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Evidências de validade de conteúdo de um instrumento de triagem do vocabulário

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Academic year: 2021

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P

ROGRAMA

A

SSOCIADO DE

P

ÓS-GRADUAÇÃO EM

F

ONOAUDIOLOGIA UFPB/UFRN

ALEXANDRE LUCAS DE ARAÚJO BARBOSA

EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DE CONTEÚDO DE UM INSTRUMENTO DE TRIAGEM DO VOCABULÁRIO

NATAL 2019

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ALEXANDRE LUCAS DE ARAÚJO BARBOSA

EVIDÊNCIAS DE VALIDADE DE CONTEÚDO DE UM INSTRUMENTO DE TRIAGEM DO VOCABULÁRIO

Dissertação apresentada ao Programa Associado de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Universidade Federal da Paraíba – UFPB e Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, como requisito obrigatório para a obtenção do diploma em grau de Mestrado, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Cíntia Alves Salgado Azoni.

NATAL 2019

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Barbosa, Alexandre Lucas de Araújo.

Evidências de validade de conteúdo de um instrumento de triagem do vocabulário / Alexandre Lucas de Araújo Barbosa. - 2019.

95f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Fonoaudiologia. Natal, RN, 2019.

Orientadora: Cíntia Alves Salgado Azoni.

1. Linguagem infantil - Dissertação. 2. Triagem - Dissertação. 3. Vocabulário - Dissertação. 4. Fonoaudiologia - Criança - Dissertação. I. Azoni, Cíntia Alves Salgado. II. Título. RN/UF/BS-CCS CDU 81-053.2

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AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Cíntia, por ser uma professora incrível. Agradeço por me ensinar o valor da pesquisa científica e a importância da ética e responsabilidade. Muito obrigado por todos os ensinamentos pacientemente oferecidos e, principalmente, pelo respeito em todas as situações.

À minha mãe, Socorro, por me ensinar com todo amor o valor da educação e me incentivar a alcançar objetivos maiores.

A Leonardo, por estar comigo durante esta jornada, por compreender meus momentos de ansiedade e me oferecer apoio para superar as dificuldades.

Aos meus amigos Igor, Penélope, Mariana, Thalinny, Renata, Thyago e Ana Luiza, pelos momentos que me fizeram crescer pessoalmente e profissionalmente.

Aos colegas de turma Jéssika, Luana Aprígio, Luana Gabriele, Milena, Patrícia, Inara, Helimara e Eliza pela parceria. Parabéns por serem profissionais de excelência.

À minha banca de qualificação e defesa, Dr. Rauni Roama Alves e Dr.ª Ana Manhani Cáceres Assenço e Dra. Patrícia Abreu Pinheiro Crenitte, por todas as contribuições.

À Penha, pelo suporte psicológico, sem o qual eu não seria capaz de finalizar este mestrado com saúde.

A todos os professores do Programa de Pós-graduação em Fonoaudiologia, por todos os conhecimentos transmitidos durante o mestrado.

Aos colegas do Projeto TRILHAR, professora Heliana Soares, professora Beatriz Stransky, Jéssica e Marcelo, pelo suporte na realização desta pesquisa.

Aos colegas do Laboratório de Linguagem Escrita, Interdisciplinaridade e Aprendizagem, pela amizade e momentos de conhecimento compartilhado.

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A todos os pais e crianças que participaram deste estudo, muito obrigado.

A todos os profissionais fonoaudiólogos, psicólogos e pedagogos que participaram desta pesquisa.

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RESUMO

OBJETIVOS: verificar as evidências de validade de conteúdo de um instrumento de

triagem do vocabulário para crianças entre 3 e 7 anos. MÉTODOS: Estudo dividido em três etapas: 1ª) Revisão da literatura integrativa nas bases de dados nacionais e internacionais Scielo, Lilacs, Eric e Pubmed para verificar os testes de triagem do vocabulário utilizados recentemente (Artigo 1); 2ª) Análise de conteúdo: o instrumento construído foi enviado para quinze juízes, visando analisar o conteúdo de acordo com o Racional Teórico, Princípios da Triagem e Materiais, considerando o Índice de Validade de Conteúdo (IVC) e Índice de Validade de Conteúdo Item (IVC-I) (Artigo 2). 3ª) Aplicabilidade do instrumento: triagem em uma amostra de 133 crianças entre 3 e 7 anos, estudantes de quatro escolas públicas (Artigo 3). RESULTADOS: a partir da revisão, foi possível construir o instrumento de triagem de vocabulário receptivo e expressivo, nomeado TRILHAR. Na análise de validade de conteúdo, verificou-se que o IVC do instrumento esteve adequado. Entretanto, o IVC-I dos subcritérios de aspectos gráficos e descrição do caderno de aplicação apresentaram-se baixos, indicando necessidade de revisão nestes itens. No estudo piloto, verificou-se diferença do desempenho entre as idades e correlação entre estas variáveis, o que sugere melhora de acordo com o avanço faixa etária. Além disso, foi verificada correlação positiva entre o vocabulário receptivo e expressivo. CONCLUSÃO: o TRILHAR é um instrumento adequado para realizar a triagem do vocabulário infantil, porém são necessários mais estudos de validação para verificar sua capacidade de identificar crianças com alterações no vocabulário.

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ABSTRACT

OBJETIVOS: to verify the evidences based on content validity of a vocabulary screening

instrument for children aged from 3 to 7 years old. MÉTODOS: This study was divided into three steps: 1º) Integrative literature review on nacional and international database Scielo, Lilacs, Eric and Pubmed, to verify the vocabulary screening instruments used recently (Article 1); 2º) Content analysis: the instrument was sent to fifteen judges, who analyzed the content validity based on the criterias of Theory, Screening Principles and Materials, considering the Content Validity Index (CVI) and Content Validity Index Item (Article 2); 3º) Aplicability of the instrument: screening of 133 children from 3 to 7 years old, students of four public schools (Article 3). RESULTADOS: from the theorical review, it was possible to construct the receptive and expressive vocabulary screening instrument, named TRILHAR. On the content validity analysis, the CVI has proven itself adequate. However, the CVI-I for the subcriterias of graphic aspects and description of the application sheet was inadequate, indicading the necessity of revision for those items. On the pilot study, there was differences on the performance between the groups and correlation between these variables, showing that the result on the screening improves according to the advencement of age. Besides that, there was a positive correlation between receptive and expressive vocabulary. CONCLUSÃO: the results of this research showed that TRILHAR is an adequate instrument for infant vocabulary screening. However, more validity studies are necessary to verify it's capability to identify children with vocabulary delays.

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LISTA DE ABREVIATURAS

ADL – Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem CCI – Coeficiente de correlação intraclasse

CELF – Clinical Evaluation of Language Functions CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

DEL – Distúrbio específico de linguagem

ERIC – Education Resources Information Center IVC – Índice de validade de conteúdo

IVC-I – Índice de validade de conteúdo item

LILACS – Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde NEI – Núcleo de Educação Infantil

PHP – Hypertext preprocessor

PODCLE – Protocolo para Observação do Desenvolvimento Cognitivo e de Linguagem Expressiva

PROC – Protocolo de Observação Comportamental QI – Quociente intelectual

SciELO – Scientific Electronic Library Online

TALE – Termo de Assentimento Livre e Esclarecido TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TEA – Transtorno do Espectro Autista

TELD – Test of Early Language Development TNL – Test of Narrative Language

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1 – Instrumentos de avaliação em linguagem disponíveis no Brasil...17

Tabela 2 – Instrumentos de triagem em linguagem disponíveis na literatura...19

Quadro 1 – Marcos do desenvolvimento da linguagem...11

Quadro 2 – Descritores utilizados para a pesquisa nas bases de dados...24

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...7 2. OBJETIVO...8 2.1. OBJETIVO GERAL...8 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS...8 2.3. HIPÓTESES...8 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...9 3.1. DESENVOLVIMENTO DO VOCABULÁRIO...9 3.1.1. Semântica...9

3.1.2. Marcos do desenvolvimento do vocabulário...9

3.1.3. Aprendizagem de novas palavras...12

3.2. ALTERAÇÕES DE LINGUAGEM E VOCABULÁRIO...13

3.3. DIFERENÇAS ENTRE TRIAGEM E AVALIAÇÃO...16

3.3.1. Instrumentos de avaliação em linguagem...17

3.3.2. Instrumentos de triagem em linguagem...18

3.4. VALIDADE DE CONTEÚDO: QUAL SUA IMPORTÂNCIA?...20

3.5. JUSTIFICATIVA...23 4. METODOLOGIA: ESTUDO 1...24 4.1. DESENHO DO ESTUDO...24 4.2. ETAPAS DA PESQUISA...24 4.3. REVISÃO DA LITERATURA...24 4.3.1.Estratégias de pesquisa...24 4.3.2. Critérios de seleção...25

4.3.3. Análise dos dados...25

4.4. FORMULAÇÃO DOS ITENS...25

4.4.1. Implementação, criação do manual e da folha de marcação...25

5. METODOLOGIA: ESTUDO 2...26

5.1. DESENHO DO ESTUDO...26

5.2. PERÍODO DA PESQUISA E LOCAL DE REFERÊNCIA...26

5.3. ASPECTOS ÉTICOS...26

5.4. POPULAÇÃO...26

5.5. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS...26

5.5.1. Material...27

5.5.2. Coleta de dados...27

5.6. ANÁLISE DOS DADOS...28

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6.1. DESENHO DO ESTUDO...30

6.2. LOCAL DA PESQUISA E PERÍODO DE REFERÊNCIA...30

6.3. ASPECTOS ÉTICOS...30

6.4. POPULAÇÃO...30

6.5. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS...31

6.5.1. Material...31 6.5.2. Coleta de dados...31 6.6. ANÁLISE DE DADOS...31 7. RESULTADOS...32 7.1. ARTIGO 1...32 7.2. ARTIGO 2...43 7.3. ARTIGO 3...54 8. DISCUSSÃO...64 9. CONCLUSÃO...67 REFERÊNCIAS...68 ANEXOS...77

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1. INTRODUÇÃO

A aquisição do vocabulário é um dos grandes marcos do desenvolvimento da linguagem oral infantil e se relaciona com aspectos biológicos, psicológicos e ambientais. Alterações nesse processo podem acarretar prejuízos importantes nas interações comunicativas, no desenvolvimento sintático e semântico da linguagem oral e influenciar demais aspectos relacionados à aprendizagem da linguagem escrita posteriormente.

Atualmente, sabe-se que a detecção precoce de sinais de dificuldades no desenvolvimento infantil gera efeitos positivos, na medida em que permite a orientação familiar e a intervenção para estimulação de habilidades ainda nos anos iniciais, conhecida como intervenção precoce. Os resultados positivos deste processo ocorrem, principalmente, devido à plasticidade neuronal, que decorre com maior facilidade em crianças pequenas.

Uma das alternativas para a identificação de indivíduos em risco para doenças e transtornos é a triagem, procedimento vantajoso por ser de rápida aplicação e baixo custo que permite identificar sinais e sintomas específicos para determinado tipo de condição/patologia. Pode ser realizada em formato de questionários, checklists e avaliações diretas de determinadas medidas.

Com isso, tendo em vista a importância do vocabulário infantil, a escassez de instrumentos de triagem nesta área e a necessidade de identificação precoce das alterações em seu desenvolvimento, foi criado o Teste de triagem de habilidades linguísticas – TRILHAR, entre os anos de 2015 e 2017, resultado de uma parceria entre pesquisadores da Fonoaudiologia e da Engenharia Biomédica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. A nomenclatura se deu pelo fato de representar o

continuum que é o desenvolvimento da linguagem. Trata-se de um instrumento que

objetiva triar o vocabulário de crianças entre três e sete anos de idade, construído em formato manual e computadorizado, levando em consideração o aumento de demanda de procedimentos informatizados em saúde nos dias atuais.

Sendo assim, neste estudo, será abordado o processo inicial de validação do TRILHAR formato manual, por meio da validação do conteúdo que julga se a construção teórica do instrumento condiz com seu objetivo avaliativo. A medida adotada para esta pesquisa é calculada por meio do Índice de Validade de Conteúdo (IVC), que resulta da avaliação do TRILHAR por juízes com experiência na área da linguagem oral infantil, como fonoaudiólogos, neuropsicólogos e psicopedagogos.

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2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Construir um instrumento de triagem do vocabulário receptivo e expressivo para crianças entre 3 e 7 anos de idade.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Elaborar o constructo de imagens do vocabulário receptivo e expressivo para crianças entre 3 e 7 anos (Artigo 1);

b) Analisar a validade de conteúdo do TRILHAR a partir da avaliação de juízes experientes na área e verificar a concordância interavaliadores (Artigo 2); c) Verificar o desempenho de crianças entre 3 e 7 anos de idade no instrumento,

por meio de um estudo piloto (Artigo 3).

3. HIPÓTESES

Espera-se que, a partir da revisão de literatura e construção do instrumento, seja possível obter sua validade de conteúdo, observando a adequação entre os itens do instrumento e seu objetivo avaliativo, atendendo as expectativas de aplicabilidade. Ainda, após a realização do estudo piloto, serão obtidos os valores iniciais de referência de desempenho para crianças com desenvolvimento típico.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. DESENVOLVIMENTO DO VOCABULÁRIO 3.1.1. Semântica

A semântica diz respeito ao significado das palavras (Acosta et al., 2003; Lyons, 1977). Trata-se do significado linguístico das línguas naturais. O armazenamento da forma das palavras e seus significados caracterizam o sistema léxico-semântico (Chow et al., 2018). É por meio deste sistema que os seres humanos externalizam seus pensamentos, demonstrando as relações do seu desenvolvimento cognitivo com o mundo (Carvalho, 2008).

Vygotsky (1962), em seu livro Pensamento e Linguagem, relata que o significado abrange partes da linguagem e do pensamento. A aquisição de conceitos inicia-se logo na infância, resultante de um processo envolvendo todas as funções mentais, além de questões intrínsecas e extrínsecas ao indivíduo, como a função social, por exemplo.

O autor dividiu em três fases a aquisição de conceitos, sendo elas: fase de amontoados, de pensamento por complexos e de conceito propriamente dito. A primeira demonstra-se como um conjunto desorganizado entre significado e significante, no qual as palavras são organizadas sem critério algum e suas imagens mentais são vagas. Este estágio é influenciado pelo egocentrismo da criança que a faz confundir as reais relações com suas impressões das coisas.

A renúncia do egocentrismo é importante para o abandono do sincretismo e formação do pensamento concreto, estabelecido na segunda fase, na qual a ligação entre os significados é determinada de acordo com experiências reais. A partir deste momento, a criança se torna capaz de relacionar os objetos entre si de diversas maneiras.

Por fim, na terceira fase, são formados conceitos reais, inclusos como parte de um sistema. Em suma, a criança parte de amontoados de significantes desorganizados à formação de categorias semânticas complexas que se interligam por diversas características.

3.1.2. Marcos do desenvolvimento do vocabulário

O desenvolvimento do vocabulário inicia-se antes da produção da primeira palavra. Ainda na fase pré-linguística, os gestos são empregados como forma de comunicação e sua utilização está relacionada à aquisição de diversas categorias

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10 semânticas, como os termos sociais e substantivos (Caselli et al., 2012; Kraljevic, Cepanec, Simlesa, 2014).

Mais especificamente, os gestos dêiticos são preditores para a extensão do vocabulário em crianças típicas (Ozçaliskan, Adamson, Dimitrova, 2016), pois estabelecem referencial para objetos ou eventos (Bates et al., 1989). O ato de apontar, por exemplo, permite o estabelecimento de referencial, pois a relação entre o significado e o significante torna-se clara e imediata (Ozçaliskan, Adamson, Dimitrova, 2016).

Em ambientes linguisticamente estimulantes, o gesto de apontar é seguido pelo complemento do adulto que, geralmente, é a nomeação do objeto. Este ciclo facilita o aprendizado da palavra e, futuramente, a produção de frases (Goldin-Meadow et al., 2007; Olson, Masur, 2015), possibilitando o desenvolvimento de habilidades de representação simbólica (Kuhn et al., 2014).

A produção de gestos se relaciona com a compreensão e produção de linguagem porque envolvem habilidades simbólicas e representacionais (Hsu, Suneeti, 2016). Ambas as formas de comunicação são processadas em regiões temporais superiores e inferiores e ativam cadeias de processamento similares no hemisfério esquerdo (Xu et al., 2009).

Ao redor dos 12 meses ocorre a primeira produção de vocabulário. Entre os 8 e 12 meses de vida da criança, cerca de 86% dos responsáveis indicam que seus filhos falam ao menos uma palavra, geralmente relacionada às atividades de vida diária (Kraljevic, Cepanec, Simlesa, 2014), como mamãe, papai, gato, cachorro, leite, quente, livro, oi, sim e não, e suas respectivas traduções para diversas línguas (Rescola et al., 2013). O padrão semelhante entre os idiomas ocorre devido a homogeneidade de termos relacionados à vida diária de uma criança nas culturas ao redor do mundo (Rescola, Nyame & Dias, 2016). Entretanto, a ordem desta aquisição varia de acordo com a região, pois existem termos mais utilizados em certas localidades (Rescola et al., 2013).

A partir dos 18 meses, o desenvolvimento semântico passa a ocorrer rapidamente, caracterizando um período conhecido como explosão de vocabulário (Nazzi, Bertoncini, 2003) que reflete também a evolução cognitiva infantil subjacente à aquisição da linguagem (Ganger, Brent, 2004). O número de palavras conhecidas, em especial substantivos, quadruplica e passa a crescer em um número de 8 a 32 por semana. Até os 18 meses, o léxico formava-se por cerca de 50 palavras. São utilizadas três vezes mais palavras do que no período anterior a estef (Goldfield, Reznick, 1990). A explosão de vocabulário gera, além do rápido crescimento do léxico, a diminuição na produção de outros comportamentos comunicativos como gestos e vocalizações. Após este período, no qual os esforços dedicam-se a aprendizagem de

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11 novas palavras, esses comportamentos passam novamente a fazer parte do repertório comunicativo, formando uma curva em tipo U. Outra característica é que inicialmente, as palavras tendem a ser utilizadas de forma isolada e, após a experiência, são incluídas em sentenças e coordenadas com gestos (Gershkoff-Stowe, Thelen, 2004).

Entre os 22 e 36 meses, o número médio de palavras produzidas é de 195 e, mais comumente, fazem parte das categorias semânticas de partes do corpo, ações, casa e objetos. Nesta idade, também é notada a produção de frases e verbos (Pedromônico, Affonso, Sañudo, 2002).

Durante a pré-escola, o vocabulário vai se desenvolver de acordo com a interação de fatores familiares, como nível de educação materno; e escolares. Após a inserção na escola, nota-se que o crescimento do vocabulário ocorre de maneira mais rápida (Song et al., 2015) devido a aprendizagem da leitura. O aprendizado da leitura desempenha papel importante na aquisição incidental de palavras, sobretudo tratando-se da leitura de textos narrativos (Duff, Tomblin, Catts, 2015). A leitura expõe crianças e adultos a novas palavras, em especial de baixa frequência, pouco utilizadas na língua oral (Duff, Tomblin, Catts, 2015).

De acordo com a American Speech-Language-Hearing Association (2018), o desenvolvimento do vocabulário ocorre de acordo com os seguintes marcos:

Quadro 1 – Marcos do desenvolvimento da linguagem. Idade 0 – 3 meses 4 – 6 meses 7 meses – 1 ano 1 – 2 anos 2 – 3 anos 3 – 4 anos 4 – 5 anos Manifestações Vocalizações Produz balbucios

Compreende palavras de alta frequência Responde a frases simples como “venha aqui”

Fala uma ou duas palavras Segue instruções (joga a bola, beija o bebê)

Aponta figuras nomeadas pelo adulto Utiliza muitas novas palavras

Pergunta “o que é isso?” Constrói enunciados de duas palavras Adquire novas palavras de forma rápida

Alta habilidade de nomeação

Utiliza palavras como em cima, embaixo, dentro, fora Pergunta “porque?”

Compreende o nome de algumas cores, formatos e palavras relacionadas à família (irmão, tio, avó)

Utiliza pronomes e palavras no plural Pergunta “quando?” e “como?”

Compreende palavras de ordem (antes, depois, primeiro, último) e de tempo (ontem, hoje)

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12 Segue instruções complexas

Utiliza mais de um verbo na mesma frase Conta uma breve história Fonte: American Speech-Language-Hearing Association (2018).

3.1.3. Aprendizagem de novas palavras

A capacidade de aprender novas palavras depende da habilidade de criar representações semânticas (Kapalkova, Polisenska, Sussova, 2015). Para que isso ocorra, são utilizados processos estatísticos que se baseiam na frequência com a qual as sílabas da língua aparecem na mesma sequência, para delimitar o início e o final de cada palavra (Xiaoxue, Arunachalam, 2017; Saffran, Aslin, Newport, 1996). Em seguida, esta deve ser referenciada ao seu significado, por meio de pistas contextuais, ou seja, o que está disponível para ser visto no ambiente; sociais, seguindo a intenção do falante e; linguísticas, por meio da estrutura sintática e similaridade com outras palavras (Xiaoxue, Arunachalam, 2017).

A identificação do conceito ocorre à medida que o significante está disponível para o mesmo referente em diferentes momentos (cross-situational word

learning) (Yu, Smith, 2007). O cross-situational word learning ocorre quando um objeto

está presente em diversos contextos, dos quais o indivíduo é capaz de captar a característica invariante destas situações. A quantidade de co-ocorrências entre palavra-referente influencia diretamente no mapeamento do significado, especialmente importante na aquisição de substantivos (Wang, Mintz, 2018). Durante este processo de inferência, são excluídas as palavras já conhecidas, principalmente entre os 2 e 4 anos de idade (Grassmann, Schulze, Tomasello, 2015).

Esse processo sofre a influência de tendências de aquisição que se tratam de semelhanças observadas no desenvolvimento do vocabulário de diversas línguas. A primeira delas descreve que as habilidades compreensivas são desenvolvidas anteriormente às expressivas, especialmente na produção de verbos (Benedict, 1979). Entretanto, com o passar do tempo, esta lacuna diminui e a quantidade de palavras compreendidas e produzidas tornam-se mais proporcionais (Goldin-Meadow, Seligman, Gelman, 1976).

A aquisição lexical também sofre influência da classe, na qual palavras de classe aberta, ou seja, um conjunto de palavras potencialmente ilimitados (substantivos, verbos, dentre outros), são adquiridas anteriormente as de classe fechada (artigos, pronomes, numerais, dentre outros).

Outro aspecto importante é que crianças apresentam mais facilidade em compreender e produzir palavras formadas por fonemas já adquiridos e durante tarefas de produção, e selecionam vocábulos baseando-se neste princípio (Schwartz, Leonard,

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13 1972; Jaegar, Furth, Hilliard, 2002; Reed, 1992, Wiethan, Mota, Moraes, 2016). Por fim, palavras de alta frequência são mais precocemente adquiridas, pois são mais facilmente reconhecidas, estando menos sujeitas a erros de produção (Gândara, Befi-Lopes, 2010; German, Newman, 2004; Metsala, 1997).

O desenvolvimento semântico é multifatorial e depende de uma série de condições, levando em consideração a inclusive características pré-natais. Estudos anteriores evidenciaram que crianças pré-termo e de baixo peso ao nascimento apresentaram pior desempenho em provas de vocabulário expressivo e compreensivo (Zerbeto, Cortelo, Filho, 2015; Leijon et al., 2016).

Após o nascimento, uma das primeiras influências ambientais é o estímulo oferecido pelos pais que frequentemente utilizam da fala direcionada para comunicar-se com suas crianças. Esta fala é caracterizada por uso de palavras de alta frequência, frases curtas e alta carga emocional (Foursha-Steverson et al., 2016). A exposição a este tipo de comunicação afeta positivamente a aquisição do vocabulário, pois haverão maiores oportunidades de treino de habilidades de processamento da fala, resultando em maior velocidade e acurácia na detecção e aprendizagem de novas palavras (Weisleder, Fernald, 2013).

Um, segundo indicador ambiental é a condição socioeconômica na qual o indivíduo se encontra. Crianças com baixas condições socioeconômicas apresentam desenvolvimento mais restrito do vocabulário (Moretti, Kuroish, Mandrá, 2017), o que pode estar relacionado à exposição a um ambiente menos favorável em estímulos linguísticos, cognitivos e materiais (Song et al., 2015).

O desenvolvimento sensoriomotor também se relaciona à aquisição do vocabulário, pois permite a exploração do ambiente. Durante a criação de representações semânticas, são levadas em consideração as informações sensoriais envolvidas com cada palavra (Oudgenoeg-Paz, Volman e Leseman, 2016).

3.2. ALTERAÇÕES DA LINGUAGEM E VOCABULÁRIO

Visto o papel do vocabulário no desenvolvimento da linguagem oral e escrita, é importante observar as diferentes manifestações do nível semântico em condições que afetam a linguagem

.

a) Atraso de linguagem

O atraso de linguagem é definido como um desenvolvimento da linguagem em ritmo lentificado, de origem ambiental (Amorim, 2011). É uma das principais condições no consultório fonoaudiológico infantil. Cerca de 15% das crianças que

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14 frequentam a clínica fonoaudiológica possuem esta hipótese diagnóstica (Longo et al., 2017).

Crianças com atraso de linguagem possuem menor vocabulário no início do desenvolvimento (Rescorla, Mirak & Singh, 2000), igualando-se aos seus pares por volta dos cinco anos de idade (Paul, 1996), a depender do estímulo recebido. Entretanto, estudos longitudinais atuais têm concluído que estas crianças persistem em desempenhos inferiores a seus pares típicos, ainda aos dez anos de idade (Armstrong

et al., 2017).

O vocabulário restrito em crianças com atraso de linguagem ocorre devido a menor taxa de aprendizagem de palavras, tanto em tarefas de compreensão, quanto em produção (MacRoy-Higgins et al., 2013).

b) Distúrbio Específico de Linguagem

O Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) ou Transtorno do Desenvolvimento da Linguagem (TDL) é uma alteração persistente no desenvolvimento da linguagem, não explicada por déficits sensoriais, deficiência intelectual ou lesões neurológicas. O déficit semântico faz parte da sintomatologia desta condição (Gray, 2003).

Em tarefas de nomeação, comumente utilizadas para avaliar o vocabulário, estas crianças demonstram número elevado de erros, resultado de um conhecimento semântico limitado observado em tarefas de definição de palavras (McGregor et al., 2002).

De acordo com estudos, crianças com DEL possuem um perfil menos maduro de processamento léxico-semântico (Haegib et al., 2017). Apesar disso, a organização lexical, ou seja, a forma de categorização das palavras no léxico, ocorre de forma similar aos seus pares típicos (Haebig, Kaushanskaya & Weismer, 2015).

São observados também déficits na compreensão de pronomes (Girbau, 2017) e, consequentemente, no enunciado geral, pois o pronome facilita a identificação dos sujeitos na frase (Sato & Bergen, 2013). Segundo Girbau (2017), este perfil se relaciona a alterações em memória operacional fonológica, conhecimento fonológico e vocabulário expressivo.

Estas dificuldades se mantêm na adolescência e vida adulta, resultado da característica persistente do transtorno. Em uma pesquisa sobre o conhecimento de terminologias do trânsito em adolescentes com DEL, foi observado baixo índice de aprendizagem de novos termos, o que dificultou a retirada da carteira de habilitação (Pandolfe, Wittke, Spaulding, 2016). A pequena taxa de aprendizado de palavras pode estar relacionada a déficits na memória fonológica (Moav-Scheff, Yifat, Banai, 2015).

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15 c) Dislexia

A dislexia é um transtorno específico no desenvolvimento na leitura, com alterações na decodificação e compreensão leitora. É caracterizado por alterações em habilidades de caráter fonológico (Peterson & Pennington, 2015).

Uma pesquisa aponta que uma semana após a exposição a uma nova palavra, crianças com dislexia possuem dificuldade em acessá-la, o que pode estar relacionado ao déficit fonológico, trazendo impactos na consolidação da informação a longo prazo (Smith et al., 2016). Entretanto, as dificuldades na aprendizagem de novas palavras podem ser justificadas pelos déficits fonológicos e visuais. Em adultos com dislexia, alterações semelhantes foram observadas (Betta & Romani, 2006). Ainda, crianças nas quais haviam riscos familiais para a dislexia, demonstraram atrasos no desenvolvimento lexical, com menores curvas de crescimento na aquisição de palavras (Viersen et al., 2017).

d) Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)

O TEA é um transtorno do neurodesenvolvimento com déficits persistentes na comunicação social (DSM-V, 2014), na qual a alteração no vocabulário expressivo já foi documentada. Esta dificuldade independe do tipo de estimulação, visto que em comparação com seus pares típicos, estão expostas a ambientes linguísticos semelhantes quanto ao número de palavras, tamanho das sentenças e densidade lexical (Bang & Nadig, 2015).

Durante o processo inicial de aquisição de vocabulário, existe similaridade entre os casos de TEA e crianças típicas que forma uma lacuna de acordo com o desenvolvimento, pois a atribuição de significados ocorre de forma diferente no TEA (Iverson et al., 2018), havendo persistência na produção de palavras menores e de maior frequência (Kover & Weisman, 2014).

O desenvolvimento semântico se relaciona às capacidades de empatia no TEA. Vocabulários mais extensos permitem a interpretação da fala do interlocutor e identificação de emoções (Cascia & Barr, 2016).

Ainda, existe associação entre o vocabulário e o QI verbal. O desempenho de crianças com TEA no Teste de Vocabulário por Figuras Peabody foi utilizado como preditor das habilidades intelectuais verbais (Krasileva, Sanders, Bal, 2017).

Por outro lado, pesquisas indicam que o tamanho do vocabulário de crianças e adolescentes com autismo será semelhante aos indivíduos com desenvolvimento típico (Golendziner, 2011). Isto por que a principal dificuldade neste diagnóstico não está em representar o significado da palavra, mas em utilizá-lo em situações do cotidiano,

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16 principalmente devido a um mecanismo diferenciado do acesso lexical, em especial quando este acesso possui função comunicativa e social (Golendziner, 2011; Wang, 2006).

e) Deficiência Intelectual

De acordo com o DSM-V (2014), a Deficiência Intelectual é um transtorno com alterações funcionais em domínios adaptativos, conceitual, social e prático. Ocorrem dificuldades para alcançar os marcos do desenvolvimento, inclusive no desenvolvimento da linguagem.

A Deficiência Intelectual acarreta menor aprendizado de palavras e consequentemente, vocabulário restrito (Wilkinson, 2007). A curva de crescimento lexical de uma criança com deficiência intelectual é significativamente menor que a curva de desenvolvimento típico, com influência direta da idade cronológica e habilidades intelectuais (Vandereet et al., 2010).

Em provas de QI não verbal, tipicamente, o vocabulário é utilizado como apoio. Entretanto, crianças com deficiência intelectual utilizam habilidades de memória visual para compensar a dificuldade relacionada ao vocabulário (Mungkhetklang et al., 2016).

Desta forma, é evidenciada a importância da investigação do vocabulário durante o desenvolvimento infantil, devido a presença de dificuldades no nível semântico da linguagem em diversos grupos diagnósticos.

3.3. DIFERENÇAS ENTRE TRIAGEM E AVALIAÇÃO

A triagem e a avaliação são procedimentos aplicados com objetivos e contextos distintos, o que torna essencial o estabelecimento de suas diferenças.

A triagem é um procedimento no qual um grande número de indivíduos é testado, visando detectar precocemente uma pequena porcentagem destes que já apresentam uma patologia ou fatores de risco (Steele, 2018). Para os instrumentos de triagem, considera-se os valores de sensibilidade, ou seja, a capacidade de detectar indivíduos que possuem determinada doença (Gilbert et al., 2011).

Entretanto, para que seja eficiente, o procedimento de triagem deve seguir diversos princípios. Primeiramente, é necessário que seja validado, com alto nível de confiabilidade. Segundo, precisa ser simples e de fácil compreensão, para que seja aceito por parte da população que se submeterá ao processo. Além disso, é necessário que hajam oportunidades de tratamento para a alteração em questão (Wilson & Jugner, 1968).

(23)

17 Por outro lado, a avaliação diagnóstica leva em consideração o histórico do paciente, a observação clínica e a aplicação de testes, que pode ser benéfica para determinar a conduta e prover informações importantes para determinar o diagnóstico. A aplicação de um teste de avaliação concerne a comparação do desempenho do paciente com o padrão de referência estabelecido na literatura. Em relação a suas características, é importante que apresente alta especificidade, isto é, a classificação correta dos indivíduos que não estão doentes (Gilbert et al., 2011).

3.3.1. Instrumentos de avaliação do vocabulário

A realidade de utilização de instrumentos de avaliação em vocabulário no Brasil ainda é incipiente, sendo alguns disponibilizados para a prática clínica e outros somente em pesquisas. A tabela abaixo exibe alguns protocolos brasileiros de avaliação em vocabulário e suas principais características.

Tabela 1 – Instrumentos de avaliação em linguagem disponíveis no Brasil

INSTRUMENTO HABILIDADES AVALIADAS FAIXA ETÁRIA AVALIAÇÃO DO VOCABULÁRIO ESTUDOS DE VALIDAÇÃO NO BRASIL DISPONIBILIDADE PARA USO CLÍNICO Teste de Vocabulário por Figuras USP – TVfusp (Capovilla, 2011) Vocabulário receptivo 1º ao 4º ano do ensino fundame ntal

Direta Sim Sim

Test of Early Language Development – TELD (Hresko, Reid, Hammill, 1981) Vocabulário receptivo e expressivo 2 a 7:11 anos

Indireta Não Não

Avaliação do Desenvolvimento da Linguagem – ADL (Menezes, 2003) Vocabulário receptivo e expressivo 1 a 6:11 anos

Direta Sim Sim

Clinical Evaluation of Language Functions – CELF (Bento-Faz, Befi-Lopes, 2014) Vocabulário expressivo 5 a 21 anos

Direta Sim Não

Preschool Language Assessment Instrument (Lindau, Rossi, Giacheti, 2014) Vocabulário receptivo e expressivo 3 a 5 anos

Direta Não Não

ABFW – Teste de Linguagem Infantil (Andrade et al., 2004) Vocabulário expressivo 2 a 6 anos

Direta Não Sim

3.3.2. Instrumentos de triagem em linguagem

A triagem de linguagem é de grande importância na detecção de alterações. O resultado positivo na triagem de linguagem frequentemente indica riscos às alterações

(24)

18 do desenvolvimento. Cerca de 20% das crianças identificadas são diagnosticadas com transtornos do neurodesenvolvimento cinco anos depois (Miniscalco et al., 2018).

Na literatura internacional (Nelson et al., 2006), diversos instrumentos validados para a triagem da linguagem oral infantil são utilizados diretamente com a criança ou com os pais, este último por meio da aplicação de questionários. Também variam quanto ao uso restrito de determinada habilidade linguística ou mais ampla quanto ao neurodesenvolvimento. Abaixo serão descritos estudos relacionados a estes instrumentos:

Tabela 2 – Instrumentos de triagem em linguagem infantil disponíveis na literatura

INSTRUMENTO FORMAT O FAIXA ETÁRIA HABILIDADES ESTUDOS DE VALIDAÇÃO NO BRASIL DISPONIBILI DADE NO MERCADO BRASILEIRO MacArthur Communicative Developmental Inventories (Fenson et al., 2006) Checklist 9 meses a 2 anos Vocabulário Sintaxe Gestos Não Sim

Ages & Stages Questionnaire

(Squires et al., 2009)

Checklist 2 a 66 meses

Desenvolvimento social Desenvolvimento motor grosso

e fino Resolução de problemas Comunicação (audição e linguagens expressiva e receptiva) Não Não Parents Evaluation of Developmental Status (Gascoe, 2003) Checklist 21 meses a 8 anos Comportamento Social-emocional Saúde mental Linguagem expressiva e articulação Não Não Bayley Infant Neurodevelopmental Screener (Aylward, 1995) Escala 3 a 24 meses

Funções neurológicas básicas (postura, tônus musculares,

movimentos, assimetrias), funções expressivas (motor

grosso, motor fino, motor oral/verbal), funções receptivas

(visual, auditiva e verbal) e processos cognitivos (resolução

de problemas, planejamento e fixação em objetos) Não Não Denver II – Teste de Triagem do Desenvolvimento (Frankenburg, 1992) Triagem direta 0 a 6 anos Linguagem, desenvolvimento motor fino, desenvolvimento motor amplo, pessoal-social

Não Sim Early Language Milestones Scale (Coplan, 1993) Escala 0 a 36 meses

Linguagem verbal e visual Não Não

LANGUAGE4 (Klem

et al., 2016)

Escala 4 anos Repetição de sentenças, vocabulário e conhecimento gramatical Não Não VTO Language Screening Instrument (Agt, 2007) Questionári o

24 meses Linguagem compreensiva e expressiva Interação Não Não Diagnostic Evaluation of Language Variation-Screening Test (Petscher, Connor, Al’Otaiba, 2012) Triagem direta 4 a 12 anos

Linguagem compreensiva Não Não

Bilingual English Spanish Oral Screener (Peña et al.,

2011) Triagem direta 4 a 5 anos Vocabulário Morfossintaxe Não Não

(25)

19 Tamiz de Problemas del Lenguaje (Benavides, Kapantzoglou, Murata, 2018) Triagem direta 3 a 6 anos

Gramática Não Não

Rastreio de Linguagem e Fala (Lousada, Valente, Mendes, 2016) Triagem direta 3 a 5 anos Linguagem receptiva e expressiva Articulação Fonologia Metalinguagem Não Não Language Developmental Survey (Rescola, 1989)

Checklist 2 anos Vocabulário Não Não

Dynamic Indicators of Vocabulary Skills

(Marcotte, 2014)

Triagem direta

4 anos Vocabulário Não Não

3.4. VALIDADE DE CONTEÚDO: QUAL SUA IMPORTÂNCIA?

A Fonoaudiologia faz frequentemente o uso de testes durante a avaliação de um paciente, assim como estabelecido e recomendado na Resolução 414, de 12 de maio de 2012, do Conselho Federal de Fonoaudiologia (CFFa, 2012). O uso de instrumentos torna objetivo o processo de avaliação, padronizando a coleta e análise das informações importantes para o processo diagnóstico.

A fim de que os resultados obtidos sejam confiáveis, é necessário que o teste tenha sido submetido a um processo de validação rigoroso (Pernambuco et al. 2017). O processo de validação fornece informações quanto à qualidade do instrumento (Polit & Beck, 2006). Entretanto, no contexto fonoaudiológico brasileiro, o número de testes validados ainda é escasso (Gurgel, Kaiser, Reppold, 2015).

A etapas necessárias a serem seguidas para a validação de instrumentos na Fonoaudiologia seguem abaixo (Pernambuco et al., 2017):

1ª Evidência de validade baseada no conteúdo do teste – verifica se a construção teórica do teste (tema, redação, formato, tarefas ou questões) estão relacionados ao seu objetivo final. É obtido pelo cálculo do Índice de Validade de Conteúdo (IVC) e do IVC-Item (IVC-I), os quais são resultado de uma análise de juízes especialistas na área.

2ª Evidência de validade baseada nos processos de resposta – observa o comportamento de diferentes estratos da população durante a aplicação do teste, buscando compreender processos psicológicos, sociais e cognitivos envolvidos em sua aplicação.

3ª Evidência de validade baseada na consistência interna – aplica-se o teste para verificar a relação entre o desfecho e os itens do teste. É obtida por meio da análise fatorial confirmatória, análise de componentes principais ou análise fatorial exploratória.

(26)

20 4ª Evidência de validade baseada na relação com outras variáveis – é verificado o desfecho do teste e o quanto este é influenciado por variáveis externas, inclui as medidas de validade convergente, validade discriminante e validade de critério. 5ª Confiabilidade/precisão – mede a capacidade do teste em manter seus resultados durante um período de tempo, geralmente entre 7 a 14 dias.

6ª Equidade do teste – especialistas devem julgar o teste para que os seus resultados não sejam influenciados por variáveis individuais.

7ª Acurácia – etapa na qual são obtidos os valores de sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo, razão de verossimilhança positiva e negativa. É obtida comparando-se os resultados do teste com os resultados de um outro padrão-ouro na área.

8ª Evidência de validade baseada nas consequências do teste resolução de todas as evidências de validade do teste, são incluídas análises de responsividade e considera os estudos subsequentes de aplicação e reprodução.

Muitos profissionais têm seguido diretrizes estabelecidas pela Psicologia através do Standarts for Educational and Psychological Testing. De acordo com a APA (2014), as pesquisas em validação devem focar em quatro tipos de validade: baseadas no conteúdo, baseadas em variáveis externas, aquelas baseadas na estrutura interna e no processo de resposta e nas consequências da testagem.

A validade baseada no conteúdo estima se os itens do teste estão de acordo com o propósito do construto (Cronbach, Meehl, 1955) e frequentemente envolve o refinamento do instrumento (Smith, McCarthy, 1995). Estes dados darão informações sobre a representatividade de cada item do teste para com seu objetivo (Rubio et al., 2003).

A validade de conteúdo interfere diretamente nas inferências a serem feitas pelo avaliador, de acordo com os resultados obtidos na aplicação do teste (Cronbach, Meehl, 1995), tendo assim importância clínica. Dados obtidos por testes não validados podem representar informações errôneas, pois a validade de conteúdo influencia o conteúdo dos itens, apresentação do estímulo, instruções e pontuação (Cronbach, Meehl, 1995).

Apesar de ser mais utilizado em questionários, a validade de conteúdo é importante para todos os tipos de instrumentos, estando relacionada com o grau de especificidade do teste (Cronbach, Meehl, 1995).

Sem um estudo de validade de conteúdo, os pesquisadores podem perceber tardiamente a necessidade de revisão do instrumento, o que seria mais dispendioso.

(27)

21 Para pesquisar a validade de conteúdo de um teste, os seguintes passos são recomendados (Rubio et al., 2003):

1º Seleção de especialistas – selecionam-se especialistas na temática para a função de juízes, os quais devem compor de dois grupos. O primeiro, representando pesquisadores que publicaram na área e o segundo constituído por profissionais atuantes na prática. O número de especialistas é controverso, porém indica-se que estejam entre 6 e 20, com no mínimo três em cada grupo.

2º Solicitação de participação dos especialistas – o convite à participação na pesquisa poderá ser realizado via e-mail, telefone ou carta.

3º Envio de formulários de análise – após a aceitação, são enviados uma carta de apresentação e o formulário de análise, contendo a descrição da pesquisa e os critérios de avaliação a serem seguidos.

4º Análise dos dados – duas formas de análise são possíveis. A Concordância Interavaliadores, que determina a confiabilidade das avaliações e, o Índice de Validade de Conteúdo para todo o instrumento e para cada item isoladamente.

5º Revisão do instrumento – a revisão dos itens é realizada de acordo com o feedback dos especialistas. Caso as revisões sejam em grande número, a reavaliação do instrumento deve ocorrer.

Dentre as formas de medir-se a validade de conteúdo, destaca-se o Índice de Validade de Conteúdo (IVC), o qual possibilita tanto a avaliação dos itens do instrumento individualmente, quanto como um todo (Alexandre, Colucci, 2011). O IVC permite medir o grau de proporção que os especialistas estão em concordância sobre os itens (Damásio & Borsa, 2017). Para isso, deverão classificar cada item do instrumento em uma escala de 1 a 4, na qual 1 corresponde à pior avaliação e 4 à melhor. É calculado de acordo com a seguinte fórmula.

𝐼𝑉𝐶 = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎𝑠 3 𝑜𝑢 4 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎𝑠

O IVC é considerado relevante para novos instrumentos quando seu valor é igual ou superior a 0,72 (Polit, Beck, 2006). Entretanto, outros pesquisadores sugerem um valor mínimo de 0,80 (Grant, Davis, 1997). Os itens que obtiverem resultado menor devem ser revisados ou excluídos do instrumento. Além do valor do IVC, outro resultado advindo desta medida são as sugestões qualitativas dos juízes especialistas quanto a aprimoramentos no instrumento (Rubio et al., 2003).

(28)

22 Entretanto, a validade de conteúdo possui suas limitações. De acordo com Rauch (2003), o julgamento dos juízes é subjetivo e pode ser influenciado por outras variáveis. Por isso, a existência da validade de conteúdo não elimina a necessidade de outras medidas psicométricas para o teste.

Outra medida que pode ser utilizada, especialmente na área da saúde, é o Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI), para observar o grau de concordância entre os especialistas por meio da determinação da homogeneidade das respostas (Damásio, Borsa, 2017).

3.5. JUSTIFICATIVA

Levando em consideração todos os dados colhidos na fundamentação teórica deste trabalho, a validação do TRILHAR justifica-se pela escassez de instrumentos com o objetivo de triagem no panorama nacional, no que concerne aos benefícios da identificação e intervenção precoce nos atrasos e transtornos de linguagem.

Ainda, há necessidade de interseção entre as áreas da saúde e da educação, por meio da Fonoaudiologia Educacional que ainda carece de instrumentalização de suas práticas no âmbito escolar.

Acredita-se que a triagem do vocabulário trará benefícios não só ao profissional, mas principalmente à população infantil, que terá a possibilidade de realizar a checagem de um aspecto importante, inclusive para o seu desempenho acadêmico, o vocabulário, possibilitando encaminhamentos mais precisos e precoces para a avaliação fonoaudiológica clínica.

(29)

23

4. METODOLOGIA: ESTUDO 1

4.1. DESENHO DO ESTUDO

O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura.

4.2. REVISÃO DA LITERATURA 4.2.1. Estratégias de pesquisa

Foi realizada revisão integrativa da literatura nacional e internacional, nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Education Resources

Information Center (ERIC) e PubMed. O quadro 2 exibe os descritores e combinações

utilizadas para a pesquisa em cada base de dados.

Quadro 2 – Descritores utilizados para a pesquisa nas bases de dados Base de

dados

Descritores Origem

SciELO

Triagem AND linguagem infantil, triagem AND vocabulário, triagem AND testes de vocabulário, programas de rastreamento AND linguagem infantil, programas de rastreamento AND vocabulário, programas de rastreamento

AND testes de vocabulário, linguagem infantil AND vocabulário, linguagem infantil AND teste de vocabulário,

vocabulário AND teste de vocabulário

Descritores em Ciências da Saúde

(DeCS)

LILACS

Triagem AND linguagem infantil, triagem AND vocabulário, triagem AND testes de vocabulário, programas de rastreamento AND linguagem infantil, programas de rastreamento AND vocabulário, programas de rastreamento

AND testes de vocabulário, linguagem infantil AND vocabulário, linguagem infantil AND teste de vocabulário,

vocabulário AND teste de vocabulário

Descritores em Ciências da Saúde

(DeCS)

ERIC

Screening tests AND vocabulary, screening tests AND child language, screening tests AND vocabulary AND child

language

ERIC

PubMed

Mass screening AND child language, mass screening AND vocabulary, mass screening AND language tests, language

tests AND vocabulary

Medical Subject Headings (MeSH)

Fonte: própria.

4.2.2. Critérios de seleção

Foram incluídos no estudo os artigos que utilizaram instrumentos de triagem do vocabulário, disponíveis na íntegra, publicados em português ou inglês, de janeiro de

(30)

24 2014 a dezembro de 2018. Foram excluídos artigos que não abordaram o assunto no título ou resumo, que não indicaram o nome do instrumento, estudos repetidos entre as plataformas e revisões de literatura.

A seleção dos estudos foi realizada a partir da leitura do título e resumo. Todos os artigos que atenderam aos critérios foram lidos na íntegra para a coleta de informações.

4.2.3. Análise dos dados

Todos os dados extraídos dos artigos foram analisados de acordo com o nome do instrumento, nacionalidade, faixa etária avaliada, formato e artigos.

4.3. FORMULAÇÃO DOS ITENS

A formulação dos itens se deu a partir da análise de dois instrumentos de avaliação do vocabulário brasileiros, o ABFW – Teste de Linguagem Infantil (Andrade

et al., 2004) e o Teste de Vocabulário por Figuras USP – TVfUSP (Capovilla, 2011). Foi

construído um banco de palavras para as habilidades receptivas e expressivas, levando em consideração os seguintes critérios de inclusão: sofrer o mínimo de variação linguística cultural; ser de fácil representação gráfica e pertencer às categorias semânticas de substantivos, verbos e adjetivos. A seleção ocorreu de acordo com a experiência dos autores do instrumento, levando em consideração quais palavras seriam mais adequadas para cada faixa etária.

4.4. IMPLEMENTAÇÃO, CRIAÇÃO DO MANUAL E DA FOLHA DE MARCAÇÃO A etapa de implementação consistiu na construção das figuras representativas de cada palavra, por meio da contratação de um designer com experiência em figuras infantis. Em seguida, foram organizadas as fichas de atividades de vocabulário receptivo e expressivo, utilizando o software Adobe® Photoshop CC.

O manual de uso e a folha de marcação foram construídos para orientar o aplicador da triagem quanto às indicações, habilidades avaliadas, materiais, procedimento de aplicação, análise dos resultados e condutas.

(31)

25

5. METODOLOGIA: ESTUDO 2

5.1. DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo metodológico. Este tipo de pesquisa organiza o processo de criação de um instrumento (Nascimento, 2012), dedicando-se ao desenvolvimento e validação de técnicas ou ferramentas de avaliação (Polit, Beck, 2011). Os procedimentos metodológicos deste estudo foram baseados nas recomendações de Rubio et al. (2003) e Damásio e Borsa (2017) para a obtenção das evidências de validade de conteúdo de um instrumento.

5.2. ASPECTOS ÉTICOS

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob número de parecer 2.548.341, seguindo a resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS 466/12 sobre Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos [ANEXO I]. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre (TCLE) [ANEXO II].

5.3. POPULAÇÃO

Os participantes desta pesquisa foram selecionados por conveniência a partir do contato profissional da orientadora deste trabalho, de acordo com o critério de inclusão de, no mínimo, dois anos de experiência na área infantil. Participaram 15 profissionais, dos quais 10 eram da Fonoaudiologia, 3 da Pedagogia e 2 da Psicologia, formados nas seguintes Universidades e respectivos estados: Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Rio Grande do Norte), Universidade Estadual de Campinas (São Paulo), Universidade Estadual Paulista (São Paulo), Pontifícia Universidade Católica de Campinas (São Paulo), Universidade de São Paulo (São Paulo), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Rio Grande do Sul), Universidade de Fortaleza (Ceará), Universidade Federal da Paraíba (Paraíba) e Universidade Estadual de Londrina (Paraná).

5.4. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 5.4.1. Material

Este estudo dedica-se à validação do instrumento de triagem TRILHAR, construído em parceria entre o Departamento de Fonoaudiologia e Departamento de Engenharia Biomédica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN. Seu objetivo é realizar a triagem do vocabulário em crianças entre três e sete anos de idade, visto que nesta faixa etária, ocorre expansão significativa do vocabulário infantil (Song

(32)

26 et al., 2015) e que este pode influenciar o desenvolvimento da linguagem oral como um todo e futuramente, da linguagem escrita.

O TRILHAR conta dez com atividades semânticas receptivas e expressivas. No vocabulário receptivo ou compreensivo, a criança deve ouvir dez palavras e apontar as imagens correspondentes [ANEXO III]. Já no vocabulário expressivo, deve nomear dez imagens a ela apresentadas pelo aplicador, um por vez [ANEXO IV]. Possui palavras nos seguintes campos semânticos: roupas, animais, alimentos, móveis, utensílios, meios de transporte, brinquedos, instrumentos, profissões, lugares, partes do corpo, adjetivos e verbos. Durante sua construção, evitou-se a escolha de vocábulos que sofressem variação cultural. As atividades aumentam o grau de dificuldade à medida em que são registradas as respostas corretas. Inicialmente, as palavras eram apresentadas sem nenhum item distrator, mas de acordo com a aplicação, itens distratores foram adicionados.

Possui versões manual e computadorizada. As imagens da versão manual foram construídas por uma designer contratada por meio do Adobe® Photoshop CC. Já a versão computadorizada foiconstruída em linguagem PHP – Hypertext Preprocessor e framework Yii2. Para este estudo utilizou-se a versão manual.

Nesta versão manual, utiliza-se um fantoche para que seja facilitada a interação entre o avaliador e a criança, tal como aumentar a motivação da criança durante o processo. O material também conta com um manual de uso para o aplicador do teste e folhas para registro das respostas. Ao final da aplicação, é gerado um relatório final com a pontuação total e os tipos de erros cometidos. É indicada a necessidade de observação do comportamento da criança durante a aplicação do teste, tais como a presença de sinais comportamentais importantes, alterações fonológicas ou fonéticas na oralidade, desatenção e lentificação.

5.4.2. Coleta de dados

Inicialmente, os juízes foram convidados via e-mail a participar da pesquisa [ANEXO V], no qual foi apresentado o Projeto TRILHAR e anexado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Posteriormente à assinatura do TCLE, todos os juízes receberam via e-mail o instrumento (manual, protocolo de triagem e folhas de resposta), o protocolo de avaliação de validade de conteúdo, um questionário para avaliação das imagens e palavras e as instruções necessárias para seu preenchimento. O prazo estabelecido para retorno via e-mail foi de vinte dias.

O protocolo de avaliação de validade de conteúdo foi construído levando em consideração os aspectos de Racional Teórico, Princípios da Triagem e Materiais. Estes

(33)

27 itens foram avaliados em uma escala de 0 a 2, com as seguintes correspondências: 0 – inadequado; 1 – parcialmente adequado; 2 – adequado.

O primeiro item, Racional Teórico buscou o julgamento da fundamentação teórica na qual a construção do Trilhar foi baseada, observando seus critérios de qualidade, atualidade e coerência da literatura com a faixa etária a qual o instrumento abrange e os materiais produzidos.

O item de Princípios da Triagem visou focar em seus aspectos práticos, como aplicabilidade em campo clínico e educacional, adequação à identificação de populações específicas (transtornos ou atrasos de linguagem) e validade ecológica.

Por fim, no item de Materiais, foi julgada a adequação dos materiais produzidos, isto é, figuras, telas de aplicação e palavras selecionadas, quanto ao seu público alvo, faixa etária, aspectos gráficos, clareza no caderno de aplicação e coerência entre a demanda da tarefa e o objetivo da triagem.

5.5. ANÁLISE DOS DADOS

A análise quantitativa da validade de conteúdo ocorreu por meio do Índice de Validade de Conteúdo - IVC (Polit, Beck, 2006), tanto para os itens individualmente (IVC-I), quanto para a ferramenta como um todo (IVC). Os índices foram calculados por meio da fórmula abaixo, onde x1 corresponde ao número total de respostas “adequado” e x2 ao número total de respostas.

𝐼𝑉𝐶 = 𝑥1 𝑥2

Adotou-se como referência o valor igual ou maior que 0,78 (Polit, Beck, 2006). Itens que obtiveram valor menor que este foram reformulados para nova avaliação. Para a avaliação das imagens, foi definido o valor de 75%; figuras com resultados abaixo desta porcentagem deveriam ser excluídas ou reformuladas.

Ainda, foi avaliado o índice de concordância interavaliadores, por meio do Coeficiente de Correlação Intraclasse, no qual foi utilizado o intervalo de confiança de 95%. Para sua análise, utilizou-se a seguinte classificação, de acordo com Fleiss (1981): < 0,40 – pobre; 0,40-0,74 – satisfatória; > 74 - excelente.

Todos os dados foram tabulados e analisados por meio do IBM SPSS

(34)

28

6. METODOLOGIA: ESTUDO 3

6.1. DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo transversal, descritivo e quantitativo.

6.2. LOCAL DA PESQUISA

Foram consideradas quatro escoladas da rede pública municipal das cidades de Natal e Caicó, Rio Grande do Norte.

6.3. ASPECTOS ÉTICOS

Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob número de parecer 2.548.341, seguindo a resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS 466/12 sobre Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos [ANEXO I].

Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre (TCLE) [ANEXO VI] e Esclarecido e Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), a partir dos sete anos de idade [ANEXO VII].

6.4. POPULAÇÃO

Foram selecionadas, por conveniência, crianças das escolas citadas acima. Tratam-se de crianças do Ensino Infantil e do primeiro ano do ensino fundamental, selecionadas de acordo com os seguintes critérios: idade entre três e sete anos; matrícula regular no ensino público das cidades de Natal (Rio Grande do Norte) e Caicó (Rio Grande do Norte). É importante citar que, para a inclusão de ambos os grupos, foi observada a homogeneidade da amostra, verificando que não houveram diferenças no vocabulário dessas duas populações. Foram excluídos indivíduos diagnosticados com transtornos do neurodesenvolvimento ou deficiências, informados pelo relatório escolar ou pela professora. Após o procedimento, caso o pesquisador observasse algum sinal de alteração, a criança era encaminhada para avaliação fonoaudiológica e, se houvesse diagnóstico de alteração de linguagem, a criança era excluída do estudo.

Inicialmente, foram selecionadas 136 crianças. Entretanto, três delas tinham diagnóstico prévio de Síndrome de Down ou Transtorno do Espectro Autista. A amostra final foi composta por 133 indivíduos, sendo 45,9% (n=61) foi do sexo masculino e 54,1% (n=72) do sexo feminino, com média de idade de 4,99 anos (dp=1,384). Os indivíduos foram divididos nos seguintes grupos, de acordo com a faixa etária:

 Grupo 1: 28 crianças com três anos de idade;  Grupo 2: 21 crianças com quatro anos de idade;

(35)

29  Grupo 3: 30 com cinco anos de idade;

 Grupo 4: 32 crianças com seis anos de idade;  Grupo 5: 22 crianças com sete anos de idade.

6.5. PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 6.5.1. Material

Foi utilizado o instrumento TRILHAR, descrito nas etapas acima, que visa a triagem do vocabulário receptivo e expressivo de crianças entre 3 e 7 anos de idade.

6.5.2. Coleta de dados

Inicialmente o pesquisador e orientadora entraram em contato com a escola e, após anuência da instituição e assinatura do TCLE pelos pais, iniciou-se a aplicação. As triagens foram realizadas individualmente, em sala com o mínimo de interferências acústicas e de iluminação para a aplicação do teste. Foi utilizado o material impresso, com o apoio de um mascote como auxílio para a motivação da criança na atividade. A aplicação foi iniciada por meio do vocabulário receptivo, seguido pelo expressivo, seguindo as regras do manual do instrumento.

6.6. ANÁLISE DOS DADOS

Foi utilizada estatística descritiva para obtenção das médias, medianas e desvio-padrão. Além disso, utilizou-se o teste Kruskal-Wallis para verificar a diferença entre as idades; Mann-Whitney para a diferença entre os gêneros e Correlação de Spearman para verificar se há correlação entre as variáveis de idade e gênero e o desempenho na prova. Foi considerado intervalo de confiança de 95% e nível de significância de 0,05. Todos os dados foram tabulados e analisados por meio do IBM

(36)

30

7. RESULTADOS

7.1. ARTIGO 1 (SUBMETIDO – AUDIOLOGY COMMUNICATION RESEARCH)

Construção de um instrumento de triagem do vocabulário para crianças entre 3 e 7 anos

Alexandre Lucas de Araújo Barbosa¹, Heliana Bezerra Soares¹, Cíntia Alves Salgado Azoni¹

¹Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil

RESUMO

Objetivo: construir um instrumento de triagem do vocabulário para crianças entre 3 e 7

anos de idade. Método: a etapa um, de construção do instrumento, consistiu em revisão da literatura nacional e internacional para verificar os instrumentos utilizados para triagem do vocabulário, por meio de pesquisa nas bases de dados SciELO, LILACS, ERIC e PubMed. Na etapa dois, denominada formulação de itens e manual de uso, foi elaborado um instrumento direcionado para o vocabulário, com a criação de um banco de dados de palavras para crianças de 3 a 7 anos, de acordo com 11 categorias semânticas, em habilidades expressivas e receptivas. Por fim, a etapa três consistiu na implementação do instrumento. Resultados: Na primeira etapa do estudo, foram identificados três instrumentos internacionais para triagem do vocabulário. Nenhum instrumento nacional foi encontrado. Quanto à segunda etapa, o banco de dados consistiu em um total de 210 palavras, dentre os quais substantivos, adjetivos e verbos e; na terceira etapa foram criadas as imagens, manual e folhas de resposta. Conclusão: verificou-se escassez de instrumentos de triagem do vocabulário na literatura internacional e nacional. Com isso, foi construído um instrumento de triagem do vocabulário infantil para crianças entre 3 e 7 anos de idade.

PALAVRAS-CHAVE: Programas de rastreamento; Protocolos; Linguagem infantil;

Testes de vocabulário; Vocabulário

INTRODUÇÃO

Atrasos no desenvolvimento de linguagem são frequentemente negligenciados. A abordagem do “esperar para ver”(1) supõe que falantes tardios irão se aproximar de

(37)

31 crianças apresentam problemas persistentes. Ainda, aquelas que superam o atraso continuam apresentando desempenho linguístico inferior, quando comparadas às crianças sem este histórico(2).

A dificuldade na aquisição do vocabulário é um dos principais indicadores de alterações na linguagem oral(3), podendo acarretar prejuízos no processo de

aprendizagem da leitura(4), na compreensão leitora(5), problemas emocionais e

comportamentais(6).

Um dos meios mais adotados mundialmente na área da saúde para a detecção precoce de agravos é a triagem. Por definição, é um procedimento adotado para identificar indivíduos em risco para determinada condição(7). Levando em consideração

a importância do vocabulário, a triagem desta habilidade possibilita a identificação de crianças com dificuldades ou possíveis atrasos(8).

A detecção e intervenção precoce garantem melhor prognóstico infantil e aprimoramento de habilidades requeridas ao processo escolar(9). Todavia, ainda é

escasso o número de pesquisas envolvendo a triagem do vocabulário(8), gerando como

consequência a identificação tardia de crianças com possíveis alterações neste nível da linguagem.

Tendo em vista a importância do vocabulário e da detecção de dificuldades em seu desenvolvimento, o objetivo desta pesquisa foi construir um instrumento de triagem do vocabulário para crianças entre três e sete anos de idade, em sua versão manual.

MÉTODO

Etapas da pesquisa

Trata-se de um estudo descritivo e qualitativo. A construção do instrumento em questão, nomeado de TRILHAR, ocorreu em três etapas: 1) revisão da literatura; 2) formulação dos itens e do manual de uso; 3) implementação do instrumento.

Etapa um: revisão da literatura Pergunta da pesquisa

Esta revisão foi baseada na seguinte pergunta: quais instrumentos são utilizados atualmente na literatura nacional e internacional para a triagem do vocabulário?

Estratégia de pesquisa

Inicialmente, foi realizada uma revisão integrativa da literatura para verificar os instrumentos de triagem do vocabulário disponíveis nacional e internacionalmente, por meio das bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura

Referências

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