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Saúde suplementar no Brasil: uma análise temporal de mercado

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE DEMOGRAFIA E CIÊNCIAS ATUARIAIS

HUGO GALVÃO DA CUNHA

SAÚDE SUPLEMENTAR NO BRASIL: UMA ANÁLISE TEMPORAL DE MERCADO.

NATAL/RN 2017

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HUGO GALVÃO DA CUNHA

SAÚDE SUPLEMENTAR NO BRASIL: UMA ANÁLISE TEMPORAL DE MERCADO.

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Departamento de Demografia e Ciências Atuarias, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Ciências Atuariais.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Roberto Gonzaga

NATAL/RN 2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda - CCET

Cunha, Hugo Galvão da.

Saúde suplementar no Brasil: uma análise temporal de mercado / Hugo Galvão da Cunha. - 2017.

77f.: il.

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Departamento de Ciências Atuariais. Curso de Ciências Atuariais. Natal, RN, 2017.

Orientador: Marcos Roberto Gonzaga.

1. Saúde suplementar - Monografia. 2. Sustentabilidade - Monografia. 3. Mercado - Monografia. 4. Previsão - Monografia. I. Gonzaga, Marcos Roberto. II. Título.

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HUGO GALVÃO DA CUNHA

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências Atuariais, em cumprimento às exigências legais como requisito parcial para à obtenção do título de Bacharel em Ciências Atuariais.

Aprovada em: ____/_____/_______

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________ Prof. Dr. Marcos Roberto Gonzaga – Orientador

_______________________________________ Prof. Dr. José Vilton Costa – Avaliador

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que me incentivaram durante todo o período que estive na faculdade, a todo corpo docente com quem tive contato do Centro de Ciências Exata e da Terra pelo conhecimento repassado.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais Isac Lins da Cunha e Meire Galvão Cunha “ in memoria”.

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EPÍGRAFE

“O que nos causa problemas não é aquilo que sabemos, mas aquilo que temos certeza de que seja verdade”.

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RESUMO

Uma das maiores dificuldades no setor de saúde privada é a sustentabilidade financeira, onde a proporção de despesas frente as receitas excede o índice ideal de menor ou igual a 70%, causando um certo desequilíbrio nas contas das empresas. Em vista disso, pode-se afirmar que a saúde suplementar no Brasil, embora melhor nos últimos anos, precisa melhorar, especialmente quando o assunto é o custo . Com os dados disponíveis do setor de saúde suplementar desde a regulamentção do setor com a Lei 9.656/98, analisamos o comportamento do mercado em relação ao número de usuarios correlacionado com a taxa de desemprego, as receitas e despesas, verificando sua a sustentabilidade em relação ao volume de receitas e despesas do mercado em geral. Afim de medir a sustentabilidade do setor privado, que cada vez mais tem aumentado sua sinistralidade ano a ano, foram usados métodos de séries temporais para analisar tendências passadas e fazer previsões futuras, constatando que se não forem tomadas medidas efetivas para obtenção de redução de custos tornará inviável a manutenção do setor privado de saúde no mercado. O sistema privado tem enfrentado alguns problemas, como a crise econômica, especialmente a alta taxa de desemprego, levando a uma diminuição do número de usuários, por outro lado, os custos continuam a aumentar, com a população envelhecendo, e introdução de novas tecnologias. A ausência de dados que permitem uma correção atualizada precisa é uma grande dificuldade detectada sem o controle da utilização do serviço.

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ABSTRACT

One of the biggest difficulties in the private health sector is financial sustainability, where the ratio of expenditure to income exceeds the ideal rate of less than or equal to 70%, causing a certain imbalance in company accounts. In view of this, it can be stated that supplementary health in Brazil, although better in recent years, needs to improve, especially when it comes to cost. With the available data of the health sector supplementary since the sector's regulation with Law 9.656 / 98, we analyze the market behavior in relation to the number of users correlated with the unemployment rate, the revenues and expenses, verifying its sustainability in relation to the volume of revenues and expenses of the market in general. In order to measure the sustainability of the private sector, which has increasingly increased its loss ratio year by year, time series methods were used to analyze past trends and make future forecasts, noting that if no effective measures are taken to obtain cost reduction will make the maintenance of the private health sector in the market unviable. The private system has faced some problems, such as the economic crisis, especially the high unemployment rate, leading to a decrease in the number of users, on the other hand, costs continue to increase as the population ages, and introduction of new technologies. The absence of data that allows an accurate corrected correction is a great difficulty detected without the control of the use of the service.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 7

1.1. Objetivo geral ... 8

1.2. Objetivos específicos ... 8

2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 10

2.1. Conceitos de plano de saúde e risco ... 10

2.2. Breve história do mercado de seguros no Brasil ... 11

2.3. Sistema único de saúde – SUS ... 12

2.3.1. Desafios do sistema único de saúde ... 13

2.4. Saúde suplementar – conceitos e histórico ... 15

2.4.1. Relações entre agentes do sistema de saúde suplementar ... 17

2.4.2. Estrutura de mercado ... 19

2.4.3. Crise no mercado ... 21

2.5. Custos, receitas, despesas e reajustes ... 23

2.5.1. Custos x despesas... 25

2.5.2. Reajustes ... 26

2.5.3. Variação de custos ... 28

2.5.4. Inflação ... 30

2.5.5. IPCA e VCMH ... 31

2.5.6. Receitas da saúde no brasil ... 32

2.6. Cenário mundial ... 35

2.7. Gasto público x privado... 36

2.8. Demografia e saúde ... 37

2.8.1. Perfil dos beneficiários de planos de saúde ... 37

3. METODOLOGIA ... 39 3.1. Dados ... 39 3.2. Métodos ... 41 4. RESULTADOS ... 42 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 56 Referências bibliográficas ... 58 Anexos ... 64

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1. INTRODUÇÃO

O sistema de saúde brasileiro é um serviço de alta utilização pela população brasileira tanto no setor público quanto no setor privado. Um país de tamanho continental, com mais de 200 milhões de habitantes, e com a realidade econômica e política brasileira seria utópico que apenas o setor público absorvesse toda a demanda de serviços de saúde, pois as estruturas físicas e de mão de obra são insuficientes para atendimento adequado de seus usuários. Assim, conta-se com os serviços privados que são importantes para suprir a demanda não suportada pelo setor público.

A saúde suplementar torna-se um importante setor pela prestação dos serviços a uma grande parte da população, desafogando de forma substancial o setor público, além de gerar emprego e renda. Sua regulação se faz pelo Ministério da Saúde, por meio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que é o órgão regulador do setor de saúde suplementar no Brasil, e que vem fortemente fiscalizando o setor e disponibilizando dados referente a operação das empresas de planos de saúde.

O setor privado de saúde possui mais de 45 milhões de usuários, totalizando aproximadamente 25% a população total do país em 2016 segundo dados básicos da ANS. Os dados do setor disponibilizados pela ANS mostram que em 2016 foram movimentados o montante de mais de 140 bilhões de reais, superando até mesmo o orçamento da saúde pública que no mesmo ano foi de 110 bilhões, segundo dados da consultoria de orçamento da Câmara Federal dos Deputados. (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2017).

Uma das maiores dificuldades encontradas no setor é a sustentabilidade financeira, onde a relação de despesas frente as receitas ultrapassam o índice ideal de menor ou igual a 70%, causando um certo desequilíbrio nas contas das empresas, pois gasta-se muito do que se recebe. (GRUPO CASE, 2017).

Diante disto pode-se afirmar que a saúde suplementar no Brasil, ainda que melhor na última década, precisa aprimorar, principalmente quando o assunto é reduzir os custos, se dedicando sempre na melhoria da qualidade dos serviços.

Sendo assim, com base nos dados disponíveis das últimas décadas, é de grande relevância avaliar como se comportou o setor de saúde suplementar no Brasil, como se dá seu crescimento no mercado em relação a quantidade de indivíduos que

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possuem o serviço assim como a taxa de sinistralidade, afim de verificar a sua sustentabilidade.

1.1. Objetivo geral

Com a regulamentação do setor a partir da Lei 9.656/98, esse trabalho tem como objetivo analisar dados disponíveis sobre o setor de saúde suplementar no Brasil desde o início da disponibilização de dados e verificar se o setor é sustentável na atualidade e num futuro próximo.

1.2. Objetivos específicos

Com o levantamento de dados disponíveis na Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS e no Instituto de Estudos de Saúde Suplementar - IESS, dados estes de caráter público, como receitas, despesas, taxa de sinistralidade e número de beneficiários, pretende-se:

a) Analisar a tendência passada do número de usuários disponíveis do setor, taxa de desemprego, receitas e despesas do setor no Brasil entre 2000 e 2017;

b) Fazer previsões estocásticas do número de beneficiários, despesas, receitas, variação de custo médico-hospitalar, e reajustes das mensalidades por trimestre entre 2017 e 2018 para o número de beneficiários e anual para os demais indicadores entre 2017 e 2020;

c) Analisar a tendência e fazer previsões na taxa de sinistralidade do setor no Brasil entre 2017 e 2020.

A quantidade de usuários do serviço teve um crescimento de mais de 55% desde que sua regulamentação e, com base nos dados disponibilizados, verifica-se uma significativa melhora na quantidade e qualidade desses dados, importante para a análise e planejamento da saúde brasileira.

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Neste estudo os dados serão processados no Software Excel e as análises serão realizados nos softwares Gretl e Action Stat. Para previsão estocástica das informações analisadas serão empregadas técnicas de séries temporais, capazes de ajustar modelos de previsão com base, exclusivamente, no comportamento passado das informações observadas.

De posse do resultado da análise dos dados será possível antever se o setor de saúde suplementar será sustentável em um futuro próximo, ou seja, a geração de receitas será suficiente para assegurar a prestação dos serviços aos seus beneficiários. Ademais, esta análise poderá servir de subsídio para que novos estudos possam ser realizados, para que uma discussão ampla no setor de saúde suplementar possa ser feita, afim de criar um planejamento de acordo com as previsões que se tem apontado como se comportará o futuro do setor.

Esta monografia está dividida em 4 capítulos, incluindo esta introdução. No segundo capítulo faz-se uma revisão teórica observando os conceitos, breve histórico e assuntos importantes relacionados a saúde suplementar. No terceiro capítulo apresenta-se a fonte de dados e a metodologia utilizada no estudo para análise e previsão dos indicadores. No quarto capítulo são apresentados e analisados os resultados obtidos. Finalmente, no último capítulo apresenta-se as considerações finais do estudo e as principais conclusões.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Conceitos de plano de saúde e risco

Segundo a definição de Souza (2007), um plano de saúde é um tipo de seguro geralmente pago em mensalidades por um ou mais indivíduos afim de ter garantidos em eventuais problemas de saúde, o serviço adequado para solução ou tratamento do problema. Já um seguro saúde é aquele comercializado por uma empresa seguradora que assume o risco, e em caso de sinistro cobrir todas ou parcialmente as despesas médicas ocorridas, isso mediante pagamento prévio de um prêmio.

Para Pereira Filho (1999), o padrão de seguro é diferente de planos de saúde, pois no seguro o segurado tem a livre escolha de qual médico deve consultar e em qual hospital prefere ser atendido, já que será reembolsado de suas despesas, já os planos geralmente têm uma rede própria de médicos, hospitais e laboratórios, porém é sem qualquer dano à livre opção de escolha.

Segundo o mesmo autor citado acima, as operadoras de planos de saúde ou medicina de grupo, foram as primeiras no mercado, e foi nos Estados Unidos da América, surgindo no ano de 1920, e em 1960 no Brasil. Os dados do setor apontam que essas empresas no Brasil atendiam a cerca de 17 milhões de pessoas. Seguidamente foram surgindo as cooperativas, pautadas conforme a lei do cooperativismo e classes autônomas, as empresas configuradas de autogestão, que administram planos próprios para seus colaboradores por meio de contratação ou credenciamento de uma carteira de médicos e serviços, e contratos com hospitais.

Pereira (2007) diz que, “o seguro existe como forma de prevenção de risco futuro, possível e incerto, face às eventualidades da vida. É a contrapartida dos efeitos do acaso pela mutualidade organizada segundo as leis da estatística”, então pode-se dizer que dentro desse conceito está o seguro saúde, onde um beneficiário (segurado), paga um prêmio (valor pago pelo beneficiário) a uma seguradora (empresa que assumi o risco, ou seja, as operadoras de planos de saúde), para que tenham acesso aos serviços quando seja necessário.

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O conceito de risco, segundo o autor Bernstein (1997) em seu livro, a palavra vem tem do italiano “riscare”, e quer dizer expor-se, de tal forma que seria uma escolha e não um acaso, uma fatalidade, de onde não se poderia escapar.

No entanto a FENASEG (1998), diz que no mercado segurador o conceito de risco é a ocorrência incerta, sem data marcada e que não depende da vontade do contratante nem do contratado. Sendo o risco a possibilidade de sinistro, da qual se não existir o risco não haveria o seguro.

ALVIM (1999) compreende que: “deve ser um acontecimento possível, mas futuro e incerto quer quanto à sua ocorrência, quer quanto ao momento em que deverá produzir, independentemente da vontade dos contratantes”.

Ou seja, o seguro é uma forma de proteção ao risco, que por sua vez é incerto, seja pela magnitude de sua ocorrência, seja pelo momento em que irá ocorrer. Desse modo, podemos caracterizar que o seguro é um serviço que se contrata afim de se precaver de um possível sinistro, já um plano de saúde é visto que o sinistro é certo, pois ao menos uma vez é certeza que será usado, sabendo que um indivíduo pode somente fazer uma consulta, que é relativamente de baixo custo comparado a uma intervenção cirúrgica de alta complexidade, não deixando, entretanto, de representar um sinistro, ou seja, a materialização do risco.

2.2. Breve história do mercado de seguros no Brasil

Segundo a Superintendência de Seguros Privados (2017) “A comercialização de seguros no Brasil iniciou-se com os portos abrindo ao comércio internacional, em 1808. A primeira companhia de seguros do país foi a Companhia de Seguros BOA-FÉ, que em 24 de fevereiro do mesmo ano, tinha por objetivo comercializar o seguro marítimo”.

Ainda em 1808 o comércio segurador era regulamentado pelas leis portuguesas, sendo em 1850, sob regime da Lei n° 556, de 25 de junho de 1850, na promulgação do Código Comercial Brasileiro, que o seguro pioneiro no mundo e no Brasil, o seguro marítimo foi em todos seus pontos estudados. (SUPERINTENDENCIA DE SEGUROS PRIVADOS, 2017).

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Com a criação do Código Comercial, o desenvolvimento do seguro foi importante, pois abriu o mercado para que várias seguradoras operassem no Brasil, e comercializando outro tipo de seguro, o marítimo já regulado, como também o seguro terrestre. A operação de seguros de vida era proibida, mas foi autorizado em 1855 desde que feito separadamente de qualquer outro seguro.

O setor se expandiu de tal forma que seguradoras estrangeiras tiveram interesse em comercializar no Brasil, sendo as primeiras filiais de empresas sediadas fora do Brasil chegarem em torno de 1862. Estas filiais mandavam para suas matrizes todos os recursos obtidos pelos pagamentos de prêmios recebidos, assim causando grande evasão de divisas. Por meio da Lei n° 294 de 1895, com o intuito de proteger os interesses econômicos do país, onde todos os recursos advindos da atividade pelos seguros de vida por empresas estrangeiras tinham que ficar no Brasil para serem investidos.

Várias das empresas descontentes com as exigências fecharam as filiais no Brasil, porém o mercado tinha atingido desenvolvimento suficiente ao final do século XIX. Aspiraram para isso, o Código Comercial que regrava o seguro marítimo e a operação de empresas estrangeiras, que eram detentoras de grande experiência em seguros.

2.3. Sistema único de saúde – SUS

O sistema Único de Saúde, popularmente mais conhecido por sua sigla SUS, é o sistema público de saúde criado pela Lei n° 8.080 com a promulgação da Constituição Federal em 1988, para atender toda a população brasileira. Antes de ser implantado o SUS, os atendimentos eram realizados pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), que foi o órgão criado pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que por sua vez estava dentro do Sistema Nacional de Previdência Social (SINPAS), este sido instituído em 1977 pela Lei n° 6.439. (FENAFISCO, 2017).

O SUS é estabelecido por um significado amplo de saúde, criado para atender hoje as mais de 200 milhões de pessoas segundo o IBGE. Onde o SUS realiza do

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menor e mais simples atendimento ao transplante de órgãos. (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2017).

“O SUS é considerado um dos maiores sistemas de saúde pública do mundo, regulamentado pela Lei 8.080/1990, ao qual operacionaliza o atendimento público de saúde”. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).

Os recursos que são gastos pelo SUS, são praticamente originários dos recursos da União, Estados, Municípios e o distrito Federal, cada uma com sua parcela, isto é regido pelo artigo 195 da Constituição Federal de 1988. A estrutura do SUS é composta por postos de saúde, os hospitais públicos, bancos de sangue, laboratórios, além de toda estrutura dos serviços de vigilância sanitária, epidemiológica, ambiental, como também a Fundação Oswaldo Cruz e o Instituto Vital Brazil que são fundações de pesquisa cientifica e acadêmica.

O Ministério da saúde, com um orçamento variável, chegando a 110 bilhões de reais em 2015 segundo dados do mesmo, é o um dos mais importantes setores do Governo Federal, é o responsável por toda e qualquer organização e criação de políticas direcionadas para assistir a saúde de todos os brasileiros. É ofício do Ministério da Saúde apossar-se de todas as conjunturas para reduto e restauração da saúde de toda a população, sempre atuando no controle de doenças que tenham causas internas ou externas, com o objetivo de alcançar uma melhor qualidade de vida dos brasileiros.

2.3.1. Desafios do sistema único de saúde

Um dos maiores sistemas público de saúde do mundo, o SUS enfrenta vários desafios desde a sua criação, sendo que o SUS é um sistema pautado como um sistema público universal, onde a Constituição da República Federativa do Brasil (1988) expressa nos seus respectivos artigos 6° e 196°, as garantias constitucionais em que a população tem direito.

. Apesar das melhorias implantadas o sistema público parece viver em dificuldades permanentes, principalmente ao que se diz respeito ao total de recursos investidos quanto a forma em que é gasto tais recursos.

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Mesmo com as melhorias dos últimos anos, as dificuldades enfrentadas pela sociedade ainda são muito presentes no acesso aos serviços, inclusive aos procedimentos de maiores custos serem ainda mais difíceis, indivíduos procuram os serviços da saúde suplementar, ou seja, o setor privado, com o propósito de uma solução mais rápida e eficaz, ou seja, estão dispostos pagar mais por aquilo que constitucionalmente é dever do estado. “A análise da estrutura da rede de serviços do SUS deve ser considerada a partir da relação entre demanda e a oferta de serviços de saúde sob condições de falhas nos mecanismos de mercado”. (PINHEIRO FILHO; SARTI, 2012).

O Brasil é explícito por desigualdades sociais e regionais, resultantes de históricas conformações políticas e econômicas. A diferença social e a pobreza são dilemas sociais que influenciam muitos dos países atualmente. A pobreza existe em todos os países, sejam ricos ou pobres, porém, a desigualdade social é um fato que ocorrem com mais intensidade nos países não desenvolvidos. (CAMARGO, 2017).

Camargo (2017) cita ainda que a desigualdade social é um conjunto de vários tipos, como por exemplo as desigualdades de gênero, escolaridade, racial, etc. De maneira que a desigualdade mais observada sempre é a econômica, habituada pela distribuição heterogênea de renda.

Em geral, com a configuração territorial do Brasil, o sistema único de saúde expressa e reproduz as desigualdades regionais, onde as extremidades do país e as regiões menos desenvolvidas são mais afetadas pela falta do serviço, mesmo com a expansão de programas de atenção à saúde básica, que se expandiu por meio do Programa Saúde da Família (PSF) em áreas mais pobres do país.

Dentre os desafios do SUS destacam-se a insuficiente expansão da atenção básica, e a diminuição dos leitos hospitalares, como consequência do problema nas gestões operacionais e gestão política. A saúde pública brasileira ainda que dita universal, é caracterizada pela falta de estrutura, de médicos, decorrentes da necessidade de investimentos em educação ou má gestão dos recursos, falta de medicamentos, equipamentos de média e alta complexidade, essas deficiências são vistas periodicamente nos noticiários e ainda mais frequentes com o avanço e crescimento das tecnologias de comunicação e seus meios.

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“Nos últimos vinte anos, inúmeros esforços foram empreendidos à consolidação do sistema único de saúde como uma rede descentralizada, hierarquizada e regionalizada, a partir da ênfase na prestação de serviços em âmbito municipal com envolvimento da comunidade atendida e garantia de atendimento integral à saúde do cidadão, sob os princípios e as diretrizes organizativas estabelecidos na concepção de um sistema público de saúde universal”. (PINHEIRO FILHO; SARTI, 2012).

Então, ainda que pela lei o SUS seja tido como universal, “a realidade é que o sistema ainda tem se revelado incapaz no oferecimento de assistência a todos, levando crescentes camadas da população à demanda da saúde suplementar, por meio dos serviços oferecidos pela iniciativa privada”. (FILHO, 1999).

“A pressão da demanda requer não só incrementos permanentes na oferta. É preciso um acesso mais moderado aos serviços para toda a população. A exigência social de maior cobertura conduz a uma atuação do governo, criando e mantendo direta ou indiretamente serviços de saúde. No Brasil, como muitos outros países, coexistem os dois tipos de atuação, dois pesos e duas medidas: o que é válido para o setor privado não é assim no setor público e vice-versa”. (VIANA, ROMEU & CASTRO, 1982).

Portanto, com os vários problemas da saúde pública, sem a devida assistência e infraestrutura, as pessoas migram para os serviços privados, principalmente aqueles que possuem uma maior renda, entretanto, as pessoas que não conseguem manter o serviço, ou que no contexto de crise econômica vivida pelo Brasil perdem seus empregos e respectivamente o benefício do plano de saúde, esses retornam a utilizar o sistema público.

2.4. Saúde suplementar – conceitos e histórico

A Agência Nacional de Saúde Suplementar, é o órgão regulador do setor de planos de saúde, define que todo e qualquer serviço privado de saúde é considerado como saúde suplementar. Esses serviços são comercializados por empresas operadoras de planos de saúde e seguradoras que disponibilizam atendimento à saúde.

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Essa atividade privada de saúde é basicamente estruturada no que se refere em seus objetos em medicina de grupo, autogestões, cooperativas, empresas especializadas em seguro saúde, e instituições filantrópicas.

A atuação privada do setor se dá por meio do art. 199 da Constituição: “A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1° as instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fim lucrativos”.

A compreensão de suplementar de saúde começou a ser estabelecida no decorrer do ano de 1960, tal época destacada pela economia crescente no Brasil, e o avanço formal do trabalho, esse foi o momento que empresas iniciaram a oferta de planos para assistência à saúde de seus funcionários.

A partir do ano de 1999, em virtude a implantação da Lei 9.656/98, que regula os planos de saúde. Em 2000 foi criada a Agência Reguladora com a Lei n° 9.961, para exercer a função de fiscalização e controle do setor, regular o mercado, criar e executar normas, que anteriormente era conduzido pela Superintendência de Seguros Privados (Susep). (AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR, 2017).

A primeira vez que a saúde suplementar começou a relacionar-se com o setor público, foi com a efetivação do SUS, porém em 1923, com o início da previdência social, onde a Lei Eloy Chaves ainda em 1923, que criava em todas ferrovias do país, um plano de aposentadorias e pensões para aqueles empregados.

Estes planos eram geridos e sustentados pelos patrões e empregados, que além de assegurar as aposentadorias e pensões, o fundo custeava os serviços de saúde dos empregados e os dependentes destes.

Apesar deste histórico, para a ANS não seja comumente pontuado como o início dos planos de saúde no Brasil, embora não seja difícil distinguir a semelhança entre os planos antigos e atualmente com as operadoras de autogestão. Em 1944, o Banco do Brasil criou o que hoje é o mais antigo plano de saúde do Brasil.

Em 1950, começaram a surgir os planos coletivos, no ABC paulista, na categoria de medicina de grupo. Hoje o setor brasileiro de saúde suplementar é um

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dos maiores do mundo. Posteriormente com a efetivação da ANS, compete a ela proporcionar a defesa do interesse público na assistência à saúde suplementar, e regular as operadoras, além disso as relações com prestadores de serviço e consumidores, colaborando para a evolução das atividades de saúde. (ANS, 2017).

A agência é uma realidade e uma inevitabilidade para o setor brasileiro de planos de saúde, com uma população de beneficiários que chegam a mais de 45 milhões de beneficiários. Segundo Pietrobon et al. (2008), a ANS detém excelentes possibilidades de averiguação e divulgação de vários indicadores sobre a qualidade da população e dos cuidados da saúde, qualificação das operadoras de seguros, isso impulsiona a regulação.

Como diz Silva e Rodrigues (2015) o padrão de regulagem no âmbito da saúde suplementar brasileiro é especificado em conexão ao conhecimento e experiência internacional, onde em suma maioria dos países a regulação é elaborada a partir da atividade econômica, agindo sobre as empresas do seguimento e assegurando suas situações de solvibilidade e a concorrência do mercado, já no Brasil, tendeu por regular vigorosamente o produto ofertado, ou seja, o amparo à saúde, com parâmetros inovadores como a proibição da distinção de risco e da quebra parcial dos contratos.

2.4.1. Relações entre agentes do sistema de saúde suplementar

Entre os agentes que compõe o setor de saúde suplementar estão: O Ministério da Saúde que regula o setor por meio da Agência Nacional de Saúde Suplementar, as operadoras de planos de saúde, que são responsáveis por organizar os planos que são ofertados e comercializados, arrola e habilita hospitais, clínicas, laboratórios e profissionais médicos, sendo que algumas tem sua rede própria médico-hospitalar, os clientes ou mais dito no setor beneficiários, que são os usuários do serviço, aqueles que compram o serviço da operadora de plano de saúde e seu maior financiador, e os prestadores de serviços que, por sua vez, são aqueles que operacionalizam os serviços, entre eles estão a estrutura de hospitais, clínicas, laboratórios e médicos citados anteriormente. (SILVA, 2003).

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Ainda segundo Silva (2003) é indispensável julgar e assinalar que as operadoras, a partir de um aspecto empreendedor e excessivamente intensa, ao comprido processo de avanço prestaram e prestam um amplo serviço à sociedade brasileira, possibilitando o seu acesso aos serviços de saúde. Principalmente pelo motivo de capturarem grande espaço desvalido pela inutilidade, pela carência efetiva de determinação política e pela inépcia de subvenção do setor público.

Contudo, as empresas operadoras de planos de saúde criaram um mercado próprio, de regras plurifacetado, definindo prazo de carência, restrições de atendimento, contratos extremamente profícuos, níveis de preços, unilateralidade na suspenção de contratos, e outras formas de parcimônia da utilização dos serviços. Em consequência, algumas buscam apenas um momento de mercado, sem a estrutura, e embasamento econômico para sustentar suas operações, em busca aventureira de lucros de forma fácil, sempre auxiliada por uma rede de prestadores de serviços interessados por clientes de um sistema de financiamento diferente daquele realizado pelo setor público. “A atuação das operadoras de planos de saúde sempre esteve exageradamente vinculada a supremacia dos interesses econômicos e aventurar-se afastada das políticas de saúde e da mensuração da qualidade da assistência prestada”. (SILVA, 2003).

“Operadoras e consumidores não estão satisfeitos. Os pontos críticos para as primeiras são os custos e para os outros, os preços cobrados”. (KANAMURA; VIANA, 2007).

Nesse contexto, os clientes representam o ligamento mais desprotegido, com controle insuficiente sobre os seus maiores interesses, a garantia de serviços de qualidade pelo serviço que contratam.

Sendo que um dos motivos da preferência na contratação dos planos de saúde é a condição de garantia de atendimento e de fácil acesso aos serviços médicos, englobado pela livre escolha de ser atendido onde e por quem, além da qualidade e resolução do problema, ponto esse negativo quando se refere aos serviços ofertados pelo SUS.(COTTA et al., 1998).

"O pior é que a queda da qualidade e, acrescente-se, da quantidade dos serviços prestados pelo setor público e a inércia em proceder a esforços racionalizadores da máquina dos Estados e Municípios (em que pesem as

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exceções) colocam a possibilidade de falência da atenção médica, mesmo para os segmentos mais pauperizados que, com a estrutura de distribuição de renda existente, longe estão de poder utilizar o modelo assistencial representado pela medicina de grupo no Brasil". (MEDICI, 1991).

Além disso, são elaboradas regras para proteção do consumidor, como por exemplo o controle maior dos reajustes dos valores das mensalidades, o reajuste por idade, proíbe a seleção de risco, e não pode ser rompido unilateralmente o contrato com os beneficiários detentores dos planos individuais.

2.4.2. Estrutura de mercado

A estrutura de mercado de saúde suplementar no Brasil é de uma heterogeneidade geográfica e socioeconômica muito grande, onde o “fluxo depende da oferta de serviços, da demanda potencial, e das variáveis de atrito que podem facilitar e ou dificultar esses fluxos”. (ANDRADE et al., 2010). O sistema brasileiro de saúde é um sistema misto, de tal modo, que os setores privado e público trabalham no sortimento e no aporte dos bens e serviços da saúde.

A Constituição Federal permite a simultaneidade ao sistema público de saúde o sistema de saúde suplementar. A presença do setor privado ocorre de forma genérica, pois, além de um sistema de saúde suplementar, boa parte dos serviços pagos pelo setor público é feito por instituições privadas. (ANDRADE et al., 2010).

A modalidade das empresas que fazem parte dos serviços de saúde no suplementar no Brasil são classificadas segundo sua atuação no setor como medicina de grupo, que são operadoras que prestam serviços onde o usuário tem a seu dispor de uma estrutura própria de médicos, hospitais, etc. assim como pode ter a estrutura contratada pela própria operadora. E a odontologia de grupo, comercializa apenas plano odontológico, que pode compor sua estrutura de atendimento por rede própria ou contratação de terceiros.

As empresas especializadas em seguro saúde, são aquelas que não detém de estrutura própria, mas designam um rol de serviços, que são pagos de forma direta a quem prestou o serviço. Bem como, é imposto que o cliente tenha a livre liberdade de escolher onde será atendido, nesse caso, é feito o reembolso das despesas acordado

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dentro do limite do contrato realizado, com prazo máximo para ser restituído de 30 dias assim que a documentação solicitada for entregue.

As cooperativas médicas e odontológicas, são aquelas sociedades de pessoas, que não possui fins lucrativos, formada ao menos por 20 pessoas com interesse comum segundo a Lei 5.764/71, as cooperativas podem comercializar planos de saúde para pessoas físicas e jurídicas, sendo que podem possuir rede de serviços e hospitais própria ou contratar terceiros. E a cooperativa odontológica exclusivamente só comercializa o plano com serviços odontológicos.

As denominadas de autogestão são pessoas jurídicas de direito privado, não possui fins econômicos, o plano operado por autogestão é aquele que presta serviço exclusivamente aos empregados e seus dependentes, associados, administradores, etc. de determinadas empresas, sindicatos e similares. São proibidas de comercializar para a população em geral, e são classificadas em autogestão de instituições privadas ou públicas que mantem os recursos, a criada em forma de associação ou fundação e autogestão que opera o plano por meio de um departamento de recursos humanos.

As entidades filantrópicas, são instituições hospitalares sem fins lucrativos, que trabalham com planos privados de saúde com documentação de entidade beneficente emitido pelo Ministério competente e com prazo de validade em dia, e também ao Ministério da Justiça por meio da declaração de utilidade pública, ou órgão competentes nos estados ou municípios, exemplos de filantropias são as Santas Casas de Saúde, hospitais de congregações.

E as administradoras de benefícios, que são empresas que comandam serviços ou planos de saúde financiados por operadoras, que não assumem os riscos das ações, não dispõem de rede própria, nem referenciada de serviços de saúde médico, hospitalares, ambulatoriais e odontológicos.

A estrutura de concorrência do setor de planos e seguros de saúde é uma constante preocupação dos órgãos de defesa, dado a grande importância dos bens e serviços para o bom funcionamento do setor e manter o bem-estar individual e social, mesmo onde coexiste o financiamento público e privado desses serviços, entretanto é fundamental que os órgãos monitorem a estrutura de concorrência e os prováveis impactos no bem-estar social.

(25)

“O setor saúde apresenta estruturas de mercado complexas e nada óbvias. Essas estruturas influenciam criticamente os padrões de atendimento médico e não podem ser ignoradas. Pelo lado da oferta, o lucro não é por si só um motivo adequado para explicar o “mercado” da saúde, como é para outros tipos de bens e serviços, dado que há um grande número de instituições públicas e privadas não lucrativas que prestam serviços de saúde. Como tais serviços não podem ter um preço “a priori” definido no mercado, torna-se difícil medir a preferência dos consumidores por eles. A própria medicina estatal, em um grande número de países desenvolvidos garante direitos ao consumo de tais serviços àqueles que não podem pagar pelos mesmos. Pelo lado da demanda, os consumidores não escolhem entre os serviços de saúde e os demais bens e serviços através de uma “racionalidade na escolha”, e sim pela necessidade ou não de consumo de tais serviços. Esse consumo geralmente não é previsível e ocorre em situações de forte conteúdo emocional/psicológico. Quem vai fixar que tipos de serviços vão ser consumidos é, em última instância, o médico, aquele que faz o diagnóstico, e não o paciente”. (MEDICI, 1983 apud ZUCCHI et al., 2000).

O consumo de serviços de saúde segundo Zucchi et al., (2000) fala que é formado por estruturas distintas que são os honorários médicos, medicamentos, dentistas e auxiliares dos serviços médicos, e finalmente os gastos em hospitalização e tratamento. Notoriamente os gastos mais elevados são os com hospitalizações e tratamento, pois uma hospitalização é sempre realizada em decorrência de um procedimento mais complexo.

Um ponto a ser lembrado é que os planos de saúde fornecem apenas assistência de caráter individual, não fazem ações coletivas, e não atendem um certo número de doenças, e não dispõem de serviços qualificados quando o assunto são grandes emergências, ficando esses a cargo do SUS.

2.4.3. Crise no mercado

No Brasil segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o consumo final de bens e serviços de saúde totalizou, em 2013, R$ 424 bilhões, o equivalente a 8% do Produto Interno Bruto (PIB), soma dos bens e serviços produzidos no país. Dentro desse cenário econômico está as operadoras de planos

(26)

de saúde e seguradoras especializadas, onde segundo dados básicos em 2016 a receita movimentada foi de mais de 158 bilhões de reais. (SETOR SAÚDE, 2015).

Os serviços de saúde suplementar, ou seja, os planos de saúde são serviços contratados por 24,5% da população brasileira. O setor desde 2015 vem enfrentando um período de contração referente ao número de beneficiários, quando no mesmo ano atingiu a marca de mais de 50 milhões de pessoas detentoras do serviço.

Só no mês de julho de 2016, 156,6 mil beneficiários deixaram de ter plano de saúde, e desde dezembro de 2014 mais de 2 milhões deixaram de contar com planos de saúde, com menos acesso aos planos, a população fica mais dependente do SUS. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2016). Com receita de 142,5 bilhões em 2015, os custos têm aumentado entre 15% a 20% ao ano nos últimos quatro, cinco anos, não sendo uma coisa sustentável. (INSTITUTO DE ESTUDOS DE SAÚDE SUPLEMENTAR, 2015).

Um dos principais fatos que indicam a retração do mercado é a crise econômica, onde a taxa de desemprego é grande influenciadora na diminuição do número de beneficiários, onde cerca de 60% dos contratos existentes no Brasil são coletivos. Então o país com cerca de 14 milhões de desempregados como mostra a figura 1 os saldos de admissões e demissões, assim como o saldo de beneficiários dos planos de saúde, este vem sofrendo uma diminuição considerável no número de usuários, consequentemente diminuindo a receita, porém com despesas assistenciais na contramão, ou seja, menos usuários, menos receitas e mais gastos. Outro ponto é a judicialização entre operadoras e usuários, que travam uma grande briga em relação a amplitude da cobertura dos planos e dos reajustes.

(27)

Figura 1 - Mercado de trabalho e mercado de saúde suplementar – Geração de empregos (saldo de demissões e desligamentos) vs. Saldo líquido de beneficiários de planos médico-hospitalares no Brasil de 2011 a 2016.

Fonte: Caged/Ministério do trabalho e emprego e ANS

A figura 1 mostra a relação do saldo de admissões e demissões no Brasil com o número de beneficiários, é observado claramente que se a taxa de desemprego aumentar, logo o setor privado de saúde é atingido pela perca de usuários.

2.5. Custos, receitas, despesas e reajustes

No decorrer dos últimos anos, observando os dados disponibilizados pela ANS, verifica-se que o número de usuários de planos de saúde obteve um crescimento expressivo, principalmente na comparação entre planos segundo o tipo de contratação, onde os coletivos tiveram crescimento mais significativo.

De certo, como qualquer setor da iniciativa privada é pautado pelas receitas, despesas e custos, no setor privado de saúde não é diferente. Na saúde suplementar brasileira um dos desafios principais é a sustentabilidade econômico-financeira do setor. Os dados dos últimos anos mostram uma sinistralidade de mais de 80% em relação ao montante de recursos arrecadado (GRUPO CASE, 2017)

“Dentre as principais discussões na área de saúde suplementar, e na esteira da temática dos reajustes, destaca-se a importância da avaliação dos Fonte: Caged/Ministério do Trabalho e emprego e ANS

2.026.571 1.372.594 1.138.562 420.690 -1.542.371 -1.340.179 1.088.464 1.765.466 1.631.214 955.190 -1.111.763 -1.367.134 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Mercado de trabalho e mercado de saúde suplementar - Geração de

empregos vs. Saldo de beneficiários de planos médico-hospitalres no

Brasil - 2011 a 2016

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custos em saúde. A relevância da evolução dos custos em saúde é um fenômeno mundial, num contexto de tendência de participação crescente no PIB das nações. Além disso, ressalta-se que no Brasil há evidências do peso crescente da saúde no orçamento das famílias e da elevada participação de seus produtos na formação das taxas dos índices de preço ao consumidor”. (BRAZ, 2006 apud LEAL E MATOS 2009).

A sistemática da operação dos planos de saúde segue um ciclo como mostra a figura 2 a seguir, onde a operadora comercializa o plano, ocorre a contratação e pagamento de um prêmio pelo usuário, na ocorrência do sinistro o usuário terá suas despesas médico-hospitalares coberta pela operadora.

Figura 2 – Ciclo da operação do sistema de saúde suplementar no Brasil.

Fonte: Elaboração própria.

“Os gestores da atividade médico-hospitalar, como é natural e louvável, sempre mantiveram rigoroso controle das suas atividades fins. Entretanto, a grande maioria, sempre relegou a segundo plano os demais controles, tanto os administrativos quanto os financeiros. Com os índices inflacionários em níveis muito elevados, não havia maior preocupação, pois todos os gastos eram repassados aos preços dos serviços, inclusive os da ineficiência, não causando maiores problemas que pudessem atrapalhar a evolução e o desenvolvimento

Operadora Comercialização Contratação e pagamento de prêmio Ocorrência de sinistro Pagamento de despesas

(29)

das empresas atuantes neste mercado. Controlada a inflação e aumentada a competitividade, estabeleceu-se nova mentalidade e os gestores da área foram obrigados a se preocupar com resultados e tiveram de implantar sistemas mais eficientes de controle, sendo o custo um dos instrumentos mais importantes, neste aspecto”. (DUTRA; CARDOSO, 2001).

Kilsztajn et al. (2002) realizou projeções para as despesas da saúde brasileira e o resultado foi que em 2050 os gastos com saúde podem chegar a corresponder 25% do Produto Interno Bruto (PIB), sendo o crescimento desses gastos e a sua participação no PIB um forte tema entre políticos, acadêmicos e administradores em todo o mundo.

As empresas operadoras de planos de saúde anterior a Lei 9.656 controlavam os gastos administrando o risco de forma que limitavam dias de internações, principalmente internações em terapia intensiva, exames de custo alto, ou até mesmo não atendiam determinadas demandas de afecções, hoje após a regulamentação do setor isso é proibido.

Kanamura e Viana (2007) diz que os gastos com serviços de saúde não atingem igualmente as pessoas, onde é evidente que uma pequena parcela gaste muito, enquanto a maior parcela da população gaste pouco. Sendo uma distribuição que se compreende no princípio de Pareto, onde uma minoria gera a maioria dos resultados.

“A solução para a crise de custo do sistema de saúde é identificar condições crônicas e agudas que conduzam as pessoas ao grupo dos gastos elevados e desviá-las dessa trajetória por meio de intervenções”. (HALVORSON, 2005).

Para diminuir a sinistralidade e evitar que o sistema entre em colapso, seria uma grande intervenção de práticas para evitar que o uso de procedimentos de alto custo aumentasse, como programas de prevenção e educação dos beneficiários.

2.5.1. Custos x despesas

“No seu sentido mais geral, custo é o valor pago ao trabalho necessário para a produção de bens ou serviços. O conceito de custo é muitas vezes confundido com os conceitos de preço, despesa ou de desembolso financeiro. É comum dizer-se que,

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se um bem ou serviço tem um preço alto, esse bem ou serviço "custa" muito caro”. (ADMINISTRADORES, 2017).

Em contabilidade financeira os custos são recursos empreendidos para a produção de um bem ou serviço, aos quais uma pessoa, uma organização, ou governo arcam estes custos para se atingir seu objetivo

“Custos são gastos que a entidade realiza até tornar o seu produto pronto para ser comercializado (fabricando-o ou apenas revendendo-o) ou até realizar um serviço contratado. Uma diferença básica entre custo e despesa é que "custo" traz um retorno financeiro e pertence à atividade fim da entidade (determinada no seu contrato social, na cláusula do objeto). Já a despesa é um gasto com a atividades meio e não gera retorno financeiro, apenas propiciando um certo "conforto" ou funcionalidade ao ambiente empresarial”. (LEONE, 2000).

Medici e Marques (1996) diz que para diminuir os custos é primordial o aperfeiçoamento da gestão, assim aumentando a eficiência do serviço, tais como abarcamento de sistemas de informação, melhoramento das aquisições de insumos e controle da qualidade.

2.5.2. Reajustes

Os reajustes são os aumentos das mensalidades, afim de controlar os gastos, pois opera de acordo com a economia, já que, se os custos para manter os serviços aumentam, isso é repassado ao consumidor por meios dos reajustes.

“O pagamento do plano de saúde consome uma fatia cada vez maior da renda do consumidor. Diante dos reajustes, muitos precisam cancelar o serviço no momento em que mais precisam, a maioria dos brasileiros não entende o porquê da mensalidade ser reajustada, anualmente, em índices tão superiores ao da inflação e até mesmo ao de suas remunerações. Os aumentos são aplicados no mês de aniversário do contrato, o que, no caso dos planos coletivos, pode não corresponder à data que o consumidor aderiu. Em alguns casos, pode haver cobrança retroativa. O reajuste anual de planos de saúde individuais e familiares novos é o único controlado pela ANS, a regra vale para contratos celebrados a partir de janeiro de 1999 ou adaptados à Lei n° 9.656/98”. (OLHO VIVO, 2017).

(31)

Os contratos individuais adquiridos antes de 1999 e não adaptados, a regra de reajuste anual indica o que está escrito no contrato. Caso o documento não mostre, órgãos de defesa do consumidor considera o reajuste seja o mesmo reajuste anual autorizado pela ANS para os contratos novos. (OLHO VIVO, 2017).

“Na prática, para calcular o índice de reajuste anual, as operadoras utilizam uma fórmula que considera a variação dos custos dos serviços prestados pelo plano de saúde, chamado de reajuste financeiro, e o aumento, sob a alegação de que o número de procedimentos e atendimentos ou “sinistros” cobertos foi maior do que o previsto em determinado período, chamado de reajuste por sinistralidade. Outro tipo de reajuste é o pela idade, o plano pode sofrer reajustes por mudança de faixa etária (desde que o usuário tenha até 59 anos de idade). Esses aumentos são cumulativos, ou seja, a mensalidade pode aumentar duas vezes no mesmo ano, uma pelo reajuste anual e outra pelo de faixa etária”. (OLHO VIVO, 2017).

Portando os reajustes dos das mensalidades pagos as operadoras de planos de saúde são regulamentadas pela ANS, no que tange a contratos individuais/familiares, não podendo ser superior ao permitido pela agência, ficando livres os contratos coletivos, aqueles que geralmente são contratados por pessoas jurídicas, esses são estipulados valores reajustados de acordo com cláusulas vigentes em contrato entre as partes. Onde a figura 3 a seguir mostra os reajustes anuais permitidos pela ANS para os planos individuais/familiares, já que os reajustes dos planos coletivos não são regulados pela ANS.

(32)

Figura 3 – Reajuste dos planos de saúde individuais no Brasil de 2000 a 2017.

Fonte: ANS

A figura 3 mostra o percentual de reajuste anual dos valores pagos pelos beneficiários de planos individuais às operadoras dos planos, um aumento que ultrapassa os índices de inflação no Brasil, esse aumento deve basicamente pelo aumento dos custos assistências e operacionais.

2.5.3. Variação de custos

A variação de custo expressa o quanto é necessário para que os serviços de saúde sejam disponibilizados, ou seja, é o índice que mede as variações da frequência de utilização quanto ao preço dos serviços médico-hospitalar.

Um índice que é gerado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), o Índice de Variação do Custo Médico-Hospitalar (VCMH) é um importante revelador para que o mercado possa verificar o comportamento dos custos, esse indicador é de grande utilidade para praticar os reajustes dos planos de saúde.

Tal índice vem registrando alta, devido à alta utilização dos serviços médico-hospitalares, no qual em 12 meses registrou uma alta de mais de 19%. A figura 4

Fonte: ANS 0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 12,00% 14,00% 16,00% 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 % Ano

Reajustes de planos de saúde individuais Brasil 2000 a

2017

(33)

mostra a série da variação do custo médico-hospitalar da saúde suplementar no Brasil, ou seja, o comportamento dos custos com consultas, exames e internações.

Figura 4 – Variação custo médico-hospitalar no Brasil dezembro 2007 a dezembro 2016.

Fonte: IESS

O cálculo é realizado a partir da periodicidade da utilização e dos preços dos serviços utilizados pelo beneficiário. Esse cálculo leva em consideração todas as regiões do país. Assim quanto mais os serviços forem usados maior será a variação de custos e consequentemente é esperado maiores reajustes. (TERRA, 2016).

Segundo o Grupo Case (2015) apesar de ser um assunto complicado e até longe da realidade do Brasil, é importante acompanhar o crescimento do VCMH, principalmente nos dias de hoje para prever as tendências de custos e a previsão dos reajustes que serão aplicados aos planos de saúde. Sendo importante para o balizamento das decisões e acompanhar a sustentabilidade do setor.

Fonte: IESS 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 d e z/0 7 m a i/0 8 o u t/0 8 m a r/0 9 a g o /0 9 ja n /1 0 ju n /1 0 n o v /1 0 a b r/1 1 se t/1 1 fe v /1 2 ju l/1 2 d e z/1 2 m a i/1 3 o u t/1 3 m a r/1 4 a g o /1 4 ja n /1 5 ju n /1 5 n o v /1 5 a b r/1 6 se t/1 6 %

Variação custo médico-hospitalar Brasil - dezembro 2007 a dezembro

(34)

2.5.4. Inflação

A inflação é um fator que colabora para aumento de custos no mercado de saúde suplementar, sendo participante dos reajustes dos planos de saúde repassados aos contratantes dos serviços.

Para o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (2006) a inflação pode ser definida como um aumento constante e generalizado no nível geral dos preços, ou seja, representa o aumento do preço dos bens produzidos em uma certa economia e não de apenas um determinado produto.

“Assim a inflação representa um conflito distributivo pela repartição do produto de um país. Em qualquer momento do tempo, uma economia tem parte de sua inflação dada pela inércia, que resulta de mecanismos de “indexação” formal ou subjetivos, em que preços são reajustados pela inflação do período passado. Além desse componente de persistência da inflação entre períodos, há choques que podem impulsionar a taxa de inflação para algo além do determinado pela inércia. Os principais tipos de choques são:

1. De demanda: diz respeito ao excesso de demanda agregada, em relação à produção disponível de bens e serviços;

2. De custos: o nível de demanda permanece praticamente o mesmo, mas os custos de certos insumos importantes aumentam e são repassados aos preços dos produtos”. (IESS 2006).

Logo, a inflação dos serviços médicos fora de controle, tende a penalizar as operadoras e consequentemente os consumidores, onde são repassados grande parte dos preços. Sendo os reajustes insuficientes perante a inflação, pressionando os orçamentos e afetando o lucro das operadoras ao mesmo temo gerando reclamações costumeiras dos consumidores, pois o peso está ficando cada vez mais considerável nos gastos das famílias, especialmente em tempos de crise econômica. A Figura 5 mostra a variação do índice de inflação do Brasil.

(35)

Figura 5 – Variação do Índice de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) – Brasil 2000 a 2016.

Fonte: Ipea

A figura 4 mostra o comportamento da inflação no Brasil do período em que se tem disponibilizados os dados de reajustes de planos de saúde no Brasil. Tendo seus maiores picos nos anos de 2002 e 2015, constatando que quando a inflação aumenta, o reajuste dos planos de saúde levará em consideração o índice de inflação e aumentará os valores das mensalidades acima desta.

2.5.5. IPCA e VCMH

No geral, em escala mundial, o VCMH é sempre mais elevado que a inflação. Só no ano de 2015, a inflação médica teve recorde desde que começou a ser verificada, atingindo quase o dobro do IPCA. De imediato o forte impacto tem sido grande no mercado em direção ao gerenciamento da gestão e redução de custos. (GRUPO CASE, 2015). A Figura 6 mostra a diferença entre os índices IPCA e VCMH.

Fonte: Ipea 0 2 4 6 8 10 12 14 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 % Ano

Variação do Índice de Preços ao consumidor Amplo (IPCA)

-Brasil 2000 a 2016

(36)

Figura 6 – Série histórica do índice VCMH/IESS e variação do IPCA no Brasil de 2007 a 2016.

Fonte: IESS

Como mostra a figura 6, a série histórica dos índices VCMH e IPCA, e que o custo médio médico-hospitalar sempre se apresenta maior que o índice de inflação, tanto no Brasil como em países desenvolvidos como os EUA, observa-se que o VCMH é sempre mais alto que índice de inflação geral.

2.5.6. Receitas da saúde no brasil

As receitas compreendem todo o valor que é arrecado pelas operadoras, ou o que é disponibilizado pelo Estado Brasileiro para a funcionalidade da saúde pública.

Na saúde suplementar a grande maioria dos recursos arrecadados são provenientes da contrapartida dos beneficiários, ou seja, aquele valor geralmente pago mensalmente pelos usuários.

A tabela 1 do anexo mostra os valores em bilhões de reais, do setor privado de saúde suplementar no Brasil de 2001 a 2016, que são os recursos arrecadados pelas operadoras de planos de saúde das contraprestações de seus beneficiários, onde mostra um crescimento ano a ano das receitas, que chega em média 13,5% ao ano,

Fonte: IESS 3,64 5,68 4,89 5,03 6,63 5,38 6,22 6,33 9,02 8,78 8,3 8,45 12,83 9,97 10,04 15,38 14,41 16,89 17,06 19,36 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 V a ri a çã o %

Índice VCMH e variação IPCA (Índice Nacional de Preço ao

Consumidor Amplo) no Brasil de 2007 a 2016

IPCA VCMH

Nota: Para possibilitar uma comparação, a variação do IPCA acima é calculada utilizando o índice médio de doze meses relativamente ao índice médio dos doze meses anteriores.

Fonte: IESS 3,64 5,68 4,89 5,03 6,63 5,38 6,22 6,33 9,02 8,78 8,3 8,45 12,83 9,97 10,04 15,38 14,41 16,89 17,06 19,36 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Va ri aç ão %

Índice VCMH e variação IPCA (Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo) no Brasil de 2007 a 2016

IPCA VCMH

Nota: Para possibilitar uma comparação, a variação do IPCA acima é calculada utilizando o índice médio de doze meses relativamente ao índice médio dos doze meses anteriores.

(37)

basicamente esse aumento acompanhou o crescimento do número de beneficiários após sua regulação, que atualmente representa aproximadamente 25% da população brasileira.

A figura 7 mostra claramente o crescimento exponencial das receitas de contraprestações obtidas pelo setor de saúde privado de 2001 a 2016.

Figura 7 – Receitas de contraprestações do setor privado de saúde no Brasil de 2001 a 2016 (em bilhões de R$).

Fonte: ANS

A tabela do anexo 2 mostra o orçamento público brasileiro para a saúde de 1995 a 2015, em bilhões de reais, com aumentos significativos na última década, os gastos com saúde pública é o reflexo de que a maioria da população está tendo acesso, onde antes não tinha, e levando em consideração a melhora da estrutura, mesmo que sendo mínima, e melhoras na estrutura tecnológica.

A figura 8 a seguir mostra a variação percentual do orçamento público de saúde brasileiro de um ano para outro.

Fonte: ANS 0,0 20,0 40,0 60,0 80,0 100,0 120,0 140,0 160,0 180,0 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 R $ ( em b il h õ es d e re a is ) Ano

Receitas de contraprestações da saúde suplementar no Brasil

-2001 a 2016

(38)

Figura 8 – Variação percentual do orçamento público da saúde no Brasil de 1995 a 2015.

Fonte: Ministério da Saúde

A figura 8 mostra a variação percentual do orçamento público da saúde no Brasil em relação ao ano anterior, podemos verificar que do ano de 1995 a 1996 houve uma redução de mais de 45%, sendo recuperado no ano seguinte, mais com uma leve redução até 1999, após esse período vem se mantendo um aumento, apesar das crises econômicas que enfrenta o Brasil.

Em 2011 segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mesmo que o Brasil seja um sistema universal, os gastos do sistema privado foram mais de 54%, enquanto o governo arcou com apenas os quase 46% restantes. Nota-se que o Brasil é o único país do mundo em que tendo a rede pública consolidada como universal gasta-se menos que a iniciativa privada. Na atualidade, o cidadão brasileiro paga mais da metade dos serviços de saúde por ele utilizado. (OMS, 2013).

Deste modo, verifica-se que a partir de 2007, o setor de saúde privada vem arrecadando mais receitas do que o orçamento público brasileiro devido a uma grande fatia da população está migrando para os serviços privados e com a alta dos preços do serviço.

Fonte: Ministério da Saúde

-50,00% -40,00% -30,00% -20,00% -10,00% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 19 95 /1 99 6 19 96 /1 99 7 19 97 /1 99 8 19 98 /1 99 9 19 99 /2 00 0 20 00 /2 00 1 20 01 /2 00 2 20 02 /2 00 3 20 03 /2 00 4 20 04 /2 00 5 20 05 /2 00 6 20 06 /2 00 7 20 07 /2 00 8 20 08 /2 00 9 20 09 /2 01 0 20 10 /2 01 1 20 11 /2 01 2 20 12 /2 01 3 20 13 /2 01 4 20 14 /2 01 5 % Ano

(39)

2.6. Cenário mundial

Em vários países, e no Brasil que o caso em estudo, o mercado de saúde privada vem continuamente sofrendo com os custos, subindo os preços e deixar mais caro o acesso a saúde suplementar.

Desde a década 80, os custos de com saúde vêm aumentando expressivamente. Isto é resultado do envelhecimento populacional, a falta de cuidado com materiais e da introdução de novas tecnologias, gerado elo aumento de renda da população e também pelo maior número de usuários.

Segundo o IESS, a inclusão de novas tecnologias na área de saúde é totalmente diferenciada da produção na área computacional, que, geralmente, de acordo com a Lei de Moore1 cai a cada dois anos. Só nos Estados Unidos, em média a cada 13 anos, os gastos com os serviços de saúde dobram, pois quando novas tecnologias são introduzidas nos serviços hospitalares e ambulatoriais, aumenta-se a necessidade de recursos humanos e operacionais, e em sequência, os custos.

Contando também que a inserção das inovações tecnológicas leva ao consumo de mais materiais, treinamento e equipamentos, sem necessariamente ter evidências da sua palpabilidade nos tratamentos e melhoria dos indicadores de saúde.

A OMS (2011) mostra que os gastos do setor público com a saúde de cada brasileiro foram de 512,6 dólares por ano, um valor bem baixo na comparação com países que não ofertam um sistema de saúde público dito universal. No Ranking mundial o Brasil ocupava a posição 42 em 2012 no gasto per capita com saúde, chegando a ocupar a posição 70 em 2004.

1 A lei de Moore surgiu em 1965, através de um conceito estabelecido por Gordon Earl Moore, em que dizia que

o poder de processamento dos computadores (como informática geral, não os domésticos) dobraria a cada 18 meses. Ou seja, os custos das tecnologias na área de computação caem pela metade a cada dois anos, enquanto na área de saúde, a escala dos valores duplica.

(40)

2.7. Gasto público x privado

Só em 2013, a fatia dos gastos com saúde representou 8% do PIB, ou seja, um montante de 424 bilhões de reais segundo o IBGE. “Entre as dez maiores economias do mundo, só no Brasil a despesa privada é maior que a pública”. (ANAHP, 2015). A figura 9 mostra o percentual gasto pelo setor público e privado em saúde.

Figura 9 – Percentual gasto em saúde do setor público e privado no Brasil de 2000 a 2012.

De 2000 a 2012 no Brasil como mostra a figura 9, o gasto em saúde no setor público é inferior ao gasto no setor privado, entre as dez maiores economias do mundo, só no Brasil ocorre esse fato, isso é resultado do desenvolvimento econômico da renda, em que pessoas preferem gastar o seu rendimento ao esperar pelo poder público, onde é observado que nos últimos anos a diferença está diminuindo, essa diferença é causada pela regulação de mercado, e pelos investimentos crescente do governo apesar das crise enfrentadas pela economia brasileira.

Fonte: Banco Mundial

40,3% 42,3% 44,6% 44,4% 47,0% 40,1% 41,7% 41,8% 42,8% 43,6% 47,0% 45,7% 46,4% 59,7% 57,7% 55,4% 55,6% 53,0% 59,9% 58,3% 58,2% 57,2% 56,4% 53,0% 54,3% 53,6% 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Público Privado

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2.8. Demografia e saúde

“O rápido envelhecimento da população brasileira, tem forte impacto nos gastos em saúde, pois quanto mais a população envelhece, a necessidade de cuidados com a saúde aumenta, logo a demanda por serviços segue esse aumento ”. (CARVALHO, GARCIA, 2003).

A idade é um fator associado aos altos gastos com saúde, tendo forte ligação com as doenças crônicas, aquelas que demandam um maior cuidado e maior gasto. Deste modo, o envelhecimento da população direciona para a necessidade de mudanças no planejamento da gestão dos planos de saúde.

A OMS define que a base principal da atenção aos indivíduos idosos não pode ser resumida pelo comum assistencialismo. Os países precisam criar políticas amplas e intersetoriais que busquem assegurar o envelhecimento saudável. (OMS, 2002).

“Outro fator importante que colabora para o aumento dos gastos com saúde é a evolução da esperança de vida da população. O envelhecimento da população sugere um aumento dos gastos para a manutenção, prevenção e tratamento da saúde dessas pessoas. ” (ZUCCHI et al., 2000). As curvas de despesas com saúde em relação a idade apontam um aumento relevante e continuo principalmente a partir dos 40 anos.

2.8.1. Perfil dos beneficiários de planos de saúde

De acordo com projeções populacionais do IBGE, o número de idosos (pessoas com mais de 65 anos) equivalia a 8,2% da população total em 2016, contra 5,6% em 2000.

Comparações internacionais indicam que a população brasileira ainda é relativamente jovem, mais passa por um processo gradual de envelhecimento. Até 2040 a proporção de idosos no Brasil deve atingir o nível observado hoje no Reino Unido (17,6%), até 2050 o perfil populacional do país será semelhante ao da Itália (22,6%) de hoje e, até 2060, devemos alcançar o perfil observado no Japão (26,8%) atualmente.

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Ainda de acordo com dados do IBGE, a expectativa de vida ao nascer passou de 69,8 anos em 2000 para 75,5 anos em 2015. A figura 10 mostra a distribuição dos usuários de planos de saúde por faixa etária.

Figura 10 – Distribuição percentual dos beneficiários de planos de saúde por faixa etária no Brasil de 2010 a 2016.

Fonte: ANS

Quando considerados os números de beneficiários por faixa etária, verifica-se que a população em idade ativa responde pela maioria do mercado. Todavia, constata-se um envelhecimento da população atendida, reflexo das mudanças demográficas em curso e, principalmente, do aumento do desemprego.

Fonte: ANS

25,1 24,6 24,5 24,4 24,5 24,1 24

62,8 63,2 63,4 63,5 63,1 62,7 62,2

12,1 12,2 12,1 12,1 12,6 13,2 13,8

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Distribuição dos beneficiários por faixa etária (%) - Brasil 2010 a

2016

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3. METODOLOGIA

3.1. Dados

Os dados utilizados neste estudo são de caráter público, gerenciados e informados pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que é uma agência reguladora sob regime especial ligada ao Ministério da Saúde e responsável pela regulação, controle, normatização e fiscalização das atividades que garantam os serviços de saúde suplementar. A ANS tem por objetivo institucional fomentar a defesa do interesse público quanto assistência suplementar a saúde, regulando as operadoras, principalmente quanto às relações entre prestadores e consumidores, contribuindo para o desenvolvimento das ações de saúde. (PIETROBON; PRADO; CAETADO, 2008).

Outra fonte de dados refere-se ao IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), é uma instituição sem fins lucrativos que tem por finalidade promover e realizar estudos investigativos e técnicos que valham de fundamento para elaboração de políticas e introduzir melhores práticas direcionadas para a saúde suplementar, além de conter informações do setor de saúde suplementar são disponibilizados dados econômicos que influenciam no setor.

Tais dados podem ser consultados na ANS pelo endereço eletrônico:

www.ans.gov.br, e no IESS pelo endereço eletrônico: www.iess.org.br.

Os dados utilizados correspondem aos anos de 2000 a 2017, trimestralmente para número de beneficiários e taxa de desemprego, receitas de contraprestações e despesas assistenciais foram usados dados anuais referente ao período de 2001 a 2016, a taxa de sinistralidade anual de 2001 a 2016, reajustes das mensalidades e variação de custo médico-hospitalar foram usados dados anuais de 2008 a 2016.

Referências

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