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APOSENTADORIA ESPECIAL E A CONVERSÃO DO TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM

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APOSENTADORIA ESPECIAL E A CONVERSÃO DO TEMPO

DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM

Catiana Miller1 Marcio Roberto Paulo2 SUMÁRIO

1. Introdução; 2. Seguridade Social; 3. Previdência social; 4. Aposentadoria; 5. Segurados Especiais; 6. Aposentadoria Especial e a Conversão do Tempo de Serviço Especial em Comum. Considerações finais; Referências das fontes citadas. RESUMO

O presente artigo tem como finalidade analisar os requisitos para a concessão do benefício previdenciário de aposentadoria especial e a possibilidade de conversão do tempo de serviço prestado em atividade especial em comum. É feito uma breve análise da aposentadoria especial, apresentando seu conceito, benefícios, forma de concessão, com enfoque nos requisitos para a sua concessão. Para ou final ser questionada a possibilidade de conversão do tempo de serviço prestado em atividade especial em comum e o nexo dos fundamentos do benefício com os princípios fundamentais do sistema previdenciário.

Palavras Chave: Aposentadoria especial. Aposentadoria por idade. Carência. Previdência Social. Seguridade Social.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo tem por finalidade abordar o benefício previdenciário da Aposentadoria Especial, previsto no § 1º do artigo 201 CRFB/88 (Constituição da República Federativa do Brasil de 1988) e nos artigos 57 e 58 da Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, que trata sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social.

1

Catiana Miller. Acadêmica do 10º período do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí, Campus Balneário Camboriú (SC). E-mail: catianamiller@hotmail.com. Telefone: (47) 3351-9793 / 9925-8470.

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A aposentadoria especial é um benefício adquirido polo contribuinte previdenciário que após 60 anos se homem e 55 se mulher, quando preenchida a carência de 180 contribuições.

Procura-se, desta forma, apresentar os pressupostos para a concessão da aposentadoria especial e o reconhecimento do tempo de serviço prestado em atividades especiais, a possibilidade de conversão em tempo comum, as modificações realizadas, principalmente após a Lei 8.213/91, a fim de concluir-se acerca de seus efeitos, se favoráveis ou prejudiciais aos segurados e, ainda, se coerentes com os princípios fundamentais do sistema previdenciário.

Busca-se esclarecer as distinções e abrangência acerca da Seguridade Social, previdência social e regimes previdenciários, idealizando as funções do Estado.

Esclarece-se sobre o tema através das leituras e obras de alguns doutrinadores e de jurisprudências pesquisadas.

2 SEGURIDADE SOCIAL

Seguridade Social é um sistema de proteção social previsto na CRFB/88, que tem por objetivo a proteção de todos, saúde, previdência e assistência social.

Propagada em poucos países, brota da união da previdência social com a assistência social e as ações de saúde. Abrange um plano de completo de benefícios que inclui prestações assistenciais e serviços sociais, custeados pela sociedade de consumidores através da tributação ou não, onde cada um contribui na medida de sua capacidade3.

Martinez4 cita como característica principal da Seguridade Social:

[...] última técnica compreendida no regime político e econômico da livre iniciativa; obrigatória para todos; inteiramente empreendida pelo Estado leviatânico e todo- poderoso; sem embasamento atuarial e observando o sistema orçamentário de recursos segundo a capacidade da economia; nenhuma concepção de filiação ou inscrição vínculo com o trabalho, prestações associadas ou de

3 LIMA, Flaviano Direito Previdenciário para Concursos. Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 1 e 2. 4

MARTINEZ, Wladimir Novaes. Curso de direito previdenciário. TOMO II – Previdência Social. São Paulo: LTr, 1998, p. 51.

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ganhos com do trabalhador, clientela total e indefinida; destruidora de hierarquia social; com prestações no nível do ideal.

Entretanto para Tavares5 a Seguridade Social “é o conjunto de medidas

destinadas a atender as necessidades básicas do ser humano”. Assim, o direito a seguridade destina-se a garantir, o mínimo de condição social necessária a uma vida digna.

Tavares6 explica ainda que a CRFB/88 trouxe uma completa estruturação de previdência social, saúde e assistência social, unificando esses conceitos sob moderna definição de Seguridade Social.

A alçada para legislar sobre Seguridade Social é privativa da União, conforme previsão constitucional do artigo 22, inciso XXIII e seu financiamento está previsto no artigo 195 da CRFB/88.

O artigo 194 da CRFB/88 preceitua que “a Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”.

O artigo 194, parágrafo único estabelece objetivos da Seguridade Social que nada mais são que princípios aplicáveis à seguridade social:

Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: I – universalidade da cobertura e do atendimento;

II – uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

III – seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;

IV – irredutibilidade do valor dos benefícios; V – equidade na forma de participação no custeio; VI – diversidade da base de financiamento;

VII – caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.

5

TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito previdenciários – Regime de Previdência Social e Regimes Próprios de Previdência Social. p. 1in LEITE, Celso Barroso. Curso de Direito Previdenciário. org. Wagner Balera. São Paulo:LTr, 1992.

6 TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciário – Regime Geral de Previdência Social e Regimes

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A Lei nº 8.212/91 em seu artigo 1°, parágrafo único, ratifica os princípios inseridos no parágrafo único do artigo 194 da CRFB/88, com fundamentos que devem nortear as ações de Seguridade Social.

Dentre todos os princípios que regem a Seguridade Social, destaca-se o Princípio da Solidariedade, que consiste no fato de toda a sociedade contribuir para a Seguridade Social, independente de se beneficiar ou não, de todos os serviços disponibilizados7.

Assim, a legislação produzida para regular o tema Seguridade Social tem a pretensão de promover a inclusão e a justiça social, previstas na CRFB/88.

Portanto a idéia principal de Seguridade Social é dar aos indivíduos e seus familiares, tranqüilidade no momento de uma necessidade (invalidez, velhice, morte, entre outros) assegurando que a qualidade de vida não seja significativamente afetada, proporcionando meios para atender as necessidades básicas do ser humano8.

3 PREVIDÊNCIA SOCIAL

A Previdência Social tem por objetivo garantir um seguro que garanta e renda ao indivíduo e a seus familiares, nos casos de riscos, determinados pormorte, incapacidade, velhice, invalidez, desemprego ou reclusão o equilíbrio social e financeiro.

Para Castro e Lazzari9, previdência social é:

O ramo da atuação estatal que visa a proteção de todo individuo ocupado numa atividade laborativa remunerada, para proteção dos riscos decorrentes da perda ou redução, permanente ou temporária, das condições de obter seu próprio sustento.

Ou seja, é um seguro social adquirido por meio de contribuição mensal que garante ao segurado uma renda no momento em que ele não puder mais trabalhar. Nada mais é que o seguro social que visa substitui a renda do “segurado-contribuinte” quando ele vir a perder sua capacidade de trabalho por motivo de

7 LIMA, Flaviano Direito Previdenciário para Concursos. Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 27 e 28. 8

LIMA, Flaviano Direito Previdenciário para Concursos. Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 27.

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doença, acidente de trabalho, velhice, maternidade, morte ou reclusão. Os beneficiados são os contribuintes e seus familiares.

Já para Vianna10:

[...] de caráter contributivo e de filiação obrigatória, a Previdência Social observa critérios que lhe preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. O sistema previdenciário constitui-se em um direito protetivo, garantindo a seus segurados contribuintes meios de subsistência quando de períodos de improdutividade financeira, tais como doença, maternidade, idade avançada e invalidez.

O possuidor do benefício é qualquer pessoa que pratique atividade remunerada e contribua para a Previdência Social.

Podem contribuir de forma facultativa os individuo que não exerça atividade remunerada, como é o caso dos estudantes maiores de 16 anos e donas de casa.

Benefício é todo valor pago pela previdência ao beneficiário para garantir a renda familiar dos mesmos, sob a seguinte forma: Aposentadoria; Auxílio; Pensão; Salário maternidade e Salário família.

Nos entendimentos de Vianna11:

Abrangendo somente uma parcela da sociedade (em razão de seu caráter contributivo), a Previdência Social deixa à margem de seus benefícios àqueles que não exercem atividade remunerada (contribuintes obrigatórios) ou que manifestamente não expressam seus desejo associativo (contribuintes facultativos). A população mais carente e, portanto, não contribuinte, usufrui somente das ações da Saúde e das ações e benefícios mantidos pela Assistência Social.

Martinez12 ensina que os princípios constitucionais regem a Previdência Social para atingir sua finalidade de “[...] propiciar os meios indispensáveis para a subsistência da pessoa humana”.

Para Bollmann13, “a proteção a dignidade da pessoa, não é menos verdadeiro que a solidariedade social, é verdadeiro principio fundamental do Direito Previdenciário”.

10 VIANNA, Claudia Salles Vilela. Previdência Social: custeio e benefícios. 2.ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 53. 11

VIANNA, Claudia Salles Vilela. Previdência Social: p. 53.

12 MARTINEZ, Wladimir Novaes. A Seguridade social na constituição federal. 2º Ed. São Paulo: LTr, 1992. p

51.

13

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Os sistemas previdenciários no Brasil estão previstos nos artigos 201 e 202 da CRFB/88, esclarecendo que existem dois sistemas: público e o privado.

Em 1990 com a Lei nº 8.029, foi criado o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), fundado o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) e o Instituto de Administração Financeira, Previdência e Assistência Social (IAPAS), sendo regulamentado pelo Decreto nº 99.350/90.

Em 1991 com as Leis nº 8.212 e 8.213 criou-se o Plano de Organização e Custeio da Seguridade Social (POCSS) e o Plano de Benefícios da Previdência Social (PBPS) respectivamente, e somente em 05 de março de 1997 foram editados os decretos 2.172 e 2.173, que regulamentavam tais planos, revogando, os Decretos 611/92 e 612/92.

3.1 Regime Geral de Previdência Social – RGPS

O RGPS foi instituído pela Lei 8.213/91, regulamentado pelo Decreto 3.048/99 e é gerido por uma autarquia federal, o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS.

Para Castro e Lazzari14 o regime previdenciário é:

[...] aquele que abarca, mediante normas disciplinadoras da relação jurídica previdenciária, uma coletividade de indivíduos que tem vinculação entre si em virtude da relação jurídica de trabalho ou de categoria profissional a que esta submetida, garantindo a esta coletividade, no mínimo, os benefícios essencialmente observados em todo o sistema de seguro social [...].

O conceito de RGPS para Tavares15 é:

[...] seguro público, coletivo, compulsório, mediante contribuição e que visa cobrir os [...] riscos sociais de incapacidade, idade avançada, tempo de contribuição, encargos de família, morte e reclusão.

14 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista Manual de direito previdenciário. p. 111. 15

TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciários – Regime de Previdência Social e Regimes Próprios de Previdência Social. p. 23.

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O RGPS é o principal regime previdenciário na ordem interna, abrange obrigatoriamente todos os trabalhadores da iniciativa privada que possuem relação de emprego regida pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), porém não é o único16.

O mesmo não abriga a totalidade da população economicamente ativa, mas somente aqueles que, mediante contribuição nos termos da lei, fizerem jus aos benefícios, não sendo abrangidos por outro regime especial de seguro social17.

3.2 Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS

Tavares18 ensina que “a previdência privada é um sistema complementar e facultativo de seguro, de natureza contratual”. Suas regras básicas estão previstas na CRFB/88 em seu artigo 202 e nas leis complementares n. 108/01 e 109/01.

Para Castro e Lazzari19 a organização da previdência privada “[...] em verdade é apenas um seguro privado de cunho individual [...] feita de forma autônoma, desvinculada ao regime previdenciário oficial”, e que deverá ser regulada por lei complementar. Assim, compete ao Estado, por sua vez, em seu exercício do poder de polícia, fiscalizar as atividades das instituições de previdência privada. 4 APOSENTADORIA

A aposentadoria é uma garantia constitucional, tratada no artigo 7°, XXIV da CRFB/88:

Art. 7°. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

[...]

XXIV - aposentadoria;

Como explica Martins20:

16

LIMA, Flaviano Direito Previdenciário para Concursos. Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 12.

17 LIMA, Flaviano Direito Previdenciário para Concursos. Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 14. 18

TAVARES, Marcelo Leonardo. Direito Previdenciários – Regime de Previdência Social e Regimes Próprios de Previdência Social. p. 21.

19

CASTRO, Carlos Alberto Pereira de; LAZZARI, João Batista. Manual de direito previdenciário. p. 108.

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A aposentadoria visa substituir o salário ou a renda que o trabalhador tinha quando estava trabalhando. Não pode ser prêmio, pois exige contribuição do trabalhador [...]. [...] As aposentadorias podem ser divididas em voluntárias e compulsórias, onde as voluntárias dependem da vontade do segurado em requerer o benefício, como a aposentadoria por tempo de contribuição, por invalidez, especial e as compulsórias ocorrem os serviços públicos, quando o servidor tem 70 anos e é obrigado a se aposentar.

As espécies de aposentadorias no Brasil são divididas da seguinte forma: I – aposentadoria por invalidez; II – aposentadoria por idade; III – aposentadoria rural; IV – aposentadoria por tempo de contribuição; e V – aposentadoria especial21.

Porém abordaremos para o presente estudo 4.1 Aposentadoria especial

A aposentadoria especial é quando o segurado cumpre a carência exigida por Lei, para os homens com 60 anos e para mulheres com 55 anos (Lei 9.032/95).

Está fundamentada nos artigos 201, § 7°, II da CRFB/88, artigos 48 à 51 da Lei nº 8.213/91 e 51 à 54 do Decreto nº 3.048/99.

Segundo entendimento de Neves e Loyola22 este tipo de aposentadoria é:

[...] é uma das espécies de aposentadoria programáveis que tem como principal objetivo premiar o segurado em razão de sua idade, assim o segurado só tem seu benefício deferido depois de um longo período contributivo.

Vale ressaltar que é um benefício previdenciário de pagamento mensal e consecutivo substitutivo do salário de contribuição ou de rendimento do trabalhador.

São requisitos para sua concessão segundo Neves e Loyola23:  Idade mínima: 60 anos para os homens e 55 para as mulheres;  Ser segurado;

 Ter cumprido o período de carência de 180 contribuições (artigo 142 da Lei nº 8.213/91).

21 LIMA, Flaviano Direito Previdenciário para Concursos. Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 355. 22

NEVES, Gustavo Bregalda e LOYOLA, Kheyder Direito previdenciário concursos. São Paulo, 1.Ed. Rideel, 2012. p. 136.

23

NEVES, Gustavo Bregalda e LOYOLA, Kheyder Direito previdenciário concursos. São Paulo, 1.Ed. Rideel, 2012. p. 69.

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Sua base de cálculo deve ser feita sobre o salário de benefício, conforme artigo 20, I da Lei nº 8.213/91. O mesmo sendo calculado pela média dos 80% dos maiores salários de contribuição, com a atualização do fator previdenciário.

Sobre os trabalhadores rurais, Vianna24 ensina que:

[...] podem obter o benefício de aposentadoria por idade comprovando, além do implemento da idade mínima (60 anos para os homens e 55 para as mulheres), um tempo de serviço rural equivalente ao número de meses de carência constante da tabela do art. 142 da Lei n. 8.213/91, [...] hipótese em que o valor inicial de benefício será o salário mínimo vigente na data do requerimento administrativo.

E por fim, a aposentadoria especial segundo Vianna25 “será devido ao segurado da Previdência Social que tenha trabalhado com exposição a agentes nocivos durante quinze, vinte ou vinte a cinco anos conforme o caso.”

Para que se concretize a aposentadoria, é necessário que o segurado cumpra todos os requisitos previstos na legislação e, com exceção nos casos legalmente dispostos em contrário, o beneficiário, seja no regime próprio da previdência, ou no regime geral, adquire o direito de se aposentar.

A comprovação de exposição aos agentes nocivos será feita por formulário denominado Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), preenchido pela empresa ou seu preposto, com base em Laudo Técnico de Condições Ambientais de Trabalho (LTCAT) expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho26.

5 SEGURADOS ESPECIAIS

A aposentadoria especial é um benefício adquirido pelo contribuinte previdenciário que após 60 anos se homem e 55 se mulher, quando preenchida a carência de 180 contribuições.

24 VIANNA, Claudia Salles Vilela. Previdência social: custeio e benefícios. 2.ed. São Paulo: LTr, 2008. p 430. 25

VIANNA, Claudia Salles Vilela. Previdência Social: custeio e benefícios. 2.ed. São Paulo: LTr, 2008. p. 449.

26

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O artigo 195, § 8º, da CRFB/88 estabelece o grupo de trabalhadores rurais;

Art. 195. A seguridade social srá financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, e dos Municípios, a das seguintes contribuições sociais: § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus os benefícios nos termos da lei.

São considerados trabalhadores rurais os que exercem em regime de economia familiar, não havendo a utilização de mão de obra assalariada. Estão inclusos nessa classe os cônjuges, os companheiros e os filhos maiores de 16 anos que trabalham com a família em atividade rural27.

Além dos supracitados, são também considerados segurados especiais o pescador artesanal e o índio que exerce atividade rural, e seus familiares que trabalham na produção em regime de economia familiar.

Aposentadoria especial nada mais é que um conjunto de benefício que visa garantir ao segurado do RGPS uma compensação pelo desgaste resultante do tempo de serviço prestado em condições prejudiciais à sua saúde ou integridade física28.

São direitos dos segurados especiais:

 auxílio-doença; aposentadoria por invalidez; aposentadoria por idade; aposentadoria por tempo de contribuição; salário-maternidade; pensão por morte e o auxílio-reclusão.

Os segurados especiais são considerados segurados obrigatórios e devem recolher contribuições para o INSS sempre que comercializem a produção.

A previdência determina que, não havendo a contribuição, o segurado especial precisa comprovar o exercício da atividade rural no momento em que venha requerer a aposentadoria ou qualquer outro benefício29.

27 LIMA, Flaviano Direito Previdenciário para Concursos. Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 89. 28

LIMA, Flaviano Direito Previdenciário para Concursos. Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 372.

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6 APOSENTADORIA ESPECIAL E A CONVERSÃO DO TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM

De acordo com o que foi estudado anteriormente a concessão da aposentadoria especial, deve preencher os requisitos de idade mínima (60 anos para o homem e 55 anos para a mulher) e carência - recolhimento mínimo de contribuições de acordo com a tabela do artigo 142 da Lei nº 8.213/9130.

A conversão do tempo de serviço consiste na transformação do tempo de trabalho prestado em condições penosas, insalubres ou perigosas em tempo comum, aplicando-se a esse período o índice previsto pela legislação previdenciária31.

A conversão do tempo de serviço especial em tempo comum não pode ser confundida com a aposentadoria especial, porém também visa reparar os danos causados pelas condições precárias do trabalho do segurado, permitindo a ele somar o tempo de serviço prestado na atividade especiais, transformado-o em tempo de atividade comum, para obter a aposentadoria por tempo de contribuição32.

Para Martinez33 a conversão do tempo de serviço pode ser entendida como:

[...] transformação de período de trabalho perigoso, penoso ou insalubre em comum (a partir da Lei 9.032/95, apenas trabalho especial para comum e sempre válida entre os tempos especiais). Necessariamente ampliando-se o interregno laboral em número de dias, conforme a tabela de equivalência defluente naturalmente da relação matemática entre os 15, 20 e 25 anos.

A Lei 6.887/80, em seu artigo 9º § 4º. permiti a conversão do tempo de serviço exercido pelo trabalhador em atividades perigosas em tempo de atividade comum, para o deferimento da aposentadoria especial e para a obtenção da aposentadoria comum, adicionando o tempo especial, depois de convertido, ao tempo de atividade comum.

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LIMA, Flaviano Direito Previdenciário para Concursos. Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 90.

31 LIMA, Flaviano Direito Previdenciário para Concursos. Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 375. 32

LIMA, Flaviano Direito Previdenciário para Concursos. Niterói, RJ: Impetus, 2011, p. 376.

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Da mesma forma a Lei 8.213/91 em seu artigo 57 §§ 3º e 5º permiti a conversão do tempo de atividade especial em tempo comum para a obtenção da aposentadoria comum por tempo de contribuição.

É importante destacar que a Lei 9.711/98 foi promulgada a Emenda Constitucional 20/98, mantendo a aposentadoria especial submetida às regras dos artigos 57 e 58 da Lei 8.213/91, possibilitando a conversão do tempo de serviço especial em comum.

Nesse sentido é proferida uma decisão do Grupo de Câmaras de Direito Público da Comarca de Florianópolis do estado de Santa Catarina34:

MANDADO DE SEGURANÇA - SERVIDORA PÚBLICA - EXERCÍCIO DE ATIVIDADE PENOSA E INSALUBRE - CONVERSÃO DO TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL, PRESTADO SOB O REGIME CELETISTA, EM COMUM, APÓS A INSTITUIÇÃO DO REGIME JURÍDICO ÚNICO - ILEGITIMIDADE DOS SRS. SECRETÁRIOS DE ESTADO DA ADMINISTRAÇÃO E DA SAÚDE - TEORIA DA ENCAMPAÇÃO DO ATO IMPUGNADO - INAPLICABILIDADE - OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL - REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU FACE ÀS DEMAIS AUTORIDADES INQUINADAS DE COATORAS. Nos casos em que a autoridade, ainda que não coatora, nas informações, não se limita a rebater sua ilegitimidade e defende a higidez do ato impugnado, não se pode falar em encampação do ato e conseqüente reconhecimento de legitimidade passiva, porquanto tal entendimento fere o princípio constitucional do juiz natural ao permitir que o impetrante escolha o juízo que fará a prestação jurisdicional. "Impende considerar que o princípio constitucional do devido processo legal compreende o juiz natural (CF/88, art. 5º, LIII). Ao impetrante não é dado escolher o juiz que julgará o mandado de segurança indicando a autoridade coatora que lhe convier. Conforme lição de Sérgio Porto, 'é exatamente na igualdade jurisdicional que encontramos a mais pura essência do juízo natural, ou seja, se é certo que ninguém pode ser subtraído de seu Juiz constitucional, também é certo que ninguém poderá obter qualquer privilégio ou escolher o juízo que lhe aprouver, sob pena de tal atitude padecer de vício de inconstitucionalidade por violação exatamente do princípio do juízo natural' (Ajuris 60/41). Em respeito a esse princípio, a tese de que 'torna-se coatora a autoridade superior que encampa o ato da inferior' só pode ser admitida quando não importar em modificação da competência para processar e julgar o mandado de segurança" (MS n. 1988.059130-1, da Capital, Des. Newton Trisotto). (TJSC, Mandado de Segurança n. 2004.020718-2, da Capital, rel. Des. Francisco Oliveira Filho , j. 27-04-2005)

34

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Conforme exposto ha jurisprudências abordada, garante o ponto de vista, no sentido da possibilidade de conversão do tempo de trabalho especiais, inclusive após a Lei 9.711/98, o qual poderá ser somado ao restante do tempo sujeito à cômputo comum.

As regras para a concessão de aposentadoria especial em vigor até a publicação da Reforma da Previdência continuam válidas por expressa recepção, até que haja nova regulamentação da matéria por meio de Lei Complementar35.

Á Lei 9.876/99 dispôs que o segurado que adquiriu os requisitos necessários à concessão da aposentadoria por tempo de serviço, até a publicação da Emenda Constitucional 20/98, tem seu direito garantido de requerer o benefício a qualquer tempo, aplicando-se as regras antigas, não existindo qualquer impedimento para que seja contado o tempo especial.

O Decreto 4.827, de 04.09.2003, consignou que as regras de conversão de tempo especiais em tempo de atividade comum se aplicam ao trabalho prestado em qualquer período, obedecida a legislação vigente na época.

Diante o exposto, pode-se concluir que a conversão do tempo de serviço prestado em atividades especiais, para tempo comum, é possível, fazendo jus o segurado à percepção do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, com o cômputo do tempo de serviço prestado em atividades sujeitas à exposição a agentes insalubres, prejudiciais à saúde e à integridade física.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se demonstrar no estudo realizado que a seguridade social, é um sistema de proteção social previsto na CRFB/88, que tem por objetivo a proteção te todos, por meio de saúde, previdência e assistência social, promovendo a inclusão social dos cidadãos economicamente ativa do país compondo um Estado Social Democrático de Direito.

A Previdência Social possui princípios específicos de igualdade entre raças, profissão e previdência. Tendo como função básica a proteção de todo individuo ocupado numa atividade remunerada, para proteção dos riscos decorrentes da

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perda ou redução, permanente ou temporária, das maneiras de se obter o próprio sustento.

Verificou-se que o ordenamento vem sofrendo alterações diante das mudanças da ordem social e econômicas ocorridas no Brasil.

Quanto ao direito do beneficiário requerer a conversão do tempo especial em comum é possível e matéria de grande discussão e estudo.

Encontra-se fundamentos doutrinários, jurisprudencial, e legal, a conversão do tempo de serviço especial em comum é matéria pacifica de discussão.

Por fim, o tema tem previsão legal, porém é passível de muito estudo sobre a matéria. O tempo de serviço prestado sob condições especiais para efeitos de aposentadoria por tempo de contribuição é um dos temas dos mais debatidos atualmente no âmbito do Direito Previdenciário. Considerou o legislador, que o segurado exposto por um longo período no ambiente de trabalho a agentes nocivos ou à associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física, mereceria aposentar-se um pouco mais cedo.

Por outro lado, quando o tempo de trabalho exercido nessas condições não fosse suficiente para a obtenção dessa espécie diferenciada de aposentadoria, o legislador previdenciário facultou a sua conversão para tempo de serviço em atividade comum, a fim de possibilitar a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição.

REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS

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Referências

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