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EDUCAÇÃO INTEGRAL: O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO EM DEBATE

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Academic year: 2021

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EDUCAÇÃO INTEGRAL: O PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO EM DEBATE

ABDULMASSIH. Marilia Beatriz Ferreira- PUC-SP-CNPQ Doutorado em Educação- Currículo

mariliaabdulmassih@yahoo.com.br

CHIZZOTTI. Antônio- Prof. Orientador- PUC-SP anchizo@uol.com.br

RESUMO:

Este estudo tem como objetivo analisar as experiências de ampliação da jornada escolar, de quatro escolas públicas municipais, inseridas no Programa Mais Educação, em um município do Triângulo Mineiro. Para efetivação da pesquisa, optou-se pela utilização dos pressupostos teórico-metodológicos da pesquisa qualitativa, na modalidade do Estudo de Caso, onde se faz um estudo histórico das origens, conceitos e ideias formuladas sobre Educação Integral/Tempo Integral, das políticas públicas nacionais e das propostas curriculares dos programas governamentais que sinalizam a extensão do tempo diário na escola básica. Os resultados ainda que incipientes, são muito tímidos, pois estamos em tempo de ressignificação de conceitos e de novas aprendizagens, mas sinalizam que a jornada escolar ampliada possibilita ao (a) aluno(a) maior tempo de ampliar outras oportunidades educacionais e fortalecer o seu poder de decisão diante da vulnerabilidade social. A ampliação do tempo permite à escola, enquanto espaço social de apropriação, elaboração e reelaboração de conhecimento, incorporar em seu currículo atividades para o desenvolvimento de competências cognitivas e atitudinais necessárias para uma formação cidadã. As atividades desenvolvidas nas escolas analisadas, ainda que não atendam todas as expectativas de Educação Integral, propostas nos documentos do Programa Mais Educação, vem se revelando um esforço significativo na elevação da qualidade da educação para muitos(as) alunos(as). As atividades selecionadas a partir dos macro campos estabelecidas pelo plano de atendimento das escolas, podem confinar-se a algumas atividades da educação não formal, mas oferece oportunidades relevantes para alcançar outro patamar de educação escolar. A escola na concepção de educação integral, não executa sozinha todo o programa, mas articula com outros atores sociais na ampliação de tempos, espaços e oportunidades oferecidos aos(as) alunos(as) nela matriculados. O Programa Mais Educação, precisa ser visto como um laboratório de experiências culturais, sociais e históricas em que a realidade e o conhecimento adquirem novas formas.

Palavras- chave: Mais Educação. Políticas Públicas. Educação Integral.

Introdução

O tema Educação Integral vem ganhando, atualmente, espaço no debate educacional, principalmente com a implantação e implementação de várias ações do poder público e da sociedade civil no âmbito dessa temática.

As propostas de Educação Integral trazem em si diferentes concepções de educação, assim, dentro dessas novas propostas o papel da escola, o tempo e o espaço,

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a gestão, a prática pedagógica, a avaliação, o financiamento, a formação docente e até mesmo a organização curricular ganham novos significados.

O foco da cidade como novo espaço educacional, vendo sendo defendido por educadores e intelectuais. A intersetorialidade ganha destaque nesse novo espaço educacional e nas novas propostas de educação integral, retomando o direito à educação de todos os cidadãos.

O Programa Mais Educação representa na atualidade, o principal programa do governo federal para implementação da educação em tempo integral na escola básica brasileira entretanto, ressaltamos que, em outras esferas públicas, vem sendo criados projetos/programas que visam à ampliação do tempo de permanências de crianças e adolescentes, amparados pelo disposto na Lei 9394/969( CAVALIERE,2007).

A ampliação progressiva da jornada escolar está prevista na LDBEN 9394/96: Art.34 A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. §2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral a critério dos sistemas de ensino.

Através do Mais Educação, o governo federal investe na ampliação da jornada escolar, como um dos mecanismos de melhoria da qualidade de ensino da educação básica, na execução das atividades previstas nos macro campos, selecionadas pelas escolas. Tal melhoria deve ser sempre entendida e vinculada ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), na medida em que o programa visava atender prioritariamente, no momento de sua implantação, as escolas que possuíam baixo desempenho, na expectativa de melhorar assim, a sua proficiência e oferecer um ensino de qualidade.

O conceito de qualidade que costura tais propostas tem como única alternativa a normalização dos sujeitos, culturas, processos e práticas, ou seja, exclusão da diferença, negação da alteridade, ajuste do outro às identidades fixadas pelo modelo hegemônico e segregação daqueles que não se conformam às normas. (ESTEBAN, 2010, p. 47)

A partir dos resultados obtidos nas análises dos programas de avaliação de desempenho, nas análises do fracasso e do insucesso escolar, e na busca de ofertas de oportunidades iguais para todos, ganham força também, as políticas de ampliação de jornada escolar como fator relevante à melhoria da qualidade do ensino.

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Inúmeros aspectos relevantes para uma educação de qualidade ficam à margem de tal medicação, pois sendo mensurada somente por um índice, a educação acaba sendo simplificada.

Debates sobre o tema Educação Integral foram intensificados nas últimas décadas, posicionando diversos pesquisadores que questionavam o caráter populista nas propostas públicas, a inviabilidade de sua universalização ou sua consistência como projeto pedagógico.

Nos tempos atuais, a temática Educação Integral retorna ao centro das propostas curriculares e das legislações de ensino. A relevância da temática vem sendo integrada com o programa Mais Educação, que viabiliza maior tempo de permanência e espaços nas escolas públicas de educação básica.

No município de Ituiutaba, Pontal do Triângulo Mineiro- MG, quatro escolas foram inseridas no Programa Mais Educação, por apresentarem baixo desempenho no IDEB. Assim, este estudo tem como objetivo analisar as experiências de ampliação da jornada escolar, dessas escolas públicas municipais, inseridas no Programa Mais Educação, no período de 2010 a 2013, procurando verificar as concepções de Educação Integral vislumbradas nessas experiências.

O percurso metodológico

Ao longo da pesquisa, afirmativas e questionamentos sobre as diferentes propostas encontradas na literatura e, também, sobre a forma como se tem praticado a educação em tempo integral, a educação integral, os programas de ampliação da jornada escolar no Brasil e em especial o Programa Mais Educação no município de Ituiutaba-MG, são alicerçadas, podendo ser confirmadas ou negadas.

As pesquisas e publicações na área veem apontando que estas propostas visam à formação da pessoa humana e estão voltadas para a melhoria da qualidade do ensino na educação básica e a proficiência no IDEB.

Diante de toda a abordagem de pesquisa em educação e para a efetivação dessa pesquisa, optou-se pela utilização dos pressupostos teóricos metodológicos de uma pesquisa qualitativa, já que pretendemos analisar mais profundamente aspectos de uma realidade escolar pois:

A pesquisa qualitativa recobre hoje, um campo transdisciplinar, envolvendo as ciências humanas e sociais, assumindo tradições ou multiparadigmas de análise, derivadas do positivismo, da fenomenologia, da hermenêutica, do marxismo, da teoria crítica, do

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construtivismo e adotando multimétodos de investigação para o estudo de um fenômeno no situado local em que ocorre e, enfim, procurando tanto encontrar sentido desse fenômeno quanto interpretar os significados que as pessoas dão a eles. (CHIZZOTTI, 2011, p..28).

O autor ressalta também que o termo qualitativo implica uma partilha densa com pessoas, fatos e locais que constituem objetos de pesquisa (CHIZZOTTI, 2011, p. 28).

Os investigadores qualitativos, interessam-se mais pelo processo do que pelos resultados ou produtos, e tendem a analisar os seus dados de forma indutiva. As categorias podem ser construídas a priori ou posterior, é um processo indutivo/dedutivo. Sendo assim, diante de toda a abordagem ou estratégia de pesquisa qualitativa em educação, utilizou-se o Estudo de caso por considerar que:

O estudo de caso é uma caracterização abrangente para designar uma diversidade de pesquisa que coletam e registram dados de um caso particular ou de vários casos, a fim de organizar um relatório ordenado e crítico de uma experiência, ou avalia-la analiticamente, objetivando tomar decisões a seu respeito ou propor uma ação transformadora (CHIZZOTTI, 2008, p. 102).

O estudo de caso é uma forma particular de estudo e utiliza múltiplas fontes de dados ou de evidências. Até o presente momento, utiliza-se, conforme a orientação de Yin (2005), como fonte de evidências, a análise documental através de documentos do Ministério da Educação, o regimento escolar, o Projeto Político Pedagógico, o plano de atendimento e os registros em arquivos das escolas selecionadas, entrevistas semiestruturadas com pais, alunos, agentes comunitários participantes do programa, aplicação de questionários aos monitores que desenvolvem as atividades, observação indireta e grupo de discussão com as diretoras responsáveis pelas escolas.

Reflexões Finais:

Os debates atuais sobre a ampliação do tempo de permanência dos estudantes nas instituições escolares trazem, novamente em cena, os questionamentos sobre a formação integral desses estudantes e às definições controversas do que seja realmente uma Educação Integral.

Anísio Teixeira, desde a primeira metade do século XX, indicava que a ampliação da jornada escolar é um elemento que contribui para a diminuição da defasagem histórica da educação de crianças das camadas populares.

Os resultados ainda que incipientes, são muito tímidos, pois estamos em tempo de ressignificação de conceitos e de novas aprendizagens, mas sinalizam que a jornada

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escolar ampliada possibilita ao(a) aluno(a) maior tempo de ampliar outras oportunidades educacionais e fortalecer o seu poder de decisão diante da vulnerabilidade social. A ampliação do tempo permite à escola, enquanto espaço social de apropriação, elaboração e reelaboração de conhecimento, incorporar em seu currículo atividades para o desenvolvimento de competências cognitivas e atitudinais necessárias para uma formação cidadã.

As atividades desenvolvidas nas quatro escolas analisadas, ainda que não atendam todas as expectativas de Educação Integral, propostas nos documentos do Programa Mais Educação, vem se revelando um esforço significativo na elevação da qualidade da educação para muitos(as) alunos(as). As atividades selecionadas a partir dos macro campos estabelecidas pelo plano de atendimento das escolas, podem confinar-se a algumas atividades da educação não formal, mas oferecem oportunidade relevantes para alcançar outro patamar de educação escolar. A escola na concepção de educação integral, não executa sozinha todo o programa, mas articula com outros atores sociais na ampliação de tempos, espaços e oportunidades oferecidos aos(as) alunos(as) nela matriculados.

O Programa Mais Educação, precisa ser visto como um laboratório de experiências culturais, sociais e históricas em que a realidade e o conhecimento adquirem novas formas.

Referências

CAVALIERE, A.M. Escolas de tempo integral versus aluno em tempo integral. Em Aberto, Brasília, v. 22, n 80, p. 51 a 63. Abril, 2007.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa qualitativa em ciências Humanas e Sociais. 4ª edição. Petrópolis. Rio de Janeiro: Vozes, 2011, p. 28.

______________. Pesquisa qualitativa em ciências Humanas e Sociais. 9ª edição. São Paulo: Cortez, 2008, p.102.

ESTEBAN. M.T.& AFONSO. A. J. (orgs) Olhares e Interfaces - reflexões críticas sobre a avaliação. São Paulo: Cortez. 2010, p. 47.

BRASIL. Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.

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