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Estudo comparativo entre instituições de longa permanência para idosos na cidade do Recife sob foco da ergonomia do ambiente construído

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NARA RAQUEL SILVA PORTO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INSTITUIÇÕES

DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS NA

CIDADE DO RECIFE SOB O FOCO DA

ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO

(2)

NARA RAQUEL SILVA PORTO

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INSTITUIÇÕES

DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS NA

CIDADE DO RECIFE SOB O FOCO DA

ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ergonomia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), como requisito para obtenção do título de Mestre em Ergonomia.

Linha de Pesquisa: Um olhar sobre o ambiente

Mestranda: Nara Raquel Silva Porto Orientadora: Profa. Dra.: Vilma Villarouco

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Catalogação na fonte

Bibliotecário Jonas Lucas Vieira, CRB4-1204

P853e Porto, Nara Raquel Silva

Estudo comparativo entre instituições de longa permanência para idosos na cidade do Recife sob foco da ergonomia do ambiente construído / Nara Raquel Silva Porto. – Recife: O Autor, 2015.

137 f.: il., fig.

Orientador: Vilma Maria Villarouco Santos.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. Centro de Artes e Comunicação. Design, 2015.

Inclui referências, apêndice e anexos.

1. Ergonomia. 2. Idosos - Habitações. 3. Centros de cuidados diários para idosos. 4. Idosos - Assistência em instituições. I. Santos, Vilma Maria Villarouco (Orientador). II.Título.

745.2 CDD (22.ed.) UFPE (CAC 2015-87)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ERGONOMIA

PARECER DA COMISSÃO EXAMINADORA

DE DEFESA DE DISSERTAÇÃO DO MESTRADO PROFISSIONAL EM ERGONOMIA

NARA RAQUEL SILVA PORTO

" ESTUDO COMPARATIVO ENTRE INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANENCIA PARA IDOSOS NA CIDADE DO RECIFE SOB O FOCO DA ERGONOMIA DO

AMBIENTE CONSTRUÍDO"

Área de Concentração: Ergonomia e Usabilidade de Produtos, Sistemas e Produção.

A comissão examinadora, composta pelos professores abaixo, sob presidência

primeiro, considera o(a) candidato(a) NARA RAQUEL SILVA PORTO_____________APROVADA___________.

Recife, 10 de fevereiro de 2015

PROFª. DRª. VILMA MARIA VILLAROUCO SANTOS

PROFª. DRª. LAURA BEZERRA MARTINS

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Lista de Figuras

Figura 01- Fachada da ILPI 6...46

Figura 02- Rampa de acesso da ILPI 6...49

Figura 03: Corrimão da escada e rampa de entrada da ILPI...49

Figura 04: Recepção da ILPI 6...50

Figura. 05: Escada de acesso ao primeiro andar do Bloco A da ILPI 6...51

Figura 06: Rampa de acesso ao primeiro andar do Bloco A da ILPI 6...51

Figura 07: Um dos quartos individuais Bloco A da ILPI 6...52

Figura 08: Refeitório que atende aos dois Blocos A e B da ILPI 6...53

Figura 09: Área de convivência Bloco A da ILPI 6...53

Figura 10: Área de convivência Bloco A em outro ângulo da ILPI 6...54

Figura11: Cozinha da ILPI 6...54

Figura12: Banheiro dos funcionários (feminino) da ILPI 6...55

Figura 13: Área externa e rampa de acesso ao primeiro andar da ILPI 6, antes do Bloco B ser construído (1) e depois da retirada do muro (2)...56

Figura 14: Corredor do Bloco B que dá acesso aos quartos e a área de convivência da ILPI 6...56

Figura 15: Um dos quartos duplos do Bloco B da ILPI 6...57

Figura 16. Exemplo de banheiro de um quarto duplo do Bloco B...57

Figura 17. Área de convivência do Bloco B da ILPI 6...58

Figura 18. Área aberta que receberá mesas e guarda-sol para convivência da ILPI 6...59

Figura 19: Planta Baixa do térreo do Bloco A da ILPI 6...60

Figura 20. Planta Baixa do Bloco A, Pavimento Superior da ILPI 6...61

Figura 21. Planta Baixa do Bloco B, térreo da ILPI 6...62

Figura 22: Quarto individual do bloco A da ILPI 6...76

Figura 23: Banheiro do Bloco A com barras de apoio...79

Figura 24. Banheiro do bloco B, sem barra de apoio da ILPI 6...80

Figura 25. Banheiro do bloco A, da ILPI 6...81

Figura 26. Torneiras sem acionamento automático, da ILPI 6...81

Figura: 27: Altura da pia, espellho e torneira, da ILPI 6...82 Figura 28: Porta de duas folhas com abertura parcial, quarto 10 do

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Bloco A, da ILPI 6...83

Figura 29: Portas dos quartos do Bloco B, da ILPI 6...84

Figura 30: Corrimão da rampa de entrada da ILPI 6...85

Figura 31. Mesas do refeitório que atende aos dois Blocos A e B da ILPI 6...89

Figura 32. Posto de enfermagem da ILPI 6...90

Figura 33: Fachada da ILPI 1...98

Figura 34: Planta de locação da ILPI 1...99

Figura 35: Planta Baixa com layout de ILPI 1...100

Figura 36: Planta baixa com layout da ILPI 2 ...101

Figura 37: Foto da situação da ILPI 3...102

Figura 38: Planta de locação dos blocos, ILPI 3...103

Figura 39: Foto da área de convivência externa coberta da ILPI 4...104

Figura 40: Planta com identificação dos ambientes da ILPI 4...105

Figura 41: Foto da área de convivência da casa 2 da ILPI 5...106

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Lista de quadros

Quadro 1- Técnicas utilizadas na MEAC, segundo etapas e seus objetivos...43 Quadro 2: Recomendações da RDC 283/2005 e dimensionamentos da ILPI 6....71

Quadro 3: Condições de acessibilidade dos banheiros da ILIPI 6 comparando-se à NBR 9050/2005...77 Quadro 4: Desejos dos idosos na aplicação do poema dos desejos...91

Quadro 5: Comparação dos resultados das ILPIs quanto a RDC 283/2005...110 Quadro 6: Comparação das ILPIs quanto á acessibilidade de acordo com a NBR 9050/2005...113

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Lista de Tabelas

Tabela1. Dados das medidas do Conforto Lumínico dos pontos estabelecidos na Intituição de Longa Permanência em setembro de 2014 e sua comparação com a norma NBR 8995/13...64

Tabela 2. Dados das medidas do Conforto Acústico dos pontos estabelecidos na Intituição de Longa Permanência em setembro de 2014 e sua comparação com a norma NBR 10152/87...66

Tabela 3. Dados das medidas do Conforto de temperatura dos pontos estabelecidos na Intituição de Longa Permanência em setembro de 2014 e sua comparação com Iida...69

Tabela4: Comparação entre os achados em relação a adequação as normas de referência...107

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“Aos meus Pais Neves e Marcone, que sempre se fizeram presentes, obrigada pelo exemplo de seres humanos que são, e que embora longe, me transmitem segurança e amor para prosseguir.”

(10)

Agradecimentos

Agradeço à Deus e à Nossa Senhora por mais essa conquista, e pela oportunidade de realizar e concluir o mestrado.

Aos meus pais, pelo amor incondicional, apoio e incentivo, impossível descrever em palavras o quanto vocês são importantes e o que sempre fizeram por nós.

Às minhas irmãs, pelo carinho, apoio e torcida de sempre.

Ao meu amor Joseph Aleixo pelo companheirismo e por ter me ensinado tanto.

À minha orientadora linda, professora Vilma Villarouco, por toda atenção, dedicação, incentivo, sabedoria e conhecimentos. Muito obrigada por essa oportunidade, por acreditar e estimular essa conquista.

Ao grupo de pesquisa pelo trabalho em equipe, pela disponibilidade e atenção. Aos colegas de Mestrado, pelo convívio e experiências compartilhadas, aprendi muito com cada um, nossa turma uniu pessoas especiais de várias cidades do Brasil, foi maravilhoso e inesquecível.

À todos os meus amigos pela compreensão e carinho e em especial às minhas amigas-irmãs, Marcela Soutinho e Luciana Santos pela amizade e ajuda em todas as etapas da dissertação.

À Lígia de Meneses e a todos os funcionários das Instituições de Longa Permanência para Idodos pesquisadas, sem essa contribuição esta conquista não seria possível.

Aos idosos, por aceitarem participar da pesquisa, pelos sorrisos largos, pelas lições de vida ou simplesmente pelo olhar carinhoso. Muito Obrigada.

À todos que não citei aqui, mas que de alguma maneira me ajudaram, agradeço de coração.

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RESUMO

No Brasil, a atenção ao envelhecimento deixou de ser apenas uma preocupação das áreas da saúde e socioeconômica, passando a incluir as diferentes ciências, pelas necessidades e exigências do mundo que envelhece, considerando-se o meio em que vivem os idosos, seja o espaço público ou seu domicílio. O surgimento de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI´s), os antigos asilos, é uma necessidade cada vez mais presente nesta sociedade envelhecida, que têm a finalidade de proporcionar moradia coletiva em um ambiente seguro, adaptado e com assistência gerontogeriátrica. Inserido nesse panorama, este trabalho integra-se a uma pesquisa mais ampla, que cuida de avaliar e entender as relações humano-ambiente-atividades, quando este humano é uma pessoa idosa e o ambiente é uma residência coletiva destinada a essa população. Nessa perspectiva, e tendo como suporte a ergonomia aplicada ao ambiente construído, este trabalho cuidou em um primeiro momento de investigar uma instituição de longa permanência para Idosos de alto padrão e no segundo momento realizou a comparação do presente estudo com as cinco casas já investigadas pelo grupo de pesquisa, que foram duas públicas, duas particulares e uma filantrópica, podendo assim investigar em que medida o custo de utilização pago pelos usuários residentes influenciam na qualidade das instituições em relação à conforto e adequação às normas e legislações. Tratando-se de um estudo do tipo qualitativo, que utilizou como metodologia de avaliação da Instituição de Longa permanência de alto padrão a Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído (MEAC), desenvolvendo uma abordagem ergonômica a fim de entender, avaliar e modificar o ambiente e a interação contínua com seu usuário. Foram identificadas inadequações quanto às normas de conforto ambiental, dimensionamento e acessibilidade na Instituição pesquisada, e quando comparada as outras instituições pesquisadas pelo grupo, percebe-se que o não cumprimento ás normas é uma constante, não estando relacionada a condições financeiras da instituição e sim a falta de informação quanto à importância da ergonomia e o cumprimento da legislação.

Palavras Chaves: Ambiente Construído, Idosos, Instituições de longa permanência

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ABSTRACT

In Brazil , the attention to aging is no longer just a concern of the areas of health and socioeconomic , to include the different sciences, the needs and demands of the aging world , considering the environment in which older people live , is the space public or domicile . The emergence of long-stay institutions for the Elderly ( ILPI) , the old hospitals , is a must increasingly present in this aging society , which have the purpose of providing collective housing in a safe environment, adapted and geriatric care. Inserted in this scenario , this work is part of a broader investigation that takes care of evaluating and understanding the human-environment - relations activities, when this man is an elderly person and the environment is a collective residence aimed at this population.

From this perspective, and with the support ergonomics applied to the built environment , this work looked after at first to investigate the long -term care facility to a high standard Elderly and the second time performed the comparison of this study with five houses have been investigated by research group , which were two public , two private and philanthropic , so you can investigate to what extent the cost of using paid by residents of influencing the quality of the institutions in relation to comfort and compliance with rules and laws .

In the case of a qualitative study, which used as an evaluation methodology of Long Term Institution upscale residence Ergonomic Methodology of the Built Environment (MEAC) , developing an ergonomic approach to understand , evaluate and modify the environment and the continuous interaction with its user. Inadequacies were identified as the standards of environmental comfort, design and affordability in the research institution, and when compared to the other institutions surveyed by the group , it is seen that the non-compliance for the law is a constant, not being related to financial conditions of the institution but the lack of information about the importance of ergonomics and compliance with legislation .

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SUMÁRIO 1- Introdução e Justificativa...15 2- Objetivos...20 2.1.- Geral...20 2.2- Específicos...20 3- Referencial Teórico...21 3.1- Envelhecimento...21 3.2- Ergonomia...25

3.3- Ergonomia do Ambiente Construído...26

3.4- Instituições de Longa Permanência para Idosos...30

3.5- Legislação Brasileira...35

4- Metodologia da Pesquisa...39

4.1- Desenho de estudo...39

4.2- População de estudo...39

4.3- Amostra...40

4.4- Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído (MEAC)...40

4.5- Coleta de dados...44

4.6- Análise dos dados...44

4.7- Aspectos éticos...45

5- Estudo de Caso...46

5.1- Estudo de Caso ILPI 6...46

5.1.1- Análise Global do Ambiente...46

5.1.2- Identificação da Configuração Ambiental...59

5.1.2.1. Layout do Local...59

5.1.2.2. Avaliação do Conforto Lumínico...63

5.1.2.3. Avalição do Conforto Acústico...66

5.1.2.4. Avaliação da Temperatura...68

5.1.2.5. Dimensionamento...71

5.1.2.6. Acessibilidade...77

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5.1.4- Percepção Ambiental...90

5.1.5- Diagnósticos Ergonômicos e Recomendações da ILPI 6...93

6- Análise comparativa entre as ILPI´s pesquisadas...97

7- Considerações Finais...118

Referências...120

Anexos- I- Resolução da diretoria colegiada- RDC-nᵒ283 de 26 de setembro de 2005-...129

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1- INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Em vários países, as populações estão envelhecendo, estudos mostram que o número de pessoas idosas cresce em ritmo maior do que o número de pessoas que nascem, acarretando um conjunto de situações que modificam a estrutura de gastos dos países em uma série de áreas importantes.

O prolongamento da vida é uma aspiração de muitas ou talvez todas as sociedades, o que tem se tornado realidade no Brasil e no mundo, mesmo nos países mais pobres, uma vez que tem crescido a expectativa de vida. Desta forma, o termo envelhecimento e todos os aspectos que o cercam tornam-se importantes, pois o envelhecimento da população é um fenômeno relativamente recente, mas constante entre os Brasileiros.

Segundo a Pesquisa Nacional por amostra de domicílios (PNAD) de 2009, o Brasil contava com uma população de cerca de 21 milhões de pessoas de 60 anos ou mais de idade. Em 1999, 9% da população têm mais de 60 anos e 6,5% mais que 65 anos, em 2004 esses números subiram para 9,5% e em 2009 a população contava com 11% de pessoas acima de 60 anos e 8,5% acima de 65 anos (IBGE,2010).

Quando pesquisado por região, em 2009 a região com maior percentual de idosos foi o sudeste com 13%, em segundo lugar o sul com 12%, seguido pelo nordeste com 11%; no âmbito nacional, Brasil apresentava 11% da sua população com idade maior que 60 anos (IBGE, 2011).

De acordo com as Tábuas de mortalidade de 2011, estudo produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a esperança de vida ao nascer para a população brasileira chegou a 74 anos e 29 dias para ambos os sexos. Se comparardo a 2000, ganhou-se 3 anos, 7 meses e 24 dias de vida.

Com esse aumento da expectativa de vida cada vez mais se torna importante o tema envelhecimento. Apesar deste interesse, ainda se tem poucos estudos no Brasil, e estes apontam de forma recorrente que o processo de envelhecimento da população brasileira é irreversível diante do comportamento da fecundidade e da mortalidade registrado nas últimas décadas e o esperado para próximas décadas (GOLDSTEIN, 2002).

Apesar de que todas as pessoas passam por modificações fisiológicas naturais no corpo durante o passar dos anos, o envelhecimento conta também

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com influências pessoais nesse processo, como os hábitos de vida, o modo de pensar, de agir, de perceber as mudanças físicas e psicológicas, sendo assim singular, passando por uma interpretação de cada pessoa e uma individualidade de características físicas relacionadas a saúde.

Neste período da vida, o indivívuo já vivenciou muitas mudanças, no âmbito da saúde, na sua estrutura familiar e no encerramento de sua carreira produtiva, com muitas perdas, principalmente na funcionalidade e independência, porém o idoso do presente, tem acesso maior aos serviços de saúde. Aqueles que têm real acesso a saúde, apresenta uma qualidade de vida maior, pois aproveita essa fase para curtir momentos que a etapa em que estava inserdo do mercado de trabalho ou nas atividades de cuidados diários da família não o permitiam antes.

No Brasil, a atenção ao envelhecimento deixou de ser apenas uma preocupação das áreas da saúde e socioeconômica, passando a incluir as diferentes ciências, pelas necessidades e exigências do mundo que envelhece, considerando-se o meio em que vivem os idosos, seja o espaço público ou seu domicílio (MENDES & CÔRTE, 2009).

Em qualquer política destinada aos idosos deve-se considerar a capacidade funcional, a necessidade de autonomia, de participação, de cuidado, de auto-satisfação. Também deve abrir campo para a possibilidade de atuação em variados contextos sociais, e de elaboração de novos significados para a vida na idade avançada. E incentivar, fundamentalmente, a prevenção, o cuidado e a atenção integral à saúde, levando-se em consideração todas as variáveis de como esse idoso tem sido cuidado e acomodado (VERAS, 2009)

Neste contexto, alguns conflitos se estabelecem quando as famílias não conseguem cuidar dos seus idosos. Na maioria das vezes seus familiares não podem proporcionar os cuidados necessários, pois na sociedade atual, a maioria dos integrantes desta família trabalham externamente e cada vez se tem menos tempo livre, o que obriga a família muitas vezes a buscar instituições de longa permanência, que possam assim dar o suporte que não está sendo possível em seu próprio lar.

(17)

Portanto, o surgimento de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIS), os antigos asilos, é uma necessidade cada vez mais presente nesta sociedade envelhecida, que têm a finalidade de proporcionar moradia coletiva em um ambiente seguro, adaptado e com assistência gerontogeriátrica (VILLAROUCO, et al, 2011).

Nessas instituições as exigências de conforto e de acessibilidade não devem ser considerados detalhes desnecessários, mas elementos de qualidade de vida e de condições de autonomia para os idosos que são em geral mais vulneráveis e suscetíveis a limitações de mobilidade. Uma casa para idosos deve permitir conforto e acessibilidade de uso, minimizando gastos físicos e facilitando a autonomia do idoso.

A fim de regulamentar as instituições de longa permanência para idosos, emergem a legistação atual, pela Lei 10.741/03, que dispõe sobre o Estatuto do idoso; Lei 8.842/94 que dispõe sobre a Ploítica Nacional do idoso e, a Resolução da Diretoria do Colegiado (RDC N° 94 de 2005) da ANVISA que define especificamente os critérios mínimos de funcionamento e avaliação das ILPIs.

Diante do exposto, diversas disciplinas e ramos científicos aparecem como contributivas no esforço de prover condições mais adequadas ao viver da pessoa idosa. No presente trabalho o foco repousa na ergonomia.

A ergonomia é a ciência que estuda as interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, buscando desta forma gerar intervenções e projetos que visem melhorar essas relações, a nível de conforto, bem-estar e a eficiência das atividades humanas.

Para muitos, a Ergonomia se limita ao estudo do posto de trabalho em empresas, mas este é apenas um dos seus aspectos. Esta é uma ciência muito mais abrangente, estando relacionada também a adaptação do usuário ao produto, da acessibilidade do ambiente, da influência cognitiva e também pela ergonomia do ambiente construído, seja ele internamente ou externamente.

A ergonomia do ambiente construído por sua vez tem seu foco direcionado para o ser humano enquanto usuário do espaço e a adequabilidade deste

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ambiente na promoção de seu bem-estar, melhor uso dos espaços, acessibilidade de todos e qualidade de vida.

Uma forma de se proporcionar uma sociedade inclusiva, com uso pleno dos ambientes, é considerar elementos como o desenho do espaço planejado, a adequação e adaptabilidade da estrutra e das instalações, bem como estímulo a percepção do ambiente pelos usuários. Os principais requisitos são além da estética, o fácil entendimento do uso, a segurança, o conforto, proporcionando condições de benefício para todos, e não um ambiente adaptado para deficientes ou idosos, mas acessível para todos e em todos os aspectos.

Entretanto, o que se observa é que muitas instituições para idosos, estão muito aquém das reais necessidades e exigências.

Inserido nesse panorama, este trabalho integra-se a uma pesquisa mais ampla, que cuida de avaliar e entender as relações homem-ambiente-atividades, quando este homem é uma pessoa idosa e o ambiente é uma residência coletiva destinada a essa população.

Nessa perspectiva, e tendo como suporte a ergonomia aplicada ao ambiente construído, este trabalho cuidou em um primeiro momento de investigar uma instituição de longa permanência para Idosos de alto padrão e no segundo momento realizou a comparação do presente estudo com as cinco casas já investigadas pelo grupo de pesquisa, que foram duas públicas, duas particulares e uma mista, podendo assim investigar em que medida o custo de utilização pago pelos usuários residentes influenciam na qualidade das instituições em relação à conforto e adequação às normas e legislações.

A presente pesquisa faz parte do projeto de pesquisa intitulado UM OLHAR ERGONÔMICO   SOBRE   AS   ILPI’s  - Instituições de Longa Permanência para Idosos, sob orientação da Dra. Vilma Villarouco, está inserido no segmento que se preocupa em entender as relações entre usuários e moradia e propor melhorias das condições de usabilidade das Instituições de Longa Permanência para Idosos-ILPI’s. Este grupo de pesquisa preocupa-se com a qualidade do ambiente de moradias coletivas para idosos e tem como motivação principal a crescente população idosa no Brasil.

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No Brasil, o grupo de pesquisa já trabalhou avaliando cinco Instituições de Longa Permanência de caracter público, particular ou misto quanto aos custeios mensais de suas despesas.

Neste momento, a atual pesquisa tratou de realizar o fechamento destas avaliações, uma vez que foi realizada em uma instituição de alto padrão, com mensalidades bem acima da média paga nas outras instituições anteriormente pesquisadas.

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2- OBJETIVOS

2.1- Geral: Comparar a adequação à legislação Brasileira em relação ao ambiente construído em instituições de longa permanência para idosos na cidade do Recife.

2.2- Específicos:

1. Entender a adequação de uma ILPI (Instituições de Longa Permanência para Idosos) privada de alto padrão no Recife, quanto a legislação Brasileira, sob o enfoque da ergonomia do ambiente construído.

2. Avaliar uma ILPI de alto padrão sob o enfoque da ergonomia do ambiente construído.

3. Comparar as adequações quanto ao ambiente construído de instituições particulares, públicas ou filantróficas.

4. Servir com referência para melhoria ergonômica da ILPI pesquisada e de demais instituições com a divulgação do trabalho.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1. ENVELHECIMENTO

O envelhecimento deve ser estudado sob uma perspectiva interdisciplinar por se tratar de um fenômeno complexo e variável, que passa por um processo gradual, universal e irreversível, provocando uma perda funcional progressiva no organismo. Esse processo é caracterizado por diversas alterações orgânicas, por exemplo, como a redução do equilíbrio e da mobilidade, das capacidades fisiológicas, principalmente respiratória e circulatória, modificações psicológicas podendo o idoso ser mais vulnerável à depressão (MACIEL, 2010; NAHAS, 2006). O fenômeno de envelhecimento populacional é observado mundialmente e teve início nos países desenvolvidos ainda no começo do século XX. Nos países em desenvolvimento, foi observado somente a partir de 1950, apresentando um ritmo bem mais acelerado. Essa situação é de certa forma preocupante quando se pensa no despreparo das estruturas econômicas, sociais e políticas desses países para lidar com os impactos dessa transição demográfica, de forma a garantir uma qualidade de vida adequada à crescente população de idosos (TOMASINI, 2005).

Os primeiros relatos desse fenômeno foi a transição demográfica na Europa, com a diminuição da fecundidade, observada na Revolução Industrial, fato este anterior ao aparecimento da pílula anticoncepcional. Na América Latina, principalmente nos países em desenvolvimento, observa-se um fenômeno semelhante ao ocorrido na Europa, porém, com implicações diferentes. Destaca-se como diferencial, em relação à transição demográfica européia e a latino-americana, o momento histórico no qual ambas ocorreram (NASRI, 2008).

No modelo Europeu, ocorreu um considerável desenvolvimento social e aumento de renda. Na América Latina, em especial no Brasil, ocorreu um processo de urbanização sem alteração da distribuição de renda. Entre os anos 1940 e 1960, o Brasil experimentou um declínio significativo da mortalidade, mantendo a fecundidade em níveis bastante altos, o que gerou uma população jovem quase estável e com rápido crescimento (NASRI, 2008).

Veras (2009), relata que o Brasil hoje é um “jovem país de cabelos brancos”, pois a cada ano, 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira, a maior parte com doenças crônicas e alguns com limitações

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funcionais. O autor ressalta ainda que em menos de 40 anos, o Brasil passou de um cenário de mortalidade próprio de uma população jovem para um quadro de enfermidades complexas e onerosas, típica dos países longevos, caracterizado por doenças crônicas e múltiplas que perduram por anos, com exigência de cuidados constantes, medicação contínua e exames periódicos.

O rápido e intenso envelhecimento populacional já é um fenômeno bastante discutido na atualidade, decorrente da queda das taxas de fecundidade, diminuição da mortalidade, ampliação da expectativa de vida ao nascer e aos 60 anos, uma expansão nos serviços de saúde, além do uso de novas tecnologias em geral. Por outro lado, o aumento das comorbidades e os novos arranjos familiares processam uma nova forma de envelhecimento (GIRONDI, 2011).

À medida em a população está mais envelhecida, a proporção de pessoas com fragilidades aumenta, surgindo um novo elenco de demandas para atender às necessidades específicas desse grupo, que tem uma grande heterogeneidade nos padrões de envelhecimento, vulnerabilidades e dependência dos idosos, sendo influenciadas pelos padrões de vida (GIRONDI, 2011).

Existem algumas doenças que são mais comuns em idosos e também causam um maior risco de comprometimento. A hipertensão arterial, por exemplo, é uma das causas mais importantes de morbidade e mortalidade, pela sua alta incidência e por constituir fator de risco para doença coronariana, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca e insuficiência renal (GIRONDI,2011).

De cordo com a Política Nacional de saúde de Pessoas idosas, é preciso compreender que o conceito de saúde para o indivíduo idoso vai além da presença ou ausência de doença orgânica, a saúde está mais relacionada com a manutenção da condição de autonomia e independência. Para tanto, é necessário promover, manter e recuperar a autonomia e a independência dos indivíduos idosos (BRASIL, 2005).

E entre as diretrizes dessa política estão a promoção do envelhecimento ativo e saudável; atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa; estímulo as ações intersetorias, visando a integridade da atenção à saúde da pessoa idosa; estímulo à participação e fortalecimento do controle social, entre outras (BRASIL, 2005).

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Ocorrem alterações funcionais, bioquímicas e psicológicas ao longo do envelhecimento e que geram uma perda gradativa da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente. Com isso o indivíduo que sofre o processo de envelhecimento está sujeito a incidências patológicas com maior intensidade e tem uma maior propensão a sofrer acidentes (DAHER,2007).

À medida que a pessoa envelhece, sua qualidade de vida se vê determinada, em grande parte, por sua capacidade para manter a autonomia e a independência. A maioria dos idosos teme a velhice pela possibilidade de tornarem-se dependentes pela doença ou por não poderem exercer suas atividades cotidianas. Tal evento fortalece a abordagem de manutenção de vida saudável, que significa comprimir morbidade, prevenindo-se as incapacidades (FREITAS, QUEIROZ e SOUSA, 2010).

Para a Organização Mundial de Súde (OMS) (2008), os idosos saudáveis deveriam ser vistos como um vínculo precioso, capaz de colaborar com a família e a comunidade, ao contrário do que comumente é encarado pela sociedade, onde o envelhecimento é visto com pessimismo, sendo apenas sinônimo de problemas adicionais de saúde e socioeconômicos. As experiências vividas pelos idosos deveriam ser valorizadas pela sociedade, uma vez que pode ser muito rica a convivência com detentores de conhecimento.

Acredita-se que o comportamento desrespeitoso e o preconceito contra a idade em algumas cidades resultam da desinformação, da impessoalidade dos grandes centros que crescem cada vez mais, da falta de interação entre as gerações e da falta generalizada de conhecimento da população sobre a velhice e o envelhecimento (OMS, 2008).

A incapacidade funcional pode ocorrer no idoso, dificultando sua possibilidade de exercer a sua vida de forma mais plena, podendo com o passar dos anos influenciar na qualidade de vida dessas pessoas. Tal evento fortalece a abordagem de manutenção de vida saudável, que significa comprimir morbidade, prevenindo-se as incapacidades (CALDAS, 2003 e FREITAS, M.C.; QUEIROZ, T.A. e SOUSA, J.A.V., 2010).

A funcionalidade, no geral pode ser entendida como a capacidade da pessoa desempenhar determinadas atividades ou funções, utilizando-se de habilidades diversas para a realização de interações sociais, em todas as suas

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atividades de lazer e em outras exigências para uma sobrevivência no seu dia-a-dia. De modo geral, representa uma maneira de medir se uma pessoa é ou não capaz de independentemente desempenhar as atividades necessárias para cuidar de si mesma (DUARTE, ANDRADE, LEBRÃO, 2007).

Essas atividades são conhecidas como atividades de vida diária (AVD) e subdividem-se em atividades básicas de vida diária (ABVD), que envolvem as relacionadas ao auto-cuidado, como alimentar-se, banhar-se, vestir-se, arrumar-se; as atividades instrumentais de vida diária (AIVD), que indicam a capacidade do indivíduo de levar uma vida independente dentro da comunidade onde vive e inclui a capacidade para preparar refeições, realizar compras, utilizar transporte, cuidar da casa, utilizar telefone, administrar as próprias finanças, tomar seus medicamentos (MACIEL, 2010).

Guerra e Caldas (2010), discutem em sua pesquisa a forma como o envelhecimento se dá de acordo com a forma como essa etapa da vida é vista pelo adulto envelhecido e sua família. Por um lado, a interação entre as pessoas e o convívio entre gerações diferentes têm aumentado, uma vez que a população envelhece e tem a oportunidade de conhecer seus netos e bisnetos, formando assim uma sociedade composta por quatro gerações, sendo assim um fator positivo do envelhecimento. Porém, é bastante comum encontrar a representação do envelhecimento associada também à saúde, doença ou bem-estar, sendo assim fatores determinantes para participação nas atividades de vida diária e sociais, onde seguindo esse pensamento, pode-se perceber que, quando há doença, ali existem as limitações do envelhecimento e aspecto negativo desta fase.

Diversos modelos teóricos têm sido desenvolvidos com o intuito de explicar as relações dos idosos com o ambiente, destes destacam-se o modelo ecológico e o modelo da congruência entre o idoso e o ambiente. Ambos partem do princí-pio comum de que, na idade avançada, o ambiente deve servir como facilitador, amortecedor e atenuador das dificuldades encontradas, propiciando as adaptações necessárias para a continuidade de uma vida independente e satisfatória (TOMASINI, 2005).

Segundo o Guia da cidade amiga do idodo, elaborado pela OMS em 2008, em geral, considera-se importante que os idosos vivam em residências

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construídas com material adequado e estruturalmente seguras; que tenham superfícies niveladas; que disponham de elevador, se houver andares para subir; que o banheiro e a cozinha sejam adaptados; que seja grande o bastante para se locomover dentro dela; que tenham um espaço de armazenamento adequado; que tenha corredores com portas suficientemente largas para permitir a passagem de cadeira de rodas; e que seja adequadamente equipada para atender às condições ambientais.

Leite (2010), relata neste contexto, as diversas disciplinas que contribuem para o estudo e pesquisa dos fatores relacionados ao envelhecimento, ao ambiente e a qualidade de vida. A autora cita a Psicologia Ambiental, que aborda as relações entre o comportamento humano e o ambiente físico; o Design, que concebe opções e soluções para distintas necessidades, a Arquitetura, responsável por projetar e edificar os ambientes, e a Ergonomia, que preocupa-se com a otimização da relação do usuário com ambiente. Juntas essas disciplinas elencam o conhecimento científico que ajuda no estudo e pesquisa sobre a qualidade dos ambientes destinados à terceira idade.

3.2. ERGONOMIA

Ergonomia é uma palavra que se deriva dos vocabulários gregos onde ergo é trabalho e nomos, lei natural, sendo definida como um conjunto de ciências e tecnologia que busca a adaptação confortável e produtiva entre o homem e seu trabalho, basicamente procurando adaptar as condições de trabalho às características do ser humano (VERONESI, 2008).

A Ergonomia é relativamete recente no mundo moderno, apesar do termo ter sido criado no século passado, apenas no início deste século procurou-se colocar em prática deste conceito aplicado ao interior e construções (VERONESI, 2008).

Tendo como finalidade propiciar uma interação adequada e confortável do ser humano com os objetos que maneja e com os ambientes onde se encontra. Relaciona-se a Ergonomia ao atendimento de cinco áreas: organização do trabalho, biomecânica, adequação ergonômica do posto de trabalho, prevenção da fadiga no trabalho e prevenção do erro humano (COUTO, 2007; VILLAR, 2002).

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Para Iida (2005), a ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem, sendo trabalho aquele que abrange não apenas os executados com máquinas e equipamentos, utilizados para transformar os materiais, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e uma atividade produtiva. Isso envolve não somente o ambiente físico, mas também os aspectos organizacionais. A ergonomia tem uma visão ampla, abrangendo atividades de planejamento e projeto, que ocorrem antes do trabalho ser realizado, e aqueles de controle e avaliação, que ocorrem durante e após esse trabalho. Tudo isso é necessário para que o trabalho possa atingir os resultados desejados.

A Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) em 1998, definiu a ergonomia como uma disciplina que trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, é a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos com objetivos de aperfeiçoar o bem-estar humano e o desempenho global dos sistemas. Visa adequar sistemas de trabalho às características das pessoas que neles operam.

Segundo Moraes (2003), a ergonomia é uma ciência que trata de desenvolver conhecimentos das características do desempenho humano, com seus limites e capacidades, relacionando-os ao projeto de interfaces, entre indivíduos e outros componentes do sistema. Compreendendo no âmbito prático, a aplicação de tecnologia da interface homem-sistema a projeto ou sistemas, visando a segurança, conforto, eficiência e qualidade de vida.

A ação ergonômica deve ser entendida como princípios e conceitos eficazes, buscando as mudanças necessárias para adequação do trabalho às características, habilidades e limitações dos agentes no processo de produção de bens e serviços, assim como dos produtos e sistemas, com critétios como efetividade, conforto e segurança (VIDAL. 2002).

A ergonomia estuda tanto as condições prévias como as conseqüências do trabalho e as interações que ocorrem entre o homem, máquina e ambiente durante a realização desse trabalho (DAHER,2007).

3.3. ERGONOMIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO

A ergonomia é uma disciplina recente, com pouco mais de 50 anos, e dentro desta, destaca-se a ergonomia do ambiente construído, ainda com poucas

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publicações, mas com muito campo para crescimento. Segundo Villarouco (2002), a ergonomia do ambiente construído extrapola as questões da arquitetura, com foco na adaptabilidade e conformidade do espaço às tarefas e atividades que nele irão desenvolver. Os elementos do ambiente que devem ser considerados por essa área da ergonomia são aqueles referentes ao conforto e à percepção ambiental, aos materiais de revestimento e acabamento, e aos postos de trabalho, layout espacial e mobiliário.

A Ergonomia preocupa-se com os objetos que compõem o ambiente de trabalho, bem como com a sua relação com a funcionalidade, o significado e o componente social, além de estudar a maneira como os espaços são utilizados, buscando desta forma adaptar espaços e elementos ao processo de trabalho, configurando as exigências de cada tipo de trabalho e suas demandas, favorecendo a saúde, a segurança e a produtividade (VILLAROUCO e ANDRETO, 2008).

Segundo, Villarouco (2011), a ergonomia aplicada aos ambientes físicos tem experimentado um alargamento de fronteiras em anos recentes. Contando com a criação de grupos de pesquisa nesta área, a preocupação com o estabelecimento de metodologias de abordagem ergonômica do ambiente, e o crescente número de trabalhos publicados em eventos, destacam a consolidação desta área. Destaca-se também uma nova visão que surge nos ergonimistas, avaliando as situações de trabalho em diversos aspectos e também no ambiente físico.

Segundo Oliveira (2012), o ambiente construído tem como conceito um espaço criado artificialmente para abrigar ao homem de forma a proteger dos riscos da vida in natura e que seja capaz de acolher as suas atividades. O ato de planejar um ambiente construído, hoje, significa criar espaço que tenha capacidade para abrigar ao homem e que possua estrutura funcional adequada para receber suas atividades de maneira que possa oferecer segurança e qualidade de vida.

Além das questões físicas, a ergonomia do ambiente construído visa considerar variáveis como orientabilidade, acessibilidade, o design de móveis, otimização gráfica e projeto de iluminação, entendendo-se que a arquitetura e o designer podem fazer mais pelo espaço (MONT´ALVÃO e VILLAROUCO, 2011).

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Esta área da Ergonomia envolve questões relacionadas ao conforto térmico, os sinais de perigo para áreas públicas, a avaliação de comunicação de voz e sinais de áudio para consumidor. Possuindo assim em seu escopo, uma variedade de metodologias do ambiente construído, que contribuem para o estudo ergonômico (COSTA, CAMPOS e VILLAROUCO, 2012).

Quando se trata de avaliar o ambiente sob a ótica da ergonomia, faz-se necessáio uma abordagem sistêmica, uma vez que a completa avaliação ergonômica do ambiente abrange muitas variáveis, sendo necessário a interação de diversas áreas envolvidas no processo de projetação do espaço edificado. Para cada item passível de inserção na busca de ambiente ergonomicamente adequado, um conjunto de informações devem ser catalogadas, a fim de conduzir o processo de avaliação do projeto, sendo também sugeridos esses mesmos procedimentos na análise de ambiente em uso, gerando uma demanda a partir de problemas identificados (VILLAROUCO e ANDRETO, 2008).

Segundo Furtado, et al, (2013), habitar significa mais do que a utilização físico-funcional de uma construção, a configuração espacial da moradia possibilita ou interdita gestos e comportamentos, refletindo formas de sociabilidade, participa na constituição de identidades e na integração de memórias coletivas e individuais.

No momento de interação com o ambiente físico, o comportamento humano sofre interferências dos fatores que compõem estes ambientes. Entende-se, portanto, que um local com boas condições físicas permite ao indivíduo desenvolver suas atividades de forma satisfatória, além de garantir a sua saúde física e mental. Dessa forma, compreender o papel do ambiente físico na vida das pessoas é imprescindível (FALCÃO e SOARES, 2011).

A qualidade de vida durante o envelhecimento estará fortemente relacionada com o grau de mobilidade que é oferecida a essa população, e para isso é preciso que se desenvolvam sistemas adaptados às necessidades e especificidades do idoso. Tornando as edificações e meios de transportes mais seguros e atraentes ao idoso, estar-se-á, ao mesmo tempo, viabilizando um sistema mais seguro para a população como um todo, ou seja, cria-se uma situação ideal para todos. Assim, tratamento especial para os idosos no caso de adequações nas edificações não é um privilégio, mas o reconhecimento destes

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indivíduos como cidadãos, no gozo de seus direitos de requerer mecanismos compensatórios para que a incapacidade funcional não implique na redução da sua mobilidade (DAHER, 2007).

Há uma relação direta entre uma moradia apropriada e acesso a serviços comunitários e sociais que influenciam a independência e a qualidade de vida dos idosos. Está claro que a moradia e os serviços de suporte, que permitem os idosos envelhecer com conforto e segurança na comunidade a que pertencem, são universalmente valorizados (OMS,2008).

Através do desenvolvimento de uma abordagem ergonômica, de modo a compreender, avaliar e modificar o ambiente e a interação contínua com seu usuário, a Metodologia Ergonômica do Ambiente Construído (MEAC) visa analisar o ambiente físico, bem como identificar a percepção do usuário do espaço físico que convive, baseando-se na comparação dos resultados destas duas fases, o diagnóstico é gerado, com recomendaçãoes necessárias pra melhorar o ambiente e para torná-lo adequado (PAIVA e VILLAROCO, 2012).

Dentro do Ambiente Ergonomicamente Adequado, é importante atentar para a acessibilidade, não apenas para os idosos, mas para todos os usuários do ambiente, com ou sem limitações físicas. Segundo a ABNT (2004), entende-se acessibilidade como a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos. E considera acessível o espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade reduzida. Podendo ser entendido o termo acessível tanto como acessibilidade física como de comunicação.

A questão da acessibilidade transcende a questão das barreiras arquitetônicas, inclui a acessibilidade de transporte, de informação, de comunicação e outras. Leva-se em consideração que, mesmo tendo uma deficiência física, a pessoa poderá preservar sua autonomia, sendo capaz de tomar suas próprias decisões em relação à sua vida. Basta que para isso ela não seja excluída da sociedade (GIRONDI e SANTOS, 2011).

No contexto do envelhecimento, a acessibilidade à saúde da pessoa idosa, e principalmente os com deficiência, inclui um conjunto de estratégias, onde

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deve-se contemplar práticas e cuidados que apontem desde as primeiras intervenções para processos de independência e inclusão social, até a otimização dos atendimentos e resolutividade. As evidências apontam para uma discussão da integração e equiparação de oportunidades nos campos: saúde, trabalho, lazer e outros (GIRONDI e SANTOS, 2011).

Para se garantir um envelhecimento ativo, o mais independente possível, é importante considerar o ambiente físico em que esse indivíduo convive. Levando em consideração as condições de habitabilidade, mas sem esquecer da acessibilidade nos ambientes, este é um factor primordial para garantir a integração das pessoas em geral, mas particularmente das pessoas que envelhecem (FERNANDES e BOTELHO, 2007).

A convivência e proximidade com vizinhos, amigos ou familiares, o acesso fácil à locais de abastecimento dos recursos diários necessários, são condições essenciais primárias para a manutenção da integração social e uma manutenção no nível de independência. Além de ser de igual importância a criação de oportunidades para a prática de exercício físico em espaços sem barreiras arquitectónicas e espaços de convívio. Contrariar o isolamento e promover a integração familiar e social deve também ser uma condição indispensável para a manutenção da saúde mental e de um envelhecimento ativo e saudável (FERNANDES e BOTELHO, 2007).

3.4 INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS (ILPI)

É inquestionável a importância de que o idoso viva no âmbito familiar e na comunidade. Entretanto, nem todos os idosos, nem todas as famílias reúnem as condições para manter o idoso em casa. Quando não há essa possibilidade, entram em cena as Instituições de Longa Permanência para Idosos, o que por muito tempo foi denominado asilo, que segundo o dicionário é refúgio, abrigo, estabelecimento ou instituição de caridade que abriga crianças desvalidas ou velhos desamparados. Esta é uma modalidade mais antiga e universal na qual se oferecia atenção e abrigo necessário para os indivíduos desafortunados e doentes mentais. Essas casas tinham, então, em sua essência uma abordagem associada à caridade e ao cunho filantrópico (FREIRE, 2012; HOLANDA, 2010; KANASHIRO, 2012).

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As instituições asilares surgem no contexto histórico como opções para atender a população idosa, tendo a função social de abrigar os idosos com problemas de moradia, sem família e carentes de recursos econômicos para sua subsistência (FARIAS, GUIMARÃES e SIMAS, 2005).

Segundo BORN (2006), os asilos originalmente eram direcionados a mendicidade, e em virtude dos diferentes contextos econômicos e sociais, modificaram-se para asilos de velhos. Ele cita um exemplo da Santa Casa de Misericórida de São Paulo que passou a proporcionar o amparo à pessoa idosa fora de seu lar e do cuidade familiar. Assim, tanto o termo asilo e os seus serviços mudaram diante do aumento de internação de pessoas mais velhas e aos poucos prevalece o caráter da instituição direcionada para velhice e, a partir de 1964, definiu-se como Instituição gerontológica.

Para a Anvisa, ILPI’s são instituições governamentais ou não-governamentais, com caráter residencial, que buscam oferecer domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, podendo este ter ou não suporte familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania (CAMARANO e KANSO, 2010).

Atualmente, as ILPIs são estabelecidas para atendimento integral institucional em cuidados prestados a pessoas de 60 anos de idade ou mais, dependentes ou independentes, que não dispõem de condições para permanecer com familiares ou em seu domicílio. Os idosos acomodados nestas instituições de residência coletiva são por vezes chamados de institucionalizados, porém este termo tem sido visto como inadequado, pois indica que o idoso torna-se institucional (FREIRE, 2012; KANASHIRO, 20012).

As ILPI’s são definidas de acordo com a Agência de Vigilância Sanitária, ANVISA, como “instituições governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinada ao domicílio coletivo de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e dignidade e cidadania” (RDC nᵒ 283, 2005, p.1).

Essas instituições são consideradas como espaços alternativos para as pessoas mais velhas que não podem ser mantidas em suas residências por vários motivos de ordem médico-sociais, principalmente, de cuidados para aqueles

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idosos mais frágeis e muito dependentes para realizar suas tarefas básicas da vida diária (BRITO e RAMOS, 2006).

Estudo realizadado por Castro, 2013, em Maringá no Paraná, entrevistou 23 dos 83 idosos residentes em uma instituição de longa permanência, incluindo-se apenas os que apreincluindo-sentaram nota mínima no exame de estado mental, a idade média deles era de 76,2 anos. O relato foi de que as doenças de mais de um membro da família, o rompimento das relações familiares e as dificuldades financeiras foram causas para a institucionalização do idoso, bem como a preferência dos idosos em morar em um asilo (CASTRO, DERHUN E CARREIRA, 2013).

A diminuição da capacidade funcional do idoso é um dos fatores que aumentam a vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos, o que na maioria das vezes implica em uma necessidade de cuidado diferenciado para com o mesmo (SOUZA, SKUBS E BRETAS, 2007).

O processo biológico de envelhecimento traz danos ao sistema neurológico, músculo-esquelético e cardiovascular e repercute progressivamente sobre a acuidade visual, o equilíbrio e a locomoção, limitando a autonomia e a segurança do idoso. Os espaços ou ambientes e artefatos, por sua vez, devem ser projetados para maximizar a acessibilidade e minimizar os efeitos das perdas funcionais progressivas dos idosos devido ao processo de envelhecimento. Visando uma melhor eficiência, os projetos das ILPIs devem ser elaborados de forma situada, levando em conta as características e diversidades dos idosos e a análise das atividades por eles realizadas. A finalidade é adequar os espaços, instalações, mobiliários, tecnologias e equipamentos às características, capacidades e limitações dos idosos, no contexto de realização de suas atividades (FERNANDES e CARVALHO, 2011).

Born e Boechat (2002), relataram que devido ao contexto sócio-cultural do Brasil, o processo de instituicionalização ocorre por motivos diferentes dependendo da região. No Sul e Sudeste, para aqueles com poder aquisitivo maior, esse processo ocorre de forma similar ao Canadá e EUA, por uma decisão do próprio idoso, mas nos locais de maior desigualdade econômica é comum a institucionalização ocorrer devido a presença de doenças crônico-degenerativas,

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dificuldades geradas pelas famílias ou impossibilidade financeiras de manter os cuidados do idoso em casa.

A procura pela instituição algumas vezes é reflexo de conflito familiar que resulta na procura a partir da família, ou às vezes do próprio idoso. Além disso, muitas famílias não conseguem manter o idoso dependente em casa porque o cuidado se torna difícil e desgastante física e emocionalmente. Quando a situação socioeconômica é mais favorável, a sobrecarga pode ser minimizada com a contratação de cuidadores e outros tipos de suporte (POLLO; ASSIS, 2008).

Santos, et al, (2011) destacam a importância de uma avaliação do idoso e do ambiente em que ele vive para identificação dos fatores de risco para quedas e posterior realização de intervenções, com o fim de evitar que as mesmas ocorram e, assim, minimizar as suas consequências, criando condições favoráveis ao idoso, à ILPI e ao sistema de saúde.

O ambiente institucional necessita ser adequado para atender às principais limitações funcionais do idoso, garantindo-lhe conforto, segurança e independência para a realização de suas atividades diárias, além de evitar e prevenir problemas que surgem com o passar dos dias, como as quedas, que geram imobilizações, fraturas, medo, dependência e uma série de conseqüências limitantes para a vida do asilado (FARIAS, GUIMARÃES e SIMAS, 2005).

No âmbito mundial, o Canadá se destaca com programas do governo de moradia especialmente voltada para a terceira idade, onde é oferecido ao idoso canadense a oportunidade de morar em condomínios com características e cuidados específicos para esta faixa etária. É um país que apresenta um dos melhores indicadores sociais do mundo, desse modo, apresenta índices de analfabetismo baixos, assim como os de mortalidade infantil e natalidade, onde a população está envelhecendo devido à baixa taxa de natalidade aliada à boa expectativa de vida (80 anos). Em 2009, aproximadamente 15% da população tinha mais de 65 anos (BERNSTEIN, 2009).

Na cidade de Laval, no estado de Quebec no Canadá, existem vários condomínios que se destinam a moradia de idosos, com mensalidades de aproximadamente de 3 mil dólares canadences (algo em torno de R$ 7.500,00, ao câmbio atual). No entanto, nos condomínios mantidos pelo governo do Quebec, a mensalidade é, em média, de R$ 1.200,00, levando-se em consideração que a

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aposentadoria de um idoso Canadense é duas vezes maior que esse valor e se o quarto for compartilhado para duas pessoas, o custo mensal da moradia fica 25% do valor da sua aposentadoria, com direito a várias atividades em grupo, tais como festas, jogos e passeios, além de uma supervisão constante em casos de emergências médicas e em casos mais específicos o idoso que já não é mais autônomo, o governo oferece gratuitamente instituições e hospitais com cuidados especiais e constantes (BERNSTEIN,T. 2009).

Nos EUA há um programa governamental de assistência à saúde dos idosos, o Medicare, que fiscaliza e classifica suas nursing homes em até 5 estrelas. Esta classificação depende de fatores como os resultados das inspeções sanitárias dos últimos três anos, o tempo e o nível de assitência fornecida diariamente a cada residente. Além disso, nos EUA a população tem acesso ao nursing home compare, site do governo que disponibiliza guia para a escolha da instituição, um checklist para ser preenchido pelo familiar durante a visita na provavél ILPI e o ranking atualizado, comparando os últimos resultados aos encontrados seis meses antes, e a preocupação com a indivualidade faz com que o design ambiental destas casas sejam projetadas para ter um design amigável, sem barreiras e que atenda às necessidades à longo prazo, onde os espaços são projetados para reproduzir um lar, proporcionando bem-estar físico e social (US, 2009).

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) em 2010, no Brasil ainda não há uma concordância sobre o que seja uma Instituição de longa permanência para idosos e também não há consenso quanto a encontrarem-se uma variedade de referências para essa modalidade de atendimento ao idoso, tanto na literatura como na legislação. Em geral muitas Isntituições não se denominam de Instituição de Longa Permanência para Idosos.

Segundo o IPEA (2011), existe uma estimativa de crescimento na demanda por modalidades de residência coletiva que atenda tanto idosos independentes em situação de carência de renda e/ou familiar, bem como aqueles que necessitem de cuidados especiais devido às dificuldades para o desempenho das atividades diárias. Assim é prudente verificar se as ILPIs estão adequadamente preparadas para atender a demanda por cuidados prolongados aos idosos brasileiros.

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No que concerne a legislação atual, aspectos relacionados à habitação do idoso são regulamentados pela Lei 10.741/03, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso; Lei 8.842/94 que dispõe sobre a Política Nacional do idoso e, a Resolução da Diretoria do Colegiado (RDC nᵒ 283, 2005) da ANVISA, que define especificamente os critérios mínimos de funcionamento e avaliação das ILPIs.

Fatores de conforto ambiental também influenciam as relações sociais e a integração dos usuários neste tipo de ambiente, tendo como consequências a irritabilidade, stress e depressão. A relação de conforto está associada aos agentes influentes como cores, iluminação, acústica, ventilação e distribuição de móveis no espaço. Além da influência desses fatores, os ambientes devem ser tratados com materiais que transmitam uma sensação permanente de bem-estar, segurança e limpeza (MAIOR, ZUTIRA e BEZERRA, 2007).

A percepção ambiental do idoso é de muita importância, uma vez que a permanência nestes espaços também expressa territorialidade e privacidade para ele. O dormitório ou banheiro privado representa a sua residência, sendo local onde eles encontram sua identidade e mantém suas referências (PAIVA e VILLAROUCO, 2012).

3.5- LEGISTAÇÃO BRASILEIRA

Algumas regras para o funcionamento das Instituições de Longa Permanência foram formuladas e aprimoradas para garantir a qualidade delas. Neste momento serão descritas as principais normas regulamentadoras utilizadas como base para comparação com os achados das ILPI´s pesquisadas, podendo então caracterizá-las como adequadas ou inadequadas.

A primeira legislação específica foi a Portaria nº 810/1989 que definiu as Normas e Padrões de Funcionamento de Casas de Repouso, Clínicas Geriátricas e outras instituições para idosos. Essa Portaria definiu como deve ser a organização da instituição, a área física, as instalações e os recursos humanos (TOSTA, 2008).

Outra definição das Normas e Padrões de Funcionamento para Serviços e Programas de Atenção à Pessoa Idosa, veio com o processo de regulamentação da Política Nacional do Idoso, por meio da Portaria no. 7301/01, que adotou o termo atendimento institucional integral ao tipo de serviço prestado pelas ILPI´s.

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Em 2005 passou a vigorar a Resolução da Diretoria Colegiada, RDC nº 283. A RDC adotou o termo Instituição de Longa Permanência para Idosos com sigla ILPI, e estabeleceu as normas de funcionamento desta modalidade assistencial, definindo quais são os graus de dependência e as condições gerais de organização institucional baseada nos direitos dos idosos, incluindo recursos humanos, infraestrutura, processos operacionais, notificação compulsória, monitoramento e avaliação.

Segundo Pollo e Assis (2008), esse documento é um desafio para os órgãos fiscalizadores e as instituições, pois estas estão sendo obrigadas a se adequar à legislação, superando o paradigma de atendimento enquanto caridade e assistencialismo para o de prestação de serviços com qualidade e garantia dos direitos da pessoa idosa.

Mesmo com a evolução da legislação vigente, percebem-se ainda muitas irregularidades nas ILPI’s. Distintas razões são atribuídas para essa realidade, a mais comum é a falta de padrão moral dos dirigentes das instituições que se soma a falta de definição de padrões de qualidade, de mecanismos institucionais eficientes, bem como de instrumentos de avaliação e pessoas qualificadas para executá-la (BORN; BOECHAT, 2006).

A Resolução RDC n° 283, de setembro de 2005, é um regulamento técnico que define normas de funcionamento para as Instituições de longa permanência para idosos. Neste documento, foram consideradas as necessidades de garantir à população idosa os direitos assegurados na legislação em vigor, além da necessidade de prevenção e redução dos riscos à saúde aos quais ficam expostos os idosos residentes em instituições de Longa Permanência, desta forma defini os critérios mínimos para o funcionamento e avaliação, bem como mecanismos de monitoramento das Instituições de Longa Permanência para idosos, sejam elas com prestação de serviços públicos ou privados.

A RDC no. 283/05 adotou categorização e definição para os graus de dependência dos idosos, sendo:

-Grau de Dependência I: para idosos independentes, mesmo que requeiram uso de equipamentos de autoajuda; um cuidador para cada 20 idosos, ou fração, com carga horária de 8 horas/dia.

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-Grau de Dependência II: idosos com dependência em até três atividades de autocuidado dara vida diária, tais como: alimentação, mobilidade, higiene; sem comprometimento cognitivo ou com essa alteração controlada; um cuidador para 20 idosos, ou fração, por turno.

-Grau de Dependência III: idosos com depedência que requeiram assistência em todas as atividades de autocuidado para vida diária ou com comprometimento cognitivo; um cuidador para cada seis idosos, ou fração, por turno.

A partir desta categorização alguns parâmentros são definidos para as ILPIs, incluindo especificações ambientais, de acordo com o grau de dependência dos idosos residentes.

No Brasil, a fiscalização dessas instituições é responsabilidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, que utiliza uma lista de verificação para avaliação das ILPI’s baseada nos itens da RDC no 283/05. O aval da ANVISA é fundamental, pois o funcionamento de uma ILPI só é possível com a licença da ANVISA e registro junto ao Conselho do Idoso, de acordo com o previsto na Lei no. 10.741/03. Não se dispõe ainda de um levantamento nacional sobre instituições para idosos, o que permitiria conhecer o perfil das ILPI’s brasileiras, sua forma de funcionamento e suas condições, incluindo a arquitetônica.

A NBR 9050 (2004) é a norma das condições de acessibilidade, faz parte das normas brasileiras da ABNT, conhecida como a norma da acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Estabelecem critérios e parâmetros técnicos, que para serem criados foram levadas em consideração diversas condições de mobilidade e de percepção do ambiente, com ou sem a ajuda de aparelhos específicos, como as próteses, aparelhos de apoio, cadeiras de rodas, bengalas de rastreamento, sistemas assistivos de audição ou qualquer outro que venha a complementar as necessidades individuais. Tem como objetivo proporcionar à maior quantidade possível de pessoas, independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção, a utilização de maneira autônoma e segura do ambiente, edificações, mobiliário, equipamentos urbanos e elementos.

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A NBR 8995/13 é a norma Brasileira que regulamenta a iluminação em ambientes de trabalho, nela uma boa iluminação é decrita como aquela que propicia a visualização do ambiente, permitindo que as pessoas vejam, se movam com segurança e desempenhem tarefas visuais de maneira eficiente, precisa e segura, sem causar fadiga visual e desconforto. A iluminação pode ser natural, artificial ou uma combinação de mambas, devendo ter atenção a quantidade e qualidade da iluminação necessária para cada tarefa (NBR 8995/13).

A NBR 10152/87, norma Brasileira utilizada como parâmetro de adequação nos níveis de ruído para conforto acústico, onde se encontram os níveis de ruídos compatíveis com o conforto acústico em diversos ambientes (NBR 10152/87).

Em relação ao conforto térmico, segundo Iida (2005), a temperatura constante do corpo humano é de aproximadamente 37°C, mantida por mecanismos de termorregulações. Para se considerar conforto térmico, a quantidade de calor ganho pelo organismo deve ser igual à quantidade de calor cedido para o ambiente, e além da temperatura, deve-se levar em consideração a velocidade do ar e a umidade relativa do ar, sendo a zona de conforto delimitada entre as temperaturas efetivas de 20 a 24° C, com umidade relativa de 40 a 80%, com uma velocidade de ar moderada, da ordem de 0,2m/s. Além disso, a diferença entre as temperaturas em um mesmo ambiente não deve ser maior que 4°C.

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4- METODOLOGIA DA PESQUISA 4.1- DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo do tipo qualitativo, a princípio foi realizado um levantamento bibliográfico que permitiu um entendimento maior sobre os fatores do envelhecimento, principais limitações e necessidades desta etapa da vida, as instituições de longa permanência e a ciência da ergonomia com enfoque na ergonomia do ambiente construído. Desta forma, foi possível construir um referencial teórico rico para que embase a pesquisa.

Durante a segunda etapa do trabalho, a Instituição de Longa Permanência para idosos de alto padrão que aceitou ser pesquisa, foi avaliada através da Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído (MEAC) (VILLAROUCO, 2007). Esta metodologia divide-se em etapas, iniciando-se com a idéia que é necessário se entender o máximo possível da realidade vivenciada em uma instituição deste tipo, para posteriormente traçar os caminhos pelos quais podemos chegar aos resultados esperados com a aplicação da MEAC. A pergunta condutora foi o quanto a forma de custeio das ILPI´s da cidade do Recife influenciam na adequadas quanto as normas e legislações Brasileiras.

4.2- POPULAÇÃO DE ESTUDO

Esta instituição pesquisada foi escolhida pela facilidade de acesso e uma boa aceitação da direção em relação a pesquisa, uma vez que essa aceitação nem sempre é fácil. Além da concordância da direção, esta mostrou interesse nos resultados que esta pesquisa pode trazer para a instituição em caracter de orientações para melhorias no ambiente construído, acrescentando uma melhor qualidade nos serviços e na utilização dos espaços. Os funcionários também se mostraram solícitos ao serem apresentados a equipe de pesquisa, porém muitos se negaram a participar da pesquisa respondendo ao poema dos desejos.

No primeiro contato da equipe com a direção, já foi possível se obter a carta de anuência e autorização para realização das análises, registrar com fotografias os espaços internos e externos, evitando-se identificação de usuários nas imagens, bem como foi autorizado fazer contato através de entrevistas com todos os funcionários e usuários, afim de colher informações sobre a dinâmica da

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