Ano letivo 2019/2020
José Miguel Gonçalves Espírito Santo Cristóvão
RELATÓRIO FINAL
ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE
Nº 2014234 | 6º Ano
Orientadora: Dr.ª Susana Ourô
Regente: Professor Doutor Rui Maio
1. INTRODUÇÃO ... 3
2. OBJETIVOS ... 3
3. SÍNTESE DOS ESTÁGIOS PARCELARES ... 4
A – Medicina Geral e Familiar ... 4
B – Pediatria ... 4 C – Ginecologia e Obstetrícia ... 5 D – Saúde Mental ... 6 E – Medicina Interna ... 7 F – Cirurgia Geral ... 8
4. ELEMENTOS VALORATIVOS ... 8
5. REFLEXÃO CRÍTICA ... 9
6. ANEXOS ... 11
ÍNDICE1. INTRODUÇÃO
Desde o início do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) que se iniciou um percurso de aquisição de competências e técnicas no sentido de as aplicar à nossa prática clínica. O culminar de toda esta trajetória termina no 6º ano, com a realização do Estágio Profissionalizante, uma Unidade Curricular (UC) integradora, distribuída em várias parcelas ao longo do ano. Durante este período e nesta UC percorri as valências mais abrangentes de toda a nossa prática, nomeadamente Medicina Geral e Familiar, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Saúde Mental, Medicina Interna e Cirurgia Geral. Cada uma destas especialidades contribuiu, de uma forma ou de outra, para melhor compreender o que me reserva o futuro na carreira médica. A aprendizagem de conceitos, ideias e finalmente a colocação em prática de tudo o que até aqui estudei permitiu atingir um novo patamar de conhecimento, e em última análise de responsabilidade face ao que será o meu futuro.
A UC Estágio Profissionalizante pressupõe a elaboração de um relatório que contempla a síntese das
atividades realizadas ao longo do 6º ano, destacando o mais importante a nível educativo, profissional, mas
também pessoal que cada estágio providenciou. Irei descrever de forma breve cada uma das especialidades por onde passei, bem como explicitar os objetivos a que me propus e o seu cumprimento. Considerei ainda importante referir as principais patologias observadas em cada especialidade, e também os trabalhos apresentados ao longo do ano. Seguidamente vou acrescentar elementos valorativos a este relatório, e finalmente debruçar-me sobre uma reflexão crítica acerca deste último ano. Em anexo encontram-se os cronogramas (anexo 1) e apresentações das especialidades realizadas (anexo 2), bem como dos certificados das atividades mais relevantes efetuadas durante o MIM, com enfoque no 6º ano.
2. OBJETIVOS
Como objetivos gerais do Estágio Profissionalizante destaco os seguintes: 1) Adquirir competências teóricas e práticas relativas à fisiopatologia, clínica e diagnóstico das patologias mais frequentes em cada área; 2) Desenvolver uma forma sistematizada de realização da entrevista clínica e exame objetivo; 3) Aprender as normas de prescrição de exames complementares de diagnóstico e terapêuticas; 4) Compreender os critérios de referenciação adequada de certas patologias mais frequentes; 5) Concretização de uma conduta pessoal, ética e moral adequada. Na esfera dos objetivos pessoais, propus-me a: 1) Treinar a minha capacidade de exposição de conhecimento médico; 2) Desenvolver um maior sentido de responsabilidade em relação à prática clínica; 3) Aprofundar da minha confiança para melhor pôr em prática o conteúdo apreendido; 4) Ser integrado de forma completa em equipas médicas; 5) Melhorar a integração dos conteúdos das diversas especialidades.
3. SÍNTESE DOS ESTÁGIOS PARCELARES
A – MEDICINA GERAL E FAMILIAR – 4 Semanas (9/9/2019 a 4/10/2019)
O meu primeiro estágio do 6º ano foi o de Medicina Geral e Familiar (MGF), onde fui acompanhado pela Dr.ª
Ana Sotero na Unidade de Saúde Familiar (USF) Alfa Beja. Desde cedo defini como objetivos específicos
mais relevantes: acompanhar uma população diferente da encontrada no meio urbano, identificando os riscos de saúde particulares da mesma; reconhecer e orientar as patologias mais frequentes da comunidade rural; referenciar adequadamente cada patologia. Acerca do primeiro objetivo mais especificamente, foi o que me motivou a realizar o estágio em Beja, no sentido de ter contacto com uma realidade diferente daquela que sempre encontrei ao longo do curso em Lisboa. Apesar de ter cumprido a globalidade dos objetivos, não vi completamente concretizado o primeiro: não tive a possibilidade de observar consultas de rastreio ginecológico na mulher, bem como de procedimentos como as colpocitologias.
Durante estas 4 semanas participei em vários tipos de consulta, tendo conduzido, sempre sob supervisão da minha tutora, inúmeras consultas do mais variado género, nomeadamente saúde de adultos, em que as patologias mais frequentes encontradas foram a hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, dor lombar crónica, bem como infeções do trato urinário e respiratórias. Assisti ainda a várias dezenas de consultas de saúde infantil e juvenil, acompanhando crianças desde os primeiros dias de vida até à adolescência. No contexto da doença aguda assisti ainda a situações menos comuns, como a abordagem de uma urgência hipertensiva.
Outro ponto positivo acerca do estágio foi a familiarização com o sistema informático utilizado em cuidados primários de saúde. Fiquei a conhecer melhor a forma mais particular de realizar o registo médico, através do registo por problemas (SOAP – Subjetivo, Objetivo, Avaliação e Plano); bem como prescrevi receituário. Para além disto a minha tutora ajudou-me a referenciar doentes através do sistema ALERT.
No final do estágio apresentei, em reunião clínica, a norma de orientação clínica da Direção-Geral da Saúde 003/2019 sobre o “Modelo de Intervenção Diferenciada no Luto Prolongado em Adultos”, tendo ganho informação valiosa acerca da abordagem e referenciação para consulta especializada do utente em luto.
B – PEDIATRIA – 4 Semanas (7/10/2019 a 31/10/2019)
Realizei o estágio de pediatria na Unidade de Hematologia Pediátrica – Hospital de Dona Estefânia (HDE), tendo acompanhado a Dr.ª Paula Kjöllerström. Em relação aos objetivos específicos, penso ter cumprido o que pretendia: adquirir uma visão integradora da especialidade; compreender as principais patologias da criança e adolescente; praticar a colheita de história clínica à população pediátrica; comunicar
adequadamente com a criança e a sua família; apreender os sinais de alarme e critérios de gravidade desta faixa etária. Pude contactar com diferentes valências, sobretudo enfermaria, consulta externa de hematologia e Serviço de Urgência (SU). Tentei ainda ramificar a minha presença a outras áreas, tendo por exemplo assistido a consultas de deformidades ósseas, na Ortopedia Pediátrica com o Dr. Francisco Santa’Ana; e com a Drª Ana Cristina Ferreira, em internamento, no âmbito das doenças metabólicas.
A enfermaria foi o espaço em que estive mais presente, e considero que atingi um grande objetivo, que foi a colheita de história clínica pediátrica de forma mais dirigida e sistemática. Neste contexto observei patologias hematológicas mais comuns como a trombocitopenia imune, tendo redigido uma história clínica formal sobre esta, mas também doenças mais raras e com um mecanismo pouco habitual – a leucinose. O SU permitiu-me praticar o exapermitiu-me objetivo e pensar de forma orientada o diagnóstico diferencial. Neste contexto, as patologias mais frequentemente observadas foram a bronquiolite aguda, gastroenterite aguda e otite média aguda. Na consulta de hematologia observei vários casos de trombocitopenia imune, anemia ferropénica e hemoglobinopatias.
No final do estágio apresentei um trabalho intitulado “Guidelines European Society of Cardiology 2019
Tromboembolismo pulmonar: Perspetiva de um caso clínico”. Aqui expusemos as novas guidelines da
Sociedade Europeia de Cardiologia de 2019 acerca da abordagem e terapêutica de tromboembolismo pulmonar, apresentando paralelamente um caso clínico pediátrico com interesse para o tema.
C – GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA – 4 Semanas (4/11/2019 a 29/11/2019)
O meu estágio de Ginecologia e Obstetrícia foi realizado no Hospital de Vila Franca de Xira. Neste centro hospitalar tive uma orientação bicéfala, pelas Dr.ª Luciana Patrício (Obstetrícia) e Dr.ª Adriana Franco (Ginecologia). Aqui, propus-me a: diagnosticar corretamente as patologias mais frequentes da mulher; identificar e abordar o trabalho de parto; praticar a realização do exame ginecológico e mamário; melhor interpretar os exames ecográficos ginecológicos e obstétricos. Acerca destes objetivos, um ponto menos positivo acabou por ser a pouca oportunidade que tive de praticar o exame ginecológico.
Ao longo das 4 semanas fui intercalando quase diariamente entre as duas valências da especialidade, tendo assistido no âmbito da Obstetrícia à realização de consultas de gravidez de alto risco, onde observei sobretudo casos de diabetes gestacional e outras doenças endócrinas. De encontro aos objetivos enunciados, assisti a várias dezenas de ecografias obstétricas, sendo a maior parte das situações fisiológicas e sem doença, e mais raramente situações como aborto retido. Aqui aprendi os princípios gerais de leitura deste exame de imagem. Participei, ainda no âmbito da obstetrícia, em alguns partos por cesariana. Por outro lado, na área da Ginecologia observei consultas de pavimento pélvico, sendo o prolapso vaginal de diferentes graus
a doença mais frequentemente encontrada. Assisti e participei ativamente em intervenções cirúrgicas no Bloco Operatório, também no contexto de prolapso uterovaginal completo. Estive ainda presente, semanalmente, no SU, contactando com a hemorragia vaginal e dor abdominal inespecífica, mas também muitas situações sem caráter urgente. Considero assim ter contactado com as doenças mais frequentes da especialidade, e assim cumprindo a maior parte dos objetivos propostos.
No final do estágio apresentei o tema “Sexualidade na Gravidez”, pouco falado na prática clínica até aqui e não abordado durante o curso. Neste trabalho desmistifiquei algumas das preocupações e crenças associadas à sexualidade no período gestacional, revi as alterações que caracterizam cada trimestre da gravidez, bem como falei de sintomas a valorizar durante esta fase tão importante.
D – SAÚDE MENTAL – 4 Semanas (2/12/2019 a 10/1/2020)
Realizei o estágio com o Dr. Marco Gonçalves na Clínica 5 (pavilhão 21) do Centro Hospitalar Psiquiátrico
de Lisboa (CHPL). Defini como objetivos à partida: desenvolver capacidades de diagnóstico diferencial das
diferentes síndromes psiquiátricas; conduzir uma entrevista clínica estruturada e orientada no contexto da doença mental; aplicar o modelo de pensamento biopsicossocial na abordagem da saúde mental; destrinçar entre o que é uma perturbação mental de particularidades do funcionamento normal do indivíduo. Este foi um estágio mais observacional, mas que ainda assim me permitiu atingir os objetivos a que me propus.
Ao longo das 4 semanas assisti a inúmeras valências da Psiquiatria, tendo estado presente em várias consultas de Psiquiatria geral, onde observei mais de 20 doentes com perturbações do humor, e alguns com distúrbios psicóticos. A maior parte do tempo foi passada em internamento acompanhando 6 doentes, alguns dos quais desde a entrada até à alta, onde tentei da melhor forma conduzir uma entrevista clínica adequada às particularidades da saúde mental. Em SU destaco ter observado 6 doentes, onde predominou a perturbação psicótica, mas também a tentativa de suicídio. Dito isto, tive o privilégio de assistir a todas as fases da abordagem da patologia psiquiátrica, desde a descompensação aguda em contexto de SU; seguimento do doente na tentativa de controlo da sua patologia no internamento; e finalmente observar a doença psiquiátrica compensada nas consultas de seguimento. Ainda de referir que pude estar presente em outras atividades no CHPL, nomeadamente no Walk With A Doc – Alvalade, uma iniciativa dirigida à exposição de um tópico da saúde mental à população, seguida de uma caminhada com os profissionais de saúde para esclarecer dúvidas relacionadas. Naquilo que considero ter sido uma enorme mais valia deste estágio, pude assistir a consultas de Sexologia Médica. Observei um total de 6 utentes, tendo aprendido sobretudo o percurso que cada um deles percorre no Serviço Nacional de Saúde. Penso que esta consulta me permitiu de forma exemplar atingir o objetivo de distinguir o patológico do fisiológico no âmbito não só da saúde mental
como de todo o funcionamento orgânico do indivíduo. Complementei o estágio com a realização de uma história clínica formal, sobre um episódio misto na doença bipolar.
E – MEDICINA INTERNA – 8 Semanas (20/1/2020 a 13/3/2020)
Durante o estágio de Medicina Interna fui orientado pela Dr.ª Teresa Romão, e pela sua equipa de internos de formação específica Dr.ª Laura Rodrigues e Dr. André Mascarenhas. O estágio decorreu no Serviço de
Medicina 1A do Hospital Egas Moniz – Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO). Determinei como
objetivos mais específicos no início do estágio: integrar-me na equipa médica; diagnosticar as entidades clínicas mais prevalentes na população adulta; adquirir maior confiança para pôr em prática o conhecimento médico; elaboração de notas de entrada e de alta; melhorar a comunicação tanto com o doente e os seus familiares, como com o restante corpo médico.
Durante as 7 semanas de estágio fui incluído na equipa médica, estando a meu cargo 1 a 2 doentes por dia. Era responsável por acompanhar cada um deles durante a sua estadia hospitalar, elaborando as notas de entrada, os diários clínicos e a nota de alta. Para além da observação e colheita de história, tinha ainda a cargo a tarefa de falar com os familiares de cada um dos doentes, explicando a situação clínica e esclarecendo qualquer dúvida que pudessem ter. Prescrevia ainda meios complementares de diagnóstico e terapêutica, sempre sob a supervisão da minha tutora. No total acompanhei 22 doentes, correspondendo a maioria a patologia do sistema circulatório, respiratório e urinário, destacando-se como diagnósticos de saída mais frequentes a pneumonia adquirida na comunidade, anemia, insuficiência cardíaca e respiratória. Vi ainda situações menos comuns, nomeadamente um hematoma retroperitoneal ou uma neoplasia abdominal de caráter incerto. Apresentava, nas reuniões clínicas, os doentes a meu cargo, expondo o plano para cada um deles. Considero que este acompanhamento regular dos doentes em muito contribuiu para me ajudar a sistematizar a abordagem em internamento, e a racionar ao essencial os exames complementares. Gostava de destacar ainda a possibilidade que tive de realizar várias técnicas como punções arteriais e venosas, como uma colheita de sangue pela veia femoral. Para além disso, fiz parte de um momento em que foi comunicado o falecimento de uma das nossas doentes, tendo assim compreendido a importância de saber comunicar más notícias da melhor forma possível. Considero assim que concretizei todos os objetivos a que me propus.
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No final da 7ª semana de estágio apresentei um trabalho com o título: “Nódulos hepáticos: abordagem e
diagnóstico diferencial”. Este constituiu uma revisão teórica sobre a lesão nodular hepática, abordando
paralelamente um caso clínico de um abcesso hepático relevante para o tema.
F – CIRURGIA GERAL
O estágio de Cirurgia Geral estaria previsto ter sido realizado entre 16/3/2020 e 15/5/2020 no Hospital
Beatriz Ângelo. Como objetivos definidos no início do ano para este estágio destaco: conhecer as principais
entidades cirúrgicas, sobretudo no seu diagnóstico diferencial; distinguir as situações de caráter eletivo e urgente; participar ativamente em cirurgias; compreender a terminologia e instrumentação cirúrgicas.
No entanto, perante a situação de saúde pública vivida atualmente, não foi possível concretizar a componente prática do estágio e consequentemente não atingir os objetivos propostos. No entanto, realizei com os meus colegas sessões de discussão de casos clínicos elaboradas pelo nosso tutor – Dr. Gonçalo Luz – para tentar colmatar a ausência de vivência clínica. No dia 19 de junho apresentámos, em conjunto, uma revisão teórica acerca do tema “Abordagem à Hemorragia Digestiva Alta”.
4. ELEMENTOS VALORATIVOS
Durante todo o curso procurei sempre enriquecer a minha experiência académica e adquirir novos conhecimentos que não são aprofundados dentro do plano curricular do MIM. Começo por destacar a realização de 2 estágios clínicos de verão (1 Curto Estágio Médico em Férias – CEMEFs; e 1 Programa de Estágios Clínicos e Pré-Clínicos em Unidades de Saúde CUF – PECLICUF) em especialidades de interesse, cada um por um período de 2 semanas, em Oncologia Médica (3º ano) na CUF Infante Santo (anexo 8) e em Infecciologia (5º ano) no Hospital Garcia de Orta (anexo 9). Para além desta atividade clínica, procurei também o reverso da medalha – Investigação Médica. Neste âmbito estive inserido num projeto de investigação durante o verão do 2º ano do MIM (Programa de Integração de Alunos em Trabalhos de Investigação - PIATI), no Instituto Português de Oncologia de Lisboa (anexo 7), sendo tutorado pela Mestre Sofia Nunes. Ao longo do 6º ano assisti ainda a diversas palestras, das quais destaco as seguintes: “Questões
LGBT em Pedopsiquiatria” (anexo 4), “Jornadas de Doenças Infeciosas 2019 - 8ª Reunião da Gripe em Portugal” (anexo 5), e “Neurorradiologia – Casos clínicos e emergências médicas” (anexo 6). Gostava
finalmente de destacar que redigi um caso clínico-patológico durante o 5º ano, intitulado “Hepatocellular
adenoma like nodules in a cirrhotic liver: report of and unusual case”. Deste artigo foi elaborado um poster
(anexo 3), apresentado no 31º Congresso Europeu de Anatomia Patológica. Foi, sem sombra de dúvidas, das experiências mais enriquecedoras ter tido hipótese de elaborar este paper, ambicionando agora tentar a sua publicação numa revista médica portuguesa.
5. REFLEXÃO CRÍTICA
Chegado ao final do 6º ano e do curso, resta fazer um balanço final sobre o que foi todo o caminho até aqui percorrido. Termino o ano com o Estágio Profissionalizante, em que cada uma das valências por onde passei em muito contribuíram para o meu desenvolvimento como futuro médico. Posso assim dizer que durante este período considero ter cumprido globalmente os objetivos a que me propus, com exceção clara ao estágio de Cirurgia Geral. E se é certo de que não os cumpri todos, também é certo que o irei fazer nas próximas etapas da minha carreira.
Assim, o estágio de Medicina Geral e Familiar começou por ser um ótimo início para o 6º ano, visto ter realizado o mesmo num ambiente completamente diferente daquele a que estou habituado. De facto, escolhi estagiar em Beja porque queria contactar com um meio mais rural, e considero que foi das experiências mais enriquecedoras do meu percurso académico. Como único ponto negativo deste estágio tenho a referir não ter tido a possibilidade de observar consultas que envolvessem a realização de procedimentos semiológicos ginecológicos. Apesar disto, a forte componente prática inerente ao estágio permitiu-me a sua conclusão com maior confiança na minha capacidade para acompanhar os doentes nos cuidados de saúde primários, bem como melhor referenciar quando escapam ao âmbito dos mesmos.
Seguidamente, o estágio de Pediatria foi sobretudo observacional. Durante as 4 semanas contactei muito com a hematologia pediátrica, por ser a área de diferenciação da minha tutora. Apesar disso, procurei sempre inteirar-me do que é a especialidade na sua globalidade, tentando também assistir a outras vertentes. Dos objetivos para este estágio, talvez aquele que considero mais importante ter atingido seja melhor conduzir uma entrevista clínica em idade pediátrica. Finalmente, o facto de ter realizado este estágio no HDE deu-me a oportunidade de assistir a casos de patologias raras e interessantes, que em outro local talvez não conseguiria aprofundar.
O estágio que se seguiu, de Ginecologia e Obstetrícia, foi também menos prático. No entanto, nem por isso deixei de concretizar a maior parte dos objetivos propostos. Isto porque o facto de ter duas tutoras, cada uma com áreas de especialização diferentes, possibilitou que aprendesse imenso e que tenha ganho novas capacidades nesta especialidade. Exemplo disto foi a participação ativa no bloco operatório, pois apesar de não pretender seguir uma especialidade cirúrgica no futuro, desenvolvi competências elementares na formação de um médico.
Quanto a Saúde Mental, por no 5º ano ter estagiado em pedopsiquiatria, considero ter sido dos estágios mais proveitosos. Este foi assim o primeiro contacto que tive com a psiquiatria de adultos, e toda a psicopatologia associada. Este estágio foi certamente de encontro aos objetivos que tinha para o mesmo,
desde o internamento até ao SU e passando pela consulta de Sexologia Médica. Contactei com situações de muito difícil resolução, mas ao mesmo tempo ganhei consciência para o facto de grande parte dos doentes com patologia psiquiátrica estarem na verdade francamente bem compensados, algo que comprovei na consulta geral. Foi decerto um estágio que me marcou muito pela positiva e que me fez compreender o quão importante é o cuidar da saúde mental de qualquer doente que venha a encontrar no futuro. Neste sentido, a atividade Walk with a Doc deixou-me mais confortável e fez-me entender a importância de explicar de forma adequada a patologia ao doente.
O último estágio prático que realizei foi Medicina Interna, sendo este sem dúvida o mais significativo das várias parcelas do Estágio Profissionalizante. Isto porque é onde mais integrado estive numa equipa médica, e onde pude pôr em prática inúmeras técnicas que me acompanharão para o resto da carreira. Algo que me marcou foi a responsabilidade não só de acompanhar convenientemente cada doente, mas também de ser capaz de explicar da melhor forma possível a situação clínica às suas famílias. Outro momento de aprendizagem que não tive em qualquer outro estágio foi a comunicação da morte e de más notícias. De facto, observar a minha tutora durante estes momentos revelou-se de um valor incalculável na minha formação. Finalmente, o SU foi onde ganhei maior ânimo e compreendi que tenho de facto um contributo a dar, tendo observado o efeito da estabilização imediata de doenças agudas e descompensações. E sinto que tudo isto vai ser fundamental no próximo ano, aquando do internato da formação geral (IFG).
Acerca do estágio de Cirurgia Geral, infelizmente não realizei a sua componente prática, devido à suspensão da atividade clínica educativa devido à pandemia vivida. Naturalmente que aqui não tive oportunidade de concretizar a maior parte dos objetivos relativos a esta especialidade. Apesar disto tenho a certeza de que vou procurar incansavelmente compensar esta falta de vivência no próximo ano.
Chegado a este momento, acabo destacando a enorme importância de todos os estágios parcelares realizados neste 6º ano e assim do Estágio Profissionalizante. Foram seguramente fundamentais no meu desenvolvimento como futuro médico e pessoa. Sinto-me assim preparado para iniciar o próximo passo da minha vida, e esperançoso no que o futuro irá trazer.
Termino agradecendo a todos os que me acompanharam durante o meu percurso académico, desde professores e tutores até aos doentes que apoiei ao longo destes anos. Deixo ainda um grande agradecimento a todos os meus amigos e colegas que tornaram toda esta viagem tão memorável.
6. ANEXOS
Anexo 1: Cronograma do Ano Letivo 2019/20
Anexo 2: Apresentações e trabalhos realizados durante o Ano Letivo 2019/20
Anexo 3: Poster “Hepatocellular adenomas like nodules in a cirrhotic liver: report of and unusual case”
apresentado no 31º Congresso Europeu de Anatomia Patológica
Anexo 4: Questões LGBT em Pedopsiquiatria
Anexo 5: Jornadas de Doenças Infeciosas 2019 - 8ª Reunião da Gripe em Portugal Anexo 6: Neurorradiologia – Casos clínicos e emergências médicas
Anexo 7: PIATI – Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil Anexo 8: PECLICUF – Oncologia Médica (Hospital CUF Infante Santo) Anexo 9: CEMEF – Infecciologia (Hospital Garcia de Orta)
Anexo 1: Cronograma do Ano Letivo 2019/20
Estágio/Especialidade
Período de estágio
Localização
Tutor/a
Medicina Geral e
Familiar 9/9/2019 a 4/10/2019 Unidade de Saúde Familiar Alfa Beja Drª Ana Sotero Pediatria 7/10/2019 a 31/10/2019 Hospital de Dona Estefânia –
Unidade de Hematologia Pediátrica Drª Paula Kjöllerström Ginecologia e
Obstetrícia 4/11/2019 a 29/11/2019
Hospital Vila Franca de Xira – Serviço de Ginecologia e Obstetrícia
Drª Luciana Patrício Drª Adriana Franco Saúde Mental 2/12/2019 a 10/1/2020 Centro Hospitalar Psiquiátrico de
Lisboa – Clínica 5 Dr. Marco Gonçalves Medicina Interna 20/1/2020 a 13/3/2020 Hospital Egas Moniz – Serviço de
Medicina 1A Drª Teresa Romão Cirurgia Geral* 16/3/2020 a 15/5/2020 Hospital Beatriz Ângelo –
Departamento de Cirurgia Dr. Gonçalo Luz
*Estágio prático não concretizado fruto da suspensão da atividade clínica durante o período correspondente
Anexo 2: Apresentações e trabalhos realizados durante o Ano Letivo 2019/20
Estágio/Especialidade
Tema/Título
Grupo
Medicina Geral e Familiar
Norma da Direção-Geral da Saúde 003/2019: “Modelo de Intervenção Diferenciada no Luto Prolongado em
Adultos
José Cristóvão
Pediatria
“Guidelines European Society of Cardiology 2019 Tromboembolismo pulmonar: Perspetiva de um caso
clínico”
José Cristóvão, Eduardo Fernandes, Pedro Pedrosa, Rui
Escaleira Ginecologia e
Obstetrícia “Sexualidade na Gravidez”
José Cristóvão, Eduardo Fernandes, Margarida Guerreiro
Medicina Interna “Nódulos hepáticos: abordagem e diagnóstico diferencial”
José Cristóvão, André Pita, Mónica Albino
Cirurgia Geral “Abordagem à Hemorragia Digestiva Alta
José Cristóvão, Eduardo Fernandes, Mariana Marques,
Anexo 3: Poster “Hepatocellular adenomas like nodules in a cirrhotic liver: report of and unusual case”
