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O impacto das associações empresariais na internacionalização das empresas do mobiliário

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O impacto das associações empresariais na

internacionalização das empresas do mobiliário

Ana Pinto

Mestrado de Gestão Comercial

Faculdade de Economia do Porto (FEP)

Supervisor: Profª Doutora Raquel Filipa do Amaral Chambre de Meneses Soares Bastos Moutinho

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Nota Biográfica

Nascida a 21 de Agosto de 1992 em Guimarães, Ana Pinto viveu a maioria da sua vida entre dois países, Portugal e França.

Licenciada em Direito e Línguas pela Universidade de Bordeaux em 2014, realizou um ano de intercambio na Universidade Federal de Direito de Pernambuco, Brasil.

Realizou a sua primeira grande experiência profissional em Marrocos, como estagiária em política comercial na Embaixada de Portugal em Rabat.

De momento trabalha como consultora em negócios internacionais na Market Access, onde é gestora da unidade de negócio responsável pela realização de missões empresariais e missões inversas.

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Agradecimentos

À professora Raquel Meneses, um enorme obrigada por todo o apoio e ensinamentos durante este desafio.

Aos representantes das associações empresariais, Dr. João Begonha, Dr. Vítor Poças e Dr. Gualter Morgado, obrigada pelo tempo e atenção dispensados durante cada entrevista.

À Market Access, que sempre me apoiou para que pudesse concluir esta feliz etapa da minha vida, muito obrigada.

Aos “migos”, Carolina e Filipe que fizeram de tudo para me fazer sorrir e apoiaram durante os meus momentos mais críticos, obrigada por toda a ajuda e amizade.

Aos meus pais, irmã e avós, muito obrigada por me terem feito acreditar que com trabalho e dedicação tudo é possível. Ao meu pai, por querer que eu faça sempre melhor, à minha mãe por acreditar que tudo o que eu faço é ótimo, à minha avó por me passar a sua vontade de aprender e à minha irmã por me mostrar que a nossa força interior é maior do que o que pensamos. Obrigada por fazerem de mim o que sou hoje e por me levarem a querer sempre mais.

Ao companheiro de todas as horas, João, obrigada por toda a paciência, carinho e apoio. Obrigada por todos os “nunca acabas” que me levaram a concluir esta etapa e por acreditares que eu conseguia acabar.

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Abstract

Keywords: Business Associations, Internationalization, Impact

In an increasingly global world and economy, it is easy to understand the difficulty of acting individually without partners to help companies grow. In the business world, this role is sometimes assigned to business associations. However, although the internationalization of companies is one of the main themes today, little information exists about the role of business associations in the internationalization of companies. Taking for example the furniture sector, this study aims to analyze the impacts of Portuguese business associations on the internationalization of companies in the sector. Through the triangulation of data obtained through interviews, analysis of information available online and observation work on a Business Mission to Morocco, it was possible to deduce that the business associations specialized in the furniture sector in Portugal promote numerous actions that positively benefit companies, both individually and collectively, directly or indirectly in their internationalization, namely through the development of networks, knowledge, promotion of the sector at international level or qualification of companies.

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Resumo

Palavras-chave: Associações Empresariais, Internacionalização, Impacto

Numa sociedade e economia cada vez mais globais, é fácil compreender a dificuldade de atuar individualmente, sem recurso a parceiros que auxiliem as empresas a crescer. No mundo empresarial, esse papel é por vezes atribuído às associações empresariais. No entanto, embora a internacionalização das empresas seja um dos principais temas da atualidade, pouca informação existe sobre o papel das associações empresariais na internacionalização das empresas. Tomando por exemplo o setor do mobiliário, este estudo pretende analisar quais os impactos das associações empresariais portuguesas na internacionalização das empresas do setor. Através da triangulação de dados obtidos pela realização de entrevistas, análise de informação disponível online e um trabalho de observação sobre uma Missão Empresarial a Marrocos, foi possível deduzir que as associações empresariais especializadas no setor do mobiliário em Portugal promovem inúmeras ações que beneficiam positivamente as empresas, tanto individualmente, como colectivamente, de forma direta ou indirecta na sua internacionalização, nomeadamente através do desenvolvimento de networks, de conhecimento, de promoção do setor a nivel internacional ou de qualificação das empresas.

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Índice

Índice de Tabelas ... x Índice de Figuras ... xi Introdução ... 2 1. Revisão da Literatura ... 5

1.1. Definição dos temas abordados pela literatura ... 5

1.2. Teorias do impacto das associações ... 6

1.2.1. A lógica de influência coletiva ... 6

1.2.2. A lógica de serviços ... 8

1.3. A internacionalização ... 10

1.4. Conclusão - o impacto das associações na internacionalização ... 17

2. Metodologia ... 19

2.1. Estratégia de investigação ... 19

2.2. Elementos de Estudo ... 22

2.2.1. A Associação Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF) ... 22

2.2.2. A Associação Portuguesa Das Indústrias De Mobiliário E Afins (APIMA) . 23 2.2.3. Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP) ... 24

2.3. Recolha de dados ... 25

2.4. Entrevistas ... 25

2.5. Observação ... 26

2.6. Análise da informação ... 27

3. Resultados ... 30

3.1. Análise das entrevistas ... 30

3.2. Análise documental ... 35

3.3. Observação direta ... 40

3.4. Visão Geral ... 41

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Referências bibliográficas ... 47

Anexos ... 51

Anexo 1 - Guião de entrevista ... 51

Anexo 2 - Entrevista ao Dr. João Begonha (AEPF) ... 52

Anexo 3 Entrevista ao Dr. Gualter Morgado (APIMA) ... 57

Anexo 4 Entrevista ao Dr. Vitor Poças (AIMMP) ... 63

Anexo 5 Relatório da Missão Empresarial a Marrocos ... 67

Anexo 6 Artigos online sobre a AEPF ... 86

Missão Empresarial aos Estados Unidos ... 86

Missão Empresarial Omã | Associação Empresarial de Paços de Ferreira ... 87

AEPF - ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL DE PAÇOS DE FERREIRA - PROJETOS EM VIGOR ... 89

Workshop "Reino Unido – Uma oportunidade em 2018" ... 91

Workshop – Entrada Livre | Associação Empresarial de Paços de Ferreira ... 92

Academia PME – ao lado da ambição e do crescimento das empresas ... 93

Formação Gratuita a começar | Associação Empresarial de Paços de Ferreira ... 95

AEPF convida importadores alemães | Associação Empresarial de Paços de Ferreira ... 97

AEPF promove Missão Inversa do Reino Unido ... 99

Capital do Móvel viaja até Birmingham ... 101

Curso de Formação para Contabilistas | Nova Data ... 103

Empresários a caminho de Marrocos ... 104

Empresários britânicos querem apostar no mobiliário português ... 106

Há oportunidades que não podemos desperdiçar ... 108

Negócios na Capital do Móvel de Paços de Ferreira aumentaram 20% | Certame acolheu cerca de 35 mil visitantes ... 110

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viii

Paços de Ferreira quer integrar futuras rotas do turismo industrial | Paços de Ferreira

... 112

Peças de mobiliário e decoração da Capital do Móvel expostas em Toulouse ... 114

Sistema de Aprendizagem arranca em setembro ... 116

AEPF - ASSOCIAÇÃO EMPRESARIAL DE PAÇOS DE FERREIRA - PROJETOS EM VIGOR ... 118

Anexo 7 Artigos online sobre a AIMMP ... 124

Feira de mobiliário e decoração para hotéis em Paris com recorde de empresas portuguesas – aimmp ... 124

Form Wood & Furniture – Formação Cofinanciada – aimmp ... 125

Inov Wood & Furniture – aimmp ... 126

Inter Wood & Furniture – Projeto de Internacionalização – aimmp ... 127

PCWIE – Final Conference 25 de maio Espinho, Portugal – aimmp ... 128

Pela primeira vez o sublinhar de um “Diálogo Social Verde” – aimmp ... 129

Reunião do Presidente da AIMMP com a Ministra das Relações Exteriores da Colômbia – aimmp ... 130

Workshops Criativos Tendências do Design, Observatórios de Mercado – aimmp .. 131

Tendências do Design e Observatórios de Mercado – aimmp ... 132

AIMMP na Ligna no Centro de Exposições de Hanover, Alemanha, com importantes empresas do setor – aimmp ... 133

AIMMP presente no projeto GOOD WOOD no âmbito do Diálogo Social Europeu – aimmp ... 134

Associados da AIMMP em revistas de renome ... 135

Anexo 8 Artigos Online sobre a APIMA ... 137

Onze empresas portuguesas do setor do mobiliário mostram na Alemanha manufatura diferenciadora ... 137

Projetos APIMA ... 139

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ix

Projeto Conjunto de Internacionalização da APIMA nº 17063 ... 143 Projeto nº 1 do Portugal 2020 ... 145 Revista PORT.COM - Notícias de Portugal e das Comunidades ... 0

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x

Índice de Tabelas

Tabela 1. Ações promovidas pelas associações empresariais com base nas entrevistas... 30 Tabela 2: Referências de análise no Nvivo ... 36 Tabela 3: Ações promovidas pelas associações empresariais com base na análise de dados obtidos online ... 37 Tabela 4: Referências e arquivos de análise no Nvivo ... 40

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xi

Índice de Figuras

Figura 1: Análise das teorias sobre o impacto das associações empresariais segundo a lógica

de influência coletiva e de serviços ... 9

Figura 2: O mecanismo básico da Internacionalização: Aspetos de estado e mudança (Johanson e Vahlne, 1977, p.26) ... 13

Figura 3: Modelo das redes de internacionalização (Johanson and Matsson, 1988, p.294) .. 15

Figura 4: A versão "revisada" do Modelo Uppsala (o modelo de processo de internacionalização de redes de negócios (Johanson e Vahlne, 2009, p.1424) ... 16

Figura 5 Evolução das teorias de internacionalização ... 17

Figura 6: Análise teórica das ligações entre os serviços prestados pelas associações empresariais e a internacionalização das empresas ... 18

Figura 7: Passos da metodologia utilizada ... 29

Figura 8: Mapeamento da codificação das entrevistas ... 34

Figura 9: Gráfico de Hierarquias da análise das entrevistas ... 35

Figura 10: Mapeamento da codificação realizada aos dados obtidos online ... 38

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Introdução

A internacionalização tem sido um dos fatores relevantes no crescimento das empresas portuguesas nos os últimos anos e nesse âmbito as ações das associações empresariais podem ser muito importantes. Segundo a AICEP Portugal Global (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), as associações empresariais têm permitido “reforçar a capacitação das PME para a internacionalização (através das suas ações), aumentando a sua capacidade exportadora, e o seu reconhecimento internacional, com a dinamização de iniciativas de promoção externa: ações de promoção e marketing, incluindo a utilização de ferramentas “web”, participação em feiras e exposições internacionais e conhecimento e acesso a novos mercados”.

No entanto, a literatura divide-se relativamente ao impacto das associações empresariais nas empresas associadas. Enquanto alguns autores (por exemplo, Dalziel, 2005) defendem a influência positiva das associações empresariais, outros (por exemplo, Maennig e Ölschläger, 2011) acreditam que o seu efeito é limitado, o que torna a análise do impacto das associações uma questão controversa e um assunto de estudo. É credível que o seu impacto seja diferente consoante o tipo de empresas com que interagem e que o seu papel vá além do simples lobby (Battisti e Perry, 2015). Por estas razões, torna-se crucial analisar o impacto das associações num âmbito preciso, tanto pela determinação do tipo de empresas influenciadas, nomeadamente o seu setor de atividade, mas também pela deliberação do papel atribuído às associações, podendo este ser variado.

Embora a literatura descreva vários modelos de internacionalização, não foram encontrados artigos que correlacionem a internacionalização e a ação das associações em concreto, mas tem-se evidenciado a importância das networks na internacionalização (Johanson & Mattsson, 1988) e o impacto das associações no desenvolvimento de networks. Segundo a AICEP, o setor do mobiliário em Portugal é composto por cerca de 4400 empresas, de entre as quais três quartos exportam, o que se traduz por uma balança comercial positiva no setor, representando mais de 2% das exportações portuguesas. Tais valores demonstram a importância da internacionalização para as empresas do setor do mobiliário, onde cerca de 1000 milhões, dos 1500 milhões de euros de volume de negócios, correspondem a exportações realizadas.

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Em Portugal, segundo o Portal Nacional1, cerca de 710 associações empresariais

trabalham diariamente com o intuito de promover e auxiliar os seus associados a singrar na economia nacional, mas também no estrangeiro, fazendo com que estas revindiquem um lugar de destaque na economia portuguesa. Dentro destas, duas focam as suas ações no apoio ao desenvolvimento de empresas do setor do mobiliário: a Associação das Indústrias da Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP) e a Associação Portuguesa das Indústrias do Mobiliário e Afins (APIMA). A Associação Empresarial de Paços de Ferreira, sendo uma associação de âmbito geográfico, tem também um papel muito importante dado o número de empresas do setor do mobiliário no concelho de Paços de Ferreira.

Sendo o auxílio à internacionalização das empresas uma das funções das associações mais publicitada, e não havendo registo de estudos realizados sobre o impacto das mesmas na internacionalização das empresas portuguesas, foi determinado como relevante o estudo do impacto das associações empresariais na internacionalização das empresas.

Tendo conhecimento das características do sector do mobiliário em Portugal, é possível determinar que existe uma grande homogeneidade entre as empresas, embora 86% das empresas sejam pequenas empresas, a internacionalização ocupa um lugar primordial. Este ponto é particularmente importante, pois os setores onde as empresas têm mais tendência a integrarem associações empresariais são aqueles onde existe uma maior conformidade de tamanhos, de simetria de necessidades governamentais emanantes dessa indústria, objetivos similares ou eventos que ajam como catalisadores para estimular o desenvolvimento da associação (Bennet 2000). Assim sendo o estudo do impacto das associações empresariais na internacionalização de empresas será desenvolvido no setor do mobiliário português.

Desta forma, este estudo tentará responder à seguinte questão: de que forma podem as associações empresariais ter um impacto na internacionalização de empresas do setor do mobiliário em Portugal?

Através de realização de um estudo, numa abordagem que se aproxima da Grounded Theory, realizando-se a recolha de dados através de várias entrevistas abertas, espera-se a obtenção de respostas concretas que permitam determinar o impacto das associações empresariais na internacionalização das empresas do mobiliário, tanto através de uma lógica

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coletiva, como de serviços. Desta forma, pretende-se auxiliar as associações empresariais do ramo a determinar os benefícios que as empresas suas associadas poderão usufruir e, dessa forma, impulsionar o desenvolvimento dos seus serviços em prol das empresas beneficiárias.

O estudo encontra-se dividido em quatro capítulos, sendo o primeiro reservado à revisão de literatura, onde são apresentados os conceitos chave e serão analisadas as teorias relativas ao impacto das associações empresariais na internacionalização de empresas. O segundo capítulo permite explicar a metodologia utilizada neste estudo e o terceiro contempla a exposição dos resultados obtidos. O último capítulo, como não poderia deixar de ser, apresenta as grandes conclusões deste trabalho.

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1. Revisão da Literatura

Neste capítulo será abordado o tema da influência das associações empresariais, com base na análise da lógica coletiva e da lógica de serviços e de vários modelos de internacionalização, permitindo compreender a relação entre ambos.

1.1. Definição dos temas abordados pela literatura

Segundo o dicionário Priberam, as associações são organizações decorrentes da reunião legal entre duas ou mais pessoas para a realização de um objetivo comum. A sua origem remonta à história antiga, havendo provas da existência de associações religiosas, sociais e profissionais na Grécia antiga (Smith 2016). O direito de associação, estipulado pela Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, assim como pela Constituição da República Portuguesa de 1976, é exercido, entre outros, com intuito económico, como é o caso das associações empresariais.

As associações empresariais são de forma geral definidas por autores (como por exemplo Bennet, 1998 e Dalziel, 2006) pela forma como elas se inserem na economia e no desenvolvimento das empresas.

Para Bennet (1998) as associações empresariais são corpos coletivos, compostos por várias empresas, que agem como intermediários entre o Estado e as empresas através da cooperação/colaboração entre as empresas de forma a promover o desenvolvimento das mesmas. Podem, também, ser definidas como organizações não lucrativas, com conhecimentos especializados e impulsionadoras de inovação (Dalziel, 2005).

Podendo ter vários objetivos, e por consequência vários impactos, as associações empresariais desenvolveram atividades variadas que lhes permitem responder aos interesses individuais e coletivos dos seus associados, nomeadamente no âmbito da internacionalização das empresas. A internacionalização das empresas é um processo através do qual as empresas desenvolvem gradualmente a sua envolvência internacional (Vahlne, 1977), aumentando o nível de comprometimento das suas atividades de valor acrescentado fora do país de origem, (Simões, 1997).

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1.2. Teorias do impacto das associações

Segundo a literatura existente, os serviços prestados pelas associações podem ser variados e ter um maior ou menor impacto na vida de cada empresa, segunda a logica em que se inserem, lógica coletiva ou lógica de serviços.

1.2.1. A lógica de influência coletiva

Bennet (1998) evoca Olson (1965), Streeck e Schmitter (1985) e van Waarden (1991) a fim de descrever o objetivo principal das associações através da lógica de influência coletiva e da lógica de serviços.

Segundo a lógica de influência coletiva as associações utilizam a força da coletividade para agir no interesse comum dos associados. Segundo Olson (1965) numa associação de lógica coletiva não pode ser negado a uma empresa, o benefício de um serviço prestado coletivamente pela associação. Esta força coletiva pode ter vários efeitos positivos nas empresas, nomeadamente como intermediárias entre o Estado e as empresas, onde é necessário um impacto de grupo para desenvolver um impacto positivo (Bennet 1998). Barnett (2013) aborda a importância da lógica de influência coletiva nesse mesmo sentido, afirmando que é através das associações empresariais que as empresas conjugam esforços para poderem "falar a uma só voz" sobre assuntos de interesse comum.

As associações têm, pois, um papel importante nas relações entre o Estado e as empresas, com intuito de desenvolver a competitividade da economia (Bennet, 1998). Dessa forma influenciam positivamente também as ações do Estado, ao auxiliarem o desenvolvimento do nível de conformidade das empresas mais facilmente, com menos burocracia e tempo. É importante referir, que este impacto nas ações do Estado está relacionado, também, com um impacto no desenvolvimento da qualidade das empresas, através do aumento do nível de conformidade, e, por consequência, na sua competitividade.

Sendo um organismo que age como intermediário entre o Estado e as empresas, as associações podem influenciar a competitividade das empresas, através da sua influência na tomada de decisões do Estado sobre o mercado (Streeck and Schmitter 1985).

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Lane (1997) defende que, as associações empresariais influenciam as relações comprador-fornecedor de quatro maneiras diferentes, beneficiando a competitividade:

• divulgando e aplicando regras e normas comuns que divulguem

conhecimentos técnicos no setor;

• fornecendo conhecimento sobre empresas individuais que lhes

permitam ser avaliadas como potenciais clientes ou fornecedores;

• articulando metas coletivas que possam influenciar o

desenvolvimento de setores; e

• representando os interesses do setor em negociações com o governo.

Estes papeis desempenhados pelas associações contribuem para a criação de códigos de ética e para o desenvolvimento de mútua confiança entre os associados, que beneficiam a competitividade individual e do setor (Lane, 1997). Podem também oferecer vantagens através da redução do risco empresarial individual, orientando os pontos de vista da empresa na direção dos objetivos comuns dos associados, e atribuindo-se o papel de estrutura de

backup que assegure a validade de normas comumente aceites, padrões de qualidade e

arbitragem (Bennet 2006). Ainda numa lógica coletiva, Dalziel (2006) defende que as associações agem como impulsionadores de inovação, o que por sua vez também alavanca a competitividade das empresas.

As associações empresariais contribuem, também, para o desenvolvimento de networks, considerado como um dos fatores essenciais à internacionalização, sendo a própria relação entre as empresas e as associações definida como network voluntária (Curran e Blackburn 1994). O impacto das associações na criação de networks não se limita à interação entre os associados, mas também a contactos externos realizados através de ações levadas a cabo pelas associações: como organização de missões inversas, viagens aos mercados externos, participação em feiras, etc.

No entanto, embora a lógica coletiva apresente inúmeras vantagens para os associados, poderá ser também um entrave ao bom funcionamento das associações, quando analisado através da lógica de ação coletiva de Olsen (1971).

No caso de uma associação empresarial agindo através de uma lógica coletiva, apesar da sua capacidade de influenciar positivamente as empresas, sendo a sua raison d'être

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maioritariamente coletiva, esses impactos favorecem geralmente o setor em si, e não as empresas individualmente (Bennet1998). Isto é, parte do impacto coletivo não se faz sentir apenas nas empresas associadas, mas sim em todo o setor, beneficiando também quem não tem qualquer ligação às associações e não tendo que suportar os custos (monetários e tempo despendido) associados. Assim sendo e tendo em consideração que a participação numa associação empresarial é puramente voluntária, as empresas tendem a procurar benefícios individuais que motivem a sua participação (Bennett, 2000).

Por outro lado, a motivação dos associados é um dos fatores de sucesso das associações, visto que essa mesma motivação se traduz pela proporção de rendimento recebido pelas associações, que financiará as atividades das mesmas (Bennett, 2000). Torna-se, assim, difícil para uma associação agir apenas coletivamente visto que, segundo a lógica de ação coletiva, os indivíduos tendem a ter dificuldades em suportar custos individuais que proporcionem benefícios coletivos (Chamberlain, 1966).

1.2.2. A lógica de serviços

Consciente deste entrave, algumas associações optam também por oferecer às empresas associadas serviços individuais, que lhes permitam cobrar honorários (Bennett, 2000), utilizando uma lógica de serviços.

Segundo a lógica de serviços, as associações respondem às necessidades individuais de cada empresa (Bennet, 1998). Desta forma cada ação tomada pela associação terá como intuito servir uma empresa individualmente, contrariamente às ações coletivas que tendem a servir um objetivo comum dos associados (ou até de todo o setor).

Tratando-se de um serviço individualizado, podendo carecer de um interesse coletivo, as tipologias podem ser variadas, visto servirem as necessidades especificas de cada empresa. Bennet e Ramsden (2007), destacam alguns dos serviços prestados pelas associações com objetivos de capacitação como a formação, a consultoria ou mesmo linhas de apoio e informação e serviços que tendem a impulsionar a criação de networks, como a organização de missões comerciais e a participação em feiras e eventos.

No entanto, é importante sublinhar que embora sejam promovidos sob forma de serviço individualizado, essas ações podem também significar um benefício para as empresas.

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Através da criação de networks por exemplo, é possível promover também a qualidade da indústria do setor e dessa forma beneficiar o setor como um todo.

Da mesma forma que a realização de serviços individuais pode produzir efeitos positivos no setor, as ações com o objetivo de desenvolver networks não atuam unicamente nesse sentido. O desenvolvimento de networks pode influenciar o crescimento de conhecimentos sobre o mercado e vice-versa.

Figura 1: Análise das teorias sobre o impacto das associações empresariais segundo a lógica de influência coletiva e de serviços

Esta análise permite-nos compreender que as ligações entre ações coletivas e individuais, e ações que permitam desenvolver o conhecimento ou o network são muito mais complexas e densas de o que se poderia imaginar.

A Figura 1 sintetiza, segundo as teorias existentes sobre o impacto das associações, as ligações existentes entre os serviços prestados e o seu potencial impacto nos seus associados,

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segundo a lógica de influência coletiva e de serviços individualizados. As ações levadas a cabo no âmbito de uma lógica de influência coletiva poderão, como resultado do lobby realizado junto do Estado, pelo desenvolvimento de relações de confiança entre os associados e pela criação de normas de qualidade comuns, levar ao aumento da competitividade das empresas e servir de catalisador à inovação no setor. Quanto aos serviços prestados numa lógica de serviços individuais terão, sobretudo, o papel de criadores de networking e de desenvolvimento do conhecimento das empresas.

O apoio à internacionalização insere-se, por um lado, numa lógica coletiva, pelo seu papel como impulsionador da competitividade e inovação das empresas e, simultaneamente, numa lógica de serviços com apoios mais direcionados e individualizados como a formação. consultadoria entre outros (por exemplo, ajuda nas candidaturas a subsídios estatais).

1.3. A internacionalização

A fim de compreender o impacto das associações empresariais na internacionalização das empresas do mobiliário, é necessário analisar os modelos de internacionalização empresarial, e nos quais as associações poderão ter um papel importante. Embora se verifique a existência de inúmeras teorias cujo objetivo principal é a explicação do processo de internacionalização, tem sido atribuída uma maior relevância ao modelo Uppsala de internacionalização de 1975 (Johanson & Vahlne, 1977) e à sua revisão de 2009 (Johanson e Vahlne, 2009) e à Teoria das Redes com o trabalho seminal de Johanson e Mattsson (1988).

Modelo Uppsala

Durante os anos 70, autores como Hood e Young (1979) defendiam que as empresas deveriam escolher a melhor forma de integrar um mercado externo através da análise dos custos e riscos baseados nas características do mercado e tendo em conta os recursos da própria empresa.

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Através da exposição do Modelo Uppsala em 1977, Johanson e Valhne contrariaram as teorias existentes, defendendo uma abordagem progressiva da internacionalização desenvolvida por etapas. Esta teoria é baseada no estudo sobre problemas de internacionalização realizado por Johnson e Widersheim Paul que decorre da análise dos processos de internacionalização de quatro empresas suecas: Sandvik, Atlas Copco, Facit and Volvo no âmbito de um programa de pesquisa realizado na Universidade Uppsala (Johnson e Widersheim-Paul 1975).

Segundo Johnson e Widersheim-Paul (1975) os principais obstáculos ao processo de internacionalização são a falta de conhecimentos sobre os mercados externos e a carência de recursos. Tais obstáculos podem ser ultrapassados através da tomada de decisões incrementais, e investimentos na aprendizagem dos mercados externos.

Segundo o Modelo Uppsala, as empresas têm tendência a iniciar o seu processo de internacionalização em mercados externos onde a distância psíquica é menor, e gradualmente expandirem o processo para países mais distantes (Johanson e Vahlne 1997). Esta distância psíquica é uma distância subjetiva, baseada num “conjunto de fatores que dificultam ou perturbam o fluxo de informação entre potenciais ou atuais clientes e fornecedores” (autor, ano, página) de mercados diferentes, tais como questões linguísticas, educação, práticas de negócio, cultura e desenvolvimento industrial (Joahnson e Vahlne 1977). A falta de conhecimento resultante das diferenças entre os países, por questões de língua e cultura, torna-se um grande obstáculo à tomada de decisões. Dessa forma, quanto maior a distância psíquica entre a empresa e o mercado externo, maior será a liability of foreigness.

A liability of foreigness, representa a falta de competitividade das empresas nos mercados externos como consequência dos custos adicionais a que uma empresa que opera num mercado exterior é submetida, em comparação com uma empresa local. Como exemplo desses custos adicionais poderemos encontrar custos diretamente associados à distância geográfica, custos inerentes à carência de conhecimentos sobre o mercado e de falta de vínculos com o mesmo; custos resultantes da cultura económica do país anfitrião, como a falta de legitimidade das empresas estrangeiras e o protecionismo. A relatividade da liability

of foreigness, assim como das escolhas tomadas pelas empresas para responder a essa

dificuldade variará de acordo com a indústria, empresa, país anfitrião e país de origem (Zaheer, 1995).

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Segundo o Modelo Uppsala, a melhor forma de ultrapassar as dificuldades criadas pela liability of foreigness é através de conhecimentos empíricos sobre o mercado que podem ser adquiridos com maior segurança e menor risco através de uma abordagem progressiva do processo de internacionalização, onde a empresa aumenta gradualmente o seu grau de inserção no mercado.

Como exemplo de modelo de internacionalização gradual expõe-se a possibilidade de uma empresa iniciar a sua internacionalização através de exportações esporádicas, seguindo-se uma exportação mais constante através de exportações realizadas por represeguindo-sentantes da empresa no mercado, tais como agentes ou distribuidores. Em terceiro lugar, após um considerável aumento dessas exportações, a empresa criará uma subsidiária no mercado, que lhe permita aumentar o seu serviço comercial, deixando para último passo a criação de uma subsidiaria de produção no mercado externo.

Para Johnson e Widersheim-Paul (1975) as quatro fases descritas são importantes por diferirem segundo o grau de envolvimento da empresa no mercado, sendo que o primeiro expressa que a empresa não assume nenhum compromisso de investimento para com o mercado, exprime-se também a falta de informação regular sobre o mercado, que permita uma maior compreensão do mesmo. A segunda fase implica um canal entre a empresa e o mercado que lhe permita obter informações regulares sobre os fatores influenciadores de vendas, assim como um pequeno investimento que vincula a empresa ao mercado. Por sua vez, a terceira fase implica um maior investimento no mercado, obtendo consequentemente um canal de informação controlado, assim como experiência direta de fatores de recursos influenciadores. A quarta fase representa o desenvolvimento da terceira, a um compromisso de investimento alargado.

Este processo tem como intuito desenvolver uma progressão gradual da internacionalização das empresas, que lhes permita obter um melhor conhecimento do mercado, tornando a experiência um catalisador de conhecimento, e fazendo com que a internacionalização se desenvolva de forma incremental (Johanson e Vahlne, 1990). Essa premissa é explicada através da divisão em dois grupos dos quatro conceitos que permitem a evolução de cada etapa (conhecimento de mercado, compromisso com o mercado, decisões de compromisso e atividades atuais da empresa no mercado).

Os State Aspects referem-se ao estado atual de internacionalização e têm em conta os conhecimentos atuais da empresa sobre o mercado e o grau de compromisso para com o

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mesmo. Os Change Aspects aludem a processos relativos às atividades atuais levadas a cabo pela empresa no mercado e as decisões tomadas sobre o grau de compromisso. Os Change

Aspects são literalmente os aspetos que permitem alterar os State Aspects (Johanson & Vahlne,

1977).

Figura 2: O mecanismo básico da Internacionalização: Aspetos de estado e mudança (Johanson e Vahlne, 1977, p.26)

Analisando a figura 2 é possível assumir a importância do conhecimento sobre o mercado. Embora o modelo Uppsala original defenda o conhecimento empírico como melhor forma de ultrapassar as dificuldades sentidas pela liability of foreigness, assumindo que o conhecimento necessário para a internacionalização só se pode obter através da própria internacionalização, estudos posteriores advogam os benefícios da second hand knowledge (Costa e Silva et al., 2012).

Embora os estudos referentes à importância da informação de “segunda mão”, no processo de internacionalização, sejam alusivos a informação transmitida entre empresas do mesmo setor, é possível admitir a potencial partilha dessa mesma forma de conhecimentos por parte das associações. Ou seja, o processo de internacionalização das empresas está fortemente dependente dos contactos que estabelece, isto é, da rede em que está inserida. É até interessante, que o modelo de Uppsala revisto já se insere nesta abordagem.

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Teoria das Redes

O desenvolvimento de netwoks pode ser considerado um fator importante na internacionalização de empresas (Franciona, Vissakb, Mussoa 2016). Essa importância é demonstrada pelo Modelo das Redes de Internacionalização de 1988 (Johanson & Mattsson, 1988).

Nesse âmbito, Johanson e Mattsson (1988) defendem que as empresas devem estabelecer e desenvolver diferentes posições em redes externas, a fim de desenvolver o seu processo de internacionalização. Segundo a teoria das redes, é possível determinar três modos de entrada no mercado internacional. Entrada através da extensão internacional, ou seja, através do estabelecimento de posições em redes estrangeiras já existentes, mas onde a empresa ainda não se inseriu. Pela penetração internacional, segundo o desenvolvimento de posições em redes estrangeiras onde a empresa já está presente. Pela integração internacional, desenvolvida pelo um aumento da coordenação entre posições já ocupadas em diferentes regiões/países.

Acresce, que a constituição da rede é influenciada pelo grau de internacionalização da empresa e do mercado (Axelsson e Easton 1988). Johanson e Matsson (1988) reconhecem quatro graus de internacionalização (Figura 3) assumindo a existência de uma correlação entre a internacionalização da indústria e a internacionalização da empresa. O “Lonely International” encontra-se num grau elevado de internacionalização num mercado com um reduzido grau de internacionalização o que significa que se trata de uma empresa que iniciou a sua internacionalização num mercado ainda pouco maduro relativamente. A este nível a empresa desenvolveu um esforço importante no desenvolvimento de networks no próprio mercado. O “The early starter” apresenta um grau reduzido na internacionalização da empresa num mercado com um grau de internacionalização reduzido, o que significa que a empresa deverá fazer um esforço para desenvolver o seu network no mercado. “The International amoung others” encontra-se num grau de internacionalização elevado num mercado onde já existem várias outras empresas. “The late starter” encontra-se numa posição mais complicada, visto apresentar um grau de internacionalização reduzido num mercado com um grau de internacionalização elevado.

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Figura 3: Modelo das redes de internacionalização (Johanson and Matsson, 1988, p.294)

Admitindo a importância das redes no processo de internacionalização das empresas, é possível assumir o impacto positivo das associações na internacionalização, sabendo que estas ocupam um papel como impulsionadores na criação de networks.

Repare-se que os mercados são redes de relações nas quais as empresas estão conectadas umas às outras de várias e complexas formas (Johanson & Vahlen, 2009). Consequentemente, é necessária uma inserção na rede adequada, para uma internacionalização de sucesso. De outra forma, mas não menos relevante, as relações entre empresas potencializam a aprendizagem, a confiança e o compromisso (produto do tamanho do investimento vezes o grau de inflexibilidade), requisitos primordiais para a internacionalização (Johanson & Vahlen, 2009).

Com base nos argumentos referidos, Johanson & Vahlne (2009) defendem que a escolha do mercado em que uma empresa decida entrar, deverá ser feita com base nas relações empresariais da mesma.

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As networks permitem dessa forma que as empresas desenvolvam o seu conhecimento do mercado externo, mas proporcionam também oportunidades para maximizar o potencial das suas vantagens competitivas e redução de custos e riscos através do estabelecimento de relações contínuas com fornecedores, clientes e distribuidores (Axelsson e Easton, 1992).

Ademais, segundo a aplicação do modelo Uppsala, as associações teriam um papel importante na aplicação da primeira fase do modelo, ou seja, impulsionando a exportação das empresas, através da participação em feiras internacionais, realização de missões inversas, e incluindo no desenvolvimento de networks internacionais.

Figura 4: A versão "revisada" do Modelo Uppsala (o modelo de processo de internacionalização de redes de negócios (Johanson e Vahlne, 2009, p.1424)

Assim como o modelo de 1997, o modelo Uppsala revisto encontra-se dividido em duas variáveis dependentes: os State Aspects e os Change aspects.

No entanto, como ilustrado pela figura 4, este modelo apresenta algumas diferenças, quando comparado com o modelo Uppsala de 1977, nomeadamente a junção da menção “reconhecimento de oportunidades” ao conceito de “conhecimento”, atribuindo desta forma uma elevada importância às oportunidades e à conscientização das empresas sobre as mesmas (Johanson e Vahlne 2009).

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Outra variável é a “posição na rede”, anteriormente considerada “compromisso com o mercado”, assume-se agora que o processo de internacionalização decorre no seio de uma rede.

No que concerne os Change Aspects, Johanson e Vahlne (2009) substituíram “atividades atuais” por “aprendizagem, criação e construção de confiança” de forma a tornar mais explicito o conteúdo de “atividades atuais”. Da mesma forma, a modificação de “decisões sobre o compromisso” a “relações de decisão sobre o compromisso” tem por objetivo clarificar que o compromisso é feito através de relações ou com uma rede de relações.

A figura 5 tem por objetivo ilustrar resumidamente a evolução das teorias de internacionalização mencionadas neste capítulo.

Figura 5 Evolução das teorias de internacionalização

1.4. Conclusão - o impacto das associações na internacionalização

Através da análise das teorias de internacionalização mencionadas compreende-se a importância do conhecimento, dos recursos, competitividade e das relações para o

Modelo Uppsala de 1975

•Referência à importância da distância psíquica no processo de internacionalização; •Obstáculos criados pela liability of foreigness e diminuição dos mesmos através de

conhecimentos empíricos sobre o mercado;

•Abordagem progressiva do processo de internacionalização em etapas.

Teoria das redes de 1988

•Importância das redes no processo de internacionalização;

•Correlação entre o grau de internacionalização das empresas e o grau de internacionalização do mercado.

Modelo Uppsala de 2009

•Revisão do modelo original através da integração da importância da rede na escolha do mercado;

•Referência ao reconhecimento das oportunidades; • Referência à liability of outsidership.

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desenvolvimento de um processo de internacionalização de sucesso. Dessa forma, as associações empresariais poderão representar um papel importante na internacionalização das empresas, através do auxílio ao desenvolvimento do conhecimento de mercados externos, que permitirá por sua vez a diminuição da distância psíquica e, consequentemente, da liability of foreigness, contribuindo dessa forma a um aumento da competitividade das empresas nos mercados externos. Ademais, as associações empresariais têm um papel muito importante no desenvolvimento de networks e, por consequência, um impacto positivo na internacionalização das empresas.

Figura 6: Análise teórica das ligações entre os serviços prestados pelas associações empresariais e a internacionalização das empresas

A figura 6, pretende demonstrar as ligações existentes entre os serviços prestados pelas associações, segundo a teoria analisada, e a internacionalização das empresas.

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2.

Metodologia

Este capítulo, tem por objetivo, descrever e explicar a metodologia de investigação utilizada durante a realização deste estudo com o intuito de perceber de que forma podem as associações empresariais ter um impacto na internacionalização de empresas do setor do mobiliário em Portugal.

2.1. Estratégia de investigação

A metodologia aplicada é o Estudo de Caso, numa abordagem que se aproxima da Grounded Theory (GT). A GT surge da colaboração entre os sociólogos Glaser e Strauss na Universidade da Califórnia em São Francisco, durante a realização de “Awareness of Dying”, que remetia ao processo de óbito dos seres humanos e a sua consciência sobre a própria morte. No entanto, esta investigação foi dificultada pela falta de estudos já existentes sobre a questão de investigação, barreira ultrapassada graças à simples pergunta “How do people die in hospitals?”, contribuindo desta forma para o desenvolvimento de tratamentos paliativos (Luckerhoff e Guillemette, 2012).

A sociologia teve desde os seus inícios uma longa tradição qualitativa de etnografia de trabalho de campo e casos de estudo. No entanto, durante os anos 60, essa tradição passou a eleger métodos quantitativos sofisticados que conquistaram a sua validação através da lógica científica e objetividade reduzindo as qualidades da experiência humana a variáveis quantitativas. Defensores de métodos quantitativos relegaram a pesquisa qualitativa a um exercício preliminar para apurar instrumentos quantitativos. Simultaneamente, ocorreu uma crescente divisão entre teoria e pesquisa, sendo atribuído maior enfase ao modelo lógico-dedutivo de pesquisa. No entanto esta metodologia era criticada por raramente culminar na construção de novas teorias (Charmaz, 1996).

Charmaz (1996) advogou que com a publicação “The Discovery of Grounded Theory” em 1967, Glaser e Strauss desafiaram a ordem tradicional da metodologia científica através da exposição de um método indutivo, onde as teorias seriam desenvolvidas graças a uma análise sistemática. Esta perspetiva contrariava a divisão arbitrária entre a teoria e a pesquisa,

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deteriorando a visão predominante da pesquisa qualitativa como precursor de métodos quantitativos mais "rigorosos" e reivindicando a legitimidade da metodologia qualitativa.

No entanto, como toda a ação revolucionária, a GT encontra resistência, nomeadamente por parte de investigadores defensores de métodos quantitativos, que acreditam que o objetivo da pesquisa é sempre atingir conclusões generalizáveis a várias populações. Todavia, ao contrário da finalidade de pesquisas quantitativas, a GT visa o desenvolvimento de teorias “enraizadas” nos dados recolhidos, tendo por base a premissa de que não existem verdades únicas, mas sim “múltiplas verdades que variam segundo a definição dada pelas pessoas a um fenómeno específico, o tempo, o local e o ponto de vista do observador e da situação” (Corbin e Strauss, 2008). Ainda, Corbin defende no prefácio de “Méthodologie de la théorisation enracinée : Fondements, procédures et usages” outra característica especifica à GT, o facto de não assumir como objetivo ter que provar uma teoria, mas antes explorar novos conceitos pertinentes e formular hipóteses, contribuindo, assim, para a análise da variabilidade e complexidade do comportamento humano e criação de novas teorias que possam ser utilizadas em estudos futuros com abordagens mais tradicionais (Luckerhoff e Guillemette, 2012).

Apesar das críticas, é notável o aumento de investigadores que confiam na legitimidade desta metodologia para a realização dos seus estudos, nomeadamente em áreas distintas das ciências sociais e humanas, como a gestão, educação, enfermagem e economia. Joannidès e Berland (2008) defendem a sua aplicabilidade ao controlo de gestão, através de uma revisão bibliográfica, ao enumerarem diversas pesquisas realizadas na área recorrendo à GT.

O recurso à GT pode, graças às suas especificidades, permitir avaliar dimensões empíricas que outros investigadores que recorreram às metodologias tradicionais possam ter negligenciado (Becker, 2006). Esta metodologia pode ser interessante quando empregue em investigações sobre as quais temos poucas informações ou sobre as quais queremos obter novos elementos de análise (Strauss e Corbin, 1998).

No caso de estudo em concreto, a escolha da GT remete ao facto do setor do mobiliário em Portugal poder beneficiar com a descoberta de novos elementos, que permitam compreender em que sentido as associações empresariais do setor impulsionam a internacionalização das empresas.

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Segundo Quattrone (2000), a legitimidade da pesquisa da GT assenta em três critérios, que se assumem a base desta dissertação: a codificação dos dados, o desenvolvimento da sensibilidade teórica do investigador e a plausibilidade da narração.

A Grounded Theory partilha algumas semelhanças com outros modelos de pesquisa qualitativa, nomeadamente as fontes de dados: entrevistas e observações de campo, assim como documentos variados (incluindo diários, cartas, autobiografias, dados históricos, jornais e outros materiais dos media), mas pode também incluir dados quantitativos como gráficos (Glazer e Strauss, 1967).

Em consequência do mencionado, a presente análise apresenta uma metodologia inspirada na GT, que se centrou, numa primeira fase, na recolha de dados, nomeadamente entrevistas realizadas a associações empresariais do setor imobiliário em Portugal.

De forma a assegurar a validade interna do estudo, recorreu-se à triangulação de dados, que consiste na combinação de dois ou mais métodos de recolha de dados no âmbito da mesma pesquisa, de forma a obter uma visão mais completa da questão estudada (Santos, 2002).

Segundo Miles e Huberman (1984) a triangulação pode ter vários significados, na Grounded Theory, Glaser (1978) refere-se como a recolha de dados a partir de fontes diferentes que se complementem. Neste trabalho, a recolha desenvolveu-se através da observação, análise documental e entrevistas semi-estruturadas.

A observação, permite, através da utilização dos sentidos, obter informações de determinados aspetos da realidade, visto levar o autor a um contacto mais direto com a realidade e dessa forma obter informações sobre as quais os indivíduos não têm por vezes consciência (Lakatos & Marconi, 1990; Santos 1999, 2002), e por isso não seriam coletáveis através de entrevistas ou questionários. O que permite também desenvolver a sensibilidade teórica do investigador, base da GT.

No entanto, de forma a obter mais informações, que não sejam visíveis através da observação, foram realizadas entrevistas (Anexo 1). Segundo Haguette (1997, p.86), entrevistas são “um processo de interação social entre duas pessoas na qual uma delas, o entrevistador, tem por objetivo a obtenção de informações por parte do outro, o entrevistado”.

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Tendo o objeto de estudo uma finalidade exploratória, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, que permitiram obter o maior número possível de informações, através de uma conversa informal que promove respostas espontâneas, mas permitindo ao entrevistador de dirigir a conversa para o assunto em questão sempre que necessário (guião em anexo).

Por fim, de forma a complementar as informações obtidas pelas entrevistas e observação, realizou-se uma análise documental da informação disponível nos websites de cada associação empresarial especializada no setor do mobiliário relativa aos serviços prestados pelos mesmos e outros documentos relacionados provenientes, por exemplo, de consultoras (relatório final da Missão Empresarial a Marrocos, entrevistas em jornais nacionais, publicações em revistas estrangeiras, artigos dos websites de cada associação, artigos de websites criados pelas associações para marcas desenvolvidas para a promoção da internacionalização do setor.

2.2. Elementos de Estudo

Tratando-se da análise do impacto das associações empresariais no processo de internacionalização de empresas do mobiliário, foram selecionadas as associações empresariais especializadas no setor, nomeadamente (as) duas associações setoriais e uma associação de âmbito regional maioritariamente constituída por associados do setor do mobiliário. No decorrer da investigação, foram analisados os serviços prestados por cada associação, de forma a identificar os que poderão ter algum impacto na internacionalização das empresas.

2.2.1. A Associação Empresarial de Paços de Ferreira (AEPF)

A AEPF, é uma entidade sem fins lucrativos e de utilidade pública de caracter regional que representa agentes económicos de várias áreas, tendo como objetivo a promoção e o incremento da competitividade das empresas e o desenvolvimento socioeconómico da região de Paços de Ferreira. Situada na apelidada “Capital do Móvel”, e promovendo o evento anual

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com o mesmo nome, a AEPF representa maioritariamente pequenas e médias empresas do ramo do mobiliário (produtores, prestadores de serviços, e comerciantes).

Os diferentes serviços prestados pela associação são maioritariamente divididos entre três departamentos, nomeadamente: Formação Profissional, Feiras e Eventos e Apoio às Empresas, através dos quais pretendem representar, defender e promover os interesses económicos; desenvolver planos e ações que contribuam para o aumento da competitividade dos associados; organizar serviços e implementar iniciativas de desenvolvimento empresarial.

Entre as vantagens de ser associado, promovem descontos em vários serviços prestados, nomeadamente: participação em feiras/ certames, eventos, formação profissional, informação e apoio jurídico, apoio e assistência Técnica às Empresas (ex: elaboração e acompanhamento de candidaturas a Sistemas de Incentivos para a Internacionalização e Qualificação, Estudos de mercado, consultoria em internacionalização).

2.2.2. A Associação Portuguesa Das Indústrias De Mobiliário E Afins (APIMA)

A APIMA, criada em 1984, é uma associação empresarial de caracter nacional setorial, dedicada exclusivamente ao setor do mobiliário com o objetivo de impulsionar a sua competitividade. Trabalhando unicamente com o setor indicado, a maioria dos seus associados são pequenas e médias empresas, tipologia que representa grande parte do setor atualmente.

Entre as vantagens de ser associado, enumeram as seguintes: • Informação empresarial jurídica, fiscal e económica; • Apoio às empresas;

• Estudos e informações sobre mercados;

• Organização de sessões de esclarecimento, seminários e congressos sobre temas relevantes para o setor;

• Organização de participações coletivas em feiras internacionais;

• Representação setorial nas negociações dos contratos coletivos de trabalho; • Organização de missões empresariais a mercados estratégicos;

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• Desconto nos serviços de apoio empresas; • Descontos em feiras internacionais;

• Descontos e benefícios decorrentes de protocolos celebrados pela associação; • Dinamização de bolsa de oportunidades em áreas como o emprego e a oferta

comercial.

É relevante sublinhar a importância dada pela APIMA aos serviços de apoio à internacionalização que levaram ao desenvolvimento de um departamento especializado nessa área.

2.2.3. Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP)

A AIMMP é uma instituição de utilidade pública, fundada em 1957 que representa todas as indústrias de base florestal exceto papel, celulose e cortiça, dividido em 5 subsetores: Corte, abate, serração e embalagens de madeira; Painéis e apainelados de madeira; Carpintarias e afins; Mobiliário e afins; e Exportação, Importação e distribuição de madeiras e derivados. Promovem um leque bastante variado de serviços que reagrupam em vários departamentos, nomeadamente:

• Centro de Arbitragem; • Certificação;

• Consultoria, gestão e financiamento; • Formação;

• Gestão de marcas; • Internacionalização; • Marketing e comunicação;

• Segurança, higiene e saúde no trabalho; • Serviços de apoio técnico;

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2.3. Recolha de dados

De forma a obter o maior número de informação possível e dessa maneira aumentar a credibilidade da pesquisa em questão, foram numa primeira fase, realizadas entrevistas a indivíduos com cargos de responsabilidade e representatividade das associações empresariais em questão. Numa segunda fase, foi realizada um trabalho de observação com intuito de recolher informação que os entrevistados não tivessem a oportunidade, ou a capacidade de transmitir. De forma a completar a recolha de dados, foi por fim, realizada uma pesquisa online que permitiu obter mais informações sobre a tipologia de ações publicitadas pelas associações empresariais em questão.

2.4. Entrevistas

Foram realizadas entrevistas a todas as associações selecionadas, com o objetivo de conseguir analisar a visão das associações sobre o trabalho desenvolvido pelas mesmas. Após a seleção das associações a contactar, foram selecionados os representantes de cada associação, que seriam mais aptos a conhecer da forma mais ampla os serviços prestados pela associação, tendo em conta que certos serviços, embora não tenham uma relação direta com práticas de internacionalização, poderão ter impactos no processo.

Nesse âmbito, foram entrevistados:

• Dr. João Begonha, Diretor Executivo da Associação Empresarial de Paços de Ferreira (Anexo 2);

• Dr. Gualter Morgado, Diretor Executivo da Associação Portuguesa Das Indústrias De Mobiliário e Afins; (Anexo 3)

• Dr. Vitor Poças, Presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (Anexo 4).

Cada entrevista foi realizada na sede de cada uma das associações empresariais, tendo sido previamente solicitado a cada entrevistado, a autorização para gravar e para utilizar o nome do entrevistado, assim como da associação por ele representada.

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Após a realização das entrevistas, procedeu-se à transcrição das mesmas para análise posterior.

2.5. Observação

A observação direta foi desenvolvida no âmbito de um projeto profissional, a serviço da AEPF, que solicitou os serviços de subcontratação de uma empresa de consultoria especializada em internacionalização, para a organização e realização de uma Missão de Grupo ao mercado Marroquino (Anexo 5).

Entre os objetivos do projeto, destacam-se os seguintes:

• Organização de sessões preparatórias para a Missão Empresarial, nomeadamente, a dinamização de uma sessão técnica de esclarecimento aos empresários relativamente a eventuais dúvidas/questões que tenham acerca do mercado;

• Identificação de importadores, compradores, distribuidores e/ou agentes/parceiros locais correspondentes ao perfil pretendido pelos participantes na missão;

• Avaliação do interesse desses interlocutores locais em conhecer as empresas portuguesas participantes na missão e a sua gama de produtos;

• Agendamento de reuniões B2B com empresas marroquinas, nas suas instalações;

• Coordenação e monitorização local das agendas e apoio logístico no mercado.

De forma a atingir os objetivos identificados, foram realizadas várias etapas, nomeadamente: 1. Realização de uma sessão alargada de trabalho presencial entre os consultores da Market Access responsáveis pela coordenação e implementação do projeto e as empresas participantes para:

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• Recolha de material promocional de cada empresa e troca de impressões sobre questões técnicas e comerciais;

• Avaliação de qual a prioridade de contactos que melhor se adequa aos interesses das empresas participantes na missão;

2. Identificação de empresas e entidades no mercado marroquino que correspondessem ao perfil procurado, bem como, do interlocutor mais indicado para contacto;

3. Promoção das empresas portuguesas participantes junto dos players do mercado identificados.

4. Preparação, calendarização e organização das reuniões individuais de trabalho realizadas entre as empresas participantes e as entidades/empresas locais que correspondessem ao perfil previamente definido;

5. Definição do programa da missão empresarial, em conjunto com a AEPF;

6. Partilha das agendas personalizadas com as empresas através de uma sessão técnica de esclarecimento;

7. Coordenação presencial da visita e apoio de backoffice por parte do consultor da Market Access;

8. Prestação de serviços de apoio logístico in loco; 9. Elaboração e disponibilização de um relatório final.

A realização deste projeto, permitiu desenvolver sensibilidade teórica do investigador, pelo contacto direto com a realidade das associações empresariais durante o desenvolvimento dos seus serviços.

2.6. Análise da informação

Durante a análise dos dados recolhidos, foi utilizado o software de análise qualitativa de dados Nvivo, que permite auxiliar os investigadores na organização de informação,

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nomeadamente através da codificação, que graças à categorização dos dados, permite facilitar a sua análise.

Durante a análise foram realizados dois tipos de codificação: tópica e analítica. A codificação tópica permite segmentar o texto por categorias ou tópicos, no estudo caso, foram codificadas por tipologias de ações (exemplo: participação em feiras, ou realização de Workshops.

Numa primeira fase, foram codificadas as entrevistas realizadas com três objetivos: 1. Perceber quais as ações levadas a cabo pelas associações no âmbito da

internacionalização;

2. Analisar em que sentido essas ações beneficiam as empresas e o setor na sua internacionalização, quer seja numa ótica de conhecimento sobre o mercado, criação de networks ou outra.

3. Compreender qual o ponto de vista das associações relativo a se as associações agem mais em benefício da internacionalização do setor ou de cada empresa individualmente.

Após esta primeira análise, foram codificados os dados obtidos através da pesquisa online, com o objetivo de aferir os dois primeiros pontos acima indicados. A pesquisa online teve por base os seguintes websites (todos os artigos analisados podem ser encontrados nos anexos 6,7 e 8):

• Site da AEPF: https://www.aepf.pt/

• Site da APIMA: https://www.apima.pt

Site da Interfurniture: http://www.interfurniture.pt

• Site da AIMMP: https://aimmp.pt/

Site da Associative Design: http://associativedesign.com/

De seguida foi realizada a codificação analítica, recorrendo às teorias sobre internacionalização de forma a analisar as ideias emergentes dos documentos analisados ou até mesmo dos tópicos identificados na primeira codificação.

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Figura 7: Passos da metodologia utilizada

A figura 7 pretende ilustrar os passos realizados com intuito de obter os resultados que iremos revelar de seguida.

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3.

Resultados

Os resultados apresentados são o produto da análise de 3 entrevistas realizadas a representantes das associações especializadas no sector do mobiliário, um trabalho de observação relativo á realização de uma Missão Empresarial a Marrocos organizada pela AEPF e de vários documentos complementares ao estudo.

3.1. Análise das entrevistas

Análise das entrevistas permitiu-nos obter a visão que o representante das associações em questão tem sobre elas próprias e as ações que levam a cabo que podem ter um impacto positivo na internacionalização das empresas.

Tabela 1. Ações promovidas pelas associações empresariais com base nas entrevistas

A Tabela 1, identifica todas as ações que foram enumeradas nas entrevistas por cada associação empresarial e que iremos enumerar e explicar:

1. Missões Inversas (MI): trata-se da organização da visita de uma serie de players internacionais a Portugal, com intuito de reunir com um determinado número de empresas portuguesas. A realização destes eventos pressupõe várias tarefas por parte das associações, nomeadamente: selecção e angariação dos players internacionais,

Associação Tipologia de ações Exemplos de ações indicadas pelos entrevistados

Missões Inversas Importadores do Reino Unido

Missões Empresariais Mostras de produtos

Feiras nacionais Capital do Movel

Auxilio nas candidaturas a financiamentos publicos Candidaturas a projetos de internacionalização Portugal 2020 Transmissão de informações sobre o mercado de forma informal

Auxilio às empresas nos processos de certificação ISO9001, ISO14001, certificação de produtos e marcas

Estudos de mercado Arquitecture Digest

Criação de uma marca Associative Design, the best of Portugal

Mostras de produtos Na Arábia Saudita, Milão, Nova Iorque, Canadá, Londres, Dubai, Shangai Participação em feiras internacionais

Transmissão de informações sobre o mercado de forma informal Apoio na preparação para feiras internacionais Promoção em revistas internacionais do setor

Participação em feiras internacionais Maison & Objets, Intergift, I Saloni, Maison & Objets Asia Promoção digital Criação de plataforma de vendas online na Maison & Objets Asia Transmissão de informações sobre o mercado de forma informal Apoio na preparação para feiras internacionais

Mostra de produtos Show Room na China

Missão Inversa Singapura, China

Transmissão de informações sobre o mercado de forma informal

AEPF

AIMMP

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financiamento das despesas decorrentes (viagens, estadias de hotel, etc.), criação do match entre as necessidades dos players e da oferta das empresas portuguesas, agendamento de reuniões, acompanhamento dos players durante a sua estadia. Durante este tipo de ações, podem decorrer reuniões conjuntas com vários empresários, reuniões individuais (que tendem a ser mais benéficas para as empresas participantes) e por vezes visitas às instalações das empresas. Da realização destas ações decorrem oportunidades de desenvolvimento de network em mercados externos, desenvolvimento de conhecimento do mercado através do contacto direto com os players do mercado, mas também a promoção do setor em geral no mercado externo.

2. Missões Empresariais (ME ou Missões de Grupo): Trata-se da organização da visita a um mercado externo por parte de um grupo de empresários portugueses, com intuito de reunirem e conhecerem um determinado número de empresas ou entidades de interesse no mercado externo seleccionado. A organização de uma ME pressupõe a realização das seguintes tarefas por parte da associação empresarial: selecção do mercado a visitar através da analise de mercados de interesse para o setor, angariação/selecção das empresas portuguesas participantes (esta selecção poderá ser condicionada pelas necessidades do mercado, sobretudo quando se trata de uma ação financiada, ou pelo interesse e disponibilidade financeira das empresas quando não financiada), selecção de players do mercado que correspondam ao perfil de cliente/ parceiro das empresas participantes, agendamento de reuniões com os players seleccionados, organização das questões logísticas inerentes à viagem e acompanhamento das empresas durante a sua deslocação ao mercado. Tal como as MI, as ME alavancam o desenvolvimento de networks, no entanto neste caso, considera-se que o impacto no desenvolvimento do conhecimento sobre o mercado é maior nas ME visto que a empresa tem um maior contacto com o mercado seleccionado, com a cultura negocial e especificidades do mesmo. As MI permitem que os players internacionais conheçam um maior número de empresas portuguesas visto que as reuniões são agendadas em função do player, enquanto que as ME permitem que as empresas portuguesas participantes conheçam um maior número de players do mercado, visto que a agenda é realizada em função da empresa participante.

Referências

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