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QUARTA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº / CLASSE CNJ COMARCA CAPITAL AGRAVANTE: CENTRAIS ELÉTRICAS MATOGROSSENSE S/A - CEMAT

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AGRAVANTE: CENTRAIS ELÉTRICAS MATOGROSSENSE S/A - CEMAT

AGRAVADO: COTTON KING LTDA.

Número do Protocolo: 100563/2009 Data de Julgamento: 23-11-2009

E M E N T A

AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DECLARATÓRIA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO - PRETENSÃO DE REFORMAR DECISÃO INTERLOCUTÓRIA - RECURSO DE APELAÇÃO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO CONFIRMANDO A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA - APELAÇÃO RECEBIDA APENAS NO EFEITO DEVOLUTIVO - RELEVÂNCIA DAS RAZÕES DO INCONFORMISMO - RECURSO PROVIDO.

Impõe-se o provimento do Agravo de Instrumento, para conferir-lhe também o efeito suspensivo, diante da relevância do fundamento jurídico do recurso (fumus boni iuris) e uma vez evidenciado que a execução da decisão agravada pode trazer consigo o perigo de dano irreparável (periculum in mora).

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R E L A T Ó R I O

EXMO. SR. DES. MÁRCIO VIDAL Egrégia Câmara:

Trata a espécie de Recurso de Agravo de Instrumento, com pedido de Antecipação de Tutela, interposto pelas Centrais Elétricas Mato-Grossenses S/A - CEMAT -, contra a decisão proferida pelo Juízo da 5ª Vara Especializada da Fazenda Pública da Comarca de Cuiabá-MT, que recebeu o Recurso de Apelação Cível, interposto em face da decisão que confirmou a liminar deferida na Ação Ordinária, com pedido de tutela antecipada e repetição de indébito, apenas no efeito devolutivo.

Em suas razões, pretende a Agravante a reforma da decisão impugnada, com o objetivo de atribuir efeito suspensivo ao Recurso de Apelação, em face da manifesta ameaça de dano irreparável.

Alega que apresentou provas documentais cabais da insolvabilidade financeira da Agravada e dos riscos aos quais está submetida, o que, por si só, justificaria a imediata suspensão dos efeitos da sentença apelada e a revisão da decisão ora agravada.

Por derradeiro, pugna pelo deferimento da medida antecipatória, para que a Apelação seja recebida nos efeitos devolutivo e suspensivo.

Em decisão de fls. 839 a 842-TJ, o efeito ativo foi deferido, apenas para determinar o recebimento do Recurso de Apelação também no seu efeito suspensivo

Insta salientar, ainda, que a Agravada, Cotton King Ltda., impetrou o Mandado de Segurança n. 110005/2009, com pedido de liminar, contra decisão liminar deste Relator que, em sede de Juízo de Retratação, atribuiu efeito suspensivo ao Recurso de Apelação, pleiteado pela Agravante.

O Relator do mandamus, o douto Des. Rui Ramos Ribeiro, deferiu a liminar para excluir o efeito recursal suspensivo, às fls. 853 a 857-TJ.

Intimada, a Agravada ofertou contrarrazões de fls. 942 a 956-TJ, pugnando pela improcedência recursal.

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Regularmente processados, vieram-me os autos conclusos à decisão. É a síntese.

V O T O

EXMO. SR. DES. MÁRCIO VIDAL (RELATOR) Egrégia Câmara:

Como explicitado na síntese, trata-se de Recurso de Agravo de Instrumento, aviado pela empresa Centrais Elétricas Mato-Grossenses S/A - CEMAT -, irresignada com a decisão interlocutória de fl. 777-TJ, que conferiu apenas efeito devolutivo ao Recurso de Apelação por ela manejado contra a decisão de fls. 453 a 463-TJ, que julgou procedente a Ação Ordinária com Pedido de Tutela Antecipada com Repetição de Indébito (n. 85/2009), objetivando o seu recebimento também no efeito suspensivo.

Para melhor compreensão da matéria posta a julgamento, peço vênia aos Eminentes Pares para breve escorço fático.

Relata a Agravante que, em 27-2-09, o Juiz a quo proferiu decisão, que deferiu o pedido de antecipação de tutela formulado pela Agravada e admitiu, liminarmente, a imediata compensação dos débitos das faturas de energia elétrica com os créditos alegados na demanda, e tal decisão foi objeto de recurso de agravo a este Tribunal de Justiça, cujo pedido de suspensão dos efeitos fora indeferido pela 2ª Câmara Cível.

Informa que, em contestação, sustentou sua ilegitimidade passiva para restituir à Agravada os valores de ICMS por ela pretendidos, e, ainda assim, a sentença julgou procedente a ação e confirmou a tutela antecipada anteriormente concedida, recaindo a condenação à restituição dos valores pagos a título de ICMS, PIS e COFINS única e exclusivamente sobre a Agravante.

Aduz que, diante da manifesta verossimilhança do seu direito alegado e da ameaça de dano irreparável e, também, devido à prestação dos serviços públicos de distribuição de energia elétrica, requereu o recebimento do recurso de apelação interposto tanto

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no efeito devolutivo quanto no suspensivo, mas que o Juízo a quo recebeu-o apenas no efeito devolutivo.

Verbera que, em face da manifesta ameaça de dano irreparável, interpôs o presente Recurso de Agravo de Instrumento, com o objetivo de atribuir efeito suspensivo ao Recurso de Apelação.

Alega que apresentou provas documentais cabais da insolvabilidade financeira da Agravada e dos riscos aos quais está submetida, o que, por si só, justificaria a imediata suspensão dos efeitos da sentença apelada e a revisão da decisão ora agravada.

Feito esse introito, passo à apreciação do mérito.

Compulsando os autos, em análise detalhada e perfunctória, observo que existem prováveis indícios, quando da análise de mérito, da possibilidade de reverter-se a medida antecipatória, caso o resultado da ação venha a ser contrário à pretensão da parte Agravada, tornando-se então absolutamente ineficaz eventual decisão final favorável à Agravante, haja vista os documentos acostados aos autos.

Essa convicção ressai das anotações de Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade Nery, em comentários ao artigo 558 do Código de Processo Civil, 7ª ed. Ed. RT, ano 2003, p. 953:

“Atuação do relator. O relator do agravo deve analisar a situação concreta, podendo ou não conceder o efeito suspensivo ao recurso. Se verificar que a execução da decisão agravada pode trazer perigo de dano irreparável (periculum in mora) e se for relevante o fundamento do recurso (fumus boni juris), deve dar efeito suspensivo ao agravo. No mesmo sentido: Alvim Wambier, Agravo, 194 ss.”

Tenho comigo que, na provável hipótese de a demanda ser ao final julgada desfavoravelmente à Agravada, a suspensão de qualquer forma de cobrança dos valores devidos a ela, aliada também à sua provável insolvência, ao final da demanda, tornará irreversível a tutela ulterior obtida pela Agravante, fato que imporá a esta e aos consumidores o injusto dever de arcar com citados débitos e de subsidiar a atividade econômica da Agravada.

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Ademais, julgados deste e. Pretório confirmam que, exsurgindo dos autos a presença dos pressupostos do fumus boni iuris e do periculum in mora, consideradas a relevância do fundamento e a possibilidade de lesão de difícil reparação, é admissível, excepcionalmente, dar efeito suspensivo à apelação.

Corroborando esse entendimento trago a colação o seguinte julgado:

“AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - TUTELA ANTECIPADA DEFERIDA NA SENTENÇA - EFEITOS QUE RECEBE A APELAÇÃO - REGRA DO ART. 520, DO CPC - EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 558, DO CPC - EXCEÇÃO - LESÃO GRAVE OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO - CASO CONCRETO - POSSIBILIDADE DE CONCESSÃO DE EFEITO SUSPENSIVO À PARTE DA DECISÃO.1 - Se a tutela antecipada é deferida na sentença, nos termos do art. 520, do CPC, a regra é que a apelação quanto a esta matéria seja recebida apenas no efeito devolutivo.2- Diante da análise do caso concreto, nos termos do art. 558, do CPC, sendo relevante a fundamentação, o relator poderá suspender o cumprimento da decisão até o pronunciamento definitivo da turma ou câmara, nos casos em que possa resultar lesão grave e de difícil reparação.” (TJ/MG, Agravo de Instrumento

n. 1.0396.02.004952-6/002, Relator Des. PEDRO BERNARDES, 17/02/2009) Dessarte, ainda que exista previsão expressa para o recebimento da apelação apenas no efeito devolutivo, no caso dos autos (art. 58, V, da Lei 9.245/91), nada impede que o julgador receba o recurso de apelação no duplo efeito, valendo-se do disposto no art. 558 do CPC, permitindo que um recurso, com efeito devolutivo de regra, possa ser recebido também com um efeito que não lhe é peculiar, principalmente em caso de flagrante ilegalidade da decisão recorrida ou do perigo de dano irreparável ou de difícil reparação.

Analisando detidamente os autos, dou-me por convencido, arrimado no

caput do art. 520 do CPC, de que o Recurso de Apelação, neste caso, deve ser recebido nos

seus efeitos devolutivo e suspensivo, ainda que o Magistrado a quo, por próprio e livre convencimento, tenha confirmado a antecipação da tutela à Agravada.

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Desse modo, por verificar a excepcionalidade no caso, a permitir o recebimento do recurso no duplo efeito, e encontrando-se presentes os requisitos para atribuição do efeito suspensivo ao Recurso de Apelação, ou seja, na hipótese de ilegalidade ou dano de difícil reparação e, ainda, uma possível reversão do caso, quando da análise de mérito, concedo o efeito suspensivo pleiteado pela Agravante.

Pelo exposto, dou provimento ao Recurso de Agravo de Instrumento interposto, para confirmar a concessão do efeito ativo deferido às fls. 839 a 842-TJ e, no mérito, reformar a decisão monocrática, determinando o recebimento do Recurso de Apelação nos efeitos devolutivo e suspensivo.

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A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a QUARTA CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência do DES. MÁRCIO VIDAL, por meio da Câmara Julgadora, composta pelo DES. MÁRCIO VIDAL (Relator), DESA. CLARICE CLAUDINO DA SILVA (1ª Vogal) e DES. GUIOMAR TEODORO BORGES (2º Vogal convocado), proferiu a seguinte decisão: POR UNANIMIDADE DE VOTOS, DERAM PROVIMENTO AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR.

Cuiabá, 23 de novembro de 2009.

--- DESEMBARGADOR MÁRCIO VIDAL - PRESIDENTE DA QUARTA CÂMARA CÍVEL EM SUBSTITUIÇÃO LEGAL E RELATOR

Referências

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