FILOSOFIA
10ºANO Módulo inicial I – Iniciação à actividade filosófica
1. O que é a filosofia? 2. Quais são as questões da filosofia? 3. A dimensão discursiva do trabalho filosófico.
O QUE
É A
APROXIMAÇÃO
ETIMOLÓGICA
O termo «filosofia» teve
origem na Grécia antiga.
Etimologicamente podemos
distinguir nele duas
compo-nentes: fileo = amor, procura
e sophia = sabedoria,
conhe-cimento. Assim,
originaria-mente, o termo filosofia
queria dizer, para os Gregos,
«amor da sabedoria» ou
«busca do conhecimento».
APROXIMAÇÃO
SIMBÓLICA
Aproximação à
origem da filosofia
e do filosofar
No princípio está a
admiração, o espanto, o
assombro
No princípio está também a
experiência do erro e da
dúvida
No princípio está ainda o
desejo de felicidade
APROXIMAÇÃ
O HISTÓRICA
1º nascimento da
filosofia grega
2º nascimento da
filosofia grega
Os pré-socráticos e os seus modelos de explicação da Natureza A filosofia na e da cidade PROBLEMA COSMOLÓGICO PROBLEMA COSMOLÓGICO O tema predominante é a explicação do cosmos através de uma substância una que explique a multiplicidade do real, ordenando-o.
PROBLEMA PROBLEMA ANTROPOLÓGICO ANTROPOLÓGICO O homem torna-se o centro de toda a problemática filosófica.
FILOSOFIA PRÉ-SOCRÁTICA
O problema fulcral é o da origem do cosmos. Busca do
elemento primordial, ou substância original de todas as coisas.
A procura de um princípio de unidade do real a partir
da multiplicidade das coisas existentes é, então, a preocupação dominante neste período.
Os primeiros filósofos procuram o fundamento
primordial, aquilo que permanece e se define como uno, universal e imutável.
Este princípio de unidade é a substância primordial de
que tudo emerge e à qual tudo regressa, a matéria de que todas as coisas se compõem.
Escola de Mileto
(Tales, Anaximandro, Anaxímenes)
TALES (de Mileto)
É considerado o primeiro filósofo que estudou a
natureza das coisas.
Atribui a origem do real a uma substância sensível – a
água, justificando esta afirmação pelo papel da água
na vida das plantas e dos animais e pela importância
dos rios nas civilizações que conhecia (Egipto e
Mesopotâmia).
Anaximandro (de Mileto)
Admite como elemento primordial uma substância
não observável – o infinito ou ilimitado (apeiron).
Na origem de todos os seres está um elemento não
determinado que não é, nem se confunde com
nenhuma das substâncias já determinadas, mas contém em si todas as possibilidades de determinação.
Atribui ao apeiron imperecível e imortal um carácter
Anaxímenes (de Mileto)
Considera de novo uma substância determinada,
o ar, como princípio primordial, atribuindo-lhe
contudo as mesmas características do apeiron de Anaximandro.
Todas as coisas nasceram do ar por condensação
e rarefacção. O ar quando se rarefaz torna-se mais quente, transformando-se em fogo. Condensando-se, torna-se mais frio, engendrando o vento, as nuvens, a água, a terra e as pedras.
HERACLITO (de Éfeso)
• Surge como o filósofo do devir (vir-a-ser) e do
movimento. Talvez por isso, a substância primordial esteja para este autor materializada no fogo, devido à sua extrema mobilidade. Todas as coisas são fogo e estão em constante fluir (inflamação e extinção).
• Tudo está em movimento perpétuo. Nada permanece
idêntico.
«Não é possível descer duas vezes no mesmo rio; nós próprios somos e não somos».
PARMÉNIDES de Eleia
Preocupa-se com a negação do movimento
heraclitiano, reduzindo-o a uma simples aparência e afirmando simultaneamente que só a substância é verdadeira.
O Ser, a substância na sua unidade e
permanência, passa a ser concebida como algo imutável.
A substância perde o seu carácter material
(água, ar, fogo, etc.), tornando-se numa estrutura necessária e permanente. Para além da diversidade, do movimento do real, o ser é aquilo que permanece.
O ser, a substância é algo incriado,
imperecível, eterno, imutável, indivisível, total, uno, completo…
EMPÉDOCLES de Agrigento
Os elementos originários, substrato de todas
as coisas, são quatro: o fogo, a terra, o ar e
a água.
Admitiu a existência de duas forças
responsáveis pelo movimento mecânico dos quatro elementos e pelas suas combinações: o amor (que impele à união) e o ódio (que conduz à separação).
ANAXÁGORAS de Clazomene
Reconhecendo parcialmente o valor da argumentação
de Parménides, admitiu que partículas diminutas de todas as substâncias existentes existiriam desde sempre numa massa compacta originária.
Reconhecendo a impossibilidade de negar a mudança,
as transformações e a pluralidade das coisas, admitiu que uma força ou causa exterior, a que deu o nome de
Entendimento ou Nous, imprimiria movimento a
essa massa originária. As partículas, separando-se umas das outras e unido-se, depois, segundo a sua natureza, deram origem aos diferentes seres.
OS ATOMISTAS
(LEUCIPO e DEMÓCRITO)
A realidade originária seria constituída por
elementos mínimos indivisíveis (átomos), eternos, imutáveis em si, que se encontram em permanente movimento, possibilitado pela existência do vazio.
Das diferentes combinações dos átomos, em
colisão uns com os outros, é que resultam todos os seres, distintos entre si não por uma matéria diferenciada, mas tão-só em função do tamanho e da posição e disposição dos átomos.
2º nascimento da filosofia
grega
A FILOSOFIA NA E DA
CIDADE
DIMENSÃO ANTROPOLÓGICA DA FILOSOFIA
A Filosofia na “Polis”
Sócrates:
(Atenas, 469 a.c -399 a.c.) Afirmações: “Só sei que nada sei”; “Conhece-te a ti mesmo”
Platão:(
Atenas, 428/7 a.c -348/7 a.c.) Teoria das Ideias; Mundo sensível # Mundo inteligível
Aristóteles:(
Estagira 384 a.c - Atenas, 322 a.c.) Grande compilador da filosofia Pré-socrática (obra “Metafísica”) Sistematizador dos saberes/ciências
Especificidade da Filosofia
Autonomia
Radicalidade
Historicidade
Autonomia
De Auto (Próprio) + Nomos (Lei)
Afirmação da liberdade de pensar – pensar por si;
Em Filosofia não se aceita, de forma passiva e acrítica, qualquer verdade estabelecida;
Aceitação do diálogo crítico com os grandes pensadores;
Ver Texto de Kant (“O que é o
Radicalidade
A Filosofia quer ir à raiz dos
problemas;
Pretende
procurar
os
fundamentos, os princípios, as
causas primeiras de toda a
realidade;
Na
Filosofia
tudo
é
Historicidade
Os filósofos vivem num tempo histórico e num
espaço determinado;
Compreender um autor implica conhecer a época
em que viveu e pensou;
O filósofo volta a sua capacidade questionadora e
interrogativa para as temáticas da sua época;
Sendo a filosofia uma realidade histórica, tanto os
filósofos, como o seu pensamento e as suas obras deverão ser compreendidas e inseridas no seu tempo.
Os filósofos não podem ignorar o
Os filósofos não podem ignorar o
passado – têm de fazer da história o
passado – têm de fazer da história o
seu
“laboratório”,
pois
há
seu
“laboratório”,
pois
há
temáticas
colocadas
já
pelos
temáticas
colocadas
já
pelos
primeiros filósofos que ainda hoje
primeiros filósofos que ainda hoje
se mantêm sem resposta definitiva
se mantêm sem resposta definitiva
e
que
constantemente
nos
e
que
constantemente
nos
interpelam.
interpelam.
Universalidade
Universalidade
O objeto de reflexão da Filosofia
é a totalidade do real;
Todos os homens são filósofos, na
medida em que todos têm
capacidade racional. Todo o
homem está apto a filosofar a um
nível espontâneo (diferente do
sistemático);
Alguns dos seus problemas são
universais,
referem-se
à
existência do homem;
Cada ciência aborda a realidade numa perspetiva
delimitada, numa visão parcelar. A Filosofia não ignorando mas pressupondo o trabalho das diferentes ciências, representa o esforço do homem para se apoderar do sentido da totalidade totalidade
do real.
do real.
Sendo o saber da filosofia um saber centrado no
“homem” e nas suas realizações (cultura) e não tanto nas “coisas”, como acontece nas ciências, o saber resultante não pode adquirir (ou dificilmente pode adquirir) o estatuto de conhecimento certo e seguro, universalmente válido.
FILOSOFIA OU FILOSOFIAS
Não é fácil, não é pacífica, nem é consensual a noção ou conceito de filosofia.
Muitos preferem falar de filosofias, no plural, em vez de (uma) filosofia.
Uma
Uma
aproximaçã
aproximaçã
o à atitude
o à atitude
filosófica
filosófica
Filosofar implica:
Filosofar implica:
Sermos abertos ao mundo, sendo
sensíveis a tudo quanto nos
rodeia. Viver todas as situações
como se fossem nossas, recusando
o enclausuramento em nós mesmos
e contrapondo a simpatia à
indiferença,
o
amor
ao
alheamento.
Filosofar implica:
Filosofar implica:
Possuirmos
a
capacidade
de
admiração, de nos espantarmos com
as coisas e os acontecimentos. Este
espanto tanto pode significar que
sentimos amargura e indignação em
face do mundo circundante como pode
querer dizer que nos sentimos
maravilhados ou fascinados.
Filosofar implica:
Filosofar implica:
Assumirmos uma atitude de
interrogação. Assaltados pela
curiosidade, esta suscita uma
infinidade
de
perguntas
visando detectar a razão de
ser daquilo que constatamos.
Filosofar implica:
Filosofar implica:
Termos dúvidas acerca daquilo que vemos e
do modo como vemos. Desconfiar de nós
mesmos, da nossa interpretação ingénua e
primária das coisas e admitir que elas
talvez não sejam, não possam, ou não
devam ser tal como nos aparecem é a
postura mais saudável quando se deseja
conhecer a verdade daquilo que nos cerca.
Filosofar
Filosofar
implica
implica
:
:
Reflectirmos sobre aquilo que despertou
o nosso interesse. A reflexão torna-se
inevitável como meio de ultrapassar os
ardilosos aspectos da aparência e
chegarmos à compreensão daquilo que
observamos e extrairmos ilações para a
nossa vida e para nos empenharmos na
alteração dos factos com os quais não
estamos de acordo.
O fundamental da filosofia é a
crítica. A filosofia deve ser
estudada, não pelo mérito das respostas precisas sobre um certo número de questões primárias, mas pelo valor que em si mesma assume, para a cultura do espírito, a mera discussão de tais problemas.