2013/2014
Relatório Final
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS
Cláudia de Jesus Silva
N.º 2008238
Índice
Introdução ... 2
Estágios Parcelares ... 2
Medicina ... 2
Cirurgia ... 3
Medicina Geral e Familiar ... 4
Pediatria ... 5
Ginecologia e Obstetrícia ... 5
Saúde Mental ... 6
Medicina da Emergência e da Catástrofe ... 7
Introdução
O estágio profissionalizante do 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina (MIM) da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa desenvolve-se em seis estágios parcelares das várias áreas médicas e cirúrgicas, para os quais foram estabelecidos objetivos de aprendizagem. O Relatório Final de Estágio tem por objetivo relatar, de forma representativa, as atividades desenvolvidas durante os vários estágios parcelares, assim como uma reflexão critica acerca dos conhecimentos e competências adquiridos ao longo dos mesmos.
O presente relatório encontra-se dividido em três partes: Introdução, Corpo de Trabalho e Reflexão Critica. Na introdução são apresentados os objetivos do relatório, assim como, a sua estrutura. O corpo de trabalho encontra-se subdivido de acordo com os estágios parcelares, sendo que para cada um deles, indicarei a duração e local do estágio, e abordarei os principais objetivos de aprendizagem propostos, assim como as atividades desenvolvidas. Por fim, na Reflexão Critica discutirei os objetivos atingidos, assim como as experiencias que considerei significativas para a minha formação. Abordarei, ainda, os objetivos não atingidos, e aspetos menos positivos do estágio profissionalizante.
Estágios Parcelares
Nesta seção passarei a abordar os seis estágios parcelares, de acordo com a ordem cronológica com que decorreram durante o estágio profissionalizante e, por fim, irei abordar, ainda que não integrado no estágio profissionalizante, a Unidade Curricular opcional que frequentei, Medicina da Emergência e da Catástrofe.
Medicina
Os objetivos principais do estágio foram: adquirir competências teóricas e práticas na área da Medicina interna; assumir autonomia e responsabilidade progressiva na avaliação, diagnóstico e prescrição de medidas terapêuticas para as situações clínicas mais prevalentes; habilitação para identificar e hierarquizar as situações clinicas de maior emergência para o doente.
As atividades foram desenvolvidas, maioritariamente, na enfermaria, e consistiram no acompanhamento dos doentes, realização de notas de entrada, notas de alta e diários clínicos, incluindo assim, a colheita da história clínica, realização de exame objetivo, elaboração de hipóteses de diagnóstico, requisição e discussão dos resultados dos exames complementares de diagnóstico e discussão do plano terapêutico. Participei também nas reuniões de serviço, onde apresentei a situação clínica de alguns doentes. No Serviço de Urgência, a minha atividade desenvolveu-se ao nível do atendimento dos doentes no balcão, onde tive a oportunidade de contactar com as patologias agudas mais frequentes. Realizei alguns procedimentos, nomeadamente, punções arteriais e eletrocardiogramas.
Em relação à formação teórica durante o estágio, assisti às sessões clinicas do HFAR, assim como, aos seminários que decorreram na faculdade, inseridos no ensino teórico da disciplina. Relativamente a trabalhos realizados, elaborei a apresentação do tema
“Pneumonias Eosinofílicas”, inserido no contexto de um caso clinico do Departamento Médico
do HFAR, em conjunto com a minha colega Isabela Gil.
Cirurgia
O estágio de Cirurgia decorreu no serviço de Cirurgia do Hospital das Forças Armadas, durante 8 semanas, entre o dia 11 de Novembro de 2013 e 17 de Janeiro de 2014 (com interrupção para férias de Natal), sob orientação do Dr. Pedro Campos e Dr. Bruno Ferreira.
novos conhecimentos e competências; saber avaliar corretamente as situações clínicas mais comuns; determinar as prioridades de atuação e estabelecer as medidas e procedimentos essenciais para a sua resolução adequada.
Durante este estágio, acompanhei os meus tutores nas suas diversas atividades clínicas, nomeadamente, na visita diária aos doentes na enfermaria; na consulta externa e, no bloco operatório e pequena cirurgia, onde tive a oportunidade de assistir e participar em várias cirurgias. Além disso, ainda assisti e participei em cirurgias de outras áreas cirúrgicas, nomeadamente, de Ortopedia e de Cirurgia Vascular.
Em relação às atividades de índole teórica, assisti às sessões clinicas realizadas no HFAR, e às reuniões de decisão terapêutica dos doentes oncológicos. Elaborei a
apresentação do tema “Cancro da Mama – abordagem terapêutica”, onde explorei a
abordagem ao doente e as hipóteses terapêuticas para cada estádio desta doença.
Medicina Geral e Familiar
O estágio de Medicina Geral e Familiar decorreu na USF de Terras de Cira, entre 27 de Janeiro e 21 de Fevereiro de 2014 (4 semanas), sob orientação da Dra. Susana Ribeiro.
Os objetivos principais desta Unidade Curricular foram: adotar uma abordagem sistémica centrada na pessoa; familiarizar com os padrões de queixas/sintomas e a forma como os problemas de saúde se apresentam, no contexto da comunidade e do recurso ao médico de família; treinar aptidões, de diagnóstico e tratamento, adequadas ao exercício da Medicina Geral e Familiar e reconhecer as inter-relações entre fatores somáticos, psicológicos e sociais.
terapêuticas. Para além disso, participei em visitas domiciliárias, em conjunto com a minha tutora e com a enfermeira de família.
Pediatria
O estágio de Pediatria decorreu no Hospital Cuf Descobertas, sob orientação da Professora Doutora Ana Serrão Neto, durante 4 semanas, com inicio a 24 de Fevereiro e termino a 21 de Março de 2014.
O objetivo primordial deste estágio foi a compreensão da Pediatria como uma medicina integral de um grupo etário, desde a conceção até à adolescência. Além disso, este estágio visava: adquirir e consolidar conhecimentos relativamente às patologias pediátricas mais frequentes; desenvolver capacidades de comunicação com a criança ou adolescente, assim como, com os seus pais; e adquirir autonomia suficiente para a prática da pediatria.
Durante o estágio, acompanhei a minha tutora, no internamento, na consulta externa e no serviço de urgência pediátrico. Para além destas atividades, tive ainda oportunidade de assistir a consultas externas de Ortopedia Pediátrica e Cirurgia Pediátrica, e de contactar com serviço de Neonatologia, onde pratiquei o exame físico do recém-nascido.
Do ponto de vista das atividades teóricas, assisti às sessões clinicas do serviço de Pediatria, às sessões clínicas do Hospital Cuf Descobertas, e a uma aula de Cardiologia Pediátrica lecionada pelo Dr. António Macedo. Relativamente a trabalhos realizados, realizei uma história clinica, alvo de avaliação, e apresentei o tema “Síndrome de Down – seguimento
clinico”, em conjunto com a minha colega Elisa Silva.
Obstetrícia e Ginecologia
O estágio de Obstetrícia e Ginecologia decorreu no Hospital Cuf Descobertas, durante 4 semanas, entre o dia 24 de Março e 24 de Abril de 2014 (com interrupção nas férias da Páscoa), sob orientação da Dra. Conceição Telhado e Dr. Jorge Lima.
colheita da história clinica e pedido de meios complementares de diagnóstico; formulação de diagnósticos provisórios com identificação de problemas que impliquem referenciação da doente; prática e participação diária em ambulatório, internamento, bloco operatório e urgência/bloco de partos; aquisição de autonomia e tomada de decisões clínicas em ginecologia e obstetrícia.
Durante o estágio, assisti às seguintes atividades clínicas: consultas externas de várias áreas - obstetrícia, ginecologia, patologia da mama, uroginecologia e trombofilias; ecografias ginecológicas e obstétricas; meios complementares de diagnóstico – colposcopia e histeroscopia; conização a laser e cirurgia de ambulatório. Tive a oportunidade de assistir e participar em cirurgias do foro ginecológico, assim como, participar em vários partos. Assisti, também, às reuniões clinicas do serviço e às reuniões multidisciplinares de orientação e tratamento oncológico.
Saúde Mental
O estágio de Saúde Mental decorreu no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL), maioritariamente, no Hospital Júlio de Matos, entre 28 de Abril a 23 de Maio de 2014, sob orientação do Dr. Marco Gonçalves.
Os objetivos gerais deste estágio foram: promover o desenvolvimento dos conhecimentos e das capacidades de diagnóstico e intervenção clínica em Psiquiatria e Saúde Mental, através do acompanhamento tutelado de doentes com patologia psiquiátrica; proporcionar uma experiência de trabalho integrado de equipa e colaboração multidisciplinar; sensibilizar para os aspetos de saúde pública e de organização dos cuidados da saúde mental em Portugal.
caracter avaliativo. Quanto a atividades teóricas, assisti às sessões teóricas inseridas no programa teórico dos internos de psiquiatria do CHPL.
Medicina da Emergência e da Catástrofe
Apesar de não fazer parte do estágio profissionalizante, considero importante realizar uma pequena referência à unidade curricular opcional. Na frequência desta unidade curricular adquiri conhecimentos nas áreas da Medicina de emergência e da Medicina de catástrofe, nomeadamente, síndromas de apresentação, no contexto da utilização de agentes químicos, radioativos, explosivos e armas de fogo, e estratégias de abordagem ao doente emergente individual e às situações multivítimas. Além disso, conheci a realidade do funcionamento da emergência extra-hospitalar em Portugal, nomeadamente do INEM. Conheci, ainda, o plano de catástrofe do Centro Hospitalar Lisboa Central, assim como as transformações que os hospitais devem sofrer, perante situações de exceção.
Reflexão crítica final
Finalizado o 6.º Ano profissionalizante do Mestrado Integrado em Medicina, considero que o balanço é bastante positivo, e que na globalidade dos estágios foram atingidos a maioria dos objetivos, de modo que neste capítulo farei apenas referência aos objetivos que considero não terem sido atingidos com sucesso. Em primeiro lugar, irei abordar cada estágio parcelar, e posteriormente farei uma avaliação global do estágio profissionalizante.
O estágio de Cirurgia deu-me a oportunidade de participar ativamente nas atividades clinicas, aprender aspetos teóricos e práticos acerca das várias patologias cirúrgicas, e de participar em cirurgias, algo que não tinha sido possível nos anos anteriores. O fato de ter realizado este estágio e o estágio de medicina interna no Hospital das Forças Armadas foi determinante na minha formação enquanto médica militar, uma vez que pude contatar com a população militar, assim, como perceber as patologias mais frequentes na mesma.
O estágio de Medicina Geral e Familiar revelou-se fulcral na minha formação, pelo facto de se tratar de uma especialidade bastante generalista, que permitiu o contato com as patologias mais frequentes na população, adotando uma abordagem integrada e sistemática do doente, e tendo em conta o seu contexto bio-psico-social. Um aspeto que considerei menos positivo, foi o fato de não ter tido alguma autonomia e responsabilidade.
O estágio de Pediatria permitiu-me o contato com uma faixa etária muito diferente daquela a que estamos mais habituados, com patologias que lhe são próprias. Além disso, este estágio alertou-me para complexidade da Pediatria, devido, principalmente, à inespecificidade dos sintomas, e à dificuldade de recolher a história a partir do doente, na maioria das situações. Considerei muito revelante o contacto com a Neonatologia, dado ser uma área muito pouco abordada durante o curso.
O estágio de Obstetrícia e Ginecologia foi importante pelo contacto com varias áreas da especialidade, e pelo fato de ter assistido e participado em muitos partos. No entanto, quer neste estágio, quer no estágio de Pediatria, considero que não adquiri autonomia suficiente para a prática clinica, por um lado, por serem especialidades peculiares, e por outro por ambos terem sido estágios muito mais “observacionais” do que “profissionalizantes”.
positivo foi o fato de ter frequentado apenas o internamento correspondente às Perturbações Afetivas, não tendo contactado, em internamento, com outras perturbações psiquiátricas.
Relativamente ao estágio opcional, considero que foi importante para minha formação, na medida em que, por um lado, passei a conhecer a emergência extra-hospitalar, percebendo o percurso dos doentes até à chegada a uma urgência hospitalar, e por outro lado, adquiri conhecimentos relativamente a ameaças NRBQ, planos de catástrofe, e abordagem a situações multivítimas, que considero de extrema utilidade na minha carreira militar.
Por fim, realizando uma avaliação global, e tendo em conta quer os objetivos propostos em cada unidade curricular, quer as competências referidas no documento “O licenciado
médico em Portugal”, considero que adquiri a maioria das competências propostas,
nomeadamente: conhecimentos das várias áreas – ciências básicas, ciências clinicas, ética, epidemiologia e saúde pública; atitudes e comportamentos profissionais, sobretudo valores e virtudes essenciais à boa pratica clinica; aptidões clinicas a nível da história clinica, exame físico, diagnóstico, tratamento e referenciação; e finalmente, aptidões interpessoais de comunicação, quer entre profissionais quer entre médico-doente. Relativamente a competências que considero mais frágeis, destaco as aptidões clinicas relacionadas com o exame físico e com a terapêutica, competências às quais considero que deveria ser dada mais relevância durante os vários estágios parcelares. Outro ponto que considero que deveria ser melhorado, prende-se com a desigualdade de métodos de avaliação para a mesma unidade curricular, consoante o local de estágio.
