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Monitoramento de golfinhos no litoral norte do Espírito Santo

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Academic year: 2021

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OCORRÊNCIA E CARACTERIZAÇÃO DE GOLFINHOS

NO LITORAL NORTE DO ESPÍRITO SANTO E SUA

RELAÇÃO COM A ATIVIDADE PESQUEIRA

Geórgia de Brito Vidal Félix

Dissertação de Mestrado em Biodiversidade Tropical

Mestrado em Biodiversidade Tropical

Universidade Federal do Espírito Santo

Março de 2014

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Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP)

(Biblioteca Central da Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)

Félix, Geórgia de Brito Vidal, 1987-

F316o Ocorrência e caracterização de golfinhos no litoral norte do Espírito Santo e sua relação com a atividade pesqueira / Geórgia de Brito Vidal Félix. – 2014.

65 f. : il.

Orientador: Ana Paula Cazerta Farro

Dissertação (Mestrado em Biodiversidade Tropical) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro Universitário Norte do Espírito Santo. 1. Golfinho. 2. Pesca. 3. Monitoramento ambiental. I. Farro, Ana Paula Cazerta. II. Universidade Federal do Espírito Santo. Centro Universitário Norte do Espírito Santo. III. Título.

CDU: 502

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“Não se pode defender o que não se ama, e,

não se pode amar o que não se conhece.”

(

Autor desconhecido)

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS INTRODUÇÃO GERAL

CAPÍTULO 1: Padrões de atividade e tamanho do grupo de Sotalia guianensis no litoral norte do Espírito Santo

RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO CONCLUSÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANEXO 1

CAPÍTULO 2: Novas informações sobre a interação entre a pesca e os golfinhos no litoral norte do Espírito Santo

RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS RESULTADOS E DISCUSSÃO CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7 8 9 14 15 16 17 18 23 33 34 39 44 45 46 47 49 51 56 57 61 V

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AGRADECIMENTOS

 Primeiramente a Deus, pela oportunidade de estar vivendo este aprendizado;  Aos meus pais e irmãos, por todo amor, carinho e dedicação. E acima de

tudo, por estarem tão presentes ao longo de toda minha vida acadêmica;  A minha orientadora, Dra Ana Paula Cazerta Farro, por todo carinho,

dedicação, confiança e compreensão. Mas acima de tudo, pelo exemplo de profissional que você é;

 À Universidade Federal do Espírito Santo, por me proporcionar todos os meios para a realização deste estudo;

 À CAPES, órgão financiador, pela bolsa que a mim foi destinada;

 Ao Instituto Orca e ao Projeto Tamar, por todo apoio, ajuda e conhecimentos compartilhados. Em especial ao Lupércio e ao João Paulo;

 A todos os professores que se propuseram a me ajudar, tirando minhas dúvidas, discutindo dados e ideias, principalmente na parte estatística, em especial a Karla, Edney e Duboc;

 As golfinhetes! Pelas risadas, pelos sufocos, pelo ombro amigo, pela ajuda, em campo e fora dele;

 A todos os meus amigos, por serem sempre minha válvula de escape e meu apoio incondicional. Em especial a República 3 pra 1 e agregados, obrigado por tudo!

 Aos integrantes da banca, por terem aceitado o meu convite de contribuir para este trabalho;

 E a todos aqueles que de alguma forma contribuíram e não tiveram seus nomes citados. De forma alguma vocês foram esquecidos.

Muito Obrigado!

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1: Padrões de atividade e tamanho do grupo de Sotalia guianensis no litoral norte do Espírito Santo

Figura 01: Pontos fixos monitorados no litoral norte do Espírito Santo. Ponto A, visualização para o mar; Ponto B, visualização para o interior do estuário; Ponto C, localizado no alto da restinga da praia de Guriri..

Figura 02: Registro de Sotalia guianensis durante o monitoramento do ponto A em Conceição da Barra.

Figura 03: Grupo de Sotalia guianensis registrado na foz do rio São Mateus.

Figura 04: Número de indivíduos por status comportamental em cada ponto de monitoramento.

Figura 05: Número de indivíduos por grupo em cada ponto de monitoramento. Figura 06: Frequência dos status comportamentais em cada ponto de monitoramento.

Figura 07: Número de indivíduos (A) e tempo máximo de visualização (B) por Status comportamental e ponto monitorado. Onde, a cor roxa representa a locomoção; azul: alimentação; verde: quando não houve registro de presença; vermelho: “surfing” e cinza: atividade aérea.

CAPÍTULO 2: Novas informações sobre a interação entre a pesca e os golfinhos no litoral norte do Espírito Santo

Figura 01: Área de estudo evidenciando os pontos de encalhes dos cetáceos no litoral no norte do estado do Espírito Santo. Pontos rosas: Pontoporia blainvillei; Pontos verdes: Sotalia

guianensis e Ponto azul: Peponocephala electra.

Figura 02: Número de encalhes por mês com as diferentes espécies registradas.

Figura 03: Marcas de possíveis interações com pesca encontradas em carcaças de golfinhos. Onde A mostra cortes profundos abaixo do rostro de um Sotalia guianensis; B mostra um filhote de golfinho com cortes na região dos olhos e próximos a genitália do animal.

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1: Padrões de atividade e tamanho do grupo de Sotalia guianensis no litoral norte do Espírito Santo

Tabela 01: Descrição dos padrões comportamentais observados durante o monitoramento de ponto fixo em Conceição da Barra e São Mateus.

Tabela 02: Análise das variáveis “Tamanho do Grupo” e “Status Comportamental” quando analisadas por tipo e nível de maré.

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INTRODUÇÃO GERAL

Classificação, distribuição e características gerais

Os cetáceos estão entre os mamíferos mais bem adaptados ao meio aquático, habitando todos os oceanos, os estuários e algumas espécies, rios (Zerbini et al., 2004). No geral, se alimentam de peixes, cefalópodes e crustáceos, incluindo o krill (Perrin et al., 2009). Tradicionalmente, os taxas Artiodactyla e Cetacea eram considerados grupos monofiléticos distintos e categorizados como ordens, atualmente existe uma tendência ao agrupamento destes taxas em uma única ordem denominada Cetartiodactyla. Assim, a nova ordem Cetartiodactyla inclui os representantes das ordens Cetacea, Sirenia e Carnivora. Os cetáceos estão divididos em dois grupos: Mysticeti e Odontoceti (Lodi e Borobia, 2013).

Os misticetos, cetáceos com a presença de barbatanas, incluem o grupo das baleias, e se dividem em quatro famílias e 14 espécies, todas com distribuição exclusivamente marinha. Com exceção das famílias Eschrichtiidae e Neobalaenidae, as demais ocorrem no litoral do Brasil. Em geral, as espécies dessa subordem são conhecidas por seus padrões de migração anual, quando se locomovem entre as áreas de alimentação e as áreas de reprodução (Lodi e Borobia, 2013).

Os odontocetos, cetáceos com dentes, possuem uma única dentição permanente e em geral, os dentes eclodem durante o período de amamentação. Compõe uma maior diversidade de espécies, dividindo-se em 10 famílias e 74 espécies (Lodi e Borobia, 2013). Predadores de grande eficiência, a maioria apresentam hábitos marinhos costeiros ou oceânicos, no entanto, quatro espécies dessa subordem ocorrem em sistemas fluviais da América do Sul e da Ásia. Estão entre os odontocetos, os golfinhos, botos e baleias com dentes (Di Beneditto et al., 2010).

Diversas espécies de cetáceos ocorrem ao longo do litoral brasileiro. No Espírito Santo, estudos realizados por ponto fixo, encalhe ou captura acidental, registram dezenas de espécies ao longo dos anos como Megaptera novaeangliae (baleia jubarte), Eubalaena

australis (baleia-franca-austral), Physeter macrocephalus (cachalote), Balaenoptera acutorostrata (baleia-minke-comum), Kogia breviceps (cachalote-pigmeu), Peponocephala electra (golfinho-cabeça-de-melão), Pontoporia blainvillei (toninha), Sotalia guianensis

(boto-cinza), Tursiops truncatus (golfinho-nariz-de-garrafa), Steno bredanensis (golfinho-de-dentes-rugosos), Stenella frontalis (golfinho-pintado-do-atlântico), Stenella longirostris (golfinho-rotador) (Freitas Netto, 2003; Freitas Netto e Barbosa, 2003; Moreno et al., 2003; Freitas Netto e Di Beneditto, 2008; Félix, 2011; Lodi e Borobia, 2013). Porém, de todas as

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espécies registradas, entre os pequenos cetáceos duas se destacam no norte do estado, são elas

Pontoporia blainvillei e Sotalia guianensis.

- P. blainvillei (Gervais e d’Orbigny, 1844)

Espécie conhecida popularmente como toninha, franciscana, manico, boto-garrafa e boto-cachimbo, é um odontoceto de pequeno porte da família Pontoporiidae. Ocorre desde Itaúnas - ES, Brasil (Siciliano, 1994), até Golfo San Matias, Província de Chubut, Argentina (Crespo et al., 1998). Porém sua distribuição não é continua, sendo dividida em dois hiatos (Siciliano et al., 2002): o primeiro entre Regência (19º40’S) no estado do Espírito Santo e Barra do Itabapoana (21º18’S) no Rio de Janeiro; e o segundo entre Macaé (22º25’S) no Rio de Janeiro e Baía da Ilha Grande (23ºS) no estado de São Paulo. Segundo Di Beneditto et al. (2010), as possíveis causas para essa divisão da distribuição da espécie em hiatos, estão relacionadas a temperatura, profundidade e transparência da água.

A toninha habita preferencialmente regiões estuarinas e costeiras de até 50 m de profundidade (Pinedo et al., 1989; Di Beneditto e Ramos, 2001). Segundo Freitas Neto (2003), características distintivas dessa espécie, como rostro longo e estreito e coloração do corpo amarronzada, as tornam facilmente identificável por parte dos pescadores.

A espécie P. blainvillei se alimenta de uma ampla variedade de presas de pequeno porte, composta principalmente por peixes ósseos e lulas das regiões estuarinas e costeiras (Di Beneditto et al., 2010). Geralmente é visualizada em indivíduos solitários ou grupos de dois a cinco indivíduos, podendo algumas vezes formar grupos com mais de 10 indivíduos (Bordino et al., 1999; Di Beneditto et al., 2001b; Secchi et al., 2001; Cremer e Simões-Lopes, 2005). A execução de comportamentos aéreos é incomum e a espécie tende a evitar aproximação com embarcações motorizadas (Bordino et al., 2002).

- Sotalia guianensis (van Bénéden 1864)

Conhecido popularmente como boto, boto-cinza, boto-comum é um representante da família Delphinidae. Possui como padrão de cor da pele a coloração acinzentada, com o dorso cinza-azulado escuro ou cinza-amarronzado. A região ventral é mais clara e frequentemente rosada em filhotes (Lodi e Borobia, 2013).

Habitam principalmente regiões costeiras como estuários, baías, enseadas e áreas costeiras abertas (Borobia et al., 1991). Endêmicos da costa Atlântica tropical e subtropical da America Central e América do Sul ocorrem desde La Mosquita (14ºN) nas Honduras Central, até Florianópolis (27º) em Santa Catarina (Silva et al., 2010). A distribuição do boto-cinza

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pode estar relacionada à temperatura da água, que atua como uma barreira térmica o que explicaria o limite sul da sua distribuição e a ausência de registros em Cabo Frio, região influenciada pelas águas frias da ressurgência (Lodi e Borobia, 2013).

O Sotalia guianensis apresenta uma dieta diversificada com hábitos alimentares oportunistas que é completamente influenciada pela disponibilidade de recursos em seu habitat (Monteiro-Filho e Monteiro, 2008). Os grupos variam em média de dois a 10 indivíduos, podendo chegar a 450 indivíduos em algumas regiões do país (Oliveira et al., 1995; Santos et al., 2010; Lodi e Borobia, 2013).

Geralmente esquivo, o boto-cinza exibe uma série de padrões comportamentais, principalmente de exibição aérea, podendo ser facilmente observado nas zonas costeiras e estuarinas (Monteiro-Filho e Monteiro, 2008; Lodi e Borobia, 2013).

Interações e ameaças à conservação

Os cetáceos tem um importante papel nos ecossistemas aquáticos. São os maiores consumidores desde a produção primária até os predadores de topo e, independentemente da posição que ocupam, são vitais para o equilíbrio do ambiente em que vivem. Atuam como espécies reguladoras e fornecedoras de nutrientes para diversos ciclos biológicos. Além disso, por dependerem do ecossistema aquático para sobreviver, são indicadores naturais da variabilidade e da degradação ambiental (Lodi e Borobia, 2013).

Os mamíferos marinhos sofrem diversas pressões, como a interação com as atividades pesqueiras (Freitas-Netto e Barbosa, 2003;Zappes et al., 2009; Ferreira, 2012); as capturas acidentais ou intencionais (Rosso-Londoño, 2010; Felix, 2011); as atividades de prospecção e exploração de óleo e gás; o tráfego de embarcações (colisões e poluição sonora) (Melo e Valle, 2006;Luís, 2008; Santos 2010); a poluição química e a degradação ambiental, com consequente perda de hábitat (Morales et al., 2007); as mudanças climáticas globais (Especie et al., 2007); e a sobrepesca das espécies-chave para a sua sobrevivência. Além disso, o possível retorno da caça comercial em águas internacionais também poderá levar a um impacto às populações em diferentes regiões do Globo (Rocha-Campos, 2011).

Os cetáceos são espécies com baixa taxa reprodutiva e crescimento lento, o que os tornam mais vulneráveis às ameaças do que outros grupos taxonômicos (Rocha-Campos, 2011).

As interações entre as atividades pesqueiras e os cetáceos podem ser verificadas em todas as regiões em que ambos estão presentes. No entanto, o resultado dessas interações é variável, podendo causar prejuízos, benefícios para ambos, para uma das partes envolvidas ou

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mesmo se caracterizar como neutra (Di Beneditto, 2010). As interações existentes entre cetáceos e as atividades pesqueiras que apresentam efeitos positivos podem ser descritas como interações ecológicas comensais ou mutualísticas (Monteiro-Filho, 1995). Por outro lado, interações com efeitos negativos normalmente estão relacionadas às capturas acidentais dos cetáceos, que podem causar injúria ou morte dos animais e danos ou perda do artefato de pesca (Di Beneditto et al., 2001).

A atividade pesqueira constitui umas das maiores ameaças às populações de golfinhos, principalmente ao boto-cinza (Sotalia guianensis) e à toninha (Pontoporia

blainvillei). Em algumas regiões do país, carcaças de botos-cinza são utilizadas pelos

pescadores como alimento, isca, ou fonte de gordura para aplicar em barcos e / ou madeiras como impermeabilizantes (Di Beneditto e Ramos, 2001; Reis, 2002).

Em particular, a captura acidental em atividades de pesca representa uma séria ameaça às populações de cetáceos, principalmente aos odontocetos de pequeno porte. No Brasil a pesca é uma atividade praticada em quase toda sua extensão, porém além de capturar as espécies-alvo, também captura acidentalmente organismos sem valor comercial, como pequenos cetáceos (Freitas Netto, 2003).

Apesar de já existirem programas de educação ambiental que procuram sensibilizar as comunidades pesqueiras sobre o uso inadequado dos artefatos de pesca, ainda é necessário um esforço do governo e das instituições de pesquisa na relação com os pescadores, procurando soluções econômicas e ecológicas, que garantam a sobrevivência dos golfinhos (Araújo, 2008).

Segundo Rosso-Londoño (2010), os estudos a respeito dos mamíferos marinhos são importantes ferramentas para avaliar e interpretar, além de entender, os processos ecológicos dos ecossistemas, assim como auxiliar nos processos de gestão marinha e costeira. Estes animais podem: indicar-nos mudanças no seu habitat, a partir de uma rápida reação comportamental (Watkins, 1986; Moore e Clarke, 2002); regular populações de níveis tróficos inferiores (Cury et al., 2001; Savenkoff et al., 2008) e nos permitir avaliar o nível de contaminação do ambiente, visto que são bioacumuladores (Reddy et al., 2001).

Alguns estudos já foram desenvolvidos em diferentes localidades brasileiras com o objetivo de se entender a interação entre a pesca artesanal e os cetáceos. No Espírito Santo, a atividade de pesca apresenta relevância econômica, constituindo uma das principais atividades com peculiaridades ao longo de todo o litoral (Freitas-Netto, 2003).

Recentemente, foram registradas a presença de golfinhos e suas interações com a pesca no litoral de Conceição da Barra – ES (Félix, 2011). Mas uma ampliação do tempo de

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monitoramento dos cetáceos foi necessária, com o intuito de entender e avaliar essas interações existentes, além de verificar uma possível influência da construção da orla de Conceição da Barra na ocorrência dos golfinhos no interior do estuário.

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CAPÍTULO 1

Padrões de atividade e tamanho do grupo de Sotalia guianensis no

litoral norte do Espírito Santo

FÉLIX, GEORGIA DE BRITO VIDAL¹*; BARBOSA, LUPÉRCIO ARAÚJO²; FARRO, ANA PAULA CAZERTA¹

¹Universidade Federal do Espírito Santo – UFES (CEUNES)

Rodovia BR 101 Norte, KM 60, Litorâneo, São Mateus – ES. CEP: 29932-540 ²Instituto ORCA (Organização Consciência Ambiental)

Avenida São Paulo, 23, Praia da Costa, Vila Velha – ES. CEP: 29101-315 *E-mail: geofelix@gmail.com

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RESUMO

O boto cinza (Sotalia guianensis) habita ambientes costeiros, baías, enseadas e estuários. Ao longo de sua distribuição, algumas populações são consideradas residentes. Recentemente, foi registrada através de monitoramentos por ponto fixo, uma possível alteração na ocorrência de

Sotalia guianensis no estuário de Conceição da Barra, ES, que passava por alterações físicas e

ecológicas através de dragagens com a construção da orla do município. Esse estudo teve como objetivo principal monitorar os golfinhos em praias no extremo norte do Espírito Santo, a fim de verificar se fatores de influencia na ocorrência de pequenos cetáceos e caracterizar os grupos de golfinhos da região. Foram observados 118 grupos de Sotalia guianensis em Conceição da Barra, sendo 103 no ponto A (foz do rio São Mateus) e 15 no ponto B (interior do estuário). Já na praia de Guriri (ponto C), foram observados 81 grupos, sendo que em geral variaram de um a nove indivíduos. Nos pontos A e C foi observada presença de grupos de botos-cinza durante todo o período de monitoramento. Já, no ponto B ocorreu uma variação significativa entre a presença de indivíduos e o tamanho de grupo quando relacionados ao tipo, o nível e a variação da maré. Houve uma diferença significativa quando avaliado o tamanho dos grupos em todos os pontos de monitoramento. Quanto ao status de comportamento, os pontos apresentaram diferentes padrões de frequência. No ponto A, destacou-se os status de locomoção e alimentação, no entanto, a alimentação foi observada sempre na foz do rio. A locomoção era observada a uma distância maior do ponto de monitoramento e em sua maioria, na direção da praia de Guriri, São Mateus. Com este estudo, foi possível verificar que, mesmo com a não utilização do estuário durante a revitalização da orla, os botos-cinza voltaram a entrar no estuário após a finalização das atividades de dragagens. Além disso, foi verificado que a presença de golfinhos no interior do estuário tem a alimentação como principal atividade e que essa ocorrência sofre influência das marés. Palavras-chave: boto-cinza, estrutura de grupo, monitoramento.

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ABSTRACT

The Guiana dolphin (Sotalia guianensis) inhabits coastal environments, bays, coves, and estuaries. Throughout its distribution, some populations are considered residents. Recently, was registered through monitoring by fixed point, a possible change in occurrence of Sotalia

guianensis in the estuary of Conceição da Barra, Espírito Santo, which passed through

physical and ecological changes through dredging with the construction of the orle of the town. The aims of this study were to monitor the dolphins in beaches on the northern of Espírito Santo, in order to verify if factors were influencing the occurrence of small cetaceans, as well, to characterize the dolphins group in the region. Were observed 118 groups in Conceição da Barra, with 103 at the point A (mouth of the river São Mateus) and 15 at the point B (inside the estuary). Already on the beach of Guriri (point C), 81 groups were observed, and generally ranged from one to nine individuals. At points A and C were observed the presence of groups of Guiana dolphin throughout the monitoring period. At point B a significant variation occurred between the presence of individuals and the group size when related to the type, level and tidal variation. There was a significant difference when evaluated the size of the groups in all monitoring points. As for the status of behavior, the points presented different frequency patterns. At point A, the status of feeding and locomotion, however, the feeding has always been observed at the mouth of the River. The locomotion has been observed at a greater distance from the monitoring point and mostly towards the beach in Guriri, São Mateus. With this study, it was possible to verify that, even with the non-utilization of the estuary during the revitalization of the orle, the Guiana dolphin returned to enter the estuary after the completion of the dredging activities. In addition, it was found that the presence of dolphins inside of the estuary has the feeding as the principal activity and that this occurrence suffers tidal influence.

Keywords: Group structure, Guiana dolphin, monitoring.

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INTRODUÇÃO

Sotalia guianensis, mais conhecido popularmente como boto cinza, possui o corpo

pequeno de coloração acinzentada no dorso e a região ventral mais clara, frequentemente rosada em filhotes. Endêmico da costa Atlântica tropical e subtropical da América Central e do Sul (Lodi e Borobia, 2013), o boto cinza habita ambientes costeiros, baías, enseadas e estuários (Silva e Best, 1996).

Ao longo de sua distribuição, algumas populações frequentam sempre a mesma área sendo consideradas residentes (Flores, 1999; Pizzorno et al., 1999), o que dificulta a identificação de variação sazonal na composição e no tamanho dos grupos. Geralmente essa variação sazonal ocorre em resposta às flutuações sazonais do hábitat e do movimento de suas presas (Shane et al., 1986). Quando identificado como residente, apesar dos movimentos sazonais não poderem ser claramente diferenciados, existe uma definida variação sazonal no número de indivíduos (Shane et al., 1986).

As características de um ambiente, associadas às necessidades de uma espécie, determinam os padrões de comportamento e de uso do habitat dos indivíduos. Os golfinhos são encontrados e atraídos para áreas que contém altas concentrações de nutrientes, plânctons e peixes (Ballance, 1992). Os indivíduos apresentam comportamentos diferentes para cada habitat, o que pode indicar sua função ecológica na região para muitas espécies. Para os odontocetos, por serem animais que possuem grande mobilidade, determinar essas funções ecológicas não é um objetivo fácil de ser atingido (Hastie et al., 2004).

Estuários e baías, que são áreas protegidas e regiões de baixa profundidade, podendo apresentar manguezais associados, são sistemas de grande produtividade evem sendo relacionados a distribuição do boto-cinza, Sotalia guianensis (Wedekin et al., 2003). Estudos realizados com este pequeno cetáceo sugerem que as áreas de maior uso são aquelas que apresentam uma alta concentração de presas (Cremer, 2000; Lodi, 2002; Monteiro Filho, 1991; Rossi-Santos, 1997).

A conservação dos mamíferos marinhos depende de diversos fatores, dentre os quais podemos citar a identificação de ameaças naturais e a determinação da estrutura e do status de conservação das populações. A captura acidental e a exploração direta são responsáveis pela atual condição de ameaça de algumas espécies de cetáceos (Alarcon, 2006). Em função das crescentes ameaças e preocupação com a conservação das espécies de cetáceos e seus habitats, alguns estudos focaram a detecção de áreas de concentração e a avaliação do modo e

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da intensidade em que os animais utilizam o meio (Grigg e Markowitz, 1997; Karczmarski et al., 2000).

Sotalia guianensis é classificada como espécie insuficientemente conhecida na Lista

Vermelha de Animais Ameaçados da União Internacional para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN, 2012); como espécie ameaçada de extinção no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Flora e da Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (CITES, 2012); e com deficiência de dados no Plano de Ação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis para Mamíferos Aquáticos do Brasil (IBAMA, 2001).

Registros sobre a ocorrência de cetáceos no litoral do Espírito Santo foram realizadas por coletas pontuais, espécies capturadas acidentalmente em atividades de pesca (Freitas Netto, 2003; Ramos et al., 2010), encalhadas em praias (; Freitas Netto e Barbosa 2003; Ramos et al., 2010; Felix, 2011), avistadas (Lodi et al., 1996; Moreno et al. 2003); Moura et al., 2008; Felix, 2011) ou relatadas por pescadores em estudos etnoecológicos (Freitas Netto e Di Beneditto, 2008; Félix, 2011).

Felix (2011), através de monitoramentos por ponto fixo, registrou a presença de pequenos cetáceos no litoral de Conceição da Barra e na foz do rio São Mateus. No entanto, observou a ausência dos golfinhos no interior do estuário, que passava por alterações físicas e ecológicas devido às dragagens realizadas para a reconstrução da orla do município. De acordo com os pescadores e moradores locais, os animais entravam e utilizavam as águas do estuário antes das dragagens.

Levando em consideração o atual status de conservação do Sotalia guianensis, a insuficiência de dados da espécie no litoral brasileiro, em especial no litoral do Espírito Santo, juntamente com os dados obtidos por Felix 2011, tornou-se necessária uma ampliação no período e área de monitoramento, a fim de conhecer e avaliar as interações entre os golfinhos e as atividades humanas na região norte.

Esse estudo teve como objetivo principal avaliar a ocorrência e caracterizar os grupos de Sotalia guianensis presentes no litoral norte do Espírito Santo.

MATERIAL E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO

O estudo foi realizado no extremo norte do Espírito Santo, no litoral dos municípios de Conceição da Barra e São Mateus (Figura 1).

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O estado do Espírito Santo é caracterizado por um clima tropical, quente e úmido, possuindo o período chuvoso durante o verão, onde recebe aporte de chuvas tropicais. A estação seca se dá entre o período de outono e inverno, onde podem ocorrer precipitações frontais de descargas devidas à chegada de frentes frias vindas de sul (Martin et al., 1996).

Tanto em frequência quanto em intensidade, o regime de ventos na costa capixaba é dominado pelos derivados dos quadrantes leste-nordeste e sudeste, respectivamente. Sendo relacionados aos alísios os de quadrante leste-nordeste, nos quais se sobrepõem durante a maior parte do ano, enquanto os de quadrante sudeste estão associados às massas polares oriundas de sul que atingindo a costa do estado periodicamente (Albino, 1999; Albino et al., 2001).

Os sistemas de ventos conduzem o comportamento das ondas, as quais vêm de dois âmbitos principais: Nordeste (NE) – Leste (E), predominante na maior parte do ano, e o Sudeste (SE) – Leste (E), ondas mais energéticas. As ondas possuem uma altura significativa de 0,6 a 0,9 m aproximadamente, sendo raras as ocorrências de ondas superiores a 1,5 m. Quanto ao período, as ondas apresentam períodos de 5 a 6,5s, podendo atingir um máximo de 9,5s (Albino, 1999).

O litoral do estado do Espírito Santo apresenta marés semidiurnas, com período de aproximadamente 12 horas e amplitudes variando de 1,10 a 1,50 m, condizendo este litoral num regime de micromaré (< 2m) (DHN, 2014).

Quanto aos aspectos geomorfológicos, a costa do estado apresenta afloramentos e promontórios cristalinos, tabuleiros da Formação Barreiras e planícies costeiras, que associadas à presença de grandes bacias hidrográficas ou mesmo desembocaduras de pequenos rios, podem influenciar na configuração da paisagem do litoral (Ortiz, 2010).

O município de Conceição da Barra possui sua posição marcada pelas coordenadas 18º53’56”S de latitude e 39º43’56”W de longitude, apresentando aproximadamente 32 km de costa (IBGE, 2010). O rio São Mateus nasce no estado de Minas Gerais, e deságua no oceano Atlântico, na cidade de Conceição da Barra. Assim, a bacia hidrográfica do rio São Mateus, localiza-se no norte do Espírito Santo e possui 10.335 km², sendo reconhecida como a segunda maior do estado e é abastecida por uma grande quantidade de córregos que se deslocam pelos tabuleiros até o rio principal (Ipema, 2005).

O estuário de Conceição da Barra caracteriza-se pela ocorrência de processos flúvio-marinhos que acarreta sérios problemas de erosão na sua principal praia, “Bugia”, localizada à margem esquerda, além de grandes alterações fisionômicas no bosque de mangue de toda sua foz, que se alternam entre processos erosivos e processos de acelerada sedimentação. Tal fato

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tem acarretado em uma dificuldade de navegação das embarcações pesqueiras (Vale e Ross, 2011).

O município de São Mateus possui tem sua posição marcada pelas coordenadas 18º42’58”S de latitude e 39º51’21”W de longitude (IBGE, 2013). Com a abertura da nova barra (Barra Nova) foi criada a ilha de Guriri, a maior do Estado do Espírito Santo, limitada pelos rios Mariricu e São Mateus e pelo Oceano Atlântico. O litoral mateense chega a aproximadamente 40 quilômetros de extensão.

Figura 1: Pontos fixos monitorados no litoral norte do Espírito Santo. Ponto A, visualização para o mar; Ponto B, visualização para o interior do estuário; Ponto C, localizado no alto da restinga da praia de Guriri.

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COLETA DE DADOS

MONITORAMENTO POR PONTO FIXO

O monitoramento em Conceição da Barra foi dividido em dois pontos, sendo de três horas para o ponto A, localizado na foz do rio São Mateus (“bugia”) com visualização para o mar, e de três para o ponto B, com visualização para o rio, localizando-se próximo ao porto. A fim de verificarmos se as atividades na orla de Conceição da Barra afetaram somente a ocorrência de Sotalia guianensis no estuário e não em águas adjacentes, foi incluído no monitoramento um ponto na praia aproximadamente 12 km ao sul do estuário (Praia de Guriri, em São Mateus) (Figura 1).

O monitoramento em Conceição da Barra foi dividido em dois pontos, sendo de três horas para o ponto A, localizado na foz do rio São Mateus (“bugia”) com visualização para o mar, e de três para o ponto B, com visualização para o rio, localizando-se próximo ao porto. Em São Mateus, o ponto C está localizado na restinga da praia de Guriri, 12 km ao sul do ponto A (Figura 1).

Os pontos foram monitorados duas vezes na semana, durante seis horas, no período de abril de 2012 a setembro de 2013. O monitoramento teve auxílio de um binóculo Sumax (20x50S) e máquina fotográfica Nikon (36x), a ordem de monitoramento era alternada para evitar repetições de marés entre os pontos.

No campo era registrada a data, as condições do vento e maré, além dos dados a respeito das visualizações dos pequenos cetáceos, sendo que nestes eram destacados o número de indivíduos por grupo, espécie e status comportamental. A maré era consultada diariamente através da tábua de maré e medida por uma régua fixa no porto de Conceição da Barra, próximo ao ponto B.

Foi considerado como um grupo aquele em que os indivíduos presentes na área de estudo nadavam próximos uns dos outros, com atividades coordenadas, mas não necessariamente deslocando-se na mesma direção (Mann, 2000).

As atividades comportamentais foram divididas em duas categorias como proposto por Azevedo et al. (2009), “eventos” e “estados comportamentais”. Os eventos são aqueles de ocorrência instantânea, já no estado comportamental o indivíduo ou o grupo está engajado em uma atividade de tempo estimável (Altmann, 1974; Martin e Bateson, 1993 e Lehner 1996).

O padrão comportamental foi registrado pelo método de coleta Ad. libitum (Altmann 1974), que consiste em registrar todas as atividades executadas pelos indivíduos de um grupo. Os registros foram realizados em períodos de cinco minutos, sendo identificados e divididos

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em quatro categorias: Locomoção, Alimentação, Atividade Aérea e “Surfing”. Os padrões comportamentais foram distinguidos conforme a tabela abaixo.

Tabela 01: Descrição dos padrões comportamentais observados durante o monitoramento de ponto fixo em Conceição da Barra e São Mateus.

Padrão Comportamental Descrição

Locomoção Quando os indivíduos do grupo mantinham a mesma

direção durante todo o período de visualização, e normalmente em linha reta (Azevedo, 2010).

Alimentação Quando os golfinhos eram observados forrageando ou mesmo se alimentando. Os animais gastavam mais tempo no local e nadavam em diversas direções em deslocamento rápido na superfície da água. Este comportamento tem variações em suas etapas e pode ser acrescido de emissões de borbulhas, giros, batidas da cauda, sequencia de saltos. A presa pode ser lançada no ar (“bote”) ou na superfície da água (Monteiro-Filho, 1991 e 2008; Domit, 2006; Monteiro et al., 2006; Nascimento, 2006; Azevedo, 2010).

Atividade Aérea Quando o animal era observado realizando saltos a partir de uma impulsão, parciais ou totais de um ou mais indivíduos (Neto, 2000; Domit, 2003 e 2006; Nascimento 2006, Monteiro-Filho et al., 2008).

Surfing Movimentos repetitivos, sem nenhuma identificação

de relação com as presas onde os animais realizavam o movimento deslizando nas cristas das ondas. Segundo Spinelli et al. (2002) e Domit (2006), o surf é executado pelos infantes quando estes utilizam as ondas formadas pelo vento ou por embarcações para realizar saltos ou deslocamentos à superfície.

* Apesar de alguns autores classificarem a atividade aérea e o surfing como evento, inserido dentro de um status comportamental, no presente estudo não foi possível estabelecer relação dos mesmos durante a observação, por isso foram classificados separadamente.

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ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram agrupados em uma tabela no Excel para facilitar sua análise (Anexo 1).

Para todos os pontos de coleta foram testadas relações entre a presença e tamanho de grupo e as variáveis: nível de maré (alta, média e baixa); tipo de maré (enchente e vazante); variação de maré; mês; estação do ano; status comportamental e tempo máximo. Além disso, as relações foram avaliadas para as diferentes áreas, Conceição da Barra x São Mateus, e por ponto de coleta.

Para se avaliar o grau de significância dos resultados, foram empregados testes não paramétricos (Kruskal-Wallis e Mann-Whitney) ao nível de 0,05 de significância (Zar, 1984) do pacote STATISTICA Versão 5 ®.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No total, foram realizadas 1374 horas de observações, sendo que 750 horas foram para Conceição da Barra e 624 horas para Guriri. Durante o período de monitoramento foram observados 118 grupos de Sotalia guianensis em Conceição da Barra, sendo 103 no ponto A e 15 no ponto B; e 81 grupos em Guriri (Figura 2 e 3).

Foto 2: Registro de Sotalia guianensis durante o monitoramento do ponto A em Conceição da Barra.

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Figura 3: Grupo de Sotalia guianensis registrado na foz do rio São Mateus.

No pontos A (foz do rio São Mateus) e no ponto C (praia de Guriri), os golfinhos apresentaram maior número de visualização. Foram avistados 99 grupos de boto-cinza, correspondendo a 79,2% do monitoramento, no ponto A. E 81 grupos, 77,88% , para o ponto C. Não foram evidenciadas diferenças significativas entre estes dois pontos com relação ao tamanho dos grupos sob nenhuma das variáveis avaliadas: estação do ano, tipo, nível e variação de maré. Em ambos os pontos, o tamanho do grupo variou de um a nove indivíduos o que corrobora com a maioria dos trabalhos de descrição da estrutura social do Sotalia

guianensis, onde é caracterizada por pequenos grupos de dois a 10 indivíduos (Borobia, 1984;

Oliveira et al, 1995; Frizzera et al., 2007), embora em determinadas localidades possa apresentar agregações de até 450 indivíduos (Lodi e Borobia, 2013). A ausência de variação no tamanho dos grupos também foi observada para a espécie na Baía da Guanabara (Azevedo et al., 2005) e na Baía de Sepetiba (Flach et al., 2008).

Estudos realizados em algumas regiões do Brasil mostram que alguns indivíduos são residentes, utilizando sempre as mesmas áreas para executar determinadas atividades (Flores, 1999; Santos et al., 2002; Hardt, 2005). Apesar de uma alta frequência de visualizações nos

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pontos A e C, nesse estudo não é possível afirmar a existência de uma população residente, já que não foi realizada a identificação dos indivíduos.

No ponto B, no interior do estuário do Rio São Mateus, os golfinhos foram visualizados em apenas 14,15% dos dias de monitoramento. No entanto, observou-se uma relação significativa da presença e tamanho de grupo quanto ao tipo, o nível e a variação de maré. Os golfinhos utilizaram a região do estuário preferencialmente durante a maré enchente e foram observados em maiores grupos durante a baixa variação de maré (Tabela 1).

Apesar de na maioria das visualizações terem sido registrados indivíduos em grupos menores (um ou dois), houve registro de até sete indivíduos por grupo.

Tabela 1: “Tamanho de Grupo” e “Status Comportamental” com o tipo e nível de maré, utilizando-se o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis.

Tamanho do grupo Status Comportamental

Ponto A Ponto B Ponto C Ponto A Ponto B Ponto C

Tipo de Maré 0,34 0,00* 0,62 0,12 0,00* 0,97

Nível de Maré 0,13 0,01* 0,26 0,12 0,02* 0,4

*valor de significância de p (p<0,05)

Segundo Santos (2010), a distribuição espacial e temporal dos cetáceos está relacionada a diversos fatores abióticos como profundidade e salinidade (Cubero-Pardo, 2007); ciclo de maré (Harzen, 2002; Mendes et al., 2002); características do fundo (Hastie et al., 2003) e fatores bióticos, como a disponibilidade de presas (Bailey e Thompson, 2006; Cubero-Pardo, 2007).

Hayes (1999) mostrou a importância das marés na frequência dos golfinhos e em seus movimentos de entrada e saída nos estuários e baías, que pode estar relacionado com a abundância de peixes, além da quantidade de água no local, facilitando a procura de alimento (Oliveira et al., 1995). O presente estudo corrobora essa ideia, apresentando uma variação significativa no interior do estuário quanto ao tipo (enchente) e nível de maré (baixa) tanto em relação ao tamanho dos grupos quanto ao comportamento observado.

Testando a relação do status comportamental com as diferentes variáveis avaliadas, verificou-se uma diferença significativa com relação ao tamanho dos grupos em todos os pontos de monitoramento. Apesar de apresentar diferentes padrões para os pontos, foi observado um maior número de indivíduos relacionado ao comportamento de alimentação, seguido pela locomoção. A exceção foi o comportamento de “surfing”, que foi observado em

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momentos isolados no ponto C, e pode estar relacionado tanto a alimentação quanto a locomoção dos indivíduos (Figura 4).

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Figura 4: Número de indivíduos por status comportamental em cada ponto de monitoramento.

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Nesse estudo, o tamanho de grupo variou de acordo com o tipo de categoria comportamental registrada, concordando com os resultados reportados por diversos estudos realizados ao longo do litoral brasileiro (Geise et al., 1999; Geise, 1991; Lodi, 2003). Porém, Especie et al (2007) em um estudo realizado na Baía de Setiba reportaram o comportamento de alimentação em grupos constituídos por número de indivíduos menores, ao contrário do observado em Conceição da Barra e São Mateus. O que pode ser justificado pelo fato do comportamento de alimentação do boto-cinza, desenvolver estratégias de pesca que aumentam a eficiência nas capturas de suas presas variando conforme a estrutura do grupo, número de indivíduos (Monteiro-Filho e Monteiro, 2008).

Quando comparado os dados entre os pontos, A e C apresentaram um resultado semelhante quanto à presença de indivíduos, apesar do ponto A apresentar um número de indivíduos por grupo maior com mais frequência, obtendo uma média maior que o ponto C. Já o ponto B, apresentou um pequeno número de presença de indivíduos (Figura 5).

Número de Indivíduos por ponto de monitoramento

Média Media±2*SE Desvio padrão C B A Ponto -2 0 2 4 6 8 10 Númer o de i n d iv íd u o s

Figura 5: Número de indivíduos por grupo em cada ponto de monitoramento.

O tempo máximo de visualização também apresentou uma variação significativa nos diferentes pontos. Apesar das semelhanças entre os pontos A e C, no ponto A, os indivíduos foram visualizados durante um maior intervalo de tempo (0-15 minutos, M=5,37) do que o ponto

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C (0-10 minutos, M=3,88). Já no ponto B, além dos indivíduos serem visualizados com menor frequência, estes foram visualizados em um intervalo menor, de 0-10 minutos (M=4,46).

Quanto ao status comportamental, os pontos apresentaram diferentes padrões de frequência (Figura 6). No ponto A, destacou-se os status de locomoção e alimentação, no entanto, a alimentação foi observada sempre na foz do rio, já a locomoção era observada a uma distância maior do ponto de monitoramento e, na maioria das vezes, na direção da praia de Guriri, São Mateus. No ponto B, por apresentar um baixo número de registros, não houve destaque entre os status de comportamento avistados. E no ponto C, houve maior registro de locomoção quando comparado aos outros status comportamentais.

Figura 6: Frequência dos status comportamentais em cada ponto de monitoramento.

Como pode ser observado, o status comportamental mais registrado ao longo de todo monitoramento foi o de alimentação, o que ficou ainda mais evidente na área de Conceição da Barra (Pontos A e B). Por se tratar de uma região estuarina, tal resultado pode estar relacionado ao aporte de nutrientes e eficiência na captura de suas presas, já que nessa área, foi registrado um número maior de indivíduos por grupo desenvolvendo o comportamento de alimentação. Isso

Status Comportamental por ponto

<= 10 (10-19) (19-28) (28-37) (37-46) (46-55) (55-64) (64-73) (73-82) > 82 A B C Ponto Locomoção Alimentação Sem registro Brincadeiras Ativ idade Aérea

Sta tu s C o mp o rtam en tal Surfing 29

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reflete também ao tempo máximo de visualização dos grupos, já que foi observada uma média maior para os pontos A e B, e para o comportamento de alimentação (maior exposição quando em forrageamento e captura de suas presas). Segundo Hayes (1999), o comportamento de pesca e alimentação é bastante complexo quando comparado com os outros status comportamentais, exigindo uma maior organização e tempo de ocorrência.

Estratégias alimentares entre populações de pequenos cetáceos podem ser consequências das características oceanográficas e fisiográficas de cada área, atividades antrópicas (adaptação à atividade pesqueira) e principalmente pela concentração, distribuição e a ecologia comportamental dos recursos alimentares nessas áreas (Wedekin et al., 2003). Assim, a alta frequência de registros do status comportamental de alimentação no ponto A, por se tratar da foz do rio São Mateus, pode estar relacionado à concentração de recurso alimentar, visto que é alvo de pesca e captura de peixes por pescadores e turistas.

É importante ainda ressaltar que os status comportamentais caracterizados como “surfing” e atividades aéreas podem estar relacionados ao comportamento de alimentação, mas foram separados por não ser possível a identificação de uma relação com a presa no ato do monitoramento.

O maior registro para locomoção no ponto C pode estar relacionado à posição do ponto de monitoramento. Já que este se localiza em uma praia extensa entre a foz dos rios São Mateus e Mariricu. Diferente dos pontos A e B, totalmente influenciados pelas características de um estuário.

Ainda, foi relacionado o status comportamental por ponto monitorado com o número de indivíduos por grupo e o tempo máximo de visualização (Figura 7). Observou-se que, além dos grupos no ponto A apresentarem um número maior de indivíduos e de tempo máximo, o mesmo acontecia para o status comportamental de alimentação nos três pontos, apesar de ocorrerem casos isolados de locomoção e “surfing” em maiores grupos de indivíduos.

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Figura 7: Número de indivíduos (A) e tempo máximo de visualização (B) por Status comportamental e ponto monitorado. A cor roxa representa a locomoção; a azul,alimentação; a verde, quando não houve registro de presença; vermelho, “surfing”; e cinza, atividade aérea.

Segundo Wells et al. (1980), as variações sazonais de ocorrência de cetáceos têm sido atribuídas às mudanças das características físicas do hábitat, resultando em certas áreas mais propícias para proteção, reprodução e alimentação. O uso variado dos padrões do hábitat indica a importância dos locais em que os botos-cinza utilizam diariamente (Lodi, 2003).

Este estudo corrobora a ideia de que existe uma relação entre a variação sazonal e a composição e tamanho dos grupos. Alguns estudos relatam essa relação como resposta às flutuações sazonais de habitat e o movimento da presa para várias espécies de odontoceto, além de demonstrar que o Sotalia guianensis apresenta residência e lealdade ao habitat, com movimentos diários em pequena escala, o que não pode ser afirmado ainda para essa área.

Felix (2011) relatou a ausência de golfinhos no interior do estuário de Conceição da Barra, visto que este passava por transformações com a construção da orla do Município. Mas, com o fim da obra, o retorno e a utilização deste ambiente pelos cetáceos era incerto. A continuidade do monitoramento na área proporcionou o registro do retorno, mesmo que lento, e a utilização do interior do estuário pela espécie S. guianensis. Não foi possível avaliar o quanto estas obras afetaram estes animais durante seu período de execução, visto que o monitoramento da região não foi realizado anteriormente. No entanto, por ter sido verificado que o estuário é utilizado preferencialmente para alimentação, provavelmente a realização destas obras fez com

A B

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que os botos-cinza necessitassem procurar outras áreas para suprir esta fonte de recurso não mais utilizada.

CONCLUSÕES

Os botos-cinza, Sotalia guianensis, voltaram a utilizar o estuário de Conceição da Barra após a finalização das atividades de dragagens;

A presença de golfinhos no interior do estuário está associada às marés (enchente e baixa);

O estuário é utilizado preferencialmente para alimentação, sendo esta atividade relacionada ao maior número de indivíduos por grupo.

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Anexo 1 – Diferença sazonal entre os pontos da variação, nível e tipo de maré e número de indivíduos. Onde a variação da maré corresponde a variação

sofrida ao longo do dia de monitoramento conforme a Tábua de maré (marmil.br); o tipo como vazante ou enchente e o nível como alta, média e baixa em relação a variação da maré durante o monitoramento.

Ponto A Ponto B Ponto C

Estação Variação Tipo Nível Ind. Estação Variação Tipo Nível Ind. Estação Variação Tipo Nível Ind.

Outono/12 1,2 vazante alta 2 Outono/12 1,2 vazante média 0 Outono/12 1,6 vazante média 0 Outono/12 0,7 vazante alta 4 Outono/12 0,7 vazante média 0 Outono/12 1,1 vazante alta 1 Outono/12 1,2 vazante baixa 3 Outono/12 1,2 enchente baixa 1 Outono/12 1,1 enchente baixa 3 Outono/12 1,2 enchente média 2 Outono/12 1,2 enchente alta 0 Outono/12 1 vazante média 0 Outono/12 1,2 enchente alta 1 Outono/12 1,2 vazante alta 0 Outono/12 1,4 enchente baixa 1 Outono/12 1,1 vazante média 0 Outono/12 1,1 vazante baixa 0 Outono/12 0,8 enchente baixa 2 Outono/12 1,4 enchente média 3 Outono/12 1,4 enchente alta 0 Outono/12 1,3 vazante baixa 6 Outono/12 1,4 enchente média 5 Outono/12 1,4 enchente alta 0 Outono/12 0,8 vazante alta 1 Outono/12 1,1 vazante média 5 Outono/12 1,1 vazante baixa 0 Outono/12 0,9 enchente alta 1 Outono/12 1,2 enchente alta 7 Outono/12 1,2 vazante alta 0 Inverno/12 1 vazante baixa 0 Outono/12 1,2 enchente alta 1 Outono/12 1,2 vazante alta 0 Inverno/12 1,1 vazante alta 2 Outono/12 1,2 enchente alta 6 Outono/12 1,2 vazante alta 0 Inverno/12 1,4 vazante média 2 Outono/12 1,2 enchente alta 3 Outono/12 1,2 vazante alta 0 Inverno/12 0,8 enchente alta 3 Outono/12 1,3 vazante média 0 Outono/12 1,3 vazante baixa 0 Inverno/12 1,2 vazante média 2 Outono/12 0,9 enchente média 1 Outono/12 0,9 enchente alta 1 Inverno/12 1,4 vazante alta 0 Inverno/12 1,3 vazante baixa 4 Inverno/12 1,3 enchente baixa 0 Inverno/12 1,5 vazante média 1 Inverno/12 1,3 enchente baixa 1 Inverno/12 1,3 enchente alta 0 Inverno/12 1 vazante alta 0 Inverno/12 1,3 vazante média 1 Inverno/12 0,5 vazante baixa 0 Inverno/12 1 vazante baixa 7 Inverno/12 0,5 enchente alta 6 Inverno/12 1,4 enchente alta 0 Inverno/12 1 vazante baixa 3 Inverno/12 0,5 vazante alta 2 Inverno/12 0,7 vazante baixa 0 Inverno/12 1,4 vazante alta 9 Inverno/12 1,4 vazante baixa 1 Inverno/12 1,5 enchente alta 0 Inverno/12 1,1 vazante baixa 0 Inverno/12 1,4 enchente baixa 1 Inverno/12 0,6 enchente média 3 Inverno/12 1,4 vazante média 2 Inverno/12 1,4 enchente média 1 Inverno/12 1,4 enchente alta 0 Inverno/12 1,5 vazante média 1 Inverno/12 0,7 enchente alta 1 Inverno/12 0,9 enchente baixa 7 Primavera/12 1,3 vazante baixa 1 39

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Inverno/12 0,7 vazante média 6 Inverno/12 1,4 enchente alta 0 Primavera/12 1,2 vazante média 0 Inverno/12 1,5 enchente baixa 1 Inverno/12 1 enchente média 0 Primavera/12 0,9 vazante alta 0 Inverno/12 0,6 vazante alta 2 Inverno/12 0,7 enchente baixa 0 Primavera/12 0,5 enchente alta 2 Inverno/12 0,6 vazante alta 9 Inverno/12 0,6 vazante alta 0 Primavera/12 0,9 enchente baixa 0 Inverno/12 1,4 enchente média 2 Inverno/12 1,4 enchente média 0 Primavera/12 1,6 vazante média 1 Inverno/12 0,9 vazante média 4 Inverno/12 0,9 vazante média 0 Primavera/12 1,1 vazante alta 0 Inverno/12 1,4 enchente média 2 Inverno/12 1,4 enchente média 0 Primavera/12 0,6 enchente alta 4 Inverno/12 1 vazante média 0 Inverno/12 1 vazante média 0 Primavera/12 1,1 enchente baixa 3 Inverno/12 0,7 enchente baixa 1 Inverno/12 0,7 enchente baixa 0 Primavera/12 0,8 enchente alta 0 Primavera/12 1,4 enchente baixa 0 Primavera/12 1,4 vazante alta 0 Primavera/12 0,8 enchente média 0 Primavera/12 1,3 enchente baixa 2 Primavera/12 1,3 enchente alta 0 Primavera/12 0,8 enchente alta 2 Primavera/12 0,9 vazante baixa 1 Primavera/12 0,9 enchente baixa 0 Primavera/12 0,7 enchente baixa 0 Primavera/12 0,6 vazante alta 0 Primavera/12 0,6 vazante baixa 0 Primavera/12 1 vazante baixa 1 Primavera/12 1,3 enchente alta 2 Primavera/12 1,3 vazante alta 0 Primavera/12 0,8 vazante alta 4 Primavera/12 1,6 enchente média 4 Primavera/12 1,6 enchente alta 5 Primavera/12 0,8 enchente alta 2 Primavera/12 1,1 vazante média 7 Primavera/12 1,1 enchente média 2 Primavera/12 1,1 vazante baixa 2 Primavera/12 0,7 enchente média 0 Primavera/12 0,7 vazante média 0 Primavera/12 1,4 vazante baixa 0 Primavera/12 1,1 enchente média 3 Primavera/12 1,1 vazante alta 0 Primavera/12 0,8 vazante alta 5 Primavera/12 0,6 vazante alta 0 Primavera/12 0,6 vazante baixa 0 Primavera/12 0,7 enchente média 4 Primavera/12 1 enchente alta 5 Primavera/12 1 vazante média 0 Verão/13 0,8 enchente baixa 0 Primavera/12 1,5 enchente média 2 Primavera/12 1,5 vazante alta 4 Verão/13 1 enchente baixa 2 Primavera/12 1,3 enchente baixa 2 Primavera/12 1,3 enchente alta 0 Verão/13 1,5 vazante alta 0 Primavera/12 0,8 vazante média 1 Primavera/12 0,8 enchente baixa 0 Verão/13 0,9 vazante alta 1 Primavera/12 0,8 vazante alta 7 Primavera/12 0,7 vazante baixa 0 Verão/13 0,5 enchente baixa 1 Primavera/12 0,7 enchente alta 0 Primavera/12 1 enchente alta 2 Verão/13 1 vazante baixa 0 Primavera/12 1 vazante baixa 5 Primavera/12 0,7 vazante baixa 0 Verão/13 0,6 enchente média 2 Primavera/12 0,7 vazante alta 3 Primavera/12 1,3 vazante média 0 Verão/13 0,7 enchente baixa 1 Primavera/12 1,3 enchente média 3 Primavera/12 1,5 enchente alta 0 Verão/13 0,4 enchente média 3 Primavera/12 1,5 enchente baixa 0 Primavera/12 1 enchente média 3 Verão/13 0,6 enchente baixa 0 40

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Primavera/12 1 vazante média 5 Primavera/12 1 vazante baixa 0 Verão/13 1,5 vazante média 3 Verão/12 0,5 vazante média 0 Verão/12 0,5 vazante baixa 0 Verão/13 1,6 vazante média 1 Verão/13 1 enchente média 0 Verão/13 1 vazante média 0 Verão/13 0,7 enchente alta 5 Verão/13 1,5 enchente média 0 Verão/13 1,5 enchente alta 0 Verão/13 0,6 enchente baixa 2 Verão/13 1,3 vazante média 3 Verão/13 1,3 enchente média 0 Verão/13 1,5 vazante média 1 Verão/13 1,3 vazante média 2 Verão/13 0,7 enchente média 0 Verão/13 1,4 vazante média 1 Verão/13 0,7 vazante média 4 Verão/13 0,8 vazante média 0 Verão/13 0,7 vazante alta 0 Verão/13 0,8 enchente alta 7 Verão/13 1,5 enchente alta 5 Verão/13 0,5 enchente média 0 Verão/13 1,5 enchente média 1 Verão/13 0,7 vazante média 0 Outono/13 1,5 vazante média 3 Verão/13 0,7 enchente média 0 Verão/13 1,4 vazante alta 0 Outono/13 1,6 vazante média 1 Verão/13 1,4 enchente baixa 0 Verão/13 0,5 vazante baixa 0 Outono/13 0,9 vazante alta 1 Verão/13 0,5 vazante alta 3 Verão/13 1,1 vazante alta 0 Outono/13 0,6 enchente média 3 Verão/13 1,1 enchente alta 5 Verão/13 1,6 enchente alta 2 Outono/13 1,3 vazante baixa 2 Verão/13 1,6 enchente média 1 Verão/13 0,5 vazante média 0 Outono/13 1,4 vazante média 1 Verão/13 1,6 enchente média 3 Verão/13 1,2 vazante alta 0 Outono/13 1 vazante alta 5 Verão/13 0,5 vazante alta 1 Verão/13 1,5 enchente média 0 Outono/13 0,7 enchente alta 1 Verão/13 1,2 enchente alta 4 Verão/13 1,2 enchente alta 4 Outono/13 1,2 vazante baixa 1 Verão/13 1,5 enchente baixa 0 Verão/13 0,5 enchente baixa 0 Outono/13 1,5 vazante média 1 Verão/13 1,2 enchente média 4 Verão/13 1,2 enchente alta 1 Outono/13 1,2 vazante alta 2 Verão/13 1,2 enchente média 1 Verão/13 1,2 enchente alta 1 Outono/13 0,8 enchente alta 1 Verão/13 0,5 vazante média 3 Verão/13 0,5 vazante baixa 0 Outono/13 1,1 vazante baixa 1 Outono/13 0,8 enchente alta 0 Outono/13 0,8 vazante média 0 Outono/13 1,2 vazante média 1 Outono/13 1,5 enchente média 5 Outono/13 1,5 vazante média 0 Outono/13 1,1 vazante média 0 Outono/13 1,3 enchente baixa 2 Outono/13 1,3 enchente alta 1 Outono/13 0,9 vazante alta 3 Outono/13 1,3 enchente média 1 Outono/13 0,7 enchente baixa 0 Outono/13 0,9 enchente baixa 2 Outono/13 1,3 enchente média 5 Outono/13 0,9 vazante alta 0 Outono/13 0,7 vazante média 1 Outono/13 0,7 vazante média 1 Outono/13 1,4 enchente alta 0 Outono/13 1,1 vazante alta 1 Outono/13 0,9 enchente alta 3 Outono/13 1,2 enchente média 0 Inverno/13 1,5 vazante média 2 Outono/13 1,4 enchente baixa 0 Outono/13 0,7 enchente baixa 0 Inverno/13 1,4 vazante alta 1 41

Referências

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