SC, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ de 22/11/2004. III - Agravo

Regimental improvido. (STJ, AgRg no REsp 903.666/SC, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/03/2007, DJ 12/04/2007 p. 256) Assim, não comprovando a apelante, nos termos do art. 333, inc. I, do Código de Processo Civil, que os bens constritos são imprescindíveis ao

desenvolvimento de suas atividades, deve ser mantida a penhora efetivada, não se aplicando ao caso o disposto no art. 649, inc. IV, do referido diploma legal.

4. Conclusão

Com essas considerações, nego provimento ao recurso, mantendo incólume a decisão de 1ª Instância. Custas, pela apelante.

Votaram de acordo com o(a) Relator(a) os Desembargador(es): JOSÉ MARCOS VIEIRA e BATISTA DE ABREU.

SÚMULA : NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0024.05.822449-4/001

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