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(In)Foco: o labirinto como realidade paralela

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Academic year: 2021

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AGRADECIMENTOS

Não gostaria de começar este relatório sem antes prestar os devidos agradecimentos a algumas pessoas que fizeram a diferença neste meu percurso pelo mundo do cinema:

Ao Prof. Doutor Paulo Filipe Monteiro pela disponibilidade, apoio, dedicação e profissionalismo na orientação do meu projeto. À minha equipa técnica que foi incansável na forma de trabalhar comigo: assistente de realização - Luís Correia, diretor de fotografia - Nuno Martini, diretor de som - Herberto Magalhães, assistente de som - Guilherme Marques, assistente de fotografia - Josimar Krithinas, assistente de produção - Anabela Gonçalves, maquilhagem e assistente de produção - Carolina Vilardouro, compositor da banda sonora - Nuno Cruz, drone - Samuel Amaro e claro os magníficos atores que deram vida às personagens: Lourenço Seruya, Pedro Matos, Sofia Sousa e Teresa Vaz. Um obrigado ao Nelson Lisboa pelo styling. Deixo também uma palavra de enorme apreço e respeito por todos os atores que se disponibilizaram a estar presentes nos castings. O meu profundo obrigado.

Um obrigado à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa pelo apoio a nível de equipamentos e cedência de espaços para ensaios e filmagens, ao Café Com Sabor por ter cedido o espaço como cenário e à empresa Lare-i-à que cedeu o magnífico espaço do hotel Muxito, o labirinto por excelência onde tudo aconteceu.

Gostaria também de agradecer ao Bazar do Vídeo pela cedência do material de iluminação. Hoje sei que sem os vossos magníficos leds jamais conseguiria ter levado a cabo este projeto. Muito obrigado.

Por último não poderia deixar de agradecer o apoio incondicional da minha família nesta viagem pelo mundo cinematográfico. Presto aqui a minha homenagem à minha filha, à minha mulher e à minha mãe, os pilares do meu labirinto.

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Agradecimentos...1 1. Resumo...3 2. Introdução...4 3. Género...6 4. Enquadramento concetual...7 5. Referências cinematográficas...7 6. Metamorfoses cinematográficas...8 7. Sinopse...10 8. Pré-produção... 10 8.1. Argumento...10 8.2. Escrita do guião...12 8.3. Personagens...12 8.4. Equipa de produção...13 8.5. Casting...14 8.6. Ensaios...14 8.7. Décors...15 8.8. Apoios...15 9. Produção...16 9.1. Mapa de rodagem...17 9.2. Meios técnicos...17 9.3. Storyboard...20 10. Pós-produção... 21 10.1. Correção de cor... 21 10.2. Pós-produção áudio...22 11. Materiais de divulgação...22 12. Considerações finais...23 13. Bibliografia...26 14. Filmografia...27 15. Anexos...28 Guião...30 Storyboard...41

Parque de material utilizado...45

Cartaz promocional...46

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1. RESUMO

(In)Focus: O labirinto como realidade paralela é uma história que nos revela um dia aparentemente comum de quatro jovens que decidem fazer uma sessão fotográfica num lugar inóspito a fim de reunir portfólio. O que parecia ser um dia normal vai atingir contornos enigmáticos subjugando as personagens a um espaço finito, um labirinto carregado de simbologias.

A ideia surgiu na sequência de uma reflexão pessoal quando estava a realizar uma sessão fotográfica num edifício abandonado. Nesse momento, lembro-me de ter observado a arquitetura e de ter achado a estrutura moribunda, degradada e com uma sentença de morte anunciada. Não conseguir ficar indiferente à beleza da construção e à relação estabelecida com a paisagem envolvente. Estava perante um património com a sua própria história, mas renegado ao esquecimento. Após algumas leituras sobre o estado de algumas ruínas em Portugal percebi que, na sua grande maioria, as estruturas abandonadas possuem uma espécie de aura1. Ficou

claro para mim que queria escrever uma história que envolvesse fotógrafos, modelos e suspense usando um dos vários edifícios em ruínas espalhados pelo nosso país.

O conceito ganhou forma quando pesquisei filmes dentro do género (suspense/terror) e cruzei os pontos de vista de realizadores que admiro com os meus. Ao estudar os filmes vi de certa forma materializados os pensamentos iniciais que me levaram a querer realizar uma curta-metragem de ficção.

O filme (In)Focus: O labirinto como realidade paralela apresenta várias analogias com o labirinto de Minotauro e recorre ao uso de simbologia variada que nos transporta para um universo místico associado a lendas e rituais ancestrais.

PALAVRAS CHAVE

Labirinto, Minotauro, Fotografia, Mitos, Lendas, Simbologia, Ruínas de Portugal, pré-produção, pré-produção, pós-pré-produção, montagem, correção de cor, iluminação.

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2. INTRODUÇÃO

Este projeto nasceu no momento em que decidi inscrever-me no Mestrado em Cinema e Televisão, no curso de Ciências da Comunicação da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, precisamente por sentir necessidade de querer olhar o cinema não como um simples espetador mas como parte integrante desta arte/indústria. A base da minha formação na área da imagem está inteiramente relacionada com o design gráfico e com a fotografia, o que por si só não se revelou suficiente para preencher o meu desejo por cultura visual. O cinema, ao contrário da fotografia, resulta de uma combinação entre velocidade e fotografia:

O cinema é resultado da união entre velocidade e fotografia, ideia formulada por Walter Benjamin (1) segundo a qual o cinema já estava contido virtualmente na fotografia. No dia 22 de março de 1895, os irmãos Lumière exibiram o cinematógrafo na Sociedade para o Desenvolvimento da Ciência de Paris, quando o filme A saída dos operários da fábrica Lumière (La sortie de l'usine Lumière à Lyon) foi mostrado pela primeira vez. A chegada do trem à Estação Ciotat, filme dos irmãos Auguste e Louis Lumière de quarenta e cinco segundos de duração, teve sua primeira (2) exibição pública em Paris a 28 de dezembro de 1895 e marcou o encontro da locomotiva, a imagem da velocidade tecnológica, com a cinematografia, a velocidade da imagem fotográfica.2

Fazer cinema é um ato composto por um conjunto de pessoas que organizada e sincronizadamente trabalham de forma profissional na conceção de um todo que é o filme. Esta faceta do cinema e a sua forma de arte associadas a um espírito colaborativo despertou o meu interesse e a minha vontade de saber mais sobre a história do cinema.

A principal dificuldade de todo o realizador cinematográfico reside em saber manter a intenção original da sua ideia e desenvolvê-la de forma que possa transpô-la para o filme através da colaboração de um grupo de pessoas3.

2 Barreto, Márcio, ” O cinema e o campo perceptivo da ciência”. Cienc. Cult. [online]. 2014, vol.66, n.4 [citado em 2016-05-1], pp. 54-57 . Available from:

<http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S000967252014000400016&lng=en &nrm=iso>. ISSN 2317-6660.

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Em termos de experiência pessoal, procurei escolher um curso que me dotasse de uma nova capacidade para expressar visualmente as minhas ideias e me possibilitasse criar imagens e adquirir ferramentas e capacidades para contar as minhas próprias histórias.

Deveríamos então perguntar-nos, antes de mais, por que é que fazemos um filme, antes de dizermos como devemos fazê-lo4

Foram várias as etapas criativas envolvidas no processo de realização do meu filme: escrita do guião, conceção do storyboard, onde materializei a ideia em forma física, pré-produção, produção e pós-produção. Nestas várias etapas onde concetualizei e sustentei as minhas ideias, fui assimilando conhecimento para desenvolver os processos criativos. O facto de ter trabalhado de perto com excelentes profissionais nas categorias de fotografia, áudio, atores e assistentes ajudou-me a estar e a ser parte integrante do cinema, o que contribuiu para o processo de questionamento das várias decisões tomadas a nível individual e também em equipa, uma vez que assumi a liderança deste projeto como guionista, realizador e produtor.

Ao contrário de alguns filmes que se baseiam em obras literárias para fazer a respetiva adaptação, eu parti de uma ideia concetual para realizar o meu projeto, com todos os riscos que esta decisão pudesse trazer. O elemento que me ligava ao mundo tangível era apenas a referência a dois jovens fotógrafos que tinham como ideia inicial fazer uma sessão fotográfica com duas modelos num lugar inóspito. Todo o restante guião se desenvolveu em torno da mitologia ancestral e da misticidade da simbologia, indo ao encontro dos universos criados por produtores como Guillermo del Toro, o realizador mexicano responsável por realizar obras como Pan’s Labyrinth, Crimson Peak e The Hobbit e Stanley Kubrick, um realizador americano que dispensa apresentações e conta com obras icónicas como: A Clockwork Orange, 2001: a Space Odyssey, Eyes Wide Shut e Shining. No meu caso, o estudo incidiu sobre o filme Pan’s Labyrint pelo facto de explorar o tema do labirinto e as alusões à simbologia e também sobre o filme Shining por também ele

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representar o seu labirinto, embora de forma diferente, e o domínio do ser híbrido, o Minotauro, sobre todos.

Procurei para o meu filme justapor dois universos distintos, realidade e ficção, contrapondo-os ao longo da história através do recurso a símbolos que remetem para rituais pagãos assim como alusões a rituais iniciáticos onde a premissa é encontrar o centro de um labirinto, que pode ser uma saída, um reconhecimento ou mesmo a salvação.

3. GÉNERO

Ao ter decido enveredar pela conceção de um projeto prático procurei realizar um filme de género suspense/terror que contribuísse para um processo de aprendizagem e reflexão pessoal. O terror é um género difícil de definir, como disse o autor Thomas M. Sipos, justamente por ser um género bastante emotivo com o propósito de surpreender, inquietar e assustar a audiência.

Horror is an elusive genre to define. Horror television shows like The X-Files are mistaken for science fiction, while suspense and fantasy films are marketed as horror.5

Os filmes de terror pressupõem uma ameaça, uma estrutura que visa criar tensão e momentos fortes para o público que, apesar de saber que vai ser assustado, não tem a certeza de como e quando. Aqui reside, a meu ver, parte da magia dos filmes de suspense.

Os géneros de filmes são definidos por um conjunto de convenções de histórias, que podem incluir enredo, personagens, período. Segundo o autor Thomas M. Sipos:

5 Sipos, Thomas, (2010) Horror Film Aeshetics, Creating the Visual Language of Fear, London, McFarland & Company Inc., Publishers.

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Story conventions spawn a genre’s icons, such as vampires or spaceships. Genre should not be confused with style: the techniques and manner whereby the story is told.

Film noir is not a genre, but a filmmaking style caracterized by rain-drenched streets, night-for-night photography, low-key lightening, claustophobic framing and art décor, grimy sets, saxofones in the background music, and artificially heightened dialog.

4. ENQUADRAMENTO CONCETUAL

Segundo o Dicionário dos Símbolos, a palavra labirinto tem a sua origem no palácio cretense de Minos onde estava encerrado o Minotauro e de onde Teseu só conseguiu sair com a ajuda do fio de Ariadne.

O labirinto é, essencialmente, um entrecruzamento de caminhos, dos quais alguns não têm saída e formando, por isso, becos, através dos quais se trata de descobrir o caminho qua conduz ao centro dessa bizarra teia de aranha.

O labirinto deve, ao mesmo tempo, permitir o acesso ao centro por uma espécie de viagem iniciática e proibi-lo àqueles que não são qualificados.

O centro que protege o labirinto será reservado ao iniciado, àquele que, através das provas de iniciação, se mostrar digno de aceder à revelação misteriosa. Uma vez chegado ao centro, ele é como que consagrado.6

5. REFERÊNCIAS CINEMATOGRÁFICAS

Seria quase impossível criar este projeto sem recorrer às inúmeras referências cinematográficas que me influenciaram e que despertaram em mim a vontade de contar as minhas próprias histórias. No contexto do meu projeto são algumas as obras que estudei de forma aprofundada para construir os alicerces do meu projeto: Shinning de Stanley Kubrick, Pan’s Labyrinth de Guillermo del Toro, Psycho de Alfred Hitchcock, Nosferatu de F.W.Murnau, Rosemary’s Baby de Roman Polanski, The Exorcist de William Friedkin, The Conjuring de James Wan, Screams e

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The girl in photography ambos de Wes Craven, Maze Runner de Wes Ball, e Cube de Vincenzo Natali.

Todos estes autores ajudaram a moldar as minhas ideias e a materializar o conceito de realização de um filme de género suspense/terror. Alguns dos títulos apontados foram visualizados várias vezes, e às vezes mais do que uma vez por dia, no sentido de estudar o ritmo do filme, as escolhas dos planos, a direção de fotografia e a forma como os realizadores pautaram a dinâmica do filme e os principais momentos de tensão.

Foi interessante observar que em quase todas as referências apontadas acima existe um padrão comum: o ritmo, os momentos que antecedem uma cena de tensão, a fotografia e a banda sonora.

Este exercício foi importante na medida que procurei implementar alguns destes padrões na produção do meu filme.

6. METAMORFOSES CINEMATOGRÁFICAS

É muito interessante observar as metamorfoses do labirinto pela mão dos diferentes realizadores que exploram esta temática. De todas as obras estudadas destaco duas, que colocarei em paralelo com o meu filme: Shining de Stanley Kubrick e Pan’s Labyrinth de Guillermo del Toro.

No filme Shining, adaptação da obra de Stephen King é possível estabelecer uma relação entre a psicose e o misticismo. O filme de Kubrick fala de um escritor, Jack Torrance, que aceita ir com a sua família para um hotel onde terá de fazer a segurança durante o período de inverno, altura em que o hotel fica isolado devido ao mau tempo. O efeito do isolamento começa a influenciar Jack e o seu filho que começa a ter visões relacionadas com o famoso quarto 237. A personagem Jack é a personificação do Minotauro e o hotel isolado é a representação do labirinto. Contrapondo com o meu filme, encontro esta personificação na personagem Marta e o labirinto surge representado no Hotel Muxito.

No segundo filme, realizado por Guillermo del Toro, a história gira em torno de uma menina, Ophelia, que se muda com a sua mãe para uma região de Espanha,

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no norte de Navarra, onde alguns rebeldes insistem em manter a luta contra os guerrilheiros apesar de a guerra civil ter terminado. Ophelia descobre um labirinto que lhe abre as portas para um novo universo repleto de criaturas míticas como o fauno e as fadas. O labirinto neste filme de Guillermo del Toro é uma escapatória para um mundo alternativo, onde a personagem Ophelia pode evadir-se à realidade crua do final da guerra civil de Espanha.

A relação que estabeleço com o meu filme está relacionada com os dois universos apresentados na narrativa, o tangível e o intangível, o mundo real e o mundo da fantasia e de que forma eles coexistem no mesmo espaço. No meu filme, a entrada para o labirinto surge quando os quatro jovens chegam ao Hotel Muxito e entram, pelo seu pé, nas arcadas que dão acesso ao interior do edifício para não mais sair. Ao nível da caracterização, e analisando Pan’s Labyrinth, optei por não investir na caracterização das personagens, deixando a imagem o mais real possível por forma a transmitir um ambiente com o qual o espetador se pudesse identificar.

Em termos de ambientes, penso que o meu filme se identifica mais com a naturalidade da obra Shining, explorando a luz natural sempre que possível, ao passo que em Pan’s Labyrinth os cenários são mais produzidos e fantasiosos, remetendo o espetador para universos alternativos para lá do limiar da realidade. No que concerne à representação do labirinto, concluo que ambos os filmes utilizam esta estrutura como simbologia e um meio para atingir um determinado objetivo. Se em Shining o hotel é o terreno onde o Minotauro domina, em Pan’s Labyrinth o labirinto é o portal para um mundo alternativo.

De volta ao meu caso prático, usei o labirinto como um local sagrado onde Marta coloca à prova Tim, Joel e Lisa e onde a personagem reúne toda a sua força procurando sempre que possível atrair vítimas até àquele lugar. Esta ideia é a representação perfeita da viúva negra que atrai as presas até à sua teia.

No meu filme é possível assistir à cena onde Marta sugere, discretamente, o hotel Muxito para realizarem a sessão fotográfica. Este momento dá-se quando os jovens estão no bar da faculdade a conversar sobre o facto de lamentarem não fazer a sessão no restaurante panorâmico de Monsanto.

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7. SINOPSE

O filme (in)Focus: O labirinto como realidade paralela trata de dois jovens fotógrafos Tim e Joel, que decidem elaborar uma sessão fotográfica com Lisa e Marta, duas jovens universitárias, a fim de colocar em prática um antigo projeto sobre fotografia de suspense e terror. Os jovens decidem realizar a sessão fotográfica no espaço de um antigo hotel de cinco estrelas, o Hotel Muxito, e cedo detetam alguns fenómenos estranhos através das imagens captadas. Para lá daquele edifício abandonado existe um labirinto que os transporta para um universo de fenómenos, trazendo consequências para todos. Ou quase todos.

Parte da história tem a particularidade de ser baseada em factos verídicos, nomeadamente o assassinato de um casal nesse hotel. Este acontecimento foi contado a toda a equipa de modo a influenciar, de alguma forma, a representação dos atores.

8. PRÉ-PRODUÇÃO

A pré-produção foi uma fase de extrema importância onde foram organizadas as várias etapas da produção do filme: conceção da primeira versão do guião, cronograma com as várias etapas do projeto, listagem de equipamento necessário para realizar o filme, levantamento de necessidades quanto ao número de atores, locais das rodagens e respetivos pedidos de autorização, seleção de atores, ensaios, recrutamento dos técnicos de fotografia, áudio e assistentes, transportes, maquilhadores/cabeleireiros e catering.

8.1. Argumento

Escrever um primeiro argumento é um ato bastante ousado e intimista, uma vez que um bom argumento com uma boa sustentação pode influenciar o financiamento do filme por parte dos produtores.

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Segundo Claude Chabrol o argumento deve ser apresentado em sequências:

Como construir um argumento?

Deve fazer-se uma dramaturgia literária ou teatral, ou uma mistura das duas. Mas esta dramaturgia deve, na medida do possível, ter já em conta os elementos rítmicos e musicais que o filme virá a ter. A meu ver, é necessário obrigarmo-nos a pensar, o mais cedo possível, no ritmo que o filme vai ter.7

No caso do meu filme não concebi o argumento com vista a vendê-lo a um produtor, porque não existiu qualquer apoio financeiro para realizar este projeto. O processo de escrita foi conduzido sempre com a ideia clara da história que queria contar, tendo estruturado o argumento numa espécie de guião onde fui dividindo as cenas com a descrição das deixas.

No meu entender existem várias formas para escrever um argumento: depende da forma como o realizador trabalha e dos objetivos que tenciona alcançar. Para Wolf Rilla o método usado passa por:

Primeiro, começo por ter em mente uma história ou argumento; faço em seguida um breve esboço do mesmo e estruturo-o. Trato-o e penso-o como se estivesse a filmar, e escrevo-o em seguida por números de planos, digamos, desde o primeiro plano até ao 427. Numa fase mais posterior, dedico-me a elaborar o sentido que possui cada cena, e isto ajuda-me imenso, pois permite-me ir dando à ideia uma forma definitiva, determinando ao mesmo tempo o ritmo da planificação.8

Para Claude Chabrol, o argumento é um edifício cuja construção avança de sequência em sequência, devendo manter o equilíbrio do interior de cada uma, assegurando a coesão do conjunto. No entanto, também é determinante definir muito bem a história que se quer contar:

É necessário definir na nossa cabeça, com precisão, aquilo que queremos contar. Por vezes não o sabemos bem no começo e é à medida que escrevemos o argumento que o descobrimos.9

7 Chabrol, Claude, (2005) Como fazer um filme, Lisboa, Dom Quixote. 8 Marner, Terence, (2014) A realização cinematográfica, Lisboa, Edições 70. 9 Chabrol, Claude, (2005) Como fazer um filme, Lisboa, Dom Quixote.

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8.2. Escrita do guião

O processo de escrita do guião foi um ato contínuo e solitário, já que não tive a oportunidade de trabalhar em parceira com um argumentista. Foram feitos vários esboços até chegar ao derradeiro. Na primeira versão foram escritas 25 páginas com vários detalhes que se revelaram de pouco interesse para a narrativa do filme. Penso que esta característica, a de querer contar tudo detalhadamente, é comum nos iniciantes, como eu, na escrita dos guiões. Após várias leituras, revisões, discussão com o orientador e cortes fiquei com um guião de 11 páginas onde consegui condensar a informação pertinente para iniciar o processo de rodagem do filme.

No que concerne ao guião técnico, por forma a rentabilizar e facilitar o manuseamento do guião no set de rodagem, optei por não o fazer e em alternativa fui fazendo as anotações no storyboard por forma a tornar o processo mais simples e visual.

8.3. Personagens

As personagens que aparecem no filme foram criadas no processo do argumento e algumas delas foram baseadas em pessoas reais.

Tim, um jovem ousado e extrovertido, usa a fotografia para se aproximar das raparigas. Já Joel, por contraposição, é um jovem tímido e reservado, apaixonado pela fotografia, levando este hobby muito a sério. No que diz respeito às raparigas, Marta é uma rapariga misteriosa, pouco expressiva e extremamente observadora, enquanto Lisa é a rapariga das luzes da ribalta que adora tudo o que o mundo do espetáculo tem para oferecer. Adora ser conquistada e é dada aos jogos de sensualidade.

Durante os ensaios, uma das minhas preocupações era de tentar passar, de forma inequívoca, a ideia que eu tinha de cada personagem para os atores. De certa forma tive algum receio de me expressar de forma errada e levar o ator a sentir a sua personagem de forma incorreta. Por forma a não correr grandes riscos pesquisei

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alguns filmes que poderiam servir de referência para os atores e este processo acabou por se revelar útil, pois penso que o resultado é bastante gratificante.

Um facto que achei bastante enriquecedor foi a relação de empatia que fui criando com os atores. Algumas das alterações que fiz ao guião partiram de ideias vencedoras, a meu ver, dos próprios atores, que enriqueceram as cenas não só ao nível do desempenho de representação, mas também ao nível da estruturação do guião.

8.4. Equipa de produção

Durante o processo de escrita do guião e da construção das personagens visualizei técnicas de captação das imagens, o que me levou a pensar no tipo de lentes e meios dos quais iria precisar para materializar os meus pensamentos. Nesta fase percebi que iria necessitar de profissionais com experiência na área que me ajudassem a construir o meu filme. A minha grande preocupação incidiu na procura de um diretor de fotografia com o qual eu sentisse empatia e com o qual eu conseguisse dialogar e trocar ideias de forma enriquecedora. Por forma a levar a cabo o meu projeto reuni os seguintes elementos: diretor de fotografia, assistente de fotografia, diretor de áudio, assistente de áudio, assistente de realização, assistente de produção, maquilhadora e cabeleireira. Procurei conversar com cada um deles sobre as tarefas que cada um iria efetuar e os procedimentos a adotar.

Com o diretor de fotografia procurei estudar cada plano no sentido de perceber qual seria a melhor forma para captar determinada imagem com o sentimento adequado, assim como discuti com ele as várias possibilidades de iluminação para cada cena. O assunto das lentes foi previamente discutido e as várias conversas permitiram ao diretor de fotografia perceber exatamente o que eu pretendia e que tipo de lente ira usar em cada momento da rodagem.

Da mesma forma procurei estar em sintonia com o diretor de áudio para me certificar que no final da rodagem iria encontrar exatamente o que tinha planeado para o filme. A experiência dos técnicos de áudio foi de facto uma grande valia pois conseguiram captar todas as ambiências e os diálogos perspetivados.

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Os assistentes de realização e de produção deram um enorme contributo na preparação dos ensaios, décors, atores e na logística inerente à produção.

No que diz respeito à imagem dos atores tive a oportunidade de trabalhar com uma pessoa que, talentosa e metodicamente, reproduziu dia após dia a mesma maquilhagem e os mesmos penteados nos atores.

8.5. Casting

A seleção dos atores foi feita através de um anúncio colocado na internet, o que me permitiu conhecer excelentes profissionais das áreas do teatro e do cinema. O casting foi dividido em três fases: entrevista ao candidato, leitura de algumas deixas assinaladas previamente no guião e momento de improviso, o qual me permitiu observar a dinâmica dos atores e a sua adaptação aos vários papéis propostos. Do resultado deste casting surgiu a escolha das minhas personagens principais: Joel (Pedro Matos), Tim (Lourenço Seruya), Marta (Teresa Vaz) e Lisa (Sofia Sousa).

8.6. Ensaios

Apesar da ligeira ansiedade sentida, geri os ensaios partindo da minha visão do guião e incorporando a interpretação dos atores quando radiografada a sua pertinência. Os ensaios deram-me a oportunidade de comprovar as leituras teóricas que fiz a fim de me preparar para esses momentos: é difícil dirigir no cinema atores com formação teatral. Curiosamente, na consulta dos currículos dos candidatos percebi que muitos dos atores tinham como base formação teatral (idealmente teria sido muito útil ter uma pessoa especialista para os dirigir, mas as limitações financeiras não me permitiram concretizar esta exigência).

Os ensaios foram marcados e realizados na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, no estúdio do Medialab e no Hotel Muxito. Os textos foram testados e adaptados e procedeu-se ao levantamento de

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necessidades técnicas para rodar o filme: iluminação, planos, cenários, guarda-roupa e adereços.

8.7. Décors

À medida que fui pensando no filme, fui imaginando o tipo de décors onde o iria rodar. Um dos cenários já estava assinalado, o edifício abandonado, o hotel Muxito no Seixal, os restantes foram surgindo através das várias ideias que queria transmitir. O cenário do bar na faculdade, Com Sabor, situado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, ganha vida através da intenção de querer passar a ideia de um filme jovem. Com isto não quero dizer que tenha de ser dirigido única e exclusivamente a jovens, mas gosto do ambiente típico e dinâmico das faculdades, porque de certa forma me remete para o universo do realizador Wes Craven, que realizou filmes como Screams ou mesmo Nightmare on Elm Street com o famoso e tenebroso Freddy Krueger. O terceiro cenário surge quase que espontaneamente com a cena da travessia da ponte 25 de Abril, pois quando escrevi esta cena percebi de imediato que queria filmar no Alvito com a ponte a servir de pano de fundo, fazendo as vezes de antecâmara para a dita passagem.

8.8. Apoios

Para a realização de um filme torna-se vital ter apoios logísticos e financeiros para rodar, principalmente se a produção não tiver verbas para pagar aos colaboradores.

No meu caso comecei por contactar os proprietários e/ou os diretores dos espaços que idealizei para filmar: FCSH/NOVA, Bar Com Sabor e Hotel Muxito. Estes contatos foram feitos com bastante antecedência, por forma a garantir que nada falhasse aquando do início do processo de rodagem. O facto de ter feito os contactos antecipadamente permitiu-me mudar a situação de um cenário que tinha

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previsto numa primeira fase: o labirinto estava pensado para ser no hotel panorâmico de Monsanto, mas infelizmente não autorizaram a presença da equipa no espaço. Muito rapidamente, vi-me obrigado a procurar um espaço alternativo, recaindo a minha escolha no Hotel Muxito, situado no Seixal.

Uma vez encontrados os décors dediquei-me a providenciar uma equipa profissional e atores competentes com o mínimo de recursos financeiros. O que parecia revelar-se uma tarefa impossível veio a revelar-se uma experiência fantástica, pois consegui reunir várias pessoas por uma causa, a minha causa, que de forma apaixonada e empenhada deram o seu melhor para imprimir vida a este projeto.

A nível técnico procurei parcerias com empresas de equipamentos de filmagem e obtive apoio por parte do Bazar do Vídeo, que gentilmente cedeu painéis de iluminação (leds). Tive também o apoio por parte do Medialab da FCSH/NOVA para usar os diversos equipamentos que têm ao dispor dos mestrandos: câmaras full HD e 4K, steadicam, rigs, gravadores de áudio, microfones, projetores, refletores e todos os acessórios para operar esta maquinaria.

9. PRODUÇÃO

A produção do filme (in)Focus: O labirinto como realidade paralela foi um pouco sacrificada uma vez que não teve a participação de um elemento responsável por esta área. A produção foi assumida por mim e por duas assistentes de produção que se responsabilizaram por organizar o catering para os atores e para a equipa técnica.

Nas várias fases da rodagem senti necessidade de um chefe de produção que se responsabilizasse pela organização do plateau e de todos os detalhes inerentes à realização do filme: delimitação do espaço, seleção dos espaços para colocação do material, transporte de atores e equipa técnica e eventuais contratempos que surgiram durante as rodagens e que obrigaram a pausas extensas, como o caso de vizinhos que exigiram ver os documentos que autorizassem a nossa presença nas propriedades do Hotel Muxito.

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9.1. Mapa de rodagem

O mapa de rodagem é um documento onde devem constar todos os pormenores no que diz respeito aos décors, logística da equipa e maquinaria variada, como câmaras, iluminação, telas, filtros, tripés e outros.

A folha de serviço deverá constar da lista de documentos essenciais para a produção de um filme, uma vez que se constitui como a planificação diária dos atores e equipa técnica. Esta folha reflete aspetos logísticos inerentes à produção: meios de transporte usados, horários, locais de encontro, etc. No meu caso foi feita apenas uma folha, uma vez que os transportes, locais e horas de encontro foram assinalados durante a pré-produção e mantiveram-se inalteráveis ao longo de toda a produção. A duração do percurso foi calculada com várias reperáges ao local de filmagens.

A lista de décors é também um documento onde se podem encontrar todos os cenários onde será rodado o filme. Optei por usar um storyboard para cada dia de rodagem, onde contemplei todos estes aspetos ajustados ao dia de trabalho.

9.2. Meios técnicos

A tecnologia nas artes não é nada, se não ajudar a criar novas maneiras de ver e de contar, e hoje o vídeo digital abre um mundo em que podemos manipular o tempo, chegar aos corações dos espetadores, diverti-los ou encantá-los, ou até mesmo horrorizá-los ou assustá-los. Acima de tudo, o vídeo digital dá-nos o poder de criar como nunca antes foi possível.10

No que concerne ao equipamento vital para rodar um filme, aponto a iluminação como um elemento fulcral para a boa captação de imagens. No meu caso encontrei várias dificuldades ao nível da luz natural, que ia mudando rapidamente de minuto a minuto, transformando por completo a imagem que chegava à câmara de filmar. Este problema é muito comum e segundo o autor Michael Freeman:

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Na maioria das situações, há certo grau de controle sobre a luz e, portanto há decisões que devem ser tomadas para que a fotografia seja realizada. Mas mesmo em situações fotojornalísticas ou naturalistas, nas quais não há tempo nem intenção de influenciar a luz diretamente, ainda assim, haverá decisões a ser tomadas sobre a forma como a câmara deve reagir à luz e registrá-la. Qual o grau de densidade desejado para as sombras? É necessário preservar detalhes nas altas-luzes? O equilíbrio de cor deve ser ajustado para luzes de tungstênio ou para luz do dia que entra pela janela? À medida que você se torna fluente na linguagem da luz, essas questões deixam de ser vistas como obstáculos e passam a ser consideradas ferramentas criativas que podem ser utilizadas para vocês alcançar sua própria visão.11

Para o fotógrafo português, Joel Santos, para se entender a luz:

A melhor forma de entender a luz é tomar consciência das suas principais propriedades e características, designadamente aquelas que possuem um impacto direto numa fotografia.

...numa primeira análise, existem três que são fundamentais: brilho da luz, cor da luz e polarização. O brilho da luz, também designado como amplitude ou intensidade, determinará, entre outros aspetos, a quantidade de luz disponível e, consequentemente, influenciará as variáveis da exposição. A cor da luz, também denominada por frequência ou comprimento de onda, tem influência nas cores que podem ser percebidas pelo olho humano ...

A polarização diz respeito ao ângulo de vibração da luz, ou seja, às direções que a luz toma para além do seu sentido de propagação. Esta propriedade não é diretamente percetível a olho nu, mas pode ser visualizada e manipulada através de filtros polarizadores.12

Seguindo as palavras dos autores, usei algumas ferramentas de forma criativa para corrigir a questão da mudança da intensidade da luz usando dois painéis de iluminação (leds) para fazer a devida compensação. Nos casos dos décors exteriores procurei usar refletores, essencialmente na cara dos atores, para obter uma luz homogénea, uma vez que o sol ora se mostrava presente ora se escondia nas nuvens, mudando drasticamente a temperatura de cor na imagem captada pela

11Freeman, Michael, (2012) Curso de Fotografia Luz e Iluminação, Santana, Bookman Editora, Lda. 12 Santos, Joel, (2014) Fotografia, Luz, Exposição, Composição, Equipamento, Famalicão, Centro Atlântico.

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câmara. A oscilação da luz pode tornar-se um quebra-cabeças, principalmente se tencionamos filmar durante todo o dia, como foi o meu caso. Sempre que filmava em interiores e quando chegavam as 18h00 deparava-me sempre com o mesmo problema: pouca luz e temperatura de cor fria. Na grande maioria das cenas necessitei de ter o jogo complementar entre a cor fria e a cor quente e a minha iluminação não me permitia obter o resultado desejado. Os filtros de cor tiveram aqui um papel vital para obter o referido complemento entre a cor fria e a cor quente.

Se a imagem é luz, e assumindo a luz como a matéria-prima da imagem, esta não se consegue sem o equipamento adequado que é composto pela câmara e as respetivas lentes. Uma vez mais a minha experiência mostrou-me que sempre que possível devemos procurar ter equipamento que nos permita filmar em condições de pouca luz com o mínimo de ruído possível. Esta tarefa não é fácil, pois depende de sensores grandes nos equipamentos, o que se traduz em compras ou alugueres dispendiosos. A alternativa passa por ter um leque diversificado de lentes claras, ou seja, que tenham um “f/”13 de abertura com valores baixos (1,8, 2, 8) para que

consigamos receber maior quantidade de luz resultando em melhores imagens. No meu caso, o facto de ter trabalhado com equipamentos com estas características permitiu-me usar pouca luz natural e produzir cenas com o dramatismo e contraste que um filme de suspense exige.

Antes de iniciar o processo de rodagem eu e o diretor de fotografia realizámos alguns testes com diferentes câmaras no sentido de entender qual seria a melhor opção para registar as imagens, tendo em conta a qualidade e o menor nível de ruído em condições de pouca luminosidade. Experimentámos uma Canon 60D que se revelou pouco eficaz nas imagens com pouca luz, testámos uma Panasonic Lumix GH4 que revelou melhoria na qualidade em baixas luzes não produzindo no entanto as imagens desejadas ao nível da cor e do detalhe. Por fim submetemos ao teste a Sony A7II que após algumas provas de qualidade foi escolhida para gravar o filme.

13 A abertura do diafragma surge normalmente representada como um valor f/, sendo que quanto mais elevado for o valor, mais pequena é a abertura, e vice-versa. Para além da designação de f/, também é usado o termo f-stop, em que stop é uma unidade de medida da luz que traduz a duplicação ou redução para metade da quantidade de luz que entra na câmara.

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Ao nível da composição procurei sempre que possível aplicar as regras para compor a imagem e para aprisionar na tela da minha câmara a melhor imagem com a maior carga emocional. Os planos foram todos estudados ainda na fase do storyboard, com base na composição:

... um processo criativo e organizativo dos motivos e elementos presentes numa dada cena, assente não só na intenção de produzir uma mensagem fundamentada pelos princípios de perceção... pelo desejo de provocar uma reação emocional no observador.14 Para as cenas com mais ação, que envolveram perseguição em passo de corrida, tive de me socorrer de um estabilizador de imagem (steadycam) para garantir que a câmara ficava nivelada mesmo nas situações mais radicais como é o caso da perseguição do Joel nas cenas finais do filme. O grande desafio passou por equilibrar o peso da máquina com os pesos do estabilizador.

Grande parte do filme foi filmada com a câmara na mão, em parte por causa do magnífico estabilizador que o equipamento possui e que garante uma estabilidade notável. Esta característica permitiu maior liberdade para os movimentos da câmara assim como para os enquadramentos artísticos.

As cenas iniciais, do bar na faculdade e no Alvito, são as únicas cenas onde recorri ao uso de um tripé.

No que concerne ao áudio foi usado um gravador de quatro pistas, onde o diretor de áudio fazia a mistura em tempo real, e para a captação foram usados dois tipos de microfones: um shotgun montado numa perche e vários microfones de lapela para garantir mais precisão nos diálogos dos atores.

9.3. Storyboard

A fase da conceção do storyboard foi vital, pois permitiu-me visualizar no papel os enquadramentos e questões técnicas, como a iluminação para cada plano, por exemplo. Em termos de planeamento, preparei de véspera o storyboard com a

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sequência de planos a ser gravados no dia seguinte. Este processo , aparentemente moroso e bastante técnico, permite ganhar imenso tempo durante a rodagem, pois é um documento visual que deve ser entregue a toda a equipa para que cada um saiba o que se vai passar.

10. PÓS-PRODUÇÃO

Uma vez obtidas todas as imagens e todos os ficheiros áudio, fiquei com um conjunto elevado de peças para montar o meu puzzle, a minha primeira história audiovisual. Nesta fase tive de me socorrer do guião, do storyboard e de todos os apontamentos para iniciar o processo de corte e cola que dá pelo nome de montagem. “A montagem é, para muitos realizadores, o verdadeiro momento de fabricação do filme”15, nas palavras de Claude Chabrol. Eu compreendo esta opinião,

mas depois da experiência (In)Focus acredito que o filme começa a ser fabricado na mente de quem o idealiza e não apenas no ato da montagem do mesmo.

Ao meu dispor tive vários editores de vídeo para montar o filme, dando sentido à mescla de imagens recolhidas durante as filmagens. Selecionei o programa Final Cut Pro x pela experiência que já tinha e pela facilidade de operar. Muni-me de um par de colunas para sincronizar as imagens com o áudio e fechei-me numa sala onde passei dias consideráveis a juntar as peças e a dar vida à história que me propus contar.

10.1. Correção de cor

Uma vez o filme montado optei por exportar a sequência de imagens para o software Davinci Resolve, da Blackmagic, a fim de corrigir a cor e pintar o ambiente.

No que concerne ao tratamento de cor, o filme está dividido em dois grandes momentos: antes de os atores cruzarem a ponte 25 de Abril e depois desse

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momento. Na primeira parte optei por imprimir uma temperatura quente, transmitindo um dia de calor e enérgico, ao passo que na segunda parte decidi retemperar a cor e levá-la gradualmente até aos tons frios, procurando passar desconforto.

10.2. Pós-produção áudio

No meu entender, a banda sonora é um dos elementos com maior relevância num filme de género suspense/terror. A música assume a responsabilidade de pautar os diferentes momentos, ajudando a criar as dinâmicas necessárias e desejadas para conduzir a audiência até aos momentos de maior tensão. A falta ou a composição desajustada de uma banda sonora poderá deitar tudo a perder. Um filme de suspense/terror nunca o seria sem ter um bom planeamento e conceção de sound design. Por exemplo: uma simples porta a bater poderá criar a tensão necessária para prender ou fazer saltar o espetador da cadeira. No entanto, a qualidade terá que reunir as frequências e os níveis certos para despertar este tipo de sentimento na plateia.

Para o (In)Focus: O labirinto como realidade paralela escolhi um compositor experiente e apaixonado pela conceção de ambientes sonoros. Foi na pessoa do Nuno Cruz que eu encontrei a mestria para compor e dirigir toda a banda sonora do filme.

11. MATERIAS DE DIVULGAÇÃO

A criatividade não tem sentido sem um objetivo. Mark Earls16

O sucesso de um produto como um filme depende de vários fatores de marketing para a sua divulgação. Nos dias de hoje o Facebook, apoiado pelo Youtube

16 Duncan, Kevin, 2011 (Apud Mark Earls, s.d) O melhor dos livros de marketing, Best Of, Lisboa, Clube do Autor.

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ou Vimeo, permite divulgar e dinamizar um projeto de forma eficaz, tendo a vantagem de chegar a um infindável número de pessoas num curto espaço de tempo e exigindo recursos financeiros relativamente acessíveis. No entanto, é preciso conceber as peças gráficas que deverão ter o formato físico e digital para promover condignamente o produto.

No caso do (In)Focus: o labirinto como realidade paralela concebi um cartaz A2 onde revelo parte do labirinto enquadrado por sombras enigmáticas, onde surge no chão uma máquina fotográfica abandonada. Para o cartaz desenhei ainda um logo personalizado (In)Focus onde o “O” assume a forma de um labirinto circular. Foi também elaborado um flayer A5 com a mesma imagem do cartaz.

12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta primeira realização penso que existiram situações que correram menos bem e que só não se tornaram comprometedoras, porque tive ao meu lado uma equipa que me apoiou incondicionalmente durante as rodagens. A experiência de liderar uma equipa composta por excelentes profissionais permitiu-me perceber que é possível realizar projetos ambiciosos de forma coletiva e colaborativa. Nesse sentido, todo este processo permitiu-me crescer tanto a nível pessoal como profissional.

Depois de escrito, realizado e produzido, o filme (In)Focus fez-me refletir sobre todo o processo e metodologia usada para levar a cabo a sua conceção. Ao analisar todo o percurso julgo que o que teve relevância não foi o término deste projeto, mas sim toda a viagem que foi feita dia após dia para tornar possível a realização do filme (In)Focus: O labirinto como realidade paralela.

As questões levantadas e as observações feitas nas páginas precedentes têm o propósito de revelar as diferentes dificuldades e os desafios relacionados com a primeira realização/produção de um filme de género, sem apoios financeiros, contribuindo para uma reflexão acerca dos processos de realização implicados nos bastidores de um filme.

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Analisei o conceito do labirinto no cinema e a forma como ele é abordado por alguns autores internacionais: para isso contrapus duas obras de dois célebres realizadores, Guillermo del Toro e Stanley Kubrick, e relacionei-os com o meu filme vocacionado para a exploração de simbologias e metáforas relacionadas com o labirinto e o Minotauro.

As pesquisas bibliográficas e videográficas ajudaram-me a conceber novas ideias e auxiliaram a materialização de alguns conceitos, ao mesmo tempo que deram vida e resposta às várias questões que foram surgindo, nomeadamente como escrever e contar a minha própria história de forma cinematográfica.

A escolha do género suspense/terror prende-se com o facto de ser grande apreciador deste universo cinematográfico, sendo claro para mim que iria desenvolver um projeto dentro deste estilo específico. Toda a minha influência vem por parte de alguns nomes que são referência neste género específico: Stanley Kubrick, William Friedkin, Alfred Hitchcock, Guillermo del Toro, Wes Craven, F.W.Murnau, James Wan, entre outros grandes nomes do cinema.

É verdade que o facto de escolher um género tão específico e tão pouco divulgado no nosso país, e aqui faço uma ressalva aos festivais internacionais de cinema de suspense/terror como Fantasporto (Porto) e MotelX (Lisboa), constituiu-se como um desafio pessoal e incutiu o alento necessário para levar a cabo esta missão.

Após ter escolhido o género, e ter validado umas das muitas questões relacionadas com a realização do projeto, refleti sobre um conceito que fosse capaz de ser suficientemente sólido e enigmático para sustentar o suspense do meu filme. Procurei um conceito que não se esgotasse em si mesmo e fosse capaz de conduzir as minhas personagens ao longo do filme sem se tornar enfadonho ou monótono.

Ao nível das personagens pensei em quatro jovens, dois rapazes e duas raparigas, com características vincadamente diferentes entre si e um gosto em comum: a fotografia. Aqui surge o primeiro dado relevante do filme, a realização de uma sessão fotográfica, conceito esse que me vai levar ao elemento chave do (In)Focus: o labirinto.

O labirinto no filme (In)Focus: o labirinto como realidade paralela assume a forma de um hotel abandonado onde a personagem Marta irá levar os seus colegas,

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a fim de realizar uma sessão fotográfica e de os subjugar a um jogo de perseguição num edifício que só tem uma saída e que só os dignos, os eleitos poderão encontrar. Para Marta, os seus colegas Tim, Joel e Lisa não são merecedores do bem precioso que é a vida e como tal irá castigá-los.

O edifício abandonado está repleto de símbolos e metáforas alusivas à lenda da Grécia antiga e é um lugar inóspito onde a personagem Marta reúne a sua força e onde dá vazão à sua crueldade. A Marta é a personificação do ser híbrido Minotauro e tem o objetivo de perseguir aqueles que entram dentro do hotel para não mais os deixar sair de forma implacável. Por isso, nesta história não haverá fios de Ariadne nem mesmo bravos Teseus para derrubar o vilão.

O registo das imagens revelou ser uma tarefa bastante delicada, não só pela natureza das estruturas do edifício, mas também pela natureza da luz e da sua oscilação ao longo do dia. Esta foi uma das grandes dificuldades de realização com que me deparei e que me obrigou a fazer escolhas decisivas no momento de filmar. No entanto, procurei tomar boas resoluções a esse respeito que se refletem no conjunto de imagens gravadas e na consequente montagem que dá corpo ao filme. Além da luz, ou com ela, houve também a preocupação de criar atmosferas entre as personagens: que se sentisse a antiga amizade entre os dois rapazes, o clima erótico entre Tim e Lisa, o misterioso olhar de Marta desde o início, o pânico de cada uma a sós, no final.

Certamente não estará perfeito (estará longe dessa meta), mas tentei fazer um trabalho genuíno, objetivo, desafiante, intrigante e, acima de tudo, inspirado no esforço de várias pessoas que diariamente deram o seu melhor contributo para tornar possível uma ideia que se transformou em conceito e se materializou em (In)Focus: o labirinto como realidade paralela.

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13. BIBLIOGRAFIA

ANG, Tom, (2005) Manual de Vídeo Digital, Porto, Civilização Editores, Lda. CHABROL, Claude, (2005) Como fazer um filme, Lisboa, Dom Quixote.

CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain (1982) Dicionário dos Símbolos, Lisboa, Teorema.

DUNCAN, Kevin, (2011) O melhor dos livros de marketing, Best Of, Lisboa, Clube do Autor.

FERREIRA, José, (2008) Labirinto e Minotauro: Mito de Ontem e de Hoje, Coimbra, Fluir Perene.

FREEMAN, Michael, (2012) Curso de Fotografia Luz e Iluminação, Santana, Bookman Editora, Lda.

MARNER, Terence, (2014) A realização cinematográfica, Lisboa, Edições 70.

SANTOS, Joel, (2014) Fotografia, Luz, Exposição, Composição, Equipamento, Famalicão, Centro Atlântico.

SANTOS, Joel, (2015) Foto Composição, Famalicão, Centro Atântico.

SILVA, Gestão de Brito (2014) Portugal em Ruínas, Lisboa, Fundação Francisco Manuel dos Santos .

SIPOS, Thomas, (2010) Horror Film Aeshetics: Creating the Visual Language of Fear, London, McFarland & Company Inc., Publishers.

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14. FILMOGRAFIA

BALL, Wes. (2014). The Maze Runner, USA, Canada, UK, Twentieth Century Fox FIlm Corporation

CRAVEN, Wes. (1996). Scream, USA, Dimension Films

CRONEMBERG, David. (2002). Spider, Canada, Frace, UK, Odeon FIlms

DEL TORO, Guillermo. (2006). Pans’s Labyrinth, Mexico, EUA, Estudios Picasso DEL TORO, Guillermo. (2015). Crimson Peak, Canada, EUA, Legendary Pictures FRIEDKIN, William. (1973). The Exorcist, USA, Warner Bros

HITCHCOCK, Alfred. (1960). Psycho, USA, Shamley Productions KUBRICK, Stanley. (1980). Shining, EUA, UK, Warner Bros MIIKE, Takashi. (1999). Ôdishon, Japan, Basara Pictures

MURNAU, F. W. (1922). Nosferatu, Eine Symphonie des Grauenes, Germany, Jofa-Atelier Berlin- Johannisthal

NATALI, Vincenzo. (1997). Cube, Canada, Cube Libre

POLANSKI, Roman. (1968). Rosemary’s Baby, USA, William Castle Productions POLANSKI, Roman. (1976). Le Locataire, France, Marianne Productions SIMON, Nick. (2015). The Girl in Photographs, USA, Alghanim Entertainment WAN, James. (2013). The Conjuring, USA, New Line Cinema

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15. ANEXOS Anexo 1 – Guião Anexo 2 – Storyboard

Anexo 3 – Parque de material utilizado Anexo 4 – Cartaz promocional

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ANEXO 1

CENA 1 - INT. BAR COM SABOR – DIA

GP da lâmpada do bar “Com Sabor”. GP da lente e GP da chávena de café. Tim bebe o café.

JOEL

A que horas combinaste com a rapariga? TIM

Por volta das três. JOEL

Ela ligou-te? TIM

Não, falámos por mail... e olha, respondeu logo a seguir a ter posto o anúncio.

JOEL

E sempre traz a tal amiga? TIM

Sim, falou-me numa tal de Lisa. Olha, chegaram...

Lisa e Marta entram pela porta do bar. JOEL

Estávamos aqui a comentar que temos pena de não fazer a sessão no restaurante do Monsanto, aquele sítio tem imenso potencial...

TIM

Sim, Joel, já percebemos a ideia... esquece lá isso man, o hotel que a Marta sugeriu parece muito bem. MARTA

Não me levem a mal, mas como disseram que não tinham autorização eu sugeri...

TIM

Levar a mal?! A tua ideia foi excelente! Como é que é, está no ir?

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Tim, Joel, Lisa e Marta levantam-se e saem do bar.

CENA 2 - EXT. ALVITO – DIA

TIM

Ok minhas queridas, é este o nosso carro. Ponham as vossas coisas na mala.

MARTA

Obrigada. Lisa, ajudas aqui por favor? JOEL

Não sei se vos tinha dito, mas andei a pesquisar sobre o hotel e parece que assassinaram lá um casal. LISA

Isso são histórias... JOEL

Pois, vamos lá antes que me arrependa!

Tim e Joel arrumam o material fotográfico e entram no carro. O carro começa a andar.

CENA 3 - EXT. CARRO NO TABULEIRO DA PONTE – DIA

CENA 4 - EXT. CARRO A CHEGAR AO HOTEL – DIA

CENA 5 - INT. CARRO – DIA

TIM

Chegámos. Ouviram isto? LISA

Não estou a ouvir nada. TIM

Exatamente! Não é maravilhoso?

Tim, Joel, Lisa e Marta saem do carro, retiram o material e dirigem-se ao edifício abandonado.

CENA 6 - EXT. HOTEL MUXITO – DIA

LISA

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MARTA

Eu sugeri este local, porque adoro edifícios abandonados... mas, querem procurar outro sítio?

TIM

Nada disso, para nós está óptimo. JOEL

Vá, vamos lá conhecer o sítio.

Tim, Joel, Lisa e Marta entram no edifício em ruínas.

CENA 7 - INT. HOTEL MUXITO/CORREDOR 1 – DIA

LISA

Vocês gostam de filmes sobre casas assombradas? Este sítio tem o cenário perfeito.

TIM

Se gostamos? Diz-lhe, Joel... JOEL

O Tim é louco por filmes de terror. TIM

Prepara lá o material que eu vou ver o que se passa ali em cima.

JOEL

Na hora de trabalhar és sempre o mesmo...

Lisa e Marta, podem ir trocar de roupas enquanto eu preparo as coisas.

LISA

Ok. Anda, Marta.

CENA 8 - INT. HOTEL MUXITO/CORREDOR 2 – DIA

Lisa e Marta entram numa divisão com paredes parcialmente destruídas, salpicadas com imagens abstratas e começam a escolher as roupas. Lisa pega num vestido vermelho.

CENA 9 - INT. HOTEL MUXITO/CORREDOR 2 – DIA

Tim observa uma gravura vermelha na parede descorada. Tim repara nos recantos trabalhados no topo das paredes.

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CENA 10 - INT. HOTEL MUXITO/CORREDOR 1 – DIA

Detalhe das paredes enegrecidas do corredor estreito onde Joel manuseia o material fotográfico. As raparigas aparecem no corredor já vestidas para a sessão.

JOEL

Uau! Quer dizer, estão muito bem, meninas!(tímido) Qual das duas quer começar?

MARTA

Vai tu, Lisa. JOEL

Coloca-te ali à frente de costas para a janela e vem a andar lentamente até mim.

GP dos sapatos altos da modelo a andar.

CENA 11 - INT. HOTEL MUXITO/CORREDOR 2 – DIA

GP do Tim a andar.

Tim percorre os corredores sombrios e encontra numa parede, junto a uma porta, um símbolo labiríntico que o intriga. Tim investiga passando a mão sobre o desenho.

CENA 12 - INT. HOTEL MUXITO/CORREDOR 1 – DIA

GP da mão de Joel a orientar Lisa na sessão. JOEL

Boa, Lisa! Gosto dessa expressão. As imagens estão óptimas! Queres ver? LISA

Uau! Gosto. Marta, queres vir tu? JOEL

Sim Marta, senta-te ali no chão, junto à porta.

Marta senta-se no chão junto a uma porta onde a luz lhe toca suavemente.

JOEL

Olha para mim... Gosto desse olhar... Estás tensa, mas resulta... Queres ver? Marta levanta-se e aproxima-se

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o que achas? MARTA

Hum, acho que estão bem. Gosto da luz e dos brilhos que apanhaste lá atrás.

JOEL

Brilhos? Não é suposto... deixa-me trocar a lente. Onde anda o Tim?

CENA 13 - INT. HOTEL MUXITO/CORREDOR 2 – DIA)

Tim encontra no chão um colar cheio de pó. Tim limpa o pendente e descobre um estranho símbolo gravado.

CENA 14 - INT. HOTEL MUXITO/CORREDOR 1 – DIA

GP de Joel a limpar a nova lente. JOEL

Ok, já está! Marta, vamos continuar?

A Marta coloca-se no centro do corredor e posa meio tímida para a objetiva de Tim

JOEL

Isso Marta! Olha para o teu lado esquerdo... um pouco mais para cima...

MARTA Assim? JOEL

Fantástico! Deixa-me ver aqui uma coisa... os brilhos desapareceram! Lisa, estás pronta?

LISA

Como me queres, Joel? (sorrisos) JOEL

Encosta-te ali à parede.

Os disparos voltam a ecoar pelos corredores do edifício e as luzes fortes dos flashes iluminam as divisões próximas. Algo se movimenta nas sombras, observando.

JOEL

(35)

LISA

Joel!(apreensão)

Acho que ouvi qualquer coisa! JOEL

Deve ter sido lá de fora, não te preocupes. Um vulto movimenta-se rápido ao fundo do corredor.

MARTA

Parem! Eu também ouvi... vem lá do fundo. JOEL

Deve ser algum animal... Fica descansada. Vá Lisa, volta lá para o teu lugar.

O vulto começa a dirigir-se lentamente até ao grupo encoberto pelas costas de Joel.

JOEL

Boa Lisa. Descontrai... Isso! Gosto...

Joel é subitamente abordado por um rugido feroz vindo das suas costas.

(grunhido) JOEL

(grito) JOEL

Porra, Tim!!!! Queres matar-me de susto? (voz alta) TIM

Meu, devias ver o teu ar!(gargalhada)

Tim, Lisa e Marta riem-se da partida do colega. TIM

Pessoal, este sítio é top... observa o local Olhem o que eu encontrei.

Tim mostra o colar ao grupo. LISA

É lindo! TIM

Gostas? Por que não o usas? LISA

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És um amor, Tim.

Tim coloca o colar no pescoço de Lisa. TIM

Deixem lá ver as fotos! Eh lá! As meninas têm jeitinho... como conseguiste estes brilhos, Joel? JOEL

Diz antes como é que vais conseguir comprar uma nova lente?

TIM

Está riscada? JOEL

Eu pensava que não, mas a julgar pelas imagens a lente já era.

TIM

Bem, não querem mudar de cenário? Descobri um sítio brutal.

JOEL

Mas desta vez não é para te pirares. Ok Tim? TIM

Sim Joel! Bora lá levar a tralha.

CENA 15 - INT. HOTEL MUXITO/ANEXO 1 – DIA

TIM

O que acham? Digam lá que que não é brutal. JOEL

Gosto! Mas Tim, dá aqui uma ajuda. TIM

Enquanto montas o estaminé vou fazer uns disparos aqui com a nossa amiga.

JOEL

Por que raio é que te piras sempre nestas alturas?! TIM

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Ao montar o material Joel percebe que necessita de um segundo flash que ficou no carro.

JOEL

Marta, tenho de ir ao carro buscar uma coisa. Importas-te de ficar aqui a guardar o material?

MARTA

Não me deixes aqui sozinha, Joel! JOEL

Fica tranquila. O Tim e a Lisa estão aqui perto. Volto já!

Marta fica numa divisão com pouca luz, com alguns objetos abandonados no chão e acende um isqueiro que retira do bolso. Uma súbita corrente de ar apaga a chama.

CENA 16 - INT. HOTEL MUXITO/ANEXO 1 – DIA

Tim começa a fotografar Lisa. TIM

Muito bom, és muito fotogénica, miúda! Coloca-te ali ao pé da janela.

LISA Assim? TIM

Isso, descontrai... mais sensualidade... Lisa sobe lentamente o vestido expondo as pernas.

LISA

Cuidado com o que desejas...

Tim continua a fotografar aproximando-se de Lisa. TIM

Ui, que medo! LISA

Sabes o que eu gostava mesmo de ver? TIM

Sou todo ouvidos minha querida... LISA

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TIM

Estranho... as fotografias estão, queimadas... LISA

Queres que eu mude de sítio? TIM

Hum, não... não te esqueças do que estavas a fazer, volto já.

Tim afasta-se enquanto observa as imagens no ecrã da máquina fotográfica.

CENA 17 - INT. HOTEL MUXITO/LABIRINTO – DIA

GP Joel a ver as fotografias no ecrã da sua máquina fotográfica enquanto procura a saída. Distraído não se apercebe que anda em espiral.

JOEL

Onde raio está a porra da saída... Joel é surpreendido por uma voz sinistra.

VOZ (Joel...) JOEL Tim? VOZ (Joel...) JOEL

Porra Tim! Pára lá com as essas merdas!

Joel percebe que não é o amigo e começa a correr. Nas suas costas a sombra vai ganhando terreno... Joel sente a proximidade e instintivamente ajoelha-se cobrindo a cabeça com as mãos.

JOEL

Não!(grita assustado) Corta para negro.

Joel retira lentamente as mãos da cabeça e olha cauteloso em seu redor. Tranquiliza-se por momentos e respira

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fundo. Quando se prepara para andar ouve a voz mais perto.

VOZ

(Joel...) Corta para negro.

CENA 18 - INT. HOTEL MUXITO/ANEXO 1 – DIA

LISA

Marta? Estás aqui?

Vá lá pessoal, digam qualquer coisa!

Lisa não obtém resposta, mas encontra o equipamento fotográfico no corredor. Ouve barulhos numa sala próxima e dirige-se para lá. Lisa entra na sala.

LISA

Estranho... Marta? Tim?

A jovem usa o telemóvel para iluminar o espaço... quando ouve a voz.

VOZ

(Lisa...)

Lisa fica atemorizada, encosta-se junto à parede e começa a deslizar por ela até tocar no chão. Entretanto, algo se movimenta na penumbra e dirige-se para ela rapidamente. Entra mensagem no telemóvel. Lisa olha para o ecrã e quando levanta os olhos...

VOZ

(Lisa...)

Zoom in nos olhos de Lisa e corta para negro.

CENA 19 - INT. HOTEL MUXITO/ANEXO 1 – DIA

GP dos olhos de Tim.

Tim percorre o corredor que o leva ao interior de uma divisão repleta de destroços, com algumas tábuas a cobrir a janela.

TIM

Não me lembro de ter passado aqui... Joel?

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Ouvem-se barulhos do lado de fora da divisão e a porta fecha-se ligeiramente. Um pássaro ali perto levanta voo abruptamente. Tim, assustado, encosta-se à janela.

TIM Marta?

A porta volta a abrir lentamente e algo observa Tim através da porta.

TIM

Joel? És tu?

Acaba lá com esta merda!

Tim aproxima da porta e esta fecha-se de forma violenta na sua cara.

VOZ

(Tim...) Corta para negro.

CENA 20 - INT. HOTEL MUXITO/LABIRINTO – DIA

A câmara percorre os espaços labirínticos e pára num corredor comprido carregado de grandes contrastes de luz e sombras. Ao fundo, junto à janela, está um vulto imóvel. A câmara abstém-se por momentos e depois percorre rapidamente o caminho até chegar junto à figura: É Marta. O telefone toca.

MARTA

Estou? sim, querem agendar a sessão para amanhã? Óptimo! conheço o sítio ideal!

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ANEXO 3

EQUIPAMENTO ACESSÓRIOS OBS

VÍDEO

LUMIX GH4 2X CARTÃO SD 64GB

LENTE 12-35MM 2.8

LENTE 35-100MM 2.8

VIEWFINDER

MONITOR LCD CABO LIGAR CÂMARA

SONY A7

BATERIA SONY 2X BATERIA

SONY A7 BATERIAS

ÁUDIO

ROLAND R44 ESTOJO +TRASNF. + SD 8GB

BAYERDYNAMIC MCE 86S II SHOTGUN

SANKEN CS1 SHOTGUN

SENNHEISER EW100 ENG G3 2X LAPELAS

ILUMINAÇÃO

TUNGSTEN FRESNEL 1000W TRIPÉ + PALAS DIA 1 E 2

TUNGSTEN FRESNEL 650W TRIPÉ + PALAS DIA 1 E 2

PAINEL LEDS 2X + TRIPÉS + BATERIAS DIA 3,4 E 5

SOFT BOX (FOTO) TRIPÉ ~ADAPTADOR DIA 3,4 E 5

FLASH (FOTO) 2X DIA 3,4 E 5

TRIGGER EMISSOR E RECEPTOR DISP. FLASH

OUTROS

CANON 60D TRIPÉ + SD SESSÃO FOTO

TRIPÉ MANFROTO ROSCA LARGA

ESTABILIAZDOR GLIDECAM SLIDE BAR 1X TRIPÉ CEFERINO 2X BRAÇO CEFERINO 2X RÓTULA ILUMINAÇÃO 2X GRAMPO MOLA 1X ESFEROVITE 1X GARFO 1X

FILTRO CHINA SILK 1X

FILTROS COR + MOLAS + LUVAS FILTROS COR + MOLAS +

REFLETORES PRETO+PRATEADO+DOURADO

SUSPENSÃO RYCOTE + BOLA DE

PELO + CABO XLR 1X

SUSPENSÃO RYCOTE SOFTIE + BOLA DE PELO + CABO XLR 1X

PERCHE AMBIENT 1X CABO XLR 2X AUSCULTADORES SENNHEISER 1X MOCHILA LOWEPRO 1X SACO MANFROTTO SACO E-IMAG 1X

PILHAS CARREGÁVEIS 4X FLASH1 4X FLASH2 4X ROLAND R44 4X SENNHEISER WIRELESS

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Referências

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