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Dieta de golfinhos e sobreposição trófica com a pesca de arrasto na costa central do Brasil. Gabriel Martín Rupil

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Dieta de golfinhos e sobreposição trófica com a pesca de arrasto na costa central do Brasil 1

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Gabriel Martín Rupil 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21

(2)

Resumo: Com o intuito de avaliar o grau de sobreposição trófica entre golfinhos e a pesca 22

de arrasto na costa central do Brasil, a dieta de golfinhos foi caracterizada e a composição 23

ictiofaunística da captura da pesca de arrasto em Conceição da Barra foi estimada. A dieta de 24

três espécies de cetáceos odontocetos foi investigada por meio da análise de conteúdo 25

estomacal. Em total, foram analisadas 54 amostras de Sotalia guianensis, 18 de Pontoporia 26

blainvillei e uma de Tursiops truncatus. A composição ictíica de 45 arrastos realizados entre 27

maio de 2014 e julho de 2015 foi estimada. Com relação à sobreposição trófica, a 28

diferenciação na composição de presas foi testada e analisada através de uma série de 29

análises multivariadas. O grau de sobreposição de nicho trófico entre os componentes 30

comparados foi estimado utilizando o índice de Horn. Diferentes padrões ecológicos foram 31

descritos a partir de ferramentas de modelagem de redes tróficas. Com relação à dieta de 32

Sotalia guianensis, os cefalópodes foram o tipo de presa mais freqüente e Isopisthus 33

parvipinnis foi a segunda presa mais freqüente. Já para Pontoporia blainvillei, Isopisthus 34

parvipinnis foi a presa mais freqüente. A família Scianidae apresentou o maior número de itens 35

identificados para todos os componentes de nível trófico superior avaliados. Este estudo 36

contribui com novos registros de presas para a dieta de golfinhos na região. Realizou-se a 37

primeira descrição da dieta de Pontoporia blainvillei no litoral norte do Espírito Santo. No 38

referente aos resultados obtidos a partir da análise da rede trófica, observou-se um alto grau 39

de sobreposição trófica entre Pontoporia blainvillei e os outros dois grupos tróficos de nível 40

superior avaliados. A partir do presente estudo, podemos afirmar que Pontoporia blainvillei é a 41

espécie de golfinho mais susceptível a sofrer o possível impacto da competição. Dentre as 42

espécies de peixes consideradas neste estudo, Isopisthus parvipinnis é possívelmente a 43

espécie mais vulnerável à sobre-exploração pesqueira na região do estudo. 44

45

46

(3)

1.1. Introdução 48

A dieta e as preferências alimentares de uma dada espécie determinam sua localização dentro 49

de uma rede trófica, e definem sua função ecossistêmica. Neste contexto, os mamíferos marinhos 50

localizam-se normalmente na posição de topos de cadeia da estrutura trófica, e, portanto, 51

acredita-se que eles cumpram uma função crucial dentro das comunidades marinhas e estuarinas 52

(Bowen, 1997; Pauly et al., 1998a). 53

Durante as últimas décadas, pesquisadores têm sugerido que os impactos de origem antrópica 54

e a consequente diminuição da abundância nas populações de mamíferos marinhos, podem ter 55

acarretado em prejuízos permanentes na estabilidade dos ecossistemas. A pesca intensiva é 56

considerada uma das atividades humanas com maior interferência nas taxas de recuperação das 57

populações desses animais (Bowen, 1985; Parson, 1992; Crespo et al., 1997; Pauly et al., 1998b; 58

Springer et al., 2003,), principalmente pelo impacto da diminuição dos recursos alimentares e 59

captura acidental. Paralelamente, conforme ao agravamento da crise mundial pesqueira, já tem 60

se discutido os possíveis efeitos que os mamíferos marinhos poderiam exercer sobre a pesca, ao 61

competirem diretamente pelos recursos alimentares disponíveis (Butterworth et al., 1988; Bowen, 62

1997). 63

A partir dessa contraposição, torna-se de extrema importância se identificar quais os recursos 64

que realmente estão sendo consumidos pelos mamíferos marinhos, a fim de se entender qual a 65

função que estes animais cumprem no ecossistema (Yodzis, 2001), uma vez que em uma rede 66

trófica ainda bem mais complexa, as interações tróficas indiretas poderiam ter um efeito maior do 67

que as interações diretas (Lavigne, 1995; Yodzis, 2000). Ou seja, que o efeito da predação de 68

uma dada espécie sobre uma segunda espécie (interação direta) pode mudar significativamente 69

ao mudar a densidade de uma terceira (ou mais) espécie, independente da posição desta na rede 70

trófica. 71

Assim, nas últimas décadas, o estudo do papel ecológico dos mamíferos marinhos e seu grau 72

de interação com a pesca tornaram-se foco do interesse de muitos pesquisadores (Crespo et al., 73

1997, Trites et al., 1997; Kaschner et al., 1998, Kaschner & Pauly, 2005, Pauly et al., 1998b, 74

(4)

Szteren et al., 2004; Romero et al., 2011). Os impactos causados pela crescente pressão da 75

pesca sobre as populações de mamíferos marinhos são uma problemática que torna necessária a 76

realização de pesquisas que visem à conservação e o ordenamento sustentável dos recursos 77

naturais e pesqueiros. 78

Embora várias pesquisas já tenham avaliado o tipo de relação trófica entre os golfinhos e a 79

pesca, a maioria desses estudos visou quantificar o grau de sobreposição alimentar de recursos 80

entre os componentes, não tendo sido considerados outros importantes aspectos da estrutura da 81

comunidade marinha, como por exemplo, a contribuição da presa na composição da dieta de 82

cada predador. A sobreposição alimentar tem sido estimada por muitos pesquisadores utilizando-83

se algum tipo de medida univariada, como os índices de sobreposição trófica. Porém, estes 84

índices são insuficientes para descrever outras importantes características de uma rede trófica, 85

tornando-se necessária uma abordagem mais ampla nos estudos de sobreposição trófica, 86

visando à construção de uma modelagem que possa descrever a natureza das relações tróficas 87

entre todos os componentes de um determinado sistema em estudo. 88

No presente estudo, analisou-se a composição da dieta de três espécies de cetáceos 89

odontocetos que ocorrem no litoral brasileiro: Sotalia guianensis (van Benédén, 1864), Tursiops 90

truncatus (Montagu, 1821), e Pontoporia blainvillei (Gervais & D`orbigny, 1844). 91

Sotalia guianensis, popularmente conhecido como boto-cinza é um pequeno odontoceto 92

pertencente à família Delphinidae, de hábito costeiro e estuarino. Distribui-se ao longo da costa 93

leste da América do Sul, de Honduras (15° 58´ N) (Da Silva & Best, 1996) a Baía Norte de Santa 94

Catarina, Brasil (Simões-Lopes, 1988). De acordo com a classificação do IUCN, Sotalia 95

guianensis apresenta status de “dados insuficientes”. Entretanto, de acordo com a lista brasileira 96

de espécies ameaçadas de extinção de 2014, esta espécie no Brasil está categorizada como 97

“vulnerável” (VU) (Ministério do Meio Ambiente, 2014). 98

A toninha (Pontoporia blainvillei), também conhecida como franciscana no Uruguai e 99

Argentina, é uma espécie de pequeno cetáceo de hábitos costeiros e estuarinos, representante 100

(5)

único da família Pontoporiidae, que está distribuída desde Itaúnas (18°25`S), no norte do Espírito 101

Santo, Brasil, até o Golfo San Matías (41°10`S), na Patagônia Argentina (Crespo et al., 2009). 102

Pontoporia blainvillei é uma espécie classificada na categoria de “vulnerável” pela IUCN. Porém, 103

de acordo com a lista brasileira de espécies ameaçadas de extinção de 2014 esta espécie está 104

categorizada como “criticamente em perigo” (CR) sendo o cetáceo mais ameaçado da costa 105

brasileira (Ministério do Meio Ambiente, 2014). 106

O golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) habita águas temperadas e tropicais do 107

mundo inteiro. Existem populações costeiras que podem migrar para baias, estuários e bocas de 108

rios. Também existem populações oceânicas que habitam ambientes pelágicos ao longo da 109

plataforma continental. Esta espécie se distribui em todos os oceanos do mundo entre as latitudes 110

45° N e 45° S. Segundo a IUCN, a categoria de conservação desta espécie é “pouco ameaçada”. 111

Entretanto, de acordo com a lista brasileira de espécies ameaçadas de extinção de 2014, esta 112

espécie no Brasil está categorizada como “dados insuficientes” (DD) (Ministério do Meio 113

Ambiente, 2014). 114

A dieta de Sotalia guianesis foi inicialmente investigada no Brasil por Carvalho (1963) e 115

Borobia & Barros (1989). Nos últimos anos, a dieta e a alimentação de Sotalia guianensis tem 116

sido amplamente estudada, sendo alguns estudos desenvolvidos no litoral do Espírito Santo e sul 117

da Bahia (Cremer et al., 2012, Girundi, 2013, Di Beneditto et al., 2004, Di Beneditto et al., 2009, 118

Di Beneditto et al., 2011, Lopes et al., 2012, Pansard et al., 2010, Rodrigues, 2014). Embora 119

muito tenha se avançado no conhecimento sobre sua ecologia alimentar, estudos adicionais 120

sobre a dieta desta espécie podem contribuir a um maior conhecimento sobre o funcionamento 121

das redes tróficas marinhas. Já para Pontoporia blainvillei e Tursiops truncatus os registros sobre 122

a composição da dieta no Espírito Santo são praticamente inexistentes, tornando-se necessária a 123

realização de pesquisas que visem uma maior compreensão sobre a alimentação do golfinho-124

nariz-de-garrafa e da toninha no extremo norte da sua área de distribuição. 125

126

1.2. Objetivos 127

(6)

1.2.1. – Objetivo geral 128

Este estudo visou avaliar a sobreposição de nicho trófico entre golfinhos e a pesca de 129 arrasto. 130 131 1.2.2. – Objetivos específicos: 132

 Investigar a composição da dieta de golfinhos do litoral sul da Bahia e do Espírito 133

Santo. 134

 Estimar a composição íctica da pesca de arrasto em Conceição da Barra, litoral 135

norte do Espirito Santo. 136

 Avaliar as relações predador-presa e o grau de sobreposição trófica entre golfinhos 137

e a pesca de arrasto. 138

 Avançar na construção de uma modelagem de rede trófica da comunidade marinha 139

na costa central do Brasil. 140

141

2. Metodologia 142

2. 1. Análise da composição da dieta dos golfinhos 143

2. 1. 1. Área de estudo 144

As amostras analisadas neste estudo foram obtidas a partir de carcaças coletadas ao 145

longo de uma faixa costeira entre a cidade de Belmonte (15.87°S - 38.86°W) no litoral sul da 146

Bahia e a cidade de Marataízes (21.07°S – 40.83°W) no litoral sul do Estado do Espírito Santo 147

(figura 1). 148

A área sob estudo abrange grande parte da região do Banco dos Abrolhos na sua seção 149

norte, enquanto atinge o extremo sul do ES na sua seção sul. A região do banco dos Abrolhos é 150

um alargamento da plataforma continental localizada entre o sul do estado da Bahia e a foz do 151

Rio Doce, no norte do ES (Muehe, 2001). Esta região caracteriza-se por possuir um infralitoral de 152

(7)

grande heterogeneidade de habitats, incluindo bancos de algas calcárias, fundos inconsolidados 153

e recifes de arenito e coralinos. A profundidade média ao longo do banco varia entre 30 e 60 m e 154

a extensão máxima do alargamento chega a 220 km. Esta região é considerada um “hot spot” de 155

biodiversidade marinha no Atlântico Sul (Dutra et al., 2006). Em termos oceanográficos, na 156

porção norte da área de estudo ocorre o predomínio de águas oligotróficas tropicais da corrente 157

do Brasil, enquanto que no sul observa-se uma pequena influência sazonal de ressurgências 158

costeiras (Schmid et al., 1995). 159

(8)
(9)

Figura 1. Área de estudo. Os pontos na linha de costa indicam local de encalhe de 162

golfinhos entre 2007 e 2015 e de arrastos realizados em Conceição da Barra, litoral norte 163

do Espírito Santo, Brasil. 164

165

166

2. 1. 2. Amostragem 167

Os conteúdos estomacais de um total de 73 indivíduos encalhados entre junho de 2007 e 168

abril de 2015 foram analisados. Desse total, 54 amostras correspondem a exemplares de Sotalia 169

guianensis (“So_gu”), 18 de Pontoporia blainvillei (“Po_bl”) e apenas uma da espécie Tursiops 170

truncatus (“Tu_tr”). 171

Os encalhes foram atendidos seguindo as recomendações da Rede de Encalhes de 172

Mamíferos Marinhos do Brasil (REMAB), realizados pelo Instituto Baleia Jubarte e o Instituto 173

ORCA, nas seções norte e sul da área de estudo respectivamente. Durante as necrópsias, 174

registraram-se os dados biológicos dos exemplares. Foram levantados dados referentes à 175

classificação taxonômica, comprimento total, peso, medidas alométricas, sexo, estágio de 176

maturação, estado da carcaça e marcas de interação com artefatos de pesca. A carcaça foi 177

fotografada, posteriormente descarnada e os ossos coletados e acondicionados para maceração. 178

Amostras de tecidos para análise de DNA também foram coletadas. 179

Com relação aos estômagos, a repleção foi visualmente avaliada. Em seguida, os 180

estômagos foram amarrados com nó cirúrgico no trato entre o esôfago e o intestino delgado, 181

retirados e eventualmente conservados a -10°C até o momento da triagem. No processo de 182

triagem, os estômagos foram dissecados e os conteúdos removidos das mucosas com o auxílio 183

de água corrente e peneiras de 1 mm de malha. Presas semidigeridas identificadas no momento 184

da triagem foram imediatamente fotografadas e todo o conteúdo foi lavado, triado a olho nu e 185

secado ao abrigo do sol. Os itens utilizados no processo de identificação, tais como otólitos de 186

teleósteos, bicos de cefalópodes, conchas de moluscos e carapaças de crustáceos foram 187

separados. No laboratório, estes itens foram lavados em solução aquosa com detergente neutro e 188

(10)

os materiais aderidos foram removidos com o auxílio de um pincel, lavados novamente com 189

abundante água corrente, secados entre 24 e 48 horas em estufa a 60°C e armazenados para 190 posterior identificação. 191 192 2. 1. 3. Análise de dados 193 194

2. 1. 3. 1. Identificação das presas 195

A composição da dieta dos golfinhos foi estimada pela metodologia baseada na análise 196

dos conteúdos estomacais (Cortés et al., 1997), sendo cada estômago considerado uma amostra. 197

Os otólitos são estruturas rígidas formadas por concreções de carbonato de cálcio presentes no 198

ouvido interno dos peixes. Eles são encontrados normalmente no estômago e trato digestivo das 199

espécies ictiófagas, têm alta especificidade morfológica, possuem caracteres taxonômicos e 200

fornecem, portanto, uma ferramenta consistente para a identificação das espécies ícticas (Corrêa 201

et al., 1993). A identificação de otólitos sagitais foi realizada até o menor nível taxonômico 202

possível com o auxílio de catálogos de referência (Abilhôa et al., 1993, Baremore et al., 2010, 203

Corrêa et al., 1993, Lemos et al., 1993, Lemos et al., 1995a, Lemos et al., 1995b, Rossi-204

Wongtschowski et al., 2014), teses (Pansard, 2009, Silva, 2011) e com material próprio do 205

Laboratório de Zoologia de Vertebrados do CEUNES-UFES (ver anexo). Neste último caso, a 206

partir do material coletado pela equipe do Laboratório de Zoologia de Vertebrados do CEUNES-207

UFES, exemplares de várias espécies de teleósteos foram selecionados e por meio de uma 208

incisão com bisturi na região posterior do crânio por trás dos olhos (ou pela região ventral no caso 209

dos bagres), os otólitos sagitais foram retirados, lavados com água, secados e armazenados. 210

A estimativa do número total de indivíduos de teleósteos nas amostras do conteúdo 211

estomacal foi estimada por meio da contagem do maior número de otólitos sagitais de cada lado 212

(esquerdo ou direito) para cada item identificado, enquanto para cefalópodes se contabilizou o 213

(11)

maior número de bicos superiores ou inferiores. O número total de télsons de crustáceos e de 214

conchas de moluscos também foi contabilizado. 215

O processo de identificação de presas de teleósteos consumidos pelos odontocetos, 216

apesar da alta especificidade dos otólitos, nem sempre é preciso. Em muitos casos, o 217

detalhamento dos itens é perdido por conta do desgaste produzido pelos ácidos estomacais, 218

dificultando a identificação até o nível de espécie. Em conseqüência, neste estudo, substituiu-se o 219

termo de espécie pelo de “categoria de presa”, sendo que nem todos os itens foram identificados 220

até o nível taxonômico de espécie. 221

Após a identificação, todas as amostras do conteúdo estomacal e as presas identificadas 222

foram acondicionadas, etiquetadas e a informação tombada em um livro. O material analisado foi 223

depositado e é conservado atualmente na Coleção Zoológica do CEUNES-UFES. 224

225

2. 1. 3. 2. Descrição da dieta 226

A contribuição de cada presa na composição da dieta de cada espécie de odontoceto foi 227

definida através de uma série de descritores, a saber: o número total de presas contabilizadas e o 228

número de ocorrências. Adicionalmente foram calculadas a freqüência de ocorrência e a 229

importância numérica. A freqüência de ocorrência (%FO) é definida como a relação que existe 230

entre o número de estômagos em que uma determinada presa ocorre e o número total de 231

estômagos com presença de itens alimentares, expressa em porcentagem. A importância 232

numérica (%N) é definida como a relação entre o número de itens identificados de cada presa, 233

dividido pelo número total de itens identificados, expressa em porcentagem. O “rank” foi feito em 234

função à freqüência de ocorrência e à importância numérica (para aquelas espécies que 235

apresentaram valores iguais de freqüência de ocorrência). 236

Na classificação ecológica das categorias de presas identificadas foram consideradas as 237

guildas verticais (GV) e tróficas (GT) e a permanência em ambiente estuarino (PE). As guildas 238

verticais (posição preferencial na coluna d`água que cada presa habita) foram definidas como: 239

(12)

demersal (D), pelágica (P) e bentônica (BT). As guildas tróficas foram definidas como: detritívoras 240

(De), herbívoras (HV), nectofágicas (Ne), piscívoras (PV), zoobentofágicas (ZB), 241

zooplanctofágicas (ZP). Com relação ao grau de permanência em ambiente estuarino (PE), foram 242

definidos dois grupos: estuarino-visitante (EV) e estuarino-residente (ER). Também foram 243

encontradas presas que habitam ambientes estritamente recifais (R) e uma espécie cuja forma 244

adulta é de ocorrência predominantemente oceânica (Oc). Adicionalmente, as presas foram 245

classificadas com relação à capacidade de emissão de sons (ES) e a importância econômica (IE) 246

(Figueiredo & Menezes, 1978, Figueiredo & Menezes, 1980, Figueiredo & Menezes, 2000, 247

Menezes & Figueiredo 1980, Menezes & Figueiredo 1985, Elliot et al., 2007, Froese & Pauly, 248

2011). 249

Os indivíduos analisados também foram classificados conforme a espécie, estado de 250

maturação e sexo do exemplar. Riqueza (S) e o índice de diversidade de Shannon (H loge) foram 251

calculados para machos e fêmeas nos diferentes estágios de maturação. 252

2.2.1. Captura da pesca de arrasto no litoral norte do estado do Espírito Santo 253

A composição ictiofaunística da pesca de arrasto foi estimada a partir de dados obtidos no 254

projeto “Peixes do estuário do rio São Mateus (ES): variações espaço-temporais na estrutura e 255

composição” desenvolvido pela equipe do Laboratório de Zoologia de Vertebrados do CEUNES-256

UFES. No período de maio de 2014 a julho de 2015, um total de 45 arrastos (correspondentes a 257

três arrastos por amostragem mensal) foi realizado no litoral marinho próximo à foz do rio São 258

Mateus, em Conceição da Barra, ES. A área de estudo, localiza-se no norte do Estado do Espírito 259

Santo. 260

O estuário do rio São Mateus apresenta o regime micromareal, com marés semidiurnas, 261

com médias de marés de 0,8 m, com intervalo médio entre 0,1 e 1,5 m (Diretoria de Hidrografia e 262

Navegação, Ministério da Marinha). O clima da região é tropical úmido. Em termos 263

oceanográficos, ocorre o predomínio de águas oligotróficas tropicais da corrente do Brasil 264

(Schmid et al., 1995). Os arrastos foram realizados numa área de plataforma continental rasa. No 265

(13)

estofo de baixa mar de quadratura, foram realizados três arrastos, de 5 minutos com uma rede 266

tipo balão de 15 m, com a boca medindo 3 m de diâmetro. A malha da rede no corpo e no 267

ensacador apresentava 3 e 2,5 cm, respectivamente, medida esticada entre nós não adjacentes. 268

Duas bóias com 15 cm de diâmetro foram dispostas na tralha superior e 50 chumbadas com 20 g 269

cada na tralha inferior. Cada porta de madeira pesava 15 kg. O artefato foi confeccionado com 270

linha de polipropileno, cuja espessura é de 1 mm no corpo da rede e 2 mm no ensacador. 271

No campo, todos os peixes foram acondicionados em sacos plásticos devidamente 272

identificados quanto a amostras, sendo cada arrasto (“Trawl”) uma amostra. Em seguida, foram 273

armazenados em uma caixa de poliestireno com gelo durante o transporte até o Laboratório de 274

Zoologia de Vertebrados do CEUNES-UFES, onde os exemplares foram mantidos em congelador 275

até o momento de realização da identificação e biometria. Coordenadas, parâmetros ambientais 276

oceanográficos e profundidade média também foram estimados durante os arrastos. 277

No laboratório, os peixes foram identificados até o nível de espécie sempre que possível. 278

Para tal fim, foram utilizados manuais de referência (Figueiredo, 1977, Figueiredo & Menezes 279

1978, Figueiredo & Menezes 1980, Figueiredo & Menezes 2000, Menezes & Figueiredo, 1980, 280

Menezes & Figueiredo, 1985). O material identificado foi fixado em formol 10% e conservado em 281

álcool 70%, depositado na coleção do CEUNES-UFES. 282

A Importância foi estimada em termos freqüência de ocorrência (%O) e importância 283

numérica (%N) para todas as espécies capturadas nos arrastos. 284

285

2.3. Análise da sobreposição trófica 286

A modelagem da rede trófica e a sobreposição de nicho trófico entre duas espécies de 287

odontocetos (Sotalia guianensis e Pontoporia blainvillei) e a pesca de arrasto foram avaliadas 288

exclusivamente para a composição de presas de teleósteos. No presente estudo, a pesca de 289

arrasto foi considerada como um tipo de predador a interagir na estrutura da comunidade 290

marinha. Portanto, os grupos tróficos de nível superior avaliados são chamados indistintamente 291

(14)

de “grupos” ou “predadores”. Logo, analisou-se um sistema a um fator (tipo de predador) com três 292

níveis (pesca de arrasto, Pontoporia blainvillei e Sotalia guianensis). 293

Todas as análises foram feitas com R versão 3.1.2 (R Development Core Team, 2014). 294

Como primeiro passo, a influência da remoção dos itens de identificação problemática foi 295

avaliada utilizando-se a função protest (“PROCRUSTES”) em “Vegan” (Oksanen et al., 2015) com 296

linguagem de programação R, prévia transformação logarítmica das configurações comparadas 297

com 1*104 permutações. A função protest testa o grau de aleatoriedade (“significância”) entre

298

duas configurações. Ou seja, é possível estimar com esta análise quanto dois conjuntos de dados 299

se correlacionam entre si. 300

A variação entre os grupos foi avaliada por meio de uma análise de variância multivariada 301

(“PERMANOVA”), aplicando aos dados transformação logarítmica e utilizando a função adonis 302

em “Vegan” (Oksanen et al., 2015), com 999 permutações. 303

A heterogeneidade na dispersão entre e dentro dos grupos (“predadores”) foi testada 304

também por meio da função betadisper em “Vegan” (Oksanen et al., 2015), utilizando a função 305

vegdist com medida de distância “Bray-Curtis”. A significância foi testada mediante as funções 306

anova e permutest com 999 permutações em Vegan. 307

A contribuição relativa das categorias de presas nos grupos foi avaliada desde uma 308

perspectiva multivariada por meio de uma análise de correspondência canônica (CCA) (Ter 309

Braak, 1986), utilizando a função cca em Vegan (Oksanen et al., 2015). Ao se aplicar esta 310

análise, as espécies raras foram excluídas arbitrariamente por causa do interesse do próprio 311

pesquisador em identificar aquelas espécies que pudessem estar se sobrepondo na dieta dos 312

diferentes predadores e avaliar a relevância relativa delas na composição de presas dos grupos. 313

Contudo, possíveis efeitos da remoção de espécies raras e de diferentes tipos de transformações 314

aplicadas aos dados da matriz resposta no resultado global da ordenação foram avaliados com 315

função procrustes em Vegan. A cca foi aplicada a uma matriz de dados binários (presença-316

ausência) e as espécies raras foram excluídas conforme o seguinte critério: espécies que 317

ocorrem em apenas uma unidade amostral com até dois indivíduos contabilizados foram 318

(15)

consideradas raras. A significância da análise foi testada mediante uma análise da variância 319

(função anova. cca, em Vegan). 320

A visualização, modelagem da rede trófica e descrição de padrões ecológicos do sistema 321

sob estudo foram analisadas por meio de um conjunto de funções em “Bipartite” (Dormann et al., 322

2008, Dormann et al., 2009, Dormann, 2011) com linguagem de programação R. O grau de 323

sobreposição de nicho trófico entre predadores foi estimado por meio do índice de Horn, 324

utilizando a função networklevel em bipartite. Com o intuito de avaliar a relevância das presas 325

(“nível inferior”) na composição da dieta dos predadores (“nível superior”), estimou-se a força e a 326

especificidade das espécies por meio da função specieslevel em bipartite. A força da espécie 327

(“species strength”) é uma medida que quantifica a relevância de uma espécie na interação em 328

relação ao conjunto de espécies do mesmo nível trófico. A especificidade da espécie (“species 329

specificity”) é o coeficiente de variação das interações normalizado para variar de 0 a 1 seguindo 330

a idéia de Julliard et al. (2006) e conforme proposto por Poisot et al. (2012). Valores de 0 e de 1 331

indicariam baixa e alta especificidade, respectivamente. 332

333

3. Resultados 334

Dos 54 indivíduos de Sotalia guianensis considerados neste estudo, com relação ao sexo 335

dos exemplares, 24 foram machos, 13 fêmeas e 17 foram indivíduos de sexo indeterminado. Com 336

relação ao estágio de maturação, 26 foram adultos, 17 juvenis e 11 indeterminados. Dos 18 337

indivíduos de Pontoporia blainvillei considerados, três foram machos, seis fêmeas e nove de sexo 338

indeterminado. Desses 18 indivíduos, quatro foram adultos, 13 juvenis e um exemplar de estágio 339

de maturação indeterminado. Já o único exemplar estudado da espécie Tursiops truncatus foi um 340

macho adulto. 341

Com relação à dieta de Sotalia guianensis, 1447 presas foram identificadas, sendo que 342

1323 (91,4%) corresponderam a peixes ósseos, 119 (8,2%) a cefalópodes, três (0,2%) a 343

indivíduos pertencentes à subordem Dendrobranchiata e duas (0,1%) a gastrópodes. Estes três 344

últimos grupos não puderam ser identificados em níveis taxonômicos inferiores. Do total de 345

(16)

teleósteos encontrados, 47,2% corresponderam a indivíduos pertencentes à família Scianidae 346

(tab. 1). 347

Para Pontoporia blainvillei, 624 presas foram identificadas, correspondendo 611 (97,1%) a 348

peixes ósseos, nove a cefalópodes (0,1%) e apenas uma (<0,1%) a gastrópode. Do total de 349

teleósteos, 65,6 % corresponderam a presas pertencentes à família Scianidae (tab. 2). 350

Na única amostra de conteúdo estomacal analisada da espécie Tursiops truncatus, 72 351

presas foram encontradas, das quais 31 (43%) corresponderam a presas pertencentes ao gênero 352

Centropomus, 29 (39,2%) à espécie Cynoscion guatucupa (Cuvier, 1830), 11 (15,3%) a 353

Cynoscion jamaicensis (Vaillant & Bocourt, 1883) e apenas um (<0,1%) a cefalópode (tab. 3). 354

No caso de Sotalia guianensis, o tipo de presa com a maior freqüência de ocorrência foram 355

os cefalópodes, sendo que Isopisthus parvipinnis foi a espécie de segunda maior importância em 356

termos de freqüência de ocorrência. Já para Pontoporia blainvillei, Isopisthus parvipinnis foi a 357

espécie mais importante, sendo os cefalópodes as presas com segunda maior freqüência de 358

ocorrência. 359

Na análise de conteúdos estomacais, a identificação de espécies dentro do gênero Stellifer 360

foi problemática, com a única exceção de Stellifer brasiliensis, cuja identificação é inequívoca. Por 361

causa disso, definiu-se a categoria Stellifer spp., que pode agrupar a um complexo de espécies 362

do gênero Stellifer, a saber: Stellifer rastrifer (Jordan, 1889), Stellifer stellifer (Bloch, 1790), 363

Stellifer naso (Jordan, 1889) e Stellifer sp.. 364

(17)

Tabela 1: Importância e classificação das presas consumidas por Sotalia guianensis no litoral sul 365

da Bahia e Espírito Santo. Abreviações: Cod=código, N=número de indivíduos, O= número de 366

ocorrências, %O=freqüência de ocorrência, %N=importância numérica, GV=guilda vertical, 367

GT=guilda trófica, PE=permanência no estuário, ES=emissão de som, IE=importância econômica, 368

D=demersal, P=pelágico, B=bentônico, De=detritívoro, HV=herbívoro, Ne=nectofágico, 369

PV=piscívoro, ZB=zoobentofágico, ZP=zooplanctofágico, EV=estuarino-visitante, ER=estuarino-370

residente, R=recifal, S=sim, N=não. Espaços em branco indicam que não se encontrou 371

informação na literatura. 372

(18)

373 374 375 376

(19)

Tabela 1 (continuação): Importância e classificação das presas consumidas por Sotalia 377

guianensis no litoral sul da Bahia e Espírito Santo. Abreviações: Cod=código, N=número de 378

indivíduos, O= número de ocorrências, %O=freqüência de ocorrência, %N=importância numérica, 379

GV=guilda vertical, GT=guilda trófica, PE=permanência no estuário, ES=emissão de som, 380

IE=importância econômica, D=demersal, P=pelágico, B=bentônico, Ne=nectofágico, 381

ZB=zoobentofágico, EV=estuarino-visitante, ER=estuarino-residente, S=sim, N=não. Espaços em 382

branco indicam que não se encontrou informação na literatura. 383 384 385 386 387 388 389 390 391

(20)

Tabela 2. Importância e classificação de presas consumidas por Pontoporia blainvillei no litoral 392

norte do Espírito Santo. Abreviações: Cod=código, N=número de indivíduos, O= número de 393

ocorrências, %O=freqüência de ocorrência, %N=importância numérica, GV=guilda vertical, 394

GT=guilda trófica, PE=permanência no estuário, ES=emissão de som, IE=importância econômica, 395

D=demersal, P=pelágico, B=bentônico, Ne=nectofágico, ZB=zoobentofágico, 396

ZP=zooplanctofágico, EV=estuarino-visitante, ER=estuarino-residente, S=sim, N=não. 397

398 399

(21)

Tabela 3. Importância e classificação de presas consumidas por Tursiops truncatus no litoral do 401

Espírito Santo. Abreviações: Cod=código, O= número de ocorrências, N=número de indivíduos 402

%O=freqüência de ocorrência, %N=importância numérica, GV=guilda vertical, GT=guilda trófica, 403

PE=permanência no estuário, ES=emissão de som, IE=importância econômica, D=demersal, 404

B=bentônico, Ne=nectofágico, ZB=zoobentofágico, EV=estuarino-visitante, Oc=oceânico, S=sim, 405

N=não. Os traços indicam que não foi estimada a %O para esta espécie de golfinho. 406

407 408

Conforme a classificação ecológica de presas, a caracterização da dieta de golfinhos 409

mostrou um amplo espectro de recursos utilizados por estes animais, indicando alta plasticidade 410

alimentar. Com relação à guilda vertical, foram encontradas presas demersais, pelágicas e 411

bentônicas na composição da dieta de Sotalia guianensis e de Pontoporia blainvillei. Na única 412

amostra de conteúdo estomacal analisada de Tursiops truncatus, foram encontradas apenas 413

presas demersais e bentônicas. Verificou-se que espécies de peixes demarsais apresentaram 414

predominância na composição da dieta de golfinhos. Com relação à guilda trófica, presas 415

nectofágicas, zooplanctofágicas e zoobentônicas foram encontradas, indicando o importante 416

papel ecológico dos golfinhos no ecossistema marinho. Presas com relação a ambientes 417

estuarinos foram predominantes, principalmente na dieta Pontoporia blanvillei. É importante 418

destacar a ocorrência de presas com capacidade de emitir sons e de importância econômica, 419

principalmente scianídeos. 420

Evidenciou-se que a localização geográfica tem influência na ocorrência de algumas 421

espécies de presas. A espécie Elops saurus, por exemplo, apresentou somente duas ocorrências 422

restritas à região de Anchieta, no litoral sul do Espírito Santo, para dois exemplares de Sotalia 423

guianensis, correspondendo a um macho adulto e a uma fêmea adulta, encalhados na Praia do 424

Centro e na Praia de Parati-UBU nos meses de outubro e novembro do ano de 2014, 425

respectivamente. 426

(22)

427

No referente à pesca de arrasto, identificou-se um total de 3344 indivíduos de 48 espécies. 428

Apenas dois indivíduos foram condríctios, sendo os restantes teleósteos. Do total de indivíduos 429

identificados, 74,49% foram exemplares pertencentes à família Scianidae. Algumas das espécies 430

que apresentaram os maiores valores de freqüência de ocorrência foram: Stellifer rastrifer 431

(84,44%), Paralonchurus brasiliensis (84,44%), Isopisthus parvipinnis (75,56%), Stellifer 432

brasiliensis (73,33%), dentre outras (tab. 5). 433

Tabela 5. Composição íctica da captura da pesca de arrasto em Conceição da Barra. 434

Abreviações: Cod=código, O=número de ocorrências, N=número de indivíduos, 435

%O=freqüência de ocorrência, %N=importância numérica. 436

437

(23)

439

440

441

Tabela 5 (continuação). Composição de peixes da pesca de arrasto em Conceição da 442

Barra. Abreviações: Cod=código, O=número de ocorrências, N=número de indivíduos, 443

%O=freqüência de ocorrência, %N=importância numérica. (*) categoria de presa. 444

445 446

447

Com relação à sobreposição trófica, analisou-se um sistema com um total de 114 unidades 448

amostrais, das quais 52 corresponderam a unidades amostrais de conteúdo estomacal de Sotalia 449

guianensis, 45 a arrastos, e 17 a amostras de Pontoporia blainvillei. A espécie Tursiops truncatus 450

não foi incluída nestas análises por não possuir réplicas. 451

(24)

Para fins comparativos, com a única exceção de Stellifer brasiliensis, as espécies do 452

gênero Stellifer encontradas nos arrastos foram arbitrariamente agrupadas dentro da categoria 453

Stellifer spp. (“St_sp”). 454

Após a remoção das categorias de presas de identificação problemática, a saber: 455

Carangidae Ni, Engraulidae Ni, Haemulidae Ni e Pleuronectiformes Ni, na análise PROCRUSTES 456

(protest, m2=0,184, R2=0,903, p<0,001) comparou-se duas matrizes com 73 e 69 variáveis. 457

A análise de variância multivariada (adonis, pseudo-F=13,838, R2=0,199, p=0,001) mostrou 458

heterogeneidade na composição de presas de teleósteos em função ao tipo de predador (Fig. 2). 459

A análise de diversidade beta (betadisper, método= “bray") entre os grupos apresentou também 460

um padrão heterogêneo (p<0.001), (Fig. 3). Os testes de significância da comparação entre pares 461

(permutest) resultaram altamente significativos, com p-valor ≤ 0,001 tanto nos observados quanto 462

com permutações para todos os pares de grupos comparados. 463

(25)

464

Figura 2. Variação na dispersão entre os grupos (“PERMANOVA”) representada por 465

uma análise de coordenadas principais (PCoA). PCoA 1 e PCoA 2 explicam 21.23 % e 466

12.98 % da variação respectivamente (p= 0.001). Códigos dos grupos: 467

Po_bl=Pontoporia blainvillei, So_gu=Sotalia guanensis, Trawl=pesca de arrasto. 468 469 470 471 472 473 474 475

(26)

476

Figura 3. Heterogeneidade da dispersão entre e dentro dos grupos. 477

Similaridade “Bray-Curtis”. Códigos dos grupos: 478

Po_bl=Pontoporia blainvillei, So_gu=Sotalia guanensis, Trawl=pesca de 479

arrasto. Distâncias médias ao centróide: Po_bl=0.507, So_gu=0.642, 480

Trawl=0.367. 481

482

Com relação aos resultados da CCA, verificou-se que a remoção das espécies raras e a 483

aplicação de diferentes tipos de transformações feitas aos dados da matriz de variáveis 484

respostas, não apresentaram efeitos no resultado global da ordenação. Conforme explicado na 485

metodologia, após a remoção das espécies raras foi feita uma análise de correspondência 486

(27)

conônica (CCA). De um total de 69 espécies, foram excluídas 21, constituindo-se um subsistema 487

com 48 categorias de presas representadas. O gráfico da ordenação (“Biplot”) da CCA (cca, F2,

488

111=3.660, p= 0.001) foi manipulado para facilitar a visualização, sendo a sobreposição de pontos

489

bastante comum. Observou-se que o eixo 1 (CCA1) separa os golfinhos dos arrastos (fig. 4). 490

491 492

493

Figura 4. Biplot da análise de correspondência canônica representando a contribuição 494

das categorias de presas nos grupos. Códigos dos grupos: Po_bl=Pontoporia blainvillei, 495

So_gu=Sotalia guanensis, Trawl=pesca de arrasto. 496

497

A análise das interações tróficas em bipartite foi feita para um sistema com três predadores 498

(nível superior) e 69 categorias de presas (nível inferior) (Figura 5). 499

(28)

501

Figura 5. Representação gráfica da rede trófica construída a partir da função plotweb em bipartite. 502

Localizam-se no nível superior os predadores (de esquerda à direita: pesca de arrasto, Pontoporia 503

blainvillei e Sotalia guianensis) e no nível inferior as categorias de presas (69). 504

505

Com relação aos padrões ecológicos revelados em bipartite, entre alguns dos mais 506

notáveis, detectou-se um compartimento no sistema sob estudo (definem-se como 507

compartimentos a subconjuntos da rede trófica que não estão conectados a outro compartimento, 508

nem pelo nível trófico superior, nem pelo inferior), observando-se um valor de 0,53 no índice de 509

sobreposição trófica de Horn para o sistema como um todo (tab. 6). O indice H2 (0,37) mostrou 510

que o grau de especialização global da rede trófica estudada é baixo. 511

(29)

Tabela 6. Alguns índices obtidos a partir da função 513 networklevel em bipartite. 514 515 516

Com relação à sobreposição de nicho trófico entre pares de predadores, o maior valor do 517

índice de Horn observado foi entre Sotalia guianensis e Pontoporia blainvillei (0,86) e o menor 518

valor foi entre Sotalia guianensis e a pesca de arrasto (0,55). Já entre Pontoporia blainvillei e a 519

pesca de arrasto, observou-se um valor intermediário (0,78), (tab. 7). 520

Tabela 7. Valores do índice de 521

sobreposição de nicho trófico de 522

Horn calculados por pares de 523 predadores. Abreviações: 524 Po_bl=Pontoporia blainvillei, 525 So_gu=Sotalia guanensis, 526 Trawl=pesca de arrasto. 527 528

Com relação aos padrões ecológicos ao nível específico e a relevância de cada 529

componente na topografia da rede trófica, analisou-se tanto os componentes de nível trófico 530

superior quanto os de nível trófico inferior a través da função specieslevel em bipartite. 531

Para os três componentes de nível trófico superior, Pontoporia blainvillei apresentou a 532

maior especificidade (0,38). Sotalia guianensis foi a espécie com menor especificidade (0,19) e a 533

pesca de arrasto mostrou um valor intermediário de especificidade (0,22). A força da espécie foi 534

(30)

maior para a pesca de arrasto (35,85), com segundo maior valor para Sotalia guianensis (29,68) e 535

com o menor valor para Pontoporia blainvillei (3,48). 536

Já para os componentes de nível trófico inferior, foram contabilizadas um total de 21 537

espécies (30,43 %) com valores de especificidade menores que 1 e 48 (69,57 %) aquelas com 538

especificidade igual a 1. Isopisthus parvipinnis foi a espécie que apresentou o maior valor na força 539

da espécie (0,41), na vez que foi a espécie com o menor valor de especificidade (0,34) entre 540

todos os componentes de nível trófico inferior. As categorias Stellifer spp. e Stellifer brasiliensis 541

apresentaram o segundo e o terceiro maior valor na força da espécie com valores de 0,33 e 0,29 542

respectivamente. Já os valores de especificidade para estas duas categorias de presas foram de 543

0,55 para Stellifer brasiliensis (décimo menor valor no sistema) e de 0,56 para Stellifer spp. 544

(décimo primeiro menor valor). Lycengraulis grossidens foi a espécie que apresentou o segundo 545

menor valor de especificidade, porém com uma força de apenas 0,12 (nono maior valor). 546 547 4. Discussão 548 549 4.1. Considerações metodológicas 550 551

A estimativa do grau de sobreposição trófica entre os golfinhos e a pesca de arrasto 552

representa uma primeira aproximação para avaliar os efeitos prejudiciais da possível competição 553

nas populações de pequenos cetáceos da costa central do Brasil. O presente trabalho é o 554

primeiro estudo de sobreposição trófica entre golfinhos e a pesca de arrasto feito na região. 555

Conforme os objetivos apresentados na introdução, este estudo visou analisar a variação 556

na composição de presas de teleósteos em função ao tipo de componente trófico de nível 557

superior. Porém, outros fatores poderiam estar explicando a variação observada no sistema 558

estudado, tais como o fator espacial, o fator temporal (sazonal e inter-anual) e a existência de 559

subgrupos dentro dos componentes tróficos de nível superior (como por exemplo, a possível 560

diferenciação da dieta em função ao sexo ou estágio de maturação dos predadores). 561

(31)

A aproximação multivariada apresentada neste estudo é a primeira realizada em estudos 563

de sobreposição trófica na região. 564

A análise de “PROCRUSTES” permitiu estimar o que tanto o observado neste estudo se 565

aproxima ao que está acontecendo realmente no ecossistema marinho. 566

Por meio da análise “PERMANOVA” é possível visualizar a “distância” entre todas as 567

unidades amostrais avaliadas em função à similaridade na composição de presas de teleósteos. 568

A análise de diversidade beta permitiu testar e visualizar diferenças na dispersão (variação) entre 569

e dentro dos grupos. 570

A CCA mostrou neste estudo ser uma ferramenta eficiente para a avaliação da relevância 571

relativa das espécies na composição de presas dos diferentes grupos tróficos de nível superior 572

que interagem numa rede trófica, sendo o diagrama de ordenação (“biplot”) produzido nesta 573

análise, uma fiel representação da rede trófica em termos de distância multivariada. 574

As análises univariadas feitas em bipartite provaram serem ferramentas poderosíssimas 575

para a visualização e avaliação da rede trófica estudada. Além de terem revelado uma série de 576

importantes padrões ecológicos, os diferentes recursos oferecidos em bipartite possibilitaram 577

descrever a natureza das interações entre os componentes e características da topografia da 578

rede trófica em estudo. 579

580

4.2. Considerações ecológicas 581

582

Com relação à dieta dos golfinhos, observou-se uma correspondência com os padrões 583

anteriormente descritos em outros estudos (Borobia & Barros, 1989, Lopes et al., 2012, 584

Rodriguês, 2014 ). A tendência dos golfinhos a selecionarem presas com capacidade de emitir 585

sons evidencia a natureza de predadores ativos própria destes animais. Tanto espécies 586

demersais quanto pelágicas estiveram representadas na composição da dieta de Sotalia 587

guianensis e Pontoporia blainvillei, indicando que os golfinhos são predadores cujas presas 588

(32)

podem ocorrer a diferentes profundidades. A ocorrência de presas pertencentes a diferentes 589

guildas tróficas corrobora neste estudo a importância do papel ecológico dos golfinhos na 590

estrutura da comunidade marinha. 591

Como evidenciado no caso de Elops saurus, a localização geográfica pode ser um 592

importante fator que esteja determinando a ocorrência de algumas espécies. 593

Conforme observado em diferentes estudos de dieta de golfinhos realizados em diferentes 594

regiões (Cremer, 2012, Di Beneditto & Ramos, 2004, Pansard, 2010, Rodrigues, 2014), a 595

disponibilidade local de recursos alimentares pode ser considerada um fator influenciando a dieta 596

dos golfinhos. Porém, é predominante a relevância de espécies demersais, sendo evidente que a 597

seleção de recursos alimentares pode ser mais influenciada por características funcionais 598

(“grupos tróficos”) do que taxonômicas das presas (Rodrigues, 2014). 599

Este estudo contribui com alguns novos registros de teleósteos encontrados na dieta dos 600

odontocetos do Brasil. Na dieta de Sotalia guianensis, as seguintes espécies são possíveis novos 601

registros: Acanthurus chirurgus, Selar crumenophthalmus, Hyporhamphus unifasciatus, Pagrus 602

pagrus e Lutjanus analis; embora Rodriguês 2014 já tivesse registrado a ocorrência de presas da 603

família Lutjanidae na região estudada. 604

Este estudo é a primeira descrição da dieta de Pontoporia blainvillei do litoral norte do 605

Espírito Santo, região que constitui o extremo norte da área de distribuição desta espécie de 606

odontoceto. Detectou-se que esta espécie de golfinho foi o predador mais especializado dos 607

grupos tróficos de nível superior avaliados neste estudo. 608

Com relação à dieta de Tursiops truncatus, Borobia & Barros 1989 já registraram a 609

ocorrência de Cynoscion guatucupa (=Cynoscion striatus (Cuvier,1829)) entre as presas desta 610

espécie de golfinho, coincidente com os resultados deste estudo. É importante indicar também 611

que o local de encalhe do único exemplar de Tursiops truncatus analisado neste estudo, 612

corresponde ao limite norte da área de distribuição de Cynoscion guatucupa (Menezes & 613

Figueiredo, 1980). Além disso, a única ocorrência de Centropomus spp. registrada neste estudo 614

(33)

foi para esta amostra de Tursiops truncatus. Registros adicionais sobre a dieta desta espécie de 615

golfinho são escassos ou praticamente inexistentes na literatura, fazendo com que este trabalho 616

seja uma importante contribuição de informação sobre a dieta do golfinho-nariz-de-garrafa. 617

Com relação à estimativa do grau de sobreposição trófica entre os golfinhos e a pesca, 618

observou-se um valor intermediário no índice de sobreposição trófica de Horn para o sistema 619

como um todo. Porém, detectaram-se diferenças nos valores das comparações entre pares de 620

predadores, sendo em alguns casos altos. A partir da comparação entre pares de predadores, é 621

possível afirmar que a dieta de Pontoporia blainvillei apresenta a maior sobreposição com relação 622

aos outros dos componentes avaliados (Sotalia guianensis e pesca de arrasto). É importante 623

destacar que a maior sobreposição trófica observada foi entre Pontoporia blainvillei e Sotalia 624

guianensis e a menor entre a pesca de arrasto e Sotalia guianensis (ver resultados). 625

Com relação à intensidade das interações e à especificidade dos componentes da rede 626

trófica estudada, no nível inferior, aquelas espécies com maior força da espécie e menor 627

especificidade são, na sua vez, as espécies sujeitas à maior predação e, portanto, as mais 628

vulneráveis. Assim, Isopisthus parvipinnis é a espécie mais vulnerável entre o conjunto de presas 629

consideradas neste estudo. Esta espécie, pertencente à família Scianidae, é popularmente 630

conhecida e comercializada como “pescadinha” na região, sendo alvo de intensa pressão de 631

pesca. Além de ter sido um dos componentes mais importantes da assembléia de peixes 632

demersais capturados pela pesca de arrasto nesta pesquisa, Isopisthus parvipinnis foi a espécie 633

que apresentou a maior importância na composição de presas de teleósteos, tanto para 634

Pontoporia blainvillei quanto para Sotalia guianensis (ver resultados). 635

Já no nível superior, pelo contrário, aquele componente com menor força da espécie e 636

maior especificidade, é também aquela espécie mais susceptível a sofrer os efeitos da 637

competição com a conseqüente diminuição na disponibilidade de recursos alimentares. 638

Pontoporia blainvillei é, portanto, a espécie mais vulnerável dos três componentes de nível trófico 639

superior avaliados no presente estudo. O alto grau de especialização de Pontoporia blainvillei 640

também pode ser visualizado a partir do diagrama da ordenação restrita (CCA). 641

(34)

642

Conclusão: 643

Os objetivos do presente estudo foram atingidos. A dieta de golfinhos do litoral sul da Bahia 644

e do Espírito Santo foi caracterizada. A composição íctica da pesca de arrasto em Conceição da 645

Barra foi estimada. A sobreposição de nicho trófico entre golfinhos e a pesca de arrasto foi 646

avaliada. Foram estimadas a sobreposição trófica global e a sobreposição trófica entre pares de 647

predadores. As relações predador-presa foram estudadas e a natureza das interações tróficas foi 648

descrita. Realizou-se uma modelagem de rede trófica da comunidade marinha da costa central do 649

Brasil. O presente estudo apresenta importantes implicações para a conservação de cetáceos e 650

para o ordenamento dos recursos pesqueiros. Pontoporia blainvillei a espécie de odontoceto mais 651

vulnerável a sofrer os efeitos prejudiciais da possível competição com a conseqüente diminuição 652

de recursos alimentares, entanto Isopisthus parvipinnis é a espécie de teleósteo mais susceptível 653

a sofrer o impacto da sobre-exploração pesqueira na região do estudo. 654 655 656 657 658 659 660 661 662 663 664

(35)

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Anexo: Catálogo de otólitos de Scianídae (Osteichthyes-Perciformes) da foz

827

do rio São Mateus, estado do Espírito Santo, Brasil

828

(42)

Este catálogo foi confeccionado conforme a terminologia usada por Côrrea et

830

al., 1992.

831

832

1. Isopisthus parvipinnis (Cuvier, 1830)

833

834

835

Nome vulgar regional: Pescadinha

836

Foram examinados quatro exemplares com CT de 147, 150, 175 e 260 mm,

837

CP de 125, 128, 150 e 225 mm e com peso de 23,43, 32,53, 52,31 e 168,38

838

gramas, respectivamente.

839

(43)

Morfometria (mm): CO - 9,03 (s=2,41), AO - 5,46 (s=1,04).

840 841 842 843 844 845 846 847 848 849 850

2. Stellifer brasiliensis (Schultz, 1945)

851 y = 27.842x - 182.23 R² = 0.9928 y = 2.1115e0.3525x R² = 0.967 0 50 100 150 200 0 5 10 15 P es o d o ex emp lar ( g r) Comprimento do otólito (mm)

Regressão alométrica:

Isopisthus parvipinnis

Series1 Linear (Series1) Expon. (Series1)

Referências

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