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SÍNTESE SOBRE O MARCO REGULATÓRIO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL

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SÍNTESE SOBRE O MARCO REGULATÓRIO DAS ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL

O novo marco regulatório das organizações da sociedade civil - Lei nº 13.019, de 2014 é aplicável à área da saúde?

30 de set de 2015

A saúde está contemplada no tocante às relações de fomento. Por isso é importantíssimo discutir o que é fomento no SUS e o que é a relação de complementaridade das ações e serviços de saúde prevista na Constituição e na Lei 8080. É preciso diferenciar o que são relações de fomento e parceria e o que é compra de serviços próprio do regime de complementaridade do SUS. Quem trata muito bem desse assunto é a advogada especialista em direito sanitário e doutora em saúde pública Lenir Santos que publicou recentemente um artigo na Revista Brasileira de Direito Público, n. 49, Editora Fórum, discorrendo sobre o tema de modo bastante esclarecedor. Ela demonstra que o regime de complementaridade dos serviços privados ao Sistema Único de Saúde se situa no campo da contratação de serviços, dada a insuficiência pública de serviços e a existência no mercado sem fins lucrativos e lucrativos. Essa relação está ancorada na contratação de serviços mediante pagamento de preço previsto em tabela, na forma da lei. É uma relação de mercado, onde o Setor Público compra serviços de quem o tem, dando preferência para as entidades sem fins lucrativos e podendo, conforme o caso, realizar um credenciamento universal, o que afasta a licitação e a escolha de uma única proposta.

A Lei nº 13.019 trata de parceria e fomento público a entidades sem fins lucrativos, que é o que ocorre nos ajustes do Poder Público com organizações sociais, OSCIPs, fundações de apoio e outras. Nesses casos, não há dúvida que as disposições da Lei nº 13.019 vão incidir.

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Pontos de maior relevância na Lei.

A Lei tem inúmeros problemas e graves que precisam ser corrigidos. Confunde conceitos de fomento e colaboração com compra de serviços e licitação, ainda que sob outra nomenclatura. Estende às entidades civis privadas sem fins lucrativos regras próprias da Administração Pública, estabelecendo exigências incompatíveis com a sua natureza privada, como o processo de prestação de contas sobre sua gestão e não sobre os resultados da parceria; estipula a obrigação de apresentarem regulamento próprio de compras aprovado pelo Poder Público e de exigirem de seus próprios fornecedores a autorização para a o livre acesso de servidores públicos, especialmente dos órgãos de controle aos seus documentos e registros contábeis. Isso é uma afronta à liberdade de atuação das entidades privadas.

Exige a responsabilidade solidária de um ou mais dos dirigentes da entidade civil parceira na execução da atividade e cumprimento das metas pactuadas, o que é um absurdo e uma novidade, visto que nas PPPs e em outros contratos com o Poder Público, as entidades privadas com ou sem fins lucrativos não são expostas a essa obrigação. Alias nem mesmo na concessão de serviços públicos, quando há delegação de competência e transferência do poder de instituir taxa que é uma espécie de tributo.

Fere a diretriz de territorialidade da maioria das políticas públicas sociais que tem como característica principal atender ao princípio da subsidiariedade quando o executor do serviço deve estar próximo do usuário, retirando a maior característica das entidades sem fins lucrativos de sua vinculação com a comunidade onde se situa. Estimula a formação de holdings de entidades civis com apenas uma entidade líder responsável pelo ajuste de parceria e fomento com o Poder Público.

São muitos os problemas. O texto da lei, excessivamente procedimental (aspecto incompatível com uma norma que se pretende nacional) em muitos casos é confuso e contraditório, a exemplo da vedação contida no seu art. 41 à criação de outras modalidades de parceria que contraria a previsão do seu art.

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A lei isenta as organizações sociais federais de sua observância sem deixar claro quanto aos modelos dos demais entes federativos. Não fica evidenciado o que vai acontecer com outros modelos de parceria atualmente existentes,

como o das fundações de apoio.

É uma lei de aplicação onerosa, elaborada sem a preocupação com a razoabilidade de seus dispositivos e o custo de sua aplicação. Tem diversas fragilidades jurídicas que prometem desorganizar e confundir o ambiente jurídico e institucional brasileiro. Acho que antes de ser aplicada, é fundamental que seja revista para corrigir as suas mais graves inconsistências e equívocos. É uma lei que mais atrapalha do que ajuda e mais encarece do que diminui custos sem resultados correspondentes.

Mesmo que não haja uma decisão consolidada sobre a aplicabilidade da Lei, as entidades de Saúde devem se adaptar para atender às normas?

Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que a lei não se aplica ao regime de complementaridade do SUS. Conforme Lenir Santos, a complementariedade é uma forma de suprir o SUS de serviços que lhe faltam, não podendo se falar em programa, projeto, mas sim em serviços privados que se integram aos serviços públicos na rede de atenção à saúde, forma contínua. O orçamento público tradicionalmente faz muito bem essa diferenciação ao classificar as despesas de aquisição de serviços de saúde na modalidade 90, enquanto as transferências a entidades civis, a título de fomento, são classificadas na modalidade 50. Lenir Santos aborda muito bem essa questão em seu artigo sobre o tema.

Quanto às relações de parceria e fomento que os órgãos e entidades públicos estabelecem com entidades civis sem fins lucrativos em modelos como o das organizações sociais, oscips e fundações de apoio na área da saúde, a pergunta é de difícil resposta. Sem sombra de dúvidas a lei 13.019 vai incidir sobre elas. Mas acho que é prudente aguardar uma possível e esperada alteração da lei antes de investir na adaptação às suas normas.

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Resumo sobre a MP do Marco Regulatório das ONGs

O Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil, como está sendo chamada a Lei 13.019/2014, padroniza procedimentos para as três esferas de governo nas parcerias firmadas com organizações civis. Entre eles estão a exigência de planejamento contendo previsão de cronograma, orçamento e atividades a serem executadas entre administração pública e entidade, e a criação de um sistema para gerenciar e dar transparência aos processos de contratação.

Sobre a audiência pública no Senado Federal

A audiência pública do dia 07/out no senado federal irá tratar desta MP: Medida Provisória 684/2015 – Altera a Lei n° 13.019, de 31 de julho de 2014, que estabelece o regime jurídico das parcerias voluntárias, envolvendo ou não transferências de recursos financeiros, entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público; define diretrizes para a política de fomento e de colaboração com organizações da sociedade civil; institui o termo de colaboração e o termo de fomento; e altera as Leis n° 8.429, de 2 de junho de 1992, e 9.970, de 23 de março de 1999.

A Medida Provisória propõe

A MP propõe: Art. 1º A Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014, passa a vigorar com as seguintes alterações:

"Art.83. ... § 2º Para qualquer parceria referida no caput eventualmente firmada por prazo indeterminado antes da entrada em vigor desta Lei, a administração pública promoverá, em prazo não superior a um ano, sob pena de responsabilização, a

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rescisão." (NR). "Art. 88. Esta Lei entra em vigor após decorridos 540 (quinhentos e quarenta) dias de sua publicação oficial." (NR). Art. 2º Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.

Orientação do Conasems

Incluir no Art. X°. A Lei n° 13.019, de 31 de julho de 2014, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 3º... IV – ao regime de complementariedade das ações e serviços de saúde previstas no §1º do art. 199 da Constituição Federal;

§1º - Considera-se regime de complementariedade a participação dos serviços privados com ou sem fins lucrativos na oferta de serviços de saúde quando as disponibilidades do Sistema Único de Saúde (SUS) forem insuficientes para garantir a cobertura assistencial à população de uma determinada área.

Composição de Parlamentares da MP 684/2015 Presidente: Sen. Paulo Bauer (PSDB/SC)

Vice-Presidente: Dep. Antônio Brito (PTB/BA) Relator: Dep. Eduardo Barbosa (PSDB/MG) Relator Revisor: Sen. Gleisi Hoffmann (PT/PR)

Referências

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