PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTATÍSTICA E EXPERIMENTAÇÃO AGRONÔMICA
ESALQ
TEMA: AVALIAÇÃO DISCENTE NA UNIVERSIDADE Profª. Dra. Maria Teresa Dondelli Paulillo Dal Pogetto Faculdade de Ciências Humanas - Curso de Psicologia Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP
INTRODUÇÃO
Na Psicologia, há várias vertentes teóricas que explicam o desenvolvimento e a aprendizagem do indivíduo e, em decorrência disso, há diversas
formas de compreender a Avaliação do Estudante. Obviamente, o contexto requer algumas decisões: Qual dessas referências utilizar para fundamentar o
tema das aulas?
O que apresentar da teoria para garantir suporte às discussões?
INTRODUÇÃO
O critério adotado para a primeira escolha surgiu a partir do
Programa de Curso a mim enviado, do diálogo com alguns dos colegas que me antecederam, da importante influência dessa teoria para a Educação e, evidentemente, da minha trajetória profissional. Em sendo assim, a opção foi pela abordagem
Histórico-Cultural, cujo principal representante é Vygotsky
(1896 – 1934).
Quanto à segunda decisão, parece adequado oferecer uma
visão geral da teoria, destacando alguns conceitos fundamentais para a compreensão do tema em tela.
ORGANIZAÇÃO DAS AULAS
Nossos encontros estão organizados em três partes que se relacionam. São elas:
PARTE 1; AQUECIMENTO DAS DISCUSSÕES – NOSSOS CONCEITOS ESPONTÂNEOS.
PARTE 2: ALGUNS FUNDAMENTOS E
CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO – CULTURAL: CONCEITOS
CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS.
PARTE 3: A RELAÇÃO ENTRE A ABORDAGEM HISTÓRICO CULTURAL E O TEMA: AVALIAÇÃO DISCENTE NA UNIVERSIDADE
BIBLIOGRAFIA BÁSICA UTILIZADA
Onrubia, J. Ensinar: criar zonas de desenvolvimento proximal e
nelas intervir. In: Coll,C.; Martín, E.; Mauri, T.; Miras, et all.
(1998) O Construtivismo em Sala de aula, Série Fundamentos, 5ª ed. Editora Ática, São Paulo, SP.
Rego, T. C. Configurações Sociais e Singularidades: o Impacto
da Escola na Constituição dos Sujeitos. In: Oliveira, M. K.;
Souza, D. T. R.; rego, T. C. (org) (2002) Psicologia, Educação
e as Temáticas da Vida Contemporânea. Moderna Editora,
São Paulo, SP.
Rego, T. C. (1995) Vygotsky: uma perspectiva histórico –
PARTE 1- AQUECIMENTO DAS DISCUSSÕES: NOSSOS CONCEITOS ESPONTÂNEOS.
Quem de vocês já é docente?
Em que circunstâncias você se considerou bem e mal avaliado? Por quê?
Para você quais são os objetivos da avaliação? O que devemos levar em conta quando
preparamos uma avaliação?
A que conclusões, preliminares, chegamos sobre avaliação discente?
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
O PROJETO/PROGRAMA DE PESQUISA DE VYGOTSKY
Objetivo Central:
“caracterizar os aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar hipóteses de como essas características se formam as longo da história
humana e de como se desenvolvem durante a vida do indivíduo” (Vygotsky, 1984, p. 21 – In: REGO, p. 38).
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
Portanto a obra do autor se relaciona às dimensões: Filogenética: como tais características se formam
ao longo da história humana;
Ontogenética: de como se desenvolvem durante a vida do indivíduo e,
Histórico-social: como se dá a relação entre a história humana e a vida do indivíduo no
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
Contexto que Influenciou o Trabalho:
o “clima de renovação” da sociedade soviética pós revolução, cuja atmosfera era de grande
entusiasmo e inquietação, com exigência de se
buscar respostas às necessidades da sociedade em transformação, como por exemplo: a construção de programas educacionais que erradicassem o
analfabetismo e criasse oportunidades aos cidadãos.
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
Os dilemas da Psicologia da época que apresentava duas grandes tendências:
Com características das ciências naturais:
procurando explicar os procedimentos os processos elementares sensoriais, descrevendo o observável; Com características das ciências mentais:
procurando descrever, de forma subjetiva, as propriedades das funções psicológicas mais complexas.
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
Para Vygotsky nenhuma das tendências
possibilitava a fundamentação necessária para a construção de uma teoria consistente para explicar os processos psicológicos tipicamente humanos. Seu trabalho começou a sofrer severas críticas na
Rússia a partir de 1932, A publicação de suas obras foi proibida na União Soviética, por 20 anos (1936 – 1956).
Em 1962, começam a ser reconhecidas no ocidente e em 1984, no Brasil.
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
O Método:
A nova Psicologia de Vygotsky, que buscava
uma abordagem alternativa que superasse
as tendências antagônicas presentes na
Psicologia da época, procurou fazer a
síntese entre ambas as tendências,
apoiando-se no Materialismo Histórico e
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
Ponto Central do Método: todos os fenômenos devem ser estudados como processos em
movimento e mudança. Vygotsky procurou integrar, “numa mesma perspectiva, o homem enquanto
corpo e mente, enquanto ser biológico e social,
enquanto membro da espécie humana e participante do processo histórico” (Oliveira,1993, In: Rego, p.41)
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
ALGUMAS DAS PRINCIPAIS TESES/ IDÉIAS DE
VYGOTSKY
A Relação Indivíduo e Sociedade
as características tipicamente humanas não estão presentes desde o nascimento do indivíduo, nem são resultado das pressões do meio externo;
resultam da interação dialética do homem e seu meio sócio cultural;
ou seja, ao mesmo tempo em que o ser humano transforma o seu meio para atender suas
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
A Origem Cultural das Funções Psíquicas/Funções
Psicológicas Superiores
O desenvolvimento mental humano não é dado “à priori” Não é imutável e universal
Não é passivo
Não é independente do desenvolvimento histórico e das
formas sociais da vida humana.
Portanto, “a cultura é parte constitutiva da natureza humana”,
já que a característica psicológica da cultura se dá através da internalização dos modos historicamente determinados e
culturalmente organizados de operar com informações.” (Rego, p.42)
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
A Mediação presente em toda Atividade Humana a relação do homem com o mundo não é direta
essa relação é mediada por meios que se constituem nas “ferramentas auxiliares”
(INSTRUMENTOS e SIGNOS) da atividade humana;
a capacidade de criar essas “ferramentas auxiliares” é exclusiva do ser humano;
é através dos instrumentos e signos, ambos
construídos historicamente, que os
processos/funções psicológicas superiores são formados (as) pela cultura.
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
Portanto, os INSTRUMENTOS e SIGNOS fazem a
MEDIAÇÂO dos seres humanos entre si e deles com o mundo.
Sistema de Instrumentos: refere-se à atividade humana na
transformação da natureza.
Sistema de signos: relaciona-se à linguagem oral, escrita,
sistema numérico, etc.
Os instrumentos e signos são criados pela sociedade ao longo
da história humana e mudam a forma social e o nível de desenvolvimento cultural. Ambos são instrumentos que o homem emprega para modificar a situação a que responde. Portanto são meios de intervenção na realidade.
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
O CONCEITO DE FUNÇÕES PSICOLÓGICAS
SUPERIORES
“... modo de funcionamento psicológico tipicamente
humano. São processos sofisticados e “superiores”, porque se referem a mecanismos intencionais, ações conscientemente controladas, processos voluntários que dão ao indivíduo a possibilidade de
independência em relação às características do momento e espaço presente.” (Rego, p 39).
Referem-se a: capacidade de planejamento, memória, imaginação, pensamento abstrato, atenção, etc.
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
Tais processos: Não são inatos;
Desenvolvem-se ao longo do processo de internalização de formas culturais de
comportamento;
Diferem, portanto dos processos psicológicos
elementares (presentes na criança pequena e nos animais), tais como: reações automáticas, ações reflexas e associações simples, que são de origem biológica.
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
O CONCEITO DE ZONA DE DESENVOLVIMENTO
PROXIMAL (ZDP)
Através desse conceito se explica a Interação entre a
aprendizagem e o desenvolvimento. Entendendo que o APRENDIZADO se constitui num aspecto necessário e
fundamental no processo de desenvolvimento das FUNÇÕES PSICOLÓGICAS SUPERIORES e que é a aprendizagem que possibilita e movimenta o processo de desenvolvimento.
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
Vygotsky identificou dois níveis de
desenvolvimento:
Nível de Desenvolvimento Real ou
Efetivo: refere-se àquelas conquistas que já
estão consolidadas no sujeito, às funções
que ele já aprendeu, domina e já consegue
utilizá-las sozinho, sem assistência de
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
Nível de desenvolvimento Potencial:
refere-se às capacidades em vias de serem
construídas, ou seja, refere-se aquilo que o
sujeito é capaz de fazer, só que com a ajuda
de outras pessoas mais experientes. Desse
modo, o sujeito realiza as tarefas e soluciona
problemas através do diálogo, da
colaboração, da imitação, da experiência
compartilhada e das pistas fornecidas a ela.
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
Nível de Desenvolvimento Real (NDR): o que o aluno sabe fazer
sem ajuda/mediações. ZDP
Nível de desenvolvimento Potencial (NDP): o que o aluno sabe fazer com ajuda/mediações
PARTE 2- ALGUNS FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA ABORDAGEM HISTÓRICO-CULTURAL: CONCEITOS CIENTÍFICOS/ESCOLARIZADOS
Portanto a aprendizagem cria a Zona de
Desenvolvimento Proximal, uma vez que, na interação com outras pessoas o indivíduo pode colocar em ação vários processos de
desenvolvimento para o que, ele precisa da ajuda externa (Nível de Desenvolvimento Potencial). Esses processos são internalizados e passam a fazer parte das aquisições de seu desenvolvimento individual (Nível de Desenvolvimento Real).
PARTE 3-A RELAÇÃO ENTRE A ABORDAGEM HISTÓRICO CULTURAL E O TEMA: AVALIAÇÃO DISCENTE (NA UNIVERSIDADE)
Note-se que o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal permite:
o delineamento das competências do indivíduo (tanto o que ela já sabe, como suas futuras
aquisições);
a elaboração de estratégias de ensino (mediações) que possam auxiliar a aprendizagem;
analisar os limites da competência do aluno, isto é, aquilo que está além da Zona de Desenvolvimento Proximal, ou seja, aquilo que mesmo com ajuda externa ele não é capaz de fazer.
PARTE 3-A RELAÇÃO ENTRE A ABORDAGEM HISTÓRICO CULTURAL E O TEMA: AVALIAÇÃO DISCENTE (NA UNIVERSIDADE)
Via de regra, as avaliações realizadas nas escolas
costumam referir-se somente ao Nível de
Desenvolvimento Real. No entanto, o conhecimento adequado do desenvolvimento individual deve
considerar tanto o nível de desenvolvimento real, quanto o nível de desenvolvimento potencial.
Principalmente este último, dará ao professor a possibilidade de ajustar as
ajudas/assistências/mediações que serão
necessárias e suficientes para o aluno alcançar a autonomia (NDR).
PARTE 3-A RELAÇÃO ENTRE A ABORDAGEM HISTÓRICO CULTURAL E O TEMA: AVALIAÇÃO DISCENTE (NA UNIVERSIDADE)
Isto pressupõe que a avaliação seja processual e conectada aos objetivos de ensino, ou seja, àquilo que, gradativamente, o aluno deve aprender e deve ainda oferecer pistas relevantes para os modos mais eficientes de ensinar.