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Academic year: 2021

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Universidade Federal de Juiz de Fora / Faculdade de Educação / CAED Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação Pública Disciplina: Administração e Financiamento da Educação Pública Aluno : José Célio Pinheiro

Professor: Marcos Tanure Sanabi ASA: Leandro Pereira Matos

INTRODUÇÃO –

O cenário político brasileiro tem passado, nas duas últimas décadas, por mudanças que culminaram com a democratização do Estado e uma nova relação com a sociedade. A constituição de 1988 inovou significativamente ao instituir novos espaços de participação e intervenção popular nas políticas sociais. A participação nas decisões é um princípio característico da democracia e pode ser entendido como modificação e ampliação das relações de poder no processo decisório.

Desta forma e pela relevância do tema, como também pela atualidade da matéria, este trabalho visa demonstrar o protagonismo do governo e em especial do governo local, nesse processo de gestão social, não só como provedor dos canais de participação como também, na institucionalização das práticas participativas e inovadoras capazes de romper com os velhos paradigmas e mobilizar a sociedade para participar mais efetivamente na gestão das políticas públicas.

Gestão Social no setor público se caracteriza como um processo gerencial onde as pessoas decidem seus destinos de forma dialógica e participativas e os problemas são resolvidos com a intervenção de todos. Nas decisões, todos têm voz e vez, há a solidariedade e concordância de todos os sujeitos do processo e, consequentemente, uma responsabilização de todos pelas consequências e pelos destinos da Comunidade local.

Jurgen Habermos, teórico da segunda geração da escola de Frankfurt, desenvolveu um projeto baseado no conceito de cidadania deliberativa, centrado conceitualmente na relação sociedade-Estado, sociedade-Mercado, ou em suas cominações na possibilidade de que as políticas públicas sejam concertadas democraticamente entre estes pares de palavras-categoria em que velho conflito entre estatismo e privativismo, planificação e mercado está morrendo e um novo conflito surge através do pluralismo político e econômico. O novo debate é que democracias representativas, economias de mercados e sociedade civis livres podem assumir formas jurídico-institucionais bem diferentes daquelas que vieram predominar nas democracias industriais ricas.

Cidadania deliberativa, entendemos como as decisões políticas devem ter origem nos processos de discussões orientados pelos princípios da inclusão, do pluralismo, da igualdade participativa, da autonomia e do bem-comum. Dessa forma, Habermas procura a formação da opinião e da vontade comum não só pelo caminho do autoentendimento ético mas também pelo ajuste a interesses e por justificação moral. Habermas pretende reconciliar democracia e direitos individuais de tal forma que nenhum dos dois se subordine ao outro. O sistema de

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direitos não pode ser reduzido nem a uma perspectiva moral dos direitos humanos – liberalismo, nem a uma perspectiva ética da soberania popular

A proposta de Habermas foi elaborar uma teoria da sociedade em duas perspectivas: “investigar por uma parte, o contexto histórico de constituição de uma situação de interesse a que pertence a teoria, por assim dizer, através do conhecimento; e por outra parte , investigar o contexto histórico de ação sobre a qual a teoria pode exercer uma influência que orienta a ação. Em um caso se trata da práxis social que enquanto síntese social torna possível o conhecimento; no outro, de uma práxis política que conscientemente aspira a subverter o sistema de instituições existentes”.

(Habermas, 1987: 13-4) Ação estratégica: "a ação teleológica se amplia e se converte em ação estratégica quando no cálculo que o ator faz de seu êxito intervém a expectativa de decisões de ao menos outro ator que também atua com vistas à realização de seus próprios propósitos. Este modelo de ação é interpretado de forma estritamente utilitarista; então se supõe que o ator eleja e calcule meios e fins desde o ponto de vista da maximização da utilidade ou de expectativas de utilidade" (Habermas, 1987:123, v.l).

Com relação a ação estratégica, trata-se de uma ação social utilitarista, fundada no cálculo de meio e fins e implementada entre duas ou mais pessoas, cuja interação se dá com a autoridade formal de uma delas, aquela que possui maior poder hierárquico. Nesta ação gerencial, o sistema –empresa determina as próprias condições de funcionamento e o Estado tem total supremacia sobre a sociedade. A ação comunicativa é uma via única, onde as decisões são pautadas pela autoridade que detenha maior poder na Instituição. Na ação estratégica há uma combinação de competência técnica com atribuição hierárquica, produzindo um comportamento tecnocrático. O poder técnico ou tecnoburocrático se manifesta tento na esfera pública como privada, fenômeno comum às sociedades contemporâneas. Como bem frisa Habermas: Ação estratégica: "a ação teleológica se amplia e se converte em ação estratégica quando no cálculo que o ator faz de seu êxito intervém a expectativa de decisões de ao menos outro ator que também atua com vistas à realização de seus próprios propósitos. Este modelo de ação é interpretado de forma estritamente utilitarista; então se supõe que o ator eleja e calcule meios e fins desde o ponto de vista da maximização da utilidade ou de expectativas de utilidade" (Habermas, 1987:123, v.l).

Partindo-se para o setor educacional, as decisões são comumente tomadas de forma estratégica (ação), mesmo nos dias atuais. Não temos ainda a cultura da gestão social em toda sua plenitude. Por isso, nas discussões que envolvem processos mais complexos, a tomada de decisão, mesmo levada ao plenário, com discussões calorosas, as definições ficam sempre voltadas para a impressão daquele que possui maior grau de responsabilidade na mesa de discussão que é o agente superior hierarquicamente.

Para Fischer et al. (2006) a gestão social pode ser praticada tanto no âmbito público quanto privado, tendo como objetivo fundamental o desenvolvimento social, seja em nível micro ou macro, uma vez que a gestão sempre se orienta para a mudança e para o desenvolvimento

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A nível público municipal, a gestão social tem maiores possibilidades e ambiente para ser implantada em toda sua plenitude. Visto os exemplos dos Territórios da Cidadania pesquisados no Rio Grande do Sul, onde o modelo de gestão social é precariamente implantado, sentimos que esse modelo ainda não é implantado nos municípios que deveria ser.

O que ocorre no Rio Grande do Sul, onde a gestão social está implantada de forma tímida, o mesmo acontece com os demais municípios brasileiros. As comunidades não possuem nível de organização, cultura, discernimento e consciência para avaliar a importância desse modelo de gestão. No Nordeste, em especial, no Ceará, são poucos os municípios que têm conseguido implantar a gestão social plenamente. As pessoas envolvidas nos processos das associações ou mesmo em pequenas comunidades deixam de participar das decisões por não se sentirem responsáveis pelo processo, não serem capazes, por comodismo e falta de interesse, deixando toda responsabilidade das decisões para o principal gestor.

Temos o exemplo do município de Quixadá, no Ceará, que está incluído no programa de Território da Cidadania e que são poucas, ou quase ninguém ,as pessoas que conhecem as diretrizes do Programa. Tanto nas associações de bairros como as ONGs existentes no município ninguém adotam a Gestão Social como modelo de administração. Os associados não tomam conhecimento das decisões que ficam a cargo da diretoria e especialmente do presidente. Essa cultura está generalizada em todas as regiões do Ceará.

CONSIDERAÇÕES FINAIS –

Como vemos, nos últimos anos, o denominado terceiro setor( gestão social) tem sido apontado como saída para muitos problemas sociais da sociedade contemporâneas. Os sistemas-governo, com perspectiva de Estado mínimo, ora propõem parcerias ora deixam por conta do terceiro setor a responsabilidade de atender as deficiências na administração das Instituições.. É comum nos depararmos com palestras ou treinamentos sobre Gestão Social subordinados ao enfoque de teorias tradicionais que nunca se tornarão efetivos na medida em que os seus conteúdos não são coerentes com a lógica da Gestão Social e sim com a lógica do mercado tradicional que objetiva atingir o consumidor sem considerar o bem comum da Comunidade.

Caso Hipotético:

Estamos no início de fevereiro de 2013. O prefeito da sua cidade, João Fonseca, que é de tendência socialista, militante sindical e vinculado aos movimentos sociais, foi reeleito com ampla maioria de votos e com alta aprovação popular. Entre as suas promessas de campanha para o segundo mandato, verbalizou que irá “fazer uma revolução na educação municipal”. Você é o atual Secretário Municipal de Educação, nomeado por seu perfil político e técnico, bem como por sua trajetória profissional na educação básica. Após discussões com o atual Prefeito e pessoas de influência na gestão municipal, resolveram elaborar um Plano/Política Municipal de Educação para o município de Alto dos Montes.

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A partir do Modelo de “Ciclo da Gestão Social”, MDA (2005), elabore um esboço que contemple ações de planejamento (participativo), Organização (descentralizada), Direção/Coordenação (democrática) Controle Social (transparente)

1 - PLANEJAMENTO

Diagnóstico – A Avaliação visa levantar toda situação do desempenho atual das escolas municipais de forma que busque o crescimento em proficiência dos alunos, organização escolar, gestão administrativa com o compromisso de desenvolver um projeto que mude substancialmente os resultados da Educação municipal.

Visão de Futuro - Administraremos a educação municipal voltada para crescimento da qualidade da educação que, no seu atendimento, se refletirá na participação maciça da comunidade nas decisões da escola.

Planificação /objetivos – Melhorar a aprendizagem e reduzir o abandono dos alunos; Promover o crescimento da qualidade do ensino-aprendizagem da rede municipal com a melhoria dos indicadores educacionais. Efetivar a gestão democrática. Contribuir com a formação continuada dos professores e funcionários.

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que a ações tenham amparo legal e crédito junto à Comunidade Educacional.

Estratégias/Programas e Projetos – Adequar a proposta curricular da Secretaria de Educação à nova política educacional para a formação dos alunos; desenvolver projetos escolares que fortaleçam a aprendizagem escolar; envolver a família na realização das atividades complementares de aprendizagem; fortalecer a atuação dos colegiados escolares ; promover a formação continuada dos professores, em serviço; e oferecer maior suporte pedagógico aos professores.

2 - ORGANIZAÇÃO

Articulação( parcerias e políticas Públicas) - Articular-se em busca de parcerias públicas com o Governo do Estado e da União através da celebração de convênios para capacitação de pessoal administrativo, dos professores e gestores educacionais; melhoria do Transporte Escolar; das instalações físicas das escolas existentes, construção de novas escolas para universalizar o atendimento aos jovens e crianças do município .

Divisão de Atribuições e Tarefas – Promover uma reestruturação física e organizacional na Secretaria de Educação de forma que pudesse melhor atender à demanda e fortalecer as relações com as escolas. Rever o Organograma da SME no sentido de adaptá-lo às novas políticas e equilibrar a distribuição dos serviços para agilizar o atendimento.

3 - DIREÇÃO/COORDENAÇÃO –

Socialização das informações e fluxo de comunicação – Criar um fluxo de comunicação de modo que atenda com presteza e rapidez a demanda da Secretaria de Educação.

Monitoramento e Avaliação dos processos e Resultados - O processo de Monitoramento e Avaliação será efetivado por um Departamento especificamente criado para realizar o acompanhamento dos fluxos das ações administrativas e pedagógicas.

4 - CONTROLE SOCIAL –

Sensibilização/Mobilização - Serão viabilizadas reuniões sistemáticas com todos os segmentos da SME com o propósito de refletir, conscientizar, sensibilizar e apontar os caminhos para alcançar os objetivos do novo Projeto educacional. Criar mecanismos para colocar em prática todas as ferramentas necessárias para que todos estejam motivados e se sentindo responsáveis pelo sucesso do Programa.

REFERÊNCIAS

FISCHER, T. et al. Perfis visíveis na gestão social do desenvolvimento. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 40, n. 5, outubro 2006. Disponível em Habermas, Jürgen. Teoriay praxis: estudios defilosofia social. Madrid, Tecnos, 1987. Tenório, Fernando G. Flexibilização organizacional, mito ou realidade? Rio de Janeiro, Coppe/UFRJ, 1996. v. 1 e 2. (Tese de Doutorado.)

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