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Análise da necessidade de fiscalização das Organizações Não Governamentais pelo Governo em busca de garantia ao direito fundamental da Dignidade da Pessoa Humana

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

CURSO DE DIREITO

HILANA SANYZIA DINIZ ARAÚJO

ANÁLISE DA NECESSIDADE DE FISCALIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS PELO GOVERNO EM BUSCA DE GARANTIA AO DIREITO

FUNDAMENTAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

CAICÓ/RN 2018

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ANÁLISE DA NECESSIDADE DE FISCALIZAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS PELO GOVERNO EM BUSCA DE GARANTIA AO DIREITO

FUNDAMENTAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA

HILANA SANYZIA DINIZ ARAÚJO

Monografia apresentada à

Coordenação do Curso de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Fabrício Germano Alves

Caicó/RN 2018

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4 Dedico este trabalho à Deus por constituir inspiração ao desenvolvimento do tema e graças infinitas nos momentos difíceis.

Aos meus pais e à minha irmã por sua existência, apoio e incentivo e amor.

Ao meu orientador pelo direcionamento oferecido. E à todas as pessoas cercadas pelas dificuldades fruto das diferenças sociais, que fomentaram a base de inspiração ao tema tratado.

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5 “Os rios não bebem sua própria água; as árvores não comem seus próprios frutos. O sol não brilha para si mesmo; e as flores não espalham sua fragrância para si. Viver para os outros é uma regra da natureza. (...) A vida é boa quando você está feliz; mas a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por sua causa”.

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6 AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à Deus pela vida e por ter me dado saúde e força para superar as dificuldades.

À esta universidade, seu corpo docente, direção e administração que oportunizaram a janela da qual hoje vislumbro um horizonte superior.

Ao meu orientador Prof. Frabrício Germano Alves, pelo suporte e correções no pouco tempo que lhe coube.

Aos meus pais Sônia Maria Diniz e Hildebrando Diniz Araújo, pelo amor, incentivo e apoio incondicional.

À minha irmã, Hildeana Samya Diniz Araújo, cuja alegria e audácia me inspiraram à confecção do presente trabalho.

À organização Fraternidade Sem Fronteiras pela disposição em prestar informações necessárias ao desenvolvimento do tema.

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7 RESUMO

O presente trabalho adveio da observância de ações exercidas pelas Organizações Não Governamentais. Por meio da abordagem do conceito atribuído à essa denominação, de suas características bem como das principais funções atribuídas às referidas entidades, foi possível verificar várias nuances no modo de atuarem individualmente no meio social. Assim, formadas como associações ou fundações, caracterizadas com título de Organizações Sociais ou Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, expõem-se em áreas diversas tais como ambiental, de proteção aos direitos das crianças, dos idosos, humanos fundamentais, dos animais, ou seja, do meio social em cuja necessidade surgir. Porém, devido à abrangência dos serviços prestados por esses órgãos, a ausência do acompanhamento da legalidade sob a qual os mesmos devem ocorrer é fator principal na desmotivação ao auxílio em forma de doações pela sociedade. Com a consulta à alguns textos normativos, em especial à Constituição Federal de 1988 e à Declaração Universal dos Direitos Humanos, em conjunto à análise de diversos artigos científicos, de jornais e revistas, doutrina e jurisprudências, foi possível o desenvolvimento do tema com convicção da premência dessa exposição. Após tal embasamento teórico inicia-se a exemplificação do inferido precipuamente, através da demonstração prática de benesses geradas por algumas e nocividades por outras. Outrossim, mediante a necessidade de supervisão das Organizações de cunho não Governamental pelo Governo e por toda a população, foram propostas sugestões para ampliação da verificação quanto ao direcionamento dos fundos percebidos por intermédio de doações, a fim de garantir a aplicação efetiva do Princípio Fundamental da Dignidade da Pessoa Humana previsto no texto constitucional.

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8 ABSTRACT

The present study came from the observance of actions carried out by non-governmental organizations. By means of the concept approach attributed to this title, its characteristics as well as the main functions assigned to these entities, it was possible to verify various nuances in the way they act individually in the social environment. Thus, formed as associations or foundations, characterized with respect to Social Organizations or Civil Society Organizations of Public Interest, expose themselves in various areas such as the environment, protection of the children rights, the elderly, human rights, animals, or the social environment in which the need arise. However, due to the services scope provided by these bodies, the of monitoring legality absence under which the same should occur is a major factor in the motivation to aid in donations form by the company. With the query to some normative texts, in particular the Federal Constitution of 1988 and the Universal Declaration of Human Rights, together with analysis of various scientific articles, newspapers and magazines, doctrine and jurisprudence, it was possible to the theme development with conviction of the urgency of this exposure. After such a theoretical foundation begins to piloted the inferred primarily through practical demonstration of handouts generated by some and inconveniences for other. In addition, upon the need for non-governmental organizations supervision of nature by the Government and the population as a whole, suggestions were proposed to expand the verification regarding the targeting of funds realized through donations, in order to ensure the effective application of the fundamental principle of the human person dignity laid down in the constitutional text.

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9 SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS ... 13

2.1 CONCEITO ... 13

2.2 REGULAMENTAÇÃO ... 15

2.3 FUNÇÕES NO CONTEXTO SOCIAL ... 17

3 ONGS: COLABORAÇÃO À EFETUAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ... 19

3.1 AS ONGS DE DIREITOS HUMANOS ... 19

3.2 O DIREITO HUMANO DAS ONGS ... 21

4 DOS DIREITOS HUMANOS NA LEI À PRÁTICA NAS ONGS ... 24

4.1 ONG FRATERNIDADE SEM FRONTEIRAS ... 24

4.2 O DESCAMINHO PELO DESARRIMO GOVERNAMENTAL: OXFAM ... 29

5 ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS ... 31

6 CONCLUSÃO ... 33

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10 1 INTRODUÇÃO

O surgimento das Organizações Não Governamentais ocorre, em um primeiro momento, pela eclosão de diversos conflitos, gerados principalmente pela Primeira e Segunda Guerra Mundial, responsáveis pelo estado de desoladora necessidade, cujos indivíduos inseridos involuntariamente neste contexto, encontrar-se-ão. Assim, o objetivo principal de ajudar os feridos e refugiados nos ambientes de lutas armadas é o precursor destes organismos. Ademais, o conceito de ONG é demasiado amplo, tendo em vista a ausência de previsão expressa legal dessas instituições. No entanto, são consideradas como órgãos capazes de desenvolver projetos para auxílio de áreas do meio social que apresentem dificuldades não sanadas pelo Estado.

Desta forma, constituídas como fundações ou associações, seja pela reunião de um capital com o fim de se criar um órgão de amparo aos setores necessitados, ou por meio da agregação de indivíduos para a consecução do mesmo objetivo de apoio às áreas baldas da população sem a existência de recursos prévios, podem ser denominadas também como OSCs – Organizações da Sociedade Civil, termo sinônimo embora não tão utilizado quanto o primeiro.

Tais entidades podem receber atribuições e características, conceituadas como Organizações Sociais e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, de acordo com sua maneira de relacionar-se com o Estado, tendo-se em observância a natureza substitutiva das OSs, pelo fato de atenderem aos fins sociais de responsabilidade exclusiva do Estado, por intermédio da transferência de atribuições, e, por outro lado, a natureza desvinculada assistencialista das OSCIPs por serem mais abrangentes, em virtude de sua atuação ocorrer em variadas situação cuja exclusividade não seja delegada ao Governo, contando com parcerias apenas para a expansão da sua efetividade.

Para a regulação desta atribuição de características às ONGs, serão observados dois textos legislativos a respeito das OSs e OSCIPs, as Leis Federais nº 9.637/98 e n° 9.790/99, nesta ordem. São portanto normas referentes à caracterização das entidades como cada uma das duas atribuições, além de regras específicas do relacionamento com o Estado e das funções empreendidas em favor das população.

Para mais, há para as OSCs, organizações de denominação sinonímia às ONGs, legislação específica, Lei Federal nº 13.204/2015, no entanto, estas últimas serão reguladas escassamente por regulamentos esparsos, devido à ausência de texto normativo direcionado às

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mesmas, cujo conteúdo trate não apenas da formação mas prossiga à supervisão do funcionamento, sendo pois justamente este o ponto abordado com maior relevância no trabalho em questão.

Busca-se analisar a primordialidade do acompanhamento destes órgãos por meio de previsão regulamentada em lei específica, para a efetiva concretização dos propósitos aos quais cada um se submete, considerando-se a ausência de boa-fé por parte de alguns, gerando desconfiança e descrédito à todos que se prestam aos auxílios sociais, bem como à população em geral.

Essa prática com regulação por lei determinada deve ser considerada em especial, devido ao elevado número de organizações com irregularidades expressivamente espantosas, que maculam toda a égide de auxílio social instituída pelos organismos de cunho não ligado ao Governo que se atêm a cumprirem o proposto.

Assim, a extensa gama de meios comunicativos noticiando a todo momento fatos ilegais ocorridos dentro de alguma instituição com fins sociais, auxiliará a desmotivação da sociedade em relação à generalidade dos empreendimentos deste tipo, fato tal ocasionador da urgência com a qual deve ser tratada a criação de regulamento direcionado à analisar as práticas e eficácia delas em favor da comunidade.

Outrossim, a compreensão acerca da relevância do trabalho destas entidades será fundamental, haja vista influenciarem o desenvolvimento social e individual de grande parcela da população. Atuam, pois, em diversas áreas, ambientais, de proteção aos animais, aos idosos e crianças, à vida, à saúde ou à educação de grupos minoritários esquecidos pelas ações Estatais. Neste sentido, suas funções principais congregam-se na ampliação do assistencialismo, de modo a contribuírem tanto para a expansão de inovações tecnológicas advindas da maior criatividade na resolução de difíceis impasses sofridos pelos seus beneficiários, quanto na cobrança e fiscalização dos atos Governamentais com o intuito destes se fazerem presentes majoritariamente.

Também há o principal intuito da existência das OSCs, a geração do sentimento de esperança devido ao movimento fraterno que inspira os povos e reduz as diferenças entre ricos e pobres, negros, brancos, amarelos, consubstanciando todos à convicção de uma possível “paz mundial”. Essa confiança poderá ser emanada, em especial, quando da abordagem do referido tema em meios escolares e de interação social, tal qual no espaço midiático.

Apesar de toda a funcionalidade das ONGs, no contexto de uma crescente crise geral, necessário se faz coibir as denominadas “ovelhas negras” do ramo, por meio da monitorização

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constante dos seus atos e projetos, na medida em que deve-se incentivar e oportunizar as propostas encerradas na seriedade e boa-fé.

Para que haja a aplicação efetiva da humanização na sociedade é necessário muito mais do que a existência de leis utilizadas para prever esses direitos, é essencial a consolidação destas, de forma a atingir o objetivo pretendido, qual seja, proteger e ajudar as pessoas necessitadas, sendo uma das formas de sua efetivação, a criação e incentivo às ONGs, tendo em vista a impossibilidade, demonstrada pelo Estado, de melhorar a vida dessa população.

Baseado em tais fatos, este trabalho aborda uma visão conceitual e legal da formação das ONGs, com enfoque na ausência de legislação específica direcionada exclusivamente à todas as práticas destes organismos, relacionadas ao auxílio social, pretendendo assim a redução de ilicitudes cometidas por indivíduos destes grupos utilizando-se das verbas conseguidas através de doações e parcerias.

Por meio da análise de artigos, legislação pertinente, notícias em instrumentos midiáticos, cumulado com a observância aos preceitos do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, garantido tanto pela Constituição Federal de 1988 quanto pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, fez-se possível a correlação entre a importância e exercício das atividades atribuídas aos órgãos não governamentais e os direitos humanos, em especial no que tange à garantia da dignidade do ser humano.

Após esta verificação serão abordadas situações práticas dos sucessos de uma e desvio de finalidade de outra organização, com o intuito de se esclarecer a magnitude da ausência de regulação e acompanhamento destes atos no meio social. Com isso, apesar da divergência acerca da real contribuição das ONGs, da necessidade delas, deve-se observar, primordialmente, seu relevante papel amenizador dos sofrimentos causados pelas diferenças sociais, quando suas práticas seguem o caminho para o qual são instituídas.

Nesse sentido, mesmo com os diversos pontos de vista sobre as ONGs, elas apresentarão algumas dificuldades na aplicação dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988 e na Declaração Universal dos Direitos Humanos, em decorrência da inexistência de lei e comprometimento do Governo no arrimo, incitação e inspeção aos feitos favoráveis aos direitos humanos das minorias.

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13 2 ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS

Para o entendimento basilar acerca do objetivo buscado pelo referido trabalho faz-se necessária conceituação do termo ONG, além de análise da legislação referente à instituição do organismo, bem como do seu funcionamento. É primordial além destes elementos, a elucidação das funções das referidas organizações em meio à sociedade, pontos tais destrinchados em seguida.

2.1 CONCEITO

A sigla ONG significa Organização Não Governamental, desta maneira, as ONGs constituem instituições não ligadas ao governo, que agem por iniciativa própria da sociedade a fim de tentar realizar práticas de responsabilidade atribuídas inicialmente ao Estado.

Ademais, essas organizações inserem-se no terceiro setor da sociedade, por ser este configurado pelas ações de iniciativa privada e interesse público originadas na sociedade civil. Enquanto o primeiro e o segundo setor são formados pelo governo e pela esfera privada, nessa ordem, o terceiro setor é constituído por instituições de auxílio do campo privado nas atribuições estatais, sendo pois um meio da população se fazer presente nas esferas sociais inatingíveis pelo Estado, por exclusiva deficiência do mesmo no atendimento à generalidade.

Desta maneira, a criação de uma ONG advém diretamente da iniciativa privada, apesar da finalidade ser de interesse público, tendo em vista sua origem como fundação ou associação, por pessoas físicas, organizações privada, outras associações ou fundações, na busca do auxílio de indivíduos necessitados da ação do governo e que não possam esperar a ação deste ente, por ser claramente ineficiente em alguns setores mais escanteados da coletividade.

Neste sentido, é necessária a percepção da importância dessas organizações, criadas com o intuito de assistencialismo à grande parcela da população, diante da situação de extrema pobreza na qual se encontram cidadãos brasileiros, principalmente em épocas de crise política e econômica em que o Brasil encontra-se inserido, bem como em casos bem mais graves tal qual dos países do continente africano, imergidos em escassez de recursos e surtos de doenças, por isso com alto número de taxa de mortalidade anual, chegando a 2.642 crianças mortas em 2017 (CIA WORLD FACTBOOK, 2018)1.

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Porquanto, para o entendimento do conceito de ONG faz-se necessária a compreensão das duas maneiras pelas quais esta é originada, associativa e fundacional. As associações decorrem da união de um grupo de pessoas apenas com motivação, determinadas a atingir um dado fim, de natureza social ou não, em contrapartida, as fundações são geradas a partir do capital fornecido pelos seus precursores, além de obrigatoriamente atenderem a objetivos sociais, tais quais elencados no parágrafo único do artigo 62 do Código Civil de 2002.

Essas associações ou fundações podem ser, após sua criação, caracterizadas como OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, OS – Organização Social ou OSC – Organização da Sociedade Civil, em conformidade com os critérios seguidos pelas mesmas, não sendo pois os dois primeiros termos sinônimos da denominação ONG, mas características do seu funcionamento, atribuídas de acordo com previsão na Lei Federal n° 9.790/99 e na Lei nº 9.637/98, as quais legitimam ambas as peculiaridades, respectivamente, enquanto a última caracterização é semelhante à expressão ONG, podendo ser utilizada até mesmo para substituí-la.

Para que uma organização sem fins lucrativos tenha a caracterização de OSCIP ou OS, deve possuir pleno discernimento acerca do modelo pretendido, pois não pode ter todas as qualificações ao mesmo tempo, considerando-se, apesar da existência de semelhanças, marcantes diferenças entre as referidas.

Em conformidade com os entendimentos de Di Pietro (2014, p. 580), pode-se inferir que as principais diferenças entre as Organizações Sociais e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público são de ordem funcional e basilar, ou seja, enquanto a OS irá proceder a um serviço público com natureza social, por meio da transferência do Poder Público e regulamentado por um contrato de gestão firmado com o poder em comento, a OSCIP será instituída a fim de efetivar ações ligadas à sociedade mas de competência não exclusiva do Estado, de modo a receber apenas incentivo e fiscalização deste poder por intermédio de termo de parceria, inexistindo assim contrato nessa Organização.

Por outro lado, a denominação OSC é sinônima à ONG, considerando-se a necessidade de se desvincular por completo as Organizações da influência do Estado, já que a expressão anterior carregava este vínculo ao referir-se como “não governamental”. Esta proposta de transição entre as denominações foi ocasionada pela imprescindível defesa da democracia por uma prestação de serviços muito além da máquina estatal.

Com isso, pode-se inferir que as Organizações Não Governamentais são, em suma, “representantes” sociais do Estado, isentos de vínculos com o ente, instituídas exclusivamente

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com propósitos auxiliares ao povo, no caso de serem necessárias a tomada de ações imediatas de responsabilidade do ente Estatal não cumpridas por este ou demais atos voltados à sociedade. Sendo portanto definidas por suas características e atribuições podem representar OSCIPs ou OS.

2.2 REGULAMENTAÇÃO

A legislação pertinente à regulamentação das ONGs não é específica ou pertencente à um único texto legislativo, ao contrário, molda-se na complementariedade das leis, observando-se as formas de constituição das organizações, de forma que para cada tipo há uma regularização diversa, tendo em vista a ausência da denominação Organização Não Governamental na legislação brasileira.

Em primeira análise deve-se discutir acerca das Associações e Fundações ambas previstas no Código Civil, mas dispostas separadamente por capítulos, a fim de demonstrar as diferenças entre as duas maneiras pelas quais podem ser originadas as organizações sem fins lucrativos, sendo pois mencionadas nos artigos 53-61 e 62-69, na devida ordem, ambos no CC de 2002.

Na legislação pertinente às Fundações e Associações são listadas partes importantes para a constituição de ambas, tais como suas formas de criação, seus requisitos de configuração, limites para seu exercício, bem como particularidades importantes ao funcionamento das entidades.

No que se refere à caracterização dessas organizações, após sua criação de maneira fundacional ou associativa, como OSCIP e OS, há a previsão legal desses atributos em leis distintas, sendo na Lei Federal nº 9.790/99 e na Lei nº 9.637/98, nesta ordem.

A legislação específica envolvendo o delineamento da caracterização das organizações como OSCIPs, desenvolve aparato acerca das entidades que podem ser consideradas como tal, especificando as nuances do termo de parceria entre estas e o Poder público, para a consecução de determinados fins, como aduzido em seu artigo 9º, no qual é explicitado a instituição do termo de parceria como instrumento com possibilidade de ser acordado entre as entidades predicamentadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público e o Poder Público com designação de desenvolver vínculo de sinergia entre as partes, e intento direcionado à efetivação de atividades de interesse coletivo (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1999).

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Em outro contexto, a Lei nº 9.637/98 trata das OS – Organizações Sociais, arrolando em seu texto, como esperado, seu significado no artigo 1º2, bem como características e preceitos da gestão destes organismos, por meio do conselho de administração3 e do contrato de gestão4 (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1998).

Tendo em vista a denominação OSC ser sinônima à ONG, mesmo não existindo lei específica para regulamentar as ONGs, as OSCs foram recentemente reguladas pela lei nº 13.204/2015, criada com o objetivo de normatizar especificamente parcerias entre as organizações da sociedade civil e o poder público com finalidades de interesse social e mútuo, como preceitua seu artigo 1º5.

Tal texto legislativo ((PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 2015)) apresenta de forma preliminar, o significado das entidades de Organização da Sociedade Civil, além de características e práticas importantes a serem realizadas pelas mesmas. A posteriori, em seu artigo 5º leciona acerca dos fundamentos perquiridos com aplicação da referida lei, sendo os principais a gestão pública democrática e o fortalecimento da sociedade civil por meio da participação do povo.

A redação da lei nº 13.019 de 31 de julho de 2014 que alterou as leis nº 8.429 de 2 de junho de 1992 e 9.790 de 23 de março de 1999 foi substituída pelo texto da lei nº 13.204 de 2015, visando a extinção de alguns problemas ali detectados. Assim surgiram duas novas maneiras de acordos administrativos, os termos de fomento e colaboração, além de passarem a ser regulamentadas em âmbito nacional e de forma padronizada, galgaram a fixação de prazos para a análise da prestação de contas pela administração pública, antes ignoradas por anos sem apreciação e ainda a possibilidade das OSCs trabalharem em conjunto.

2 O Art. 1o infere: O Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei..

3 Conselho de Administração: responsável por supervisionar as atividades gerenciais da empresa, sendo responsável pela estratégia da organização. É ele que dá as orientações gerais dos negócios, bem como seu parecer sobre relatório de contas, para facilitar o desenvolvimento de questões estratégicas.

4 Contrato de Gestão: contrato de cunho administrativo firmado entre o Poder Público e Administração Pública Indireta ou Entidade Privada com o objetivo de gerar parcerias entre as partes e fornecer ao contratante (Poder Público) benefícios previstos em lei.

5 Art. 1o Esta Lei institui normas gerais para as parcerias entre a administração pública e organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em acordos de cooperação.

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2.3 FUNÇÕES NO CONTEXTO SOCIAL

Como admitido ao se analisar o conceito do termo organização não governamental ou organização da sociedade civil, é evidente a sua função social de assistência aos setores necessitados da população. Desta forma, atuam em defesa de questões ambientais, políticas, de proteção aos animais ou que envolvam saúde e educação, enfim, em defesa dos direitos das minorias.

Por esta razão é mais habitual a criação dessas organizações para a proteção de parte da população excluída socialmente, contribuindo sobremaneira com a inclusão no seio comunitário bem como com o desenvolvimento da coletividade de maneira geral (VIANA, 2018.

Ademais uma importante atribuições desses órgãos é a crescente cobrança da efetivação das políticas públicas, galgadas da ineficiência da máquina estatal, tanto pela falta de tecnologia e inovação quanto pelo descaso do Governo para com parte da população. Neste ponto que as OSCs são inseridas, no desenvolvimento de avaliações das atividades do Estado com a pretensão de oferecer soluções inovadoras.

À exemplo desta cobrança das organizações para o cumprimento dos deveres Estatais, observa-se notícia no jornal Gazeta do Povo6, a qual anuncia ação da ONG Fundação SOS Mata Atlântica em luta contrária à aprovação de Novo Código Florestal Brasileiro como proposta de substituição ao de 1965. Nesta informa a aprovação da mudança, em decorrência da força exercida pela bancada ruralista no Congresso, explicitando assim a continuidade de luta da instituição para se fazer cumprir o Código Florestal, já que, mesmo contra sua vontade foi aprovado (GAZETA DO POVO, 2013)

Em observância à notícia expressa anteriormente pode-se visualizar a concretude da ação organizacional, de cunho não governamental, neste caso específico na proteção dos direitos ambientais, com a tentativa da garantia de cumprimento de uma legislação projetada no código florestal, também consequência desta luta das OSCs.

Essas organizações, ademais, são responsáveis pela denúncia dos problemas existentes no âmbito Estatal ou das companhias empresariais, seja a indicação de injustiças populacionais, corrupção, injúria aos direitos humanos, ou desastres ambientais, demonstrando assim a atividade a favor da sociedade em situações nas quais esta não consegue se fazer presente.

6 Notícia intitulada “ONGs cobram aplicação do novo Código Florestal”, publicada no jornal Gazeta do Povo, em 28/05/2013, demonstrando a ação das organizações na cobrança de atitudes Governamentais.

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Por possuírem sistemas menos burocráticos do que os Governos, as ONGs tem uma propensão maior ao incentivo da inovação e de mudanças geradas pela criatividade, tendo-se em análise suas estruturas desvinculadas da rigidez Estatal, além do espírito jovem ligado à grande parte dessas instituições, formadas principalmente por voluntários, padrinhos, doadores e incentivadores em sua maioria consubstanciados na juventude, de idade e de ideais, para o alcance da solução dos complexos problemas da atualidade mundial.

Além de serem imbuídas das funções de natureza do auxílio social, as OSCs são utilizadas pela mente humana a fim de gerar esperança para as pessoas e contribuir para o sentimento de mudança no ânimo da evolução para a “paz mundial”. Deve-se esclarecer que isso não significa a consecução da paz definitiva através das ações realizadas pelas ONGs, mas seus atos contribuem para determinar a evolução das atitudes em prol da mútua cooperação entre os povos.

De tal maneira, as funcionalidades outorgadas à essas organizações refletem a necessidade de valorização das ações praticadas e implementadas pelas mesmas, devido a evidente importância deste trabalho no desenvolvimento de resoluções inovadoras aos intricados problemas existentes no meio social em pleno século XXI.

Portanto, a visualização dos atos e das ideias elaborados pelos determinados organismos privados em benefício social mútuo, deve ser abrangente, compreensiva e incentivadora, tanto por parte do Estado quanto da população, sendo esta última a maior beneficiada. Com todo o desenvolvimento incentivado pelas ONGs, no caminho ao descompasso das crises, acredita-se no surgimento de melhorias significativas na convivência social e no bem estar geral.

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19 3 ONGS: COLABORAÇÃO À EFETUAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

As instituições denominadas ONGs são instrumentos de aplicação dos direitos humanos, muitas vezes em substituição às ações estatais. Por tal motivo, faz-se mister vislumbrar suas contribuições para com a sociedade, a fim de restarem explicitadas as razões pelas quais o acompanhamento Governamental aos projetos das organizações é de demasiada importância.

3.1 AS ONGS DE DIREITOS HUMANOS

As Organizações Não Governamentais atuam em diversas áreas de contribuição social, dentre elas estão de proteção ambiental, garantia dos direitos das mulheres, idosos e crianças, educação, paz, desenvolvimento econômico e diversos conflitos (DICIONÁRIO DE ECONOMIA, 2016). A presente discursão se dá acerca dos direitos humanos assegurados por tais organismos, principalmente a dignidade da pessoa humana.

O direito fundamental da dignidade da pessoa humana relaciona-se ao dever do Estado de garantir à população, como um todo, condições propícias à viver minimamente de maneira digna, em conformidade com o previsto no artigo 5º da Constituição Federal de 19887. No entanto, apesar da denominação atribuída ao citado direito, como “Fundamental”, não há na realidade esta garantia pelo Estado, o que gera a atual situação de miserabilidade econômica e espiritual dos seres humanos.

Este patamar de carência social advém da difusão dos problemas enfrentados anterior e recentemente pelo país inteiro. Além do desastre da política brasileira, com cúpulas de corrupção apregoadas no poder, desviando verbas destinadas à evolução da Nação, tem-se em grandes proporções a falta de recursos financeiros, advinda da ausenta de oportunidades empregatícias para todos os cidadãos.

Ademais, dias, meses e anos se passam sem que o poder público providencie qualquer que seja a solução para este enorme desafio não se propagar por todas as gerações, por este motivo, as ONGs ou OSCs são desenvolvidas, por intermédio da vontade de, como muitos apregoam “mudar o mundo”.

7 Caput do artigo 5º da Constituição Federal de 1998: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes;”

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Qualquer ser humano em perfeitas condições de sanidade mental entende que mudar o mundo é um dos maiores desafios da humanidade, considerando-se a grande dificuldade encontrada na efetivação desta expressão. Porém, é este o papel o qual as ONGs pretendem alcançar, mesmo que por pequenos atos, ajudas mínimas mas refletidas na condição de nação.

Mesmo com o trabalho voltado a um grupo reduzido de pessoas, com suas açõe,s encaminham estes beneficiados para o exercício da dignidade do ser humano, fornecendo-lhes muitas vezes os mantimentos necessários à vida digna, sendo esta responsabilidade original do Estado, confirmando o descaso deste com a precária situação.

Desta análise preliminar, é possível detectar a relevância crescente do papel das OSCs de direitos humanos no cenário comunitário brasileiro, tendo em vista apenas intuírem, em sua maioria, a proteção das elementos mais fragilizados, com maior propensão à problemas no meio e na situação na qual se encontra o país atualmente.

Logicamente, como nenhum sistema ou órgão criado pelo homem funciona com completa perfeição, há organizações corruptas geradas com o devido fim de receber doações de diversos meios, para benefício próprio, buscando ludibriar a população, por estas práticas vergonhosas e cada vez mais frequentes é que boatos são espalhados, contribuindo muitas vezes para a decaída de muitas entidades sérias instituídas somente para oferecer auxílio aos grupos necessitados.

No entanto, a existência dessas manchas na imagem das Organizações ocorre primeiramente pela ganância do mundo capitalista e, principalmente em decorrência de não existir uma lei especificando todas as nuances que rodeiam as ONGs. Embora exista a Lei das OSCs nº 13.204 de 2015, é perceptível a ausência tanto de legislação destinada a oficializar as Organizações Não Governamentais, quanto de uma fiscalização desses órgãos no cumprimento das suas propostas.

A legislação atribuída supostamente às ONGs não deveria incumbir-se apenas de tratar das relações entre os Governos, as entidades e seus contribuintes, mas da regulamentação das áreas as quais se destina cada uma delas, das suas práticas e da influência e contribuição social exercidas, a fim de excluir organismos sem reforço algum na conjuntura coletiva, com vistas à redução e até mesmo extinção das entidades não governamentais “com fins lucrativos”8.

8 A expressão “com fins lucrativos” se refere ao abuso do poder gerado pela criação livre de ONGs, as quais muitas vezes são instituídas com a intensão escusa de se apropriar dos recursos conseguidos pelas mesmas, possuindo a má fé de lograr benefício particular, o que contribui sobremaneira para a fama deturpada da corrente original de boa fé.

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A verificação efetiva das ações integrantes dos estatutos desses órgãos é conhecidamente dificultosa, devido, precipuamente, ao elevado número de instituições destinadas à proteção social. Além da alta quantidade, não há um controle nessas criações, impossibilitando a identificação de todas, devendo-se a situação de total descontrole destas, justamente à ausência de legislação destinada de maneira exclusiva à legalização de todas as ONGs.

Desta maneira, devido à catastrófica situação do Estado, com a atual dificuldade financeira, espiritual e moral, do ser humano, é de demasiada importância a ação das ONGs na integralização e pacificação dos setores, de maneira a se relacionar o primeiro setor (Estado), com o segundo setor (Privado) no intuito de expansão do terceiro setor – constituído por organizações voltadas ao incentivo do desenvolvimento social.

Apregoando a busca pela aplicação do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana, o Governo sustou-se em um patamar de desordem geral, impossibilitando assim esta efetividade da garantia dos direitos sociais, em decorrência da falta de recursos tecnológicos, financeiros e criativos para a implementação do desenvolvimento da população.

3.2 O DIREITO HUMANO DAS ONGS

As Organizações Não Governamentais que cuidam dos direitos do ser humano, são expostas constantemente em veículos de informações, sejam jornais ou revistas, físicos ou digitais, devido às suas ações, sejam junto à ONU, à Governos ou até mesmo ao próprio meio divulgador, a fim de realizarem denúncias de situações cujo conteúdo envolva desigualdades sociais acentuadas, maus tratos, discriminação, mortes, conjuntura humana degradante com repercussão, muitas vezes, mundial.

Como relatado anteriormente, uma das funções destas organizações é a cobrança de efetivação das ações sociais no âmbito Estatal, por tal motivo, ocorrem, com certa frequência, fatos tais quais os noticiados em grandes fontes jornalísticas, como a revista Exame, na qual foram publicadas matérias recentes à este respeito em 18 de janeiro de 2017 e 14 de outubro de 2018, sendo intituladas, respectivamente como “Estudo cita crises humanitárias esquecidas pela imprensa mundial” e “ONGs alertam que fome alcança níveis alarmantes em 60 países”.

Os citados textos jornalísticos desenvolvidos pela revista Exame, abordam em essência, as crises humanitárias espalhadas pelo meio social de todo o mundo, além de demonstrar o alerta emanado pelas OSCs para tal situação, tanto que a primeira notícia traz

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informações sobre relatório publicado pela ONG “Care International” demonstrando o escanteamento de várias crises humanitárias espalhadas pelo mundo no ano de 2016.

Em análise ao referido contexto, percebe-se a dificuldade com a qual o tema de proteção aos direitos da coletividade é aludido pela população e até mesmo a ausência de informação transmitida pela mídia no que concerne a este tema, divulgando notícias apenas quando há inciativa das entidades não governamentais.

Já na segunda matéria a mídia faz o seu papel revelando a preocupação das organizações principalmente com o elevado nível de fome em todo o mundo. Estes organismos buscam, pelo referido meio midiático, denunciar práticas contrárias aos direitos humanos ou fundamentais de dignidade, desrespeitados em sua maioria.

As preocupações demonstradas por essas instituições, com a situação mundial de fome e calamidade pública, determina com clareza que a criação, incentivo e o apoio às mesmas é a solução mais eficaz para a resolução de vários problemas sociais a curto e médio prazo, de maneira que o estado deve incentivar essas ações e dar continuidade à tais para perdurarem além do médio prazo, conseguindo-se soluções diversas com perpetuação futuramente expandida.

As organizações não governamentais de cunho voltado à proteção dos direitos humanos são, desta maneira, instrumentos capazes de modificar a realidade de diversos cidadãos pertencentes, principalmente, a grupos minoritários necessitados de apoio imediato, desde que hajam de acordo com a boa fé e com os preceitos legais basilares à criação das OSCs. Estes atos realizados em conformidade com a legislação pertinente são de primordial importância, pois as pessoas possuem o direito de serem assistidas por esses organismos de forma correta e segura, tendo em vista o resguardo oferecido por diversos tratados de direitos humanos (LORDELO, 2018, p.334), pelo preceito constitucional fundamental da dignidade da pessoa humana, delineado no artigo 1º, inciso III da Constituição Federal de 1988 e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, a qual ainda em seu preâmbulo infere reafirmação, pelos povos das Nações Unidas, da crença nos direitos fundamentais, na dignidade e na importância do ser humano e na igualdade de direitos entre homem e mulher, além de decisão acerca do incentivo ao progresso social e melhorias na conjuntura existencial, por meio de liberdades mais amplas (INTERNACIONAL, 1948).

Outrossim, em parte diversa, do preâmbulo da aduzida Declaração Universal dos Direitos Humanos, há a continuidade da ideia antes explicitada de modo à afirmar a proclamação deste instrumento, pela Assembleia Geral, com papel exemplar comum a ser

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praticado pela generalidade dos povos e nações, para que cada ser e órgão empenhe-se na proteção e respeito às liberdades e na implantação de medidas de projeção nacional e internacional progressivamente o reconhecimento e a observância universais e de maneira efetiva (INTERNACIONAL, 1948).

Tal qual se observa nesta parte transcrita do preâmbulo da Declaração Universal dos Direitos Humanos, as medidas em favor do ser humano são efetuadas pelas entidades não ligadas ao Governo, uma vez que além das práticas Estatais neste sentido, há a obrigatoriedade dos indivíduos esforçarem-se a fim de oferecer garantias de respeito aos direitos e liberdades sociais.

A contribuição da população na salvaguarda dos direitos fundamentais está espelhada justamente nos atos dos organismos criados para o determinado intento. No entanto, em busca da efetividade para todos os organismos, faz-se necessária legislação concernente à criação e, primordialmente, ao funcionamento destes, ademais, o acompanhamento do escopo das doações recebidas deve ser o ato mais constante devido à relevância da efetiva contribuição social.

Desta forma, é um direito humano da população a assistência por intermédio das ONGs, previsto de maneira quase explícita na Declaração Universal dos Direitos Humanos, deixando de sê-lo apenas pela ausência do termo “ONG”, mas subentendido no contexto cujo dever de zelar a garantia dos direitos dos seres humanos cabe tanto aos Governos quanto aos indivíduos.

Contudo, o direito humano das ongs consiste na prática humanitária, por uma reunião de particulares, de ações em favor Dos cidadãos que tenham necessidades, principalmente imediatas, de difícil atendimento pela iniciativa Estatal, devendo estas práticas serem regulamentadas e possuírem desenvolvimento prático, pois não adianta apenas a legislação existir, sua aplicação tem de ser garantida, as normas escondidas no papel não bastam.

Tendo em vista a tentativa frustrada do Estado de atendimento à generalidade da população, devido à necessidade da oferta de garantias individuais específicas, é inútil essa busca ao oferecimento da dignidade à todas as pessoas sem apoio de institutos como as Organizações Não Governamentais, sendo pois evidente a inevitabilidade de uma mútua cooperação entre estas e os Governos, devendo os últimos atuarem no incentivo e supervisão das práticas por elas iniciadas.

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24 4 DOS DIREITOS HUMANOS NA LEI À PRÁTICA NAS ONGS

A fim de transformar, em explicitação prática de ambas as vertentes, a motivação teórica da importância das ações do Estado na fiscalização dos projetos realizados pelas organizações de fins sociais, ou seja, de um lado há ONGs sérias, com objetivos coletivos de desenvolvimento social, de outro, organismos vinculados à corrupção e à interesses individuais, devendo ser função Governamental, a garantia ao efetivo cumprimento dos projetos assumidos por cada uma.

4.1 ONG FRATERNIDADE SEM FRONTEIRAS

A ONG Fraternidade Sem Fronteira, diferentemente das grandes ONGs de cunho internacional, surgiu baseada na aplicação prática dos direitos humanitários, sem ao menos a necessidade de consulta-los, mas em conformidade com os preceitos afirmados no referido grupo normativo.

Ademais, fundada por Wagner Moura, a referida ONG foi idealizada em viagem realizada por este, à Moçambique. Esta ideia adveio, no entanto, de um período bem anterior ao referenciado, uma vez que o fundador, desde criança acompanhou a realidade manifestada na maior parte do mundo, de extrema necessidade e fome, tendo em vista haver feito parte desta realidade, morando na periferia, além disso, buscou desde jovem suprir minimamente essas necessidades realizando trabalhos voluntários, fato este ocasionador do seu pensamento fraterno e do desejo de se criar uma organização a fim de fazer sua parte na implementação dos direitos e valores humanitários (FRATERNIDADE SEM FRONTEIRAS, 2018).

Esta corrente de fraternidade foi assim iniciada em Moçambique, tendo em vista ser um dos países mais afetados pela extrema pobreza, pertencente à região mais pobre do mundo, a África Subsaariana.

Após a primeira viagem realizada à África, por Wagner Moura, em 2009, em cujo itinerário constou a visitação de asilos e orfanatos, crianças de ruas e de aldeias, houve o despertar da consciência humana para a desoladora situação na qual se encontrava aquela população, vítima de doenças como o HIV e a Malária, as quais se propagavam sem nenhum tratamento ou assistência, principalmente para as crianças, indivíduos mais indefesos.

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Com a percepção clara da carência sofrida primordialmente pelas crianças da África, surge o desígnio de se estabelecer uma organização não governamental com o intuito de acolher as crianças da África.

De tal maneira, ao retornar da África em novembro de 2009, o fundador da ONG reuniu-se com amigos e propôs a fundação desta fraternidade. A ideia foi acolhida pelos voluntários que organizaram um churrasco beneficente, no qual foram arrecadados R$ 25 mil, utilizados para criação efetiva desta organização.

Desta maneira, é possível perceber que esta organização foi criada sob a forma de associação, tendo em vista a união de amigos na consecução do objetivo em questão, de ajudar principalmente na diminuição da fome aos mais necessitados e no fornecimento de tratamentos médicos aos acometidos por várias doenças desenvolvidas pela degradante situação na qual vivem estas pessoas.

Neste sentido, em 2010 o idealizador do projeto dá início às ações basilares necessárias à consolidação futura da organização. Destarte, retorna à África e, após conseguir permissão (necessária para o prosseguimento do que fora planejado) do líder religioso da aldeia, localizada em Barragem – Moçambique, aluga uma antiga casa de 5 mil metros, compra os utensílios necessários e contrata pessoal local, monitores e cozinheiras, pretendendo acolher, inicialmente, 35 crianças. Havendo, inesperadamente, que atender e acolher o dobro do esperado, 70 crianças encontradas em situação de extrema e urgente necessidade, abriu o primeiro centro de acolhimento da Fraternidade Sem Fronteiras.

Os profissionais contratados foram inicialmente locais, instruídos até a sétima série e capacitados minimamente com os ensinamentos humanitários adquiridos em 7 anos de projetos e trabalhos voluntários realizados no Brasil. Além dos monitores e cozinheiros, buscaram talentos naturais da cultura africana, detentores de vocação para o canto, danças e brincadeiras nativas, a fim de proporcionar aos inclusos no projeto algo além de alimentação e ensino, o lazer, para assim oferecer aos mesmos os direitos fundamentais descritos tanto na Constituição Federal quanto nos Pactos e tratados de direitos humanos.

Com o objetivo da manutenção do acolhimento e de abrangência à um maior número de pessoas, foi idealizado, ainda em 2010, o sistema de apadrinhamento, o qual foi instituído pela ajuda direcionada às crianças, individualmente, no valor de R$ 50,00 ao mês, como garantia de entrada e permanência de uma criança no projeto a cada apadrinhamento. Em relação à estruturação dos centros de acolhimento do projeto foram destinados os valores arrecadados nas doações avulsas.

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Aos poucos, por meio de campanhas de divulgação do trabalho da ONG, o número de padrinhos elevou-se de forma surpreendente, chegando ao ponto de haver a necessidade de se direcionar os valores obtidos com novos acolhimentos para a implementação e expansão dos centros de atividades, assim esse sistema de amparo direcionado individualmente às crianças constituiu e continua a compreender o cerne dos projetos da Fraternidade, grande parte do rendimento advém dessa sistemática.

A partir da contribuição e apoio oferecido por várias pessoas, a abrangência dos trabalhos exercidos pela organização foi expandida para a criação de outros projetos, com o objetivo de auxiliar um maior número de pessoas, com necessidades diversas das anteriormente relatadas, mas tão importantes quanto.

Dessa forma, o segundo centro de acolhimento foi aberto pela FSF em Muzumuia, localidade na qual construíu-se uma padaria, com o objetivo de gerar empregos e aprendizagem para os jovens, além de fornecer pão para as comunidades por um preço reduzido.

A iniciativa consolidou uma evolução tanto para os adolescentes empregados na criação quanto para a população das aldeias, contribuindo para a facilitação de manutenção da vida desses indivíduos, os quais necessitam de uma profissão que os permita direcionar suas vidas a um caminho mais digno.

Ademais, além da fabricação de pães, as comunidades contam com cursos de aperfeiçoamento para aprendizagem de corte e costura, cultivo de terra e artesanato, de forma a ampliar as oportunidades trabalhistas.

Em 2014, quatro anos após o efetivo início do projeto, constatou-se que as crianças amparadas haviam crescido, tornando-se jovens, situação a qual suscitou a ampliação do sistema de acolhimento ampliado aos adolescentes.

Devido a inevitabilidade da consequência do passar do tempo, o amadurecimento, o programa escolar instituído nas aldeias de Moçambique, cuja oferta ocorre apenas até a 6ª série, fez-se insuficiente para garantir a persecução mínima dos direitos humanos fundamentais aos adolescentes. Com isso, tendo em vista a necessidade de se deslocarem para a cidade, em busca da continuidade dos estudos, foi criado o Projeto Jovem, a fim de garantir-lhes as condições necessárias a oferecer, futuramente, uma profissão e a dignidade supostamente defendida nas leis de direitos humanos e humanitários.

Houve, posteriormente, em fevereiro de 2017, o acolhimento a Madagascar, ilha semeada pela proliferação de doenças e expansão da miséria, tendo em vista a situação de descaso na qual vive o povo que lá habita. De tal forma, foram ajudados crianças e adultos, nos

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campos educacionais, alimentares e no incentivo à higiene, uma vez que a maior parte das enfermidades do local ocorriam pela ausência desses cuidados básicos.

Tendo consciência dessa situação de extrema pobreza pela qual a grande maioria da comunidade da ilha de Madagascar é assolada, a Fraternidade Sem Fronteiras decidiu proporcionar o acolhimento de aproximadamente 3 mil pessoas, com a criação de dois centros especializados para fornecer alimentação, água própria para o consumo e condições mínimas necessárias de higiene.

Houve ainda a acolhida de crianças moradores de rua, a fim de dignificá-los conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente que edifica, em seu artigo 15, os direitos destes à liberdade, ao respeito e à dignidade como seres humanos em progresso no papel de sujeitos detentores de direitos humanos, civis e sociais com garantia constitucional (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, 1990), e a Constituição Federal de 1988, em cujo contexto do artigo 1º, define um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito como Dignidade da Pessoa Humana, procedido de especificação sobre o dever da família, da sociedade e do Estado, o de proteger jovens, crianças e adolescentes, dando primazia aos direitos à vida, à alimentação, ao lazer, à saúde, à educação, à dignidade, ao respeito, à liberdade, dentre outros, além de salvaguardá-los de toda violência ou crueldade (BRASIL, 1998).

Ainda para confirmar as necessidades deste local, foi publicada uma reportagem no Globo Repórter em 03/11/2017, na qual consta “Madagascar é um dos países mais pobres do mundo” (GLOBO REPÓRTER, 2017), e, apesar de ser formado por terras ricas e férteis possui um nível de pobreza elevado, além de ser assolado por várias doenças causadas principalmente pela falta de condições de higiene e pela grave desnutrição.

Há a realização de ação em favor das crianças de rua em Dakar, capital de Senegal, com a intensão de resgatá-las da terrível situação de abandono na qual foram deixadas. A ONG auxilia um orfanato criado por voluntários, chamado “Chemin du Futur”(Caminho para o

Futuro), que oferta abrigo, alimentação, esportes, música e capacitação para o trabalho, além

do afeto com o qual são cuidadas.

Além destes, a Fraternidade sem Fronteiras investe em outro bonito projeto fora do Brasil, a construção de uma comunidade denominada Nação Ubuntu, de localização próxima à Moçambique, no país Malawi, ao lado de um campo de refugiados, a fim de ajuda-los com o fornecimento de moradias e condições necessárias à sobrevivência.

Ademais, mesmo atuando fraternamente fora do Brasil, esta organização não esqueceu a necessidade permeada em grande parte da extensão territorial deste país. Com isso, são

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desenvolvidos três projetos nacionais, relacionados à saúde, cultura e acolhimento de refugiados, respectivamente.

A ação envolvendo a saúde diz respeito ao tratamento de crianças com microcefalia, no Centro de Atendimento Integral das crianças com microcefalia, do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto, na cidade de Campina Grande, Paraíba. Tal projeto é um apoio à iniciativa da médica Adriana Melo, responsável pela descoberta da conexão entre o zika vírus e a microcefalia, que conta com o atendimento de médicos, fisioterapeutas e psicólogos de modo a oferecer chance de tratamento para essas crianças.

O lazer e incentivo à cultura foi, desde o princípio, elemento de demasiada importância para a OSC, por este motivo iniciou-se um projeto de estímulo ao desenvolvimento musical, com a fundação de uma orquestra a fim de incentivar a arte e melhorar a vida de muitos jovens e crianças. Surgiu assim a Orquestra Filarmônica Jovem Emmanuel cujo funcionamento ocorre em Campo Grande, com o oferecimento de aulas de música para jovens habitantes da periferia, tendo intuito de ofertar outro tipo de alimento para os necessitados, o da alma.

O mais recente trabalho aplicado pela ONG consiste no oferecimento de ajuda aos refugiados venezuelanos, com a intitulação “Brasil, um coração que acolhe”, o movimento busca sobretudo passar a mensagem da necessidade do suporte fraterno, por meio do oferecimento de alimentação, tratamento de saúde e educação no centro de acolhimento construído pela organização.

É conhecida pelo mundo a situação da ditadura fixada na Venezuela, e o consequente estado precário no qual se encontra a população daquele país, por tal motivo, foi iniciada a imigração destes cidadãos da sua nação de origem para o Brasil, principalmente na fronteira de Roraima, elevando a população de forma descontrolada e a demanda de prestação dos serviços públicos. Esta situação fundamenta a necessidade de ação imediata do Governo na implementação de políticas públicas de atendimento inicial deste povo e adaptação do mesmo para sua sobrevivência.

São nos momentos tais quais os anteriormente descritos que há a conscientização da imprescindibilidade dos atos atribuídos a tais entidades, tendo em vista a ineficiência Estatal, principalmente no trato direto com a população, na iniciativa para a manifestação de ações humanitárias e no oferecimento de apoio em todas as áreas de desenvolvimento humano, necessário à expansão do progresso mundial.

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4.2 O DESCAMINHO PELO DESARRIMO GOVERNAMENTAL: OXFAM

A corrupção é uma realidade presente em todos os meios da atual sociedade, tanto que chegam a perturbar até mesmo instituições as quais se propõem à auxiliar na resolução de problemas sociais de difícil alcance Estatal. É evidente o efetivo apoio oferecido à sociedade pela maioria das ONGs, no entanto há casos de desvios de valores percebidos, custando a reputação de toda entidade assistencialista, advindo isto em especial ao descaso do Governo para com essas iniciativas.

Tendo em vista a atração dos meios de informação por notícias negativas, estes atos desviantes são explicitados com frequência em jornais, revistas e redes sociais, a exemplo destaca-se matéria da revista Veja, intitulada “ONGs: o caminho fácil para a corrupção”, na qual fica evidente a carência de leis para regulamentação dos seus atos e da constante fiscalização, destacando-se o trecho no qual salienta relatório do CPI, no ano de 2006, informando os problemas nos acordos entre as organizações e os Governos como sendo ausência de critérios para escolha das entidades agraciadas, desvio de finalidade quando do cumprimento do contrato e, principalmente, inexistência de fiscalização dos convênios (CASTRO, 2011).

Caso não estivesse demonstrado até esse ponto o descaso do Governo e do sistema legislativo com estas organizações, fica claro na reportagem acima aduzida, bem como os problemas que rebaixam-nas, e a continuidade destes na hipótese de não se tomar partido algum para a resolução das contrariedades geradoras dos desvios.

Ademais, para ilustração mais aprofundada desses escândalos tem-se o exemplo prático da ONG Oxfam Internacional, acusada, em 2018, do desvio de valores destinados ao fundo da organização para a “contratação” de prostitutas, muitas menores de idade, transformando o seu centro de alojamento no Haiti, onde começaram à oferecer “assistência” após o terremoto de 2010.

O local foi aberto desde o ano de 2010, e segundo investigação, tal situação iniciou-se em 2011, perdurando até 2018 (CEBRIÁN, 2018), quando escancarou-se a descoberta dos assédios e desvio de verbas. Assim, a matéria chama atenção em outro ponto no qual destaca a ausência de controle no interior das entidades, explicitando não ser esta uma situação singular nem ao menos surpreendente no meio humanitário, garantia oferecida por profissional experiente em ONGs internacionais prestigiadas, o qual assegura que a partir desta descoberta,

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muitos outros casos apareceriam. Por fim, o escritor aduz “Ninguém controlava nem auditava como se gastava o dinheiro de milhões de doadores?” (CEBRIAN, 2018)

É justamente este o questionamento principal, se não há quem realize o controle efetivo das doações recebidas por estes órgãos. Realmente a deficiência no tal campo do monitoramento no uso correto dos valores percebidos constitui-se uma situação de gravíssimas consequências caso não sejam extintas, ou ao menos reduzidas.

Outra matéria publicada na revista Veja, em 12 de maio de 2015, tem como manchete “PF prende três por fraudes de R$ 70 milhões no Paraná”, e conteúdo direcionado novamente à utilização do dinheiro recebido pela organização para fins individuais, como explicitado no texto midiático, segundo o qual as fraudes dentro do processo licitatório, pelos dirigentes das OSCIPs, eram de vultuosas somas sacadas ou transformadas em pagamentos à empresas dos próprios ou de fachada, mascaradas por irregularidades na prestação de contas (FRAZÃO, 2015).

Isto posto, deve o Governo tomar a liderança do acompanhamento de todas as propostas, da totalidade dos projetos e da destinação das doações recebidas, antes que essa porcentagem de organismos criados para fins ilícitos prejudiquem ainda mais as demais OSCs e os indivíduos, tanto os que deveriam ser beneficiados com tais valores e não são quanto os desfavorecidos pela redução montantes a título de donativos, consequência da exposição de notícias tais quais as exibidas anteriormente.

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31 5 ENTENDIMENTOS JURISPRUDENCIAIS

A maioria do conteúdo jurisprudencial referente às ONGs relata seus desvios de valores monetários, asseverando pois a necessidade de um controle à destinação dos seus fundos. À esse respeito acha-se decisão do Superior Tribunal de Justiça9 em julgamento de agravo regimental em recurso especial, cujo conteúdo elucida processo penal, queixa-crime em desfavor de Gestores de alguns institutos, narrando devidamente as condutas criminosas e acusação de desvio e apropriação de fundos recebidos por tais organismos (BRASIL, 2018).

Outra situação, solicitada pelo Congresso Nacional no âmbito do Tribunal de Contas da União10, foi a realização de auditorias e perícias a fim de se obter controle sobre valores repassados em função de ajuste com Organização Não Governamental para efetuar atos de auxílio à saúde indígena. Sendo pois, as informações, direcionadas ao presidente da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle – CMA, do Senado Federal com intuito de serem fiscalizados tais valores para integrar e atualizar os dados já obtidos (BRASIL, 2014).

Este trecho demonstra a pretensão do Congresso Nacional na fiscalização dos repasses orçamentários entre o Governo e Ongs relacionadas à proteção da saúde dos povos indígenas, fato tomado como paradigma de funcionamento das condutas desempenhadas por essas organizações.

Outro alerta para a necessidade da prática ilibada nessas instituições é salientado na consecutiva jurisprudência do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro11, em julgamento de Recurso em Sentido Estrito contra decisão de indeferimento da denúncia imputando ao réu a pratica dos crimes descritos no artigo 147, do Código Penal, c/c artigo 61, inciso II, alínea f, na forma da Lei nº 11.340/06, em cujo conteúdo o relator faz apelo às organizações responsáveis à proteção das mulheres e da família, Autoridades Policiais, Ministério Público, Poder Público, Defensoria Pública, Autoridade Judiciária e Organizações Não

9 (STJ – AgRg no REsp:1670607 SP 2017/0113845-2, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, Data de Julgamento: 05/04/2018, T6 – SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 16/04/2018). (BRASIL, 2018)

10 (TCU 00393720143, Relator: BENJAMIN ZYMLER, Data de Julgamento: 25/06/2014) (BRASIL, 2014)

11 (TJ-RJ – SER: 00251096020138190000 RIO DE JANEIRO LEOPOLDINA REGIONAL VI JUI VIO DOM

FAM C/MULHER, Relator: MARCOS QUARESMA FERRAZ, Data de Julgamento: 29/05/2013, OITAVA CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 04/06/2013). (RIO DE JANEIRO, 2013)

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Governamentais, para que atuem com o devido cuidado a fim de não caírem em descrédito (RIO DE JANEIRO, 2013).

Outrossim, ratificada a primordialidade de apoio do Governo à ONGs e suas ações baseadas nos direitos humano e na boa-fé, resta validar tais afirmações elencando-se situações referentes à prática da proteção dos mais diversos setores sociais, tal como delineado em Apelação Cível de Ação Civil Pública12, julgada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em 2014, por meio da qual ocorreu tentativa de defesa aos direitos humanos por uma ONG. A referida entidade alegou violação de condições mínimas de sobrevivência e higiene no interior dos presídios, no entanto, o apelo foi desprovido, observando-se ausência de comprovação clara e objetiva dos fatos alegados (RIO DE JANEIRO, 2014).

12 (TJ-RJ – APL: 00834984520078190001 RIO DE JANEIRO CENTRAL DE ACESSORAMENTO

FAZENDARIO, Relator: FERDINALDO DO NASCIMENTO, Data de Julgamento: 18/03/2014, DÉCIMA NONA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 28/04/2014).

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33 6 CONCLUSÃO

Em relação aos objetivos inicialmente propostos, o atual trabalho conseguiu abordar o tema de abrangência geral sobre as Organizações Não Governamentais com a análise da sua conceituação. Elucidou a existência de expressão sinônima, denominada “Organizações da Sociedade Civil”, bem como as caracterizações destas como Organizações Sociais ou Organizações da Sociedade Civil de Interesse público, diferenciando-as por seus atos. Finalizou o tópico com a conclusão de que as referidas entidades são instrumentos de auxílio social à curto e médio prazo, diferenciando-se das OSs e das OSCIPs por estas constituírem características das OSCs.

Quanto à legislação pertinente à tais organizações, foi analisada ausência de texto específico se referindo com exclusivamente às mesmas, fato ocasionador de certa lacuna no gerenciamento das atividades das mesmas, sendo assim citadas, principalmente a lei das OSCs, nº 13.204/2015 e as referentes à ambas as classificações das ONGs, isto é, OSCIPs e OSs, regulamentadas, nesta ordem, pela Leis Federais nº 9.790/99 e 9.637/98. Foi perquirido também o Código Civil, haja vista abordar texto condizente com os modos de criação destes organismos, fundações e associações, assim, seja com capital prévio destinado à fim determinado ou surgimento no campo das ideias com posterior arrecadação de capital, a origem destas instituições acha-se prevista legalmente.

Com relação às funções praticadas pelas entidades referidas, foi evidenciada a função social de atendimento à minorias em situações nas quais o Governo não consiga alcançar, além do incentivo à estas práticas por meio de divulgação. Foi demonstrada então a inserção dos cidadãos beneficiados, no meio social e a constante cobrança efetivada pelas OSCs aos setores responsáveis por ações não cumpridas. Visualizou-se ademais à propensão à denúncia tanto do Governo quanto das companhias empresariais, no caso de cometimento de faltas capazes de violar direitos fundamentais, além da motivação principal, responsável por mover todo o contexto de criação das Organizações privadas de interesse público, a instigação ao ânimo de fraternidade e esperança em um mundo melhor.

Posteriormente, a fim de especificar a compreensão do assunto sobre o qual se versa, o trato de todas os organismos foi pormenorizado nos de defesa aos direitos humanos, passando estes à constituírem instrumentos na busca da dignidade do ser humano, vez que o Estado, responsável por isso não atinge suas funções completamente. Daí foi reiterada a importância com a qual devem ser zeladas as entidades voltadas ao acolhimento, à proteção do

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ser humano, particularmente, das parcelas excluídas do povo, por serem instrumentos edificadores aos direitos e garantias fundamentais.

No entanto, com os projetos de naturezas diversificadas, sendo aplicados por um elevado número de organizações, visualizou-se o desvio de finalidade em algumas, fatos a partir dos quais são gerados escândalos noticiados em toda a mídia, o que vem reduzindo a confiabilidade por meio da qual os doadores se relacionam e ajudam na manutenção das mesmas. Assim, foi abordado o motivo principal gerador dessa fama destruidora atribuída à totalidade das instituições em razão da má conduta de uma pequena parte para emissão de alerta às autoridades competentes quanto à urgência de mudanças para redução de comportamentos negligenciados.

Ademais, quanto à causa referida, constatou-se sê-la a ausência de acompanhamento destes organismos, em âmbito Governamental e social, mas com destaque na devida função Governamental nestes casos. Com isso, para a fiscalização de tais entidades, o Estado deve agir sob um regime normativo e de maneira efetiva, ou seja, o poder legislativo tem o dever de criar uma lei própria à tais atos, que garanta a concretização destes, enquanto o Governo tem de instituir sistema observância dos fins atribuídos aos recursos percebidos pelas ONGs, para garantir sua conformidade com a lei.

Por conseguinte, foi possível demonstrar o direito de ser auxiliado para atingir as condições básicas de dignidade, do qual a população está sendo distanciado, em consequência da grade de matérias jornalísticas e exposições em redes sociais tendo como elementar apontamento o deslocamento de atitudes em prol do auxílio e desenvolvimento social para a manutenção de regalias pessoais, ocasionando pois a corrupção e, como consequência a desvalorização destas ações.

Pôde-se perceber então, que as parcelas populacionais carentes de recursos, sejam de origem econômica, social, de saúde ou educacional, devem ter garantido o direito a serem atendidos por OSCs, porquanto a inércia Estatal neste sentido. Desse jeito, as instituições embasadas na má-fé, no descaminho do fundo monetário, necessitam ser empatadas pelo poder público, de modo a contribuir ao menos parcialmente com a salvaguarda do direito fundamental da dignidade da pessoa humana.

Em continuidade ao assunto abordado, houve disposição relevante exemplificando a importância das ações desses organismos, por meio da observação do trabalho realizado por uma ONG de caráter íntegro, denominada “Fraternidade Sem Fronteiras”, de ações voltavas ao auxílio dos mais necessitados habitantes da África e de crianças brasileiras em alguns estados,

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