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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Ferreira e no Hospital Privado da Boa Nova (Grupo Trofa Saúde)

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Academic year: 2021

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Ferreira

Julho de 2018 a outubro de 2018

Daniela Marques Finteiro

Orientador: Dr. Fábio Fernandes Leal

Tutor FFUP: Prof. Doutora Maria Beatriz Vasques Neves Quinaz

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Declaração de integridade

Eu, Daniela Marques Finteiro, abaixo assinado, nº 201307792, aluna do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento. Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 07 de novembro de 2018

Assinatura: _____________________________________________________ (Daniela Marques Finteiro)

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Agradecimentos

Sendo o estágio curricular parte fundamental do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, existem diversas variantes para que o mesmo seja de sucesso. Uma delas diz respeito às pessoas que me apoiaram durante este percurso e às quais deixo aqui o meu sincero obrigada.

Agradeço, em primeiro lugar, à Prof. Doutora Beatriz Quinaz pelo apoio concedido na elaboração deste documento.

Gostaria de agradecer ao Dr. Fábio Leal, pelos conselhos, pelo apoio, pelas críticas construtivas e pelos ensinamentos.

Obrigada à Dr.ª Inês Pereira por me mostrar a essência da profissão farmacêutica e por transmitir o orgulho que por ela nutre.

Obrigada à Telma Cunha por me fazer sempre sentir como um elemento da equipa da Farmácia Ferreira, pela boa disposição diária e pela amizade.

Obrigada à Dr.ª Carla Moura e à Dr.ª Lisete Pereira pelo apoio constante e todos os conhecimentos transmitidos ao longo do meu período de estágio.

Obrigada à Sofia Fernandes, por todos os ensinamentos, pelo companheirismo e, sobretudo, pela amizade.

Obrigada, ainda, à D. Isabel Bastos, pela oportunidade concedida na realização do estágio na Farmácia Ferreira e pela amizade, e a todos os colaboradores incríveis que desta equipa fazem parte e que, de uma forma ou de outra, contribuíram para que o meu dia fosse mais rico e feliz.

Deixo aqui também o meu agradecimento para com a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e respetivos professores, por todo o conhecimento e ensinamentos ao longo destes cinco anos, e à Comissão de Estágios, pela oportunidade oferecida ao realizar este estágio.

Aos meus pais, por me permitirem ingressar no Ensino Superior e seguir pela carreira farmacêutica. Por todos os valores, educação, ensinamentos, conselhos, tranquilidade, carinho e paciência.

A toda a minha família, à Ana, por partilharmos este último momento da nossa formação académica e pela ajuda mútua.

Ao Filipe, que está comigo desde o início da aventura, pelo apoio incondicional, pelo carinho.

À Filipa e a todos os meus amigos que sempre mostraram apoio, carinho e deram os melhores conselhos.

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Resumo

O reconhecimento da profissão farmacêutica tem crescido ao longo dos anos, nas mais diversas áreas onde atua, quer seja a farmácia comunitária, a distribuição farmacêutica, a farmácia hospital, entre outras.

Atualmente, a farmácia comunitária afirma-se como um local de prestação de serviços de saúde, sendo o primeiro lugar em que os utentes pensam quando precisam de auxílio em problemas menores de saúde. Assim, nota-se a credibilidade atribuída ao farmacêutico comunitário.

Sendo parte fulcral do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, o Estágio Curricular em Farmácia Comunitária torna-se fundamental para que o estudante conheça a realidade que lhe está associada, com todas as vertentes da profissão de Farmacêutico Comunitário.

A Farmácia Ferreira foi o local onde decorreu o presente estágio, sob orientação do Dr. Fábio Leal, durante quatro meses. No decorrer deste período fui aprendendo várias funções que estão associadas à profissão farmacêutica para que, num futuro próximo, pudesse pôr tais conhecimentos em prática e prestar um serviço à comunidade.

Este relatório descreve, na primeira parte, as atividades realizadas durante o estágio, associadas ao funcionamento de uma farmácia e, na segunda, as atividades desenvolvidas na farmácia, nomeadamente, a realização de um rastreio cardiovascular, a organização de uma formação sobre produtos veterinários e a execução de um panfleto informativo sobre a psoríase.

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Índice

Agradecimentos………..iv Resumo………...v Lista de Abreviaturas...………..ix Índice de Figuras………...x Índice de Tabelas………xi

Parte I – Descrição das atividades realizadas na Farmácia Ferreira

1. Introdução ... 1

2. Farmácia Ferreira ... 1

2.1. Localização e contexto social ... 1

2.2. Instalações ... 1

2.2.1. Espaço exterior ... 1

2.2.2. Espaço interior ... 2

2.3. Recursos Humanos e horário de funcionamento ... 3

2.4. Sistema informático ... 4

2.5. Fontes de informação ... 4

2.6. Cronograma das atividades realizadas... 5

3. Gestão da farmácia ... 5

3.1. Encomendas ... 6

3.1.1. Realização de encomendas e fornecedores ... 6

3.1.2. Receção de encomendas ... 7

3.1.3. Reserva de produtos ... 8

3.1.4. Armazenamento e prazos de validade ... 8

3.1.5. Reclamações e devoluções ... 9

4. Dispensa de medicamentos e outros produtos em Farmácia Comunitária ... 10

4.1. Medicamentos sujeitos a receita médica ... 10

4.1.1. Receitas médicas ... 10

4.1.2. Regimes de comparticipação ... 12

4.1.3. Dispensa de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos ... 13

4.1.4. Conferência e processamento do receituário ... 13

4.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 14

4.2.1. Aconselhamento farmacêutico ... 14

4.2.2. Automedicação ... 14

4.2.3. Medicamentos manipulados ... 15

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4.2.5. Suplementos alimentares ... 16

4.2.6. Produtos de dermofarmácia e cosmética ... 16

4.2.7. Dispositivos médicos ... 17

5. Cuidados de saúde prestados ... 17

5.1. Determinação da pressão arterial... 18

5.2. Determinação de parâmetros bioquímicos ... 18

5.3. Administração de injetáveis ... 19

5.4. Consultas de Podologia, Nutrição, Osteopatia e Audição ... 19

5.5. Valormed ... 19

5.6. Marketing na farmácia ... 20

6. Formações ... 20

1. Projeto I – Rastreio Cardiovascular... 21

1.1. Contextualização ... 21 1.2. Enquadramento teórico ... 21 1.2.1. Diabetes mellitus ... 22 1.2.2. Hipertensão arterial ... 23 1.2.3. Dislipidemias ... 25 1.3. Resultados e discussão ... 26 1.3.1. Rastreio cardiovascular ... 26 1.3.2. Seguimento ao utente ... 27

2. Projeto II – Formação em Veterinária ... 29

2.1. Contextualização ... 29 2.2. Enquadramento teórico ... 29 2.2.1. Parasitas internos ... 29 2.2.1.1. Família Ascaradidae ... 29 2.2.1.2. Família Ancylostomatidae ... 30 2.2.1.3. Família Trichuridae ... 30 2.2.1.4. Família Taeniidae ... 30 2.2.1.5. Família Trypanosomatidae ... 30 2.2.2. Parasitas externos ... 31 2.2.2.1. Família Pulicidae ... 31 2.2.2.2. Família Ixodidae ... 31 2.2.2.3. Família Trichodectidae ... 31 2.2.2.4. Família Sarcoptidae ... 31 2.3. Desparasitação ... 31

3. Projeto III - Psoríase ... 33

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3.2. Enquadramento teórico ... 33 3.2.1. Etiopatogénese da psoríase ... 33 3.2.2. Fisiopatologia ... 34 3.2.3. Variantes da psoríase ... 35 3.2.3.1. Psoríase em placas ... 36 3.2.3.2. Psoríase pustulosa ... 36 3.2.3.3. Psoríase ungueal ... 36 3.2.3.4. Psoríase eritrodérmica ... 36 3.2.3.5. Psoríase gutata ... 37 3.2.3.6. Psoríase inversa ... 37 3.2.3.7. Artrite psoriática ... 37 3.2.3. Abordagem terapêutica ... 37

3.2.4. Impacto na qualidade de vida ... 40

Referências Bibliográficas ... 42

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Índice de Abreviaturas

AGEs Produtos Finais de Glicação Avançada

DCV Doenças Cardiovasculares

DMT2 Diabetes Mellitus Tipo 2

DT Diretor Técnico

FF Farmácia Ferreira

HTA Hipertensão Arterial

LDL Low Density Lipoproteins

MNSRM Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

MSRM Medicamentos Sujeito a Receita Médica

PAD Pressão Arterial Diastólica

PAS Pressão Arterial Sistólica

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Índice de Figuras

Figura 1. Instalações da Farmácia Ferreira, em Canidelo, Vila Nova de Gaia. ... 2 Figura 2. Tabela para cálculo do risco SCORE, para populações de baixo risco. ... 24 Figura 3. Etiopatogénese da psoríase. ... 34

Índice de Tabelas

Tabela 1. Cronograma relativo às atividades desempenhadas na Farmácia Ferreira. .. 5 Tabela 2. Classificação da HTA conforme os níveis de pressão arterial ... 23 Tabela 3. Opções de tratamento para a psoríase. ... 38

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Parte I – Descrição das atividades realizadas na Farmácia Ferreira

1. Introdução

Sendo a farmácia o local de primeira escolha para questões de saúde, torna-se pertinente a obrigatoriedade de um estágio profissionalizante no fim do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas. É importante que o farmacêutico mostre competências científicas e pessoais e que transmita confiança e disponibilidade ao utente. A profissão farmacêutica tem vindo a crescer ao longo dos anos, com especial atenção no farmacêutico comunitário. Sendo o verdadeiro especialista do medicamento, é importante a sua atuação na gestão da terapêutica, tanto medicamentosa como não medicamentosa, na determinação de parâmetros bioquímicos, na administração de medicamentos e, também, como defensor de estilos de vida saudáveis. É, assim, um verdadeiro promotor da saúde.

2. Farmácia Ferreira

2.1.

Localização e contexto social

A Farmácia Ferreira (FF) situa-se na Rua da Bélgica, nº 2300, 4400-046, na freguesia de Canidelo, Vila Nova de Gaia, num prédio habitacional. A localização da FF considera-se como privilegiada, já que está cercada por uma elevada densidade populacional, sendo que a Rua da Bélgica é a maior via terrestre deste concelho, em comprimento, o que justifica o elevado movimento. Além disso é possível encontrar diversas lojas, clínica dentária, supermercados, ginásio, etc. que se apresentam como vantajosas para a FF e, ao mesmo tempo, está geograficamente muito próxima da Unidade de Saúde Familiar de Santo André de Canidelo. Uma grande parte dos utentes da farmácia são idosos, que habitam nas proximidades, sendo que muitos têm baixo poder económico. Outra vantagem da sua localização foca-se na proximidade da FF a urbanizações de luxo e às praias, o que permite uma grande variedade de utentes, incluindo estrangeiros.

A Farmácia Ferreira, juntamente com a Farmácia dos Mares, em Lavra, é membro da empresa Farisamed, Lda. Desta também faz parte a parafarmácia Farma Afurada, localizada na Afurada, em Vila Nova de Gaia.

2.2.

Instalações

2.2.1. Espaço exterior

A FF possui uma placa de fundo verde, com a inscrição “Farmácia Ferreira” e uma cruz verde eletrónica, luminosa, que indica o nome da farmácia, a data, a hora, a temperatura exterior e, ainda, os serviços que lá são prestados (Figura 1). A porta

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principal, frontal, serve como entrada para os utentes, funcionários da farmácia e delegados de informação médica, sendo possível consultar a identificação da Direção Técnica, o horário de funcionamento, as farmácias de serviço no concelho de Vila Nova de Gaia e o cartaz do livro de reclamações. Em frente à farmácia é possível estacionar o carro devido à existência de lugares para o efeito e, para facilitar o movimento de pessoas com mobilidade reduzida existe, ainda, uma rampa. De cada lado da porta frontal existe uma montra, construída conforme a sazonalidade ou promoções que existam e, nos vidros que rodeiam a farmácia, é possível visualizar cartazes publicitários.

2.2.2. Espaço interior

Durante o meu estágio procedeu-se a remodelações na FF, com o objetivo de ampliar a farmácia, para que se pudesse responder à necessidade dos utentes. O grupo Farisamed, Lda. adquiriu a loja que se encontrava por detrás da FF, pelo que se juntou os dois espaços para que o seu aumento fosse possível. Atualmente, a FF tem dois pisos, cave e rés-do-chão, situando-se a entrada neste último. No início do mês de outubro optou-se pela instalação de um sistema de senhas, para se poder confirmar uma ordem no atendimento dos utentes, e para que possam usufruir do espaço da farmácia enquanto aguardam a sua vez. Neste piso, encontra-se a sala de atendimento ao público, com uma enorme variedade de expositores, produtos de dermofarmácia e cosmética e dispositivos médicos, e três balcões com sete postos de atendimento. Cada posto possui o seu próprio computador, impressora e leitor ótico, havendo partilha de dois terminais de multibanco. A partir de cada posto são facilmente atingidos os produtos de maior rotação e Over The Counter (OTCs), que se encontram em gavetas e nas prateleiras. Atrás do balcão principal, existe uma parede que separa a sala de atendimento da zona de onde se encontram as gavetas de armazenamento de medicamentos, por ordem alfabética do princípio ativo, nos genéricos, e do nome do

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medicamento, nos de marca e, ainda, duas gavetas que se destinam às reservas pagas. É também possível encontrar um frigorífico onde se armazenam os medicamentos de refrigeração e diversas prateleiras para arrumação dos medicamentos com maior saída. Existe, para além do referido, uma pequena divisão onde se encontra a impressora, o arquivo de receitas manuais, o armazenamento de material para medição da glicemia, e onde se arrumam as reservas não pagas.

2.3.

Recursos Humanos e horário de funcionamento

O funcionamento de uma farmácia está legislado pelo Decreto-Lei nº 307/2007, de 31 de agosto de 2007 [1] e obriga à presença de pelo menos um farmacêutico durante 55 horas por semana, o que implica a existência de dois farmacêuticos (no mínimo). O mesmo Decreto-Lei dita que os funcionários de uma farmácia estão distribuídos por duas diferentes categorias, conforme a sua função: “Quadro farmacêutico” – farmacêuticos, e “Quadro não-farmacêutico” – técnicos de farmácia ou pessoal devidamente habilitado.

A FF é formada por uma equipa variada e dinâmica, da qual fazem parte Dr. Fábio Leal (Diretor Técnico), Dr.ª Carla Moura e Dr.ª Lisete Pereira (Farmacêuticas Adjuntas), Dr.ª Inês Pereira, Dr.ª Isabel Guiomar, Dr. Pedro Silva e Dr. Vítor Lopes (Farmacêuticos); Eunice Maia, Sofia Fernandes, Telma Cunha e Pedro Cunha (Técnicos de Farmácia), Carlos Duarte (Contabilidade), Sérgio Carvalho (Administração), Cláudia Santos (Gestão de Redes Sociais) e Isabel Bastos (Proprietária). Sendo uma equipa grande, é importante que estejam bem definidas as tarefas dos funcionários. Como Diretor Técnico (DT) da FF, o Dr. Fábio Leal assume funções de líder da equipa, promovendo a sua melhor gestão e o cumprimento das regras assentes no código deontológico da profissão farmacêutica. É também relevante o seu papel na educação comunitária do uso responsável do medicamento, da farmacovigilância – de enorme relevância em utentes polimedicados, no controlo da faturação e, ainda, de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos. A Dr.ª Lisete Pereira está encarregue da atualização e gestão das promoções que vão sendo feitas pelas diversas marcas, da marcação de formações para a equipa, do controlo de prazos de validade e, juntamente com a Dr.ª Carla Moura, são responsáveis pelo controlo do receituário. A área da dermofarmácia e cosmética está sob responsabilidade da Técnica Sofia Fernandes e da Dr.ª Inês Pereira, sendo que lhes está incumbida a responsabilidade no que diz respeito a compras neste setor, assim como a montagem de lineares e montras sazonais.

A FF está aberta todos os dias, à exceção dos domingos e feriados. Em dias úteis, funciona das 8h30 às 22h00, não encerrando para pausa de almoço. Aos

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sábados, o horário de funcionamento é das 8h30 às 20h00, não havendo também pausa para almoço.

Na farmácia em questão existe uma alta rotatividade nas equipas de trabalho, sendo que, cada semana, são formadas duas, as quais são constituídas por um farmacêutico e dois técnicos. De segunda a sexta, uma das equipas abre a farmácia às 8h30 e sai às 18h, possuindo uma hora para almoço, a outra equipa começa às 13h e termina às 22h, tendo direito a uma hora para intervalo. Aos sábados realizam-se horários alternados com apenas uma equipa a trabalhar.

O horário do estágio foi delimitado das 9h00 às 17h00, contudo, também tive a oportunidade de realizar turnos das 14h00 às 22h00, o que me permitiu contactar com vários tipos de utentes.

2.4.

Sistema informático

O Winphar® é o software utilizado na FF, produto da empresa Simphar. Este

programa informático revelou-se de utilização intuitiva, o que possibilitou uma fácil adaptação relativamente às tarefas que implicam o seu uso. O Winphar® afirma-se como

um programa de rápido acesso, consistente e flexível, sendo portador de uma panóplia de funcionalidades, como a realização, receção de encomendas e devoluções, gestão do stock, funções do foro contabilístico, processamento do receituário e atendimento ao cliente, entre muitas outras [2].

Uma função que evidencia elevada importância é a possibilidade da criação de “Ficha do cliente”, onde se encontram dados pessoais de diferente carácter de cada utente. Neste separador é possível consultar o histórico de vendas a cada utente, tanto de medicamentos como de outros produtos; esta funcionalidade torna-se útil quando é habitual a compra de produtos de laboratórios específicos, nomeadamente de medicamentos genéricos. Nesta ficha é também possível apontar informações que o farmacêutico ou outro colaborador considere pertinente, para que fique alertado num futuro atendimento. Assim, o atendimento torna-se mais rápido e, ao mesmo tempo, personalizado, garantindo a satisfação do utente e a sua confiança na equipa da farmácia.

2.5.

Fontes de informação

Sendo o Farmacêutico o primeiro profissional de saúde com quem muitos utentes contactam, é necessário garantir que haja conhecimento e confiança na transmissão de informação correta. Muitas vezes é indispensável a consulta de documentos que providenciem tais características, pelo que a consulta de informação, de forma rápida, deve estar sempre patente numa farmácia. Todos os computadores da

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FF têm acesso à internet e a bases de dados offline, o que permite a consulta de folhetos informativos, de resumos das características de um medicamento ou mesmo de produtos que não são de alta rotação na farmácia, mas que o utente tem interesse em adquirir.

Além do acesso diário à internet, é também possível a consulta dos mais diversos livros e documentos ligados à área, disponíveis numa biblioteca junto ao escritório da administração.

2.6.

Cronograma das atividades realizadas

Tabela 1. Cronograma relativo às atividades desempenhadas na Farmácia Ferreira.

Atividades realizadas Julho Agosto Setembro Outubro Apresentação aos vários elementos da farmácia e

adaptação à dinâmica da equipa X

Utilização do software Winphar® X X X X

Receção, conferência, armazenamento e

aprovisionamento de encomendas X X X X

Gestão de stocks e prazos de validade X X X X

Consulta de fontes de informação em suporte online

e papel X X X X

Serviços Farmacêuticos X X X X

Atendimento ao balcão X X X

(autónomo)

Conferência e correção de receitas X X X

Processamento do receituário X X

Formações X X

3. Gestão da farmácia

A farmácia, para além de se afirmar como um local de prestação de serviços de saúde, é também um estabelecimento comercial. Assim, torna-se imprescindível a sustentabilidade da farmácia assente numa correta gestão. O jornal “Expresso” publicou, em julho de 2018, a notícia “De negócio milionário a sector em crise: um retrato das farmácias em números” [3], que demonstra a difícil situação pela qual as farmácias têm passado, devido a decisões do Estado, da abertura de locais autorizados à venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, entre outros. Além disso, a evolução da internet trouxe o boom de websites de compras online, que competem ativamente com as farmácias, nomeadamente na área da dermofarmácia e cosmética.

O Farmacêutico surge, hoje, como um profissional multifacetado, em que a gestão é outra das suas competências e funções diárias e para o qual contribui no

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sentido do sucesso financeiro da sua farmácia. É importante analisar todo o mercado envolvente, os atuais e os possíveis concorrentes, investir nos produtos de maior rotação e verificar as tendências do mercado – uma das vertentes da rotação dos medicamentos e produtos na farmácia centra-se na sazonalidade. Iniciei o estágio no decorrer do verão, pelo que a época dos produtos solares estava já instalada. No entanto, em setembro, tive a oportunidade de participar na mudança de medicamentos para doenças ligadas ao outono e inverno, como a gripe e as constipações. Assim, realizou-se uma encomenda de grande volume, procedendo-se à substituição de produtos nas prateleiras e gavetas por antigripais como o Cêgripe®, o Griponal®, o

Ilvico®, o Sinutab II®, por xaropes expectorantes e antitússicos, como o Bisolvon® e

Bisoltussin®, por pastilhas para chupar, como Strepfen® e Strepsils®.

Torna-se imperativo analisar o tipo de utentes que frequentam a farmácia e atender às suas necessidades, com uma oferta diferenciada. E, claro, orientar toda a equipa para a vertente económica sem nunca descurar o principal objetivo da farmácia – providenciar um serviço de saúde de qualidade e confiança.

3.1.

Encomendas

3.1.1. Realização de encomendas e fornecedores

A realização de encomendas pode ser gerada automaticamente pelo Winphar®,

de forma a que a farmácia tenha sempre o stock ideal consoante as vendas que faz, embora o colaborador possa modificá-lo mediante as necessidades sentidas. Esta particularidade do software destaca-se como uma ferramenta ideal para a consciente gestão da farmácia, na medida em que estabelece um stock máximo e mínimo para cada produto e, assim, não se verificam desperdícios de inventário e o gasto associado às encomendas é mais controlado.

Os principais fornecedores da FF são a Cooprofar e a Alliance Healthcare e, por vezes, a Empifarma. A Cooprofar desenvolveu um gadget de encomendas instantâneas, em que é possível consultar em tempo real a disponibilidade de um produto e, deste modo, informar o utente da hora a que a encomenda irá chegar à FF, bem como a rota que o fornecedor irá realizar. Além disso, a Cooprofar possui uma secção na qual se podem consultar os produtos que fornecem bónus, à semelhança daqueles que estão na plataforma Envolvepharma e oferecem condições especiais de compra. Estas condições aplicam-se também a compras diretas feitas a laboratórios, quer através do telefone como pela visita de delegados comerciais representativos. Na Alliance Healthcare as encomendas são feitas via internet, pelo seu website, através da “Área de Clientes”, onde é também possível consultar a disponibilidade do produto. Ainda

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assim, para ambas as distribuidoras, as chamadas telefónicas são uma forma comum de realizar um pedido esporádico.

Mensalmente são também efetuadas duas grandes encomendas à Cooprofar, uma no início do mês, para medicamentos genéricos, e outra a meio do mês, para medicamentos de marca, que fornecem descontos especiais e bonificações.

3.1.2. Receção de encomendas

A receção de encomendas é uma das funções base do estágio em farmácia comunitária. Para um estagiário é uma mais valia pois permite-lhe começar a conhecer os vários medicamentos que existem, as marcas, as dosagens, os preços e a diversidade de produtos que pode dispensar no balcão da farmácia conforme a necessidade do utente.

As encomendas são entregues à farmácia por uma das suas portas do piso inferior, sendo que cada contentor está identificado com o código correspondente à FF e com o nome da mesma. Quando uma encomenda chega, são prioritários, na receção e armazenamento, os produtos de frio e os psicotrópicos, que vêm acondicionados devidamente. No início do estágio pude constatar que sempre que eram rececionados estupefacientes e psicotrópicos, os mesmos possuíam uma guia de requisição associada, porém, com o tempo, as guias de requisição começaram a vir todas juntas no final de cada mês. Estas devem ser sempre assinadas e carimbadas pelo DT. Atualmente, as guias podem ser consultadas online e estão associadas à carteira profissional do DT, que assim as valida. Cada encomenda é acompanhada da fatura original, duplicado e guia de transporte, se se aplicar. É importante que constem na fatura os dados relativamente ao fornecedor, como a sua identificação e o Número de Identificação Fiscal (NIF), assim como os da FF, nomeadamente, o número da fatura e a sua data. Neste documento estão discriminados todos os produtos que constituem a encomenda, tanto os disponíveis como os esgotados, e estão identificados por Código Nacional do Produto (CNP) e Designação Comum Internacional (DCI); é mencionada a quantidade de produto que foi encomendada e a que, de facto, foi enviada para a farmácia, os respetivos Preço de Venda à Farmácia (PVF), Preço de Venda ao Público (PVP), os descontos aplicados, o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA), o número total de unidades e o valor total da fatura. Após a leitura do código de cada produto é importante verificar o prazo de validade (PV) (e atualizar no sistema, se se aplicar), tal como a coerência entre preços de medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) e não sujeitos a receita médica (MNSRM) e a fatura, no fecho da mesma. Os produtos de venda livre não têm um preço pré-definido e o mesmo é marcado conforme a margem de lucro estabelecida pela farmácia, sendo posteriormente etiquetados com o preço

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final. É fundamental conferir o valor total faturado pelo software com o indicado na fatura física, para despistar possíveis erros. No final da receção, cada fatura é transferida para a contabilidade.

Se se tratar de uma encomenda diária (gerada automaticamente conforme

stocks), o Winphar® elabora uma lista dos produtos da mesma, com a respetiva

quantidade encomendada. A opção “Receção Direta” está direcionada para as encomendas feitas via gadjet ou chamada telefónica.

3.1.3. Reserva de produtos

É frequente, em atendimentos ao balcão, um utente requerer um certo medicamento ou produto que, no momento, não está disponível na farmácia. Assim, após a sua encomenda, é possível efetuar uma reserva, paga ou não paga, através do Winphar®, conforme preferência do utente. Ao efetuar a reserva do produto é impresso

um talão que identifica a mesma e é entregue ao utente para que, numa próxima visita, possa ser levantada. Sempre que uma encomenda é rececionada, o sistema informático emite um alerta para avisar o colaborador que determinado produto está destinado a um cliente. Deste modo, ao fechar a fatura, o Winphar® abre uma janela em que mostra

as reservas pendentes, podendo assim satisfazê-las, imprimindo um talão correspondente associado ao produto. Na altura em que o cliente volta à farmácia para a levantar basta ir ao menu das reservas para a resolver.

3.1.4. Armazenamento e prazos de validade

Após a receção das encomendas torna-se necessário arrumar os produtos e medicamentos que chegaram à farmácia, conforme as necessidades de cada um, sejam de refrigeração ou de cofre. São levados para o piso superior, onde se encontram gavetas deslizantes, que permitem separar os medicamentos por genéricos, marcas e forma farmacêutica: comprimidos, saquetas/carteiras, xaropes, injetáveis, ampolas, de uso tópico. Existem gavetas específicas para medicamentos do foro ginecológico, veterinário, retal e oftalmológico, com diversas formas farmacêuticas e, ainda, uma gaveta para gotas e outra para sprays, sendo que cada uma está organizada por ordem alfabética. Junto destas encontra-se o frigorífico e prateleiras para armazenamento de material de penso. Os MNSRM e produtos farmacêuticos de alta rotação estão armazenados atrás dos balcões de atendimento, em gavetas e prateleiras. Os medicamentos estupefacientes são guardados num cofre e o controlo do seu stock é efetuado mensalmente; a cada três meses o sistema gera uma lista com o balanço entre entradas e saídas para posterior conferência. Este processo é indispensável, sendo

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essencial o arquivo destes documentos, pois estão sujeitos a fiscalização pela Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED).

No espaço de atendimento existem vários locais de armazenamento de produtos, designadamente, de dermofarmácia e cosmética, produtos ortopédicos, puericultura, separados por marcas, onde os utentes podem circular e ver os produtos que lhes poderão interessar.

Todos os produtos são armazenados pelo princípio FEFO (First Expired, First

Out), sendo que os de menor prazo de validade são que têm que ser vendidos primeiro;

para os que possuem a mesma data de validade, aplica-se o método FIFO (First In, First

Out): a prioridade da venda é dada aos produtos que já se encontravam na farmácia. O

controlo dos prazos de validade é feito mensalmente, através de uma lista elaborada pelo Winphar®, contendo os medicamentos e produtos cujo PV está prestes a terminar,

com o intuito de devolução aos respetivos fornecedores.

3.1.5. Reclamações e devoluções

Quando se procede à receção de encomendas podem encontrar-se produtos cujas embalagens estão danificadas, que foram encomendados e não chegaram até à farmácia e estão faturadas, produtos erroneamente enviados pelo fornecedor, com PV breve ou na quantidade errada. Eventos desta natureza são resolvidos com reclamação e devolução ao fornecedor. O Winphar® apresenta a opção de criação de uma

devolução, na qual é pedida a inserção de dados como o CNP do produto, o lote, a quantidade, o PV, a fatura correspondente e o motivo da devolução. A partir daqui o sistema emite uma nota de devolução, com código próprio e com todos os dados previamente inseridos informaticamente, sendo automaticamente comunicada à Autoridade Tributária. A nota de devolução é impressa três vezes e os documentos original e duplicado terão que ser carimbados, assinados e datados pelo motorista da empresa fornecedora para, posteriormente, serem recebidos, juntamente com os produtos devolvidos, pelo distribuidor responsável. O documento triplicado deve ficar arquivado na farmácia, também propriamente carimbado, datado e assinado, pelo motorista do fornecedor, até que se tenha em posse a nota de crédito ou guia de remessa correspondente. A devolução só fica concluída se todos os produtos devolvidos estiverem mencionados na nota de crédito. Após a receção desta é necessário regularizar a devolução no sistema informático e transferir até à administração.

Durante o estágio tive a oportunidade de ler algumas circulares que informavam sobre a necessidade de recolha de alguns produtos, por diversas razões, em que a respetiva devolução é processada de igual modo.

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4. Dispensa de medicamentos e outros produtos em Farmácia

Comunitária

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, metade da população mundial toma incorretamente os medicamentos o que, por um lado, significa que o utente não irá beneficiar dos efeitos desejados e, por outro, implica gastos adicionais em cuidados de saúde, impedindo a sustentabilidade do próprio sistema de saúde do país e do meio ambiente em si [4]. O Farmacêutico, como especialista do medicamento em todas as suas vertentes, deve promover o uso responsável do medicamento, quer a nível da adesão à terapêutica, da melhor seleção farmacoterápica, da farmacovigilância, da sua correta utilização, quer da promoção para a saúde [5]. A dispensa de medicamentos é uma das mais importantes funções do farmacêutico, não se tratando apenas de uma simples venda. A dispensa pode ter a si associada uma receita médica, que especifica a medicação necessária para o utente, estando sob responsabilidade do farmacêutico a avaliação crítica da mesma, de modo a que este possa beneficiar, no seu todo, da medicação.

Após assistir a inúmeros atendimentos, em outubro comecei a realizá-los individualmente, sempre com a ajuda e disponibilidade imediata da equipa da FF, o que foi fundamental para me sentir confortável e confiante nesta função que tamanha responsabilidade acarreta.

4.1.

Medicamentos sujeitos a receita médica

4.1.1. Receitas médicas

Os medicamentos sujeitos a receita médica só podem ser dispensados, como o nome indica, sob prescrição médica. Esta pode ser realizada eletronicamente (receita sem papel - desmaterializada), eletronicamente, mas materializada, e manualmente [6]. Existem vários modelos de receita médica, dos quais constam a receita médica materializada e guia de tratamento, receita médica renovável materializada e guia de tratamento, receita médica pré-impressa e verso da receita médica [7].

A prescrição de medicação deve ser feita informaticamente, sendo que os medicamentos manipulados e estupefacientes e psicotrópicos se incluem nesta norma, salvo exceção para falência do sistema informático, inadaptação do prescritor (fundamentada), prescrições ao domicílio ou outras situações que permitam um máximo de 40 receitas mensais. Cada receita médica deve conter, obrigatoriamente, a DCI da substância ativa, a forma farmacêutica, a dosagem respetiva, a quantidade, a apresentação e a posologia a ser aplicada ao medicamento. Há informações essenciais que devem constar nas mesmas como a sua numeração, o local onde foi feita a

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prescrição, a identificação do médico que prescreveu os medicamentos, a identificação do utente, a entidade financeira encarregue do pagamento da comparticipação da receita, a identificação do(s) medicamento(s), a respetiva posologia e duração do tratamento, as comparticipações especiais (se se aplicar) e a data da prescrição [6]. Quando o farmacêutico recebe uma receita manual para dispensar, é fundamental que verifique se todos os campos estão corretamente preenchidos.

A validade das receitas médicas e número de embalagens que podem ser prescritas é diferente consoante o tipo de receita:

• Prescrição eletrónica materializada - válida por 30 dias seguidos, a partir do momento da sua realização, e pode ser renovada até seis meses; cada uma pode conter até quatro medicamentos diferentes, num máximo de quatro embalagens por prescrição e de duas por medicamento; • Prescrição eletrónica desmaterializada – em cada linha correspondente

a um medicamento podem constar duas embalagens (válida por 60 dias, seguidos à data da prescrição) e aplica-se a medicamentos utilizados em tratamentos de curta ou média duração; se forem de longa duração podem ser prescritas seis embalagens (válidas por 60 dias, seguidos à data da prescrição);

• Prescrição manual – cada receita pode conter até quatro embalagens de quatro medicamentos, diferentes, sendo que, no máximo, podem constar duas embalagens por medicamento.

As normas de dispensa indicam que é responsabilidade do farmacêutico dispensar o medicamento mais barato de entre três dos cinco genéricos mais baratos, cujo stock (dos três) é fundamental na farmácia, quando se trata de um grupo homogéneo, exceto quanto o utente pretende exercer o seu direito de opção por outro medicamento com o mesmo Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM). Esta opção é também aplicada na ausência de grupo homogéneo, em que o farmacêutico dispensa o medicamento mais barato e que vai de encontro à receita médica. Verificam-se, ainda, situações em que é necessário dispensar medicamentos pelo nome comercial ou titularidade de Autorização de Introdução no Mercado (AIM), aplicando-se na inexistência de medicamentos similares ou genéricos comparticipados e quando há, de facto, uma justificação apontada pelo médico prescritor:

• Exceção a), para medicamentos cuja margem ou índice terapêutico é estreito;

• Exceção b), para medicamentos que tenham provocado previamente uma reação adversa ao utente;

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• Exceção c), para medicamentos utilizados em tratamento superior a 28 dias.

Nas exceções a) e b), o farmacêutico é obrigado a dispensar o medicamento efetivamente indicado na receita e, na c), o utente pode escolher um medicamento similar de preço inferior, exercendo o direito de opção [6].

Quando o utente tem na sua posse uma receita manual é necessário que nesta sejam impressos, no verso, os detalhes relativos à farmácia, para efeitos de faturação, assim como a medicação dispensada, o preço final de cada medicamento e da fatura, a comparticipação associada, a data em que foi realizada a dispensa e o texto que justifica as opções do utente, se se aplicar. Ainda no verso devem constar a assinatura do utente, o carimbo da farmácia, a data da dispensa e a assinatura do farmacêutico. A partir do dia 29 de junho do ano corrente, as receitas médicas manuais, prescritas devido a falência informática, passaram a ter, obrigatoriamente, o número que corresponde ao pedido de suporte registado na plataforma EasyVista™ dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) [8].

As receitas eletrónicas estão sujeitas a menor erro na dispensa da medicação, precisamente pela inexistência de escrita manual. Para complementar, o próprio Winphar®, no fim de cada venda, emite uma janela que permite a confirmação dos

produtos que o utente pretende levar.

4.1.2. Regimes de comparticipação

A comparticipação de medicamentos foi uma medida que se tornou importante para a saúde pública, pois permitiu um acesso mais fácil à medicação, através da diminuição do valor da fatura do utente. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) desempenha um papel fundamental neste sentido, já que que se afirma como um dos principais responsáveis por este benefício. No regime geral está encarregue pelo pagamento de uma percentagem do preço de venda ao público, dividida em quatro escalões, conforme a classificação do medicamento: Escalão A – 90%, Escalão B – 69%, Escalão C – 37%, Escalão D – 15%. O regime especial engloba os pensionistas e utentes que padeçam de certas patologias; no caso dos pensionistas, a comparticipação pelo Estado aumenta para 95% no Escalão A e 5% nos restantes; os utentes em condições especiais beneficiam de uma comparticipação que está sujeita a Despacho e que tem que ser referida na prescrição médica; por exemplo, para os doentes com Esclerose Múltipla, através da Portaria nº 330/2016, de 20 de dezembro, a comparticipação atinge os 100% [6]. Os produtos associados ao controlo da diabetes são também abrangidos por uma comparticipação especial, sendo que as tiras-teste se fixam nos 85% do PVP e, as agulhas, seringas e lancetas, nos 100% [9].

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A comparticipação pode também ser feita por entidades complementares, de que são exemplo a Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Sindicato dos Bancários (SAMS) que partilham a comparticipação com o SNS existindo, em certos casos, ausência de encargos para o utente. No entanto, para usufruir deste benefício, o utente deverá fazer-se acompanhar do cartão que o identifica como beneficiário da entidade complementar que, atualmente, já inclui código de barras, o que permite a informatização do processo. Em casos como a Administração dos Portos do Douro, Leixões, S.A. (APDL) é necessário, ainda, efetuar uma cópia do cartão. Em todas estas situações, o Winphar®

emite um talão com a medicação requerida, que necessita da assinatura do utente.

4.1.3. Dispensa

de

medicamentos

estupefacientes

e

psicotrópicos

A prescrição de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos é feita do mesmo modo que todos os outros medicamentos. No entanto, no fim da dispensa, o Winphar®

emite uma janela que requer o seu preenchimento com os dados do utente (nome, número do cartão de cidadão/bilhete de identidade e respetiva validade, data de nascimento e morada); no caso de não ser o utente a levantar essa medicação preenchem-se os campos com os dados da pessoa em substituição.

Se forem apresentadas receitas manuais ou materializadas, estes medicamentos sofrem uma prescrição isolada, sendo necessário tirar uma cópia das mesmas para efeitos de arquivo durante três anos [6].

4.1.4. Conferência e processamento do receituário

A conferência das receitas é de extrema relevância, para que não sejam devolvidas por eventuais erros. Aspetos como a entidade que comparticipa, o número de beneficiário, as características do medicamento, a data de validade da receita e a assinatura do médico, necessitam de verificação. No verso impresso é importante rever o número de beneficiário, a assinatura do utente e do farmacêutico ou técnico, o carimbo da farmácia e a data da dispensa.

O processamento do receituário é efetuado através da organização das receitas por lotes de 30, pelo Winphar®. Se não se atingirem as 30, são agrupadas no número

possível. Para cada lote é emitido um verbete, que é anexado ao mesmo, e que requer o carimbo da farmácia, bem como a assinatura do DT ou de uma das Farmacêuticas Adjuntas. Após a organização de todos os lotes e verbetes respetivos, o sistema informático emite um resumo – Resumo de Lotes - que é enviado juntamente com a fatura do SNS. Todos estes documentos são entregues no Centro de Conferência de

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Faturas (CCF), à exceção das receitas com entidades complementares, enviadas para a Associação de Farmácias de Portugal (AFP).

Ainda que se proceda a uma minuciosa conferência das receitas, existem sempre algumas que retornam à farmácia devido a erros; em certas situações, estas podem ser novamente faturadas e processadas no mês que se segue, o que não acontece quando o prazo de validade da receita expira, significando prejuízo para a farmácia.

4.2.

Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Os MNSRM, como o nome indica, não necessitam de prescrição médica, não sendo, também, comparticipados (salvo exceções previstas na legislação). No entanto, devem ser indicados conforme o problema, estando associada uma situação de automedicação. Esta dispensa carece sempre do aconselhamento do farmacêutico.

4.2.1. Aconselhamento farmacêutico

O aconselhamento farmacêutico é uma atividade fundamental da profissão farmacêutica, na qual existe um intercâmbio de informações entre o utente e o farmacêutico, para que seja possível entender as necessidades sentidas, e sejam indicadas medidas não farmacológicas ou dispensados os produtos mais indicados, se for o caso. É essencial que o utente consiga identificar se a necessidade de um medicamento é real para o seu bem-estar. A educação do utente ao nível do uso responsável do medicamento é fulcral, a fim de evitar efeitos indesejáveis. O bom aconselhamento assenta na capacidade de escuta e transmissão de confiança, de modo a que o utente se sinta confortável para expor as suas dúvidas e dificuldades [10].

Esta vertente do estágio exige multitasking, pois é importante considerar todos os pontos importantes a focar durante o aconselhamento, quer seja a nível do contacto visual, das questões pertinentes a realizar para recolher o máximo de informação ou, ainda, do produto em questão que será mais indicado aconselhar. A conjugação destes fatores tornou-se um desafio que, após vários atendimentos, foi sendo facilitado com a prestável ajuda dos colaboradores da FF.

4.2.2. Automedicação

A automedicação assenta na utilização de produtos, pela pessoa, com fim terapêutico, nomeadamente MNSRM, com o objetivo de tratar sintomas reconhecidos pela própria; pode também dar significado ao uso continuado ou intermitente de medicamentos que tenham sido prescritos pelo médico, no caso de uma doença crónica, por exemplo [11]. As principais fontes advêm do conselho de familiares, amigos, vizinhos e o seu conceito é já considerado um problema de saúde pública pois implica

(25)

um desperdício de produtos, o aumento da resistência a bactérias (no caso de antibióticos) e a ocorrência de reações adversas, podendo eventualmente provocar danos irreversíveis [12].

Foram vários os episódios de automedicação com que me deparei ao falar com os utentes, quase todos por indicação secundária, o que me suscitou preocupação, tendo tentado sempre transmitir a informação mais racional sobre a utilização dos medicamentos. Uma das situações ocorreu quando uma utente me pediu uma caixa de Cêgripe® e de Fluimucil® (que uma amiga lhe transmitiu como sendo algo “muito bom”),

pois afirmava que o seu marido estava com tosse com muita expectoração, e que já se encontrava a tomar o xarope Mucosolvan®. Foi importante explicar à utente que, pelo

facto de já estar a fazer o xarope não havia necessidade de tomar o Fluimucil®, pois não

ia trazer ação benéfica adicional, e que o Cêgripe® apenas se utiliza para casos de gripe

ou constipações, que não era o caso. A utente percebeu que a medicação que o marido estava a fazer era já suficiente e agradeceu a atenção e esclarecimentos prestados.

É também comum os utentes requererem produtos sobre os quais tiveram conhecimento através dos meios de comunicação, o que mostra a necessidade da educação ao utente no sentido da promoção da saúde, das escolhas mais seguras, da seleção de informação fidedigna, e do seu bem-estar.

4.2.3. Medicamentos manipulados

Define-se medicamento manipulado, qualquer fórmula magistral ou preparado oficinal que seja preparado e dispensado sob responsabilidade de um farmacêutico [13]. A preparação deste tipo de medicamentos é vantajosa em casos de tratamentos para doenças que não estejam disponíveis no mercado [14]. São também úteis na medida em que podem ser ajustados ao utente, com base no sexo, idade, tipo de metabolismo, alergias que sejam conhecidas, verificando-se uma maior rentabilização do produto [15]. Os medicamentos manipulados que estejam inscritos no Anexo do Despacho nº 18694/2010, de 18 de novembro, estão sujeitos a comparticipação de 30% [16].

A FF era detentora de um laboratório, contudo, não estava funcional. Através da criação das novas instalações foi montado um novo laboratório, que planeia exercer funções brevemente.

Quando algum utente da FF requer um medicamento manipulado, este é pedido à Farmácia Guarani, no Porto, ou à Farmácia Couto, em Vila Nova de Gaia.

4.2.4. Medicamentos e produtos de uso veterinário

Um medicamento de uso veterinário é definido por toda a substância, ou pela associação de várias, capacitada de propriedades curativas ou preventivas de doenças

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associadas aos animais ou dos seus sintomas, ou cuja utilização ou administração permite um diagnóstico médico-veterinário, ou que exerça uma ação farmacológica, metabólica ou imunológica, restaure, modifique ou corrija funções fisiológicas [17].

A dispensa destes medicamentos na FF é frequente, sendo que os mais procurados são os antiparasitários externos e internos, tanto para gatos como para cães. Com a expansão da farmácia foi possível organizar um expositor com uma maior oferta destes produtos. Realizar o aconselhamento farmacêutico relativamente a esta área é, sem dúvida, bastante difícil, pelo que é fundamental a aquisição de conhecimento nesse sentido. Durante o estágio dispensei vários desparasitantes externos, que já eram compra recorrente dos utentes. Numa situação, um utente requereu um desparasitante interno para um cão com 34 kg, ao qual aconselhei o Cazitel® XL Plus, por se encontrar disponível na farmácia.

4.2.5. Suplementos alimentares

Os suplementos alimentares são considerados géneros alimentícios, cuja função é complementar e/ou suplementar a alimentação de um indivíduo, sendo que fornecem nutrientes ou outras substâncias com indicação nutricional ou fisiológica, concentradas, e que podem ser comercializadas em ampolas, cápsulas, comprimidos, saquetas, entre outras [18]. Ao contrário do medicamento, um suplemento alimentar não possui características preventivas, de tratamento ou de cura de doenças ou sintomas e, por isso, não é dotado de atividade terapêutica [19].

Durante o estágio tive acesso a várias prescrições médicas de suplementos alimentares assim como pedidos de utentes para as mais diversas queixas: cãibras, fadiga, falta de energia. Não obstante as variadas opções existentes na FF para o efeito, o mais complexo foi saber aconselhar o produto mais indicado. Num atendimento, uma utente referiu que o seu marido andava mais cansado e sem energia, e queria um suplemento que o pudesse fazer sentir-se melhor. Neste caso, e pelo facto de a utente preferir comprimidos, foi pertinente a dispensa de Absorvit® Energia, disponível na FF,

que contém várias vitaminas, probióticos e ginseng. Na dispensa destes produtos é importante referir que a toma dos suplementos deve ser feita durante um certo período de tempo para que, de facto, o utente consiga sentir o efeito.

4.2.6. Produtos de dermofarmácia e cosmética

Os produtos de dermofarmácia e cosmética inserem-se na designação regulamentada dos produtos cosméticos e de higiene corporal que são qualquer substância ou preparação com várias, e possuem como objetivo entrar em contacto com a superfície corporal, quer seja epiderme, unhas, lábios, dentes, mucosas bucais, entre

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outras, servindo, ao mesmo tempo, para perfumar, limpar, mudar o aspeto, proteger ou manter o bom estado ou, ainda, corrigir odores corporais [20]. Estes produtos encontram-se em exposição na farmácia, por marca, e são um valor representativo nas vendas da farmácia. É importante que o farmacêutico saiba aconselhar um utente conforme as suas necessidades e expectativas, pelo que é fundamental a formação contínua nesta área, tendo em consideração o surgimento constante de novos produtos com novas funções ou fórmulas.

Devido ao meu interesse nesta vertente, já possuía algum conhecimento sobre as diferentes marcas e gamas, mas a frequência de formações e o conhecimento da Técnica Sofia Fernandes e da Dr.ª Inês Pereira revelaram-se essenciais para providenciar o melhor aconselhamento.

4.2.7. Dispositivos médicos

Um dispositivo médico (DM) entende-se como qualquer instrumento, equipamento, aparelho, software, material ou artigo que é utilizado de modo isolado ou combinado, no qual se inclui o software destinado pelo fabricante respetivo, preconizando um efeito não farmacológico, imunológico ou metabólico, mas sim que providencie diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença; diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou compensação de uma lesão ou de uma deficiência; estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico ou, ainda, controlo da conceção [21]. Estes produtos estão classificados mediante o risco para a saúde, sendo a Classe I de baixo risco e a Classe III de alto risco, consoante o tempo de contacto do dispositivo com o corpo humano – temporário, curto prazo e longo prazo –, a invasão sobre o corpo humano, a parte que pode ser afetada pelo uso do dispositivo médico e, ainda, pelos riscos associados à sua conceção técnica e respetivo fabrico [22].

Na FF existe um setor com produtos deste tipo, com oferta variada, desde pensos, canadianas, meias de compressão, entre muitos outros. Durante o período de estágio, foram várias as utentes que surgiram com pedidos de meias de compressão. Nestes casos é importante medir, logo pela manhã, o diâmetro do tornozelo e a barriga da perna. Se as meias forem até à coxa, é necessário também medir o seu diâmetro.

5. Cuidados de saúde prestados

As farmácias são o local de prestação de serviços farmacêuticos nos quais se incluem apoio domiciliário, prestação de primeiros socorros, administração de medicamentos, utilização de meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica, administração de vacinas que não se incluam no Plano Nacional de Vacinação (PNV),

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programas de cuidados farmacêuticos, campanhas de informação e, ainda, a colaboração em programas de educação para a saúde da população. Recentemente, passaram a ser incluídos outros serviços, como consultas de nutrição, programas de adesão e reconciliação da terapêutica, preparação individualizada da medicação, programas de educação sobre a utilização de DM, a realização de testes rápidos que permitem o rastreio de infeções pelo VIH, VHC e VHB, cuidados a doentes ostomizados e ao pé diabético [23,24].

É comum os utentes procurarem estes serviços na farmácia, uma vez que é um local de fácil acesso e de confiança. Na FF são vários os serviços farmacêuticos prestados, em local próprio e reservado.

5.1.

Determinação da pressão arterial

A determinação da pressão arterial é o serviço farmacêutico mais prestado na FF, sendo realizado diariamente. É substancial o número de utentes que sofrem de hipertensão arterial e que fazem um controlo rigoroso no equipamento da farmácia. Alguns fazem o controlo para uma futura consulta médica que ditará o uso ou não de medicação anti-hipertensora, confiando na farmácia para o realizar. Em medições esporádicas, contactei com utentes que apresentavam valores superiores aos recomendados (120 mmHg para a pressão arterial sistólica e 80 mmHg para a pressão arterial diastólica), tentando sempre perceber o motivo dos mesmos e incentivando ao seu controlo regular para prevenir eventuais doenças cardiovasculares, assim como a adoção de hábitos de vida saudáveis.

Atualmente, a FF possui um novo medidor da pressão arterial exclusivo para algumas farmácias, o Omron HEM-907, que permite uma determinação mais precisa, e pretende evitar a Hipertensão da Bata Branca, sendo que os seus valores são avaliados posteriormente pelo médico do utente.

5.2.

Determinação de parâmetros bioquímicos

A determinação de parâmetros bioquímicos é bastante frequente na FF, nomeadamente a medição da glicemia e do colesterol. A farmácia é detentora de aparelhos comuns para a medição da glicemia e também do Reflotron®, que permite a

determinação de diversos parâmetros, sendo os mais comuns o nível de colesterol e o de triglicerídeos, conforme a tira de teste utilizada, aplicando-se sangue capilar. A FF também disponibiliza o equipamento Viport®, que possui uma ação semelhante a um

eletrocardiograma, alertando o utente para a situação de stress em que se encontra o seu coração.

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Tive uma maior oportunidade de realização destes testes aquando da organização do rastreio cardiovascular, que me permitiu avaliar a situação de cada utente e prestar o devido aconselhamento. É sempre importante salientar aos utentes os cuidados a ter, designadamente na alimentação, com especial atenção ao baixo consumo de gorduras e álcool e à frequente prática de exercício físico. É também importante averiguar a medicação dos utentes, para perceber se existe adesão ou não à terapêutica, e educar o utente para a sua importância e implicações na saúde.

5.3.

Administração de injetáveis

A administração de injetáveis é possível na FF, pois todos os farmacêuticos possuem qualificações para tal. As administrações mais comuns são as de anti-inflamatórios e de vacinas que não se incluem no PNV. Este serviço torna-se bastante útil para o utente dado que, após adquirir a sua medicação, esta pode ser administrada de seguida.

A época de vacinação contra a gripe abrangeu o meu estágio, pelo que dispensei várias vacinas da gripe procedendo, ainda, ao seu registo informático.

5.4.

Consultas de Podologia, Nutrição, Osteopatia e Audição

As consultas de Podologia são realizadas mensalmente por uma podologista e, em termos de procura, apresentam especial interesse para a população mais idosa. As consultas de nutrição são efetuadas por uma nutricionista, que está disponível todas as sextas-feiras; as consultas podem ser de Nutrição Clínica ou de acompanhamento de uma dieta apoiada pela FF, com os respetivos produtos coadjuvantes.

Estão, ainda, disponíveis consultas de Osteopatia e de Audição, sendo que estas últimas são gratuitas e geridas por uma empresa do ramo.

Todas as consultas são realizadas em gabinete próprio, garantindo segurança e privacidade ao utente.

5.5.

Valormed

A Valormed afirma-se como uma entidade sem fins lucrativos com o objetivo de gerir os resíduos de embalagens vazias e de medicamentos que já não se encontrem próprios para uso. Este sistema está implantado em todo o território nacional [25].

Para que o utente participe nesta iniciativa é importante que deixe na farmácia todos os medicamentos fora de prazo, que não usa ou necessita, e todos os materiais que os acondicionam e acompanham, quer sejam cartonagens vazias, frascos, blisters, folhetos informativos [26].

Quando os contentores ficam preenchidos é necessário que sejam recolhidos. Com esse intuito, recorre-se ao Winphar®, através da opção “Recolha Valormed”, e

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digita-se o código que identifica o contentor e escolhe-se a distribuidora que o recolhe que, neste caso, é a Cooprofar. Posteriormente, é impressa uma folha com os dados referidos, sendo carimbada e assinada por um dos colaboradores.

Na FF assiste-se a uma adesão por parte dos seus utentes, existindo dois contentores disponíveis, um à entrada da farmácia e outro junto ao balcão de atendimento.

5.6.

Marketing na farmácia

O marketing farmacêutico é muito importante para dar a conhecer novos produtos aos utentes e oferecer as melhores promoções. A zona envolvente à farmácia é de grande concorrência, pelo que a dinâmica para conseguir o melhor negócio é fundamental. Na FF, as montras são refeitas diversas vezes, mediante a chegada de um novo produto ou o surgimento de algum acontecimento importante ou dia comemorativo. Tive, assim, a oportunidade de ajudar a organizar as várias montras para uma nova gama da Vichy e da Lierac, bem como para divulgar uma promoção realizada pela Avène. Além do referido, todos os postos de atendimento possuem produtos, com vista a despertar a atenção do utente e relembrá-lo da eventual necessidade dos mesmos.

A FF está presente nas redes sociais, no Facebook e no Instagram, onde publica as várias promoções em vigor na farmácia, assim como eventos que estejam a decorrer e pequenos textos que promovem a literacia em saúde.

6. Formações

As formações são essenciais para a aprendizagem e atualização contínua de um farmacêutico, para que possa assegurar o melhor aconselhamento aos utentes. Em outubro, frequentei várias ações de formação sobre temas distintos, para além das diversas apresentações de novos produtos feitas por delegados na FF. Através da FF tive acesso a várias plataformas, nomeadamente, da Angelini e da L’Oreál Cosmética Ativa, onde realizei formações sobre vários produtos que se encontram disponíveis na farmácia. As formações frequentadas e os certificados obtidos podem ser consultados no Anexo 1.

(31)

Parte II – Projetos desenvolvidos em Farmácia Comunitária

1. Projeto I – Rastreio Cardiovascular

1.1.

Contextualização

As doenças cardiovasculares, em Portugal, são a maior causa de morbilidade e invalidez [27], causando cerca de 35 mil mortes, anualmente [28]. Ao longo do estágio, verifiquei que os medicamentos que dispensava com maior frequência eram referentes a doenças cardiovasculares, como dislipidemias e hipertensão arterial e, ainda, diabetes. A par do que foi anteriormente referido, em determinadas medições da pressão arterial que realizei a alguns destes utentes, foi possível constatar que nem sempre tinham os valores controlados. Assim, de forma a poder ajudá-los nesse sentido, e para o público em geral, organizei um rastreio cardiovascular gratuito, nos dias 3 e 4 de setembro, na FF. A divulgação foi efetuada através de um cartaz (Anexo 2), elaborado por mim, e de publicações no Facebook da FF (Anexo 3).

O rastreio cardiovascular consistiu na medição de quatro parâmetros: pressão arterial, glicemia, colesterol e triglicerídeos. Em cada utente que atendia questionava acerca da sua idade, se eram fumadores e se estavam em jejum ou não e, posteriormente, anotava o sexo de cada um e os valores obtidos para a pressão arterial, glicemia, colesterol e triglicerídeos. Adicionalmente, questionei sobre a medicação que tomavam. Com os dados obtidos calculei o SCORE (Systematic Coronary Risk

Evaluation). No sentido de um seguimento, escolhi quatro utentes para realizar um novo

teste a cada um dos parâmetros e avaliar o seu controlo.

Foram vários os utentes que afirmaram que este tipo de rastreio é muito importante para os alertarem para eventuais problemas a nível cardiovascular. Sentiam-se à vontade para falar sobre a sua situação, agradecendo Sentiam-sempre o Sentiam-serviço prestado.

1.2.

Enquadramento teórico

As doenças cardiovasculares (DCV) são a maior causa de morte em todo o mundo, causando 17,3 milhões de mortes, superando o cancro [29]. Dentro das DVC, a doença cardíaca isquémica e o acidente vascular cerebral (AVC) são a principal causa de morte em Portugal, para ambos os sexos [30]. Ainda assim, estudos mostram que cerca de 75% das DCV sejam resultado de fatores de risco modificáveis como a ingestão de álcool, os maus hábitos alimentares, sedentarismo, o tabagismo e doenças como a diabetes mellitus, obesidade, dislipidemia e a hipertensão arterial [31].

(32)

1.2.1. Diabetes mellitus

A diabetes mellitus tipo 2 (DMT2) é uma doença crónica que se caracteriza pelos níveis elevados de açúcar no sangue – hiperglicemia. As pessoas com DMT2 estão sob maior risco de sofrer uma doença cardiovascular, como AVC e enfarte do miocárdio [32,33]. A DMT2 está associada ao desenvolvimento de aterosclerose, mediada pela hiperglicemia, stress oxidativo, níveis elevados de colesterol, consumo de tabaco e resistência à insulina [34,35]. Esta última representa um fator preocupante na progressão da diabetes, desencadeando o aparecimento de hipertensão arterial (HTA) e dislipidemia [36]. Num organismo saudável, as células endoteliais são responsáveis pela produção e libertação de substâncias que permitem o controlo e manutenção dos vasos sanguíneos, equilibrando os fenómenos de oxidação/anti-oxidação e inflamação/anti-inflamação, da contração/dilatação dos vasos e da proliferação/antiproliferação de células vasculares lisas musculares da parede dos mesmos [34]. Quando este equilíbrio é quebrado, formam-se as lesões ateroscleróticas, que se acredita serem fruto de inflamação local desencadeada por níveis elevados de colesterol low density lipoproteins (LDL), as quais são facilmente oxidáveis ou degradadas devido ao baixo teor anti-oxidativo [35,37]. O stress oxidativo, juntamente com a hiperglicemia característica da doença, resistência à insulina [38] e com reações inflamatórias, promovem a glicação de proteínas, resultantes da ligação entre açúcares redutores, como a glicose, e proteínas [36]. Os produtos da glicação sofrem várias reações como oxidação, desidratação e condensação, para formarem produtos finais de glicação avançada (AGEs). Os AGEs formam-se mais facilmente com níveis elevados de açúcar, como na DMT2, e contribuem para a progressão da aterosclerose [36], pela sua acumulação nos vasos, promovendo a degradação destes [39]. A produção de AGEs promove a formação de espécies reativas de oxigénio (ROS) que, por sua vez, estimulam a produção de mais AGEs, criando-se um ciclo vicioso [38]. Os AGEs interagem com os seus recetores (RAGE) – com proeminente expressão em doentes com diabetes [40–43], ativando vias de sinalização que induzem a calcificação, fibrose e danos vasculares, efeitos protrombóticos e inflamação, e desencadeiam o desenvolvimento de nefro, neuro e retinopatias diabéticas, culminando nas DCV ateroscleróticas [44].

Para que a terapêutica da DMT2 seja a ideal para o utente, é necessário estudar a sua situação, nomeadamente, no que se refere aos fatores de risco, a revisão de tratamentos prévios e a presença/ausência de complicações associadas [45]. São vários os distúrbios que ocorrem no organismo ao nível de vias sinaléticas e que levam à hiperglicemia, pelo que existem diversas terapias cujo alvo são uma ou mais dessas

Referências

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