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As redes sociais como fontes de informação no jornalismo radiofónico: os casos da TSF – Rádio Notícias e da Rádio Universidade FM

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

As Redes Sociais como Fontes de Informação no Jornalismo

Radiofónico

Os casos da TSF – Rádio Notícias e da Rádio Universidade FM

Relatório de Estágio de Mestrado em Ciências da Comunicação: variante jornalismo.

Vânia Leandra Meireles Ribas

Orientador: Professora Doutora Inês Mendes Moreira Aroso

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

As Redes Sociais como Fontes de Informação no Jornalismo

Radiofónico

Os casos da TSF – Rádio Notícias e da Rádio Universidade FM

Relatório de Estágio de Mestrado em Ciências da Comunicação: variante jornalismo.

Vânia Leandra Meireles Ribas

Orientador: Professora Doutora Inês Mendes Moreira Aroso

Composição do Júri:

______________________________________ ______________________________________ ______________________________________

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Este trabalho foi elaborado com vista à obtenção de grau de Mestre em Ciências da Comunicação, vertente Jornalismo, sendo apresentado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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Agradecimentos

À Professora Doutora Inês Aroso pela orientação e disponibilidade.

Aos meus amigos, pelo incentivo e apoio, em especial à Ana Silva e à Verónica Gonçalves.

Um agradecimento especial aos meus pais e ao meu namorado, Nuno Freitas, que me apoiaram incansavelmente. Obrigada, ainda, pela paciência, pelo apoio e pela motivação em todos os momentos.

Obrigado à equipa da TSF – Rádio Notícias e à equipa da Rádio Universidade FM que me proporcionaram bons momentos no estágio e a possibilidade de aprender novas técnicas profissionais.

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Resumo

Atualmente, com a ascensão da internet a sociedade tem um acesso mais rápido à informação que outrora. Este acesso universal à informação desencadeou grandes mudanças nas rotinas do jornalistas. O fator rapidez e o multimédia vieram transformar os métodos de trabalho dos meios de comunicação, facultado, essencialmente, pela emergência das redes sociais.

As redes sociais que vieram mudar por completo a forma de obter informação. Num mundo em que a informação é constantemente partilhada, divulgada e discutida, os meios de comunicação ganharam, assim, novas fontes de informação.

Como tal, este estudo pretende descrever e refletir de que forma os meios de comunicação, nomeadamente a rádio usa as redes sociais como fontes de informação.

O estudo aborda vários temas teóricos, como o percurso do jornalismo radiofónico, a nível nacional e regional e local, tendo em conta o novo cenário social. Pretende-se saber, ainda, como a TSF – Rádio Notícias, a nível nacional, e a Rádio Universidade FM, a nível regional e local, lidam com as redes sociais enquanto fontes de informação.

De um forma geral, este estudo tem como objetivo verificar a nova rotina de trabalho dos jornalistas no meio radiofónico, assim como verificar até que ponto as redes sociais são utilizadas com frequência pelos jornalistas como fontes de informação e se as redes sociais vieram substituir as fontes de informação tradicionais.

PALAVRAS-CHAVE: internet; redes sociais; fontes de informação; rádio; jornalismo radiofónico; ciberjornalismo; jornalismo participativo.

Abstract

Currently, with the rise of the internet the society has faster access to information than before. This universal acess to information triggered major changes in the routines of journalists. The speed factor and the multimedia have transformed the working methods of the media, provided mainly by the emergence of social networks.

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The social networks changed completely the way of obtaining information. In a world where information is constantly shared, disseminated and discussed, the media won new information sources.

As such, this study aims to describe and reflect how the media, particularly radio uses social networks as sources information.

The study talks about the several theoretical issues, such as the route of radio journalism, at national, regional and local level, taking into account the new social scene.

It is intended to also know, how the TSF - Rádio Notícias, a national level, and Rádio

Universidade FM, a regional and local level, are dealing with social networks as sources of

information.

Generally, this study aims to determine the new working routine of journalists radio, and verify how social networks are frequently used by journalists as sources of information and if social networks have replaced the traditional sources information.

KEYWORDS: internet; social networks; sources information; radio; radio jornalism; ciberjournalism; participative journalism.

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Índice Geral

Introdução ...15-16

Capítulo 1 – Enquadramento Teórico: As redes rociais como fontes de informação no

Jornalismo Radiofónico ...17 1.1) A rádio

1.1.1) Contextualização histórica da rádio ...17-20 1.1.2) A rádio em Portugal ...20-26 1.2) A rádio informativa ...27-30

1.2.1) As rádio informativas portuguesas na internet ...30-33 1.3) O Jornalismo Radiofónico ...34-38 1.3.1) A evolução do Jornalismo Radiofónico em Portugal ...38-43 1.4) O Jornalismo Regional e Local ...44-47 1.5) A rádio e o desafio online ...48-51 1.5.1) De ouvinte a Ciberouvinte ...51-53 1.6) O Jornalismo Participativo ...54-56 1.7) Ciberjornalismo ...57-59 1.8) As redes sociais e o jornalismo ...60-63 1.8.1) As redes sociais e as fontes de informação ...63-66 1.8.2) As redes sociais, a rádio informativa e a rádio regional e local em Portugal ...66-68

Capítulo 2 – Descrição e caracterização das empresas ...69

2.1) TSF – Rádio Notícias

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2.1.2) “Tudo o que se passa na TSF” ...75-77 2.1.3) Descrição das Atividades ...77-91 2.1.4) Apreciação Crítica ...92

2.2) Rádio Universidade FM – “Sempre no Ar” ...93-98 2.2.1) Descrição das Atividades ...98

2.2.1.1) Apresentação dos Programas ...98 2.2.1.1.1) “Pass’UTAD” ...98-103 2.2.1.1.2) “Aqui fala-se de...” ...103-108 2.2.3) Apreciação Crítica ...108

Capítulo 3 – Estudos de caso: a rádio TSF – Rádio Notícias e a rádio UFM ...109

3.1) Problema de Investigação ...109 3.2) Metodologia ...110-113 3.3) Apresentação dos Estudos de Caso: a TSF e a UFM ...114

3.3.1) O Caso da rádio TSF – Rádio Notícias ...114-116 3.3.2) O Caso da rádio UFM ...116-118 3.4) O Inquérito ...119

3.4.1) Caracterização da Amostra: Sexo ...119-120 3.4.2) Caracterização da Amostra: Ocupação ...120-121 3.4.3) As redes sociais enquanto fontes de informação ...122-123 3.5) Interpretação dos Resultados ...124-127

Conclusão ...128-129 Bibliografia ...130-133 Anexos ...134-282

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Índice de Gráficos

Gráfico 1- Distribuição da amostra em função do género ...120 Gráfico 2 - Distribuição da amostra em função da ocupação ...121 Gráfico 3 - Pergunta 1: Com que frequência utiliza as redes sociais como fontes de informação? ...122 Gráfico 4 - Pergunta 2: Em que situação utiliza mais as redes sociais como fonte de informação? ...122 Gráfico 5 - Pergunta 3: Considera que as redes sociais vieram substituir as fontes de informação tradicionais? ...123

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Lista de abreviaturas

% - percentagem

A

AAUTAD – Associação Académica da

UTAD

APAV – Associação portuguesa de Apoio

à vítima

ARPA – Advanced Research Projects

Agency

B

BBC – British Broading Corporation

C

CBS – Columbia Broadcasting System CDS – Centro Democrático e Social

D

DRM – Distrito de Recrutamento Militar

E

EUA – Estados Unidos da América

F

FCP - Futebol Clube do Porto FIL – Feira Internacional de Lisboa

I

ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa

M

MFA – Movimento das Forças Armadas

P

PP – Partido Popular

PSD –Partido Social Democrático

R

RDP – Radiodifusão Português RCP – Rádio Clube Português RR – Rádio Renascença

RUM – Rádio Universidade do Marão

S

SCP – Sporting Clube de Portugal SLB – Sport Lisboa e Benfica

SCTP - Sociedade de Transportes

Colectivos do Porto

T

T.S.F. - Telégrafo sem fios ou Telegrafia

sem fios

TSF – Telefonia sem Fios TVI – Televisão Independente

U

UFM – Universidade FM

UTAD – Universidade de Trás-os-Montes

e Alto Douro

W

WEB – World Wide Web

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Desde que a internet surgiu o número de utilizadores não parou de aumentar. Em Portugal em “(...) apenas um ano, registou-se um grande crescimento no acesso à internet através do telemóvel, do televisor e, em especial, do tablet” ( Trindade, 2014:1). Ao oferecer uma multiplicidade de informação através de um acesso rápido e cómodo permitiu que esta nova forma de comunicar nunca mais parasse de crescer. “Segundo a Marktest, Bareme Internet, nos seus dados mais recentes, entre 1997 e 2013, a penetração da Internet em Portugal aumentou dez vezes. Os utilizadores (...) passaram 6,3% em 1997 para 63,3% observados em 2013” (Trindade, 2004:2).

A par da evolução da internet, estiveram também os avanços tecnológicos. Através dos tablets, gadgets, telemóveis e computadores portáteis é fácil aceder à internet em qualquer parte do mundo, bastando para isso estar conectado à internet.

Com a internet surgiu um novo fenómeno social, as redes sociais. Primeiro o Msn

Messenger permitia falar e ver a outra pessoa, depois o Hi5 e agora, o Facebook, o Twitter e o Youtube são as redes sociais mais em voga atualmente.

Na internet são várias as redes sociais que vão de ida em conta aos vários gostos do público. Cada vez mais as pessoas criam um conta numa rede social e partilham tudo o que está ao seu redor. Em muitos casos a informação que partilham é relevante para os órgãos de comunicação social. Assim, a troca de informação nas redes sociais: texto, vídeo ou fotografias, veio disponibilizar um leque vasto de informação. Tornaram-se, assim, em fontes de informação para os meios de comunicação, que não precisam de sair da redação para obter informação. Através do computador o jornalista consegue obter uma informação de “última hora” no Twitter ou fotos da catástrofe do país mais remoto no Facebook.

Deste modo, pretende-se pegar nos casos das rádios TSF – Rádio Notícias e Rádio

Universidade FM e analisar de que forma as redes sociais são utilizadas como fontes de

informação.

Durante o estágio curricular de dois meses na TSF – Rádio Notícias e quatro meses na

Rádio Universidade FM, constatei que as redes sociais foram importantes na elaboração de

notícias e no acompanhamento da informação noticiosa.

Portanto, através destes dois casos de estudo, os objetivos deste estudo passam por verificar as principais mudanças no Jornalismo Radiofónico, nomeadamente com a introdução das redes sociais na produção de conteúdo noticioso; de que forma a internet veio modificar a

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rotina dos jornalistas; as potencialidades das redes sociais; o jornalismo participativo como parte importante no jornalismo regional e local; perceber com que frequência as redes sociais são utilizadas como fontes de informação; verificar a relação das redes sociais com a rádio regional e local, em relação às fontes de informação; e, por fim, constatar se as redes sociais vieram substituir as fontes de informação tradicionais.

De uma forma geral, o desafio deste estudo é compreender de que forma os jornalistas da TSF – Rádio Notícias e Rádio Universidade FM usam as redes sociais como fontes de informação.

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Capítulo 1 – Enquadramento Teórico: As Redes Sociais como Fontes de

Informação no Jornalismo Radiofónico

1.1) A rádio

1.1.1) Contextualização histórica da rádio

“Uma das mais espetaculares descobertas da mente humana” (Minkov, 1983:1). A rádio foi sem dúvida uma das maiores criações do homem. Desde a sua criação até aos dias de hoje, a rádio passou por muitas transformações, mas todas elas contribuíram para o grande meio de comunicação que é hoje. Contudo, o aparecimento da internet veio pôr em causa a manutenção deste meio que, apesar disso, continua firme e a assumir um importante papel na sociedade.

Os primeiros passos para a criação da rádio surgiram na segunda metade do século XIX. Porém, a invenção de dois instrumentos foram essenciais para a sua criação: o telégrafo e o telefone.

Entres os anos de 1832 e 1837, Samuel Morse desenvolveu vários estudos que cominaram na criação de um aparelho, “intercalava impulsos elétricos breves e longos que correspondiam, respetivamente, a pontos e traços de acordo com um código que passou à história com o nome de seu inventor” (Ferraretto, 2001:18), nomeadamente, o código morse.

Passados quarenta anos, surge, então, o telefone. Tendo como base o modelo de Samuel Morse e os princípios do eletromagnetismo, Alexander Bell (1847-1922) cria um sistema de transmissão onde “as vibrações da voz humana são transformadas em fluxo de eletrões e recompostas, na sequência, em forma de som” (Ferraretto, 2001:81).

É com o desenvolvimento destes dois instrumentos que a rádio surge, baseando-se na sua estrutura tecnológica.

Em 1864, em Cambridge, Inglaterra, James Maxwell, físico escocês, demonstrou teoricamente a existência de ondas electromagnéticas. Muitos foram os estudiosos interessados na Teoria de Maxwell, mas apenas Henrich Hertez foi o físico capaz de a comprovar. Em 1887, Hertez criou um aparelho capaz de transmitir energia elétrica entre dois pontos sem fios. Este aparelho produzia, assim, correntes de energia alternadas num período extremamente curto, que variavam rapidamente. Em homenagem à grande descoberta do físico, Hertez foi o nome atribuído à unidade de medida da frequência da onda. Alguns anos

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mais tarde, em 1890, Édouard Branly “constrói o primeiro radiocondutor, um tubo cheio de limalha de ferro montado em circuito, com um galvanómetro e uma pilha” (Jeanneney cit. in Agostinho, 2011:29).

Vinte anos depois da descoberta do telefone, o italiano Guglioelmo Marconi entusiasmado com as descobertas de Hertez percebeu que podia enviar e receber mensagens telegráficas, referindo-se como telégrafo sem fios.

Em 1898, em Londres, Marconi fez-se a sua primeira transmissão pública enviando através das ondas de rádio os resultados da Regata de Kingstown à redação do jornal Daily

Express de Dublin, na República da Irlanda. No ano a seguir, Marconi criava uma rádio em

Essex (Inglaterra) a fim de manter a comunicação entre a França e a Grã-Bretanha. O seu sucesso permitiu-lhe criar ligações com os EUA e em 1909 ganharia o Prémio Nobel da Física devido ao telégrafo sem fios (T.S.F.). Contudo, a sua criação apenas transmitia sinais, a voz na rádio veio depois em 1921.

Pouco tempo depois, Marconi introduzia as transmissões em onda curta. Apesar do grande contributo de Marconi, segundo a história da rádio o físico italiano não terá sido o primeiro a criar a rádio.

Nikola Tesla terá sido o primeiro a criar o modelo teórico da rádio. No entanto, ainda hoje existem dúvidas sobre quem terá sido o primeiro físico a criar este meio de comunicação. Todos estes avanços tecnológicos vieram permitir que, em 1906, Reggie Fessenden “através de uma estação de telégrafos em Massachusetts, transmitiu (pela primeira vez) voz e música” (Winston, 1998:75). Contudo ninguém ouviu a sua transmissão, exceto os operadores de telégrafos nos navios. A Marinha e o Exército Militar Americano foram os primeiros a usufruir desta nova tecnologia. Esta grande mudança veio possibilitar uma comunicação de mar - terra sobre possíveis desastres e possíveis táticas. Houve, assim, uma substituição dos pombos correio pelo telégrafo.

Por todo o mundo foram-se estabelecendo transmissoras de rádio. Com o passar do tempo começaram a surgir alguns problemas técnicos. Surge então Lee De Forest que resolve parte destes problemas. De Forest direcionou o seu estudo para a gravação e reprodução de sons. Como tal criou a válvula tríodo e um detetor eletrolítico para as ondas de rádio. Através destas invenções a transmissão de rádio veio a melhorar imenso. Um dos episódios mais famosos de De Forest foi, em 1908, quando o físico transmitiu sinais radiofónicos do alto da

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Torre Eiffel. As suas constantes transmissões de música vieram comprovar a ideia de que a rádio também tinha fins bélicos.

Mas é com o final da I Guerra Mundial que os militares dão conta dos benefícios da rádio e passam eles a usufruir da transmissão sem fios.

Durante a Grande Guerra são (...) realizados numerosos progressos, estimulados pelas circunstâncias e, especialmente no mar, a TSF (transmissão sem fios) ocupa plenamente o seu devido lugar; os impérios coloniais vêem-se reaproximados das metrópoles (Jeanneney, 2003:122)

Depois da guerra começam então a surgir as rádios de entretenimento financiadas por grandes grupos económicos. A primeira emissora de rádio nos EUA remonta ao ano de 1920. Financiada pela Westinghouse de Pittsburgh, a KDKA1 assumiu-se como a primeira rádio profissional.

Várias foram as emissoras de rádio que foram surgindo, mas em 1922 “um consórcio de seis firmas – incluindo a Marconi – começou a British Broadcasting Corporation” (Barnett

et al, 1983:281). Uns anos mais tarde, a BBC passava a empresa pública proveniente de

licenças compradas pelos próprios ouvintes (Cf. Jeanneney, 2003:122).

Por todo o mundo começam a proliferar emissoras de rádio, sem concorrência direta, a rádio vive, assim, nos anos 30 e 40 “os anos dourados”.

A hegemonia da rádio era tal que “foi considerado a “oitava arte”, nadou em recursos económicos e desenvolveu como nunca as suas potencialidades, como centro das atenções artísticas e intelectuais” (Meditsch, 1999:25).Com a chegada da televisão, a rádio vê os seus “anos dourados” a caírem abruptamente. Se até aqui a rádio recebia todos os apoios financeiros isso acabara. A televisão passa a deter todos os apoios financeiros que anteriormente pertenciam à rádio. Para além disso, as cores, os movimentos passam a captar o público que outrora era da rádio. Toda esta mudança leva a que rádio apostasse num novo público e numa nova forma de se comunicar.

Tudo isto combinou com a invenção do transístor, o que tornou possível ouvir rádio em qualquer parte sem ligar à ficha elétrica. Com uma rádio portátil, com uma emissão radiofónica melhorada pelo Professor Edwin Armestrong, da Universidade de Columbia, e a introdução da rádio no carro, a rádio viria a ter “uma nova e móvel audiência” (Barnett et al, 1983:281).

                                                                                                               

1 A emissora KDKA é hoje conhecida por CBS Pittsburgh e continua no ar. Disponível em http://pittsburgh.cbslocal.com/ (Consultado a 10

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“No final dos anos 90 e a passagem para um novo milénio” (Cordeiro, 2003:5) surge a internet e novamente a rádio teve que se reinventar. A aposta nos ouvintes que andam de carro, mas também a aposta nas novas tecnologias como um forma de se completar, a rádio consegue manter-se no mercado. Mesmo quando anunciavam o seu fim, a rádio conseguiu ao longo dos tempos adaptar-se a todas as alterações da sociedade.

1.1.2) A rádio em Portugal

Em Portugal já eram muitos aqueles que criavam recetores para ouvirem as transmissões da rádio, mas sem sucesso.

A outubro de 1925, Abílio Nunes dos Santos criava a primeira rádio profissional em Portugal, a CT1 AA. Este projeto seria desenvolvido e melhorado por Américo dos Santos, que criaria, assim, a mais popular emissora da altura: Rádio Graça. Esta rádio dirigia as suas emissões a um público desconhecido, porque não se sabia até onde o sinal chegava.

A partir daqui houve uma crescente criação de rádios em Portugal e em 1930 foi publicado o primeiro diploma legal sobre a Telegrafia sem Fios (T.S.F.).

O crescimento das rádios, em Portugal, acompanhou a ditadura salazarista. Todas as rádios do país eram vigiadas e sujeitas à censura do Estado Novo.

O regime político autoritário estabelecido em Portugal tinha um serviço de censura prévia às publicações periódicas, emissões e rádio e de televisão, e de fiscalização de publicações não periódicas nacionais e estrangeiras, velando permanentemente pela pureza doutrinarias das ideias expostas e pela defesa da moral e dos bons costumes (Cordeiro, 2003:2).

A título de exemplo, foi a Maio de 1932 quando o Estado Novo proibiu a emissão de Publicidade no I Congresso Nacional de Radiotelefonia promovida na altura pelo jornal O

Século.

Para o Estado Novo, a rádio seria apenas um instrumento de entretenimento. Entreter a população para que esta não se revoltasse contra o poder político, “procuravam acima de tudo, distrair os ouvintes dos verdadeiros problemas que afectavam a nação”(Cordeiro, 2003:2).

Apesar da apertada “vigilância da censura”, os programas de humor arranjavam outras formas de os seus textos passarem na antena. “Muitos “sketches” faziam piadas disfarçadas ao regime, à semelhança do que se fazia no teatro de revista” (Cordeiro, 2003:2).

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da opinião pública.

Ao longo dos anos que o salazarismo, e depois, o marcelismo, dominaram a comunicação social, a rádio revelou-se um aparelho técnico e discursivo ao serviço dos interesses de poder, e um instrumento para a legitimação da ditadura. Era o Estado que atribuía as frequências, e por isso, o sistema estava altamente controlado (Cordeiro, 2003:2)

Consciente da hegemonia da rádio, em 1933, por decreto-lei assinado pelo Ministro Duarte Pacheco, é criada em Portugal a Emissora Nacional, apesar de a inauguração ter sido em 1935. “Se não falha este pequeno aparelho parece estremecer às menores vibrações da minha voz, eu estarei falando neste momento à maior assembleia que em Portugal se congregou a escutar a palavra de alguém”, citação de António Oliveira Salazar no livro “O que é a T.S.F.” (Silva,1955:7). Com o surgimento desta nova rádio, a CT1 AA acabaria com as suas emissões, numa altura em que detinha grandes audiências nas Colónias de África e na emigração.

Anos antes do início da rádio Emissora Nacional, pelas mãos de Jorge Botelho Moniz surgia a Rádio Clube Português (1931). Tratava-se da “primeira estação moderna” (Santos, 2005:138). O “(...) RCP distinguia- se dos projetos anteriores pela sua programação mais popular, mais afastada da tradicional transmissão de músicas clássicas, bem como pela apresentação de programas inovadores para a época” (Agostinho, 2011:37).

Jorge Botelho Moniz ficaria na história da rádio não só por ter sido um dos fundadores da RCP (Rádio Clube Português), mas por ter protagonizado o primeiro relato radiofónico de futebol realizado em 1933, em Lisboa, entre as seleções de Portugal e da Hungria.

E, se por um lado, o poder político estava ciente do poder da rádio, assim o poder religioso também o estava. Como tal, em 1937 a Igreja Católica criou a sua própria emissora, a Rádio Renascença (RR). A sua criação foi feita através da angariação de fundos de fiéis.

Por todo o país foram surgindo cada vez mais rádios com emissões que excecionalmente superavam as 3 horas com programação musical.

Devido à elevada taxa de alfabetização da população portuguesa era necessário explicar afinal o que era a T.S.F. e como se fazia rádio. Foi exemplo o livro “O que é a T.S.F.?” de Manuel da Silva (1955), que fez parte do Plano de Educação Popular. Através de uma história com personagens caricatas e figuras, o livro explicava como se fazia rádio.

“- Ora pois, não é verdade que o seu aparelho toca? Por que toca ele? Como demónio é isso arranjado? Palavra de honra que dava volta ao mundo para saber. Pois não é uma admiração ouvir-se aqui falar em espanhol e outras falas que nem sei?” (Silva, 1955:19).

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Os anos 50 em Portugal são marcados pelo surgimento da televisão. O aparecimento da tela em movimento desencadeou enorme entusiasmo e fascínio que outrora pertencia à rádio. Face a esta mudança, as rádios portugueses tiveram que ser criativas, arranjar novos mecanismos, novas ideias.

Foi o nascimento de uma nova fase na rádio portuguesa, mais moderna, em oposição à anterior. Testaram-se novas configurações, que se opunham no campo do discurso e da expressão, e desenvolveram-se novas ideias especialmente no campo da música e da ficção (Cordeiro, 2003:3).

Assistiu-se na década de 60 ao nascimento de vários programas interessantes feitos no limite da censura. A título de exemplo Matos Maia, responsável pela realização do programa de ficção científica “A Invasão dos Marcianos” emitido na RR teve de prestar declarações na PIDE (Cristo, 2005:19).

“Ao longo desta década, a rádio começou lentamente a assumir um papel de divulgação da cultura” (Cordeiro, 2003:3). A informação começou a ganhar grande relevo nas emissões da rádio.

Aproveitando as horas da noite, “horas mortas”, a rádio começou a transmitir programas informativos, “num novo formato de rádio que testemunhava e acompanhava a vida nacional. Emergiu um sistema de comunicação que se emancipou do panorama instituído e passou a reagir, observando e criticando” (Cordeiro, 2003:3).

Uma forma de a rádio transmitir a sua informação escapando à censura foi através das notícias em direto.

Passados quarenta anos sob o regime de Salazar e com um novo período, embora com várias restrições à liberdade, a “Primavera Marcelista”, período que foi caraterizado pela ascensão dos espaços de informação radiofónicos.

“Foi neste período que se produziram programas e reportagens que marcaram a história da informação no nosso país. Eram espaços que não tinham propaganda ao regime, programas que mostravam um certo inconformismo em relação à situação” (Cordeiro, 2003:3), sendo que a partir daqui o Jornalismo Radiofónico começava a ganhar forma.

Mas o enorme contributo da rádio para a História de Portugal seria em abril de 1974, não só a rádio foi importante para um novo período em Portugal, como ela própria sofreu uma enorme transformação com essa mudança.

Na noite de 24 de abril de 1974, um grupo de militares liderado por Otelo Saraiva de Carvalho, instalou-se secretamente no posto de comando no quartel da Pontinha, em Lisboa.

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Pelas 22h55m é transmitida a canção “E Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho. “Quando faltavam cinco minutos para as onze da noite de 24 de abril, a Estação dos Emissores

Associados de Lisboa transmite o primeiro sinal combinado, que assinala a preparação da

saída dos quartéis” (Carvalho cit. in Agostinho, 2011:37). O primeiro sinal do golpe de estado tinha sido dado.

O segundo sinal surge à 0h20m, quando é transmitido a canção “Grândola, Vila

Morena” de Zeca Afonso no programa “Limite”, da Rádio Renascença. Estava assim dado “o

sinal confirmativo do desencadeamento das operações contra o Regime, iniciadas cerca de uma hora e meia antes na Região Militar de Lisboa” (Carvalho cit. in Agostinho, 2011:38).

Não deixa de ser irónico que a rádio tenha sido o órgão mais usado pelo Estado Novo e tenha sido a rádio a principal arma a derrubar o regime.

Durante a madrugada de 74, os militares do Movimento das Forças Armadas (MFA) ocuparam vários pontos estratégicos: a RTP (Rádio Televisão Portuguesa), a estação

Emissora Nacional e o RCP (Rádio Clube Português). Tendo sido no RCP que Joaquim

Furtado pelas 04h26m do dia 25 de abril transmitiu o primeiro comunicado do MFA, “no qual se pede à população que se mantenha calma e se apela aos médicos que ocorram aos hospitais” (Carvalho cit. in Agostinho, 2011:38).

Depois da revolução veio um período conturbado na instauração da democracia em Portugal. Este período foi também complicado para a rádio assim como para os outros meios de comunicação. “Num país com 37% de analfabetismo, elevada população rural e ainda pouca penetração da TV, a rádio foi um dos principais instrumentos de luta ideológica (...)” (Meditsch, 1999:117).

Visto que, até se instalar de facto a democracia, vários eram os partidos políticos que queriam chegar ao poder e para isso a rádio tornou-se uma forma de estes se fazerem ouvir.

Contudo, apesar da instabilidade política a RDP (Radiodifusão Português) consegue obter uma certa hegemonia. Esse poder advém da fusão de várias rádios (a 2 de dezembro de 1975). Como consequência desse poder, durante algum tempo em Portugal as rádios não se desenvolveram. No entanto, em 1984 começou-se assistir a um proliferar das “rádios piratas”.

Estas rádios também chamadas de “livres”, reflectiam a falta de legislação sobre a radiodifusão e à inexistência Jurídica que impedia que grupos económicos privados pudessem abrir as suas próprias estações. Estas rádios que mais tarde serviriam de jurisprudência, criaram uma situação ilegal que mais tarde o estado teve de resolver ( blog “A minha Rádio”, publicado a 05-05-2006)

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Estas “rádios piratas” vieram mudar a maneira de fazer rádio, introduzindo novos formatos e conteúdos. Rádios que apenas se preocupavam com as zonas envolventes, do tipo, rádios regionais. “No campo da informação, concretizaram habilmente uma tendência de caráter local, dando notícias aos ouvintes da zona onde os retransmissores escondidos emitiam ilegalmente” (Cordeiro, 2003:4).

Com tudo isto, a rádio viria a ganhar um novo conceito, passando novamente por um período de transformação.

No ambiente de “rádio pirata” surge outra rádio que veio marcar o panorama radiofónico nos últimos 25 anos, a TSF – Rádio Notícias.

Mas como tantas “rádios pirata”, o governo teve de intervir acabando por obrigar a legalização dessas mesmas rádios (1989). Esta lei veio acabar com muitas “rádios piratas”, sobrevivendo apenas as mais fortes.

A Reorganização do espectro radiofónico e a respectiva legalização de algumas das centenas de rádios piratas que existiam ditou a adaptação a um modelo concorrencial que implicava a sobrevivência económica de cada estação emissora. Por esta altura, as rádios apresentavam uma programação generalista, organizada de acordo com o que se supunha ser o público da estação (Cordeiro, 2003:4).

Mas no final dos anos 90 começa a surgir uma “nova ameaça” para a rádio, a internet. Este novo meio de comunicar, mais rápido e para um público maior, veio criar uma certa instabilidade, não só à rádio como aos outros meios de comunicação.

Face a este novo período a rádio teve que novamente alterar a sua forma de se comunicar.

Face à evolução quer do meio, quer da sociedade e do sistema económico-comercial em que a rádio se integra, o formato de programação da rádio dos anos 80 cedeu lugar a outros, mais específicos, que procuram ir ao encontro de públicos cada vez mais definidos (Cordeiro, 2003:5).

Preocupada com o público-alvo, não só alterou a grelha de programas como também profissionalizou os seus locutores. Não só eram importantes os programas, mas ainda mais o conteúdo que era transmitido aos seus ouvintes. As rádios passaram a transmitir matérias interessantes para um público desejoso de ouvir esse mesmo conteúdo.

“Hoje, as empresas de rádio fazem parte de grupos económicos mais amplos que dominam o panorama da comunicação social” (Cordeiro, 2003:5). Segundo Paula Cordeiro, hoje a Rádio preocupa-se mais em obter lucros financeiros do que em criar informação, sendo que a informação que é dada é escolhida para uma audiência, que por sua vez produz lucros.

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Este fenómeno obriga a uma mudança de mentalidades, deixando de pensar a rádio como um fim em si mesmo – um objecto artístico e cultural -, passando a encarar a actividade radiofónica como um negócio que oferece um produto que se quer rentável (Cordeiro, 2003:6).

Para a autora, atualmente a rádio obedece a um esquema financeiro, em que a grelha de programação das rádios portuguesas segue a mesma linha. Se de manhã as rádios oferecem informação e depois o “drive time, se entendermos que este período de maiores níveis de audiência corresponde ao espaço de tempo que as pessoas passam dentro dos veículos – as rádios de carácter musical brindam-nos com infindáveis sequências musicais” (Cordeiro, 2003:7). De madrugada programas de “ “fundo musical”, ou em casos específicos, programas de companhia, que procuram diminuir a solidão de alguns ouvintes” (Cordeiro, 2003:7).

Em Portugal, as rádios vão sobrevivendo por estarem aliadas a grandes grupos económicos e por escolherem programas que vão mais de encontra ao seu público-alvo. E como tal os grandes grupos são os controladores de grande parte dos meios de comunicação social.

Tendo em conta a visão de Paula Cordeiro, a rádio vive atualmente uma adaptação constante ao novo mundo digital. Se por um lado o ouvinte escutava as emissões da rádio, agora o ouvinte ouve a rádio e através da internet procura saber mais sobre o que a rádio anunciou.

“Nesta conjuntura, a ameaça não é a Internet em si, mas a Net enquanto novo suporte para a rádio, que assim pode perder ouvintes no seu suporte tradicional, para ganhar novos ouvintes on-line” (Cordeiro, 2003:9).

Surge assim uma nova forma de ouvir rádio, a rádio online. Se antes não era possível ouvir a rádio de um país estrangeiro, hoje isso é possível através da internet.

“À emissão em tempo real, a rádio pode juntar novos serviços, pois a Internet permite verdadeira interactividade entre o som, a palavra escrita e a imagem, numa complementaridade típica dos meios de comunicação social” (Cordeiro, 2003:9).

Hoje qualquer rádio tem uma página na internet e numa rede social. Estas páginas servem de vínculo entre o ouvinte e a rádio. Se antes o ouvinte apenas ouvia o locutor, hoje pode interagir com o locutor e inclusive com a rádio. Para além disso, completa a informação que é dada na rádio, através de mais informação, vídeos, fotos e músicas.

De facto, desde que a rádio surgiu, não parou de se adaptar à sociedade. Uma sociedade que foi mudando os seus gostos musicais e culturais. Além disso, teve de competir

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com o nascimento de mais dois meios de comunicação. E quando se pensava que a rádio não ia conseguir sobreviver, esta conseguiu, sempre, adaptar-se a todas as situações. Nomeadamente, a rádio de cariz informativa. Com a extensão da internet, foi possível às rádios informativas completarem a informação que era dada em antena e diversificar essa mesma informação. Mas antes de falar da rádio e o desafio online, é necessário entender qual é o papel de uma rádio informativa.

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1.2) A rádio informativa

Desde que a rádio deu início às suas emissões que a informação sempre foi algo desejado na antena da programação. A partir daqui a rádio estabeleceu uma relação de proximidade com a imprensa, em que o objetivo era a troca de informação.

Nos EUA, a primeira rádio profissional, KDAK de Pittsburg, transmitiu na sua primeira emissão conteúdo informativo, resultante de uma colaboração com o jornal Pittsburg

Post. Durante a sua primeira emissão a rádio KDAK emitiu durante oito horas as eleições

presidenciais norte-americanas (1920).

O poder da rádio começava a ser notório. Tão notório que, “os proprietários de jornais, rápidos na avaliação das potencialidades da rádio, bem como as hipotéticas ameaças para o seu negócio, tornaram-se, através da aquisição de diversas emissoras radiofónicas, num importante grupo para este sector” (Winston, 1998:85).

Se no início a rádio apenas servia de complemento e um meio de divulgação da imprensa escrita, rápido isso acabou, culminando por serem dois meios de comunicação poderosos e concorrentes.

A pressão da ascensão da rádio sobre a imprensa levou a inúmeros conflitos, não só nos EUA, como na Grã-Bretanha e em França.

Em 1937, a Federação Nacional dos Jornais da França assinou com as emissoras um acordo pelo qual elas só poderiam realizar duas reportagens por semana, ainda assim gravadas antecipadamente e para veicular três horas depois da saída dos jornais que tratassem do assunto (Meditsch, 1999:25).

Isto aconteceu porque a organização dos Jogos Olímpicos tinham receio que, com a cobertura em direto dos jogos, as pessoas não fossem ver o evento. Para tal restringiu a informação às rádios.

Existia uma profunda preocupação dos jornais impressos devido à popularidade da rádio, colocando em causa a extinção do jornal.

Contudo, a “informação ganha espaço e importância a meio da Segunda Guerra Mundial, e a rádio destaca-se pela agilidade, rapidez e potencial para atingir massas” (Betti, s.d:6). E apesar da afirmação da rádio na sociedade, o jornal impresso continuava em vigor e mantinha, segundo Andrew Crisell (1994), algumas vantagens em relação à rádio.

Primeiro, porque o jornal impresso conseguia ter imensas notícias, o que não acontecia na rádio. Esta tinha que quantificar e resumir a informação e independentemente de

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a rádio emitir programas de cariz informativo, estes não podiam “ajudar o ouvinte a acompanhar em detalhe e/ou a ter visão geral daquilo a que um leitor de jornais tem normalmente acesso” (Crisell, 1994:84).

Outra desvantagem seria a ordem e seleção das notícias. Para Crisell (1994), o ouvinte quando ouve um noticiário tem de o ouvir até ao fim sem que possa ignorar uma notícia e passar para a próxima. Já no jornal, o leitor pode esfolhear o jornal e se a notícia não lhe interessa passa para a outra sem ter a necessidade de ler o jornal todo. À rádio cabe-lhe a decisão de ordenar as notícias, dando destaque às mais importantes no início e às menos importantes no final. A importância da ordem das notícias é feita através da subjetividade do editor e da sua equipa, que segue a importância dos seus ouvintes. “Por norma, a audiência assume que os conteúdos de maior duração são também os mais importantes, mas nem sempre essa assumpção é a mais correcta” (Agostinho, 2011:54).

Por outro lado, através de programas informativos específicos, como por exemplo programas sobre desporto ou política, espaços estes “que seguem uma periodicidade diária e um horário igualmente pré-estabelecido” (Agostinho, 2011:56), permitiram que a rádio contornasse essas desvantagens. Assim, o ouvinte pode ouvir a determinada hora o programa que quer sobre o tema que prefere.

A linguagem na rádio informativa é muito importante, e se no jornal o “leitor pode definir o seu próprio ritmo e pode reler aquilo que perdeu ou não entendeu” (Crisell, 1994:86), já na rádio o ouvinte não pode. As emissões são efémeras e como tal uma vez emitida a notícia não há forma de a ouvir de novo.

Não é possível escrever uma notícia sem pensar que o ouvinte pode começar a ouvir a meio, perdendo, portanto, o início; que facilmente se distrai do que está a ouvir porque lhe buzinaram num semáforo (e se calhar já não pode escutar o noticiário seguinte, se é que a notícia vai repetir); ou que, mesmo estando em casa, concentrado a ouvir o relato de futebol, o telefone pode tocar no momento do golo (Meneses, 2003:26)

É por isso que a rádio usa uma linguagem discursiva, “obriga a uma extrema simplificação sintática e semântica, com frases curtas em ordem direta, contendo preferencialmente uma única ideia (...)” (Meditsch, 1999:177). Se este requisito não for cumprido, a informação corre o risco de não ser transmitida com eficácia. “Mas nenhum jornalista de rádio, por mais experiente que seja, pode esquecer que as condições da escuta da mensagem condicionam-na fortemente” (Meneses, 2003:26). Portanto, a audição é muito importante no momento em que o jornalista transmite a informação, até porque geralmente o

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ouvinte escuta a rádio enquanto executa uma tarefa.

Apesar das limitações e das “guerrilhas” com o jornal impresso, a rádio “nos últimos vinte anos, (...) enquanto médium da informação, conseguiu rivalizar com a imprensa” (Crisell, 1994:87), oferecendo aos seus ouvintes informação com qualidade e “direcionada aos seus interesses” (Agostinho, 2011:55).

Surge, então, um novo jornalismo de informação na rádio, “A rádio informativa não é apenas um (...) canal para a mensagem do jornalismo, é também um jornalismo novo, qualitativamente diferente (...)” (Meditsch, 1999:20).

Para Eduardo Meditsch, na sua obra “A rádio na era da Informação” (1999), a rádio informativa não pode ser comparada ao Jornalismo Radiofónico. Se no início houve uma transição das práticas jornalísticas do meio impresso para o meio radiofónico, o facto é que a rádio, posteriormente, foi-se adequando às várias transformações do meio. Como tal, a rádio informativa “reinventou as práticas jornalísticas ao repor eventos que, de outra forma, não seriam considerados notícia pelos outros meios de comunicação” (Agostinho, 2011:55). Além disso, “este medium é enormemente flexível e não raras vezes o melhor para acompanhar situações em directo” (McLeish, 2003:3). O direto é uma das armas mais poderosas da rádio, a TSF “(...) foi a primeira rádio a perceber que este é o meio privilegiado para dar notícias, para transmitir informações no momento em que elas surgem (...) – “a rádio em directo” ” (Meneses, 2003:27).

Em Portugal, a TSF – Rádio Notícias é o modelo de uma rádio informativa, uma vez que apresenta serviços de carácter noticioso regular – Artigo 35º “Serviços noticiosos”,2 Lei da Rádio, Cap. III.

E se a “rádio não tem fronteira” (McLeish, 2003:3), consegue chegar a qualquer ponto, independentemente da montanha mais alta ou do mau tempo, a rádio chega a todos. Assim, podemos afirmar que este médium “acelerou a difusão de informação, para que todos (...) tenham acesso aos mesmos eventos noticiosos, partilhem os mesmos ideais políticos, as mesmas afirmações ou noções de ameaça” (McLeish, 2003:3).

A introdução de debates públicos na rádio veio permitir que as pessoas tivessem uma participação mais ativa na sociedade, isto é, ao fomentar o debate a rádio “aprofunda e contrapõe ideias e opiniões com facilidade e orienta as massas como um cão cego” (Meditsch, 1999:21).

                                                                                                               

2 “Serviços noticiosos” Artigo 35º – Os operadores de rádio que forneçam serviços de programas generalistas ou temáticos informativos

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Porém, o surgimento de rádios generalistas provocou uma fragmentação das audiências, passando a existir rádios generalistas e rádios especializadas. Como tal, “a função informativa perdeu gradualmente importância em muitas dessas especializações, enquanto em outras era intensificada e tornava-se dominante” (Meditsch, 1999:21).

A perda da informação foi gradual em muitas rádios devido aos custos elevados na produção de notícias e à fraca audiência. Como tal, passou a existir uma preocupação das rádios informativas em emitir informações que fossem ao encontro do interesse do ouvinte. “A rádio fornece informação ao público e, em contrapartida, vende audiência, conquistada por essa informação, aos anunciantes” (Meditsch, 1999:71).

A rádio ao assumir-se meramente como uma rádio informativa vê o seu leque de ouvintes a diminuir, “a inevitável minoria que a ouve é, contudo, a que tem o principal poder de compra e a mais desejada pelos anunciantes” (Meneses, 2003:27).

Portanto, quando uma emissora de rádio se assume como uma rádio informativa, “a emissora informa mesmo nos momentos em que não está informando objectivamente nada” (Meditsch, 1999:188).

1.2.1) As rádios informativas portuguesas na internet

Em meados da década de 90, em Portugal as rádios começaram a surgir na internet, acompanhando ao mesmo tempo a transição dos outros órgãos de comunicação social.

A primeira rádio a estar na internet foi a Antena 3, alojada no site da RDP. Desde 2006 que as rádios têm apostado em melhorar a estadia neste meio, nomeadamente a Antena

1, a Rádio Renascença e a TSF a nível das rádios informativas.

No final de 2006, a Rádio Renascença mudou a sua estrutura e

“passou a dedicar mais tempo da sua emissão hertziana aos sucessos musicais das décadas de 60 a 90 e em simultâneo procedeu a algumas transformações na sua programação informativa diminuindo, por exemplo, ainda que ligeiramente, os tempos dos noticiários” (Bonixe, 2009:10)

Para fazer face a esta lacuna, a Rádio Renascença apostou na web, tendo mais conteúdos informativos no site do que na emissão em direto. A RR foi a primeira rádio, portanto, a disponibilizar conteúdos informativos com recurso a vídeos, gravados pela própria

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emissora e infografia animada. A criação da “Página 1” em formato pdf, permitiu informar os ouvintes sobre o que se passava no país. Através de uma subscrição no e-mail os ouvintes começaram por receber a “Página 1” de manhã e à noite, mas em 2008 passaram a receber apenas uma vez por dia.

Face à evolução da RR, a TSF, no mesmo ano, reformulou o site, “com o objectivo de transferir para a sua presença online a marca e imagem da estação” (Bonixe, 2009:11).

As reformulações no site passaram pela parte gráfica, pela introdução de vídeos de futebol e pelas tags3.

Através de uma parceria estratégica, a TSF estabeleceu um acordo com a Sport Tv, que passava por incluir vídeos da I Liga de Futebol no site. Além disso, a rádio informativa passou a incluir slideshow de fotografias e gráficos da bolsa. Em 2009, a TSF criava a sua conta no Twitter e os seus ouvintes passavam a receber instantemente a informação dada pela emissora.

Contudo, mesmo antes da reformulação do site, em 2008, a TSF ficou na história por dois momentos. Em 2005, a TSF “levou a cabo uma emissão para surdos que consistiu no acompanhamento com linguagem gestual da programação que passava na rádio, através de um site próprio criado para o efeito” (Bonixe, 2009:11). Já em 2006, a TSF foi a primeira rádio a disponibilizar em podcasting4 os seus programas e noticiários.

De volta ao ano de 2008, a TSF levou a cabo, outra grande iniciativa – “Fim da rua”. Esta iniciativa teve como objetivo acompanhar o repórter enquanto este viajava pelo país contando várias “estórias” e publicando-as num blog5. Assim que se justificasse, a emissora emitia reportagens sobre esta iniciativa.

Com a evolução da Rádio Renascença e da TSF, a Antena 1, rádio de serviço público português, também realizou alterações na sua estrutura radiofónica. No entanto, uma vez que a rádio está alojada no site da RDP é possível ao ouvinte estar ligado à informação audiovisual da RTP 1 e RTP 2.

No entanto, em 2007, a Antena 1 experimentou relatar um jogo de futebol exclusivamente online. Ou seja, para acompanhar o relato, o ouvinte tinha de aceder ao site. Contudo, sem razão aparente, esta experiência nunca mais foi repetida.

                                                                                                               

3 tag - palavra-chave (relevante) ou termo associado com uma informação (designação do wikipédia).  

4  “O podcasting é a técnica de distribuição de conteúdos áudio através da Internet. A sua grande vantagem é que cada um dos ouvintes da

TSF pode escolher os seus programas, construindo uma espécie de programação pessoal, sem estar dependente dos horários da rádio e da própria ligação à Internet: a partir do momento em que o programa é recebido no computador pessoal, pode ser ouvido onde e quando quiser” (designação do site da TSF – Rádio Notícias).  

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Dois anos mais tarde, o site da RDP teve algumas modificações a nível da informação audiovisual. Com estas transformações, a Antena 1 usou-as como ferramentas jornalísticas permitindo que os utilizadores pudessem criar o seu próprio noticiário.

“Ou seja, os utilizadores podem, partindo de um menu de notícias que são apresentadas no site de acordo com secções temáticas, seleccionar os itens noticiosos que mais lhes interessam e assim criarem uma espécie de playlist que poderão escutar de seguida” (Bonixe, 2009:12). A internet surge para a rádio informativa como um meio cheio de potencialidades a explorar.

Portanto, tendo em conta Luís Bonixe, a rádio informativa cumpre três funções relativamente aos conteúdos informativos que disponibilizam na internet, são eles: a “complementaridade”; a “extensão”; e a “alternativa” (Bonixe, 2010:5). “Complementaridade”, no sentido em que apesar de informar no meio tradicional, a rádio aproveita a plataforma online para colocar a informação que deu, mas mais completa, com a inclusão de mais informação, mais sons, vídeos, fotos e hiperligações. O ouvinte passa a usufruir de mais meios que ajudam a clarificar a informação que deixou de ser apenas sonora. Para além disso, a rádio informativa disponibiliza na web conteúdos informativos que não pode dar em antena, aproveitando assim este meio para explorar mais a divulgação de informação (Cf. Bonixe, 2010:5).

Posteriormente, a rádio informativa cumpre a função de “extensão”, isto é quando a rádio não pode profundar determinado tema e aproveita o site para incidir sobre determinado assunto. Por outro lado, quando em antena não passa na íntegra uma reportagem ou entrevista, através da plataforma online a rádio permite que o ouvinte possa ouvir por completo essa mesma reportagem ou entrevista (Cf. Bonixe, 2010:5).

Por último, a rádio informativa na internet tem a função de “alternativa”. Na maioria das vezes a rádio informativa não consegue passar na emissão tradicional todos os conteúdos noticiosos. Como tal o site online surge como uma mais-valia, alojando variadíssimos temas, desde música, à cultura ao cinema. Isto permite que a rádio consiga alcançar um público-alvo maior, cativando novos ouvintes (Cf. Bonixe, 2010:6).

Existe um trabalho árduo deste meio tradicional no melhoramento e aperfeiçoamento da plataforma online. Com tanta informação disponível, as rádios informativas apostam em métodos fáceis de pesquisa no site. Por exemplo, as plataformas online da TSF e da RR “oferecem ao utilizador motores de busca que permitem efectuar pesquisas em torno de

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notícias, programas e dossiers temáticos em arquivo” (Amaral et al, 2006:7).

Em relação aos temas noticiosos online, a TSF e a RR não se distinguem muito. A TSF dá preferência online à Segurança, seguido do Desporto e da Política. Já na emissão tradicional o tema que surge em primeiro é a Política.

Em relação à RR, os temas predominantemente online são a Segurança e em seguida a Política. O Desporto também tem destaque online, tendo porventura mais destaque dessa forma que na emissão tradicional (Amaral et al, 2006:12).

Em relação às visitas dos ouvintes-utilizadores aos sites online das rádios destaca-se a

RR. Segundo a Marktest, no primeiro semestre de 2013,

“(..) a Rádio Renascença online recebeu durante os primeiros 6 meses de 2013, 1 481 mil visitantes diferentes. Em segundo ficou a TSF online, com 914 mil utilizadores únicos e em terceiro a Rádio Comercial, com 628 mil utilizadores únicos” (Marktest, 23 de Julho de 20136).

Portanto, o hábito de ouvir rádio não se perdeu, apenas mudou a forma de a ouvir. “Os serviços de rádio na Web 2.0 utilizam a Internet para potenciar a acção colectiva e incentivar a produção de conteúdo sob a lógica da parceria, permitindo uma melhor experiência online para e pelo utilizador” (Vieira, Cardoso et al s.d:26).

O desenvolvimento das tecnologias veio melhorar essa “experiência online para e pelo utilizar”, isto é, o telemóvel. Segundo o estudo da Marktest7 (2013), os portugueses têm

acedido mais vezes à internet através de dispositivos móveis do que em 2012. Apesar do acesso pelo computador se manter em primeiro, estes dados revelam uma mudança enorme nos hábitos da população portuguesa.

Atualmente, com os novos telemóveis através das novas aplicações, o ouvinte pode “apreciar” a rádio. Neste campo, a TSF foi a primeira a disponibilizar uma aplicação para os

smartphones e tablets.

Face a todas estas mudanças a rádio conseguiu sempre adaptar-se, contudo estas alterações da rádio para a internet não fizeram com que o espírito tradicional da rádio acabasse, esta teve apenas que se reinventar - “a nova rádio”.

                                                                                                               

6 Marktest (2013): RR lidera sites de rádio. Disponível em http://www.marktest.com/wap/a/n/id~1bcd.aspx (Consultado a 30 de novembro de

2013)

7 Marktest (2013): Internet cada vez mais móvel. Disponível em http://www.marktest.com/wap/a/n/id~1c28.aspx (Consultado a 30 de

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1.3) O Jornalismo Radiofónico

Eduardo Meditsch, considera que a rádio informativa não pode ser comparada ao Jornalismo Radiofónico, como foi referido no subcapítulo anterior. Contudo, o aparecimento deste novo estilo de dar informação contribuiu imenso para o desenvolvimento do Jornalismo Radiofónico.

O jornalismo radiofónico em Portugal deu um salto...com o aparecimento da TSF. O reconhecimento pela sociedade de que afinal as rádios não davam só as noticias que vinham nos jornais acabou por fazer uma mudança bastante rápida e hoje em dia creio

que a rádio cumpre a sua verdadeira missão: passou a dar notícias com actualidade que é

a grande mais valia da rádio (...) (RS, RR cit. in Amaral et al: 2006:26)

Sendo a rádio o meio que mais influencia a mensagem e que transforma os conteúdos, é necessário obedecer a determinadas práticas jornalísticas para que a mensagem seja transmitida com eficácia.

Isto é, o jornalista no momento em que transmite a mensagem deve ler o texto de forma natural ou coloquial. “A oralidade pura é impossível na informação radiofónica, (...) pelo que não resta alternativa que não seja ler. Mas sem que o ouvinte perceba. É por isso que é preciso “enganar o ouvinte”! Ou disfarçar a leitura, verbalizando o texto” (Meneses, 2003:103). Portanto, o jornalista deve encontrar meios que não revelem que está a ler diretamente do papel.

“A leitura começa na escrita” (Meneses, 2003:105), por isso é importante que o “esforço (do jornalista) deve ir, todo, para a construção de um texto oralizado e uma leitura...

falada” (Meneses, 2003:34).

Roland Barthes, na sua obra “O Grão da Voz” (1982), afirma que “a frase não é a mesma na voz e na escrita”. Tendo em conta Roland Barthes e João Paulo Meneses, o jornalista no momento em que constrói o texto para depois emitir na rádio, tem de ter em atenção o ouvido do espetador. E como tal, deve construir o texto tendo em conta o meio que é, a rádio, um meio sonoro.

Se antigamente os jornalistas liam tal o qual as notícias dos jornais impressos, hoje com a evolução do jornalismo radiofónico isso não acontece. E por isso, o jornalista deve compor um texto com uma linguagem simples, clara, rigorosa e concisa. Assim, “o melhor jornalista de rádio seria aquele que a um bom domínio da técnica da notícia juntasse a capacidade de escrever da mesma forma que fala” (Meneses, 2003:31).

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Mas mesmo a utilizar uma linguagem e um discurso simples e conciso, é necessário que o jornalista consiga captar a atenção do ouvinte, através de uma linguagem criativa e apelativa.

Em muitos casos o ouvinte está a escutar a emissão e a fazer outra coisa, como já foi mencionado anteriormente, e como tal tem tendência a distrair-se. É por isso que a informação deve ser apelativa, “a primeira frase deve interessar, a segunda deve informar” (McLeish, 2003:69).

Na maioria das vezes os ouvintes deixam de prestar atenção devido ao excesso de informação que é dada pelo jornalista, por isso pressupõe-se que este seja conciso, mas ao mesmo tempo que seja capaz de captar o ouvinte, para que este não mude para uma estação que passe música. Para além de agarrar o ouvinte, a escrita criativa tem a “capacidade de evocar a imagem virtual, de “presentificar” a realidade ausente” (Meneses, 2003:46).

Como tal, Meditsch aconselha que “a substituição de ideias abstractas por imagens concretas; o uso da voz activa; a preferência pelo presente como tempo verbal; a intercalação de vozes e ainda o tom pessoal, capaz de provocar empatia” (Meditsch, 1999:177).

Em relação à forma como o jornalista deve comunicar, passa por ter cuidado com a entoação, dição e com o ritmo de leitura.

O ouvinte escuta a notícia e por isso todas as palavras ditas pelo jornalista têm de ser bem ditas. Uma má interpretação de uma palavra pode significar uma má interpretação da mensagem. Logo, o jornalista tem que “falar melhor do que a generalidade dos ouvintes” (Meneses, 2003:109), simplesmente porque o jornalista deve falar correto.

“A entoação é a leitura correcta da pausas gráficas (...)” (Meneses, 2003:111). É importante que o jornalista no momento em que transmite a mensagem respeite as vírgulas e os pontos finais, inclusive os pontos de interrogação, só assim o ouvinte é capaz de codificar a mensagem.

Quando falamos em ritmo, podemos comparar com a atitude.

Ambas contribuem para cativar e prender atenção do ouvinte, ambas implicam, por parte de quem fala na rádio, uma preocupação suplementar, um esforço para anular características individuais menos convenientes (os que por regra falam muito pausadamente têm de compensar com uma aceleração do ritmo; os que falam muito depressa têm de se controlar) (Meneses, 2003:115).

Já “o estilo de apresentação das notícias varia consoante o público-alvo e o estilo da generalidade dos programas” (Fleming, 2002:115).

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Numa rádio informativa que passe música, como a Rádio Renascença, torna-se essencial que os seus blocos de informação sejam de curta duração. Uma vez que o público-alvo da Rádio Renascença também prefere a música é importante que exista um equilíbrio entre as duas coisas.

“A música, na informação radiofónica, pode ser recurso para sonorização (ou seja, como reforço na audição da mensagem) ou como complemento de antena” (Meneses, 2003:99). Neste caso, verifica-se que a música para a Rádio Renascença surge como um complemento, ao contrário da TSF – Rádio Notícias em que a música ocupa um “lugar secundário, nomeadamente quando entendida apenas como... “complemento de antena” (Fleming, 2002:115).

De facto o tratamento da informação na rádio é um pouco complexo. Para além de tudo o que foi mencionado o próprio jornalista deve ter “cultura geral”. O jornalista deve estar ciente de que é a sua voz que “informa não apenas o conteúdo das notícias, mas funciona igualmente como signo indexical que informa o programa e a emissora em que o ouvinte está sintonizado” (Meditsch, 1999:180). Se o jornalista estiver a par de tudo o que se passa no mundo, consegue transmitir a sua mensagem. É por isso que, segundo o jornalista João Paulo Meneses, “o jornalista resulta de uma combinação, onde a técnica ocupa um lugar muito importante, mas não exclusivo: há questões fundamentais como a capacidade de ser activo sobre a realidade, irreverente, curioso sobre o mundo, de ter um certo “killer instinct” ” (Meneses, 2003:29).

Durante as emissões várias são as vozes que transmitem as notícias. Isto acontece e é necessário para que o ouvinte possa perceber que houve uma mudança de assunto e de programa. Ao mesmo tempo que memoriza a voz do jornalista o ouvinte reconhece logo que tipo de conteúdo está a ser transmitido.

Estabelece-se assim um “jogo de vozes” com diversas posições hierárquicas dentro da própria rádio e que variam consoante a qualidade sonora e a experiência do interlocutor – na base o entrevistado sem qualquer experiência e no topo o animador cuja voz e qualidade sonora o colocam no topo da hierarquia (Agostinho, 2011:62)

A par da análise às características mais relevantes do discurso do jornalismo radiofónico é importante realçar a relação da audiência com a informação. A informação que é dada pela rádio é escolhida por uma equipa de jornalistas, que subjetivamente constrói e produz a informação tendo em conta a estrutura da organização a que pertence. Por exemplo, na TSF – Rádio Notícias os jornalistas obedecem ao “Estilo TSF” no momento em que

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produzem as suas notícias. Mas essa mesma informação que é produzida pela equipa de jornalista é selecionada tendo em conta a sua audiência.

“Assim, a “qualidade informativa” já não depende da duração dos serviços noticiosos ou da abrangência de temas apresentados, mas sim da relevância da informação para a audiência ou target estabelecido” (Agostinho, 2011:62). Como tal, “a informação transformou-se num simples produto, seguindo os valores de marca da estação, e cujos conteúdos reflectem, através dos diversos estudos de mercado, aquilo que se julga interessar à audiência (...)” (Fleming, 2002:97).

Como já foi referido anteriormente, com a especialização das rádios a audiência fragmentou-se. Ora, para uma rádio virada para as notícias delimitou a sua audiência. Isto é, “(...) rádio informativa enquanto tipo de discurso e enquanto produção ideológica tem a sua especificidade demarcada: é a «rádio dos ricos», da elite económica, cultural e política” (Meditsch, 1999:84). E apesar de um público-alvo específico, este tem total confiança, assim como credibilidade na rádio informativa, “em parte atribuída ao facto de que a oralidade que expõe ser apenas aparente, tendo por atrás de si todo um complexo industrial electrónico” (Meditsch, 1999:213). Uma “locução de sobriedade” (Meditsch, 1999:179), adotado pelos jornalistas de informação que contribui para um “público de elite” (Agostinho, 2011:63).

As invenções tecnológicas foram muito importantes para o desenvolvimento do Jornalismo Radiofónico, primeiramente, o telefone e, seguidamente, os computadores.

João Paulo Meneses, jornalista e editor online da TSF – Rádio Notícias, afirma inclusive que “(...) a rádio ficou tão dependente do telefone (na versão fixa e, principalmente, móvel) (...)” (Meneses, 2003:91).

A invenção do telefone foi extraordinária para o Jornalismo Radiofónico (Meneses, 2003:92), veio permitir que os jornalistas conseguissem comunicar de forma mais rápida, não precisando de se deslocar até determinado local. Veio permitir, ainda, que o jornalista possa dar em primeira mão as notícias e ouvir as reações. O telefone e o telemóvel vieram facilitar o trabalho dos jornalistas radiofónicos.

Para os jornalistas mais jovens será, eventualmente, muito difícil perceber como é trabalhar na rádio sem telemóveis, mas a verdade é que uma das mais brilhantes reportagens colectivas da história da TSF, o incêndio do Chiado, em 1988, foi feita apenas com telefones fixos (privados e cabines públicas...) (Meneses, 2003:91).

De facto, hoje o jornalista faz o seu direto através do telemóvel sem precisar de andar todo equipado, com a evolução dos próprios telemóveis é possível gravar vários depoimentos

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e envia-los em segundos para a rádio. Outra função que o telefone cumpre é a captação de sons de ambiente que servem de apoio à construção das notícias. João Paulo Meneses, no seu livro “Tudo o que se passa na TSF... Para um “Livro de Estilo”, refere a importância de um som de fundo no jornalismo:

(...) já com o livro pronto, sucedeu a guerra do Iraque, com a TSF a transmitir com RDIS digital de Bagdade. Nem parecia um “enviado especial”. De tão limpo, o som perdeu valor “psicológico”, exigindo – pelo menos nos primeiros momentos – um reforço informativo de que se tratava de um “enviado especial”, em determinado local. A introdução de “som ambiente” (uma janela aberta no quarto do hotel ou a sobreposição de um ligeiro ruído) será também vantajosa (Meneses, 2003:91)

Segundo um estudo de Chantler e Harris, os próprios ouvintes quando escutam a notícia pelo telefone entendem-na como uma notícia fresca. “Ela soa como se o jornalista tivesse reagido simultaneamente a uma informação que chegou naquele instante à emissora” (Chantler e Harris, 1998:99), tratando-se, portanto, de uma ferramenta importantíssima para o jornalista radiofónico.

Posteriormente, outra revolução tecnológica viria a melhorar o desempenho do jornalista, os computadores. Em relação ao meio radiofónico “a primeira utilização do computador nas redacções (...) foi como processador de texto e terminal de recepção das agências de noticias (...)” (Meditsch, 1999:110). Mais tarde, com tecnologias especificas para a rádio que permitiu “(...) a gravação, o armazenamento e processamento de sons, introduz a edição não-linear, assim como o planejamento da programação para um posterior comando facilitado a partir do estúdio ou das cabeças de redes interligadas por satélites” (Chantler e Harris, 1998:99).

Com a internet, o Jornalismo Radiofónico só veio melhorar a produção e a difusão da informação, um assunto a debater nos próximo subcapítulos.

1.3.1) A evolução do Jornalismo Radiofónico em Portugal

Com a ascensão da televisão, nos anos 50, a rádio viu os seus “anos dourados” a chegarem ao fim. “O motivo era a grande vantagem oferecida pela televisão: a imagem” (Rodrigues, 2006:22). Os apoios financeiros passam a apoiar a televisão e a sociedade passa a preferir a “caixa”, que inevitavelmente mudou o mundo.

Imagem

Gráfico 1 – Distribuição da amostra em função do género
Gráfico 2 – Distribuição da amostra em função da ocupação
Gráfico 3 – Pergunta 1: Com que frequência utiliza as redes sociais como fontes de informação?
Gráfico 5 – Pergunta 3: Considera que as redes sociais vieram substituir as fontes de informação tradicionais?

Referências

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