• Nenhum resultado encontrado

Recomposição vegetal utilizando a regeneração artificial, com e sem irrigação, em área ciliar do alto sertão sergipano

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Recomposição vegetal utilizando a regeneração artificial, com e sem irrigação, em área ciliar do alto sertão sergipano"

Copied!
62
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO. RECOMPOSIÇÃO VEGETAL UTILIZANDO A REGENERAÇÃO ARTIFICIAL, COM E SEM IRRIGAÇÃO, EM ÁREA CILIAR DO ALTO SERTÃO SERGIPANO. Higor dos Santos Vieira Mestrado Acadêmico. São Cristóvão Sergipe - Brasil 2012.

(2) FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. V657r. Vieira, Higor dos Santos Recomposição vegetal utilizando a regeneração artificial, com e sem irrigação, em áreas ciliar do alto sertão sergipano / Higor dos Santos Vieira ; orientador Robério Anastácio Ferreira. – São Cristóvão, 2012. 51 f. ; il.. Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação)Universidade Federal de Sergipe, 2012.. 1. Revegetação. 2. Mudas. 3. Caatinga. I. Ferreira, Robério Anastácio, orient. II. Título. CDU 630*232(813.7). ii.

(3) HIGOR DOS SANTOS VIEIRA. RECOMPOSIÇÃO VEGETAL UTILIZANDO A REGENERAÇÃO ARTIFICIAL, COM E SEM IRRIGAÇÃO, EM ÁREA CILIAR DO ALTO SERTÃO SERGIPANO. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ecologia e Conservação da Universidade Federal de Sergipe, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Ecologia. Orientador: Prof. Dr. Robério Anastácio Ferreira. SÃO CRISTÓVÃO SERGIPE - BRASIL 2012 iii.

(4) iv.

(5) RESUMO. Apesar de existirem muitos fragmentos de vegetação no Semiárido, observa-se uma carência de técnicas para a recuperação daqueles que se encontram em processo de degradação. A maioria dos trabalhos sobre degradação está baseada na identificação de locais e graus de desertificação, sendo que práticas de recuperação são poucas, e quando realizadas, buscam apenas aspectos econômicos, deixando o ecológico em segundo plano. Neste contexto, o presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar o desenvolvimento de cinco espécies de plantas lenhosas da Caatinga sob diferentes regimes hídricos, em um trecho de mata ciliar do Alto Sertão Sergipano. Para isso, foi aplicado um método de recomposição vegetal artificial em um ambiente com alto grau de degradação, localizado no Monumento Natural Grota do Angico, município de Poço Redondo, Sergipe. O delineamento na implantação do experimento foi feito em blocos casualizados (DBC), em esquema fatorial com quatro repetições, utilizando o espaçamento 3x3 m entre as plantas. Em cada bloco foi efetuado o plantio de 40 mudas de Aspidosperma pyrifolium Mart., Erythrina velutina Willd., Geoffroea spinosa Jack., Myracrodruon urundeuva Allemão e Spondias tuberosa Arruda, sendo 8 indivíduos por espécie. Após três meses, realizou-se a divisão dos blocos em 8 áreas similares, as quais foram sorteadas. Com base nesse resultado, foram empregados dois tratamentos (com irrigação – C.I. e sem irrigação – S.I.) com 4 indivíduos por espécies em cada bloco. Com esses dados, avaliou-se a sobrevivência das mudas e as características de crescimento (altura, diâmetro à altura do colo e taxa de crescimento relativo). Foi constatado que a média geral de sobrevivência das espécies após 7 meses foi 91,22%. Duas espécies apresentaram sobrevivência superior à média geral, A. pyrifolium, com 96,8%, e S. tuberosa, com 93,7%. Erythrina velutina apresentou maior taxa de crescimento relativo em altura nos dois tratamentos (C.I. e S.I.), seguida de M. urundeuva (C.I.), que por sua vez teve desenvolvimento superior às demais espécies e tratamentos. Para a taxa de crescimento em diâmetro do colo, observou-se que a M. urundeuva (S.I.) apresentou maior TCR (29,30%), seguido do G. spinosa (C.I.) com TCR (27,52 %). No incremento em altura destacaram-se as espécies S. tuberosa (55,63 cm (C.I.) e 55,50 cm (S.I.)) e E. velutina (55,16 cm (C.I.) e 52,03 cm (S.I.)), que apresentaram desenvolvimento superior às demais espécies. Erythrina velutina (C.I. (19,0 mm) e S.I. (17,5 mm)) e Spondias tuberosa (C.I. (8,7 mm) e S.I. (9,3 mm)) apresentaram maiores valores absolutos para diâmetro do colo. Neste estudo, as espécies selecionadas apresentaram índices de sobrevivência e desenvolvimento inicial satisfatórios, sendo indicadas para a recomposição de vegetação ciliar na referida área. Palavras-chave: recuperação ambiental, mudas, Caatinga.. v.

(6) ABSTRACT. Although there are several fragments of vegetation in Semiarid, a lack of techniques for its recovery is observed. Most of the studies about degradation is based on the identification of the locations and degrees of desertification, and recovery practices are few, and when done, they only aim economic aspects, leaving the ecological in second plan. In this context, the present study was accomplished with the objective of evaluating the development of five species of woody plants of Caatinga under different water regimes, in a stretch of ciliary forest of the Upper Wilderness Sergipano. For this, a method of artificial vegetation recovery was applied in an environment with high degradation degree, located in Natural Monument Grota do Angico, Poço Redondo, Sergipe. In the implantation of the experiment the design was done in randomized blocks (DBC), in scheme fatorial with four repetitions, using the spacing 3x3 between the plants. In each block make up the planting of 40 seedlings of Aspidosperma pyrifolium Mart., Erythrina velutina Willd., Geoffroea spinosa Jack., Myracrodruon urundeuva Allemão and Spondias tuberosa Arruda, being 8 individuals for species. After three months, there was division of the blocks in 8 similar areas, which were randomly select. Base on this result, two treatments were used (irrigated – I. and without irrigation – W.I.) with four individuals for species in each block. With these data, seedling survival and growth characteristics (height, diameter at the stem and relative growth rate) were evaluated. It was verified that the general average of survival of the species after 7 months was 91,22%. Two species presented superior survival to the general average, A. pyrifolium, with 96,8%, and S. tuberosa, with 93,7%. Erythrina velutina presented higher RGR in both treatments (I. and W.I.), followed by M. urundeuva (I.), which had superior development to other species and treatments. For the growth rate in diameter, it was observed that M. urundeuva (W.I.) had higher RGR (29.30%), followed by the G. spinosa (I.) with RGR (27.52%), being observed the lowest rate of growth in stem diameter for E. velutina (W.I.), with RGR (16,93%). In the increment in height stood out the species S. tuberosa (55,63 cm (I.) and 55,50 cm (W.I.)) and E. velutina (55,16 cm (I.) and 52,03 cm (W.I.)), that presented higher development to the other species. Erythrina velutina (I. (19,0 mm) and W.I. (17,5 mm)) and Spondias tuberosa (I. (8,7 mm) and W.I. (9,3 mm)) had higher absolute values for diameter. In this study, the selected species showed high survival and development; being recommended for the recovery of riparian vegetation in that area. Keywords: environmental recovery, seedlings, Caatinga.. vi.

(7) NOMENCLATURA, SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES. C. Clímax. CHESF. Companhia Hidrelétrica do São Francisco. CTC. Capacidade de troca de Cátions. C.I.. Com irrigação. DC. Diâmetro à altura do colo. Di. Diâmetro inicial. Df. Diâmetro final. DRP. Diagnóstico Rápido Participativo. GE. Grupo Ecológico. ha. Hectare. Hf. Altura final. Hi. Altura inicial. ITPS. Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe. kg. Quilograma. MONA. Monumento Natural. NPK. Nitrogênio, Fósforo e Potássio. P. Pioneira. pH. Potencial Hidrogeniônico. pHSMP. Método de análise e correção de acidez do solo de Shoemaker, Mac Lean e Pratt. PST. Porcentagem de sódio trocável. SB. Soma de bases. S.I.. Sem irrigação. SISVAR. Sistema para análise de variância para dados balanceados. TCR. Taxa de crescimento relativo. UC. Unidade de Conservação. Ud. Unidade. V. Saturação por Bases. vii.

(8) LISTA DE FIGURAS. Página Figura 1.. Figura 2. Figura 3. Figura 4. Figura 5. Figura 6. Figura 7.. Figura 8.. Figura 9.. Figura 10.. Localização geográfica da área de estudo no Monumento Natural Grota do Angico, Sergipe. Fonte: Adaptado do Plano de Manejo do MONA Grota do Angico............................................................................................................... Ferramentas (martelo e anel metálico) utilizadas na coleta de solo no MONA Grota do Angico, Sergipe. ................................................................................ Área experimental na Fazenda do Colete, no MONA Grota do Angico, Sergipe. ............................................................................................................. Desenho amostral implantado na Fazenda do Colete, no MONA Grota do Angico, Sergipe................................................................................................. Abertura de covas na área experimental, localizada na Fazenda do Colete, no MONA Grota do Angico, Sergipe..................................................................... Desenho amostral (pós-sorteio), indicando as áreas irrigadas e não irrigadas no MONA Grota do Angico, Sergipe................................................................ Histórico da precipitação na área de estudo, referente ao período de janeiro de 2009 a dezembro de 2011. (Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos - SEMARH). MONA Grota do Angico, Sergipe .............................................................................................................. Curvas de crescimento médio em altura das espécies plantadas nas áreas com irrigação (C.I.) e sem irrigação (S.I.), no MONA Grota do Angico, Sergipe............................................................................................................... Curvas de crescimento em diâmetro das espécies plantadas nas áreas com irrigação (C.I.) e sem irrigação (S.I.), no MONA Grota do Angico, Sergipe............................................................................................................... Espécies selecionadas para plantio na Fazenda do Colete, município de Poço Redondo – SE. A– Craibeira (Tabebuia aurea); B– Mulungu (Erythrina velutina); C- Marizeiro (Geoffroea spinosa); D- Umbuzeiro (Spondias tuberosa); E- Aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva) e F- Pereiro (Aspidosperma pyrifolium)................................................................................. 9 11 13 14 15 17. 20. 25. 26. 27. viii.

(9) LISTA DE TABELAS. Página Tabela 1. Tabela 2. Tabela 3. Tabela 4. Tabela 5.. Tabela 6.. Tabela 7.. Distribuição das espécies por bloco no MONA Grota do Angico, Sergipe......... Distribuição das espécies em tratamentos: com irrigação (C.I.) e sem irrigação (S.I), no MONA Grota do Angico, Sergipe.......................................................... Resultado da análise química e física do solo, da área experimental, na Fazenda do Colete, município de Poço Redondo - SE......................................... Avaliação da sobrevivência por espécies, após 7 meses de plantio, no MONA Grota do Angico, Sergipe..................................................................................... Taxa de crescimento relativo em altura (cm) das espécies implantadas após 7 meses no MONA Grota do Angico, Sergipe. (Hi – altura inicial, Hf – altura final e TCR – taxa de crescimento relativo)......................................................... Taxa de crescimento relativo em diâmetro (mm) das espécies nos modelos implantados por mudas após 7 meses. (Di – diâmetro inicial, Df – diâmetro final e TCR – taxa de crescimento relativo)......................................................... Planilha de custos iniciais para implantação de 1 ha de área ciliar....................... 16 18 21 22. 23. 24 28. ix.

(10) LISTA DE QUADROS. Quadro 1.. Página Caracterização etnobotânica das espécies estudadas no MONA Grota do Angico, Sergipe. GE – Grupo Ecológico, P- pioneira, C- Clímax.................... 12. x.

(11) SUMÁRIO Página RESUMO ..................................................................................................................... ABSTRACT ................................................................................................................. NOMENCLATURA, SÍMBOLOS E ABREVIAÇÕES .............................................. LISTA DE FIGURAS .................................................................................................. LISTA DE TABELAS ................................................................................................. LISTA DE QUADROS ................................................................................................ 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................ 2.1. Vegetação ciliar ...................................................................................... 2.2. Modelos de Recomposição Vegetal......................................................... 2.3. Disponibilidade Hídrica no Bioma Caatinga........................................... 3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................... 3.1. Caracterização da área de estudo............................................................ 3.2. Seleção da área ........................................................................................ 3.3. Análises de solo ...................................................................................... 3.4. Escolha das espécies ............................................................................... 3.5. Produção de Mudas ................................................................................. 3.6. Implantação do Experimento .................................................................. 3.7. Avaliações e Monitoramento .................................................................. 3.8. Análises dos dados .................................................................................. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 4.1. Dados climáticos da região...................................................................... 4.2. Resultados das análises de solo da área experimental ............................ 4.3. Sobrevivência das espécies...................................................................... 4.4. Taxa de crescimento relativo das espécies (TCR) .................................. 4.5. Curvas de crescimento das espécies implantadas ................................... 4.6. Custos iniciais para a recuperação florestal............................................. 5. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... ANEXOS ....................................................................................................................... v vi vii viii ix x 1 3 3 4 7 9 9 10 11 11 13 13 16 19 20 20 21 21 23 25 28 30 31 37. xi.

(12) 1. INTRODUÇÃO A Caatinga, vegetação nativa da região semiárida do Brasil, é um bioma de extrema importância para a região Nordeste. Sua cobertura vegetal, constituída por uma grande diversidade de espécies com portes e arranjos fitossociológicos variados, está representada especialmente por cactáceas, bromélias, espécies herbáceas e lenhosas de pequeno porte, geralmente, caducifólias (SOUTO, 2006). As famílias encontradas com maior frequência são Caesalpinaceae, Mimosaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae e Cactaceae, sendo a maioria das espécies representada pelos gêneros Senna, Mimosa e Pithecellobium (DANTAS e RIBEIRO, 2007). A vegetação nativa da Caatinga constitui um importante recurso para a subsistência da população que vive nessa região. A exploração essencialmente extrativista deste meio tem relação direta com o grau de utilidade das espécies, principalmente para fins energéticos, resultando em graves problemas para as espécies mais procuradas. De acordo com Figueirôa et al. (2008), a demanda de uso energético da vegetação tem gerado severas modificações nas paisagens naturais e perda de diversidade biológica por insuficiência de informações sobre o manejo adequado das espécies. A Caatinga, além de ser um bioma sob forte pressão antrópica, tem o processo de recuperação de suas áreas degradadas dificultado devido às condições adversas do meio, em especial as chuvas torrenciais e os longos períodos de seca. Na busca de soluções para estes problemas, tem-se recorrido às mais diversas estratégias. A maioria delas, porém, pautou-se na importação de modelos, tecnologias e ou insumos que, posteriormente, se mostraram inadequados (PEGADO et al., 2006). A conservação e a preservação dos recursos naturais do Semiárido somente serão possíveis com o uso adequado da terra pelos seus proprietários, bem como pelo desenvolvimento de métodos não destrutivos de utilização dos recursos florestais que sejam aplicáveis à região. Desta forma, torna-se urgente à criação e implementação de medidas que venham a contribuir para um melhor planejamento de manejo, usos e enriquecimento da Caatinga (DRUMOND et al., 2000). A maioria dos trabalhos desenvolvidos sobre este tema está baseada na identificação de locais e graus de desertificação, sendo que práticas de recuperação são poucas, e quando. 1.

(13) realizadas, buscam apenas aspectos econômicos, deixando o ecológico em segundo plano (LIMA, 2004). Neste contexto, o presente estudo foi realizado com o objetivo de avaliar o desenvolvimento inicial de 05 espécies de plantas lenhosas da Caatinga, com irrigação e sem irrigação, por meio da regeneração artificial, em trecho de mata ciliar do Alto Sertão Sergipano, considerando-se os aspectos ecológicos, socioeconômicos e custos de implantação para recomposição vegetal em áreas ciliares.. 2.

(14) 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1.. Vegetação ciliar De maneira geral, a literatura define mata ciliar como qualquer tipo de formação. vegetacional que ocorre adjacente ou bordeando as margens dos rios, córregos, lagos, represas e nascentes. Estes ambientes são altamente heterogêneos pela sua composição taxonômica, conforme o domínio regional, e encontram-se expostos ao regime estacional de cheias, dependendo direta ou indiretamente desse processo (RODRIGUES e NAVE, 2000). A mata ciliar também pode ser conhecida como mata de galeria, mata de várzea, mata de igapó, mata ribeirinha, beira-rio ou vegetação ripária, dependendo do domínio vegetacional onde ela esteja inserida (MANTOVANI, 1989; OLIVEIRA, 2006; RÊGO, 2008). Segundo Leandro e Viveiros (2003), as matas ciliares desempenham as funções de abrigar espécies da fauna e flora, fornecer alimentos à fauna, proteger os cursos d’água, controlar erosões nos solos e preservar a biodiversidade regional. Além disso, estas áreas funcionam como reguladoras do escoamento de água, sedimentos, nutrientes e poluentes, entre os interflúvios de uma bacia hidrográfica e o canal de escoamento do rio, agindo como um sistema de filtragem, ou como um sistema tampão (COSTA, 2004). Essas peculiaridades ambientais conferem às matas ciliares um grande aparato nas leis, decretos e resoluções visando a sua preservação. O Código Florestal Brasileiro (Lei n° 4.771/65, Art 2º) inclui as matas ciliares na categoria de Áreas de Preservação Permanente- APP (BRASIL, 1965). Assim, toda vegetação natural (arbórea ou não) presente ao longo das margens dos rios e ao redor das nascentes e de reservatórios, deve ser preservada (MARTINS, 2007). Num contexto global, as matas ciliares foram alvo de todo tipo de degradação, em razão do processo de urbanização. Além disso, as matas ciliares sofrem pressão por uma série de outros fatores antrópicos, pois são as áreas diretamente mais afetadas na construção de hidrelétricas e são as áreas preferenciais para a abertura de estradas e para a implantação de culturas agropastoris (CRESTANA, 2006). No domínio vegetacional da Caatinga, as matas ciliares constituem ambientes com maior umidade e, por isso, abrigam uma flora composta especialmente por espécies de porte arbóreo (LACERDA et al., 2005; FERRAZ et al., 2006). Muitas dessas espécies exibem diversificada importância econômica (ALBUQUERQUE et al., 2002; FERRAZ et al., 2006; MONTEIRO et 3.

(15) al., 2006; LUCENA et al., 2008), o que aumenta a pressão antrópica sobre as mesmas e reduz ainda mais a conservação dos ambientes ciliares. Em algumas localidades, o impacto das atividades humanas é tão forte que reduz a vegetação ciliar a indivíduos isolados e dispersos de forma irregular na paisagem. Infelizmente, a pressão de uso sobre a vegetação da Caatinga cresce numa velocidade maior que a velocidade de obtenção de informações sobre sua composição de espécies, forma de manejo de seus recursos, bem como sobre os processos ecológicos que possibilitam a restauração da estrutura das comunidades. Consequentemente, o conhecimento que existe sobre a composição de espécies típicas dos ambientes ciliares do Semiárido e dos fatores biológicos e ambientais determinantes da estrutura destes ecossistemas ainda é insuficiente para subsidiar ações conservacionistas, visando o aumento da biodiversidade e manutenção do papel funcional das matas (ARAUJO, 2009).. 2.2.. Modelos de recomposição vegetal Muitos avanços têm sido verificados nos últimos anos, no que diz respeito à “recuperação. florestal”. Embora seja uma área recente, a recuperação de áreas degradadas tem se desenvolvido muito e agregado conhecimentos, envolvendo principalmente a dinâmica de formações florestais nativas. Com o incremento de trabalhos nesta área, existem hoje diversos métodos possíveis de serem utilizados no repovoamento vegetal, pelo plantio de espécies arbóreas de ocorrência em ecossistemas naturais, procurando recuperar algumas funções ecológicas das florestas, bem como a recuperação dos solos (PINAY et al., 1990; JOLY et al., 1995; RODRIGUES e GANDOLFI, 1996). Holanda et al. (2009) avaliaram o comportamento de espécies arbóreas em solos degradados da Caatinga, visando à escolha de plantas adaptadas as condições salinas. Como resultados, as espécies embiratanha (Pseudobombax marginatum), craibeira (Tabebuia aurea), mulungu. (Erythrina. velutina). e. pereiro. (Aspisdosperma. pyrifolium). apresentaram. desenvolvimento satisfatório. Por outro lado, angico (Anadenanthera macrocarpa), cumaru (Amburana cearensis), aroeira (Myracrodruon urundeuva) e a espécie exótica gliricídia (Gliricidia sepium) demonstraram alta sensibilidade às condições salinas.. 4.

(16) Apesar dos avanços obtidos nos últimos anos, os métodos de recuperação gerados ainda estão limitados, muitas vezes, pelos altos custos de implantação e manutenção. Desta forma, é necessário maior envolvimento da pesquisa científica no desenvolvimento de tecnologias cada vez mais baratas e acessíveis (KAGEYAMA e GANDARA, 1994; KAGEYAMA, 2003; BARBOSA et al., 2003). A definição do método de regeneração a ser adotado deverá ocorrer após um completo diagnóstico da área, podendo-se optar pela regeneração natural ou artificial, por plantio de mudas ou por semeadura direta. O processo de recomposição florestal via regeneração natural requer estudos prévios da condição atual do sítio, capacidade de resiliência da área e fatores edafoclimáticos da região (BOTELHO et al. 2001), em reposta às perturbações naturais ou antrópicas (SILVA et al. 2007). A sucessão florestal das espécies decorre da ação recíproca de processos naturais, caracterizados por grupos de espécies vegetais que renovam as condições ecológicas regionais, conforme o nível de perturbação imposta na área (GANDOLFI, 2000). Este processo de recomposição natural ocorre normalmente da brotação de troncos e raízes, chuva de sementes (dispersão de propágulos) da própria área ou de fragmentos adjacentes; banco de sementes (reserva de sementes viáveis no solo) e banco de plântulas (PIÑA-RODRIGUES et al., 1992). A autoregeneração da vegetação vale-se também de meios externos, provenientes de fragmentos florestais próximos que funcionam como fontes de propágulos. Duarte et al. (2010) realizaram trabalho sobre a regeneração natural em uma área de Caatinga no sertão pernambucano e encontraram resultados interessantes. Considerando-se 4 classes de tamanho dos indivíduos regenerantes, constatou-se que algumas espécies da Caatinga não dispõem de recrutamentos contínuos. Foi o caso da espécie jurema preta (Mimosa tenuiflora), que apresentou indivíduos apenas na primeira classe de tamanho, e das espécies aroeira (Myracrodruon urundeuva) e braúna (Schinopsis brasiliensis), que apresentaram indivíduos apenas na classe de maior tamanho. Já as espécies mororó (Bauhinia cheilantha) e caatinga-deporco preta (Poincianella bracteosa) estavam presentes em todas as classes de regeneração natural, demonstrando que estas espécies apresentam potencial de se estabelecerem no local e serem as possíveis espécies dominantes do estrato adulto futuro.. 5.

(17) Segundo Botelho e Davide (2002), o uso da regeneração natural por exigir menos mão-deobra e insumos na operação de plantio, pode reduzir significativamente o custo de implantação de uma floresta de proteção. As principais vantagens da regeneração natural são: manutenção da flora local, baixo custo de implantação, necessidade de pouca mão-de-obra e não depende da produção de mudas. No entanto, deve-se considerar que o processo de regeneração natural transcorrerá mais lentamente quando comparado à implantação pelo método com o plantio de mudas, visto que o processo irá ocorrer nos padrões da sucessão florestal. Desta forma, pode-se citar como principais desvantagens deste método, a demora no processo de recomposição vegetal da área e o pouco controle sobre espaçamento e densidade nos povoamentos (BOTELHO e DAVIDE, 2002). No Brasil, a regeneração artificial é método prioritário na recuperação de fragmentos degradados (KAGEYAMA, 1992). Os principais procedimentos adotados neste método são o plantio de mudas, a semeadura direta e os sistemas de enriquecimento (BOTELHO e DAVIDE, 2002), sendo o plantio de mudas o método mais comumente utilizado. Entretanto, a grande dificuldade na implantação dos reflorestamentos com espécies nativas é a obtenção de mudas na qualidade e quantidade desejada, assim como na diversidade de espécies (SANTARELLI, 2000). Esta situação exige o desenvolvimento de novas técnicas silviculturais, envolvendo a identificação botânica das espécies, métodos de colheita, beneficiamento de sementes, armazenamento de sementes, mecanismos de dormência, germinação de sementes, embalagens, substrato e manejo de mudas. Um fator importante para o desenvolvimento dos métodos de recuperação ambiental é a escolha das espécies. Selecionar espécies nativas da região é mais adequado, pois, auxilia na preservação da diversidade genética regional e contribui para a manutenção da composição da flora e fauna locais (MONTAGNINI, 2001). Lima (2004) relata que a seleção das espécies e a sequência das fases de plantio devem estar de acordo com suas características ecológicas de sucessão (crescimento rápido ou lento). Desta forma, nas operações de reflorestamento, sugere-se primeiro o plantio das pioneiras, seguido das secundárias iniciais, secundárias tardias e, por fim, as clímax.. 6.

(18) O plantio de mudas, dentre as suas principais vantagens, apresenta garantia da densidade do plantio, alta sobrevivência dos indivíduos, espaçamento regular e facilidade na condução dos tratos silviculturais (pré e pós-plantio). Entretanto, a sua desvantagem é o alto custo de produção (insumos, sacos plásticos, tubetes, infra-estrutura, etc.) e mão-de-obra (BOTELHO e DAVIDE, 2002). Apesar de ser o modelo mais difundido na recuperação de áreas degradadas no Brasil, o alto custo para o plantio de mudas florestais ainda deve ser levado em consideração (FERREIRA et al., 2007). Segundo Costa e Piña-Rodrigues (1996), a semeadura direta requer baixos investimentos iniciais, é de fácil implantação e constitui-se em um método acessível para o pequeno produtor. Essa técnica é conhecida em alguns países como barata e versátil, podendo ser utilizada na maioria dos sítios, principalmente naqueles onde a regeneração natural ou o plantio não podem ser empregados (MATTEI, 1995). Embora seja uma alternativa econômica mais vantajosa em relação aos processos que utilizam mudas, nas condições de Semiárido este método não é tão eficiente, devido à periodicidade das chuvas na região. Sales (2008) observou, em seu trabalho, os efeitos da adição de esterco e da semeadura das espécies arbóreas Mimosa tenuiflora, Caesalpinia pyramidalis, Tabebuia caraiba e Anadenanthera macrocarpa na revegetação de uma área de Caatinga, degradada pela exploração lenhosa e superpastejo. O experimento mostrou-se inviável, pois nenhuma plântula conseguiu se estabelecer e persistir na área durante o período seco, sendo necessárias medidas mais eficazes para a revegetação utilizando-se estas espécies.. 2.3.. Disponibilidade Hídrica no Bioma Caatinga A distribuição da vegetação sobre a superfície da Terra é controlada mais pela. disponibilidade de água do que por qualquer outro fator. Isto porque a água é o principal constituinte das plantas, representando 50% da massa fresca nas lenhosas e cerca de 80 a 95% nas herbáceas (SILVA e FREITAS, 1998). É, portanto, um dos fatores ambientais determinantes da diversidade produtiva dos vegetais, podendo comprometer as funções vitais ou estimular reações adaptativas que capacitem as plantas a sobreviverem por longos períodos de estresse hídrico (DINIZ, 1999). Na Caatinga, a deficiência hídrica do solo é comum devido a três fatores principais: ao regime pluviométrico anual irregular e escasso (250-500 mm); às altas temperaturas (26-30°C) 7.

(19) (SAMPAIO, 2003) e à forte evaporação causada pela demanda evaporativa do ar e pelos altos níveis de radiação (LARCHER, 2000). Estas condições delimitam duas estações bem distintas: uma chuvosa, de curta duração (3 a 5 meses), e uma seca, de longa duração (7 a 9 meses, podendo se estender por anos) (MENDES, 1986; ANDRADE LIMA, 1989). Nesta região, a reduzida disponibilidade de água nos solos exerce grande influência na sobrevivência e adaptação das espécies vegetais, que respondem ao estresse ambiental de formas diferenciadas (SILVA et al., 2003). As espécies que são adaptadas a essas condições de alta transpiração e escassez de água são chamadas de xerófitas (CASTRO, 2006). As adaptações das plantas xerófitas podem ser caules carnudos para armazenar água; folhas menores, às vezes cobertas por uma camada de cera para diminuir a evaporação; folhas reduzidas a espinhos; e raízes longas. No entanto, algumas plantas podem sofrer apenas adaptações fisiológicas, como alterações no processo de abertura dos estômatos (COSTA, 2001). Apesar da forte restrição quanto à disponibilidade hídrica, a Caatinga hoje é reconhecida como um bioma de alta diversidade florística. Ainda assim, as informações disponíveis sobre o crescimento inicial de espécies lenhosas desta região ainda são escassas. Desta forma, torna-se essencial a realização de pesquisas ecofisiológicas sobre a reprodução e o crescimento de essências florestais da Caatinga, para aumentar o nível de conhecimento dessas plantas e favorecer a implantação de programas de recuperação de áreas degradadas no referido bioma.. 8.

(20) 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1.. Caracterização da área de estudo O estudo foi realizado em um trecho de mata ciliar da Fazenda do Colete, município de. Poço Redondo-SE, entre as coordenadas 64°44’67” S e 89°33’45” W (Figura 1). A Fazenda do Colete possui uma área total de 1.255,62 ha, onde 83,52 ha estão localizados no Monumento Natural Grota do Angico, unidade de conservação estadual criada através do Decreto 24.922, em 21 de dezembro de 2007 (SERGIPE, 2011). A referida UC possui uma área de 2.183 ha pertencentes ao Bioma Caatinga, e está localizada no Alto Sertão Sergipano, entre os municípios de Poço Redondo e Canindé de São Francisco, margeada ao norte pelo rio São Francisco.. Figura 1. Localização geográfica da área de estudo no Monumento Natural Grota do Angico, Sergipe. Fonte: Adaptado do Plano de Manejo do MONA Grota do Angico, 2011.. 9.

(21) A região apresenta um índice de pluviosidade entre 300 e 700 mm/ano, determinado por um período seco de aproximadamente 8 meses e um período chuvoso concentrado entre os meses de abril e agosto. A temperatura média anual é de 26o C, com variações não significativas no decorrer dos meses.. Os tipos climáticos desta região vão de Megatérmico Semiárido ao. Megatérmico árido (BOMFIM et al., 2002). O Sistema de Classificação de solos da Embrapa (2006) define duas ordens de solos que predominam na área do MONA. Estas estão associadas, principalmente, aos grandes compartimentos geomorfológicos, grupos litológicos e aspectos vegetacionais: neossolos de subordem litólicos e luvissolos. Além da baixa capacidade de armazenamento de água, tais solos apresentam limitações físicas ao crescimento do sistema radicular das plantas, alta erodibilidade, ampla variação de fertilidade, profundidade efetiva baixa, impedimento à mecanização e requer maior atenção sob o aspecto conservacionista (CARDOSO et al., 2002). Segundo Dantas e Ribeiro (2007), a formação vegetal na região do MONA, apóia-se nas características ecológicas dos indivíduos dominantes, sendo realizada a segmentação das formações vegetais em dois tipos: primárias e secundárias. A primária apresenta uma Caatinga Arbórea (conservada) de 5 a 12 metros de altura, pouco densa, composta pela vegetação de morros, platôs com leve inclinação e matas associadas a riachos intermitentes. A vegetação secundária está inserida em áreas de pastagens e áreas com solos salinizados (abandonados), com predomínio de arbustos, herbáceas e pouca vegetação arbórea. 3.2.. Seleção da área A seleção da área experimental seguiu a organização espacial definida no Zoneamento. Ambiental do MONA Grota do Angico. Esta divisão considerou o grau de intervenção antrópica e definiu as diversas zonas em: primitiva, de uso extensivo, de uso intensivo, histórico/cultural, de recuperação, conflitante, especial e de ocupação. A Fazenda do Colete está inserida na Zona de Recuperação, e tem a maior parte constituída por um ecossistema altamente degradado. A presença de animais (caprinos e bovinos) e a extração ilegal de madeira por moradores do entorno são os principais responsáveis por acelerar os processos erosivos do referido local.. 10.

(22) 3.3.. Análises de solo Foram coletadas na área experimental 5 amostras de solo, utilizando-se um anel metálico. vazado com 10 cm de altura, 15,5 cm de diâmetro e área de 0,0189 m² (Figura 2). O anel foi introduzido no solo com o auxílio de um martelo, removendo-se a uma camada de 0 a 10 cm de solo. Para que amostras não fossem retiradas aleatoriamente, realizou-se um caminhamento em zig-zag na área, assegurando maior representatividade do material coletado.. Figura 2. Ferramentas (martelo e anel metálico) utilizadas na coleta de solo no MONA Grota do Angico, Sergipe.. Em seguida, as amostras de solo foram acondicionadas em sacos plásticos, devidamente etiquetados, e encaminhadas ao ITPS (Instituto Tecnológico e de Pesquisas do Estado de Sergipe) para avaliação das suas características físicas e químicas.. 3.4. Escolha das espécies. Para a escolha das espécies lenhosas implantadas no experimento levou-se em consideração dois aspectos: o ecológico e o socioeconômico. O primeiro, baseou-se no levantamento botânico realizado por Dantas e Ribeiro (2007) para a criação do MONA Grota do Angico. O outro foi observado através dos resultados das oficinas de Diagnóstico Rápido 11.

(23) Participativo (DRP) realizadas entre as comunidades locais, descrevendo a importância socioeconômica de algumas espécies para região (GOMES, 2007). A seguir, são apresentadas algumas utilidades das espécies estudadas para a comunidade sertaneja (Quadro 1).. Quadro 1. Caracterização etnobotânica das espécies estudadas no MONA Grota do Angico, Sergipe. GE – Grupo Ecológico, P- pioneira, C- Clímax. Nome Vulgar Aroeira-do-sertão. GE P. Família/Espécie Anacardeaceae Myracrodruon urundeuva Allemão. Umbuzeiro. P. Anacardiaceae Spondias tuberosa Arruda. Mulungu. P. Leguminosae Erythrina velutina Willd.. Marizeiro. Pereiro. C. Leguminosae. C. Geoffroea spinosa Jack. Apocynaceae Aspidosperma pyrifolium Mart.. Usos Etnobotânicos. Fonte. Na medicina popular, as cascas dessa espécie são utilizadas no tratamento de inflamações, lesões e infecções da pele, e na fabricação de xaropes para o tratamento de doenças respiratórias. A sua madeira, conhecida pela dureza e resistência, é utilizada na fabricação de utensílios para uso em animais de carga e tração. Pode ser aproveitada de diversas formas, tanto para alimentação humana (frutos) quanto para a suplementação alimentar de animais, especialmente caprinos e ovinos, que constituem os rebanhos predominantes nessa região. Sua madeira leve apresenta diversas aplicações, desde o uso na confecção de tamancos, jangadas e caixotaria à utilização de moirões para cercas. É comumente encontrada na arborização de jardins e parques das cidades do Nordeste brasileiro. A madeira é moderadamente pesada, medianamente resistente podendo ser empregada na fabricação de móveis rústicos, além de lenha e carvão. Sua madeira é amplamente empregada para serviços de carpintaria por apresentar madeira de boa qualidade para estes fins. MARQUES (2008). CAVALCANTI et al. (2000). LIMA (1989). LORENZI (1998). TIGRE (1968). Para a escolha dos indivíduos no Viveiro Florestal, foram utilizados os seguintes critérios: qualidade fitossanitária, características de desenvolvimento em altura (entre 15 e 40 cm) e diâmetro à altura do colo (entre 2 mm e 5 mm), estes variando de espécie para espécie.. 12.

(24) 3.5.. Produção de Mudas A produção de mudas foi realizada no Viveiro Florestal da Companhia Hidrelétrica do. São Francisco (CHESF), no período de dezembro 2010 a março de 2011, sendo empregado o método da semeadura direta nos recipientes. Para a confecção das mudas, foram utilizados sacos de polietileno preto (15 x 18 cm), tendo como substrato: terra vegetal, esterco curtido e pó de coco na proporção 3:1:1. Os substratos não foram corrigidos quanto ao pH, nem acrescidos de adubo químico. 3.6.. Implantação do experimento O experimento foi implantado em abril de 2011, em um trecho de mata ciliar à margem. do Rio São Francisco, localizado na Fazenda do Colete (Figura 3), município de Poço RedondoSE. Empregou-se na área selecionada o método de recuperação artificial por meio do plantio de mudas.. Figura 3. Área experimental na Fazenda do Colete, no MONA Grota do Angico, Sergipe.. 13.

(25) O delineamento utilizado na implantação do experimento foi em blocos casualizados (DBC), em um esquema fatorial com 4 repetições, conforme o ilustrado na Figura 4. A área experimental representa 1.944 m² da fazenda do Colete, sendo que cada bloco possui 486 m². Em cada bloco, efetuou-se o plantio de 70 indivíduos, totalizando-se 280 mudas na área de estudo, incluindo-se a espécie de bordadura (Tabebuia aurea). As espécies de interesse (Myracrodruon urundeuva, Aspidosperma pyrifolium, Geoffroea spinosa, Erythrina velutina e Spondias tuberosa) foram implantadas em fileiras de 8 indivíduos cada.. Figura 4. Desenho amostral implantado na Fazenda do Colete, no MONA Grota do Angico, Sergipe.. Anterior ao plantio, a área foi cercada com arame farpado (5 fios) e estacas de sabiá, evitando-se, assim, a entrada de animais (bovinos, equinos, caprinos e ovinos) que pudessem ocasionar danos às mudas por pisoteio ou forrageamento. Além disso, a cerca evitaria a ação de pessoas desavisadas e proporcionaria maior proteção e sucesso na recuperação daquele local.. A abertura das covas foi realizada manualmente, com o auxílio de cavadores no centro de cada coroamento. As covas foram cavadas nas dimensões de (30 x 30 x 30 cm), em espaçamento convencional (3 x 3 m) (Figura 5). 14.

(26) Figura 5. Abertura de covas na área experimental, localizada na Fazenda do Colete, no MONA Grota do Angico, Sergipe.. Mediante a abertura das covas, realizou-se a adubação inicial com 200 g de superfosfato simples em cada cova, com o objetivo de favorecer o rápido desenvolvimento das raízes. Essa quantidade de adubo foi parcelada, sendo que metade foi depositada no fundo da cova e a outra metade misturada com a terra retirada na abertura das covas. Esse procedimento teve como finalidades promover uma maior homogeneização do adubo com a terra e facilitar a absorção do mesmo pelas raízes. A distribuição das espécies na área de plantio obedeceu a critérios de sucessão vegetal, alternando-se, nas linhas, as espécies de crescimento rápido e crescimento lento. Em cada bloco foram implantados 30 indivíduos de craibeira, para reduzir o efeito de borda e 40 indivíduos dentre 5 espécies, em linhas alternadas (Tabela 1).. 15.

(27) Tabela 1. Distribuição das espécies por bloco no MONA Grota do Angico, Sergipe.. Espécie. Linha de plantio. N. de indivíduos. Tabebuia aurea Beth.. Bordas. 30. Myracrodruon urundeuva Allemão. Linha 1. 08. Aspidosperma pyrifolium Mart.. Linha 2. 08. Spondias tuberosa Arruda. Linha 3. 08. Geoffroea spinosa Jack.. Linha 4. 08. Erythrina velutina Willd.. Linha 5. 08. Total. 70. Para a implantação do experimento, os procedimentos realizados obedeceram a seguinte ordem: a) análise de solo para avaliação da fertilidade e características físicas da área experimental; b) isolamento da área (por meio da confecção de cerca); c) capinas; d) coveamento (30 x 30 x 30 cm); e) coroamento num raio de 50 cm, a cada 3 meses; f) adubação inicial com superfosfato simples, utilizando-se 200 g/cova; g) plantio de mudas florestais. A adubação de cobertura foi realizada após 60 dias da implantação do experimento, utilizando- se 150 g/muda de NPK, na formulação (20.10.20). Por fim, foi realizada uma estimativa de custos necessários para implantação e manutenção de 1 hectare de vegetação ciliar, incluindo material e mão-de-obra.. 3.7.. Avaliações e monitoramento Em regiões semiáridas, onde há irregularidade na distribuição das chuvas, a irrigação. suplementar pode reduzir a mortalidade acentuada das plantas, especialmente quando a falta de água coincide com os períodos críticos do seu desenvolvimento. A partir desse pressuposto, no início do período seco da região (agosto), 50 % das mudas implantadas foram submetidas à irrigação suplementar. Para tanto, o experimento foi dividido em 8 áreas de mesmo tamanho, sendo empregado um sorteio para definição das áreas irrigadas e não irrigadas. Este procedimento teve por finalidade avaliar o desenvolvimento das espécies em ambos os tratamentos.. 16.

(28) Figura 6. Desenho amostral (pós-sorteio), indicando as áreas irrigadas e não irrigadas no MONA Grota do Angico, Sergipe.. A irrigação das áreas foi realizada três vezes por semana, com o auxílio de um regador. O volume de água utilizado para cada planta foi de 3,5 litros/dia, sendo o volume total por planta correspondente a 108,50 litros, em 31 irrigações. A distribuição das espécies nos dois tratamentos encontra-se apresentada na Tabela 2.. 17.

(29) Tabela 2. Distribuição das espécies em tratamentos: com irrigação (C.I.) e sem irrigação (S.I.), no MONA Grota do Angico, Sergipe.. Espécies. Tratamentos. N° de indivíduos. Myracrodruon urundeuva. 1 C.I.. 4. Myracrodruon urundeuva. 2 S.I.. 4. Aspidosperma pyrifolium. 3 C.I.. 4. Aspidosperma pyrifolium. 4 S.I.. 4. Spondias tuberosa. 5 C.I.. 4. Spondias tuberosa. 6 S.I.. 4. Geoffroea spinosa. 7 C.I.. 4. Geoffroea spinosa. 8 S.I.. 4. Erythrina velutina. 9 C.I.. 4. Erythrina velutina. 10 S.I.. 4. Com o objetivo de facilitar o controle de insetos (formigas, grilos, cupins, etc.) e da matocompetição, foram realizados, a cada 3 meses, o rebaixamento do mato e o coroamento das plantas em um raio de 70 cm. A sobrevivência dos indivíduos foi avaliada quinzenalmente, enquanto as características de crescimento (altura e diâmetro do colo) foram mensuradas mensalmente, desde o plantio até o 7º mês. Para a medição da altura, utilizou-se uma régua graduada (1,30 m) e para o diâmetro do colo, um paquímetro (0,05 mm).. 18.

(30) 3.8.. Análises dos dados No presente estudo, foram avaliadas a sobrevivência das mudas e as suas características. de crescimento (taxa de crescimento relativo em altura e em diâmetro do colo). A taxa de crescimento relativo das espécies foi estimada pela média de alturas dos indivíduos, de acordo com a seguinte equação: TCR = Hf – Hi x 100 Hi. (Equação 1) H i. Onde: H TCR = taxa de crescimento relativo em altura das espéciesi Hi = altura inicial Hf = altura final. Da mesma forma, a taxa de crescimento relativo em diâmetro das espécies foi estimada pela média de diâmetros dos indivíduos, utilizando a seguinte equação:. TCR = Df – Di x 100 Di. (Equação 2) H i. Onde: H TCR = taxa de crescimento relativo em diâmetro das espécies i Di = diâmetro inicial Df = diâmetro final. Os dados coletados mensalmente foram utilizados na elaboração das curvas de crescimento. Para as análises estatísticas, foi utilizado o programa SISVAR, sendo as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Scott Knott, ao nível de significância de 5% de probabilidade (FERREIRA, 2006) (ver anexos).. 19.

(31) 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1.. Dados Climáticos da região O histórico da precipitação no período de janeiro de 2009 a dezembro de 2011 (Figura 7). indica que as maiores intensidades pluviométricas na área de estudo ocorreram entre os meses de abril e agosto (período chuvoso na região). Durante o período de implantação do experimento (abril 2011) e monitoramento das espécies (abril a outubro de 2011), pôde-se observar que a menor concentração de chuvas ocorreu nos meses de setembro e outubro, que correspondem ao início do período seco na região de estudo.. Figura 7. Histórico da precipitação na área de estudo, referente ao período de janeiro de 2009 a dezembro de 2011. (Fonte: Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos - SEMARH). MONA Grota do Angico, Sergipe.. 20.

(32) 4.2.. Resultados da análise de solo da área experimental De acordo com a classificação textural triângulo americano, que compara as frações de. areia (60,72%), argila (8,64%) e silte (30,64%), o solo da área experimental foi classificado como Franco Arenoso. A Tabela 3 apresenta os resultados das análises químicas e físicas das amostras de solo coletadas na Fazenda do Colete.. Tabela 3. Resultado das análises químicas e físicas do solo, da área experimental, na Fazenda do Colete, município de Poço Redondo - SE. Atributos. Unidade. Valores. _. 6,66. Matéria Orgânica. g/dm³. 5,32. Cálcio+Magnésio. cmolc/dm³. 2,54. Magnésio. cmolc/dm³. 0,59. Sódio. cmolc/dm³. 0,039. Potássio. cmolc/dm³. 0,11. Hidrogênio+Alumínio. cmolc/dm³. 0,672. _. 7,3. SB. cmolc/dm³. 2,69. CTC. cmolc/dm³. 3,36. PST. %. 1,16. V. %. 80,10. Areia. %. 60,72. Argila. %. 8,64. Silte. %. 30,64. pH em água. Phsmp. 4.3.. Sobrevivência das espécies A sobrevivência média das espécies após 7 meses de plantio foi de 91,22% (Tabela 4).. Esse percentual é considerado elevado, quando comparado com experimentos realizados em outras áreas de Caatinga (DRUMOND et al., 1999). Figueiredo (2010), em seu estudo, avaliou a sobrevivência e o crescimento inicial das essências florestais Caesalpinia pyramidalis, Mimosa tenuiflora e Cnidoscolus phyllacanthus, em duas áreas antropizadas pela exploração madeireira e superpastejo de Caatinga e ao final da primeira estação de crescimento, observou que a sobrevivência das mudas superou 90%. Por outro lado, Sales (2008) observou a sobrevivência de 21.

(33) apenas 40% para mudas de Mimosa tenuiflora e 4,3% para mudas de Caesalpinia pyramidalis plantadas em área desmatada e protegida do pastejo ovino e caprino.. Tabela 4. Avaliação da sobrevivência por espécies, após 7 meses de plantio, no MONA Grota do Angico, Sergipe.. Espécie Aspidosperma pyrifolium Mart. Erythrina velutina Willd. Geoffroea spinosa Jack. Myracrodruon urundeuva Allemão Spondias tuberosa Arruda CV (%) Média Geral. Nome Popular. Sobrevivência (%). Pereiro Mulungu Marizeiro Aroeira-do-sertão Umbuzeiro. 96,8 90,6 87,5 87,5 93,7 4,43 91,22. No presente estudo, duas espécies apresentaram sobrevivência superior à média geral: Aspidosperma pyrifolium, com 96,8%, e Spondias tuberosa, com 93,7%. Aspidosperma pyrifolium, por característica, adapta-se às mais severas condições de seca, próximo a leitos de rios, solos rasos e pedregosos (MAIA, 2004), enquanto que S. tuberosa está relacionada com o armazenamento de água e nutrientes nas raízes modificadas ou xilopódios, que desempenham papel importante na sua sobrevivência durante os períodos de estiagem (DRUMOND et al., 2000). Além disso, a adubação nitrogenada e a fosfatada contribuem significativamente para o desenvolvimento inicial de mudas de Spondias tuberosa (MELO et al., 2005). A regeneração natural de Spondias tuberosa na Caatinga degradada é muito baixa, devido à herbivoria por caprinos e à ausência de animais dispersores da fauna silvestre (CAVALCANTI et al., 2009). Assim, o alto percentual de sobrevivência das mudas de Spondias tuberosa na área estudada, reforça a importância do método de recomposição vegetal induzida para esta espécie. Erythrina velutina, apresentou um índice médio de sobrevivência de 90%. Segundo Lima (2010), a espécie é considerada resistente a períodos de seca, apresentando maiores índices de sobrevivência em várzeas úmidas e margens de rios da Caatinga. As espécies Geoffroea spinosa e Myracrodruon urundeuva apresentaram 87,5% de sobrevivência na área estudada.. 22.

(34) 4.4.. Taxa de crescimento relativo das espécies (TCR) As taxas médias de crescimento relativo em altura das espécies estudadas foram positivas. em ambos os tratamentos analisados, com diferenças significativas. Com relação à comparação por espécie, observou-se que Erythrina velutina apresentou maior TCR em ambos os tratamentos (C.I. e S.I.), seguida de Myracrodruon urundeuva (C.I.), que por sua vez apresentou desenvolvimento superior às demais espécies e tratamentos (Tabela 5). Tabela 5. Taxa de crescimento relativo em altura (cm) das espécies implantadas após 7 meses no MONA Grota do Angico, Sergipe. (Hi – altura inicial, Hf – altura final e TCR – taxa de crescimento relativo).. Tratamentos Myracrodruon urundeuva Allemão (C.I.) Myracrodruon urundeuva Allemão (S.I.) Aspidosperma pyrifolium Mart. (C.I.) Aspidosperma pyrifolium Mart. (S.I.) Spondias tuberosa Arruda (C.I.) Spondias tuberosa Arruda (S.I.) Geoffroea spinosa Jack. (C.I.) Geoffroea spinosa Jack. (S.I.) Erythrina velutina Willd. (C.I.) Erythrina velutina Willd. (S.I.). Médias Hi. Hf. TCR (%). 27,35 a2 22,19 a2 15,48 a1 16,01 a1 53,05 a6 51,50 a6 33,80 a3 39,08 a4 45,76 a5 42,66 a4. 30,62a3 23,95a2 16,31a1 17,25a1 55,63a5 55,50a5 35,61a3 40,51a4 55,16a5 52,03 a5. 9,17 a1 6,04 a1 5,29 a1 7,07 a1 4,90 a1 6,93 a1 5,19 a1 3,54 a1 16,96 a2 17,66 a2. *Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.. Para a taxa de crescimento relativo em diâmetro do colo houve diferença estatística entre os tratamentos (Tabela 6). Com relação à análise por espécie, observou-se que a Myracrodruon urundeuva (S.I.) apresentou maior TCR (29.30%), seguido do Geoffroea spinosa (C.I.), com TCR (27.52 %). A menor taxa de crescimento em diâmetro do colo foi da Erythrina velutina (S.I.), com TCR (16,93%).. 23.

(35) Tabela 6. Taxa de crescimento relativo em diâmetro (mm) das espécies nos modelos implantados por mudas após 7 meses. (Di – diâmetro inicial, Df – diâmetro final e TCR – taxa de crescimento relativo).. Tratamentos Myracrodruon urundeuva Allemão (C.I.) Myracrodruon urundeuva Allemão (S.I.) Aspidosperma pyrifolium Mart. (C.I.) Aspidosperma pyrifolium Mart. (S.I.) Spondias tuberosa Arruda (C.I.) Spondias tuberosa Arruda (S.I.) Geoffroea spinosa Jack. (C.I.) Geoffroea spinosa Jack. (S.I.) Erythrina velutina Willd. (C.I.) Erythrina velutina Willd. (S.I.). Di 2,2 a1 2,1 a1 4,6 a2 5,3 a3 6,8 a4 7,4 a4 3,9 a2 4,0 a2 14,8 a5 14,5 a5. Médias Df. TCR (%). 3,1 a1 3,4 a1 6,0 a2 6,5 a2 8,7 a3 9,3 a3 5,5 a2 5,0 a2 19,0 a5 17,5 a4. 25,93 a2 29,30 a2 21,28 a1 17,49 a1 21,05 a1 19,94 a1 27,52 a2 20,73 a1 21,69 a1 16,93 a1. *Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Scott Knott a 5% de probabilidade.. Figueirôa et al. (2004) avaliaram o crescimento de plantas jovens de Myracrodruon urundeuva em três tratamentos de suprimento hídrico. Neste estudo, os autores observaram que a espécie Myracrodruon urundeuva apresenta várias características adaptativas à escassez de água na Caatinga e chegaram à conclusão de que os melhores tratamentos para a produção de mudas foram os de estresse hídrico mais severo, possibilitando maiores chances de plantio e estabelecimento das mesmas nesse ambiente.. 24.

(36) 4.5.. Curvas de crescimento das espécies implantadas Analisando-se o crescimento em altura das espécies, verificou-se, como era esperado,. maior desenvolvimento inicial das espécies inseridas no grupo ecológico das pioneiras. Destacaram-se neste parâmetro as espécies Spondias tuberosa (55,63 cm (C.I.) e 55,50 cm (S.I.)) e Erythrina velutina (55,16 cm (C.I.) e 52,03 cm (S.I.)), por apresentarem desenvolvimento superior às demais espécies em ambos os tratamentos (Figura 8). O menor índice de crescimento foi observado na espécie clímácica Aspidosperma pyrifolium (17,25 cm (C.I.) e 16,31 cm (S.I.)).. Figura 8. Curvas de crescimento médio em altura das espécies plantadas nas áreas com irrigação (C.I.) e sem irrigação (S.I.), no MONA Grota do Angico, Sergipe.. 25.

(37) No parâmetro diâmetro do colo, a espécie Erythrina velutina (19,0 mm (C.I.) e 17,5 mm (S.I.)) apresentou desenvolvimento superior às demais espécies estudadas (Figura 9). Entretanto, este resultado poderia ser esperado, pois o rápido desenvolvimento em diâmetro para esta espécie é característico desde a sua fase em viveiro. O menor índice para o diâmetro do colo foi observado na espécie Myracrodruon urundeuva (3,1 mm (C.I.) e 3,5 mm (S.I.)).. Figura 9. Curvas de crescimento em diâmetro do colo das espécies plantadas nas áreas com irrigação (C.I.) e sem irrigação (S.I.), no MONA Grota do Angico, Sergipe.. 26.

(38) Na área experimental foi possível constatar o desenvolvimento satisfatório das espécies selecionadas até o sexto mês de avaliação, sem índices de mortalidade acentuados ou incidência de pragas e doenças (Figura 10).. Figura 10. Espécies selecionadas para plantio na Fazenda do Colete, município de Poço Redondo – SE. A– Craibeira (Tabebuia aurea); B– Mulungu (Erythrina velutina); CMarizeiro (Geoffroea spinosa); D- Umbuzeiro (Spondias tuberosa); E- Aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva) e F- Pereiro (Aspidosperma pyrifolium).. 27.

(39) 4.6.. Custos iniciais para a recuperação florestal A avaliação das necessidades sociais, econômicas e dos aspectos culturais das. comunidades humanas locais é imprescindível para garantir o pleno êxito na recuperação de áreas degradadas. Isto porque a degradação e a perda de solo no bioma Caatinga contribuem significativamente para o agravamento da pobreza no meio rural. Quando as áreas a serem restauradas estão situadas dentro de pequenas propriedades, as questões de ordem econômica passam a ter maior relevância, pois tratam-se de espaços já ocupados por alguma atividade econômica que provê o sustento dessas famílias. Realizando-se uma análise econômica do projeto de recuperação proposto, verificou-se que os custos de implantação da área experimental (1.944 m²), envolvendo as atividades de plantio e manutenção, totalizaram-se em 2.300,00 reais. A partir desses dados, foi realizada uma projeção dos custos de implantação de vegetação ciliar em uma área correspondente a 1 hectare, com manutenções no período de 1 ano (Tabela 7). Tabela 7. Planilha de custos iniciais para implantação e manutenção (1 ano) em 1 ha de área ciliar. ITEM. UNIDADE QUANTIDADE. VALOR UNIT. R$. VALOR TOTAL R$. Implantação Trabalhador Rural - Preparo de área (roçada de mato-competição) (5 homens) Trabalhador Rural - Combate a formiga (2 homens) Trabalhador Rural - Abertura de covas (10 homens) Trabalhador Rural - Plantio (10 homens). Diária. 10. 35,00. 350,00. Diária. 6. 35,00. 210,00. Diária. 60. 35,00. 2.100,00. Diária. 50. 35,00. 1.750,00. Mudas de espécies nativas. Ud. 1.111. 2,50. 2.777,50. Adubo Superfostato Simples (saco 50kg). Ud. 5. 65,00. 325,00. Formicida granulado (saco 500g). Ud. 5. 13,00. 130,00. Estacas de sabiá (isolamento da área). Ud. 200. 4,50. 900,00. Arame farpado (isolamento da área). Ud. 4. 140,00. 560,00. Grampo. Kg. 5. 9,00. 45,00. Sub-total. 9.147,50. Manutenções Roçada de mato-competição (5 homens) Trabalhador Rural - Combate a formiga (2 homens). Diária. 120. 35,00. 4.200,00. Diária. 20. 35,00. 700,00. Sub-total. 4.900,00. Total Geral. 14.047,50. 28.

(40) Conforme foi observado na Tabela 7, a recuperação de áreas degradadas da Caatinga não é uma tarefa barata. As despesas com mão de obra, mudas nativas e materiais para isolamento são os itens mais onerosos dessa atividade e dificultam o interesse dos proprietários rurais em reabilitar suas áreas antropizadas. Desta forma, fica evidente que há uma necessidade na identificação de metodologias que sejam efetivas para a restauração florestal nessa região e que também incluam a redução de custos e a ampliação do êxito destes processos.. 29.

(41) 5. CONCLUSÕES a) Após sete meses de avaliações, constatou-se que o índice de sobrevivência da Aspidosperma pyrifolium (96,8%) foi superior às demais espécies, sendo importante seu potencial e utilização em trabalhos de recuperação ciliar na região do Alto Sertão Sergipano. b) Erythrina velutina destacou-se entre as demais espécies por apresentar maior taxa de crescimento relativo em altura (TCR) nos dois tratamentos avaliados. c) Myracrodruon urundeuva (S.I) apresentou maior TCR (29.30%) em diâmetro do colo, justificado pelas características adaptativas da espécie à escassez de água na Caatinga. d) Os maiores valores absolutos em altura foram observados nas espécies Spondias tuberosa (C.I. (55,63 cm) e S.I (55,50 cm), Erythrina velutina (C.I. (55,16 cm) e S.I (52,03 cm)), respectivamente. e) As espécies Erythrina velutina (C.I. (19,0mm) e S.I (17,5mm)) e Spondias tuberosa (C.I. (8,7 mm) e S.I (9,3 mm), apresentaram maiores valores absolutos para diâmetro do colo, respectivamente, entretanto, o rápido desenvolvimento em diâmetro para Erythrina velutina é característico desde a fase de viveiro. f) Considerando-se o estabelecimento inicial, após 7 meses do plantio, as espécies selecionadas apresentaram índices de sobrevivência e desenvolvimento satisfatórios para recomposição da vegetal ciliar na área estudada. No entanto, novas pesquisas devem ser efetuadas para tais espécies, já que o período de avaliação e irrigação não é suficiente para oferecer resultados precisos. g) A definição do método de recuperação florestal a ser adotado deverá ocorrer após um completo diagnóstico da área, levando-se ainda em consideração os custos de implantação e manutenção das espécies em campo. h) A recuperação de áreas degradadas da Caatinga, através do plantio de mudas, é uma tarefa onerosa, principalmente para os pequenos agricultores.. 30.

(42) 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, U. P.; SILVA, V. A.; ANDRADE, L. H. C. Uso e conservação da diversidade de florestas secas e Úmidas de Pernambuco. In: Silva, J. M.; Tabarelli, M. (Org.). Diagnóstico da biodiversidade do estado de Pernambuco. Recife: SECTMA, 2002. p. 675-687. ANDRADE LIMA, D. Plantas das Caatingas. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Ciências, 1989, 243 p. ARAUJO, G. M. Matas ciliares da Caatinga: florística, processo de germinação e sua importância na restauração de áreas degradadas. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, UFRPE. 2009. BARBOSA, J. A.; SOUZA, E. M.; LIMA FILHO, M.; NEUMANN, V. H. A estratigrafia da bacia Paraíba: uma reconsideração. Estudos Geológicos, v. 13, p. 89-108, 2003. BOMFIM, L. F. C.; COSTA, I. V. G. da; BENVENUTI, S. M. P. Diagnóstico do Município de Santana do São Francisco. Projeto Cadastro da Infra-Estrutura Hídrica do Nordeste: Estado de Sergipe. Aracaju: CPRM, 2002, 21 p. BOTELHO, S. A.; DAVIDE, A. C. Métodos silviculturais para recuperação de nascentes e recomposição de matas ciliares. In: Simpósio Nacional de Recuperação de Áreas Degradadas, 2002, Belo Horizonte, MG. Anais... Belo Horizonte: v. 5, 2002, p. 123-145. BOTELHO, S. A.; FARIA, J. M. R.; FURTINI NETO, A. E.; RESENDE, A. V. Implantação de florestas de proteção. Lavras: UFLA/FAEPE, 2001, 81 p. BRASIL. 1965. Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965, Institui o Novo Código Florestal. Disponível em: <www.planalto.gov.br>. Acessado em 30 out. 2011. CASTRO, E. M de. Histologia e Anatomia Vegetal de Plantas Ornamentais. Lavras: UFLA, 2006, 120 p. (Textos acadêmicos). CAVALCANTI N. B.; RESENDE G. M.; BRITO, L. T. L. Processamento do fruto do imbuzeiro (Spondias tuberosa Arr. Cam.). Ciência e Agrotecnologia. Lavras, v.24, n.1, p. 252-259, 2000. CAVALCANTI, N. B.; RESENDE, G. M.; BRITO, L. T. L. Regeneração natural de sementes do imbuzeiro (Spondias tuberosa Arruda) no sertão de Pernambuco. Engenharia Ambiental. Espírito Santo do Pinhal, v. 6, n.2, p. 342-357, 2009. COSTA, A. R. As Relações Hídricas Das Plantas Vasculares. Portugal: Editora da Universidade de Évora, 2001. 75 p. (Textos acadêmicos).. 31.

(43) COSTA, J. P. O. Meio ambiente: áreas protegidas. Ministério das Relações Exteriores. Brasília, 2004. Disponível em: <www.mre.gov.br/cdbrasil/Itamaraty/web/port/meioamb/arprot/apresent/index.htm> Acessado em 12 fev. 2011. COSTA, L. G. S.; PIÑA RODRIGUES, F. C. M. Viabilidade técnica da recuperação de áreas degradadas. Belém: FCAP, Serviços de documentação e informação, 1996, 26 p. CRESTANA, M. S. M. (org.), FORRETTI, A. R., TOLEDO FILHO, D. V., ÁRBOCZ, G. F., SCHMIDT, H. A. P.; GUARDIA, J. F. C. Florestas – Sistemas de Recuperação com Essências Nativas, Produção de Mudas e Legislações, 2. ed. Campinas: CATI, 2006. 60p. DANTAS, T. V. P.; RIBEIRO, A. S. Capítulo III: Diagnóstico da Biota - Levantamento Botânico. In: Ribeiro, A. S. (Coord.). Estudos para criação do Monumento Natural Grota do Angico. Sergipe: Governo de Sergipe, Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, 2007, 51 p. DINIZ, M. C. M. M. Desenvolvimento e rebrota da cunha (Clitoria ternatea L.) sob estresse hídrico, em associação com fungos micorrízicos Bradirhizobium. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife. 1999. DRUMOND, M. A.; OLIVEIRA, V. R.; CARVALHO FILHO, O. M. Introdução e seleção de espécies forrageiras exóticas na região semiárida do estado de Sergipe. Acta Botanica Brasilica, São Paulo, v.13, n.3, p. 251–256, 1999. DRUMOND, M. A.; KIILL, L. H. P.; LIMA, P. C. F.; OLIVEIRA, M. C. de; OLIVEIRA, V. R. de; ALBUQUERQUE, S. G.; NASCIMENTO, C. E. de S.; CAVALCANTE, J. Estratégias para o uso sustentável da biodiversidade da caatinga. Recife: UFPE, 2000, 21 p. (Documento para Discussão no GT do Bioma Caatinga). DUARTE, H. H. F.; FERREIRA, R. L. C.; ALVES JÚNIOR, F. T.; FERRAZ J. S. F.; CÉSPEDES, G. H. G. Regeneração natural de uma área de Caatinga no sertão pernambucano, Floresta-PE. In: X Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão. Anais... Recife: UFRPE, 2010. EMBRAPA. Classificação e caracterização de áreas do Semi-árido baiano. Petrolina: Embrapa - Semi-árido, 2006. FERRAZ, J. S. F.; ALBUQUERQUE, U. P.; MEUNIER, I. M. J. Valor de uso e estrutura da vegetação lenhosa às margens do Riacho do Navio, Floresta, Pernambuco. Acta Botanica Brasilica, Porto Alegre, v. 20, p. 1-10, 2006. FERREIRA, D. F. SISVAR - Sistema de Análise de Variância. Lavras: UFLA, 2006. FERREIRA, R. A.; DAVIDE, A. C.; BEARZOTI, E.; MOTTA, M. S. Semeadura direta com espécies arbóreas para recuperação de ecossistemas florestais. Revista Cerne, Lavras, v.13, n.3, p. 271-279, 2007.. 32.

Referências

Documentos relacionados

Promovido pelo Sindifisco Nacio- nal em parceria com o Mosap (Mo- vimento Nacional de Aposentados e Pensionistas), o Encontro ocorreu no dia 20 de março, data em que também

A seqüência analítica • Definição do problema • Escolha do método • Amostragem • Pré-tratamento da amostra • Medida • Calibração • Avaliação •

O desenvolvimento das interações entre os próprios alunos e entre estes e as professoras, juntamente com o reconhecimento da singularidade dos conhecimentos

2. Identifica as personagens do texto.. Indica o tempo da história. Indica o espaço da história. Classifica as palavras quanto ao número de sílabas. Copia do texto três

1- A vida das comunidades recoletoras era muito difícil, devido ao frio intenso e aos animais ferozes, mas também porque era difícil encontrar comida e lugares onde se abrigarem.. 2-

O empregador deverá realizar a avaliação ambiental de poeira de asbesto nos locais de trabalho em intervalos não superiores a seis meses.. Os registros das avaliações deverão

Neste sentido seria importante pensarmos a surdez, e nesse caso (sobretudo), a história escolar dos sujeitos surdos, a partir de suas narrativas, para um olhar aos gestos mínimos

Full-duplex – os dispositivos da rede possuem a capacidade de enviar e receber dados simultaneamente, não sendo obrigado a esperar o envio de dados para depois fazer a coleta de