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Acidentes de trânsito ocorridos em estados da Região Nordeste ao longo da BR 101: um estudo com base nos dados da Polícia Rodoviária Federal para 2017

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Acidentes de trânsito ocorridos em estados da Região Nordeste ao longo da BR 101: um estudo com base nos dados da Polícia Rodoviária Federal para

2017

RESUMO

O objetivo do presente estudo foi analisar os principais fatores associados ao desfecho de acidentes de trânsito para condutores de automóveis ou motocicletas: ileso/vítima leve ou vítima grave/fatal. Utilizando dados Polícia Rodoviária Federal, analisou-se 3.791 casos desses condutores para o ano de 2017, cuja ocorrência foi registrada nos trechos da BR 101 localizados nos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Foram selecionados fatores associados demográficos, relacionados às condições meteorológicas no momento da ocorrência, dia e horário do acidente, características da via, características do veículo, causas presumíveis e tipo do acidente. Foram empregados modelos de Poisson com variância robusta para obtenção das razões de prevalência dos fatores associados. Entre os principais resultados, se destacaram, de um modo geral, para a maior ou menor gravidade do desfecho o sexo do condutor, a fase do dia em que aconteceu o acidente, características da pista e o tipo de acidente.

Palavras-chave: Acidentes de trânsito. Vítimas fatais. Fatores associados. Polícia Rodoviária Federal.

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INTRODUÇÃO

Os acidentes de trânsito têm se destacado na estrutura causas externas de mortalidade no país desde a década de 1960 (ORTIZ; YAZAKI, 1984; SOUZA; MINAYO, 2009; MOURA et al., 2015). Óbitos por essa causa têm se mostrado como um grande desafio no que se refere à transição epidemiológica, pois, se de um lado, o Brasil conseguiu diminuir as elevadas taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias, por outro, tem apresentado tendência crescente nas taxas de mortalidade e morbidade por esse tipo de acidente (SOUZA; MINAYO, 2009).

O Brasil apresenta um dos mais elevados índices de mortalidade por acidentes de trânsito do mundo por ter a cultura de um trânsito bastante violento (WAISELFISZ, 2013). Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (2013), o Brasil possuía a terceira maior taxa de mortalidade no trânsito das Américas (23,4 óbitos por 100 mil habitantes), perdendo apenas para a República Dominicana (29,3 óbitos por 100 mil habitantes) e Belize (24,4 óbitos por 100 mil habitantes) (OMS, 2013).

As Regiões Norte e Nordeste do Brasil têm apresentado as menores prevalências de uso de equipamentos de segurança por parte de condutores e passageiros (MALTA et al., 2016), e predomínio de acidentes fatais envolvendo motociclistas (AMBEV; FALCONI, 2017). Além do uso de equipamentos de segurança, outro importante fator relacionado aos acidentes de trânsito são as condições das vias (OMS, 2013). Na Região Nordeste, no ano de 2015, cerca de 13,6 mil km de rodovias federais e estaduais tinham pavimentos classificados como regulares, ruins ou péssimos (CNT, 2017a). Com relação à extensão da BR 101 nessa Grande Região, outro estudo apontou que trechos localizados nos estados de Sergipe e Bahia possuíam geometria viária e sinalização em condições deficitárias e que poderiam favorecer a ocorrência de acidentes de trânsito (CNT, 2017b).

Diante desse cenário, o objetivo do presente estudo foi analisar os principais fatores associados ao desfecho de acidentes de trânsito para condutores de automóveis ou motocicletas (vítimas leves/ilesos ou vítimas graves/fatais) utilizado dados da Polícia Rodoviária Federal para o ano de 2017, e considerando trechos da BR 101 que cortam os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

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METODOLOGIA

No presente estudo foram utilizadas informações sobre acidentes de trânsito disponíveis na seção de dados abertos da página da internet da Policia Rodoviária Federal para o ano de 2017. Foram analisados 3.791 casos de condutores de automóvel ou motocicleta que se envolveram em acidentes de trânsito na BR 101 nos trechos localizados nos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Para a análise dos fatores associados, foi empregado modelo de Poisson com variância robusta, tendo sido a variável dependente binária o desfecho do acidente de trânsito com condutor ileso/ferido leve (0) ou desfecho do acidente de trânsito com condutor ferido grave/vítima fatal (1). Foram selecionados fatores associados demográficos, fatores relacionados às condições meteorológicas no momento da ocorrência, dia e horário do acidente, características da via, características do veículo, causa presumível e tipo do acidente. Considerando que determinados trechos ao longo da BR 101 são mais perigosos que outros, foi adicionado no modelo multivariado o quilômetro dessa rodovia em que aconteceu o acidente como forma de controle dessa característica (valores não demonstrados na tabela de resultados).

RESULTADOS

Na análise descritiva contida na Tabela 1 destaca-se o fato de apenas 5,97% das mulheres condutoras de carro ou moto terem sido vítimas graves ou fatais, enquanto esse percentual para os homens foi de 15,8%. Entre aquelas ocorrências registradas ao amanhecer, o percentual para esse desfecho foi de 23,3%. Dos acidentes ocorridos em pista simples, cerca de 21% resultaram em condutores de carro ou motocicleta mortos ou feridos gravemente, entre a causa presumível do acidente classificada como aspectos do condutor (se dormiu ao volante, consumiu bebida alcoólica, desrespeitou a sinalização etc) o percentual de feridos graves ou falecidos foi de 15,6%. E por fim, entre os acidentes classificados como colisões frontais, cerca de 38% resultaram em condutores feridos graves ou vítimas fatais.

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Tabela 1: Análise descritiva e Modelo de Regressão de Poisson multivariado com variância robusta. Região Nordeste, BR 101, 2017.

No que se refere aos resultados do modelo de regressão de Poisson, pode-se se dizer, de um modo geral, que se destacaram entre os fatores associados a já

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conhecida desvantagem masculina em relação à feminina no trânsito, inclusive no que se refere à gravidade do desfecho (RP=2,19; p<0,05). Verificou-se como um fator protetor às ocorrências com condutores feridos gravemente ou falecidos o fato do acidente ter acontecido em pleno dia (RP=0,57; p<0,05) e em comparação com aqueles acidentes ocorridos ao amanhecer. Acidentes ocorridos em pista simples apresentaram uma razão de prevalência 43% maior de condutores feridos graves ou vítimas fatais do que acidentes ocorridos em pista dupla. Quanto ao tipo do acidente, colisão com objeto em movimento/estático (RP=0,38; p<0,05), colisão lateral (RP=0,49; p<0,05), colisão transversal (RP=0,60; p<0,05), Colisão traseira (RP=0,31; p<0,05), danos eventuais/derramamento de carga/Incêndio/engavetamento (RP=0,07; p<0,05) e outros tipos de acidentes (RP=0,63; p<0,05) apresentaram razões de prevalência menores em comparação com as colisões frontais que, reconhecidamente, são as mais violentas e que trazem consequências mais graves para os envolvidos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COMPANHIA DE BEBIDAS DAS AMÉRICAS – AMBEV; FALCONI – Consultores de resultado. Retrato da Segurança Viária 2017, 2017, 104 p..

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE – CNT. Anuário CNT do transporte 2017: Estatísticas consolidadas. Brasília: CNT, 2017a. 229 p.. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE – CNT. Pesquisa CNT de rodovias 2017: Relatório gerencial. Brasília: CNT, SEST, SENAT, 2017b. 403 p.. MALTA, Deborah Carvalho et al. Lesões no trânsito e uso de equipamentos de proteção na população brasileira, segundo estudo de base populacional. Ciênc. Saúde Coletiva, v. 21, n. 2, p. 399-410, 2016.

MOURA, Laísla Alves et al. Anos potenciais de vida perdidos por causas externas no Rio Grande do Norte, 2003 a 2012. UNOPAR Cient. Ciênc. Biol. Saúde, v. 17, n. 2, p. 101-106, 2015.

Organização Mundial de Saúde – OMS. Informe global sobre a situação da segurança no trânsito: apoio à década de ação. Genebra: OMS, 2013. 318 p. ORTIZ, Luis Patrício; YAZAKI, Lúcia Mayumi. Aumento do diferencial por sexo da mortalidade no estado de São Paulo. Rev. Bras. Est. Pop., Campinas, v. 1, n. 1/2, p. 145-170, jan./dez. 1984.

SOUZA, Edinilsa Ramos de; MINAYO, Maria Cecília de Souza. Mortalidade de jovens de 15 a 29 anos por violências e acidentes no Brasil: situação atual, tendências e perspectivas. In: Rede Interagencial de Informações para Saúde. Demografia e saúde: contribuição para análise de situação e tendências. Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde, 2009, p. 113-143.

WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da violência 2013: Acidentes de Trânsito e Motocicletas. Rio de Janeiro: Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos, 2013.

Referências

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